O Novo Regulamento da Náutica de Recreio Como Desenvolver...

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2 2019 Janeiro 385 Como Desenvolver a Náutica de Recreio Agora, que já temos um novo Regulamento da Náutica de Recreio com uma Legislação adequada e de acordo com o solicitado, durante 18 anos e após duas gerações perdidas para a náutica de recreio, é o momento de agir para implementar o seu desenvolvimento e solicitar para o efeito o apoio do Ministério do Mar, para recuperar o tempo perdido. Notícias do Mar O Novo Regulamento da Náutica de Recreio Texto Antero dos Santos A pós a nova Legis- lação criada pelo Ministério do Mar, são enfim contemplados to- dos os desportistas náuticos com a Carta de Marinheiro, impedidos de sairem para o mar com uma embarcação segura, ou mesmo navega- rem num rio ou numa bar- ragem com a família num barco com toda a segurança e conforto. Havia embarca- ções para eles, mas não as podiam conduzir. A partir de agora, estão fa- cilitados todos os processos para adquirir uma embarca- ção, registá-la e usá-la. A Carta de Marinheiro, deixou de limitar os seus ti- tulares a operar barcos só até 7 metros de comprimen- to e motor com o máximo de 60HP e passou a permitir o comando de embarcações até 12 metros de compri- mento, com a motorização adequada ao barco e na- vegar até 10 milhas de um porto de abrigo e 3 milhas da costa. A Carta de Marinheiro, com estas habilitações, abriu finalmente a porta que tran- cava o desenvolvimento da náutica de recreio e limitava a prática de todas as modali- dades náuticas e aquáticas. Todos os portadores da Carta de Marinheiro passam a ter a possibilidade de na- vegar ao longo, praticamen- te, de toda a costa. Os pescadores já podem comprar o barco com que sonham para pescarem com segurança e conforto Somando a distância de 10 milhas náuticas de um porto de abrigo com a do próximo porto de abrigo, dão 20 mi- lhas náuticas. Na prática, um pescador com a Carta de Marinheiro, pode sair de Lisboa, que se encontra a 5 milhas náuticas de Cascais, com o barco que quizer até 12 metros de comprimento e ir à pescar no Cabo da Roca.que fica a 10 milhas náuticas de Cascais. E se aqui não houver peixe, rumar até à Ericeira que está apenas a 7 milhas náuticas. de distância. O importante é não navegar para fora das 3 milhas náuticas da costa. Se o pescador pretender pescar no Cabo Espichel, também o pode fazer, por- que do Bugio a Sesimbra são 20 milhas náuticas e o Cabo Espichel está a 5 mi- lhas náuticas de Sesimbra e já pode ir jantar a Setúbal que fica a 10 milhas náuti- cas. O Algarve também agora pode quase todo ser nave- gado com a Carta de Mari- nheiro. Pesca Submarina em semi-rígidos até 12 metros Com a Carta de Marinhei- ro, o pescador submarino já pode conduzir qualquer semi-rígido até aos 12 me- tros de comprimento com o motor adequado ao tama- nho do barco e com o máxi- mo de segurança percorrer o litoral à procura de peixe. Até agora estava limitado a Com a Carta de Marinheiro já se pode comandar veleiros até 12 m

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Como Desenvolvera Náutica de Recreio

Agora, que já temos um novo Regulamento da Náutica de Recreio com uma Legislação adequada e de acordo com o solicitado, durante 18 anos e após duas gerações perdidas para a náutica de recreio, é o momento de agir para implementar o seu desenvolvimento e solicitar para o efeito o apoio do Ministério do Mar, para recuperar o tempo perdido.

Notícias do Mar

O Novo Regulamento da Náutica de Recreio Texto Antero dos Santos

Após a nova Legis-lação criada pelo Ministério do Mar,

são enfim contemplados to-dos os desportistas náuticos com a Carta de Marinheiro, impedidos de sairem para o mar com uma embarcação segura, ou mesmo navega-rem num rio ou numa bar-ragem com a família num barco com toda a segurança e conforto. Havia embarca-ções para eles, mas não as podiam conduzir.

A partir de agora, estão fa-cilitados todos os processos para adquirir uma embarca-ção, registá-la e usá-la.

A Carta de Marinheiro, deixou de limitar os seus ti-tulares a operar barcos só até 7 metros de comprimen-to e motor com o máximo de 60HP e passou a permitir o

comando de embarcações até 12 metros de compri-mento, com a motorização adequada ao barco e na-vegar até 10 milhas de um porto de abrigo e 3 milhas da costa.

A Carta de Marinheiro, com estas habilitações, abriu finalmente a porta que tran-cava o desenvolvimento da náutica de recreio e limitava a prática de todas as modali-dades náuticas e aquáticas.

Todos os portadores da Carta de Marinheiro passam a ter a possibilidade de na-vegar ao longo, praticamen-te, de toda a costa.

Os pescadoresjá podemcomprar o barco com que sonham para pescarem

com segurançae confortoSomando a distância de 10 milhas náuticas de um porto de abrigo com a do próximo porto de abrigo, dão 20 mi-lhas náuticas.

Na prática, um pescador com a Carta de Marinheiro, pode sair de Lisboa, que se encontra a 5 milhas náuticas de Cascais, com o barco que quizer até 12 metros de comprimento e ir à pescar no Cabo da Roca.que fica a 10 milhas náuticas de Cascais. E se aqui não houver peixe, rumar até à Ericeira que está apenas a 7 milhas náuticas.de distância. O importante é não navegar para fora das 3 milhas náuticas da costa.

Se o pescador pretender pescar no Cabo Espichel, também o pode fazer, por-

que do Bugio a Sesimbra são 20 milhas náuticas e o Cabo Espichel está a 5 mi-lhas náuticas de Sesimbra e já pode ir jantar a Setúbal que fica a 10 milhas náuti-cas.

O Algarve também agora pode quase todo ser nave-gado com a Carta de Mari-nheiro.

Pesca Submarina em semi-rígidos até 12 metros Com a Carta de Marinhei-ro, o pescador submarino já pode conduzir qualquer semi-rígido até aos 12 me-tros de comprimento com o motor adequado ao tama-nho do barco e com o máxi-mo de segurança percorrer o litoral à procura de peixe. Até agora estava limitado a

Com a Carta de Marinheiro já se pode comandar veleiros até 12 m

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apoiar-se em pequenos se-mi-rígidos com 5,00 metros de comprimento com motor de 60HP

A Cartade Marinheiro para veleirosaté 12 metrosTambém a vela vai ser po-tênciada, porque os vele-jadores deixando de estar limitados aos barcos à vela de 7 metros de comprimen-to, já podem comandar um veleiro até 12 metros de comprimento com a Carta de Marinheiro, tal como era no século XX, e fazerem re-gatas ou passear com a fa-mília e os amigos,

Hoje um skipper tem mui-ta dificuldade em reunir uma tripulação para uma regata, porque há falta de velejado-res. No século passado, no estuário do Tejo houve rega-tas com 100 veleiros e ago-ra nem 30. E os barcos não foram ao fundo. Não saem é das docas.

Agora vai ser necessário iniciar quem tem a Carta de Marinheiro a fazer vela.

Classificaçãoe Registode embarcações sem burocraciasPorque o Registo das em-barcações de recreio é mais simples, sem vistorias, muito mais económico e sem bu-rocracias, quem tem a Carta Marinheiro, agora com mais

habilitações, vai querer tro-car de barco.

A Lei SNEM vem simpli-ficar

O Ministério do Mar criou agora o Sistema Nacional de Embarcações e Maríti-mos (SNEM), Decreto-Lei n.º 43/2018, procedendo à simplificação, modernização dos procedimentos de certi-ficação e registo das embar-

cações, bem como da certi-ficação dos navegadores de recreio.

Foram eliminadas as vis-torias de registo de embar-cações de recreio novas e apenas se fazem as vis-torias periódicas que pas-sam para 10 anos para as embarcações novas. Para estas, prevê-se também a possibilidade de as vistorias

a seco serem substituídas por vistorias subaquáticas, se a embarcação já estiver dentro de água, permitindo reduzir fortemente o custo das vistorias para os seus proprietários.

Outra alteração muito im-portante, vem permitir que as vistorias periódicas possam ser realizadas por entida-des públicas e privadas, sob

Marian 560 Sport com Honda BF60 era o máximo para a Carta de Marinheiro

Carta de Marinheiro, Frente e Verso

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determinadas condições. E neste caso, um Clube Náu-tico pode habilitar-se a fazer as vistorias periódicas às embarcações dos seus as-sociados.

Passa igualmente a ser

emitido um livrete eletrónico, ao qual podem estar asso-ciados todos os documentos exigidos a bordo.

Por outro lado, procede-se à extensão do prazo de validade de todas as cartas

de navegador de recreio, tornando-se a renovação obrigatória apenas aos 70 anos.

Clubes Náuticos como pólos de

desenvolvimento apoiados peloMinistério do MarEm virtude dos Clubes Náu-ticos disporem de infraes-truturas e de organização, o Ministério do Mar tem nes-tas associações os pólos do desenvolvimento da náutica de recreio.

Passadas quase duas dé-cadas, com uma Legislação desmotivante que causou um grave retrocesso em to-das as actividades náuticas e aquáticas, a maioria dos Clubes Náuticos viram redu-zidos o número de pratican-tes e de sócios, diminuindo sempre anualmente a sua actividade

A partir de agora, o novo Regulamento da Náutica de Recreio vai dinamizar os Clubes Náuticos, promover a entrada de sócios e criar novos postos de trabalho.

Promovera iniciaçãoAgora a Carta de Marinheiro dá para BWA 220 Super Pro com Honda BF200 - Foto Vasco Mello Gonçalves

Agora a Carta de Marinheiro dá para Lomac Adrenmalina 7.5 com Honda BF200

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e ensinar velaa toda a genteEm qualquer modalidade para haver praticantes é ne-cessário que haja iniciação.

A iniciação da náutica de recreio é a Carta de Mari-nheiro. A melhor formação para esta carta de navega-dor de recreio é a que for dada por um Clube Náutico.

Quem já tem a Carta de Marinheiro e não sabe de vela até pode querer apren-der.

Aos novos, a todos os que vão iniciar-se na náutica de recreio o Clube Náutica deve dar-lhes umas aulas de vela. No mar são os que se desenrascam melhor.

Actualmente em Portu-gal não existe uma cultura virada para o mar e o as-sociativismo náutico já só é praticado onde for oferecido alguma vantagem para o sócio.

Num Clube Náutico é mui-to importante a confraterni-zação, que se faz depois de uma saída para o mar, após uma regata, uma jornada de pesca ou um mergulho de garrafas. Todos têm his-tórias para contar que vão enriquecer o conhecimento dos mais novos e fomentar a amizade entre todos.

Depois de estar Integrado num clube, o praticante ini-ciado vai ouvir os mais ex-perientes e seguir os seus

É preciso dinamizar a vela de cruzeiro

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conselhos. Após conhecer os Avisos das Capitanias e a meteorologia vai tomar a decisão melhor se deve ou não sair para o mar no dia seguinte.

“Escola Náutica de Clube”para construir uma culturanáuticaA formação é o principal

bem que o iniciado recebe num Clube Náutico, onde é relevante a preocupação pela segurança no mar e se incute o bom senso e espíri-to de previdência.

É fundamental que exis-ta uma “Escola Náutica de Clube”, que faça o curso da Carta de Marinheiro, pois apenas nestas escolas de clube cabe a formação, im-plementa-se a segurança, desenvolve-se o espírito de entreajuda e o acolhimento de um código de exigências, quanto aos equipamentos indispensáveis que cada só-cio deve ter no barco.

O Clube Náutico, como centro pedagógico, é o pi-lar da construção de uma cultura náutica, com meios para apoiar os praticantes, implementar o respeito pelo mar e ensinar a navegar.

O iniciado depois da Car-ta de Marinheiro, vai querer progredir e o Clube Náutico com o seu centro pedagógi-co tem todas as condições e conhecimentos, para or-ganizar os cursos de Patrão Local, Patrão de Costa e Patrão de Alto Mar.

Ensinar vela é uma das Agora a Carta de Marinheiro dá para Quicksilver Captur 675 Pilothouse com Mercury 150 XL EFI

Agora a Carta de Marinheiro dá para Quicksillver 675 Sundeck com Mercury V6 200

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missões dos Clubes Náu-ticos. Estes devem incluir as bases da modalidade no curso da Carta de Mari-nheiro, Os jovens iniciam-

gente saiba fazer vela. E se incentive na vela de cruzei-ro.

Guardar

os barcosdos sóciose fazer VistoriasOs Clubes Náuticos estão quase todos situados em

se nos Optimist, os adultos não, mas os Clubes têm ou-tros barcos para os adultos aprenderem vela. O mais importante é que toda a

Agora a Carta de Marinheiro dá para Zodiac N-ZO 680 com Suzuki DF 200 Agora a Carta de Marinheiro dá para Isonáutica Sport Cruiser 560 com Suzuki DF90

Agora a Carta de Marinheiro dá para San Remo 860 Blue Sky com 2 X Suzuki DF175

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espaços sob a jurisdição das Administrações dos Por-tos.Têm infraestruturas, al-guns com rampas de aces-so água, mas a maioria não tem espaço para guardar os barcos dos sócios em seco, um serviço que lhes traria receitas.

Os Clubes Náuticos de-vem agora solicitar ao Minis-tério do Mar, para se desen-volverem, de maiores áreas de terreno à volta das suas instalações que estão sob gestão das Administrações do Portos.

Com mais espaço, os

Clubes Náuticos vão.ganhar mais dimensão e cativar mais associados, que por força das circunstâncias não tinham onde guardar o barco. Podem incorporar a prática de mais desportos aquáticos e náuti-cos, parquear em seco barcos e prestar mais serviços aos associados, podendo reser-var áreas para a manutenção e assistência das embarca-ções dos sócios. Importa refe-rir a relevância deste serviço que pode ser efectuado por empregados do clube, crian-do postos de trabalho, ou por empresas que estabeleçam

As Escolas Náuticas de Clube devem ser apoiadas

Agora a Carta de Marinheiro dá para Isonáutica Sport Cruiser 560 com Suzuki DF90

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acordos de parceria. Outro serviço que os Clu-

bes Náuticos agora poderão fazer são as Vistorias Periódi-cas dos barcos dos associa-dos, porque o Regulamento

da Náutica de Recreio diz:Artigo 5.ºEntidades competentes 5 — Podem realizar visto-

rias as entidades parceiras que cumpram os requisitos

do anexo ao presente de-creto-lei,que dele faz parte integrante, e celebrem, para o efeito, um protocolo com a entidade competente, ou as entidades colaborado-

ras que cumpram os mes-mos requisitos e obtenham o respetivo licenciamento junto daquela entidade.

6 — Para efeitos do dis-posto no número anterior, consideram -se entidades parceiras as entidades pú-blicas da Administração central, regional e local e entidades colaboradoras as entidades privadas, as quais são fiscalizadas pela DGRM nos termos do pre-sente decreto-lei.

Os Clubes Náuticos com uma “Escola Náutica de Clu-be” certificada, e a habilita-ção para proceder a Visto-rias Perriódicas aos barcos dos sócios, vão começar a receber novos associados e cumprirão a sua missão no desenvolvimento da náutica de recreio.

Caberá agora às institui-ções desportivas solicitar ao Ministério do Mar todo o apoio necessário.

Agora a Carta de Marinheiro dá para Cobalt 25 SC com Yamaha F300

Agora a Carta de Marinheiro dá para Jeanneau Cap Camarat 9.0 CC com 2 X Yamaha F250

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