O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

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O IBRI conta a história das relações com investidores no Brasil, e consequentemente sua própria história, no livro "O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil". Questões relevantes sobre o desenvolvimento da profissão e sobre sua história, tão recente, são abordadas para permitir ao leitor conhecer a linha do tempo das atualizações das práticas e objetivar o caminho futuro da Profissão no Brasil.

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Conselho de Administração

João Pinheiro Nogueira Batista – PresidenteLíbano Miranda Barroso – Vice PresidenteAlfredo Egydio SetubalArleu Aloisio AnhaltDóris Beatriz França WilhelmElizabeth Piovezan BenamorFabio SchvartsmanGeraldo Travaglia FilhoGilson Rodrigues BentesJosé Fernando Monteiro AlvesJosé Marcos TreigerLeonardo Dutra de Moraes HortaLuis LargmanMarco Geovanne Tobias da SilvaMilton Almicar Silva VargasPaul Elie AltitPlinio do Amaral PinheiroRoberto da Cunha Castello BrancoSérgio Tuffy SayegValter FariaWang Wei ChangWelson Teixeira JuniorWilson Ferreira JuniorWilson Kirschner Amarante

Diretoria Executiva

Geraldo Soares Presidente

Ricardo Florence dos SantosVice-Presidente

Luiz Henrique ValverdeVice-Presidente SP

Vania Maria da Costa BorgerthVice-Presidente RJ

Bruno Seno FusaroVice-Presidente MG

Ricardo Rosanova GarciaDiretor Regional Sul

Alvaro Bandeira de PaulaDiretor Regional NE

Vitor Fagá de AlmeidaDiretor Financeiro

Andréa PereiraDiretora Secretária

Luis Fernando Moran de OliveiraDiretor de Comunicação

Regina Longo SanchezDiretora de Desenvolvimento Profi ssional

Comissão 10 anos do IBRI

Alexandre GermaniAndréa PereiraElizabeth Piovezan BenamorGeraldo SoaresJosé Marcos TreigerLuiz Henrique ValverdeLuiz Roberto CardosoMarco Antonio de Almeida PanzaNatasha Namie NakagawaRoberto da Cunha Castello BrancoRoberto Sousa GonzalezRodney VergiliSalim Ali

IBRI Instituto Brasileiro de Relações com Investidores

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O Estado da Arte dasRelações com Investidores

no Brasil

1ª Edição

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Diretora editorial: Martha Elizabeth CorazzaEditoras: Vilma Pavani e Adriana Maria Cavalheiro Braz Revisão: José Roberto Barreto SilvaProjeto gráfi co e capa: Marisa Ana CorazzaDesign: Teti SantiagoImagem da capa: Shutterstock

Apoio editorial: Assessoria de Comunicação do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores): Rodney Vergili, Jennifer Almeida, Giovanna Zanaroli e Ana Carolina Escudeiro.

O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil / [colaboradora Martha Elizabeth Corazza]. São Paulo: IBRI – Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, 2008.

ISBN – 978-85-62084-00-3

1.Corporações – Relações com Investidores – Brasil2.Corporações – Relações com Investidores – Formação Profi ssional 3.Investimentos

4.Mercado de Capitais I.Corazza, Martha Elizabeth.

08-9070.1.1 CDD-332.6

O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

IBRI Instituto Brasileiro de Relações com Investidores

Todos os direitos desta edição são reservados ao Instituto Brasileiro de Relações com Investidores – IBRI

www.ibri.com.br / [email protected] Proibida a reprodução total ou parcial sem a prévia autorização do IBRI

Índice para catálogo sistemático:1. Relações com Investidores do Mercado de Capitais: Economia Financeira 332.6

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APRESENTAÇÃO

Em 2007 ocorreram as comemorações pelos dez anos de existência do IBRI e fi cou claro para todos nós, envolvidos com a vida do Instituto, que esse era muito mais do que um marco particular, não estando limitado a ser um assunto de interesse restrito aos associados e dirigentes. Naquele momento, houve a nítida percepção de que estávamos celebrando, também, um marco importante para todo o mercado brasileiro de capitais, já que a história do IBRI se desenrola paralelamente a um inédito período de crescimento e desenvol-vimento desse mercado.

Foi nesse intervalo de tempo que evoluíram os conceitos de governança corporativa, sustentabilidade, adequação aos padrões globais dos merca-dos, modernização da regulação e das melhores práticas de Relações com os Investidores.

Assim, a decisão de produzir e publicar este livro vem ao encontro da própria essência do IBRI, que tem acompanhado os episódios mais mar-cantes da história recente da economia brasileira e contribuído efetiva-mente para sua evolução.

Fiel aos seus objetivos primordiais, de aprimorar a formação e a atualização dos profi ssionais de Relações com Investidores, o Instituto procura oferecer, com esta publicação, uma contribuição para o estudo de assuntos relevantes do mercado de capitais em geral e da história da área de RI no Brasil.

O respeito à informação é, afi nal de contas, um dos principais valores que compõem o processo educativo, assim como a capacidade de informar e atu-alizar os profi ssionais é vital para que eles cumpram suas funções de maneira cada vez mais efi ciente e valorizada.

O objetivo desta obra, portanto, vai além do mero fato histórico do surgimen-

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to e fortalecimento de uma entidade, mas procura oferecer aos profi ssionais de RI - tanto àqueles que já atuam na área como aos jovens ainda em período de formação acadêmica - uma visão dos fatores que deram origem à atividade, além de um panorama geral sobre o atual Estado da Arte da profi ssão, que ao longo do período se desenvolveu de forma decisiva para o amadurecimento do mercado de capitais brasileiro.

O Instituto traz para os leitores um documento que permite vislumbrar, por meio dos testemunhos de quem viveu intensamente esse período, as necessi-dades de um mercado que já começava, em 1997, a demandar a especialização profi ssional em RI. São testemunhos de fundadores, presidentes e ex-presiden-tes que participaram e participam dessa história.

Para o sucesso da iniciativa foi de fundamental importância, ainda, o apoio dos patrocinadores: BMF&Bovespa; PricewaterhouseCoopers, Itaú BBA e JP Morgan, que perceberam e souberam valorizar o pioneirismo e a importância de uma obra que estuda, pela primeira vez, o surgimento das Relações com Investidores no Brasil.

Com isso, o IBRI vem oferecer ao mercado mais uma valiosa contribuição e relata sua história ao mesmo tempo em que examina o passado recente e as perspectivas de um mercado cujo futuro, apesar das recentes turbulências, é cada vez mais promissor.

Boa leitura !

João Pinheiro Nogueira Batista - Presidente do Conselho de AdministraçãoGeraldo Soares - Presidente da Diretoria Executiva do IBRI.

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ÍNDICE

A formação e a importância do profi ssional de Relações com Investidores no Brasil – Passado, Presente e Perspectivas de uma nova Profi ssão.Perfi l dos Patrocinadores • Preparando as Empresas para o Futuro 9• Uma Bolsa de Inovações 10• Brasil consolida-se e assume posição de destaque 11• Informação com Foco no Acionista 12

Primeiro Capítulo – Breve História do Mercado de Capitais brasileiro • Características do mercado nacional e particularidades de nossa legislação .13• O Papel da BMF& Bovespa 21• Um salto no mercado de capitais 24• Semelhanças e Diferenças 28• Entidades: avanço institucional 30

Segundo Capítulo – A Gênese do IBRI • Início dos anos 90 – o princípio do princípio 31 • Meados dos anos 90 – a origem do IBRI, por seus fundadores 32 • Janela para o futuro 35 • Sucessão bem afi nada 37 • Presença Internacional do IBRI 39 • Um esforço conjunto 41 • Demandas crescentes 42 • O mercado se organiza 43 • Olhando lá fora 43 • Fortalecendo a transparência 44 • Aprendendo com as “novatas”. 46 • Disseminação da cultura 52• MBA. 55• Memória – Cópia da Primeira ATA 56• Seminários 59• Revista RI 59• IBRI News 60• Educação em RI 61• Guia de Relações com Investidores 61• Histórico da Administração 62

Terceiro Capítulo – O Profi ssional de Relações com Investidores• Função Empresarial Chave: Administração das Expectativas 70• Novas fronteiras 71 • Os objetivos da área de RI 78• “O mundo fi cou pequeno” 82• Evolução inteligente 84

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• O foco na acessibilidade, democracia e transparência da informação 87• Acessibilidade 88• Democracia e transparência 89• Controle Difuso 90• A formação dos profi ssionais 92• Orquestrando a Comunicação 93• Código de Conduta e Princípios Éticos do IBRI 97 • Íntegra 98 • Princípios Éticos 99 • Transparência 100 • Equidade 101 • Franqueza e Independência 101 • Integridade e responsabilidade 103 • Gerenciamento do Código 105

Quarto Capítulo – O Estado da Arte da Profi ssão em um Mundo Global • “Criando uma relação de confi ança com o mercado” 110• Tecnologia e ferramentas 111• A tendência XBRL 112• Caminhos da informação. 114• Targeting (Estudo de Investidores-Alvo) 117• Segmentação dos públicos estratégicos 119• Investidores institucionais: nacionais e internacionais 121 • Investidores Pessoa Física 125• Relacionamento com a mídia 128• Órgãos reguladores 132• Bolsas e reguladores estrangeiros 134

Quinto Capítulo – Perspectivas da Profi ssão no Brasil• A governança corporativa e a inserção do RI 136• Demanda, desafi os e representação institucional 141• RI e sustentabilidade 148

Sexto Capítulo – As Melhores Práticas de RI• 1 – Agregação de Valor - Vale e Suzano Petroquímica 152• 2 – Sustentabilidade – Cemig e Banco Itaú Holding Financeira 157 • 3 – Relacionamento com Investidores Individuais – Banco do Brasil e Petrobras 159• 4 – Relacionamento com Investidores Institucionais – Brasil Telecom, Unibanco e TAM 162• 5 – Novas Fronteiras em RI – Bradesco, Nossa Caixa e CPFL 167• 6 – Política de Dividendos – Souza Cruz, Itaúsa e Comgás 171

Apêndice – Boas Práticas de Divulgação de Informações – O Trabalho do CODIM 175• Teleconferências – Pronunciamento de Orientação nº 01- divulgado em 05/10/2005 176• Apresentações Públicas Periódicas 177• Reuniões Restritas – Pronunciamento de Orientação nº 03 – divulgado em 26/11/2007 180• Guidance – Pronunciamento de Orientação nº 04 – divulgado em 17/04/2008 183• Pesquisa IBRI & Revista Exame 187Glossário 194Entidades 203Bibliografi a 206

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Perfi l dos Patrocinadores

Preparando as empresas para o futuro

Desde que iniciou atividades o Itaú BBA tem revelado uma postura e uma fi losofi a pró-mercado, sempre associado à preocupação com as ques-tões de governança corporativa e relações entre empresas e investidores pautadas, entre outros, pela transparência e pela qualidade da informação. Nosso comportamento foi continuamente nessa direção, atuando como um es-timulador de todas as discussões sobre transparência. Nesse contexto, vemos as relações com os investidores como uma peça fundamental no arcabouço do mer-cado de capitais. É essencial às empresas, para uma boa relação com o merca-do, ter um Departamento de RI forte, bem estruturado, competente e ativo. Por isso, estamos sempre muito atentos ao aspecto de preparação das companhias para que estas, no dia seguinte à abertura em bolsa, tenham condições de contar com um fl uxo de informações consistente nas suas relações com os investidores. O Itaú BBA, que atua nas áreas corporate e de investment banking, é um dos líderes no segmento de IPOs (Oferta Inicial de Ações) e de oferta de acões, ocupando a 3ª colocação há três anos consecutivos. Foi responsável por trazer a primeira empresa do Novo Mercado, a CCR, para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em janeiro de 2002. No período de 2004 até o setembro de 2008, o banco coordenou 43 ofertas, no valor total de US$ 33,370 bilhões. Fo-ram 4 ofertas concretizadas em 2004 (US$ 665 milhões), 4 ofertas concretiza-das em 2005 (US$ 2,050 bilhões), 11 em 2006 (US$ 3,409 bilhões), 19 em 2007 (US$ 11,532 bilhões) e 5 até setembro de 2008 (US$ 15,714 bilhões).Patrocinar este livro é um refl exo da importância que o banco dá aos profi ssionais de RI das empresas e ao seu papel nos enormes progressos obtidos pela área nos últimos anos. É inegável que a qualidade das informações tem crescido muito e que os investidores têm hoje condições bem mais adequadas para poderem avaliar as companhias em que investem.

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Uma bolsa de inovações

Em mais de um século de existência, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) passou por várias transformações, buscando sempre adaptar-se e, muitas vezes, antecipar-se da melhor maneira possível às novas realidades e circunstâncias do mercado. Em 1997 surgia a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Sua criação foi uma resposta da Bovespa às necessidades do mercado brasileiro para estabelecer uma estrutura moderna de depositária e clearing no país. Também é de 1997 a implantação do Mega Bolsa, o sistema de negociação eletrônica da Bovespa. Graças à sua plataforma de alto desempenho, as ordens enviadas levam menos de um segundo para serem processadas. Além de garantir a rapidez e a confi abilidade das transações, a moderna estrutura tecnológica do Mega Bolsa foi fundamental para o crescimento das operações na era da internet e do tempo real. O avanço da tecnologia de informação levou a Bovespa a lançar, em 1999, o Home Broker. Esse sistema permite que o investidor, por meio do site de sua corretora, en-vie ordens de compra ou venda de ações diretamente no Mega Bolsa. No primeiro ano de operação do Home Broker, apenas seis corretoras ofereciam essa facilidade aos seus clientes. Hoje, dezenas de corretoras já contam com o serviço, que não pára de crescer. A combinação da força da internet com o intenso esforço de po-pularização empreendido pela Bovespa resultou no aumento de investidores e de empresas no mercado de capitais brasileiro. Para isso, foi fundamental o surgimento do Novo Mercado, em 2000. Esse ambiente de listagem voluntário, aberto a com-panhias comprometidas com quesitos como transparência, eqüidade e respeito ao investidor, tornou-se, em menos de dez anos, um modelo de governança corporativa internacional. Juntos, Novo Mercado, Home Broker, Mega Bolsa e CBLC são alguns dos avanços que permitiram à Bovespa chegar ao século XXI como o principal centro de negociação de ações da América Latina.

Este processo culminou com a desmutualização e abertura de capital da Bo-vespa e, depois, a fusão com a BM&F, fazendo nascer a BM&FBOVESPA, uma reunião de ambientes de negociação em ações, ativos de renda fi xa, derivativos e commodities única no mundo e já posicionada como um dos grandes atores do mercado fi nanceiro global.

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Brasil consolida-se e assume posição de destaque no cenário mundial

As empresas brasileiras líderes em seus segmentos assumem, notadamente, posições de destaque após anos de comunicação e educação de seus investi-dores. Lideradas por equipes ativas de Relações com Investidores, essas compa-nhias divulgam informações corporativas transparentes e essenciais para seus acionistas nos mercados locais e internacionais, ávidos por oportunidades de investimentos em empresas brasileiras.

Cada vez mais compreende-se a importância da atividade de Relações com Investidores, refl exo da crescente demanda do mercado por melhores infor-mações. Nos últimos anos, suas atividades têm se ampliado cada vez mais, englobando não somente o tradicional papel de porta-voz da estratégia da companhia, mas também exercendo um papel ativo na implementação de melhores práticas e adequação às novas regulamentações, como observado recentemente no sucesso do Novo Mercado e dos diferentes níveis de gover-nança desenhados pela Bolsa de Valores de São Paulo.

A maior integração da atividade de Relações com Investidores na estratégia empresarial contribui fortemente para o sucesso das companhias junto aos seus investidores. Isso torna-se especialmente importante quando uma empre-sa desbrava novos mercados de capitais utilizando Depositary Receipts.

Os programas de Depositary Receipts patrocinados pelo JPMorgan atraem grande parte do total mundial de dólares investidos nas companhias brasileiras e nossos clientes apresentam o maior valor de investimento alocado por programa. Colocamos à disposição de nossos clientes serviços únicos, oferecidos por dife-rentes equipes de especialistas, com o objetivo de auxiliá-los a atingir seu pleno potencial. Como banco depositário líder na América Latina e no mundo, o JPMor-gan desenvolve estratégias abrangentes e inovadoras para que nossos clientes explorem novos mercados e investidores por meio de Depositary Receipts.

Estamos orgulhosos de participar desta publicação e contribuir ainda mais para a expansão e o fortalecimento do papel de Relações com Investidores nas organizações brasileiras.

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Informação com foco no acionista

O atual modelo de relatórios corporativos está no centro de uma discussão que se estende por mais de uma década. O debate se intensifi ca à medida que emer-gem aspectos como a complexidade das demonstrações fi nanceiras, o foco em dados mensuráveis e a convergência para um modelo global de normas contábeis. O relatório centrado em dados fi nanceiros permite avaliar apenas parte do de-sempenho dos negócios e prioriza as informações de curto prazo, dando pouca ênfase ao potencial de criação de valor das ações e estratégias de longo prazo. Assim, os acionistas/investidores têm de percorrer um longo caminho em busca de informações complementares que os permita fazer uma análise mais ampla.A questão central e o desafi o que se impõem aos profi ssionais de Relações com Investidores (RI) é a defi nição de um modelo que contenha as informações capazes de satisfazer todos os interessados. De acordo com uma pesquisa da Pricewa-terhouseCoopers com as empresas listadas no ranking “Fortune Global 500”, a principal preocupação é conseguir solucionar as inefi ciências, melhorando a co-municação e complementando os dados fi nanceiros de forma a traçar um quadro mais consistente sobre os aspectos que infl uenciam a performance dos negócios.

Algumas empresas incluem em seus relatórios “informações não fi nan-ceiras”, mas mesmo nestes casos há muito a melhorar. Esses dados per-mitem transmitir a visão dos gestores, ainda que exijam maior investimen-to na elaboração e disseminação das informações, responsabilidade do RI. Em contrapartida, empresas que fazem gestão competente de negó-cios, tendem a se benefi ciar com o aumento na demanda por suas ações. O debate em torno da estrutura conceitual está progredindo como parte do pro-cesso de convergência às normas internacionais de contabilidade (IFRS), que dão maior ênfase aos princípios em detrimento de regras. É essencial a inclusão de informações não fi nanceiras, tais como a estratégia, as práticas de governança corporativa, a política de gestão de recursos, os impactos ambientais e os indicado-res-chave de performance do setor de atuação. A PricewaterhouseCoopers assume seu papel como agente desta transformação, honrando seu compromisso com a qualidade e a transparência que permitirão fortalecer nosso mercado de capitais.

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Um observador recém-chegado, que desde meados da década de 90 estivesse distante do Brasil e do noticiário fi nanceiro global, certamente estaria diante de inúmeras surpresas em vários setores, mas nenhum acon-tecimento imprevisto seria comparável ao “choque” recebido caso esse ob-servador distraído resolvesse conferir de perto a situação do mercado de capitais nacional e passasse a olhar mais cuidadosamente o comportamento das companhias abertas e dos profi ssionais que nelas atuam.

Muito além dos números que expressam a velocidade de expansão dos negócios e a multiplicação das ofertas públicas de ações nos últimos anos, esse período tem sido marcado por uma guinada conceitual. Mais afi nado com o que esperam os investidores globais e os grandes players institucio-nais, o mercado acelera a adoção de princípios e práticas de governança corporativa, ética, democratização do acesso ao mercado, transparência na divulgação de informações e valores que procuram garantir a sustentação das companhias no longo prazo. Processo que implica novo relacionamento com o conjunto de investidores e agentes do mercado, sintonizado com autêntica revolução na cultura brasileira de investimentos.

Primeiro capítulo

Breve história do mercado de capitais brasileiro

Características do mercado nacional e particularidades da nossa legislação

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Ao respirar ares mais modernos e perseguir a transparência, a abertura impecável de informações como parte da nova cartilha para as compa-nhias e investidores, o mercado também viveu nesses dez anos um avanço inédito no que diz respeito ao perfi l dos profi ssionais que cuidam do rela-cionamento entre as empresas e seus públicos estratégicos (stakeholders). Esse avanço tem surpreendido até mesmo os melhores e mais experientes executivos e dirigentes.

Toda essa transformação tem sido fundamentada em diversos fatores de origem nacional e internacional, assim como seus refl exos e desdobramen-tos futuros também são múltiplos e capazes de abrigar uma vasta gama de possibilidades, tanto do ponto de vista das companhias como dos investi-dores, profi ssionais e do órgão regulador. Apesar dessa multiplicidade, já é visível um ponto de convergência e a “metamorfose”que mostra resultados de contornos bem defi nidos.

Entre eles, está a predisposição das companhias para manter uma postura efetivamente mais aberta e profi ssionalizada. É um caminho irreversível e cada vez mais compatível com o pensamento que ensina: “a ética no negócio está principalmente ligada à disponibilização de informações iguais para todos os agentes, de forma a que insiders não sejam favorecidos e que ordens de com-pra e venda sejam executadas pelo melhor preço”. A defi nição é de Roberto Teixeira da Costa, profundo conhecedor do mercado de capitais brasileiro e um dos idealizadores da lei que, em 1976, criou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Teixeira da Costa foi também o primeiro presidente da autarquia.

Nos últimos dez anos, com ênfase principalmente a partir de 2002, o mercado de capitais brasileiro – motivado pelas exigências dos investido-res internacionais – mostrou desenvolvimento mais consistente, acusando o ingresso de novas empresas e de setores ainda não representados na Bolsa de Valores. Pelo menos dois fatores impulsionaram esse cenário de crescimento: indicadores da economia nacional favoráveis, com as reservas líquidas do País saltando de R$ 16 bilhões para R$ 180 bilhões, ajuste ex-terno de grandes proporções e infl ação em torno de 4% ao ano, tudo isso contribuindo para que o Brasil atingisse o grau de investimento (investment grade), nota máxima concedida pelas agências internacionais de classifi cação de risco, bem como o excesso de liquidez global, outro aspecto que favo-receu a atração de capitais pelos mercados emergentes e, em especial, pelo

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grupo conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). O panorama é muito diferente em relação a década de 90, quando o

mercado de ações passava por uma grande crise no Brasil. O número de companhias listadas na Bovespa tinha caído de 550, em 1996, para 440 em 2001. O volume negociado, após atingir US$ 191 bilhões em 1997, recuara para US$ 101 bilhões em 2000 e para US$ 65 bilhões em 2001. Além disso, muitas empresas fechavam o capital e poucas abriam.

A velocidade das mudanças, por sinal, está clara nos números da própria Bovespa. Dos minguados R$ 573,55 milhões na média diária de negócios re-gistrada no primeiro semestre de 2001, a Bovespa apontava, no período de janeiro a junho de 2007, média diária de negociação superior a R$ 4 bilhões. Ao mesmo tempo, a capitalização de mercado das companhias com ações cotadas na Bolsa atingiu R$ 1,97 trilhão, ultrapassando pela primeira vez a marca de R$ 1 trilhão. Em 2001, essa capitalização era de R$ 430 bilhões.

Em dezembro de 2007 já eram 449 as companhias listadas, representando capitalização de mercado de R$ 1,971 bilhão. No segundo trimestre do ano, 19 empresas se listaram na Bovespa e, somadas às nove que abriram capital no primeiro trimestre, esse número superava o total de companhias que haviam realizado IPO (oferta pública inicial) no ano de 2006. O valor total das ofertas públicas até junho superava US$ 9,4 bilhões e a participação dos investidores estrangeiros foi em média 70% do total captado, ou seja, US$ 6,6 bilhões. Estimulado pela percepção de que o País estaria próximo de atingir o Grau de Investimento, o capital estrangeiro passou a ocupar lugar de destaque na movimentação de negócios na Bolsa de Valores. O cenário econômico interno, fortalecido pelas condições criadas a partir da estabilização da infl ação e a melhora no perfi l de endividamento público do País, foi propí-cio a esse desenvolvimento. Com a evolução das empresas e a expansão dos negócios, surge a necessidade de crédito e de uma estrutura de capital que permitisse o aumento da escala produtiva. Nesse quadro, as empresas come-çam o processo de abertura de capital, o número de acionistas aumenta e a necessidade de uma administração profi ssional torna-se evidente.

Durante longo período o perfi l dos investidores brasileiros foi pautado pelo curto prazo. Frente a outros países emergentes, a alta liquidez fez do Brasil um mercado atraente para capitais de curto prazo, pouco preocupado com questões como dividendos, lucro, Conselho de Administração indepen-

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dente e práticas de gestão. A isso, adiciona-se a evolução histórica do mer-cado de capitais brasileiro, calcado na estrutura familiar e em investidores institucionais que se posicionavam fora do grupo de controle da empresa.

A profi ssionalização da gestão das empresas – por conta de um mer-cado de capitais cada vez mais competitivo – levava os proprietários a se ausentarem do dia-a-dia das companhias, passando a efetivar sua infl uência decisória, fundamentalmente, nas reuniões do Conselho de Administração. Surge então a necessidade de estabelecer mecanismos adequados para que os administradores conduzissem a companhia de forma a atender aos interesses dos seus acionistas.

É quando começa a ganhar espaço o conceito das melhores práticas de governança corporativa, mecanismo que busca mais transparência, disciplina, prestação de contas e responsabilidade dos administradores das empresas para com os acionistas. Os mecanismos de governança têm evoluído foca-dos na questão da relação entre conselheiros, administradores e acionistas e as práticas de Governança Corporativa objetivam, por princípio, minimizar os confl itos de interesses entre esses três atores sociais nas empresas.

No campo da legislação, houve mudanças importantes no mercado de capitais brasileiro, em especial a reforma de 2001. A Lei 6.404/76 , que trata do assunto, passou por uma reforma signifi cativa em 2001, empreendida pela Lei 10.303, de 31 de outubro. Foram promovidas alterações em alguns temas fundamentais do direito societário, em especial no que diz respeito às companhias abertas. Entre os pontos mais importantes, constam a nova proporção entre ações ordinárias e preferenciais (art. 15, §2º); alteração no regime de preferências e vantagens atribuídas às ações preferenciais (art. 17); reforço da disciplina relativa aos acordos de acionistas (art. 118, §§ 6º a 11); retorno do direito dos titulares de ações ordinárias à oferta pública obriga-tória quando da alienação de controle (tag along), ao preço de 80% do valor pago por ação integrante do bloco de controle (art. 254-A); necessidade de realização de oferta pública obrigatória para fechamento de capital de com-panhia aberta (art. 4º, §§ 4º e 5º e art. 4-A) e o direito de certas minorias acionárias detentoras de determinado percentual de participação elegerem, por votação em separado, representantes no Conselho de Administração e Fiscal (art. 141, §§ 4º a 8º e art. 161, §4º).

A intenção da reforma foi fortalecer os direitos das minorias acionárias. É inte-

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ressante observar que a partir de 2004, quando houve a retomada de emissões de valores mobiliários, a maior parte das empresas que ingressaram no mer-cado não se limitou às disposições da reforma, indo muito além dela. De seus estatutos constam dispositivos ainda mais benéfi cos para os minoritários.

A quase totalidade das novas companhias, por exemplo, tem seu capital composto exclusivamente por ações ordinárias e, quando existem ações preferenciais, essas freqüentemente dispõem de vantagens fi nanceiras supe-riores às exigidas pela legislação, além do direito de voto em certas opera-ções fundamentais, como é o caso das reestruturações societárias. Da mes-ma forma, é cada vez mais comum que os estatutos aumentem para 100% o direito ao tag along conferido aos acionistas ordinaristas e, em alguns casos, também aos preferencialistas.

Foi no cenário árido do início do século XXI que a Bovespa, em 2000, antecipando-se ao marco legal, criou os níveis diferenciados de Governança Corporativa sob a égide do Novo Mercado, segmento especial de listagem de ações de companhias que se comprometem voluntariamente a adotar as boas práticas de governança corporativa, excedendo o que era exigido pela legisla-ção. Dentro da necessária adaptação à realidade do mercado de ações brasi-leiro, são criados dois estágios intermediários: Níveis 1 e 2, que, juntos com o Novo Mercado, estabelecem regras que envolvem melhorias na divulgação de informações, nos direitos dos acionistas e na governança das companhias.

A criação do Novo Mercado levou em conta que um dos grandes fatores responsáveis pela fragilidade do mercado acionário nacional era a falta de proteção aos acionistas minoritários. A percepção, por parte dos investido-res, de que corriam riscos não apenas associados ao negócio da companhia, por não estarem adequadamente protegidos pela regulamentação, fazia com que aplicassem pesados descontos sobre os preços das ações, o que reduzia o seu valor de mercado. Isso elevava o custo de capital das empresas e ge-rava um ciclo vicioso, pois também as afastava do mercado.

Entendeu-se, fi nalmente, que os direitos adicionais concedidos aos acionistas e a qualidade das informações prestadas ao mercado pelas empresas dariam maior grau de segurança aos investidores e infl uenciaria positivamente na valo-rização e liquidez das ações negociadas no mercado. As companhias cujas ações são listadas em algum dos segmentos diferenciados de governança corporativa, nas quais os riscos não ligados aos negócios são minimizados, tendem a apresen-

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tar prêmios de risco menores, valorizando o patrimônio dos acionistas. A demanda do mercado de capitais por transparência, tratamento equâni-

me para os acionistas e estrutura de Conselho adequada eram pontos im-portantes a serem equacionados em prol do crescimento e da diversifi cação do sistema fi nanceiro. As mudanças implementadas na Lei 10.303, associa-das a um conjunto de medidas anunciadas pelos órgãos reguladores, como Bovespa, CVM e Banco Central do Brasil (Bacen), são marco importante no avanço das práticas de governança no País e mais especifi camente do mercado de capitais. As experiências internacional e brasileira revelam que os investidores tendem a preferir empresas com maior nível de governança, uma vez que representam menor risco para o capital.

A instalação bem sucedida dos níveis diferenciados de Governança Corpo-rativa e o Novo Mercado trouxeram o início de uma nova era de aperfeiço-amento também no relacionamento com investidores, aproximando as com-panhias abertas de seus públicos estratégicos e, ao mesmo tempo, imprimindo uma dimensão muito mais completa ao mercado de capitais brasileiro.

A convivência entre o Novo Mercado, nível que abriga as exigências mais elevadas, e os níveis 1 e 2 de Governança têm permitido que as empresas façam sua opção de maneira gradual, escolhendo a forma de acesso ao mer-cado que seja mais coerente com suas características e necessidades. Avançar por meio de uma migração lógica e bem estruturada, até chegar ao Novo Mercado, ou já fazer a abertura de capital diretamente nesse patamar? Essa escolha oferece às companhias a possibilidade de avaliar criteriosamente suas condições e o perfi l do público que pretende atingir.

Com isso, aumenta a capacidade de alinhar os interesses corporativos às expectativas do mercado, uma vez que os investidores procuram cada vez mais ações de companhias que, além de lucro e retorno sobre o capital, as-seguram respeito aos direitos dos acionistas minoritários e transparência nos atos e resultados da administração.

As boas práticas de Governança Corporativa fazem parte obrigatória do universo corporativo neste início de século e marcam, sem dúvida, um novo ciclo de crescimento no mercado de capitais e na economia de modo geral. Um divisor de águas importante nessa tendência foi registrado em 2006, quando, pela primeira vez, as transações das empresas que fazem parte da listagem especial da Bolsa de Valores de São Paulo superaram as das demais

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companhias. A receptividade das companhias ao Novo Mercado e aos de-mais níveis diferenciados de governança têm demonstrado, de lá para cá, um elevado grau de conscientização a respeito dos critérios envolvidos.

A BOVESPA, ao perceber o potencial de evolução do mercado, instituiu ainda, entre outros projetos, programa especial buscando a popularização dos investimentos em ações. Dirigido às pessoas físicas, o programa Bovespa vai até Você forneceu conhecimento a respeito do mercado de capitais a diversos setores da sociedade. Ainda que os volumes fi nanceiros não refl itam essa evolução, o número de contas de investidores pessoa física na Bovespa

saltou de 85.249, em 2002, para 486.706 em maio de 2008.

Participação por tipo de investidor (%)Sobre volume financeiro da bolsa

Pessoas físicas

Investidores institucionais

Investidores estrangeiros

Instituiçõesfinanceiras

Empresas

Font

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Volume FinanceiroEvolução Anual (R$ bilhão)

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Font

e: B

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pa

150,3 139204,6

304,1401,1

598,9

1199

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A expansão dos Clubes de Investimento também é um fator que aponta o contínuo crescimento do interesse das pessoas físicas pelo mercado de ações. Em 2002, no primeiro ano do programa de popularização, a Bovespa regis-trava apenas 22 clubes de investimento. Em março de 2008, a Bovespa listou 102 novos clubes de investimento, número recorde num único mês, o que elevou para 2.312 a quantidade de clubes criados desde o início do programa de popularização. No total, a Bovespa encerrou o mês de março com 2.372 clubes de investimento. O patrimônio líquido totalizava R$ 14,94 bilhões e o número de cotistas, 154.625.

Outro mecanismo que tem contribuído signifi cativamente para o desempe-nho do mercado é o Home Broker, sistema de negociação na internet criado no fi nal dos anos 90 pela Bovespa, e pelo qual os investidores enviam ordens diretamente ao pregão eletrônico. Em março de 2008, o Home Broker regis-trou novo recorde de participação no número de negócios da Bovespa, com 31,24%, frente à fatia de 31,15% em fevereiro. O total de negócios alcançou 2,37 milhões, mesmo número do mês anterior, com média diária de 118.748, ante 124.619. A participação no volume fi nanceiro da Bolsa foi de 11,22%, ante 11,53% em fevereiro. O volume total negociado no mês alcançou R$ 24,11 bilhões, com média diária de R$ 1,21 bilhão, ante R$ 24,77 bilhões e R$ 1,30 bilhão, respectivamente, registrados no período anterior. O valor médio por negócio atingiu R$ 10.153,06, ante R$ 10.462,11 em fevereiro.

Governança CorporativaCias. Listadas

Nível 1 Nível 2 Novo Mercado

Font

e: B

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O papel da BM&F Bovespa

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fundada em 1890 - e a partir de 2008 transformada na BM&F Bovespa por meio da fusão com a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) – uma das maiores do mundo, representa papel fundamental no desenvolvimento do mercado nacional de capitais. Sua função é atuar de modo a ser o meio de ligação entre as pessoas interes-sadas em aplicar suas economias em ações e as empresas que precisam de recursos para crescer. Dentro de sua missão educativa, cabe-lhe transmitir os conceitos sobre o mercado acionário de modo que os investidores per-cebam a importância de formar um patrimônio em ações, contribuindo para o desenvolvimento econômico do País.

Centro de liquidez que proporciona as condições necessárias para que as corretoras de valores possam intermediar as negociações para seus clientes de forma segura, rápida e transparente, a Bolsa oferece um ambiente no qual os preços são formados pela livre interação da oferta e da procura, atuan-do para garantir que os negócios sejam realizados sob as regras e normas estabelecidas pela CVM. A BM&F Bovespa tem poder auto-regulador, mas é uma entidade integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN), sendo assim fi scalizada pelos órgãos governamentais competentes.

Atualmente, toda negociação realizada na BM&F Bovespa é feita de forma eletrônica. Até 2005, havia a convivência do sistema eletrônico de negocia-ção e o pregão viva-voz, no qual os operadores apregoavam no salão as ofertas de compra e venda das ações. Com o acentuado avanço do número de negócios gerado pelo aumento na quantidade de investidores, e seguindo a tendência internacional, a Bovespa decidiu, em setembro de 2005, concen-trar todas as operações no sistema eletrônico de negociação, o Mega Bolsa, que já representava mais de 90% dos negócios realizados.

De acordo com o compromisso de manter um mercado transparente e seguro, a Bolsa desempenha uma importante função de auto-regulação, fi scalizando as empresas listadas, os negócios realizados e as corretoras-membro para garantir o cumprimento de todas as exigências que a legisla-ção determina.

Foi no fi nal de 1999 que as Bolsas de Valores do Brasil, lideradas pela en-tão Bovespa, decidiram empreender uma mudança ousada que representou

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uma total reformulação do mercado acionário nacional: o início do processo de integração ou unifi cação das Bolsas de Valores. Com isso, integraram es-forços e procuraram reduzir ou eliminar obstáculos que vinham impedindo o desenvolvimento do mercado. O processo de unifi cação assegurou a ca-pacidade de agregar mais liquidez aos negócios graças à criação de segmen-tos especializados.

A iniciativa representou também o primeiro passo para a formação de um mercado único na América Latina. A operação, que fortaleceu a negociação no mercado de capitais brasileiro em grande parte graças a redução de custos de transação, foi acompanhada por um forte movimento de moder-nização tecnológica do mercado nacional. Ela coincidiu com um período bastante agitado em termos de concorrência com as bolsas estrangeiras e, ao minimizar custos e ampliar liquidez, ajudou a estancar a “exportação” de mercado para outros países.

O dia 26 de outubro de 2007, data em que foi concretizada a abertura de capital da Bolsa de Valores de São Paulo, certamente fi cará como um marco na história do mercado de capitais nacional. Ao abrir seu próprio capital, a então Bovespa defl agrou o processo de desmutualização das bolsas do País (que incluiu, logo a seguir, a abertura de capital da BM&F, Bolsa de Mercadorias & Futuros) e registrou a maior operação, até então, de IPO (sigla em inglês para Oferta Pública Inicial de ações) já feita no Brasil, conseguindo uma captação recorde de R$ 6 bilhões. A operação foi marcada também pelo maior volume de adesão dos investidores pessoas físicas no mercado brasileiro.

Até então, a Bovespa atuava como uma sociedade sem fi ns lucrativos, ad-ministrada por um grupo de corretoras de valores. A partir da abertura de capital, tendo suas ações negociadas no mercado como qualquer companhia aberta, a Bovespa Holding ganhou nova confi guração e sócios de todo o Brasil e do exterior. Gerida como uma companhia, passou a objetivar o lu-cro ao mesmo tempo em que continua exercendo importante papel como agente indutor do desenvolvimento do mercado de capitais nacional.

A abertura de capital pode ser compreendida como um movimento ine-vitável das bolsas mundiais, refl exo do fl uxo global de negócios e da exi-gência de integração, fator essencial para melhor atender às demandas dos diversos públicos internacionais – investidores, analistas, empresas, entidades, instituições, ONGs e outros. Com isso, amplia-se o espaço e as oportuni-

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dades para as corretoras, investidores e o mercado como um todo. Essa mudança de perfi l das bolsas mundiais começou a tomar forma na década de 1990 e chegou a abril de 2008 apontando um total de 352 processos envolvendo desmutualizações, fusões, aquisições, IPOs e memorandos de entendimento entre bolsas.

No Brasil, esse movimento tem garantido um ambiente de negociação dotado de maior segurança, reforçando assim a transparência junto a todos os agentes do mercado. Em junho de 2008 já havia 100 empresas listadas no Novo Merca-do e subiu para 163 o número de companhias integrantes dos segmentos dife-renciados de Governança Corporativa. Em 2007, foram registradas 64 aberturas de capital, média superior a uma abertura de capital por semana.

Na seqüência do processo de integração, em maio de 2008 a Bovespa Holding e a BM&F anunciaram sua fusão, resultando na formação de uma nova compa-nhia que é a terceira maior Bolsa do mundo em termos de valor de mercado.

A BM&F Bovespa anunciou no dia 03 de julho de 2008 a composição de seu Conselho de Administração.O primeiro conselho da nova companhia é composto por Gilberto Mifano (presidente), Ary Oswaldo Mattos Filho (vice-presidente), Craig Donahue, Gustavo Henrique de Barroso Franco, José Roberto Mendonça de Barros, Júlio de Siqueira Carvalho de Araújo, Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, Manoel Felix Cintra Neto, Marcelo Trin-dade, Rene Marc Kern e Roberto Rodrigues. Essa composição cumpriu a determinação prevista pelo estatuto da nova companhia, segundo o qual seria necessária uma regra de transição, estabelecendo que, até a realização da Assembléia Geral Ordinária da empresa, em 2009, o conselho deveria ter 11 membros. Desses, seis são conselheiros independentes, em atendimento à Instrução 461 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e às regras de boa governança defi nidas pelo Novo Mercado.

O processo de fusões e aquisições no mercado acionário mundial deverá continuar crescendo ao longo dos próximos anos e as projeções dos ana-listas internacionais indicam que, ao fi nal desse processo, restarão apenas seis grandes bolsas internacionais em atividade. De acordo com declarações feitas pelo diretor para a América Latina da Nasdaq International, Herman Lopez, a BM&F Bovespa deverá liderar os negócios na América Latina, posi-ção que pode ser compreendida como conseqüência da história de sucesso das duas bolsas que compõem a nova companhia.

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Um salto no mercado de capitais

O contraste entre o passado recente e os elementos que compõem a atual busca de padrões éticos e de respeito democrático aos agentes do mercado ganha ainda mais força se observado em relação aos anos 1960, período em que, segundo Teixeira da Costa, “vigoravam manipulações de toda natureza e ser “amigo” de representantes de um banco de investimentos era o caminho para enriquecer”.

Até a década de 1960 havia poucos negócios em Bolsa e poucas empresas abertas no País. “Devemos ser essencialmente críticos do presente, mas é importante assistir ao fi lme inteiro do que aconteceu neste País”, pondera Teixeira da Costa. Antes daquela década, o mercado de capitais simples-mente não existia no Brasil. Não havia poupança interna, a infl ação estava presente no cotidiano, mas o investidor ainda preferia claramente comprar imóveis ou deixar seu dinheiro parado no banco. As bolsas eram incipientes e a dívida pública brasileira estava totalmente desmoralizada; os títulos públi-cos eram peças decorativas e de colecionador.

O grande salto no mercado de capitais brasileiro foi dado pelas reformas no mercado fi nanceiro feitas entre 1964 e 1965, com a criação do Ban-co Central, que passou a contar com um departamento especializado em mercado de capitais. Seu desenvolvimento foi estimulado pela Lei nº 4.728, também de 1965, com a criação de instituições especializadas para operar em diferentes segmentos dos mercados fi nanceiros e incentivo para o paga-mento de dividendos. Assim, de um seleto clube de corretores, o mercado passou a mostrar uma imagem moderna, logo ganhando corpo.

No fi nal dos anos 1960, surgiram as letras de câmbio, instrumentos que abriram espaço para a formação de poupança fi nanceira coincidindo com a entrada do Brasil em um ciclo de desenvolvimento econômico. Foi só então que as pessoas começaram a ter a percepção do impacto infl acionário em seu bolso, mas com a fragilidade do mercado de capitais, ainda não havia muitas alternativas. Nesse período as pessoas compravam dólares ou francos suíços.

Com a Lei nº 4.728, o mercado de capitais teve o seu grande marco, desta-cando a emissão de debêntures. No entanto, esse entusiasmo sofreu um ba-que no fi nal da década, uma vez que, nascido de forma quase amadorística, o mercado de capitais cresceu sem sustentação e sem informações confi áveis

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para os investidores, que entravam e saíam do mercado de maneira especu-lativa. Entre os anos de 1971 e 1975, grandes fortunas foram perdidas.

Logo no início da década de 1970, o mercado de capitais brasileiro sofreu um traumático golpe provocado pela correção violenta de preços (1971) das ações, passando por uma fase de forte encolhimento e estagnação dos negócios. No ambiente pouco regulado da época, as perspectivas de recuperação eram no mínimo melancólicas e o mercado convivia com práticas não-equitativas, a baixa qualidade de informações divulgadas pelas companhias, manipulação de preços, transações com informação privilegiada e informações irregulares. “Houve empresas que simplesmente sumiram, evaporaram e ninguém nunca mais soube delas”, comenta Teixeira da Costa. Era um exemplo que servia à perfeição, brinca o economista, para ilustrar a frase brilhante do embaixador Marcos Azambuja, segundo a qual o Brasil é o único país em que a palavra “sumiu” é defi nitiva, ou seja, ninguém contesta a idéia do “sumiço”, ao con-trário do que acontece no resto do mundo.

A ausência de instituições que organizassem o mercado, defendendo os investidores, gerava uma série de abusos. O então ministro da Fazenda do governo Geisel, Mário Henrique Simonsen, elegeu o fortalecimento do mer-cado de capitais como uma das prioridades para desenvolver a economia. Chamou os juristas Alfredo Lamy e José Luís Bulhões Pereira para refor-marem a Lei das Sociedades Anônimas – que até então não dava prote-ção mínima aos acionistas. Inspirado no modelo da norte-americana SEC (Securities and Exchange Commission), Bulhões criou a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em 7 de dezembro de 1976, pela Lei nº 6.385/76. Antes disso, a regulação do mercado de capitais fi cava a cargo do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central do Brasil, respaldados pela Lei nº 4.728/65. A nova diretriz de 1976 instituiu, ainda, o CMN como órgão superior e coordenador geral do sistema fi nanceiro.

Com longa experiência no mercado fi nanceiro, Roberto Teixeira da Costa foi convidado por Simonsen para assumir a presidência do recém-criado ór-gão e, em fevereiro de 1977, mudou-se de São Paulo para o Rio de Janeiro. Simonsen deu-lhe plena autonomia e a escolha dos diretores e tudo o mais foi feito sem interferência, embora o País estivesse sob regime militar. O eco-nomista fi cou no comando da CVM até o fi nal de 1979, deixando uma ins-tituição plenamente estruturada e conhecida nacional e internacionalmente.

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A estrutura e funções atuais da CVM foram defi nidas depois de algumas mudanças na Lei 6.385/76. Em 2002, a autarquia tornou-se uma autoridade administrativa independente, com mandato fi xo dos dirigentes e autono-mia fi nanceira e orçamentária. No mesmo ano foi ampliado o conceito de valores mobiliários. Com isso, a CVM passou, além de autorizar registros, a supervisionar contratos de derivativos, fi scalizar as bolsas de mercadorias e futuros e as entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários. Todos os títulos ou contratos de investimento coletivo se tornaram valores mobiliários, a autarquia passou a incluir os fundos de investimento fi nanceiro, os fundos de aplicação em cotas de fundo de inves-timento fi nanceiro e os fundos de investimento no exterior.

As exigências externas também tiveram seu peso na consolidação da atual estrutura da CVM. Nos últimos anos, a postura dos investidores internacio-nais tem sido cada vez mais incisiva em relação à capacidade de gerencia-mento das companhias abertas, fator que se tornou essencial na escolha dos produtos fi nanceiros para investir. A CVM passou a incluir e regulamentar esses novos parâmetros, como o que se refere à governança corporativa, buscando melhorar e modernizar o mercado de valores mobiliários.

Cabe à CVM, uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, disciplinar, fi scalizar e auxiliar o desenvolvimento do mercado de valores mobiliários nacional. Entre suas atribuições constam estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funciona-mento correto, efi ciente e regular do mercado de ações, além de estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias aber-tas, bem como assegurar e fi scalizar o funcionamento efi ciente das bolsas de valores, do mercado de balcão e das bolsas de Mercadorias e Futuros.

Tem ainda a atribuição de proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões irregulares de valores mobili-ários e contra atos ilegais de administradores e de companhias abertas ou de carteira de valores mobiliários, evitar ou coibir modalidades de fraude ou de manipulação que criem condições artifi ciais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado; assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os tenham emitido, assim como o cumprimento de práticas comerciais eqüitativas no mercado de valores mobiliários.

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A CVM participa de grupos de trabalhos nos principais organismos inter-nacionais. Entre eles estão: International Organization of Securities Com-missions (IOSCO), fundada em 1983, é o principal fórum internacional de discussões sobre o mercado de valores mobiliários; Council of the Securities Regulators of the Americas (COSRA), criado em 1992, engloba os principais órgãos reguladores dos mercados das Américas do Norte, Central e do Sul; Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), que surgiu em 1991 como meio de estimular as trocas comerciais entre seus quatro países membros (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai); e o Enlarged Contact Group on the Supervi-sion of Investment Funds (ECG), criado há mais de 20 anos, é formado por 17 países, sendo 12 pertencentes à União Européia.

Uma vez que a CVM começa a funcionar, o cenário se modifi ca. Da década de 1970 para cá, temos um mercado de capitais em evolução. No fi nal dos anos 90 e início dos anos 2000, com a ajuda da Lei das S.A. e da queda da infl ação, o crescimento se acelera. Os adventos da globalização e da internet derrubam as fronteiras mundiais e as empresas começam a buscar os be-nefícios desse movimento. O lançamento de ADR’s (American Depositary Receipt) pela Aracruz, em 1992, marca um novo momento do mercado, começando a inserção no quadro de globalização da economia.

Em 2007, ao comemorar 30 anos de existência, a CVM ganhou publicação especial, de autoria de seu ex-presidente, o jurista e professor Arnoldo Wald, com 390 páginas e uma coletânea de artigos que combinam legislação e a interpretação dos tribunais a respeito das principais mudanças processadas no mercado de capitais do País nesse período. Sintetizando o papel da autar-quia para o mercado de capitais brasileiro, Wald observou na ocasião que o mercado de capitais se transformou e ampliou de forma quantitativa e qua-litativa. “Em grande parte isso foi decorrência da ação catalisadora da CVM, que desempenha um papel de primeira importância no desenvolvimento da vida econômica nacional”.

Efetivamente, acompanhar a profunda transformação do mercado de capitais brasileiro ao longo de todo esse período e, em particular, fazer frente às exigên-cias impostas pelo ritmo acelerado dessa evolução nos últimos dez anos é um desafi o signifi cativo. A grande contribuição da CVM para o amadurecimento e aperfeiçoamento do mercado de capitais tem se dado, de maneira indiscutível, por meio de decisões voltadas à maior transparência das operações.

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Com o rápido crescimento dos negócios e a tendência crescente de dispersão acionária nas companhias, esse papel ganhou novas dimensões. Considerando que essa é uma realidade completamente nova no mercado brasileiro, bem como os mecanismos para proteger as empresas contra ofertas hostis na aquisição de controle, por exemplo, tem sido cada vez mais crucial o trabalho criterioso da CVM, ao estabelecer parâmetros re-gulatórios capazes de prover a segurança de investidores e das companhias ao longo do tempo.

Desafi os decorrentes da migração de empresas listadas para os níveis di-ferenciados de governança da Bovespa, trocando ações preferenciais por ordinárias, fazem parte dessa nova realidade e exigem agilidade e atenção da CVM, que por sua vez tem conseguido acompanhar a velocidade da evolu-ção do mercado de capitais.

O órgão regulador tem investido em infra-estrutura, recursos humanos e melhores técnicas de gestão, num esforço signifi cativo para estar à altura das exigências de um mercado cada vez mais complexo. Em 2005, a CVM publicou seu primeiro Plano Estratégico Trienal, com o objetivo de incluir o planejamento e a visão de longo prazo na cultura de gestão da autarquia.

Do ponto de vista do investidor, sua atuação tem sido intensifi cada princi-palmente por meio dos programas de educação e orientação. Cursos, semi-nários e palestras contribuem para consolidar a visão do mercado acionário como uma alternativa de investimento de longo prazo.

Nesse aspecto, a CVM abre espaço para parcerias expressivas no mer-cado, como o convênio fi rmado com o IBRI para disseminar a cultura do mercado de capitais e das melhores práticas de Relações com Investidores. Em trabalho conjunto com o Comitê Consultivo de Educação da CVM são discutidas alternativas para ampliar a capacitação do investidor, tendo como objetivo fornecer ferramentas para que ele possa tomar decisões com auto-nomia e baseado em informações consistentes.

Semelhanças e Diferenças

Nos Estados Unidos, o órgão que regulamenta o mercado de capitais é a Securities and Exchange Commission (SEC), equivalente à CVM no Brasil. A SEC foi instituída em 1934, em seguida à aprovação do Securities Act de 1933

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e do Securities Exchange Act de 1934, que buscam proteger investidores e manter a integridade dos mercados de valores mobiliários. Sua área de atua-ção abrange as bolsas de valores, os corretores e dealers do mercado fi nan-ceiro e de capitais, consultores de investimentos, fundos mútuos e companhias com ações em poder do público.

O objetivo básico da intervenção da SEC é promover a divulgação de informações relevantes, fazer cumprir as leis que regem os mercados, e pro-teger os investidores que interagem nesses mercados. Trabalha em estreita ligação com o Congresso norte-americano, departamentos e agências fede-rais, organizações auto-reguladoras como as bolsas de valores e outras en-tidades privadas. É dirigida por cinco comissários nomeados, cujas principais funções são: interpretar e fazer funcionar a legislação federal sobre investi-mentos e adicionar novos instrumentos de regulamentação.

A principal diferença entre a SEC e a CVM diz respeito às punições em caso de irregularidades. A SEC tem uma base de dados que armazena as operações realizadas por insiders e que compara automaticamente a movimentação das ações. O prazo médio de investigação é de seis meses. Depois de detectar infração, a própria autarquia pode processar o responsável civilmente.

No caso da CVM , os investigadores têm de buscar informações na Bovespa, fazer perguntas e cruzar informações dispersas. O prazo médio é de dois anos apenas para se chegar até uma decisão em primeira instância. A CVM tem com-petência para punir exclusivamente em caráter administrativo, aplicando multas e proibições para que os eventuais infratores atuem no mercado fi nanceiro.

A colaboração entre CVM e SEC é cada vez mais intensa. Em abril de 2008, os representantes dos dois órgãos reguladores estiveram reunidos no Rio de Janeiro para discutir parcerias e iniciativas que envolvessem as duas jurisdições.

Em fevereiro de 2008, as entidades que regulam os mercados de países emergentes estiveram reunidas, em Washington, com a SEC. “O mercado brasileiro se desenvolveu muito nos últimos cinco anos. Hoje, as empresas brasileiras não precisam mais recorrer a outros mercados para captar re-cursos, pois os investidores estrangeiros têm sentido segurança em comprar ações diretamente negociadas no Brasil”, afi rmou na ocasião Maria Helena Santana, a presidente da CVM. Segundo a CVM, foi essa percepção positiva dos estrangeiros que fez com que 70% do volume negociado por empresas locais fi cassem com investidores de fora.

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A Bolsa de Valores de Nova York (New York Stock Exchange/NYSE), funda-da em 17 de maio de 1792, sempre foi um referencial do mercado fi nanceiro mundial. É a maior e mais importante bolsa de valores do Mundo. Também conhecida como “Big Board”, a NYSE apura o índice Dow Jones Industrial Average, composto pelas ações de 30 grandes companhias industriais. O Dow Jones é um dos principais indicadores de negócios com ações em todo o mun-do e referência global para os investidores e gestores de recursos.

Em junho de 2007, buscando um caminho mais condizente com a con-dição de internacionalização da economia, a Bovespa passou a integrar o Global Market, projeto que associa dez bolsas de valores em todo o mundo. Dela fazem parte os mercados de Nova York, Tóquio, Toronto, Hong Kong, Austrália, Paris, Bruxelas, Amsterdã e México que, juntas, negociam empresas avaliadas em US$ 20 trilhões, o correspondente a 60% do mercado mundial de ações. Uma das propostas do Global Market é acabar com os ADRs, com todas as ações negociadas diretamente nesse pregão global.

Na prática, o funcionamento do mercado global poderá levar anos para começar, pois depende de detalhes técnicos, como a integração dos siste-mas de negociação de todas as bolsas, e da vontade das CVMs e bancos centrais de cada país em se adequar a regras comuns. Um problema para o Brasil é que o controle de capitais é utilizado como instrumento de política monetária. De todo modo, a BM&F Bovespa tem o status de líder regional na América do Sul.

Entidades: avanço institucional

O intenso trabalho institucional desenvolvido por entidades afi ns ao IBRI, também voltadas ao crescimento e à evolução do mercado de capitais bra-sileiro, tem sido um dos alicerces desse movimento. Além de oferecer apoio à formação profi ssional, à difusão dos conceitos éticos e à defesa dos prin-cípios e valores que norteiam seus associados, instituições como INI, AMEC, ABRASCA, ANCOR e APIMEC ganham importância ao fomentar o debate dos principais temas relevantes para o mercado, funcionando como um fó-rum de vanguarda para o seu desenvolvimento. (Veja no glossário desse livro a defi nição e atuação de diversas entidades ligadas ao mercado de capitais brasileiro).

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A economia brasileira vivia, na primeira metade da década de 1990, o pro-cesso de abertura. Um movimento mais acelerado de ingresso de recursos externos no País sinalizava, para o mercado de capitais nacional, a possibili-dade de desenvolvimento. Ao longo dessa década, o mercado experimenta-va de novo um crescimento que, mesmo ainda concentrado nas empresas estatais, tinha características distintas da década anterior. A intensifi cação dos movimentos de diversifi cação de carteiras de investimento globais e, inter-namente, as mudanças favoráveis no quadro macroeconômico e regulatório, juntamente com o processo de privatização, tornaram o mercado brasileiro mais atraente e acessível aos investidores internacionais. Isso gerou entrada signifi cativa de recursos estrangeiros via Anexo IV, que se refl etiu no cresci-mento expressivo do valor das ações e no volume de negociações.

Essa promessa acabou frustrada e não chegou a dar o impulso necessário para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Restrito naquele momento a um número reduzido de empresas com melhor nível de liquidez, ele acentuava a concentração dos negócios em ações de poucas compa-nhias. A passagem de algumas importantes estatais para a gestão privada abriu espaço para elevar o valor de companhias que, segundo esperavam os investidores, passariam a ter uma administração mais efi ciente e com maior poder de atração de recursos.

Mas o aumento da demanda por essas ações signifi cou muito mais um

Segundo capítulo

A Gênese do IBRI

Início dos anos 90 - o princípio do princípio

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ajuste positivo do estoque das empresas abertas com transações relevantes do que o estabelecimento de um fl uxo consistente de recursos para inves-timento, que atraísse novas companhias para o mercado. Era preciso ir além e ampliar horizontes, maximizando o potencial de atração de recursos para começar a concretizar, fi nalmente, a promessa de desenvolvimento. Esse processo implicava, além dos aspectos macroeconômicos, necessidade de aperfeiçoar práticas envolvendo companhias, e profi ssionais especializados em melhorar o relacionamento com os investidores.

Meados dos anos 90 – a origem do IBRI, por seus fundadores

A partir de meados da década de 1990, companhias abertas brasileiras de maior porte começaram a acessar o mercado externo por meio da listagem de suas ações em bolsas de valores estrangeiras, principalmente a New York Stock Exchange, sob a forma de ADR’s (American Depositary Receipts), com o objetivo de obter capitalização por meio do lançamento de valores mobiliários no exterior.

Ao listar suas ações nas bolsas americanas, essas empresas foram obrigadas a seguir diversas regras impostas pela Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, relaciona-das a aspectos contábeis, de transparência e divulgação de informações, os chamados princípios de governança corporativa. A partir desse momento, cresceu a infl uência gerada pelo contato com acionistas mais exigentes e sofi sticados, acostumados a investir em mercados com práticas de gover-nança corporativa mais avançadas do que as aplicadas no mercado brasi-leiro. Ao número crescente de investidores estrangeiros somou-se a maior participação de investidores institucionais brasileiros de grande porte, que se tornavam mais conscientes de seus direitos e exigiam mais abertura de in-formações. Foi o sinal de largada para a revitalização do mercado de capitais nacional dentro dos padrões mais exigentes de “disclosure” (transparência) e democratização do acesso ao mercado.

É nesse contexto que o profi ssional de Relações com Investidores assume papel fundamental para fazer a ponte entre as empresas e os vários partici-pantes do mercado de capitais. Ronaldo Nogueira, um experiente homem

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do mercado e que viria a ser um dos fundadores do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), lembra que o Brasil já se destacava entre os demais países, na época, graças à obrigatoriedade de manter uma Diretoria de Relações com o Mercado (DRM) em todas as empresas que abrissem capital. “Essa exigência legal era motivo de admiração lá fora”, diz Nogueira.

Desde a criação da CVM, em 1976, havia preocupação com o relaciona-mento entre companhias e seus públicos estratégicos, assim como dentro da estrutura gerencial das empresas, mas a questão era ainda pouco com-preendida. O Diretor de Relações com o Mercado representava apenas um cargo nominal, não exercido de fato e que era ocupado em geral pelo presidente ou pelo vice-presidente da companhia, somente para atender a um requisito legal.

Roberto Teixeira da Costa, primeiro presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), lembra que desde que iniciou o trabalho de regulação do mercado esse assunto já ocupava lugar importante. Foi por conta da comunicação entre a companhia e os investidores que se criou a função de Relações com o Mercado, mas logo se observou que esse conceito precisava ser ampliado e que era preciso dar um novo perfi l de atuação a esse profi ssional. O diretor de RI não poderia ocupar um cargo acumulado pelo diretor fi nanceiro da companhia ou outro executivo, pois precisava estar preparado para se comunicar corretamente com o mercado em todas as situações.

Teixeira da Costa, que vários anos depois, em 28 de maio de 1998 viria a ser eleito o primeiro presidente do Comitê de Ética do IBRI, manteve sem-pre a postura da transparência. Ele deixa claro que quando a companhia tem um problema, o melhor a fazer é contar logo a história completa a todos, mesmo porque se o mercado não tiver uma idéia dos números tenderá a pensar que a situação é pior do que a real. “Como disse um juiz norte-americano, a luz do sol (sunshine) é sempre o melhor desinfetante”, resume Teixeira da Costa.

Os contatos de profi ssionais brasileiros com os princípios da atividade de Relações com Investidores, especialmente a partir dos conceitos difun-didos internacionalmente por William Mahoney, geraram muitas conversas e discussões sobre a estruturação da atividade no País. Ronaldo Nogueira recorda que conheceu o pensamento de Mahoney de maneira casual, graças

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ao exemplar de seu livro que alguém deixara com ele. “O conteúdo vinha ao encontro do que estávamos precisando discutir aqui no Brasil”, conta. Em 1993, um pequeno grupo de profi ssionais organizou um seminário em São Paulo, ao qual compareceram cerca de 80 pessoas. “Já existia a idéia de criar-mos uma associação e o nome inicialmente pensado era Associação Brasilei-ra de Relações com Investidores – ABRI. Mais tarde, optou-se por Instituto, uma vez que o conceito de associação está voltado à defesa de interesses corporativos, enquanto um Instituto tem mais caráter de valorização e de formação profi ssional”, lembra Nogueira.

Uma reunião do grupo de fundadores, realizada no Rio de Janeiro, deu conti-nuidade ao projeto do Instituto. Nogueira recorda que a ABRASCA (Associa-ção Brasileira das Companhias Abertas) considerava que o tema de relações com o mercado deveria estar incorporado ao seu próprio trabalho na defesa das companhias abertas. “A reunião no Rio de Janeiro foi essencial porque marcou o primeiro apoio relevante ao novo Instituto, assegurado pelo Banco do Brasil” rememora Nogueira, acrescentando que foi a partir desse apoio do BB, por meio do trabalho de Mozart de Figueiredo Galvão, que o IBRI conse-guiu atrair a primeira leva de profi ssionais para seu quadro de associados.

No fi nal de 1996, um grupo se reuniu para dar início ao projeto do Insti-tuto, defi nindo diretrizes e objetivos. Alguns meses depois, mais exatamente em 5 de junho de 1997, foi fundado o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, o IBRI.

A entidade, inspirada no norte-americano National Investor Relations Ins-titute (NIRI), tinha como preocupação básica criar meios de valorizar a pro-fi ssão e desenvolver os profi ssionais a partir de um extenso e permanente programa educativo baseado, em cursos, seminários, congressos e projetos de intercâmbio, entre outras iniciativas. Além disso, daria início, de imediato, a uma ampla campanha de divulgação junto às próprias empresas em que os profi ssionais trabalhavam, bem como perante a opinião púbica e imprensa, por meio de parcerias com jornais e revistas para artigos. A criação de uma Revista de RI e a formação acadêmica dos profi ssionais, com um MBA espe-cífi co, eram outras prioridades.

Nogueira ressalta um conjunto de fatores que impulsionou a criação do IBRI. Constam entre eles:

• A demanda mais exigente e especializada de quem investia no mer-

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cado brasileiro, levando as empresas a reagir, ampliando a busca ou o aperfeiçoamento de profi ssionais que soubessem lidar com a lingua-gem específi ca desse mercado.• Os órgãos reguladores passaram a perceber a necessidade de acompanhar o mercado internacional, atualizando-se e entrando em sintonia com uma legislação mais moderna.• A BOVESPA assumiu postura vanguardista e lançou idéias criativas, iniciando o desenvolvimento e adotando, em 2000, os modelos dife-renciados de governança corporativa e vários índices de desempenho que foram agregando valor às companhias.• A auto-regulação no Brasil partiu dos agentes fi nanceiros, que viram que seus clientes locais e internacionais queriam equiparação a um modelo de mais transparência. Esse movimento infl uenciou outras entidades de classe.• O surgimento dos mercados emergentes e o excesso de liquidez internacional nas décadas de 1980 e 1990 ampliaram a disputa pelo capital internacional.

Janela para o futuro – Arleu Anhalt observa que o IBRI foi constituído por

um grupo de cerca de 15 pessoas, unidas pelo entendimento de que uma entidade era necessária para fortalecer e aprimorar a função de Relações com Investidores no Brasil, gerar conhecimento e oportunidades de transferência de conhecimento entre as empresas. “Era exatamente o momento de maior aber-tura do mercado de capitais ao exterior, os investidores estrangeiros chegavam com muitas demandas e exigências e a todo momento estávamos nos depa-rando com novidades em relação à inserção no mercado de capitais global”. Com o Anexo IV, no início da década de 1990, o ingresso de capital estrangeiro já estava modifi cando as perspectivas do mercado e o grupo de profi ssionais mais atento a essa mudança percebeu a necessidade de um fórum específi co de debates, promovendo a discussão que gerou o embrião do IBRI.

O ambiente era propício para novas companhias e havia a necessidade de reavaliar uma série de dados. Naquele momento, o único canal de intercâmbio disponível na época era a ABRASCA, por meio da Comissão de Mercado de Capitais, onde as discussões estavam voltadas para a defesa das companhias abertas em geral, com reduzido espaço para Relações com Investidores. A

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grande função do IBRI foi organizar essa etapa de passagem para a valorização da atividade de RI no Brasil, interagindo com as outras entidades e mostrando ao mercado que já ocupava um lugar essencial no Exterior e precisaria crescer também aqui. Para Anhalt, o objetivo sempre foi, desde o início, formar pes-soas, valorizar e fortalecer o papel dos profi ssionais de RI. Como decorrência natural da chegada do capital internacional, o IBRI gerou o suporte necessário e deu base de conhecimento para fortalecer a atividade. Foi essencial, também, para o processo de internacionalização do mercado.

Além disso, foi formado o primeiro curso de MBA em RI, cursos rápidos voltados à formação dos profi ssionais e todo um planejamento estratégi-co para apresentar o Brasil no exterior. Como pedra fundamental para o trabalho do Instituto, o especialista aponta a preocupação com a educação, formação e aperfeiçoamento dos profi ssionais. Entre as ações nesse sentido, Anhalt lembra que um programa instituído logo no início das atividades do IBRI desenvolveu intercâmbio com outros institutos, fora do País, para troca de informações e experiências de RI em diversos mercados. Esse processo exigia troca de experiências entre os executivos das companhias. Por que, então, não formar uma entidade com esse propósito? “O IBRI foi inicial-mente concebido com um presidente nacional e com presidências regionais. Fui escolhido para primeiro presidente do IBRI em São Paulo, talvez a mais importante das regionais. Na seqüência dessa gestão de dois anos, assumi a presidência do IBRI Nacional, já dentro do novo modelo que prevalece até hoje, ou seja, a entidade unifi cada nacionalmente, com vice-presidentes regionais”. “A mudança fortaleceu a entidade. Pela importância de São Paulo, como maior centro fi nanceiro do País, fi cou clara a tendência de sobrepor-se às demais regionais e até a nacional”, destaca Anhalt.

Os desafi os iniciais eram muitos, o principal deles encontrar um posiciona-mento para a nova entidade que surgia. Reuniões foram marcadas com todas as entidades de classe representativas do mercado e com a Bovespa, para conversar, explicar as idéias, os objetivos, o posicionamento do Instituto.

Desde o começo de seu mandato como presidente, Arleu promovia jan-tares mensais patrocinados, chamando especialistas do mercado e criando o ambiente para uma real troca de experiências. “Assistíamos a uma palestra e depois nos reuníamos em volta da mesa de jantar para trocar experiências e gerar conhecimento. As pessoas da área não se conheciam. Essas iniciativas

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ajudaram a criar massa crítica e montar os cursos para transferir conheci-mento técnico, ampliou o contato com entidades, como a CVM, tudo contri-buindo para mostrar representatividade”.Esse espaço criado informalmente foi importante para formar relacionamentos, para se conseguir representati-vidade dentro do mercado de capitais.

O entrosamento entre a Diretoria Executiva e a presidência do Conselho de Administração foi fator determinante para ampliar a efi ciência do traba-lho do Instituto nessa época. “Houve uma excelente combinação de forças entre o Conselho e a Diretoria Executiva. Alfredo Egydio Setubal, presidente do Conselho, desenvolveu uma excelente rede de relacionamentos, que aju-dou muito a fi rmar o posicionamento institucional do IBRI. Como presidente executivo, concentrei esforços na criação de estruturas operacionais, como eventos e cursos”, relembra Anhalt.

Sucessão bem afi nada – Alfredo Setubal concorda que o modelo de ges-tão, presidido por duplas com habilidades e funções complementares, tem sido essencial na consolidação do Instituto. O IBRI, no seu entender, cons-truiu uma imagem muito positiva, em pouco tempo, graças às pessoas que se dedicaram a esse trabalho, com agenda bem estruturada, boas parcerias e o foco nas atividades educativas, como o MBA, idéia de Arleu Anhalt.

Setubal recorda que em 1996 o mercado começava a fi car mais deman-dado na área de Relações com Investidores, como refl exo do interesse do investidor estrangeiro que desde 1991 visitava o País, mas o movimento de ingresso de recursos externos esquentou mesmo depois do Plano Real, que foi o divisor de águas do mercado. Naquele momento, entretanto, ainda eram poucas as empresas com emissão de ADRs (recibos de depósitos norte-americanos) e ainda não havia profi ssionais capacitados em RI em número sufi ciente para atender à nova demanda. Para ele, a criação do IBRI atendeu à necessidade de estruturar melhor essa função e a maior exigência de informação e transparência por parte das companhias.

Nessa época, o IBCA, entidade que mais tarde viria a ser o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) dava os primeiros passos no debate sobre governança, assunto ainda pouco conhecido no Brasil. O mercado internacional já havia criado a fi gura da governança e os estrangeiros que vinham investir aqui traziam o conceito. Mas o mercado local estava apenas

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começando a tomar conhecimento do assunto, o que também foi muito importante dentro da agenda do IBRI. Setubal enfatiza a característica de formação profi ssional do Instituto. Ao contrário do corporativismo de uma associação, o Instituto está voltado ao objetivo de suprir a demanda de pro-fi ssionais graças a um trabalho de formação e aperfeiçoamento, assim como ao estabelecimento de regras de conduta. Sua função é fortalecer a oferta de profi ssionais especializados para falar pelas empresas num contexto que exige mais abertura de informações e transparência.

Setubal confessa que aceitou “meio no embalo” o convite para a presidên-cia do Conselho de Administração do IBRI na gestão iniciada em 2000, sem conhecer bem a estrutura do Instituto. “No começo fi z pouco, até porque tínhamos poucos associados e um orçamento muito limitado. Mas conforme percebi o potencial do trabalho ganhei motivação e ajudou o fato de trabalhar em uma dupla bem coordenada com Arleu Anhalt na presidência da Diretoria Executiva”. Entre os pontos positivos, destaca a reformulação do Estatuto, com a criação das vice-presidências regionais em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, assim como diretores regionais indicados pelo Conselho.

O modelo com dois presidentes provocou certa polêmica na ocasião, mas provou ser uma receita de sucesso. “Liderei o grupo que defendia dois presidentes. É verdade que essa forma pode gerar uma certa confusão de representatividade, mas o Instituto era jovem e precisava se estruturar. Com dois presidentes, um cobra o outro e há um balanceamento de funções que pode ser muito bem sucedido, desde que a dupla seja afi nada. Arleu e eu nos entendíamos bem e não havia atrito”. A duração do mandato de gestão foi alargado passando de um para dois anos. “O processo sucessório é trabalhoso e não havia sentido em continuar escolhendo novos presidentes a cada ano”.

O estilo metódico de Setubal na realização das reuniões do Conselho de Administração foi fundamental para essa organização. “O calendário de reu-niões precisava ser respeitado, facilitando o comparecimento de um número razoável de pessoas”. As reuniões eram trimestrais, possuíam uma agenda es-tratégica e a diretoria executiva participava para prestar contas ao Conselho.

Após o mandato de Arleu Anhalt, assumiu Roberto Castello Branco. Nes-sa gestão, já começava a se evidenciar a presença do atual presidente do IBRI, Geraldo Soares, que participava da diretoria. “Geraldo contribuiu muito, desde aquela época, organizando encontros informais, cursos e seminários.

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Esse trabalho o qualifi cou para ser o atual presidente executivo porque ele já exercia um papel de liderança”, lembra Setubal.

Mas antes disso a entidade passou pelas mãos da dupla José Luiz Acar Pedro (presidente do Conselho de Administração) e Dóris Wilhelm (pre-sidente da Diretoria Executiva), que contou com o apoio de Alfredo Setu-bal. “Acar é muito parecido comigo, é metódico em seu trabalho, e Dóris Wilhelm foi a primeira presidente mulher de uma entidade do mercado de capitais, outro marco conquistado pelo IBRI”.

No fi nal de 2005, quando Acar Pedro informou que não poderia continuar na gestão seguinte, tornou-se necessário escolher sem demora um nome que estivesse à altura do cargo. Durante um almoço no restaurante da Bovespa, Setubal e Acar Pedro conversavam a respeito da sucessão quando viram João Pinheiro Nogueira Batista entrando. Setubal lembra claramente: “Olhamos um para o outro e dissemos na mesma hora: é o João! Ele é bom, é durão e bem organizado para fazer um bom trabalho. Felizmente, quando recebeu nossa ligação, mais tarde, ele se entusiasmou e funcionou muito bem em dupla com o Geraldo Soares”. Setubal sempre defendeu a tese de que o IBRI, principal-mente por ser jovem, tem de contar com uma representação de qualidade, composta por pessoas sérias, reconhecidas pelo mercado e que ajudem a passar uma mensagem positiva. “O simbolismo de grandes empresas dando seu apoio e atenção é bom para o processo de formação”.

Presença internacional do IBRI – Outro pioneiro na atividade de RI e um dos fundadores do IBRI é José Marcos Treiger, para quem o grande di-visor de águas para a profi ssão ocorreu quando a Aracruz Celulose fez a primeira listagem de ações brasileiras na Bolsa de Valores de Nova York por meio de ADRs (American Depositary Receipts), em 1992. Até então, reitera Treiger, o cargo existia mais para que fosse cumprida uma exigência legal, uma atividade secundária e geralmente acumulada pelo diretor fi nanceiro da companhia. “Era uma atividade complementar, que atendia aos investidores, analistas e ao mercado, sem planejamento”.

Ele lembra que em 1992, no Rio de Janeiro, estava à frente da diretoria fi nanceira da Aracruz o executivo Mauro Molchansky, que considera um dos maiores executivos brasileiros e que teve uma atitude corajosa com esse lançamento. A empresa precisava crescer e estava com muitas dívidas

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no “hot money” (operações de curtíssimo prazo). Decidiu lançar os ADR’s e bem no dia em que era completada a operação em Nova York a revista Veja saiu com Pedro Collor e suas denúncias contra o então presidente da República, e seu irmão, Fernando Collor de Mello, na capa. “Em meio a isso, a Aracruz captou US$ 300 milhões e saneou o balanço da empresa. Mas evidentemente, Mauro foi muito questionado por analistas brasileiros e, pela primeira vez, por investidores do exterior”, lembra Treiger.

Sobrecarregado com as demandas, Molchansky ofereceu o cargo de Re-lações com o Mercado a Treiger que, em suas idas a Nova York, observou a existência de uma bem estruturada função de RI e conversou com con-sultores especializados no assunto, como Dewe Rogerson. Com base nes-sas experiências, foi criado o Departamento de RI na Aracruz. Treiger foi o primeiro membro do Brasil no NIRI, participando de conferências e cursos. “Pode-se dizer que a Aracruz foi a universidade e a desbravadora do univer-so dos RIs da época “.

A experiência do Brazil Day, em 2001, na Bolsa de Nova York, foi outro momento importante, não apenas para as companhias e para os profi ssio-nais de RI, mas para o mercado de capitais e a economia brasileira como um todo. Treiger, que nessa época já era gerente de Relações com Investi-dores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi seu idealizador. A idéia baseou-se em evento similar, feito pelo Chile algum tempo antes. Como o próprio nome diz, trata-se de um evento dedicado às empresas brasileiras que têm ações (ADRs) negociadas no pregão do índice Dow Jones. Na oca-sião, 27 companhias nacionais tinham papéis negociados ali. “Os corretores de ações brasileiros me passaram a maior bronca”, lembra Treiger. Chegaram até a fazer uma paralisação em protesto, afi rmando que muitos investidores estrangeiros estavam desistindo de aplicar na Bovespa por conta da co-brança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Essa tarifa estaria contribuindo para a fuga do capital estrangeiro, esvaziando ainda mais a bolsa paulista e fortalecendo os negócios em Nova York. “Mas o tempo mostrou que era uma ação acertada”, comenta Treiger.

Treiger atribui a Ronaldo Nogueira, juntamente com o ministro da Fazenda Octávio Gouvêa de Bulhões, o papel de iniciadores do mercado de capitais no Brasil. “Ronaldo deu os primeiros passos para fundar o IBRI. Percebeu a importância do conceito de transparência, descobriu o NIRI. O contato com

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o mercado americano, a partir da Aracruz, nos fez ver que era preciso ter o mesmo padrão aqui”. Nesse contexto, a atividade muda de nome: em vez de Relações com o Mercado, passa a se chamar Relações com Investidores.

Com a criação do IBRI, Treiger tornou-se vice-presidente da seção Rio de Janeiro. Na época, houve uma série de eventos para divulgar a profi ssão de RI. Em sua gestão, foram trazidos representantes da Bolsa de Nova York ao Rio, como o especialista William Mahoney e RIs de grandes empresas.

Um esforço conjunto – A ABRASCA, única instituição representativa do mercado de capitais no começo dos anos 90, chegou a ser convidada para se fi liar ao NIRI, dois anos antes da fundação do IBRI, como lembra Luiz Paulo Soares. Isso aconteceu durante uma visita do diretor executivo do NIRI, Louis Thompson, e embora o convite não tenha frutifi cado, os profi ssionais ligados à área começaram a falar em uma associação, especialmente entre 1994 e 1995. Com a publicação do livro de William Mahoney, por Ronaldo Nogueira, as discussões se aprofundaram, tanto no Rio como em São Paulo. Soares se lembra do grande trabalho feito pela Diretoria de Relações com o Mercado (DRM) na ABRASCA, para mostrar que os escopos eram diferentes: enquan-to a ABRASCA lida com as empresas, o IBRI envolve os profi ssionais.

Enquanto isso, a globalização no mercado de ações avançava: além dos Estados Unidos, estavam chegando México, Argentina e Chile, exigindo uma atuação estruturada nas empresas para captar e manter investidores dentro dos novos níveis de exigência. O que já se previa, nas discussões entre os profi ssionais de RI, aconteceu: o mercado começou a pressionar por mais in-formações e transparência, investidores e a CVM aumentaram as exigências e a questão dos minoritários ganhou espaço.

“Quando fundamos o IBRI, eu era dono da ICA Consultoria, que prestava serviços a acionistas, e meu escritório fi cava no Edifício Itália. Ali, no 27º andar, foi onde funcionou a primeira sede do IBRI”, recorda. A parte executiva fi cou em São Paulo e o Conselho fi cou para o Rio. Soares foi o primeiro presidente da diretoria executiva, com extensão de mandato. Por conta de sua própria empresa, Soares fez viagens para os EUA e Chile e conversou com pessoas que estiveram no NIRI americano. De uma especialista americana, ouviu um con-selho que o impactou e que jamais esqueceu: ela dizia que era preciso adotar cuidados especiais para que os prestadores de serviços não tomassem conta

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do Instituto nascente. “Ora, eu mesmo era um prestador. A partir daí, acautelei-me para estar sempre com o chapéu correto no momento adequado. A ética era uma coisa fundamental, o ideário tinha de passar pela ética da função”.

Luiz Paulo Soares considera que o IBRI deve muito à CVM e à Bovespa nesse início de atividades. À CVM, claro, pela estruturação da própria profi s-são de RI. A Bovespa, além do apoio institucional, funcionou, por bom tempo, como suporte na infra-estrutura de funcionamento do IBRI: “Devemos a ela até o empréstimo de salas para reuniões e ajuda em ocasião de eventos”. Soares diz que essa gratidão se estende ainda para várias pessoas que volun-tariamente contribuíram para o sucesso da nova entidade. “É o caso da Ana Maria, secretária da ICA, que cumpria dupla função, secretariando a empresa e o IBRI ao mesmo tempo. Isso sem falar na grande contribuição do Ar-leu, como negociador e Rinaldo Detino, membro da Comec (Comissão de Mercado), que na reunião com Thompson foi um observador atento e pas-sou informações de qualidade, fundamentais para as discussões posteriores.

Demandas crescentes – Cody Leivas Simões Pires lembra bem do rápido crescimento das demandas por mais transparência nas empresas de capital aberto e pela profi ssionalização no atendimento aos analistas e investidores. A concentração no índice Bovespa era bem mais elevada do que agora e empresas como Telebrás e Telesp e Petrobras respondiam por cerca de 50% do volume fi nanceiro da Bovespa.

Exercida na esmagadora maioria das empresas pelo Diretor Administra-tivo e Financeiro, que acumulava as funções de Diretor de Relações com o Mercado, a atividade de Relacionamento com os Investidores refl etia o efei-to desfavorável desse acúmulo de funções. Vez por outra, algumas empresas se apresentavam nas associações de analistas do mercado, mas não havia expectativa de valorização da função. Os agentes do mercado também não tinham essa preocupação, mesmo porque, à época, não aconteciam IPO´s (Ofertas Públicas Iniciais de Ações) e a demanda por papéis concentrava-se em poucas empresas. “A evolução de lá para cá é surpreendente”, afi rma.

O primeiro e mais difícil desafi o do IBRI naquele momento, acredita Cody Pires, foi enfrentar a descrença de que aquele novo modelo viesse para fi car. “As coisas no Brasil mudavam radicalmente de uma hora para outra”. O mo-vimento das empresas em direção a mais transparência das informações tam-

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bém teve que provar sua consistência nas principais crises mundiais – em 1997 na Ásia, 1998 na Rússia e Brasil, 1999 na Argentina, 2001 com a bolha Nasdaq, além de escândalos fi nanceiros em grandes empresas americanas e ataques terroristas. O profi ssional de RI aprendeu muito nessas crises, acredita Pires.

O mercado se organiza – Edina Biava concorda que em meados dos anos 90 o mercado de capitais atravessava um período de crescimento acentuado e ainda preparava o amadurecimento nas Relações com os Investidores. As demandas se intensifi cavam, ressalta, mas faltavam regras e as práticas de bom relacionamento com os investidores ainda eram muito limitadas. As atividades de RI estavam estruturadas muito mais para atender as regras de mercado e, em várias empresas, essas atividades estavam subordinadas a diretorias que exerciam várias outras funções na empresa, restando pouco tempo para as ati-vidades de RI. “A denominação era de Relações com o Mercado, não Relações com Investidores. Esse, inclusive, foi um dos pleitos do IBRI para a padronização da nomenclatura de acordo, com o que já era utilizado por outros países”.

A maioria das companhias também não avaliava o departamento de RI como uma atividade estratégica, nem tinha a visão de um programa de RI, de comunicação planejada e focada num público-alvo. Não se falava ainda em stakeholders ou governança corporativa e menos ainda em sustentabilidade.

Na época da fundação do IBRI, lembra Mozart de Figueiredo Galvão, o País saía de uma fase econômica difícil, embora a infl ação já estivesse controlada. Naquele momento, fazer as demonstrações fi nanceiras de forma clara era difícil e o investidor, por sua vez, ainda preferia aplicar no mercado fi nanceiro, aproveitando as elevadas taxas de juros. De acordo com Galvão, o mercado começou a se organizar por meio da formação de um grande grupo de pesso-as, que na época era ligado à ABRASCA, entidade da qual ele era diretor”.

Mozart enfatiza que os fundadores do IBRI tinham consciência de que o mercado de capitais brasileiro poderia crescer muito, diante do controle da infl ação e do processo de privatização das estatais.

Olhando lá fora – A experiência internacional em RI foi fundamental para defi nir as metas do IBRI, acredita Dóris Wilhelm. “Não adiantava inventar a roda; já tínhamos a experiência de mercados de capitais maduros como os EUA e Europa e de entidades como o NIRI, com mais de 20 anos de atuação

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à época. E também a experiência do Ronaldo Nogueira da IMF, que já tinha trânsito internacional como conselheiro do Brazil Fund e que trouxe idéias excelentes para a criação do IBRI, na forma de um instituto de fomento, valorização e desenvolvimento da profi ssão”.

Dóris lembra ainda que alguns dos membros fundadores, como ela pró-pria, já tinham vivido experiências importantes, caso da emissão de títulos no mercado internacional e funding internacional. Ou sejam, conheciam a cabeça do investidor estrangeiro, as metodologias de avaliação de empresas e as infl uências que já existiam no mercado local.

Em 1997, conta Dóris, havia apenas cinco anos que o ingresso do capital estrangeiro havia sido permitido diretamente na bolsa de valores brasileira, por meio da criação dos Anexos I a IV, trazidos pelo Plano Collor a contar de 1992. “Nessa época, teve início o processo de liberalização econômica e que acabou também com os títulos ao portador, trazendo as fi guras das ações nominativas. Esses dois fatos mudaram bastante o mercado de capitais brasileiro. Os profi ssionais começavam a enfrentar um novo tipo de deman-da, bem mais exigente, trazido pela cultura mais madura de mercado de administradores de fundos e analistas estrangeiros”.

Ao mesmo tempo, esse público introduziu novo linguajar e novas me-todologias de avaliação de empresas, tais como fl uxo de caixa descon-tado e EBITDA, múltiplos comparáveis, peers internacionais, mercados emergentes, além de novos termos relacionados aos direitos dos mino-ritários (só ações ordinárias, tag along, take over hostil, controle difuso etc.) e o conceito de governança corporativa. Mas no Brasil ainda se olhava muito os conceitos de P/L e o P/VPA para a tomada de decisões. “Só existia um tipo de índice na Bovespa e este, antes das privatizações, estava extremamente concentrado em empresas estatais. Nossos pros-pectos de operações de colocação de ações ainda fi cavam muito longe em termos de conteúdo e de transparência em relação ao benchmark norte-americano e europeu”, lembra Dóris.

Fortalecendo a transparência – Carlos Caetano aponta como um dos momentos chaves para o surgimento do IBRI o processo de privatização das companhias estatais, episódio que, conjugado ao cenário de estabilização infl acionária, foi fundamental para o mercado de capitais brasileiro. Nesse

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quadro, em que o custo de oportunidade de investimentos de risco iria se reduzir com a queda das taxas nominais de juros era importante que o conceito de transparência se fortalecesse, como fundamento de estabeleci-mento da confi ança dos novos investidores que, certamente, iriam se voltar para as novas oportunidades, lembra. Mas a atividade de Relações com In-vestidores estava apenas engatinhando.

Caetano observa que as empresas de capital aberto ainda viam com reser-vas a presença, em suas estruturas de gestão, de investidores minoritários, dada sua origem familiar. Contudo, movimentos em todo o mundo e também no Brasil se consolidavam e mostravam, de forma inequívoca, o acerto de uma política de transparência e divulgação de informações, como instrumento de sustentação do investimento das companhias no longo prazo, seja em razão de menores custos de endividamento, seja com recursos não onerosos.

Assim, estava se desenhando um amplo espaço para o exercício da ativi-dade de RI como principal instrumento de apoio ao desenvolvimento do mercado de capitais. Caetano considera difícil atribuir a um único evento desse cenário o mérito de representar o ponto de partida para a nova fase de desenvolvimento do mercado. “Na verdade vários foram os movimen-tos, mas sem dúvida alguma, a fundação do IBRI foi um deles. O papel de promotor das idéias, relacionadas com a democratização do capital e da informação, começou a se propagar e, hoje, está inserido em nosso mercado de forma irreversível”.

Gilberto Mifano, presidente do Conselho de Administração da BM&FBo-vespa e componente do grupo fundador do IBRI, lembra a situação melan-cólica do mercado de capitais brasileiro (1996-1997) e o que representou a criação do Instituto. “Naquela época, o mercado, na melhor das hipóteses, andava de lado. O número de companhias listadas na Bolsa diminuía mês a mês. As empresas não pensavam em captar recursos via mercado de capitais – essa não era uma opção sequer cogitada pela grande maioria das com-panhias abertas brasileiras. Apenas umas poucas listadas no exterior tinham acesso a recursos no mercado internacional. Foi uma época em que os profi ssionais buscaram se preparar melhor para ajudar as empresas a cres-cer, assim que houvesse uma reversão da conjuntura desfavorável. Mas, na maioria dos casos o diretor de Relações com o Mercado, posteriormente RI, ainda era uma fi gura quase esquecida dentro das empresas”.

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Em geral, os setores de RI eram atrofi ados – pouca gente, fraca especia-lização, baixa remuneração. Era muito comum a ausência de uma área de RI, existindo apenas um cargo que atendia a uma exigência legal. A grande concentração de negócios em poucos papéis fazia com que os analistas de mercado também fossem uma classe em franca retração, acompanhando um número cada vez menor de empresas e demandando cada vez menos dos Diretores de RI (DRIs). Os investidores também não tinham grandes demandas, já que as empresas não usavam o mercado.

Uma vez que a preocupação com a atividade só existia na teoria, observa Mifano, na prática pouco se fazia. Naquele cenário, uma das poucas e notá-veis iniciativas foi a criação do IBRI. A ele, depois, veio se somar o lançamento do Novo Mercado que introduziu importantes conceitos de Governança Corporativa, que não faziam parte das exigências da Lei das S/As.

Entre os fatores que estimularam o salto qualitativo da função de RI ele destaca a participação do investidor estrangeiro, tanto no segmento de renda variável quanto no de renda fi xa, trazendo sua forma de operar e suas exigên-cias de disclosure. Mifano enfatiza ainda que tanto a CVM quanto a BOVESPA foram importantes para o “desabrochar” do DRI ao estabelecerem exigências crescentes na Governança das companhias abertas (por exemplo: exigências e compromissos do Novo Mercado e a Política de Negociação).

Aprendendo com as “novatas” – Até 1996 o mercado acionário brasileiro ainda estava bastante ativo, lembra José Sálvio Moraes, pois o Plano Real e a estabilização econômica geraram refl exos positivos para as ações. Mas em 1997, com a crise da Ásia, os mercados emergentes sofrem um grande baque. A crise se espalha e se estende até 2000, com a Bolsa se tornando mais volátil. Em 2001, há a crise de energia no Brasil e o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, EUA, que também geraram instabilidades nos negócios. A campanha presidencial, com Lula, do Partido dos Trabalhado-res, à frente, em 2002, causou certo “susto” ao mercado. Até 2003, a Bolsa brasileira sofreu, portanto, com problemas nacionais e internacionais. Em 2003, o mercado pagou para ver e em 2004 veio a retomada, com uma postura mais otimista e a volta dos IPO’s (abertura de capital), com a Natura.

O profi ssional de RI sem dúvida foi afetado por esses fatores, uma vez que as empresas com ações em Bolsa foram atingidas por todos esses acon-

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tecimentos e tinham de se explicar aos acionistas. Com o início do Novo Mercado (2001-2002) e da valorização das melhores práticas de governança corporativa a profi ssão ganhou novo corpo. Os IPOs intensifi caram a procu-ra por esse profi ssional e a atividade ganhou uma grande exposição.

As empresas mais antigas observaram que as “novatas” no mercado acio-nário já estavam chegando com um bom nível de transparência, que os

Área de RI Exclusiva

Não

Sim

2000

2003

2006

Crescimento do nº de empresas que possuem área de RI exclusiva

7%

23%

96%

93%

77%

0 20 40 60 80 100

4%

Tempo em que a área de RI está formalmente constituída na empresa

2000 2003 2006

4%29%

12%25%

30%16%

34%37%

6%7%31%20%

8% 25%

16%

Até 3 anosDe 4 a 6 anosDe 7 a 10 anosMais de 10 anosNão possui área de RI constituída

Até 3 anosDe 4 a 6 anosDe 7 a 10 anosMais de 10 anosNão possui área de RI constituída

Até 3 anosDe 4 a 6 anosDe 7 a 10 anosMais de 10 anosNão possui área de RI constituída

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minoritários começaram a ser mais respeitados, e passaram a olhar para o RI de outra forma. “As empresas mais antigas aprenderam com as novatas”, diz Sálvio. Segundo ele, mesmo as que já tinham profi ssionais de relações com o mercado, e começavam a incorporar os princípios da governança, ainda não davam destaque sufi ciente ao RI.

Com ele concorda Welson Teixeira Júnior. Às vésperas da iniciativa, havia mais empresas fechando do que abrindo capital, a liquidez era baixa e o custo de se manter um programa de mercado de capitais era muito alto. A preocupação com o aperfeiçoamento da área de RI na época, diz ele, era mais dos órgãos reguladores do que das empresas ou mesmo dos investido-res. Elizabeth Benamor ressalta também a falta de visibilidade que a área de RI apresentava na época da criação do Instituto. “A atividade no Brasil não existia de forma tão organizada. Na época, existia o diretor de Relações com o Mercado, que era o fi nanceiro e cumpria a função de informar ao mercado sobre os resultados fi nanceiros e as determinações da CVM. O profi ssional também não tinha visibilidade e acessibilidade, não só com a comunidade do mercado, como também com os stakeholders. Devemos lembrar que isso só começou a tomar corpo com o advento do conceito de governança corporativa, a partir da década de 90. As empresas perceberam que esses conceitos tinham vindo para fi car”.

É importante ressaltar ainda, lembra Elizabeth, que no período que ante-cedeu a constituição do IBRI “havia a percepção do mercado e do profi s-sional a respeito da necessidade de se antecipar a essa tendência que era sinalizada”. Com a formação do Instituto, os profi ssionais de RI poderiam ter seu próprio laboratório para adotar e instituir as principais práticas de gover-nança corporativa. “Essa percepção do profi ssional, que decidiu se organizar e se formar, foi fundamental. Assim nasceu o IBRI, um ambiente no qual os profi ssionais passaram a ter oportunidade de trocar informações, num mer-cado mais estruturado”.

As companhias, principalmente as que já estavam no mercado e se pauta-vam pela governança corporativa com práticas internacionais, perceberam que essa área tinha que ser fortalecida. A administração das empresas como um todo, deveria ter a consciência e transparência, fatores que o mercado exigia cada vez mais. Naquele ambiente, afi rma Elizabeth, “as companhias se conscientizaram muito rápido de que precisavam ter uma equipe treinada e

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voltada para atender seus públicos estratégicos.” De acordo com Gilson Rodrigues Bentes, à época em que foi idealizado o

IBRI a demanda mais forte era representada pelos investidores institucionais, situação que tornava as circunstâncias do mercado bastante diferentes das atuais. “No início, o peso por parte dos institucionais era muito mais forte, em contraponto ao que acontece atualmente, quando você vê que o inves-tidor pessoa física também tem uma participação signifi cativa”.

As demandas por parte dos investidores e dos analistas que cobriam as em-presas estavam muito mais concentradas em questões específi cas, buscando o entendimento do “business” das companhias, foco muito dirigido à contabiliza-ção e a outros aspectos próprios de cada negócio, ou seja, o objetivo era ir a fundo mesmo a fi m de entender todo o contexto da companhia, sua história. Para atender a todas essas demandas, os profi ssionais de RI tiveram que se espe-cializar muito, buscar dentro da empresa as respostas para atender o mercado.

A atividade,observa Bentes, ainda não estava estruturada de maneira ade-quada, ou seja, as empresas não estavam ainda muito bem preparadas para atender toda essa demanda. Mas perceberam logo essa defi ciência. Trataram então de equipar melhor as áreas, de especializar o profi ssional de RI e valori-zar a profi ssão, aperfeiçoar o modo de comunicação da empresa. “Por exem-plo, a expansão da internet ajudou muito nesse sentido. Os sites das empresas foram aprimorados e hoje não tenho dúvida de que o futuro será ainda mais promissor. Caminhamos para um estágio em que as áreas de RI serão conside-radas estratégicas nas companhias. Hoje isso já está acontecendo”.

A preocupação das companhias abertas, dos órgãos reguladores e dos investidores em relação ao aperfeiçoamento da área de RI foi, portanto, decorrência de uma percepção objetiva, a de que o papel estratégico da ati-vidade ocuparia espaços cada vez mais abrangentes. Segundo Bentes, os em-presários queriam ver o valor de mercado de suas empresas cada vez maior, é óbvio, e trataram de equipar a área de RI, dando condições para o seu de-senvolvimento. “No Brasil, a criação do IBRI contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento e valorização dos profi ssionais da área, mas não podemos esquecer também do trabalho da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como órgão regulador do mercado e da contribuição dada por entidades do mercado como a Abrasca e a Bovespa”. O resultado depois de dez anos, diz Gilson Bentes, merece a avaliação mais positiva possível. “Criou-se um

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fórum de discussões no qual os profi ssionais podem trazer suas expectativas, ansiedades e idéias. Com o IBRI, estabeleceu-se mais um canal de comunicação com o mercado de capitais, com a Bovespa, a CVM e outras entidades, incluindo Anbid, Apimec, INI e tantos outros representantes desse mercado”.

“Saímos praticamente do zero na época que o IBRI foi formado”, recorda Leonardo Horta. O objetivo do Instituto era transformar a atividade numa função que agregasse e gerasse valor para os acionistas por parte dos con-troladores. “Mas falar em valorização e mostrar que a empresa tinha outras alternativas de captação, quando o mercado era inoperante, tímido e prati-camente incipiente, era muito difícil”. O contraponto dessa situação, observa Horta, era a presença de profi ssionais com experiência internacional ou a de sócios estrangeiros em algumas das grandes empresas brasileiras.

O processo de inserção do profi ssional foi lento e envolveu muitos fatores, analisa Horta. “A Bovespa, por exemplo, teve um papel muito importante nota-damente com a criação do Novo Mercado e as regras de governança corpora-tiva. Talvez esse tenha sido o fato mais signifi cativo. Outra razão que contribuiu para o início do reconhecimento foi o fato de o mercado externo começar a valorizar o RI. Além disso, a curiosidade das empresas nacionais foi despertada para entender quem era esse profi ssional e como ele podia adicionar valor.

O IBRI, em particular, foi um dos agentes mais importantes nessa melhoria, mesmo sem dispor do poder de auto-regulamentação. Horta comenta: “foi um trabalho de convencimento e de capacitação da categoria como um todo. O Instituto sempre foi muito ativo e pró-ativo nas parcerias, como a que mantém com a Abrasca, Bovespa, CVM e desde o início primou por ser um interlocutor que, basicamente, trazia proposições e idéias. Essa é a grande característica do IBRI ser propositivo e pró-ativo.”

Essa valorização veio muito mais do mercado e dos controladores, ao perceberem que o processo de RI adicionava valor. “O IBRI foi vital no papel de demonstrar e convencer os controladores sobre os benefícios de ser transparente e de valorizar conceitos até então relevados por eles. Minha contribuição foi mostrar a possibilidade de valorização do profi ssional por-que existia uma demanda evidente de profi ssionais que precisavam ser mo-tivados e até educados sobre o potencial dos seus cargos e funções”.

De acordo com a principal função do RI, que é dar encaminhamento aos plei-tos dos minoritários e ser sua voz dentro da empresa, reportando de forma se-

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rena os seus pleitos, havia um grande espaço a ser ocupado e isso não era muito óbvio na época. Então, comenta Horta, “o IBRI precisou ocupar esse espaço em primeiro lugar junto aos próprios profi ssionais de RI, que ainda não conheciam o potencial dessa atividade. O Instituto tem responsabilidade junto aos seus as-sociados e desde o início tem sido um fórum em que as pessoas buscam, entre os pares, uma orientação que não existia nas empresas, ou seja, um trabalho de identifi cação de competências que é importante para qualquer categoria”.

A instalação do IBRI, portanto, deve ser compreendida como uma inicia-tiva que veio organizar o início do exercício da profi ssão de Relações com Investidores em momento crítico para o mercado de capitais brasileiro, afi r-ma Valter Faria. Era o prenúncio de uma retomada desse mercado e já se delineava uma demanda importante pelos profi ssionais de RI nas empresas. A abertura e o crescimento dos negócios no mercado acionário exigiam também uma abordagem mais próxima às necessidades dos investidores locais e, principalmente, internacionais.

Faria lembra que “pouquíssimas empresas, como por exemplo, a Aracruz Celulose, já permitiam naquela época que seus profi ssionais tivessem expo-sição internacional e era importante, entre outros aspectos, transmitir essa experiência aos demais profi ssionais de RI, inclusive aos que trabalhavam em companhias de menor porte, sem a oportunidade de conhecer o que acontecia lá fora. Nos anos de 1996/97, quando começamos a pensar na criação do Instituto – que eu e Ronaldo Nogueira desenhamos a partir da tradução do estatuto do norte-americano NIRI -, o objetivo era dar ao Brasil uma entidade que trabalhasse pela valorização do profi ssional de Relações com Investidores, abrisse espaço para a troca de experiências e, ao mesmo tempo, permitisse uma abordagem isenta, ou seja, preservando o exercício da profi ssão sem qualquer viés corporativo”.

Isso porque era cada vez mais necessário garantir ao profi ssional de RI um espaço próprio para discutir sua profi ssão de maneira individualizada, independentemente dos interesses das companhias. “Na prática, você pode ter um profi ssional de RI ético trabalhando em uma empresa não ética e ele precisa saber discernir isso, precisa ter um nível de lucidez para reconhecer o comportamento não ético da organização. Para isso, o IBRI veio contribuir inclusive com a elaboração de um Código de Ética do RI”. O Instituto, obser-va Faria, foi criado com o objetivo de ser uma entidade independente e com

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autonomia, sem desvios em sua forma de condução. E a avaliação é positiva: “So far, so good”, ou seja, até agora tudo bem.

De lá para cá, ele acredita que os avanços foram signifi cativos e o trabalho do IBRI tem sido produtivo, apesar de contar exclusivamente com a dedi-cação “pro bono” de seus dirigentes, ou seja, sem qualquer remuneração.

Disseminação da cultura – Ricardo Florence dos Santos trabalhava, à época da fundação do IBRI, no Grupo Pão de Açúcar, empresa que estava começando a amadurecer a idéia de abrir capital justamente no período em que o mercado passou a discutir o papel do RI, por volta de 1993/94. Por essa proximidade com os participantes do mercado de capitais, conta Ricardo, ele foi convidado a formar o IBRI e estreitar o relacionamento com a então ABAMEC (hoje APIMEC) e demais associações. O intuito inicial era disseminar a cultura de Relações com Investidores. O mais importante, na época, foi a criação de uma cultura de RI junto às empresas. Eram poucos os funcionários dentro das empresas que tinham as melhores práticas, não havia literatura sobre RI no Brasil, nem organização.

Tudo o que havia eram exemplos do Exterior para seguir. Foi com o IBRI que começou a ser criada uma cultura de RI no Brasil. Paralelamen-te a isso, observa Ricardo Florence, as empresas fechadas começaram a se interessar em abrir seu capital, representando um papel bastante re-levante nesse processo de disseminação da cultura de RI. “Quem se in-teressava em ir ao mercado tentava buscar informações em outras em-presas que já tinham passado pela experiência de abertura. O IBRI se tornou um fórum para troca de idéias, facilitando esse processo”. Da mesma forma, nos anos de 1995 a 1997, começava a surgir o interes-se por palestras e cursos para os profi ssionais contarem suas experiên-cias e, a partir daí, criar um padrão de melhores práticas de RI. “Den-tro do Pão de Açúcar, minha experiência foi a oferta pública inicial em 1995 e, depois em 1997, com o lançamento de ADRs em Nova York, levando a um intenso trabalho junto ao mercado entre 1996 e 1999”.

Alicerces – Ainda em seus primeiros passos, o Instituto já defi niu alguns alicerces que viriam orientar toda a sua atuação. Os primeiros anos do IBRI foram decisivos, portanto, para determinar a evolução da atividade de Rela-

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ções com Investidores no Brasil e criaram os alicerces de tudo o que existe hoje, segundo enumera Arleu Anhalt:

1. Defi nição estratégica: formar o profi ssional de Relações com Inves-tidores e valorizar a atividade 2. Criação do Encontro Nacional de Relações com Investidores3. Filiação à International Investor Relations Federation (IIRF)4. Consolidação do IBRI junto às demais entidades de classe5. Criação do MBA de RI IBRI/FIPECAFI6. Cursos de curta duração7. Criação do IBRI News8. Criação do “Brazil Day”9. Elaboração do Relatório anual do IBRI10. Apuração e divulgação da primeira pesquisa sobre o perfi l do profi ssional de RI no Brasil.

O sentido desses alicerces estava bem claro desde o início: gerar uma estrutura capaz de dar suporte ao aperfeiçoamento e valorização profi ssio-nais na área de RI. Entre essas principais iniciativas, que foram devidamente consolidadas ao longo desses dez anos, o Encontro Nacional de Relações com Investidores tem representado papel essencial e já é reconhecido como o principal evento do gênero na América Latina; a realização dos eventos internacionais, como o “Brazil Day”, contribui decisivamente para colocar o profi ssional de RI no movimento de inserção global do mercado de capitais brasileiro; também vale destacar a fi liação do IBRI à International Investor Relations Federation (IIRF), a entidade que congrega associações que repre-sentam milhares de profi ssionais de Relações com Investidores de 25 países e facilita a troca de experiências entre eles.

Ainda na segunda gestão do IBRI nacional – e a primeira no modelo unifi -cado – foi criado o curso de MBA - Finanças, Comunicação e Relações com Investidores, organizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – FIPECAFI, braço de apoio institucional ao Departa-mento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, em convênio com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI). Os cursos de curta duração de apoio ao exercício profi ssional também foram criados na fase inicial de atividades do IBRI. Para isso, o Instituto montou o auditório e organizou uma

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série de cursos sobre temas como relatório anual, introdução ao mercado de capitais, formação para jornalistas.

Naquela etapa foram ainda promovidos muitos encontros com especialistas de mercado, como analistas e economistas, perseguindo basicamente duas fi na-lidades: transferência de conhecimento e entrosamento entre as pessoas. Outra iniciativa relevante foi a criação do IBRI News, boletim de notícias especialmente concebido para atender as demandas de informação dos profi ssionais da área.

Dez anos depois, o trabalho desenvolvido pelo Instituto está fortemente ba-seado na estrutura de organização e nos conceitos de governança que orientam toda a gestão de suas atividades, tendo como objetivo assegurar aos associados a vanguarda no que diz respeito à atualização de informações, troca de experi-ências e atuação pró-ativa junto às diversas instâncias do mercado de capitais.

• Estrutura Organizacional composta por um Conselho de Adminis-tração integrado por 24 Conselheiros, Diretoria Executiva com onze membros além do Conselho Fiscal, Comitê de Ética e as Comissões: Técnica, de Divulgação, Internacional, de Desenvolvimento Profi ssio-nal e de Novos Associados. Comissão de Credenciamento e Novos Associados, a Comissão de Sustentabilidade e as Comissões Externas com outras entidades.• Representantes de empresas participantes no Conselho de Admi-nistração: Bradesco, Banco Itaú Holding Financeira, Perdigão, Odebre-cht, Duratex, Vale, Unibanco, TAM, CPFL Energia, Cyrela, Unibanco, Ul-trapar, Paranapanema, Banco do Brasil, Souza Cruz, Usiminas/Cosipa, Grupo Rede, entre outras. • Representantes de empresas participantes na Diretoria Executiva: Banco Itaú Holding Financeira, Braskem, Usiminas, EBX, Medial Saúde, Unibanco, Marfrig, entre outras. • Publicações: Revista RI (enviada gratuitamente ao associado); Coluna do IBRI no Jornal Valor Econômico; IBRI News – periódico eletrônico; Parcerias com outros meios de comunicação (Portal Acionista, Revista Investidor Institucional). • Cursos e Eventos: temas de vanguarda, além dos seminários e en-contros informais, abordando tópicos culturais/lazer. • Encontro Nacional de RI e Mercado de Capitais – em sua décima edição no ano de 2008, tivemos um público recorde com mais de 900

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participantes. É o maior evento de RI da América Latina. • Realização do “Brazil Day” em Nova Iorque e “Brazil en Latibex” na Bolsa de Madrid. • Convênio de cooperação técnica com a CVM e com a Bovespa. • Parcerias com outros Institutos e Associações de Mercado. • Realização de Enquetes e Pesquisas sobre o mercado. • MBA de Relações com Investidores em parceria com a FIPECAFI/USP. • Livraria com mais de 70 títulos à disposição dos associados. • Divulgação aos associados de vagas disponíveis na área de RI. • Publicações impressas: Guia de RI (IBRI-Bovespa); Livro Manual do RI (Mahoney)

MBA

No processo de estruturação do IBRI a gestão procurou seguir à risca os dois preceitos principais que nortearam a criação do Instituto: a valorização da atividade de RI e a formação dos profi ssionais. Do lado de formação, foram criados diversos cursos de formação rápida e de assuntos específi cos, como introdução ao mercado de capitais e relatórios anuais.

Arleu Anhalt conta como foram os primeiros tempos do curso de MBA e as difi culdades iniciais para divulgar o curso e atrair alunos: “Criamos uma comissão junto com a FIPECAFI para montar o primeiro MBA de Relações com Investidores no mercado de capitais e trabalhamos cerca de um ano na formatação desse curso. Quando fi zemos o lançamento, a adesão foi menor do que imaginávamos. Só havia 12 ou 13 interessados no curso, que para ter viabilidade teria de contar com pelo menos 20. Deixar de montar o curso naquele momento signifi caria perder tempo demais, num momento em que o mercado já demandava profi ssionais bem preparados. Ele entrou em contato com Alfredo Setubal, então presidente do Con-selho do IBRI. A FIRB, consultoria que Arleu Anhalt preside, colocou duas pessoas para fazer o curso, o Banco Itaú colocou mais duas, o Bradesco, uma e o próprio IBRI inscreveu seu assessor de comunicação. “Em dois dias conseguimos o número que garantiu o curso. Hoje, na sétima turma, o número de candidatos tem sido de três a quatro vezes maior que o de vagas”, diz Arleu.

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Memória - Cópia da Primeira ATA

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Seminários

O primeiro seminário promovido pelo Instituto aconteceu no dia 15 de julho de 1998, na sede do IBRI, em São Paulo. O tema era “O Mercado de Capitais Brasileiro no Período de 1987-1997”, tese de Doutorado em Eco-nomia na Unicamp-SP, da autora e palestrante Lucy Sousa, analista da Inter-Link Consultoria e atual (2007) presidente da APIMEC SP (Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capitais). A tese havia sido premiada em maio de 1998, durante o XV Congresso ABAMEC (atual APIMEC) e foi debatida durante o encontro.

Entre as diversas iniciativas promovidas desde então, que ocupam uma extensa agenda, consta o Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, realizado desde 1999 em parceria com a ABRASCA, e que já foi consolidado ao longo dos últimos anos como o principal even-to de Relações com Investidores na América Latina, reunindo especialistas de vários países. Sua primeira edição aconteceu nos dias 15 e 16 de junho de 1999, um marco para o recém-criado Instituto, que conseguiu reunir 200 profi ssionais de investimento, interessados em debater diversos temas relacionados com as atividades de Relações com Investidores. Nos painéis, apresentados por alguns dos principais especialistas dos mercados de capi-tais nacional e internacional, surgiam forte a semente de uma discussão que iria ganhar ritmo e profundidade nos anos seguintes.

Em dez anos de existência, o IBRI proporcionou aos seus associados a oportunidade de participar de mais de 1.090 eventos, sem contar outros tantos para os quais deu seu apoio institucional.

Revista RI

Trabalhar sem contar nada ao mercado e sem oferecer um veículo ade-quado de comunicação com o público seria insensato, lembra Ronaldo No-gueira. Assim, quando o IBRI foi criado e trouxe ao Brasil, em 1997, seu inspirador, William Mahoney, para um road show de RI em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, Nogueira passou um fi m de semana reunido com ele em Petrópolis pensando na edição de um informativo de Relações com Investidores.

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A idéia inicial era uma newsletter nos moldes da que era publicada pelo NIRI e da qual Mahoney era editor. Entretanto, a conclusão desse encontro entre os dois especialistas foi a de que o público brasileiro tinha mais afi nida-de com uma revista do que com o formato newsletter.

Em março de 1998 saiu o primeiro número da Revista RI, uma parceria do IBRI com a IMF Editora, tendo Mahoney como editor internacional e foco nos modelos de RI, já utilizados em outros países. Os primeiros números, por causa disso, retratavam basicamente a experiência de companhias estrangeiras, principalmente norte-americanas. A matéria central do número de estréia foi “A Importância da prática de um bom disclosure”. A edição inaugural trazia uma entrevista com Mahoney e duas matérias sobre a experiência nacional e internacional. A primeira era um case da Rhodia-Ster que mostrou o real valor da função do RI e a segunda, sobre a estrangeira DuPont.

Na entrevista à revista, Mahoney destacava o signifi cado da criação do IBRI e antecipava que o Instituto representaria importante papel ao fortalecer o relacionamento entre os investidores e as companhias. “Melhores informações chegarão aos investidores, que poderão entender melhor as companhias, o que tipicamente leva a maiores valorizações. Ao mesmo tempo, companhias irão aprender com investidores o que leva a essa mesma valorização. E, como as empresas irão estabelecer programas e estratégias para buscar esse objetivo, o efeito acabará sendo o aumento do preço de suas ações”.

Outro efeito dessa atuação institucional, avisava Mahoney, seria contribuir para a atração de mais capital estrangeiro. “Melhorando seu relacionamento com os investidores, as companhias podem atrair mais capital estrangeiro e isso, certamente, levará as empresas brasileiras a fi carem ainda mais fortes, competitivas e também fortalecerá a economia como um todo assim como os projetos desenhados para seu futuro”.

IBRI News

Instituído em 2000, o IBRI News é um boletim eletrônico que traz agilidade à comunicação entre Conselho, Diretoria e Associados. Hoje o IBRI News está consolidado, proporcionando as mais importantes notícias que ocorrem no mercado de Relações com Investidores. Até junho de 2008, o IBRI News teve 130 edições.

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Educação em RI

Na pauta das atividades previstas pelo convênio de cooperação com a Bo-vespa, fi rmado em 2006, o IBRI lançou em 2007 o Curso de Relações com Investidores. O presidente executivo do Instituto, Geraldo Soares, explica que o convênio veio reforçar o trabalho do Instituto para formar e valorizar o profi ssional de RI.

O curso na Bovespa conta, entre seus professores, com profi ssionais de RI das principais companhias abertas brasileiras e aborda melhores práticas vividas por esses profi ssionais em seu cotidiano. A intenção, afi rma Geraldo Soares, é fazer com que o curso contribua para a disseminação e desenvol-vimento da cultura de RI em nosso País, e de forma institucional. De acordo com Marco Geovanne Tobias, vice-presidente do IBRI, fortalecer a atividade de RI das empresas é garantir um mercado de capital cada vez mais trans-parente e preparado para receber os pequenos investidores. “Oferecer um curso específi co de RI é reconhecer a importância desse profi ssional como elo entre empresa e mercado. Aos poucos, o RI está se tornando o Ombu-dsman dos acionistas e investidores”.

Guia de Relações com Investidores A agenda de ações para marcar os 10 anos de existência do IBRI incluiu

o lançamento do “Guia de Relações com Investidores Bovespa e IBRI”, tam-bém resultado da parceria com a instituição. O conteúdo do guia é voltado às empresas que desejam ou estão em processo de abertura de capital, mas também contém informações importantes para as companhias que já estão no mercado e demandam suporte para atualizar ou reformular seus depar-tamentos de RI. Os principais temas abordados são: as atividades dos RI’s, o relacionamento dos profi ssionais com o mercado, os benefícios e etapas para adoção de um programa de RI, entre outros.

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HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

NOME CARGO PERÍODO

Carlos Gilberto Gonçalves Caetano Presidente do Conselho 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Mozart de Figueiredo Galvão Vice-Presidente do Conselho 05/jun/1997 a 31/dez/1998

01/jan/2000 a 31/dez/2001

Ana Maria de Almeida Novello Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Carlos Mario Fagundes Souza Filho Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Francisco de Paula Machado Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/1998

José Sálvio Ferreira Moraes Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Nelson Manisck Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Roberto Yoshihiro Nishio Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Luis Paulo Soares Membro Conselho – Presidente Dir.Executiva 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Antonio Maria de Castro Pereira Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Arleu Aloísio Anhalt Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Carmem Lúcia Claussem Kanter Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Cody Leivas Simões Pires Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Doris Beatriz França Wilhelm Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Edina Aparecida G Biava Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

João Gomes Antunes Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2000

José Dias Leite Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Luiz Aníbal de Lima Fernandes Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Luiz Eduardo Zago Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Paulo Bento Siqueira Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Paulo Roberto Pasian Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2000

Sérgio Ricardo Silva Schreiner Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2000

José Marcos Trieger Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2000

01/jan/2004 a 31/dez/2009

Anastácio Ubaldino Fernandes Filho Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2001

Wong K Shin Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2001

Almir da Silva Mota Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2003

Angelo Ajonas Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2003

Orlando Galvão Filho Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2003

Rinaldo Dettino Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2003

Vitor Faria Ramos Conselheiro Suplente 05/jun/1997 a 31/dez/2003

Alfredo Egydio Setubal Conselheiro Efetivo 05/jun/1997 a 31/dez/2010

Mozart de Figueiredo Galvão Presidente do Conselho 01/jan/1999 a 31/dez/1999

Carlos G. Gonçalves Caetano Vice-Presidente do Conselho 01/jan/1999 a 31/dez/1999

Sérgio Ricardo Freitas Souza Conselheiro Efetivo 01/jan/1999 a 31/dez/2006

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HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

Breno Julio de Melo Milton Conselheiro Efetivo 11/fev/1999 a 31/dez/2000

Gustavo Miranda Vargas Conselheiro Suplente 11/fev/1999 a 31/dez/2000

João Cox Neto Conselheiro Suplente 11/fev/1999 a 31/dez/2000

Nelson Manisck Conselheiro Suplente 11/fev/1999 a 31/dez/2000

Ricardo Florence dos Santos Conselheiro Efetivo 11/fev/1999 a 31/dez/2000

Doris Maria P. Brasil Von Der Leyen Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2002

Gustavo Poppe Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2002

Jose Geraldo Valadares Lembi Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2002

Roberto da Cunha Castello Branco Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2002

01/jan/2004 a 31/dez/2009

Gilson Rodrigues Bentes Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2002

01/jan/2004 a 31/dez/2010

Alfredo Egydio Setubal Presidente do Conselho 01/jan/2000 a 31/dez/2003

Leonardo Dutra de Moraes Horta Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2003

01/jan/2006 a 31/dez/2008

Julia Holland Reid Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2005

Luis Paulo Soares Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2005

José Fernando Monteiro Alves Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2008

Valter Faria Conselheiro Efetivo 01/jan/2000 a 31/dez/2008

Adhemar Magon Conselheiro Suplente 01/jan/2001 a 31/dez/2003

Carlos Gilberto Gonçalves Caetano Conselheiro Suplente 01/jan/2001 a 31/dez/2003

Carmem Lúcia Claussem Kanter Conselheiro Efetivo 01/jan/2001 a 31/dez/2003

Luiz Eduardo Zago Conselheiro Efetivo 01/jan/2001 a 31/dez/2003

Paulo Roberto Pasian Conselheiro Suplente 01/jan/2001 a 31/dez/2003

Ricardo Florence dos Santos Conselheiro Suplente 01/jan/2001 a 31/dez/2003

Doris Beatriz França Wilhelm Conselheiro Efetivo 01/jan/2001 a 31/dez/2003

01/jan/2006 a 31/dez/2008

Edina Aparecida G Biava Conselheiro Efetivo 01/jan/2001 a 31/dez/2006

João Cox Neto Conselheiro Efetivo 01/jan/2001 a 31/dez/2007

José Fernando Monteiro Alves Vice-Presidente do Conselho 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Luiz Carlos Trabuco Cappi Conselheiro Efetivo 01/jan/2002 a 31/dez/2004

Eliana Soares Rodrigues Conselheiro Efetivo 01/jan/2002 a 31/dez/2006

Rodrigo Krause dos Santos Rocha Conselheiro Efetivo 01/jan/2002 a 31/dez/2007

Ronaldo Augusto da Frota Nogueira Conselheiro Efetivo 01/jan/2002 a 31/dez/2007

Arleu Aloísio Anhalt Conselheiro Efetivo 01/jan/2003 a 31/dez/2008

Sérgio Tuffy Sayeg Conselheiro Efetivo 01/jan/2003 a 31/dez/2008

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

NOME CARGO PERÍODO

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64 • O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

NOME CARGO PERÍODOLíbano Miranda Barroso Conselheiro Efetivo 01/jan/2003 a 31/dez/2009

José Lucas Ferreira de Melo Conselheiro Efetivo 01/jan/2004 a 31/dez/2004

José Luiz Acar Pedro Presidente do Conselho 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Leonardo D. de Moraes Horta Vice-Presidente do Conselho 01/jan/2004 a 31/dez/2007

Adhemar Magon Conselheiro Efetivo 01/jan/2004 a 31/dez/2006

Almir da Silva Mota Conselheiro Efetivo 01/jan/2004 a 31/dez/2006

Fernando Queiroz Tracanella Conselheiro Efetivo 01/jan/2004 a 31/dez/2006

Wilson Kirschner Amarante Conselheiro Efetivo 01/jan/2004 a 31/dez/2009

Ney Ferraz Dias Conselheiro Efetivo 01/jan/2005 a 31/dez/2005

Plínio do Amaral Pinheiro Conselheiro Efetivo 01/jan/2006 a 31/dez/2010

José Luiz Acar Pedro Conselheiro Efetivo 01/jan/2006 a 31/dez/2006

João Pinheiro Nogueira Batista Presidente do Conselho 01/jan/2006 a 31/dez/2009

Líbano Miranda Barroso Vice-Presidente do Conselho 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Geraldo Travaglia Conselheiro Efetivo 01/jan/2007 a 31/dez/2008

Milton Almicar Silva Vargas Conselheiro Efetivo 01/jan/2007 a 31/dez/2008

Fábio Schvartsman Conselheiro Efetivo 01/jan/2007 a 31/dez/2009

Paul Elie Altit Conselheiro Efetivo 01/jan/2007 a 31/dez/2009

Wang Wei Chang Conselheiro Efetivo 01/jan/2007 a 31/dez/2009

Wilson Ferreira Júnior Conselheiro Efetivo 01/jan/2007 a 31/dez/2009

Luis Largman Conselheiro Efetivo 01/jan/2007 a 31/dez/2010

Elizabeth Piovezan Benamor Conselheiro Efetivo 01/jan/2008 a 31/dez/2010

Marco Geovanne Tobias da Silva Conselheiro Efetivo 01/jan/2008 a 31/dez/2010

Welson Teixeira Júnior Conselheiro Efetivo 01/jan/2008 a 31/dez/2010

CONSELHO FISCAL

Cláudio Vilar Furtado Conselho Fiscal 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Iran Siqueira Lima Conselho Fiscal 01/jan/2002 a 31/dez/2003

01/jan/2007 a 31/dez/2008

Ronaldo Raymundo Saunier Martins Conselho Fiscal 01/jan/2002 a 31/dez/2003

01/jan/2005 a 31/dez/2006

Gilberto Mifano Conselho Fiscal 01/jan/2005 a 31/dez/2008

Marina Mitiyo Yamamoto Conselho Fiscal 01/jan/2005 a 31/dez/2006

Ricardo Florence dos Sanots Conselho Fiscal 01/jan/2007 a 31/dez/2007

livro miolo ok 1811.indd 64livro miolo ok 1811.indd 64 21.11.08 17:54:5321.11.08 17:54:53

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O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil• 65

Luis Paulo Soares Presidente da Diretoria Executiva 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Valter Faria Diretor Financeiro 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Carlos Rocha Velloso Diretor Secretário 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Ronaldo A. da Frota Nogueira Diretor de Comunicação 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Marcos Antônio Pinto Diretor de Desenvolvimento Profi ssional 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Arleu Aloísio Anhalt Vice-Presidente SP 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Sérgio Ricardo Silva Schreiner Diretor SP 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Gilson Rodrigues Bentes Diretor SP 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Sérgio Ricardo Freitas de Souza Diretor SP 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Doris Beatriz França Wilhelm Diretor SP 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Edina Aparecida G Biava Diretor SP 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Carmem Lúcia Claussem Kanter Vice-Presidente RJ 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Ana Maria de Almeida Novello Diretor RJ 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Luiz Alberto Pereira de Mattos Diretor RJ 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Paulo Renato Bastos R Marques Diretor RJ 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Elizabeth Piovezan Benamor Diretor RJ 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Luiz Fernando Rolla Vice-Presidente MG 05/jun/1997 a 31/dez/1999

Breno Júlio de Melo Milton Diretor MG/ES 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Gustavo Miranda Vargas Diretor MG/ES 05/jun/1997 a 31/dez/1998

José Geraldo Valadares Lembi Diretor MG/ES 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Maria Regina Rodrigues Rios Neto Diretor MG/ES 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Ricardo Hosken Vieira Diretor MG/ES 05/jun/1997 a 31/dez/1998

Cody Leivas Simões Pires Vice-Presidente RS 01/jan/1999 a 31/dez/1999

HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

DIRETORIA EXECUTIVA – ADMINISTRAÇÃO 1997 A 1999

NOME CARGO PERÍODO

ADMINISTRAÇÃO 2000 A 2001

Arleu Aloísio Anhalt Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Marco Antonio de Almeida Panza Diretor Financeiro 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Eliana Soares Rodrigues Diretora Secretária 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Luiz Fernando Rolla Diretor de Comunicação 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Paulo Renato B. R. Marques Diretor de Desenvolvimento Profi ssional 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Ricardo Florence dos Santos Vice-Presidente SP 01/jan/2000 a 09/out/2000

Jean Philippe Leroy Vice-Presidente SP 09/out/2000 a 31/dez/2001

Jean Philippe Leroy Diretor SP 01/jan/2000 a 09/out/2000

Ana Paula Santoro Coria Diretor SP 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Geraldo Soares Leite Filho Diretor SP 01/jan/2000 a 31/dez/2001

José Sálvio Ferreira Moraes Diretor SP 01/jan/2000 a 31/dez/2001

livro miolo ok 1811.indd 65livro miolo ok 1811.indd 65 21.11.08 17:57:5121.11.08 17:57:51

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66 • O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

DIRETORIA EXECUTIVA – ADMINISTRAÇÃO 2000 A 2001

NOME CARGO PERÍODORodolfo Maluf Zabisky Diretor SP 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Cláudio Wenzel Lagos Diretor SP 30/mar/2001 a 31/dez/2001

José Marcos Treiger Vice-Presidente RJ 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Antonio Maria de Castro Pereira Diretor RJ 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Carlos Rocha Velloso Diretor RJ 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Maurício Werneck Diretor RJ 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Ronaldo Augusto da Frota Nogueira Diretor RJ 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Francelino A Maranhão Vice-Presidente MG 01/jan/2000 a 09/out/2000

Gustavo Bezerra Leite Arger Vice-Presidente MG 09/out/2000 a 25/jul/2001

Gustavo Bezerra Leite Arger Diretor MG/ES 01/jan/2000 a 09/out/2000

Breno Júlio de Melo Milton Diretor MG/ES 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Diamantino Alberto de Carvalho Diretor MG/ES 01/jan/2000 a 31/dez/2001

Maria Regina Rodrigues Rio Neto Diretor MG/ES 01/jan/2000 a 31/dez/2001

ADMINISTRAÇÃO 2002 A 2003

Roberto da Cunha Castello Branco Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2002 a 31/dez/2003

José Marcos Treiger Vice-Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Vasco de Freitas Barcellos Neto Vice-Presidente RJ 01/jan/2002 a 27/nov/2002

Elizabeth Piovezan Benamour Vice-Presidente RJ 27/nov/2002 a 31/dez/2003

Geraldo Soares Leite Filho Vice-Presidente SP 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Breno Júlio de Mello Milton Vice-Presidente MG 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Marco Antonio de Almeida Panza Diretor Financeiro 01/jan/2002 a 12/fev/2003

Natasha Namie Nakagawa Diretor Financeiro 12/fev/2003 a 31/dez/2003

Carlos Antonio Leal Cruz Diretor Secretário 01/jan/2002 a 12/fev/2003

Gustavo Poppe Diretor Secretário 12/fev/2003 a 31/dez/2003

Marco Geovanne Tobias da Silva Diretor de Comunicação 01/jan/2002 a 12/fev/2003

Rômulo de Mello Dias Diretor de Desenvolvimento Profi ssional 01/jan/2002 a 12/fev/2003

Carlos Antonio Leal Cruz Diretor de Desenvolvimento Profi ssional 12/fev/2003 a 31/dez/2003

Natasha Namie Nakagawa Diretor SP 01/jan/2002 a 12/fev/2003

Fabiane Goldstein Jampolsky Diretor SP 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Fernando Queiroz Tracanella Diretor SP 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Wilson Kirschner Amarante Diretor SP 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Elizabeth Piovezan Benamor Diretor RJ 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Marta Meirelles Diretor RJ 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Breno Júlio de Melo Milton Diretor MG 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Fábio Abre Schettino Diretor MG 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Marco Paulo Cerqueira Mascarenhas Diretor MG 01/jan/2002 a 31/dez/2003

Murilo Salles Gonçalves Torres Diretor MG 01/jan/2002 a 31/dez/2003

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O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil• 67

HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

DIRETORIA EXECUTIVA – ADMINISTRAÇÃO 2004 A 2005

NOME CARGO PERÍODODóris Beatriz França Wilhelm Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Marco G.Tobias da Silva Vice-Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Geraldo Soares Leite Filho Vice-Presidente SP 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Elizabeth Piovezan Benamour Vice-Presidente RJ 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Breno Júlio de Mello Milton Vice-Presidente MG 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Marta Meirelles Diretor Financeiro 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Alexandre Germani Diretor Secretário 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Natasha Namie Nakagawa Diretor de Comunicação 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Marco A. de Almeida Panza Diretor de Desenvolvimento Profi ssional 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Angélica Perboni Diretor SP 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Henrique Gonçalves Bastos Diretor SP 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Lúcio de Pádua Azevedo Marques Diretor SP 01/jan/2004 a 31/dez/2005

Maria Fernanda Leme Brasil Diretor SP 01/jan/2004 a 31/dez/2005

ADMINISTRAÇÃO 2006 A 2007

Geraldo Soares Leite Filho Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Marco G. Tobias da Silva Vice-Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Luiz Henrique Cerqueira Valverde Vice-Presidente SP 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Elizabeth Piovezan Benamor Vice-Presidente RJ 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Bruno Seno Fusaro Vice-Presidente MG 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Marco Antonio de Almeida Panza Diretor Financeiro 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Henrique Gonçalves Bastos Diretor Secretário 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Raul Adalberto Campos Diretor de Comunicação 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Natasha Namie Nakagawa Diretor de Desenvolvimento Profi ssional 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Julia Holland Reid Diretor SP 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Luiz Marciano Candalaft Diretor SP 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Angelica Perboni Diretor SP 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Camila Ferreira Mation Diretor SP 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Roberto Terziani Diretor RJ 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Luiz Leonardo Cantidiano Diretor RJ 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Carmen Lúcia Claussen Kanter Diretora RJ 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Luiz Fernando Rolla Diretor MG 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Christiano Woelffel Furtado Diretor MG 01/jan/2006 a 31/dez/2007

Silvio Neto Bezerra Guerra Diretor MG 01/jan/2006 a 31/dez/2007

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68 • O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

DIRETORIA EXECUTIVA – ADMINISTRAÇÃO 2008 A 2009

NOME CARGO PERÍODO

Geraldo Soares Leite Filho Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Ricardo Florence dos Santos Vice-Presidente da Diretoria Executiva 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Luiz Henrique Cerqueira Valverde Vice-Presidente SP 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Vania Maria da Costa Borgerth Vice-Presidente RJ 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Bruno Seno Fusaro Vice-Presidente MG 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Álvaro Luiz Bandeira de Paula Diretor Regional Nordeste 30/abr/2008 a 31/dez/2009

Ricardo Rosanova Garcia Diretor Regional Sul 30/abr/2008 a 31/dez/2009

Vitor Faga de Almeida Diretor Financeiro 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Andréa Cristina Pereira e Silva Diretor Secretário 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Luis Fernando Moran de Oliveira Diretor de Comunicação 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Regina Longo Sanchez Diretor de Desenvolvimento Profi ssional 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Cristiane Assis Diretor SP 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Camila Mation Anker Diretor SP 01/jan/2008 a 27/jun/2008

Ivani Benazzi de Andrade Diretor SP 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Renata Duarte C. Oliva Diretor SP 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Patricia Calazans Diretor RJ 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Paulo Mauricio Tinoco de Campos Diretor RJ 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Sandra Silva Calcado Diretor RJ 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Silvia Maura Rodrigues Pereira Diretor RJ 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Agostinho Cardoso Diretor MG 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Alicia Maria Gross F. Pinheiro Diretor MG 01/jan/2008 a 31/dez/2009

Silvio Neto Bezerra Guerra Diretor MG 01/jan/2008 a 31/dez/2009

COMITÊ DE ÉTICA

Roberto Teixeira da Costa Presidente - Comitê de Ética 05/jun/1997

Adhemar Magon Comitê de Ética 05/jun/1997

João Alberto Bernachio Comitê de Ética 05/jun/1997

José Fernando Monteiro Alves Comitê de Ética 05/jun/1997

Paulo Cesar Aragão Comitê de Ética 05/jun/1997

Paulo Roberto Pasian Comitê de Ética 05/jun/1997

Roberto Terziani Comitê de Ética 05/jun/1997

Lélio Lauretti Presidente - Comitê de Ética Abr/2006 a Abr/2010

Alfredo Egydio Setubal Comitê de Ética Abr/2006 a Abr/2010

José Luiz Acar Pedro Comitê de Ética Abr/2006 a Abr/2010

Luiz Leonardo Cantidiano Comitê de Ética Abr/2006 a Abr/2010

José Guimarães Monforte Comitê de Ética Abr/2006 a Abr/2008

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O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil• 69

Paulo Aragão Comitê de Ética Abr/2006 a Abr/2008

Mauro Cunha Comitê de Ética Abr/2008 a Abr/2010

Raymundo Magliano Filho Comitê de Ética Abr/2008 a Abr/2010

SUPERINTENDÊNCIA

Jose Arthur Monteiro de Lima mar/1998 a fev/2001

Maria Fernandes B Duarte dez/1997 a nov/2002

Luiz Roberto dos Reis Cardoso jan/2001 a set/2002

dez/2002 a mar/2003

dez/2003 a jun/2004

Rinaldo Dettino out/2002 a dez/2002

Epaminondas Rodrigues Batista mar/2003 a dez/2003

Salim Augusto Amed Ali jun/2004 - atual

HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO

COMITÊ DE ÉTICA

NOME CARGO PERÍODO

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70 • O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

Terceiro Capítulo

O Profi ssional de Relações com Investidores

Função Empresarial Chave: Administração das Expectativas

Dez anos após a fundação do IBRI, a mudança é radical: a fi gura do pro-fi ssional de Relações com Investidores ganhou espaço e status, deixando no passado a função quase decorativa do antigo Diretor de Relações com o Mercado (DRM). Ao cumprir a função vital de administrar as expectativas dos públicos estratégicos (stakeholders) e de todo o mercado de capitais em relação ao desempenho da companhia, esse profi ssional tem aprendido a exercer seu papel de maneira cada vez mais efetiva, preparando-se para responder não apenas aos desafi os do presente, mas também aqueles que o mercado deverá impor nos próximos anos.

O salto dado pela atividade de RI nesses dez anos, lembra Arleu Anhalt, mostra a diferença entre ser apenas mais uma atribuição dentro do orga-nograma da companhia e assumir, como hoje, uma função estratégica no processo de crescimento da organização, fazer parte de sua inserção no mercado de capitais e dos caminhos de acesso à liquidez global.

Na avaliação de Gilson Bentes, é marcante a mudança ocorrida nesses

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O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil• 71

dez anos em relação à receptividade do mercado ao profi ssional de RI, que passou a ser percebido efetivamente como o elo entre os investidores e as empresas. “É ele que traz a mensagem da administração, atende às expecta-tivas do mercado de forma estruturada, utilizando-se de diversos meios para atingir os objetivos propostos”.

Os desafi os enfrentados nesse período foram muitos: “O profi ssional de RI enfrentou primeiro uma barreira interna. Como a profi ssão era nova, ele precisou mostrar internamente as responsabilidades da profi ssão e, sobre-tudo, mostrar os seus benefícios. No âmbito externo, o desafi o foi mostrar aos investidores sua capacidade de comunicação, de trazer ao mercado as informações e responder às principais indagações com segurança e, acima de tudo, convencê-los. Esses são desafi os contínuos”.

Para Mozart de Figueiredo Galvão, a valorização da área de RI tem aconte-cido por conta da percepção das empresas sobre o interesse dos investido-res pelas companhias e sua infl uência sobre a própria precifi cação das ações, dando aos dirigentes das companhias a importância da transparência e da governança corporativa. “É importante destacar que quando um analista avalia uma companhia, ele avalia um valor e um desconto”, ou seja, se a companhia não informa adequadamente esses valores à sociedade, como sustentabilida-de, governança corporativa, transparência, ética etc., os analistas vão aplicar um desconto. Assim como dão um prêmio para uma empresa líder de mercado, se tem uma política de inovação de produtos, os analistas dão um desconto para as companhias que não têm uma política defi nida para esses temas. “Para administrar tudo isso é necessário equilíbrio, para que essas variáveis dêem va-lor à empresa – porque todos queremos uma empresa rentável, mas também socialmente justa. Uma empresa que não tenha um plano de sustentabilidade socioambiental pode comprometer sua existência no futuro”. Novas fronteiras

Com sua importância consolidada dentro das empresas, o profi ssional de RI está atento aos desafi os futuros, que tendem a ser constantes, acredita Gilson Bentes. “O mercado é muito ágil e também cíclico. Cada vez mais teremos que discorrer sobre perspectivas futuras, fatores exógenos, riscos para o negócio que independem de uma atuação direta da companhia. E a

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72 • O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

habilidade e o conhecimento serão fundamentais. Explorar as fronteiras na busca de novos investidores será sempre uma preocupação e um desafi o”.

Como elo entre a companhia e o mercado, o profi ssional de Relações com Investidores assume constantemente novas responsabilidades à frente de agendas nacionais e internacionais de eventos, roadshows, apresentações aos diversos públicos estratégicos e um leque de atividades diversas que não pára de crescer. Suas habilidades profi ssionais, portanto, também mudaram e continuam obrigatoriamente em evolução.

Vencendo uma etapa que já está devidamente equacionada, ele desenvolveu a capacidade de trafegar com familiaridade entre as áreas de fi nanças, legislação nacional e internacional, contabilidade, comunicação e governança. Conforme sua importância hierárquica cresce dentro das companhias, avança o processo de aproximação da área de RI com os investidores, analistas, mídia especializada e demais públicos, a tal ponto que os websites de Relações com Investidores, em muitos casos, já se tornaram os sites institucionais das companhias, provocan-do movimento ainda mais forte de identifi cação entre a empresa e o mercado. Administrar expectativas signifi ca saber conduzir processo bastante com-plexo de comunicação corporativa que inclui a capacidade de interagir em esferas muito diferentes entre si, aliando a habilidade de reunir e harmonizar um fl uxo de informações constante e, ao mesmo tempo, procurar garantir que ele chegará ao mercado com transparência, tempestividade e demo-cratização de acesso. Empresas e profi ssionais, embora tenham avançado signifi cativamente nesse caminho, ainda têm muito trabalho pela frente para aperfeiçoar resultados de comunicação dentro da área de RI.

Isso signifi ca ampliar novas ferramentas e linguagens de comunicação. We-bsites e informação via os diversos meios da web, relatórios anuais, balanços sociais, publicação de house organs, organização de mídia training (treina-mento para relacionamento com a imprensa) e tantos outros instrumentos de comunicação estão na linha de frente desse processo que procura me-lhorar a sintonia entre a companhia e seu público interno para em seguida chegar sem ruídos também aos acionistas, analistas, órgãos reguladores, mídia, academia, entidades e outros públicos estratégicos. Essa harmonia é vital na administração de expectativas e resulta, quando bem conduzida, numa boa gestão de reputação corporativa e no adequado “branding”, preocupações que começam a ser capítulo indispensável na cartilha do profi ssional.

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O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil• 73

De acordo com a terceira edição da pesquisa sobre o perfi l do Profi s-

sional de Relações com Investidores, realizada pelo IBRI em parceria com a FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Finan-ceiras), divulgada em 2007 com base em dados apurados em 2006, 33% dos profi ssionais consultados afi rmaram que o diretor de RI é o porta-voz ofi cial da companhia em que atuam, função ocupada pelo gerente de RI em

Maior importância hierárquica das áreas de RIÁrea de RI Subordinada a:

2000 2003 2006

19%1%

1%3%7%

75%

15%4%25%

59%

10%12%5%

58%

6%

Presidente ExecutivoDir. FinanceiroConselho de AdministraçãoControllerOutros

Presidente ExecutivoVice-Presidente / Dir. FinanceiroConselho de AdministraçãoDiretor RIControllerOutros

Presidente ExecutivoVice-Presidente / Dir. FinanceiroControllerOutros

Conhece o Código de Conduta do Profissional de RI

2006

SimNão

82%

18%

Obs.: Código de Conduta lançado em 2006.

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74 • O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil

9% dos casos. Ou seja, a área de RI já responde como porta-voz ofi cial em 42% das companhias que compõem essa amostra. Esse posto é ocupado em apenas 27% dos casos pelo Presidente da companhia e em 23% deles pelo Vice-Presidente/Diretor Financeiro. Outro dado fundamental revelado pela pesquisa mostra que a fatia de empresas que mantêm áreas exclusivas de RI subiu de 77%, em 2000, para 93%, em 2003, e saltou para 96% em 2006. A avaliação sistemática dessas mudanças revela profunda valorização do papel estratégico representado pelos profi ssionais de Relações com In-vestidores no Brasil, o que está claramente refl etido nos resultados da pesquisa, promovida pelo IBRI com o objetivo de identifi car e atualizar o perfi l do profi ssional. Graças a esse trabalho inédito tem sido possível medir de maneira efetiva a expansão das políticas de RI adotadas pelas companhias não apenas em seus aspectos quantitativos mas, principalmen-te, em suas características hierárquicas e estratégicas como parte da estru-tura corporativa. Os resultados apontam também as principais mudanças comportamentais que esses RI’s assumem em seu contexto de atuação, transformações baseadas na necessidade de responder rapidamente às exigências do mercado.

A terceira edição desse levantamento oferece uma visibilidade mais ampla desse processo, garantida também pela análise comparativa dos resultados das duas edições anteriores da pesquisa, relativas aos anos de 2000 e 2003. A conclusão mais signifi cativa reforça a percepção de que esse período de dez anos compreendido entre 1997 e 2007, durante o qual aconteceu o grande salto para o amadurecimento da atividade de Relações com Inves-tidores no Brasil, coincidiu exatamente com os principais momentos de desenvolvimento e fortalecimento do mercado de capitais nacional.

A criação do IBRI, em 1997, antecipou a retomada dos negócios e ajudou a preparar terreno para suprir o mercado com uma visão institucional e educativa da função de RI, que viria a ser fundamental principalmente a partir de 2003 com o aumento do interesse dos investidores estrangeiros pelo mercado de capitais brasileiro, multiplicando exigências e demandas junto às companhias.

“O IBRI já existe há mais tempo do que o “repique” do mercado e exerceu um trabalho inicial, como a tarefa de “formiguinha”, que tem sido muito im-portante”, lembra João Pinheiro Nogueira Batista, presidente do Conselho

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de Administração do Instituto. Estreitamente relacionados, o aperfeiçoamen-to da área de RI e a transição das companhias e dos investidores para um mercado mais moderno, vigoroso e transparente caminham lado a lado.

Desde a primeira versão da pesquisa, em 2000, essa trajetória aparece cada vez mais interligada. Entre os anos de 2000 e 2006, período marcado pelo retorno das ofertas públicas iniciais de ações, começo da popularização do mercado acionário, consolidação dos níveis diferenciados de governança corporativa, aumento do nível de disclosure e pulverização do capital, entre outros sinais de fortalecimento do mercado, as companhias abertas brasilei-ras também mudaram sua percepção a respeito da importância da atividade de Relações com Investidores. Elas aperfeiçoaram a organização dessa área dentro da estrutura corporativa e valorizaram o papel estratégico desses profi ssionais. Foi nesse período que as empresas registraram um expressivo aumento da participação do RI como seu porta-voz, ao mesmo tempo em que houve um saudável movimento de renovação profi ssional graças à entrada de novas companhias no mercado acompanhada pela contratação de jovens talentos.

O levantamento inclui entrevistas com 110 profi ssionais de RI, represen-tando 63 empresas com ações em Bolsa. O trabalho foi elaborado a partir de respostas a questionários e as análises levaram em conta os dados das duas pesquisas anteriores, de modo a permitir a comparação entre os mesmos.

As respostas mostram que 95,2 % das companhias representadas na pes-quisa consideram a área de RI como sua principal interlocutora no diálogo com os órgãos reguladores do mercado, o que não ocorre em apenas 4,8% dos casos incluídos na amostra. Os resultados refl etem também a chegada de novas companhias no mercado, a conquista de um espaço cada vez mais ex-pressivo pela mulher na área de RI, a melhor remuneração e a migração des-ses profi ssionais para patamares mais elevados na hierarquia das empresas. O profi ssional aprende rapidamente a interagir com a visão global das companhias e, nesse processo, já atribui importância signifi cativa às ou-tras áreas dentro das empresas, conforme revela a pesquisa, atribuindo notas altas às áreas de Controladoria, Marketing, Finanças, Jurídica, Comu-nicação e Recursos Humanos. Considerando o critério de importância de uma área dentro da companhia aberta, os profi ssionais de RI consul-tados pela pesquisa atribuem nota máxima (cinco) à própria área de RI (86,4% das respostas), mas também valorizam com essa nota os depar-

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tamentos de Finanças (80,9%); Controladoria (76,4%); Comunicação (57,3%); Jurídica (53.6%); Marketing (45,5%) e Recursos Humanos (40%). Trabalhando para conquistar espaços cada vez mais valorizados na hierar-quia e no desenvolvimento corporativos, o profi ssional já consegue tam-bém visualizar sua ascensão nesse universo. De acordo com os resultados obtidos no levantamento, a percepção de 58,5% dos entrevistados é al-tamente positiva no que diz respeito ao reconhecimento do valor de sua função pela empresa.

A média das respostas mostra que, na avaliação dos profi ssionais, é alta a valorização de suas funções e atividades pela empresa. No mes-mo sentido, fi ca evidente que existe uma percepção altamente positi-va quanto à opinião dos principais executivos envolvidos com o tema – presidente, diretor de RI ou diretor imediato – a respeito dos benefí-cios proporcionados pela atividade de RI. Na avaliação feita por 54,5% dos entrevistados, foi atribuída nota máxima à opinião desses executivos. Vale a pena ressaltar que, segundo o levantamento, apenas 6,4% dos en-trevistados percebiam a área de RI “sem prestígio” dentro da organização, enquanto as respostas apontaram certo equilíbrio entre os profi ssionais que vêem um grande prestígio da área na empresa (48,2%) e os que indicam um nível parcial de prestígio (44,5%).

Do total de entrevistados, 61,8% afi rmaram já ter participado mais de duas vezes de eventos nacionais ou internacionais em conjunto com o presidente, diretor de unidade de negócio ou diretor de comunicação da companhia. Apenas 10,9% dos profi ssionais consultados nunca tiveram esse tipo de participação, enquanto outros 10,9% participaram duas vezes e 14,6% registraram uma única participação.

Ao mesmo tempo em que cresce o prestígio da profi ssão, entretanto, observa-se que ainda existe necessidade de aperfeiçoar o fl uxo de infor-mações internas das empresas para a área de Relações com Investidores. Isso fi cou evidenciado pelas respostas relacionadas a esse item. Apenas para 16,4% dos consultados não existe qualquer difi culdade na obtenção de informações internas pela área de RI. Considerando uma escala de um (baixa difi culdade) a cinco (alta difi culdade), 29,1% dos entrevistados afi r-maram encontrar grau um de difi culdade; 22,7% disseram enfrentar difi cul-dades de grau dois; 20% apontaram grau três; 9,1% indicaram grau quatro,

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enquanto somente 0,9% afi rmaram ter muita difi culdade (grau cinco) para obter informações internas.

A agilidade das mudanças nesse período de dez anos também é res-saltada por Dóris Wilhelm, que faz uma análise do desenvolvimento do mercado e da área de RI nesse contexto. Para ela, houve uma evolução muito acelerada e que superou as expectativas iniciais. “A velocidade das mudanças no mercado contribuiu muito para isso e, aliada às iniciativas e o trabalho que o IBRI fez e vem realizando trouxe uma melhora exponencial do conhecimento e reconhecimento da profi ssão como ponto estratégico para as empresas e para o mercado de capitais”. Hoje é preciso lembrar que a Academia também tem contribuído com o desenvolvimento de co-nhecimento teórico sobre a área.

As conquistas e avanços foram enormes. Os resultados das três pesquisas sobre o perfi l do profi ssional de RI, de 2000, 2003 e 2006, lembra Dóris Wilhelm, mostram os saltos qualitativos e quantitativos na profi ssão de for-ma clara. Os órgãos reguladores, outras entidades de classe, os investido-res, stakeholders, respeitam o IBRI e os profi ssionais, pois sabem que têm a quem recorrer e que vão encontrar pessoas falando a mesma linguagem do mercado. “Claro que muito há por fazer ainda, pois estamos vivendo um mo-mento muito interessante para o mercado de capitais, gerando uma escassez de profi ssionais pela abundância de IPOs (Oferta Pública Inicial de Ações). As companhias abertas, que ainda não tinham uma visão estratégica sobre esta área, forçosamente estão sendo levadas a rever sua posição e valorizar esse profi ssional, pois quando o perdem, vêem que não é uma atividade com perfi l tão fácil de repor e de encontrar no mercado”.

Mas a boa notícia, segundo Dóris, é que já há uma nova geração de RIs em formação, o que contribuirá para a “oxigenação” da ativida-de ao trazer novas idéias de como aperfeiçoar e comunicar cada vez melhor os conceitos de RI. “Talvez falte ainda maior integração en-tre o RI e a alta administração das empresas na fi gura de seus conse-lheiros. Acredito que é um canal de mão dupla, e os RIs podem con-tribuir muito para o desempenho dos conselheiros como fonte de in-formação interna e externa e vice-versa. Infelizmente, algumas empre-sas ainda não enxergam os benefícios de via de mão dupla e mantêm os profi ssionais de Relações com Investidores à parte desse processo”.

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Os objetivos da área de RI Entre os anos de 1997-2007 a atividade de Relações com Investidores

ampliou seus objetivos e os departamentos de RI, embora mantenham uma grande diversidade de características e tamanhos, dependendo das neces-

Chegada de novos profissionais na área de RIExperiência em RI

2000 2003 2006

25%

35%

40% 46% 19%

35% 20%

34%46%

menos de 2 anosde 2 a 5 anosmais de 5 anos

menos de 2 anosde 2 a 5 anosmais de 5 anos

menos de 2 anosde 2 a 5 anosmais de 5 anos

O Executivo de RI ampliou seu papel de interface com o mercado

Porta-Voz Oficial da Empresa

2000 2003 20061% 17%

22%

3% 20%

37% 34%

PresidenteDiretor FinanceiroDiretor comunicaçãoRITerceirosNão Respondeu

PresidenteVP / Dir FinanceiroDiretor comunicaçãoRITerceiros

PresidenteVP / Dir FinanceiroDiretor comunicaçãoDiretor de RITerceirosGerente de RIOutros

4%9%1%

33%3% 23%

27%2%30%

8%26%

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sidades e do perfi l da companhia, passaram a assumir cada vez de maneira mais acentuada o seu papel estratégico para a sustentabilidade empresa-rial. O objetivo essencial está bem defi nido: ser uma ponte entre a com-panhia e o mercado, com agilidade para atuar nos dois sentidos comple-mentares, ou seja, levando informações da companhia para seus diversos públicos e, ao mesmo tempo, trazendo para o ambiente corporativo o “feedback”(retorno) necessário sobre a reação do mercado à companhia. Em tempos de disseminação das melhores práticas de governança corpo-rativa, as empresas no Brasil desenvolvem um processo acelerado de aper-feiçoamento em sua comunicação e transparência, a exemplo de modelos que as exigências dos investidores internacionais já consolidaram em outros mercados. Os objetivos da área de RI, portanto, crescem e incorporam no-vas atribuições constantemente, num movimento dinâmico. O que signifi ca, na prática, que esses profi ssionais devem contar com uma sólida formação e permanente esforço de atualização, itens indispensáveis na bagagem de um executivo cujo trabalho tende a ser cada vez mais decisivo para o sucesso da companhia. Somente por meio desse trabalho para o aperfeiçoamento contínuo e da manutenção de uma rede de contatos de alto valor agregado – qualidades que são conquistadas, obrigatoriamente, por meio de uma equipe de profi ssionais bem afi nada com a realidade do mercado – é que a área de Relações com Investidores pode assegurar sua valorização junto à companhia e aos diversos agentes que acompanham sua performance.

De acordo com os preceitos de governança corporativa que já se torna-ram um novo paradigma do ponto de vista dos investidores, nenhuma com-panhia aberta pode subestimar a tarefa de se comunicar competentemente com todos os públicos interessados (stakeholders): acionistas, analistas, pro-fi ssionais de investimentos, mídia especializada, órgãos reguladores, entidades e instituições do mercado, Academia, ONGs e tantos outros públicos que irão interferir direta ou indiretamente na percepção do valor de suas ações. Nesse contexto, as áreas de RI passaram a acelerar o processo para tornar suas estruturas mais adequadas às novas exigências do mercado, o que as obriga a ir além de itens econômico-fi nanceiros, contábeis e gerenciais.

Empresas que dão real valor ao mercado são pró-ativas em suas ações de Relações com Investidores e estão sempre munidas de bons estudos de targeting (público-alvo), tendo em vista os investidores atuais e potenciais.

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Elas atuam de acordo com as exigências do mercado e se apresentam clara-mente aos investidores, de modo a não haver lacunas entre seu valor-justo e o preço em Bolsa. Cabe à área de RI atuar para que a companhia comunique corretamente suas informações, sinalizando que está preparada para assegu-rar um relacionamento transparente e eqüitativo com os acionistas atuais e aqueles que pretende conquistar no futuro.

Um dos fatores determinantes dessa trajetória do profi ssional de Relações com Investidores no Brasil tem sido justamente a agilidade para atuar em linha com as demandas apresentadas em curto espaço de tempo, motivadas pelo rápido desenvolvimento dos negócios no mercado de capitais a partir de 1997. A exemplo das estratégias adotadas pelas empresas na área de marketing, o RI também busca conquistar a confi ança de seus “alvos de mer-cado” – analistas e profi ssionais de investimento, acionistas, investidores e de-mais públicos estratégicos. Em ritmo acelerado de aprendizado, balizado pela constante preocupação com o aperfeiçoamento de suas bases institucionais e regulatórias, a atividade de RI tem avançado de maneira rápida e efetiva.

Presente no dia-a-dia das companhias e dos agentes do mercado, o papel da área de RI tende a se acentuar no caso das empresas que pretendem chegar ou já estão nos níveis diferenciados de Governança Corporativa da BOVESPA. A importância hierárquica e a valorização da área nas empresas vinculam-se aos conceitos de transparência e boa governança como ele-mentos de geração de valor.

Entre outras atribuições, a circulação efi ciente da área de RI dentro da em-presa é indispensável, ou seja, os profi ssionais devem estar aptos a interagir com os outros setores da companhia e ter acesso efetivo ao que acontece, receber informações atualizadas e acompanhar diariamente o fl uxo de novidades tec-nológicas, fi nanceiras, mercadológicas, jurídicas e de comunicação. A capacidade de interação com o conjunto da empresa pode fazer toda a diferença para garantir o sucesso da política de relacionamento com os agentes do mercado.

Disseminar a cultura de empresa de capital aberto entre os diversos públi-cos da companhia, interna e externamente, é o ponto de equilíbrio em tor-no do qual deve ser desenhado o projeto de RI. A existência de uma sólida cultura de capital aberto é um diferencial valioso num mercado de capitais global em que a rapidez da veiculação de informações e o acesso imediato às notícias divulgadas aproxima investidores do mundo todo, assim como pro-

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fi ssionais do mercado, empresários, ONGs, Academia e órgãos reguladores. A consolidação desse aspecto cultural é um elemento vital para o su-cesso da companhia e para a valorização do relacionamento com investi-dores. O desafi o cultural, portanto, tem sido uma tarefa estratégica para os profi ssionais da área e assume, inclusive, o poder de mudar o com-portamento de todos os envolvidos no ambiente corporativo, contribuin-do para fi xar os conceitos de empresa ética, responsável e transparente. Um programa bem conduzido é aquele que consegue fornecer infor-mação de qualidade para analistas e investidores, determinar a mensa-gem da empresa de uma forma que claramente represente seu valor e, ao mesmo tempo, enviar informações qualifi cadas sobre as respostas do mercado (market intelligence) para a Alta Administração. Outro as-pecto essencial e que tem sido claramente priorizado pelas compa-nhias brasileiras ao longo da última década é a preocupação da área de RI no que diz respeito às melhores práticas de governança corporativa. O avanço da importância da atividade de Relações com Investidores de-pende, antes de mais nada, do processo de inserção do mercado de capitais na estratégia de expansão das empresas. Quando ocorre essa inserção, au-tomaticamente a função da área de RI se valoriza, interpreta Arleu Anhalt. “Trata-se de um trabalho operacional, a serviço de uma estratégia defi nida após a identifi cação de objetivos associados ao crescimento ou à defesa diante de competidores, ou a ambos”.

Conforme a situação, observa Anhalt, o ingresso no mercado de capi-tais pode impor-se como instrumento para a empresa fi nanciar o pro-cesso de expansão, dar liquidez às ações dos controladores ou se for-talecer diante dos competidores. Quanto melhor fl uir a comunicação entre a empresa e o mercado melhores serão as condições de a com-panhia se capacitar para alavancar fi nanciamento na Bolsa de Valores. Do trabalho do RI também dependerá a resposta nos casos em que os acionistas majoritários buscam recursos no mercado de ações, como tem ocorrido com a maioria dos lançamentos no Brasil. Nesse sentido, Anhalt afi rma que “o mercado tem funcionado como fator de evolução da compa-nhia, porque à medida em que as empresas decidem abrir capital e se posi-cionar como companhias abertas, com maior transparência e maior grau de aderência às boas práticas de governança corporativa, passam a qualifi car-se

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mais, a garantir melhor posicionamento de mercado e melhores condições de fi nanciar as operações a custos mais baixos. Garantem a dianteira no processo concorrencial.”

São essas razões, portanto, que justifi cam o esforço de valorizar o trabalho do RI, que será sempre mais relevante para a empresa quanto mais alinhado estiver com a defi nição estratégica da companhia e mais afi nado com o co-mando da companhia. Mais do que qualquer outro profi ssional, o RI precisa da abordagem sistêmica, destaca Anhalt. “Ele naturalmente deve dar ênfase ao mercado de capitais, mas não pode perder o espectro do ambiente em-presarial. Precisa conciliar a visão de árvore com a visão de fl oresta.”

“O mundo fi cou pequeno”

José Luiz Acar Pedro vê a trajetória do mercado de capitais nesses dez anos como um movimento impressionante de empresas aderindo aos níveis diferenciados de governança corporativa. “As companhias têm mostrado ele-vada conscientização a respeito da forma de se relacionar com os acionistas e demais públicos”. São processos que se comunicam, encadeados, e nada acontece de maneira isolada, de modo que esse arcabouço de governança e RI, segundo interpreta Acar, leva ao desenvolvimento do mercado e a uma visão de longo prazo para dar mais segurança aos investidores. “Temos, com isso, estabelecido um ciclo virtuoso e o Brasil já não deve nada em matéria de governança às melhores práticas do mundo”.

O executivo brasileiro percebe que o mundo fi cou pequeno e ele precisa olhar de dentro para fora da companhia, é obrigatório estar alinhado aos pro-cessos globais de relacionamento com investidores e modernizar a visão cor-porativa. Para Acar Pedro, um dos sintomas mais claros dessa nova percepção está no fato de que mesmo empresas tradicionais – que em tese não muda-riam – já estão “com um olho na concorrência e buscando a modernização”.

Do ponto de vista do que acontece na economia brasileira, a riqueza de possibilidades é, em muitos casos, superior aos padrões externos. “O Brasil tem diversifi cação em setores econômicos variados, há diversos se-tores fortes e com grandes possibilidades de desenvolvimento por meio do mercado de capitais. Isso é importante para consolidar e aperfeiçoar o arcabouço do mercado”.

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É um cenário que tem assistido à evolução vertiginosa da atividade de RI. Embora dez anos seja um período de tempo ainda muito curto para avaliar, os resultados alcançados são excepcionais, de acordo com a análise de Acar Pedro. “A profi ssão de RI começou, timidamente, em poucas empresas e pouca gente compreendia seu papel, mas foi evoluindo e ganhando força até chegar à atualidade com uma demanda superior à oferta”. Nesse contexto, ele acredita que o IBRI tenha sido muito feliz ao conjugar dedicação à parte técnica, de formação dos profi ssionais, à perseverança para mostrar a impor-tância da função ao mercado.

No conjunto de fatores que, aliados, geraram um processo de reconheci-mento de valor para a atividade de RI, Dóris Wilhelm enfatiza alguns tópicos de maior expressão: a abertura do mercado local para estrangeiros; as novas demandas dos investidores locais e estrangeiros; o trabalho pioneiro e de vanguarda da BOVESPA com a criação dos níveis diferenciados de gover-nança corporativa e o desenvolvimento dos mercados para pessoas físicas; o acesso ao mercado internacional (ADRs, Eurobonds); os mecanismos de auto-regulação da ANBID, IBGC, IBRI e APIMEC, com certifi cações para ana-listas, entre outros; o aprimoramento da CVM; os escândalos corporativos nos EUA e Europa que terminaram gerando a Lei Sarbanes-Oxley; o tra-balho da Academia mostrando as vantagens na precifi cação e redução de custo de capital na avaliação das empresas com bons programas de RI e de Governança Corporativa, além da parceria para o MBA do IBRI-FIPECAFI, primeiro criado no País para esta área, em 2001; o trabalho de várias en-tidades de classes que foram realizando parcerias com o IBRI, o papel dos bancos de investimento e da ANBID; estruturas profi ssionais de RI nos casos de operações de mercado de capitais e IPOs; além de inúmeros outros movimentos de ONGs e entidades ligadas à responsabilidade empresarial, social e ambiental e questões ligadas à sustentabilidade.

O papel desempenhado pela BOVESPA e pela CVM foi fundamental para esse processo, acredita Doris. No momento em que eles se modernizaram, se anteciparam, não só usando benchmarks dos mercados internacionais e suas demandas, para balizar suas iniciativas reguladoras e fi scalizadoras, mas em muitos casos superando os modelos, o que signifi cou trazer nível de excelência para o mercado que permeou todas as esferas, afetando direta-mente e de forma positiva o desenvolvimento da área de RI. Para acompa-

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nhar de perto esses movimentos, o IBRI fechou convênios e parcerias com a academia, a CVM (1999) e a BOVESPA (2006) para programas de educação e criação de cultura de RI, investimentos e de governança corporativa, por meio de cursos, seminários e outras atividades.

A valorização do RI tem ocorrido por demanda de praticamente todos os stakeholders, desde o banco de investimento na hora de montar uma opera-ção, aos investidores em seus acompanhamentos do buy-side e sell side, pois relatam e difundem a sua opinião nos relatórios, atuando como formadores de opinião e do próprio profi ssional de RI, que tem a obrigação fi duciária de fornecer informações ao mercado e de trazer do mercado informações para a alta administração; dos órgãos reguladores e fi scalizadores, que traçam as suas normativas e conscientizam, ainda que compulsoriamente, sobre a ne-cessidade da alta profi ssionalização também na esfera de RI; dos empregados que viram acionistas, dos fornecedores e dos clientes.

As entidades de classes mobilizando-se por meio de cursos, seminários e congressos e a Academia com seus estudos de caso e parcerias com o mercado também reforçam essa valorização profi ssional.

Evolução inteligente Geraldo Soares ressalta que a regulamentação do mercado de capitais

também evoluiu rápida e sensivelmente nos últimos dez anos, trazendo con-sigo importantes mudanças, novos horizontes e perspectivas para a atividade de RI. Tanto a regulação, estabelecida pela CVM (Comissão de Valores Mo-biliários) a partir da Instrução nº 358, quanto a auto-regulação, implantada pela BOVESPA, com a criação dos níveis de governança corporativa, possibi-litaram a evolução que o mercado apresenta atualmente.

“A regulamentação do mercado de capitais evoluiu muito nos últimos dez anos e possibilitou a revolução que estamos vivendo hoje. Se não tivéssemos a base da auto-regulação e a regulação, criadas a partir de 1998/1999, legisla-ções inteligentes e sofi sticadas, não estaríamos no patamar atual”.

Um ótimo exemplo de auto-regulação, entende Geraldo Soares, é a criação pela BOVESPA dos níveis de governança corporativa e o Manual ABRASCA de Controle de Informações. Não existe no mundo algo parecido com os níveis de governança da BOVESPA. “É inteligente e sua adesão é voluntária.

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Isso é importante e tem uma base extremamente forte e de qualidade, que possibilitou a evolução que vivemos hoje, como o crescimento de IPOs e do volume fi nanceiro negociado diariamente”.

Independentemente dos bons indicadores econômicos, que favorecem, ele não acredita que estaríamos vivendo a atual fase no mercado se não fosse essa base formada anteriormente. O fato de ser voluntária na política de negociação e no que é obrigatório na política de divulgação, a legislação coloca o mínimo básico que se precisa ter.

Então, a CVM não exige das companhias que façam “dessa maneira que eu quero”, mas sim estabelece “o mínimo exigido, uma alternativa inteligente porque deixa à companhia a escolha de seu patamar máximo e o mercado é quem vai precifi car”, lembra Geraldo Soares. A empresa, dependendo do nível em que esteja e do relacionamento com o mercado, vai aumentar ou diminuir sua exposição. Isso é importante e demonstra qual a postura da empresa no mercado de capitais. Ao mesmo tempo, o investidor tem como qualifi car e identifi car quais as empresas que são mais preparadas e com uma postura mais aberta para o mercado.

As companhias tops de mercado já fazem política de negociação muito além do que a legislação determina e estão preparadas para atender às demandas do mercado. O próprio investidor tem condições de avaliar aque-las empresas que fazem o mínimo legal. Foram criadas bases muito sólidas, como o “BOVESPA Vai até Você”. Isso fez com que as pessoas físicas se interessassem pelo mercado, levando as empresas a ter mais preocupação com esse público.

Todos esses movimentos foram muito importantes para chegarmos onde estamos hoje, avalia Geraldo Soares. Nos últimos três anos, essas bases, jurí-dico-legal de regulação e auto-regulação, permitiram a construção do avan-ço no mercado, de uma forma sofi sticada e inteligente. Hoje, as companhias que compõem o IGC representam mais de 60% da capitalização total do mercado na BOVESPA “o que é fantástico”, na avaliação de Soares. Bem diferente do que era há cinco anos, por exemplo. Atualmente, as empresas que abrem capital já ingressam na bolsa em algum nível de governança. O mercado não aceita um posicionamento diferente. Pode até entrar sem ade-rir, mas certamente essa postura refl etirá na precifi cação da companhia. Vale ressaltar que isso não é uma obrigação legal, mas de mercado.

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Mas os movimentos são contínuos no mercado e, entre 2004/2005, vie-ram novas modifi cações. Os próprios níveis de governança são mutáveis, não há uma regra única estabelecida, mas um processo estrutural. “Nunca vai existir uma empresa que atingiu o máximo de governança corporativa. As empresas criam estruturas de governança perenes, que incluem comitês, comissões, regulamentos e outros tópicos. Em 2005, os níveis de governança foram alterados, determinando um número mínimo de conselheiros inde-pendentes (20%) para o Nível 2 e Novo Mercado. A BOVESPA consultou as companhias listadas nesses níveis para modifi car as regras. Novamente, não houve imposições”, comenta Geraldo Soares.

Ainda segundo ele, “a BOVESPA não impôs as mudanças, mas as empresas aceitaram as modifi cações sugeridas. Isso é importante. As empresas têm re-torno e tornam sua gestão mais efi ciente”. Soares diz que é inegável a evolu-ção do Brasil em termos de governança corporativa nos últimos anos. Muito se deve ao trabalho bem feito pelo mercado e pelos órgãos auto-reguladores e reguladores. “Mas ainda resta o problema da falta de cultura de mercado de capitais e educação fi nanceira junto à pessoa física, pouco disseminada”.

Do ponto de vista da evolução do RI, Geraldo Soares destaca dois grandes movimentos: em 1997/98, na época da criação do IBRI, já existia a fi gura do pro-fi ssional de RI mas era uma exceção. Naquela época, muitas companhias criaram áreas de RI, departamentos, superintendências, montaram equipes. Pelo menos as 50 principais empresas do País criaram estruturas de RI naquele período.

Mais recentemente (entre 2004 e 2006) houve um segundo movimento, marcado pela abertura de capital de novas empresas, quando o mercado de capitais ganhou importância novamente. Ao mesmo tempo, as empresas que abriram capital e as já listadas perceberam que se não competissem por valor de mercado iriam perder espaço e um diferencial competitivo em relação aos seus concorrentes. “Foram dois movimentos que ocorreram simultaneamente (as novas empresas e as listadas). Evidentemente, fatores macroeconômicos fa-voráveis ajudaram nisso tudo. O sucesso do mercado no atual patamar refl ete sua preparação, com bases sólidas criadas nos últimos anos”.

Até que ponto o papel estratégico do profi ssional de RI e o crescimento dos departamentos de RI têm acompanhado as necessidades do mercado de capitais nacional? Esse papel está de acordo com as exigências dos inves-tidores locais e internacionais?

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Nas grandes empresas, chamadas de “classe mundial”, Geraldo Soares tem certeza de que essa resposta é afi rmativa. “Essas companhias estão com departamentos de RI consolidados, com boas estruturas. Mas ainda existe muita companhia aberta brasileira que não tem uma postura transparente com o mercado, nem tem área de RI adequada”.

Uma das principais questões em debate atualmente é até que ponto o investidor brasileiro no mercado de capitais está consciente do papel do RI. Entre as preocupações dos profi ssionais está a de avaliar se a área é devida-mente utilizada tanto por investidores institucionais como pelos investidores individuais. Para Geraldo Soares, essa familiaridade com a área de RI para os investidores individuais está sendo construída paulatinamente, “a não ser no caso daqueles investidores mais profi ssionalizados e que conhecem melhor o mercado; esses têm a consciência do papel do RI. O investidor profi ssional, que acompanha o mercado e vai às reuniões promovidas pelas companhias, conhece bem o que faz um RI e acessa a área com tranqüilidade”.

Nesse sentido, ele vê muito espaço a ser conquistado. A primeira questão a ser colocada é a educação fi nanceira, trabalho que a CVM e a BOVESPA estão desenvolvendo. Entidades como o IBRI, o INI e APIMEC também tra-balham para aumentar a cultura de mercado de capitais. Destaca-se o Comi-tê de Educação criado pela CVM em conjunto com as seguintes entidades: ABRASCA, ANBID, ANDIMA, APIMEC, BMF, BOVESPA, IBRI e INI.

O foco na acessibilidade, democracia e transparência da informação

Perceber a companhia de maneira global, conseguir compreender suas

demandas como um todo e agir com a necessária agilidade e efi ciência para atender essas demandas sem frustrar expectativas em qualquer área, den-tro ou fora do universo corporativo, deve ser a principal qualidade de um profi ssional de RI. Como adquiri-la e lapidá-la? A formação acadêmica bem orientada é o primeiro passo, sem dúvida, que deverá ser complementado pelos cursos de pós-gradução, MBA, participação em seminários, workshops, palestras, atividades institucionais e debates abertos com analistas e investi-dores, entre outras atividades que contribuem para fortalecer conhecimen-tos e ampliar horizontes profi ssionais.

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O desafi o da área de Relações com Investidores, entretanto, vai além dessa formação e exige habilidades específi cas em comunicação corpo-rativa. “Antigamente o RI era aquele profi ssional que explicava os nú-meros do balanço da companhia; hoje, essa é a parte menor do seu tra-balho porque o mais importante é a interlocução estratégica de dentro para fora da companhia e vice-versa”, segundo defi ne José Luiz Acar Pedro. Acessibilidade – O profi ssional de RI e seu departamento desenvolvem a habilidade de estar disponíveis integralmente para atuar como agentes da comunicação corporativa. O foco na acessibilidade é vital e deve ser corretamente dimensionado desde o início do desenho da política de Relações com Investidores. No plano interno, seu trabalho começa por conhecer profundamente toda a companhia em suas diversas áreas, com atenção e disciplina. Estar atualizado sobre o que acontece na companhia não é opção, é obrigação básica da área. As ferramentas de comunicação com os públicos estratégicos devem ter seu uso maximizado e cons-tantemente discutido em busca de aperfeiçoamento: se o website de RI não está funcionando como deveria, sua revisão deve ser imediata, por exemplo, o mesmo acontecendo com os demais canais de comunicação. Pesquisa constante e resposta rápida são verdadeiro oxigênio para a atividade de RI. Acesso fácil, rápido e efi ciente ao RI aproxima os in-vestidores, informa os analistas, amplia a confi ança do mercado e pode interferir positivamente na reputação da companhia a curto, médio e longo prazo. Entre os fatores que marcam a evolução da área de RI ao longo dos últimos dez anos, pode ser destacada sua maior disponibi-lidade e aperfeiçoamento do atendimento ao mercado graças ao uso de ferramentas tecnológicas em constante atualização, menor tempo e maior agilidade na resposta às consultas, seja por atendimento telefônico e por e-mail, acessibilidade em eventos do mercado, maior qualidade e precisão das respostas.

Frente à nova confi guração da estrutura do mercado de capitais brasilei-ro, que muda em direção ao modelo de controle difuso e à popularização dos investimentos em ações, Gilson Bentes vê a necessidade de um RI cada vez mais preparado. “Essa nova confi guração do mercado traz uma necessidade de comunicação de forma diferenciada. A popularização dos

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investimentos em ações trouxe um número crescente de pessoas físicas que têm demandas diferentes em relação aos investidores institucionais. A atividade de Relações com Investidores terá, cada vez mais, de estar prepa-rada para enfrentar esses novos desafi os e a estratégia de RI precisará lidar com os diferentes públicos.

Democracia e transparência – O novo papel dos acionistas e dos diversos segmentos de investidores, dentro da confi guração de um mercado que avança no sentido da pulverização do capital, é outro fator determinante para o sucesso da atividade de RI. Essa constatação ganhou terreno de ma-neira expressiva ao longo dos últimos dez anos, coincidindo com o desen-volvimento dos mecanismos adotados pela BOVESPA para a popularização do mercado acionário no Brasil.

O cenário passou a demandar, entre outras iniciativas, informações mais detalhadas sobre o desempenho das companhias e níveis de transparência e eqüidade até então pouco solicitados. Nesse sentido, a divulgação de in-formações para fora da empresa deve ser alinhada e de forma unifi cada. A informação é um grande ativo e um diferencial na tomada de decisão do in-vestidor global, que minimiza riscos e, conseqüentemente, o custo de capital. A capacidade de gerar informações de maneira democrática – com aces-so simultâneo a todos os públicos estratégicos – é tão importante quanto a qualidade dessas informações, produzindo um relacionamento de fato transparente entre a companhia e seus públicos. Nesse sentido, a dissemi-nação do conceito de controle difuso tende a transformar também certos aspectos da atividade de RI, ampliando cada vez mais as exigências e habili-dades de comunicação.

Entre os benefícios buscados pelo trabalho de RI está a criação de uma cultura de transparência e boas práticas de governança, transmitindo ao mercado essa visão. A manutenção de uma equipe efi ciente de profi ssionais de RI sinaliza aos investidores a disposição da companhia em investir para agregar valor às suas ações. Ao mesmo tempo a empresa gera a percepção, junto aos seus interlocutores do mercado, de seu compromisso com a cria-ção de valor no longo prazo. A atuação bem estruturada da área de RI pode ser capaz de mostrar ao público que as ações de uma companhia são de fato compatíveis com portfolios de investimentos focados na sustentabilidade.

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Controle Difuso

A transformação vivida pelo mercado de capitais brasileiro deve acentuar a tendência de pulverização do capital e da proliferação das companhias de con-trole acionário difuso, distribuído entre um grande número de investidores.

Nesse modelo, todo o capital social é dividido em ações ordinárias, que são dispersas no mercado sem que exista mais a fi gura de um acionista (ou um grupo deles) que seja detentor do controle acionário da organização.

A legislação e a regulação do mercado dispõem especifi camente sobre os mecanismos de participação desses acionistas nas assembléias gerais das companhias, mas é tarefa do departamento de RI explorar esses mecanis-mos, de acordo com as normas regulatórias, de modo a maximizar o atendi-mento das necessidades do conjunto dos investidores.

Assim, não apenas nas assembléias gerais, mas em todas as iniciativas de co-municação com os acionistas, o trabalho de RI deve levar em conta esse novo modelo e identifi car as melhores alternativas para lidar com a situação.

O controle difuso acentua as características de habilidade, rapidez e res-ponsabilidade exigidas do RI para responder às demandas dos acionistas ou grupos de acionistas, já que o impacto das deliberações desses investidores pode afetar toda a companhia de modo mais imprevisível. A área de RI deve inclusive manter maior interface com a área jurídica da companhia para atuar frente a eventuais confl itos.

Outro aspecto relevante é a administração da comunicação à distância com esse maior número de investidores, buscando novas alternativas de contato e diálogo. A atualização permanente do website de RI, ferramenta importante como suporte à área de RI em todas as companhias abertas, ganha ainda maior dimensão nas empresas com controle difuso. Também são fundamentais os mecanismos como a procuração para participação dos acionistas nas assembléias, teleconferências, contatos telefônicos.

Uma atribuição de RI que fi ca mais complexa nesse universo de compa-nhias de controle difuso é obter quórum para a instalação de assembléias de acionistas, incluindo as extraordinárias.

Vale lembrar que a pulverização tende a levar os diversos públicos estraté-gicos a participar do capital da empresa, o que signifi ca trazer para as assem-bléias e reuniões com investidores uma variada gama de pessoas, empresas,

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grupos e instituições. Com essa forte presença da diversidade dentro da empresa, surge uma oportunidade especial para discutir fatores ligados à pe-renidade da companhia em todas as frentes – econômica, ambiental, social.

O profi ssional de RI está, portanto, frente a frente com o desafi o de rela-cionamento com um universo mais amplo de públicos estratégicos e com ní-veis diferenciados de informação e interesse pelas informações da companhia. Uma das primeiras empresas do País a ter todo o seu controle pulverizado, fi cando sem a fi gura de um acionista controlador, a Lojas Renner marcou a história do mercado de capitais brasileiro, em 2005. Caracterizado pela ele-vada concentração de propriedade, esse mercado abre espaço para novos e importantes “cases” de governança que devem ser necessariamente acom-panhados, desenvolvidos, implementados e estudados pelos profi ssionais de Relações com Investidores.

Considerando que o RI terá cada vez mais um papel central na empresa, inclusive como difusor dessa nova cultura de companhias verdadeiramente abertas, Gilberto Mifano, lembra que esse profi ssional também deve estar preparado para lidar com a crescente importância de um tipo diferente de acionista investidor: o varejo. “Dentro de uma estrutura de controle difuso e presença de investidores de varejo, o RI deve estar preparado para conviver com uma base muito maior de acionistas e, possivelmente, uma base mais heterogênea – deve saber que existem diversos segmentos de investidores, cada um deles com exigências e de conhecimento próprio”.

O conceito do controle difuso traz para o profi ssional de RI enormes desafi os na cultura de mercado brasileiro. De acordo com Geraldo Soares, o surgimento de algumas empresas com essa característica já é uma reali-dade no Brasil, ainda que não seja uma tendência expressiva para o futuro. “Devemos conviver, a curto e médio prazos, com uma quantidade menor de empresas com controle difuso porque não há uma tendência relevante nesse sentido”, pondera. Entretanto, lembra que, naquelas empresas que têm controle difuso, os profi ssionais de RI encontram desafi os grandes, como a convocação de assembléias. “O conceito de relacionamento com os investidores não muda muito para o RI, mas há o desafi o de fazer o acionista participar mais”, explica.

A participação das pessoas nas Assembléias, aliás, deve ser encarada como um desafi o de RI importante e permanente. “Para se ter uma idéia, algumas

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empresas de controle difuso elaboraram cartilhas e fi zeram um trabalho de conscientização de dois a três anos para conseguir ter uma representação mínima de acionistas nas assembléias”, diz Geraldo Soares.

A formação dos profi ssionais Os meios para que a empresa consiga manter um conjunto cada vez mais

diversifi cado e exigente de pessoas bem informadas, em tempo real, passam necessariamente pela efi ciência da área de RI. Essa, por sua vez, está direta-mente vinculada ao perfi l dos profi ssionais que compõem sua equipe. Uma variada gama de recursos analíticos e estratégias de comunicação fazem parte do repertório exigido desse profi ssional que, gradualmente, passou a incorporar novas atribuições.

Ele é capaz de atuar efetivamente como agente de acesso a informações estratégicas e administração de expectativas, tanto do lado dos investidores quanto da empresa. Estão nesse mercado profi ssionais de diversas formações, cada vez mais interessados em ampliar conhecimento sobre áreas diferencia-das. Embora a predominância seja de economistas e administradores, confor-me mostra a pesquisa IBRI/FIPECAFI, a área inclui também engenheiros, con-tadores, advogados, sociólogos e especialistas em comunicação corporativa. Personalidade dinâmica, conhecimentos contábeis e fi nanceiros, familia-ridade com números e estratégias de comunicação e relações públicas, conhecimento de legislação nacional e internacional, marketing fi nanceiro, capacidade de estar em total sintonia com as necessidades dos públicos es-tratégicos e da companhia. Estas são algumas das habilidades exigidas dos profi ssionais de RI, muitas delas obtidas por formação acadêmica – gradu-ação, pós-graduação e outros cursos de especialização – mas boa parte conquistada no dia-a-dia do trabalho, troca de idéias e experiências e dis-posição para analisar “cases” e acompanhar cuidadosamente a empresa, o setor e o mercado como um todo.

João Nogueira Batista enumera: o profi ssional de RI deve ter antes de mais nada a capacidade de transmitir muita credibilidade e conhecer profundamente o negócio que representa. Seu repertório deve incorporar conhecimentos sofi sti-cados que vão desde engenharia fi nanceira até a habilidade para liderar pessoas.

Para Edina Biava, esse profi ssional tem que ter excelente relacionamento

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com os diversos tipos de investidores e com o público interno da compa-nhia. “As exigências são muito maiores e não basta ser um bom comunica-dor. O RI tem que ser estratégico, ter consciência da responsabilidade de suas funções, entender de toda a complexidade da legislação pertinente, ter uma excelente formação técnica e teórica, conhecer profundamente a orga-nização, o mercado onde ela atua e a conjuntura internacional, contribuindo efetivamente para a geração de valor ao investidor e à companhia”.

Atenção aos movimentos das outras áreas e capacidade de comu-nicação com as demais diretorias dentro da empresa são fundamen-tais, ao mesmo tempo em que o RI deve estar habilitado a transitar junto a representantes de ONGs e órgãos reguladores, analistas e in-vestidores de todos os portes, acompanhando movimentos estratégi-cos de governança corporativa e de responsabilidade socioambiental. Comunicação é a palavra-chave no universo do RI. Para atingir e manter efi ciência nesse quesito é preciso contar com profi ssionais bem qualifi cados, capazes de identifi car e aperfeiçoar processos de comunicação integrada ao lado dos especialistas dessa área. Esse papel é exercido de forma in-tensa, porque o profi ssional de Relações com Investidores precisa acima de tudo estar informado, conhecer as estratégias, entender do setor e da legislação pertinente para informar aos agentes do mercado de capitais, equilibrando conhecimentos de fi nanças e técnicas de comunicação. Ele precisa, por exemplo, estar preparado para colocar a comunicação cor-porativa em sintonia, garantindo que todas as áreas da empresa “falem a mesma língua” e estejam bem sintonizadas com o planejamento estratégico. Orquestrando a Comunicação

Pouco reconhecida como ciência e mais como arte, a comunicação corpo-rativa exige habilidades complexas dos profi ssionais que atuam em RI, para consolidar e disseminar a imagem das companhias junto ao mercado a partir de uma estratégia cada vez mais integrada. Nesse sentido, alerta Valter Faria, “esse profi ssional está diante de um grande desafi o, até porque sua origem foi muito voltada para os aspectos fi nanceiros e hoje essa habilidade de fi -nanças é mais acessível no mercado enquanto a habilidade de comunicação mudou muito, fi cou mais complexo e exige conhecimentos mais amplos”, diz

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Faria. O ambiente regulatório do mercado também mudou e amplifi ca essa importância da comunicação, colocando a área de RI frente a frente com a necessidade de saber orquestrar toda a comunicação corporativa. “A globa-lização cria valor via preços e gera uma dinâmica de comunicação nova em que as empresas não podem atuar mais como no passado porque os efeitos não são mais pontuais. O risco de ruídos e de má compreensão, atualmente, é um mega risco”.

Além de conhecer economia, estratégia, etc, o profi ssional de RI precisa gostar de pessoas, deve gostar de se relacionar com todos, desde a alta direção da empresa até o analista júnior, enfatiza Valter Faria. Essa afi nidade é vital para o bom desempenho do trabalho, aliada à questão da disponibili-dade de tempo e a capacidade de gerenciar até mesmo suas emoções. Mais do que uma disciplina escrita ou aplicada via meios eletrônicos, conference call (teleconferências), o conceito de relacionamento precisa ser afi nado e melhor alinhado como função essencial do profi ssional de Relações com Investidores. “A maior capacidade de infl uência e de persuasão não está nessas ferramentas, mas sim na relação interpessoal, ela depende de fatores como a entonação de voz, segurança, disciplina, autoridade, entre outros”. Diante dessa realidade, Faria julga oportuno aprofundar a discussão, entre esses profi ssionais, a respeito de temas como branding, gestão de reputação e comunicação integrada. Ele observa que, na gestão de reputação, “ainda falta estimular estudos e melhorar a sensibilidade porque aí há um potencial enorme de criação de valor”.

A habilidade de coordenar e integrar a área de comunicação mostra às empresas, cada vez mais, a importância de atributos intangíveis para a redu-ção de custo de captação de capital e aceleração de estratégias corporativas, valorizando a atividade do RI, conforme o profi ssional estiver bem prepa-rado para enfrentar esse desafi o. “Orquestrar isso é essencial para que o RI atinja maior efi ciência na relação com todos os seus públicos”. Como parte desse trabalho de “orquestração”, Faria destaca a necessidade de alinhar todos os discursos das diferentes áreas dentro da empresa de modo que ela tenha um posicionamento único.

O desafi o é grande, uma vez que a comunicação não pode ser feita por uma única pessoa, mas exige a habilidade de coordenar equipes. Por outro lado, é preciso defi nir muito bem a formação e as habilidades pessoais de

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cada profi ssional porque “às vezes o lado mais árido, voltado aos núme-ros, não é compatível com esse lado mais sensível, de comunicação. São atividades sem afi nidade e o perfi l do bom comunicador não é o do bom fi nanceiro. O que acontece na maioria dos casos é que o RI precisa ter fun-damentos de Exatas, mas também deve ser fundamentalmente humano por formação, o que exige uma difícil combinação de excelências”. Na prática, diz Faria, o mercado brasileiro ainda tem poucos profi ssionais de Relações com Investidores com cargo exclusivo porque prevalece a estrutura de cargos compartilhados com outras áreas dentro da empresa e, nos poucos casos em que ele é exclusivo, é obrigado a conciliar e harmonizar habilidades e formações muito diferentes, o que é um problema. O ideal é que ele seja 100% RI ou 100% fi nanceiro. Nos Estados Unidos, já há uma forte tendência de criação do cargo de offi cer de gestão, ou gestores de marca corporativa responsáveis por RI e Comunicação Social. No Brasil, ele acredita que já cai-ba a criação de uma diretoria específi ca de RI, nesse papel de offi cer, ligada diretamente à presidência da companhia.

Outro aspecto fundamental na formação dos profi ssionais de RI é a necessi-dade de conciliar experiência e características de cada um com a cultura de cada companhia. “As empresas enfrentam processos evolutivos, algumas delas estão passando de uma cultura de comunicação fechada para a abertura de capital rapidamente e ainda estão distantes de seus públicos. Ao mesmo tempo, o papel do RI é altamente desafi ador e está muito valorizado, o que signifi ca que há forte demanda por esse profi ssional no mercado, levando a uma alta rotatividade. Por conta disso, um profi ssional nem sempre consegue manter a qualidade regular de seu trabalho quando muda de uma empresa para outra.

O choque cultural por conta do perfi l da companhia pode levar um pro-fi ssional, com excelente desempenho anterior a ter difi culdades para manter essa qualidade. O melhor caminho é ter em mente esse fator antes de aceitar um novo emprego. Além do salário, avisa Faria, “o profi ssional de RI precisa avaliar muito bem se vai conseguir enfrentar o novo desafi o repre-sentado pela cultura da empresa. Para gerenciar expectativas é preciso que o ambiente permita abertura, transparência, franqueza e objetividade. Sem isso, ele pode vir a ter um desempenho medíocre”.

Na prática, o profi ssional que ocupava cargos equivalentes à atual área de RI já foi um engenheiro, passou para o marketing e, nos anos 1980, passou a ser

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o fi nanceiro. “De lá para cá essa formação fi nanceira já perdeu espaço porque deixou de ser tão especializada; além disso, o profi ssional fi nanceiro também teve sua imagem abalada pelos escândalos corporativos nos EUA e o mercado passou a discutir novamente a questão. Hoje o bom profi ssional talvez deva ser aquele com maior capacidade para interagir efi cientemente com o mercado”.

O aperfeiçoamento e a atualização do profi ssional de RI estão bem refl e-tidos no desenvolvimento, por exemplo, do programa do curso MBA de Fi-nanças, Comunicação e Relações com Investidores ministrado pela FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) com a inclusão dinâmica de novos temas na grade curricular. Técnicas de comunica-ção com a imprensa e conhecimento da legislação dos mercados fi nanceiros internacionais, entre outras, foram incluídas no programa diante da demanda apresentada pelo novo perfi l da atividade.

Em relação ao perfi l dos profi ssionais envolvidos com essa atividade, a ter-ceira pesquisa mostrou declínio na idade média dos entrevistados entre 2003 e 2006. A parcela situada na faixa etária de até 29 anos aumentou de 8% para 25%, enquanto a faixa acima de 45 anos caiu de 41% para 27%. Segundo a pesquisa, em 2006, 34% dos entrevistados tinham graduação na área de Eco-nomia, percentual em alta frente aos 23% de 2000 e aos 27% de 2003.

Em segundo lugar, a pesquisa mostra que 30% desses profi ssionais tinham graduação em Administração (ante 25% em 2000 e 38% em 2003), 12% apontaram graduação em Engenharia (ante 18% em 2000 e 9% em 2003), enquanto 11% tinham graduação em Contabilidade (ante 8% em 2000 e 16% em 2003). O percentual de profi ssionais de RI com formação em outras áreas além dessas quatro caiu de 26% para 11% entre a primeira e a terceira edições da pesquisa. No mesmo período de seis anos, houve ligeiro recuo no percen-tual de profi ssionais com pós-graduação (89% em 2000 para 81% em 2006).

Ao mesmo tempo em que ocorreu um “rejuvenescimento” etário dos profi ssionais, cresceu a demanda pelo aperfeiçoamento da formação aca-dêmica com o acréscimo de conhecimentos em outras áreas. O resultado refl etiu principalmente maior interesse por áreas vinculadas à globalização dos mercados de capitais. A pesquisa relativa a 2006 mostra, por exemplo, que 51% dos entrevistados consideravam importante ter mais conheci-mentos em Legislação Internacional, enquanto 36% deles sugeriram a ne-cessidade de conhecer melhor a Legislação Nacional e idêntico percentual

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apontou a importância de melhorar conhecimentos em Inglês Aplicado. Para 33% dos profi ssionais entrevistados, há necessidade de aperfeiçoar

informações também em Contabilidade. As áreas de Comunicação e de Finanças receberam percentual idêntico de avaliação, ou seja, 26% dos pro-fi ssionais ouvidos gostariam de conhecer mais sobre essas duas atividades. Relações com a Imprensa foi uma área apontada por 22% como demanda de aperfeiçoamento, seguida de perto por Métodos Quantitativos (19%), Marketing (18%), Custos e Orçamentos (15%) e Economia (10%).

A valorização desse profi ssional por meio de melhor remuneração é outro efeito apontado pela pesquisa. De acordo com os resultados do levanta-mento, a remuneração média do gerente de RI evoluiu signifi cativamente. O salário acima de R$ 12 mil passou de 9% da amostra, em 2000, para 24% em 2003 e chegou a 49% em 2006

. Código de Conduta e Princípios Éticos do IBRI

O IBRI elaborou e propaga permanentemente junto ao mercado o Códi-go de Conduta e Princípios Éticos, divulgado em maio de 2007. Na avaliação de Geraldo Soares, atual presidente executivo do Instituto, não há dúvida de que esse material já está devidamente incorporado pela área de RI. “Até hoje, não há notícia de qualquer associado do IBRI que tenha descumprido o Código. A principal questão aqui é avaliar casos em que alguém tenha atitude não ética dentro desse setor, com punição exemplar e rápida”. A política de negociação que a CVM criou, analisa Soares, também é um mecanismo mui-to bom em relação tanto à conduta corporativa quanto à conduta dos pro-fi ssionais de RI. “A questão ética é estrutural. É preciso realmente estruturar e discutir profundamente esse assunto de forma consistente. Ética, código de conduta e governança corporativa são todos processos e conceitos in-terligados, há temas que precisam ser revisitados sempre, não é um assunto estático. O código do IBRI evoluiu, incluindo posturas, atitudes que se espera de um profi ssional, o que é preciso para ser transparente, o que se espera de um RI. Os problemas éticos que esse profi ssional vier a sofrer deverão ser encarados de frente, com avaliação da conduta esperada”.

Esse conjunto de recomendações foi elaborado por uma comissão o es-pecialmente composta com esse objetivo e coordenada pelo especialista

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Lélio Lauretti, que atualmente também preside o Comitê de Ética do Ins-tituto, órgão gestor responsável pela aplicação do Código. Voltado especifi -camente para a atividade de RI, ele determina normas de comportamento e de conduta que derivam de quatro princípios básicos, segundo explica Lauretti: Transparência; Equidade; Franqueza e Independência; e Integridade e Responsabilidade. Em cada um desses princípios elaboramos uma série de recomendações que não apresentam qualquer viés disciplinar, mas que tem a intenção de valorizar a confi ança no relacionamento entre esses profi ssio-nais e seus diversos públicos. Lauretti aponta como sinal bastante positivo o fato de o Código, em seus primeiros dezoito meses de existência, não ter sido acionado sequer uma vez, fosse para levantar dúvidas ou para apontar violações. E lembra que o Código não compactua com denúncias anônimas, porque sua infl uência deve ser construtiva e não destrutiva. A defi nição das recomendações, observa Lauretti, foi levada até o limite: “na questão da res-ponsabilidade, por exemplo, quando houver confl itos entre os princípios éticos do profi ssional de RI e os interesses da companhia, o profi ssional deve respeitar os seus próprios valores ainda que isso lhe custe o emprego. Não criamos um Código com meia ética”.

Íntegra do Código de Conduta

O que é o Profi ssional de Relações com Investidores (RI)? O que é a atividade de relações com investidores?

As relações com investidores podem ser defi nidas como parte da administra-ção estratégica de uma empresa, pois envolvem atividades em que a comuni-cação contribua positivamente para uma justa avaliação da empresa. Conheci-mentos e atividades ligados às fi nanças, contabilidade, marketing fi nanceiro e não-fi nanceiro, comunicação e direito societário ou legislação ligada ao mercado de capitais e à emissão de títulos e valores mobiliários, sejam de dívida ou de ações são necessários para o RI atingir suas metas de comunicação com os públicos interessados.

O executivo de RI é responsável pela comunicação de mão dupla, pois fornece ao mercado e entidades legisladoras/fi scalizadoras (comunidade fi nanceira e não-fi nanceira) informações sobre dados históricos e perspectivas da empresa, utilizando as principais ferramentas de RI, e informa à alta administração (Con-

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selho de Administração e Diretoria Executiva) a percepção e as demandas das partes interessadas sobre a companhia. O profi ssional de RI, para um elevado grau de efi ciência, deve acompanhar a evolução estratégica da companhia e do setor em que atua, pois tem de saber e informar o mercado com responsabili-dade e credibilidade.

Responsável por zelar pela Transparência, o profi ssional de Relações com In-vestidores representa o mais adequado e efi caz canal de comunicação entre a empresa e o Mercado de Capitais, alcançando níveis sempre mais altos de qualifi cação profi ssional e de posicionamento corporativo. Nessa direção, pode-mos nos orgulhar de ter o Brasil em sintonia com o que acontece de melhor nas economias mais avançadas.

Considerando-se que milhares de profi ssionais de Relações com Investidores em todo o mundo desempenham atividades que, direta e/ou indiretamente, po-dem afetar a vida de milhares de pessoas, caracterizando-se como importante fator de responsabilidade social, o Instituto Brasileiro de Relações com Investido-res preparou este Código de Conduta Profi ssional a partir de Princípios Éticos por ele defendidos.

Reconhecemos que o objeto da Ética é o ato humano, voluntário e livre, e que trata de critérios para determinar o bem e o mal moral. Para que se possa julgar o aspecto moral dos atos humanos é preciso eleger critérios, princípios e normas. Nosso Código de Conduta está baseado em quatro princípios éticos inter-relacio-nados, aplicáveis a qualquer profi ssional de RI em todo o mundo e que deverão pautar o comportamento em todas as iniciativas e decisões dos profi ssionais de RI, das mais simples às mais complexas e estratégicas.

Princípios Éticos

Os princípios éticos adotados pelo IBRI são: • Transparência• Eqüidade• Franqueza e Independência• Integridade e Responsabilidade É extremamente importante que todos analisem esses princípios e os in-

corporem em suas atitudes diárias. Eles devem valer tanto perante o público externo quanto nas atividades cotidianas dentro da companhia, uma vez que o

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profi ssional de RI deve ser responsável por prover inteligência de mercado para a alta administração, mantendo-a informada:

(a) sobre o que é divulgado ao público, para que todos estejam em sintonia com a consistência, tempestividade e melhores práticas, e(b) sobre o que o mercado pensa da empresa em relação a cada um dos itens a seguir.

Transparência – A prática da transparência é indispensável para que se construa um clima de confi ança no mercado de capitais. Ela é um traço bastante distintivo da cultura da empresa, quando tem o caráter de es-pontaneidade e continuidade. Sua matéria-prima são todas as informações – fi nanceiras e não-fi nanceiras – relacionadas à empresa e à sua atividade, a serem divulgadas para permitir que o investidor tenha um entendimento e faça uma avaliação bem fundamentada sobre a empresa. O profi ssional de RI é, em primeiro lugar, um guardião da transparência. Portanto, é seu dever conhecer em profundidade a organização à qual está vinculado, bem como o setor econômico, com vistas a esclarecer as dúvidas de todos os agentes do mercado de capitais.

Deveres do profi ssional de RI segundo o princípio da transparência: • Conhecer em profundidade a organização e o setor em que atua;• Manter comunicação aberta, clara e compreensível entre a companhia, o público interno e o público externo (com todasas obrigações de informar, corrigir e atualizar).• Zelar pela exatidão, consistência e tempestividade na divulgação de informações, fi nanceiras ou não-fi nanceiras, de maneira a permitir ao investidor uma avaliação bem fundamentada de risco.• Assegurar-se de que todas as informações e registros de que tome conhecimento, e os documentos que lhes dão suporte, descrevam e refl itam fi elmente as transações havidas, sempre com base em critérios defi nidos que identifi quem o que é passível de divulgação sem colocar em risco a estratégia e a operação da empresa.• Cuidar para que os controles e procedimentos de informação e comunicação sejam apropriados e passíveis de verifi cação e avaliação externa e independente.

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• Empenhar-se no diálogo aberto com todas as partes interessadas, mas tendo o máximo cuidado com as informações que envolvam projeções de resultados, solicitando da empresa uma posição muito clara e explícita sobre esse tipo de comunicação.

Eqüidade – A disseminação de informações deve observar, além dos re-

quisitos de clareza, amplitude e atualidade, o princípio básico da eqüidade, segundo o qual nenhum usuário de informação (seja no âmbito interno da empresa, seja no mercado) possa ser benefi ciado por tratamento privilegiado. Cabe ao profi ssional de RI assegurar-se, por todos os meios a seu alcance, de que qualquer informação seja disponibilizada ao mesmo tempo a todos os públicos interessados.

Deveres do profi ssional de RI segundo o princípio da eqüidade: • Zelar pela tempestividade e agilidade das informações, respeitando o princípio da eqüidade, buscando evitar que qualquer usuário externo tenha acesso a informação privilegiada ou que qualquer usuário interno ou externo dela faça uso indevido.• Recomendar à empresa a adoção de Política de Negociação com Ações de Própria Emissão, defi nindo insider information (informação privilegiada) e a lista de pessoas que devem assinar o Termo de Adesão, além de difundir internamente a política para a conscientização dos colaboradores e pessoas relacionadas, das diversas áreas da empresa, sobre eventual divulgação de informação privilegiada e seus efeitos no mercado.• Ampliar a acessibilidade, utilizando soluções tecnológicas que viabilizem e assegurem a simetria na comunicação, tais como disponibilizar informações em websites de RI, enviando mensagens de alerta (e-mails alerts).• Zelar para que as informações cheguem aos acionistas/investidores/órgãos fi scalizadores/mercado, não só no prazo legal, mas de forma clara, objetiva, consistente e eqüânime, e nas versões de idiomas necessários para atender a todos os mercados em que a empresa possua títulos e valores mobiliários (ações ou dívida) registrados e negociados.

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Franqueza e Independência – O profi ssional de RI deve zelar pela veracida-de da informação que distribui, para que seja completa e confi ável, sem meias-verdades/distorções que enfatizem o lado positivo do fato ou que soneguem/ate-nuem os aspectos menos favoráveis. Deve estar convicto de que a informação completa e sincera só trabalha em favor da reputação da empresa, fortalecendo a credibilidade da organização e do profi ssional.

Em sentido inverso, deve o RI levar para a administração da empresa todas as informações, críticas e avaliações que conseguir captar no mercado, para que sirvam de ferramenta no processo decisório. Deve ter, ademais, no exercício de suas funções, a independência necessária para comunicar aos demais órgãos da empresa, notadamente à Diretoria e ao Conselho de Administração, qualquer descumprimento de disposições previstas em lei, na regulamentação da CVM ou mesmo da política interna.

Deveres do profi ssional de RI segundo o princípio da franqueza e independência: • Empenhar-se para que a franqueza seja parte integrante da cultura da empresa, na certeza e na defesa de que todos têm a ganhar com um ambiente de confi ança mútua e de construção da credibilidade.• Criar na empresa a convicção de que a franqueza – mesmo nas situações, como as de crise, nas quais o silêncio parece mais cômodo – é fator de peso na construção de uma sólida imagem interna e externa da organização, um de seus mais importantes valores intangíveis.• Zelar pela veracidade de qualquer informação que distribua, sob pena de tornar-se co-responsável por distorções que venham a afetar o mercado.• Assegurar-se de que sejam confi áveis as fontes das informações colhidas no mercado sobre a empresa a que está vinculado. Se não tiver essa segurança, deverá fazer chegar a informação à Administração com as ressalvas quanto à idoneidade das fontes, se for o caso.• Promover a cultura empresarial para que o relacionamento empresa/mercado seja construído sobre o fundamento da franqueza, o que envolve a comunicação dos aspectos positivos ou negativos, favoráveis ou desfavoráveis, sem omissões ou meias verdades, no tempo devido.

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• Acreditar fi rmemente que só terá benefícios em trabalhar numa empresa que tenha conquistado uma reputação de plena credibilidade.• Preservar um nível de independência profi ssional que lhe permita levar ao conhecimento dos demais órgãos da companhia, notadamente à Diretoria e ao Conselho de Administração, eventual descumprimento de regras emanadas da lei, da regulamentação dos órgãos reguladores e auto-reguladores ou mesmo da política interna.

Integridade e responsabilidade - O primeiro princípio a ser observado pelo RI é o respeito total pelas leis do País e pela regulamentação oriunda dos órgãos que disciplinam seu mercado de trabalho (CVM, Banco Central, Bolsa de Valores etc.). Nenhuma ação deve ser iniciada antes que a indagação sobre legalidade tenha sido respondida afi rmativamente. O uso de qualquer infor-mação para vantagem pessoal confi gura transgressão grave desse princípio. Embora profi ssionalmente vinculado à organização, o RI é o maior responsável pelo seu próprio conceito profi ssional, o que equivale dizer que, em eventual situação de confl ito – ainda que aparente – entre os interesses da organização e sua reputação profi ssional, deve prevalecer esta última.

Deveres do profi ssional de RI segundo o princípio da integridade e respon-sabilidade:

• Cumprir e fazer cumprir todas as normas legais e regulamentares que incidem sobre a atividade da companhia, especialmente aquelas que tratam da elaboração e disseminação de informações sobre os negócios sociais, zelando para que os demais colaboradores da empresa façam o mesmo.• Ficar atento às situações que possam afetar a integridade da informação, ato ou fato relevante ocorrido, zelando para que esta, redigida de modo claro e preciso, seja elaborada em tempo hábil para ser divulgada e comunicada aos órgãos fi scalizadores e ao mercado, sempre que possível antes do início ou após o encerramento dos negócios em bolsa ou balcão, seja no mercado doméstico ou no internacional. Em caso de incompatibilidade de horários, deverá prevalecer o horário de funcionamento do mercado brasileiro.• Solicitar, sempre simultaneamente às bolsas de valores e às

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entidades do mercado de balcão organizado, nacionais e estrangeiras, em que os valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação, a suspensão da negociação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta, ou a eles referenciados, pelo tempo necessário à adequada disseminação da informação relevante.• Manter-se permanentemente informado e em contato com os participantes dos demais órgãos da companhia (acionistas controladores, diretores, membros do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e de quaisquer órgãos com funções técnicas ou consultivas) sobre a existência de fatos relevantes que devam ser objeto de divulgação.• Manter rigoroso sigilo quanto à informação (ainda que incompleta ou em formação) sobre os negócios da companhia, sendo-lhe terminantemente vedado utilizar, ou permitir que terceiros utilizem, informação que ainda não tenha sido divulgada ao público.• Evitar que ele próprio, integrante de sua equipe, ou outro colaborador da companhia, venha a oferecer vantagem de qualquer natureza a terceiros.• Recusar-se a receber de terceiros vantagem de qualquer natureza, zelando para que os integrantes de sua equipe adotem idêntico procedimento.• Zelar para que sejam observadas, pelos integrantes dos diversos órgãos da companhia, a política de divulgação de ato ou fato relevante e de negociação que tiver sido adotada por deliberação do Conselho de Administração.• Reportar para a alta administração se suspeitar ou reconhecer atos ilegais ou fraudulentos na companhia.• O profi ssional de RI deve esclarecer as dúvidas dos agentes do mercado; portanto, nunca deve tentar induzir a tomada de decisão do interlocutor.• Zelar pela sua própria reputação profi ssional até o ponto de fazê-la prevalecer, em qualquer decisão, caso se confi gure confl ito de interesse entre seus deveres e os interesses da empresa.

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Gerenciamento do Código

Caberá ao Comitê de Ética do IBRI determinar a constante atualização e ade-quação deste Código e promover sua divulgação por todos os interessados internos e externos. Será de sua atribuição, ademais, dirimir questões de interpretação de qualquer das disposições deste normativo, bem como tomar conhecimento e julgar os casos de violação, em consonância com o disposto no artigo 47 do Estatuto Social e no Regulamento Interno do IBRI.

O processo de apresentação de sugestões de nossos associados, bem como o de oferecimento de denúncias de violação do Código, deverá ser divulgado pelo Comitê de Ética, ouvido o Conselho de Administração do Instituto.

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Da Abrasca - Alfried Plöger, Vice-Presidente; Eduardo Lucano, Superintendente; Antonio Castro, Presidente; Geraldo Soares, Presidente Executivo do IBRI; Luciano Coutinho, Presidente do BNDES; João Nogueira, Presidente do Conselho do IBRI.

Vista panorâmica do 9º Encontro Nacional de

Relações com Investidores e Mercado de Capitais

João Nogueira, Presidente do Conselho do IBRI; Luciano Coutinho, Presidente do BNDES; Antonio Castro, Presidente da Abrasca; Geraldo Soares, Presidente Executivo do IBRI.

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Foto do evento de Inauguração do IBRI em 1997.

Momento de congraçamento junto aos colaboradores anuais do IBRI.

Evento “A Estratégia da Sustentabilidade” - esquerda para direita: Marco Antonio Fujihara - Comissão de Sustentabilidade do IBRI; Roberto Castello Branco - Conselheiro do IBRI; Eliezer Batista - palestrante convidado; Geraldo Soares - Presidente Executivo do IBRI

José Luiz Acar Pedro e João Pinheiro Nogueira Batista - Presidentes do Conselho de Administração do IBRI

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e tenho contato freqüente com a imprensa brasileira e até internacional, de vários tipos de veículos, e é surpreendente como os jornalistas já sabem para que os profi ssionais de RI servem e de nossa importância estratégica”.

Já é mais rara a tendência da mídia só querer falar com a alta administração, pois os jornalistas sabem que o profi ssional de RI está sempre disponível, têm o seu telefone direto e canal aberto, e já sabem que na maior parte das vezes o RI é o porta-voz da empresa, apto a esclarecer todas as dúvidas ou, quando não puder, retornar mais tarde. “E retorna mesmo”, diz Dóris. O RI, na prática, torna a vida dos jornalistas especializados “mais fácil” quando pode apresentar, de maneira organizada, os relatórios, press releases e outros do-cumentos importantes, com tudo resumido, calculado e enviado ao mesmo tempo para os analistas e investidores.

Valter Faria, um dos fundadores do IBRI e especialista em comunicação corporativa, cita alguns pontos de atenção que devem ser considerados pelas companhias, cabendo aos profi ssionais de RI corrigir práticas de relaciona-mento com a mídia. “Algumas iniciativas são equivocadas e podem provocar sérios problemas de comunicação, como exigir que os jornalistas sejam reti-rados da sala durante a apresentação da empresa aos analistas do mercado. O jornalista vai conversar depois com os analistas e receberá as informações indiretamente, já com o fi ltro aplicado pelos entrevistados.”

Essa questão, observa Faria, envolve um debate de vanguarda para o RI e mostra que ainda há um gap de competência que precisa ser colocado em discussão, cabendo ao IBRI um papel importante também nesse aspecto, como parte de sua tarefa de aprimoramento profi ssional.

O Guia de RI elaborado pela Bovespa em parceria com o IBRI ensina, entre outros itens, que: “Em seu relacionamento com a mídia, a companhia, por meio de sua área de RI, deve cumprir rigorosamente as exigências legais e as normas estabelecidas para a divulgação de informações ao mercado. Além disso, deve seguir à risca as melhores práticas de comunicação, de acordo com os princípios de objetividade, transparência, didatismo e disponibilidade para atender as solicitações dos jornalistas de maneira a esclarecer dúvidas, ampliar constantemente o conhecimento do público sobre a companhia e, ao mesmo tempo, minimizar o risco de mal-entendidos.

A mídia deve ser compreendida como o melhor veículo para a ampla divul-gação de fatos relevantes e de outras informações das empresas ao mercado,

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assegurando dessa maneira que todos os grupos de investidores tenham acesso simultâneo às notícias divulgadas.

A estratégia de relacionamento com a imprensa deve estar bem estabe-lecida e conhecida por todos aqueles que poderão, eventualmente, atuar como porta-vozes da companhia.

Esse trabalho inclui a elaboração de textos que serão divulgados aos jor-nalistas (“press releases”) e que devem conter o máximo possível de infor-mações sobre a companhia, eventuais operações que ela esteja divulgando ao mercado e o desempenho corporativo até onde as normas da CVM permitirem. Devem ser excluídas desse material, assim como de toda e qual-quer entrevista concedida pelos representantes da companhia, antecipações de informações, análises subjetivas e prévias de desempenho. O material divulgado à mídia deve ter perfeita consonância com o material repassado ao mercado fi nanceiro (via releases fi nanceiros, por exemplo, apresentações aos analistas de mercado, etc.).

É fundamental lembrar que os diferentes veículos e profi ssionais de imprensa devem ser tratados de modo homogêneo pela companhia, na forma e na tem-poralidade, recebendo informação de maneira simultânea e sem privilégios.

Entre outros aspectos, a área de RI deve acompanhar com atenção o trabalho da assessoria de imprensa na elaboração desses textos, convoca-ções para entrevistas e estar sempre disponível para esclarecer dúvidas. A resposta a eventuais solicitações dos jornalistas também deve ser fornecida com agilidade e transparência, num trabalho em conjunto com as áreas de Comunicação.

O relacionamento com a mídia pressupõe, entre outros fatores, que o profi ssional de RI esteja bem familiarizado com as técnicas de “mídia train-ing”. Essas técnicas costumam detalhar uma série de itens importantes no relacionamento da companhia com a imprensa e, portanto, contribuem para melhorar a visão dos profi ssionais de RI nesse campo.

Esse relacionamento deve levar em conta as necessidades específi cas dos veículos. Por exemplo: revistas precisam de pesquisas e análises. Agências de notícias e sites de internet necessitam de press releases bem elaborados e claros. Jornais de informações “quentes” exigem notícias de impacto imedia-to. Redes de TV precisam de notícias com imagem e som. Rádios necessitam de boa qualidade de som nas entrevistas, e assim por diante.

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Outro lembrete importante é o fato de que o público tem diferenças culturais não só de alfabetização, mas de valores, idéias e religiões. Os jorna-listas que cobrem uma reunião da APIMEC em Ribeirão Preto, por exemplo, podem ter interesse em receber informações diferentes daquelas necessárias aos profi ssionais que fazem a cobertura em Brasília.

Em caso de crise, é recomendável contituir um “Comitê de Crise”, centra-lizando o papel de porta-voz em um profi ssional com a melhor capacidade de comunicação e interação com os jornalistas.

Vale lembrar ainda que, num mundo globalizado, as comunicações são ins-tantâneas, ou seja, um problema que diria respeito a apenas uma empresa ou comunidade pode adquirir uma dimensão muito maior, ampliando o risco de ruídos de comunicação.

De acordo com tópico especial sobre Administração de Crises publicado no Guia de RI Bovespa/IBRI, “a companhia deve estar preparada para admi-nistrar eventuais crises que envolvam os mais variados tipos de problemas, desde um caso de vazamento de informação privilegiada (inside information) até as conseqüências de uma divulgação incorreta de dados, confl itos regu-latórios ou confl itos societários, incidentes que envolvam o meio-ambiente e questões sindicais e trabalhistas, entre outras”.

A publicação destaca ainda que há diversos outros exemplos que podem confi gurar crises, como a apresentação de resultados negativos no ano ou no trimestre, mudanças na política de distribuição de dividendos e outros episó-dios que possibilitem um desgaste para a imagem da companhia e o valor de suas ações no mercado. Esses fatos também devem ser incluídos como vetores de risco no planejamento de administração de crises. Mas, sobretudo, não po-dem nem devem ser omitidos, no caso de se mostrarem relevantes.

Para contornar esses momentos e minimizar a perda de valor para a com-panhia, é indispensável contar com uma política de transparência e com um trabalho previamente estruturado. Será preciso informar ao mercado como está sendo enfrentada a crise pela alta direção da companhia, quais os exatos motivos que a geraram e quais as expectativas de equacionamento dentro de um determinado período de tempo.

Um mecanismo efi ciente é a criação de comitês internos, os “Comitês de Crise”, que irão atuar de acordo com estratégias bem defi nidas para diferentes tipos de problemas e adversidades. Com a participação da área

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de RI, os comitês internos darão suporte à divulgação de informações nos momentos de crise, estabelecendo prioridades, defi nindo os dados que de-verão estar disponíveis ao mercado e orientando o relacionamento global da companhia com cada um de seus diferentes públicos.

Para administrar crises com efi cácia, é fundamental agir com tempestivida-de. Ao profi ssional de RI cabe se antecipar a possíveis cenários críticos com base nas deliberações do Comitê de Crise.

Órgãos reguladores

Para Geraldo Soares, os órgãos reguladores e auto-reguladores estão fa-zendo um excelente trabalho em relação ao desenvolvimento da atividade de RI e oferecem embasamento necessário às companhias, aos profi ssionais e a todos os envolvidos no mercado de capitais. O IBRI mantém convênio com a CVM e com a BOVESPA, atuando também como um dos coordena-dores do CODIM (Comitê para Orientação de Divulgação de Informações ao Mercado). “Temos ainda uma série de convênios de cooperação técnica porque consideramos fundamental manter o relacionamento institucional o mais amplo possível. O papel dos órgãos reguladores e auto-reguladores é excelente, eles têm sido abertos para discutir os temas mais relevantes para o mercado e a atividade de RI”.

Entre outros aspectos, ele enfatiza o papel positivo do sistema de audiên-cia pública da CVM. “Tanto o órgão regulador quanto o auto-regulador são muito abertos às demandas do mercado, às discussões sobre as perspectivas. Eu diria que estamos no caminho correto”. O fundamental é que o RI esteja presente no relacionamento com os órgãos reguladores constantemente. Tanto a CVM quanto a BOVESPA foram importantes para o “desabrochar” do RI, lembra Gilberto Mifano, ao estabelecerem exigências crescentes na Governança das companhias abertas. Nesse aspecto, ele destaca as exigên-cias e compromissos do Novo Mercado e a Política de Negociação.

Como principal elo de comunicação da empresa com a CVM e com a Bolsa de Valores, o profi ssional de RI deve estar atento às diretrizes que a legislação estabelece para isso. A Instrução CVM 358, entre seus artigos 3º e 5º, defi ne claramente as obrigações do RI para com essas entidades.

• Cabe ao Diretor de RI divulgar e comunicar à CVM e à Bovespa e en-

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tidade do mercado de balcão organizado, em que os valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação, qualquer ato ou fato relevante ocorrido ou relacionado aos seus negócios, e zelar por sua ampla e imediata disseminação, simultaneamente, em todos os mercados em que tais valores sejam admitidos à negociação.

• Os acionistas controladores, diretores, membros do conselho de admi-nistração, do conselho fi scal e de quaisquer órgãos com funções técnicas ou consultivas, criados por disposição estatutária, devem comunicar todo ato ou fato relevante de que tenham conhecimento ao Diretor de RI, que promoverá sua divulgação. Constatada a omissão do Diretor de RI nesse sentido, essas pessoas só se eximirão de responsabilidade caso comuniquem imediatamente o ato ou fato à CVM.

• O Diretor de RI deverá divulgar simultaneamente ao mercado ato ou fato relevante a ser veiculado por qualquer meio de comunicação, inclusive informação à imprensa, ou em reuniões de entidades de classe, investidores, analistas ou com público selecionado, no país ou no exterior. A divulgação deve ser feita por publicação nos jornais de grande circulação utilizados habitualmente pela companhia. Pode ser feita de forma resumida com in-dicação dos endereços na Internet, na qual a informação completa deverá estar disponível a todos os investidores, em teor no mínimo idêntico ao do remetido à CVM e, se for o caso, à bolsa de valores e entidade do mercado de balcão organizado.

• A divulgação e a comunicação de ato ou fato relevante, inclusive da in-formação resumida referida no parágrafo anterior, devem ser feitas de modo claro e preciso, em linguagem acessível ao público investidor. A CVM poderá determinar a divulgação, correção, aditamento ou republicação de informa-ção sobre ato ou fato relevante.

• A CVM, a bolsa de valores ou a entidade do mercado de balcão orga-nizado podem, a qualquer tempo, exigir do Diretor de RI esclarecimentos adicionais à comunicação e à divulgação de ato ou fato relevante. Em caso de oscilação atípica na cotação, preço ou quantidade negociada dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta, o Diretor de RI deverá inquirir as pessoas com acesso a esses atos ou fatos para averiguar se têm conhe-cimento de informações que devam ser divulgadas. A divulgação de ato ou fato relevante deve ocorrer, sempre que possível, antes do início ou após o

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encerramento dos negócios nas bolsas de valores e entidades do mercado de balcão organizado.

• Caso os valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação simultânea em mercados de diferentes países, a divulgação do ato ou fato relevante deverá ser feita, sempre que possível, antes do início ou após o encerramento dos negócios em ambos os países, prevalecendo, no caso de incompatibilidade, o horário de funcionamento do mercado brasileiro.

• Caso seja imperativo que a divulgação de ato ou fato relevante ocorra durante o horário de negociação, o Diretor de RI poderá, ao fazer a comu-nicação, solicitar, simultaneamente, às bolsas de valores e entidades do mer-cado de balcão organizado, nacionais e estrangeiras, a suspensão da nego-ciação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta pelo tempo necessário à adequada disseminação da informação. A suspensão não será efetuada no Brasil enquanto estiverem em funcionamento bolsa de valores ou entidade de mercado de balcão organizado de outro país.

Bolsas e reguladores estrangeiros

A atuação do IBRI e a valorização do RI no Brasil coincidiram com um período de mudanças signifi cativas na regulação dos mercados mundiais, in-ternacionalização do mercado brasileiro e maior rigor da legislação norte-americana, o que exige atenção permanente dos departamentos de RI.

Para entrar no mercado norte-americano é essencial ter conhecimentos detalhados da legislação (Lei Sarbanes-Oxley em particular) e desenvolver um relacionamento bem organizado tanto com as bolsas de valores quanto com os órgãos reguladores locais. A recomendação, aliás, vale para todos os demais mercados, uma vez que o aumento do rigor na legislação norte-ameri-cana permeia todo o mercado global. A negociação de ações das companhias brasileiras na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) tem crescido de maneira expressiva e, seja para as novatas ou para as companhias que já negociam os American Depositary Receipts (ADRs), é necessário estar em dia com as exi-gências da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), que regula o setor.

Em 4 de novembro de 2003, a SEC aprovou as regras fi nais de governança corporativa da NYSE. Uma companhia listada na NYSE deve ter, entre ou-tros requisitos, a maioria de seus membros do Conselho de Administração

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independente. Os membros do Conselho de Administração que não sejam diretores de uma companhia listada deverão reunir-se em sessões periódicas sem a presença dos membros da Diretoria Executiva.

As companhias listadas devem possuir um Comitê de Nomeação/Go-vernança Corporativa, composto integralmente por conselheiros indepen-dentes, com um regimento interno que abranja certos deveres mínimos especifi cados. As companhias devem possuir um Comitê de Remuneração integralmente composto por conselheiros independentes, com um regimen-to interno que abranja certos deveres mínimos especifi cados. As companhias devem ter um Comitê de Auditoria, composto por no mínimo três conselhei-ros que satisfaçam os requerimentos da Regra 10A-3 do Exchange Act, com um regimento interno que abranja certos deveres mínimos especifi cados.

Os acionistas deverão ter a oportunidade de votar sobre todos os planos de remuneração, bem como as alterações dos mesmos, levadas em consi-deração as exceções constantes das regras da NYSE. As companhias listadas também devem adotar e divulgar Diretrizes de Governança Corporativa que abranjam certos requisitos mínimos especifi cados.

A SEC atua de maneira cada vez mais abrangente graças a uma ampla estrutura de fi scalização que é enriquecida pelos serviços de auto-regulação dos pregões. Em conjunto com as bolsas americanas, a SEC opera um siste-ma eletrônico que consegue capturar milhões de transações em segundos. Com isso, consegue identifi car tentativas de inside information, por exemplo, em tempo real, punindo os responsáveis com pesadas multas.

Para acompanhar as necessidades impostas ao mercado global e, por con-seqüência, aos profi ssionais de RI, o IBRI mantém um calendário de reuniões e vídeo-conferências que inclui representantes desses órgãos, abrindo a opor-tunidade para contato direto entre os profi ssionais que atuam no País e os reguladores internacionais. O tema da legislação internacional também integra a grade curricular do MBA IBRI/FIPECAFI, refl etindo a demanda por esse tipo de conhecimento na formação dos alunos.

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Quinto Capítulo

Perspectivas da Profi ssão no BrasilA governança corporativa e a inserção do RI

“Um instrumento a serviço de uma estratégia”. Esse é o conceito que deve nortear o aperfeiçoamento da profi ssão nos próximos anos, entende Arleu Anhalt. Para ele, assim como foi no passado, desde a criação do IBRI, o grande desafi o hoje é compreender que a atividade é um instrumento a serviço de uma estratégia. “É preciso parar de analisar RI por RI. Nenhuma engrenagem funciona separadamente. Mercado de capitais compõe a defi ni-ção estratégica e RI é apenas um instrumento. A partir desse pressuposto é que formas de melhor se comunicar devem ser buscadas”.

Essa perspectiva signifi ca olhar além de uma abordagem limitada exclusi-vamente ao departamento de RI, enxergar o mercado de capitais como um todo e, mais ainda, perceber todo o conjunto do ambiente econômico e empresarial, inserindo o trabalho do RI numa visão estratégica mais ampla.

O desafi o daqui para a frente será trabalhar para que as demais compa-nhias brasileiras percebam a importância do relacionamento com investido-res. “O desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro tem tido impacto altamente positivo em toda a economia e até mesmo as empresas de capital fechado já estão começando a compreender o signifi cado de governança e relacionamento com o mercado”, acredita Anhalt. O setor imobiliário é um

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caso típico de infl uência benéfi ca dos conceitos de governança e do aper-feiçoamento do mercado de capitais. “O setor tem recebido recursos abun-dantes, os consumidores passam a ter acesso a fi nanciamentos imobiliários e tudo isso representa uma mudança de confi guração ao mesmo tempo em que as companhias abrem o capital dentro de conceitos de governança”.

João Pinheiro Nogueira Batista observa que o espaço conquistado pelo RI com o desenvolvimento do mercado refl ete a percepção daquelas empresas que vêem o mercado de capitais efetivamente como uma ação estratégica e não oportunista.

Uma das tendências seguidas pela profi ssão será incorporar cada vez mais ações ligadas à comunicação corporativa. No novo ambiente do mercado de capitais, o RI é parte integrante do processo de governança e sustentabili-dade. Alguns fi carão mais no planejamento estratégico e na comunicação do que em outras áreas, mas esse é um perfi l que deve ser defi nido caso a caso, e o envolvimento do RI em cada tema terá maior ou menor intensidade dependendo das necessidades e das características de cada empresa.

Os principais desafi os estão claros: em função do crescimento exponen-cial do mercado, a demanda tem superado a oferta de profi ssionais ao longo dos últimos três a quatro anos e há carência de profi ssionais qualifi cados. Será preciso, avisa Batista, treinar e qualifi car, mas principalmente ajudar as empresas a reciclar pessoas, encontrando mecanismos que permitam fazer essa reciclagem rapidamente, ou seja, encontrar um bom profi ssional de RI dentro da própria organização.

Nesse sentido, a velocidade da evolução registrada no Brasil é, de fato, o aspecto que mais impressiona os executivos e especialistas da área. José Luiz Acar Pedro observa que o Brasil não apenas registrou uma evolução muito rápida nos conceitos de governança como também, em determinados aspectos, agiu como pioneiro. “Muita coisa que aconteceu lá fora já estava ocorrendo aqui; já estávamos em uma etapa avançada de aperfeiçoamento contábil, legal e regulatório. Isso contribuiu para inserir o nosso mercado em padrões cada vez mais elevados”. Esse desenvolvimento da governança, por si só, faria com que a atividade de RI se projetasse, mas seria num universo menor, restrito às grandes empresas. Foi o crescimento dos negócios do mercado que ajudou a disseminar conceitos, mas o processo de globalização dos mercados também contribuiu.

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De modo geral, a percepção sobre as melhores práticas de governança e importância do relacionamento com os públicos estratégicos já é domi-nante entre as empresas de capital aberto. Para Cody Pires, do grupo de fundadores do IBRI, aquelas que ainda não adotaram as melhores práticas de governança corporativa enfrentarão mais difi culdades para captação de re-cursos no mercado de capitais, tanto em títulos de dívida quanto em ações. Um dos grandes desafi os continuará sendo a expansão da base acionária nas empresas e a pulverização do capital. Algumas empresas já passaram a segmentar suas áreas de RI para atender as diversas e diferentes demandas dos agentes do mercado, sejam eles investidores qualifi cados, estrangeiros, institucionais ou pessoas físicas. Cody crê tratar-se de uma tendência natural nesse processo de pulverização (ou desconcentração) da base acionária.

Para ele, “o mundo corporativo caminha rapidamente no sentido de aumen-tar escala para manter rentabilidade”. Ou seja, a consolidação setorial provocará inúmeros processos de fusões e aquisições e consequentemente, fechamento de capital de algumas empresas. Um importante desafi o para os próximos anos é manter crescente e qualifi cado o número de profi ssionais de RI”.

Na visão de Dóris Wilhelm, as grandes questões ainda são difundir a cul-tura de RI nas empresas e a necessidade do aumento da profi ssionalização em áreas chaves da empresa. “Em especial agora, com tantas companhias vindo a mercado e migrando de capital fechado para aberto. Profi ssionais podem ser excelentes em um universo de empresa de capital fechado e não necessariamente em uma nova realidade, de capital aberto com acionistas altamente demandantes de informações”. Para a ex-presidente da Diretoria Executiva do IBRI, o objetivo é o processo de conscientização por parte da administração da empresa, sobre a importância estratégica da área, da ne-cessidade de uma estrutura mínima e de um orçamento compatível com o porte da companhia e com o seu programa de RI.

Além disso, há o trabalho de conseguir comunicar os ativos tangíveis e intangíveis de maneira apropriada, no tempo certo e que isso de fato se refl ita no preço das ações. Desafi o que exige, de maneira contínua, o plane-jamento e a mensuração de resultados. Outro grande trabalho pela frente é o comportamento no gerenciamento de crises, aspecto no qual ainda há muito para ser desenvolvido no Brasil. Para Geraldo Soares, muitas empresas ainda precisam descobrir que, se não tiverem uma área de RI, certamente

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seu valor de mercado estará menor que seu concorrente e elas poderão sofrer problemas no futuro. “Também é ruim a empresa só reagir após a demanda que o mercado apresentou. As companhias que não têm uma área de RI constituída precisam pensar nisso. Há até mesmo casos de abertura de capital sem que a empresa conte com uma área de RI, o que passa uma mensagem negativa para o mercado”. Estrategicamente, a consciência sobre a questão vem aumentando, mas ainda há muito espaço para conquistar. “Se pensarmos em termos internacionais, hoje um diretor de RI nos Estados Uni-dos ou na Inglaterra desempenha apenas essa função, não acumula outros cargos. No Brasil, a profi ssão vem crescendo numa velocidade muito grande”. Para os próximos dez anos, Geraldo Soares vê dois desafi os mais instigantes: a partir da segmentação de públicos, que traz a necessidade de atrair o cliente pessoa física brasileiro para o mercado de capitais, será preciso estar prepara-do para oferecer um tratamento diferenciado. “Esse cliente vai expandir sua presença e será um grande desafi o para o profi ssional de RI ter uma comuni-cação segmentada para atendê-lo de forma adequada, instrutiva e didática”.

O segundo ponto será a expansão para outros mercados e o conseqüen-te aumento na exposição internacional dos profi ssionais de RI. Em geral, as companhias abertas brasileiras hoje estão mais focadas nos mercados dos Estados Unidos e da Europa, principalmente no Reino Unido, mas já começa a ser registrado um movimento na direção de outros países, acessando no-vos mercados como Chile, Argentina, mercados asiáticos e Oriente Médio. É uma tendência indiscutível do mercado valorizar o profi ssional de RI, uma vez que a Bolsa está assumindo proporções mais importantes e o valor de mercado é um diferencial competitivo para as empresas.

Para Geraldo Soares, cada vez mais esse profi ssional será valorizado. “Se olharmos a grande tendência mundial, temos o diretor de RI desempenhando exclusivamente essa função. No Brasil, já temos as áreas de RI, mas não o dire-tor exclusivo de RI. Algumas empresas começam a ligar o diretor de RI à pre-sidência da companhia diretamente, sem intermediário”. Nos Estados Unidos, a principal tendência mostra a área de imprensa respondendo à área de RI, o que sai da área de Comunicação via assessoria de imprensa sai pela área de RI. Soares acredita que essa tendência pode chegar também ao Brasil.

Atualmente, a receptividade positiva do mercado em relação ao profi ssio-nal de RI é uma realidade. Além dos órgãos reguladores e dos investidores

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institucionais, também os investidores individuais, imprensa, academia, enti-dades de classe e ONGs reconhecem e valorizam o trabalho de RI.

A estrutura das equipes de RI está se fortalecendo continuamente e esse é um movimento inexorável. José Luiz Acar Pedro reconhece que o conjun-to de normas disponível no mercado é muito bom, mas frente ao processo evolutivo há necessidade de constante revisão e melhorias em busca de ajustes para fechar lacunas ou corrigir exageros.

A relação entre os movimentos de evolução da atividade de RI e a incorpo-ração, pelas empresas, das melhores práticas de governança corporativa pode ser percebida no ritmo de adesão das novas companhias aos níveis diferencia-dos de governança, muitas delas já chegando nos novos segmentos a partir do IPO. Com áreas de RI bem defi nidas e sendo cada vez mais valorizadas, essas companhias têm revelado que governança corporativa e boas práticas de RI andam lado a lado. A rapidez da evolução da área de RI, constata Elizabeth Benamor, pode ser percebida claramente no próprio crescimento do número de IPOs . “Isso demonstra que o mercado veio para fi car e o IBRI tem desem-penhado um papel muito importante ao oferecer suporte não só para troca de experiências, mas também como um laboratório de talentos para que haja um networking entre os representantes das companhias”.

“A evolução foi magnífi ca, tanto que o aprimoramento do profi ssional passa pela necessidade de ter uma formação mais abrangente para que ele possa se comunicar com todo e qualquer público”, avalia Elizabeth Benamor. “Ele não é mais um profi ssional que vai traduzir apenas os números da em-presa, mas precisa estar inserido e conhecer o negócio em que atua. Há um comprometimento da Alta Administração para oferecer suporte à área.”

Nesse cenário, a atuação do IBRI tem contribuído de maneira marcante para fazer avançar o conceito de governança. Não só entre os associados mas por meio de parcerias e apoios, a iniciativas de outras entidades ligadas ao merca-do de capitais e que sejam relevantes para esse conceito. As parcerias sempre fi zeram parte do trabalho do IBRI e, segundo explica Elizabeth, cada parceiro desempenhou um determinado papel. “Houve, inclusive, um alinhamento de todos os componentes do mercado. Hoje, os parceiros não agem mais de forma isolada: com a CVM e a BOVESPA, o IBRI conseguiu fazer importantes convênios. Essa troca de informação e de formação na parte educacional é fan-tástica. Houve um alinhamento de todos esses atores no mercado de capitais”.

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Como parte dessa linha de atuação voltada para um ambiente que procu-ra valorizar as boas práticas de governança de maneira integrada, o Instituto sinaliza também uma clara preocupação com o futuro e não pensa apenas na função específi ca de RI. Com isso, reforça junto aos diversos agentes do mercado sua motivação para avançar da governança em direção ao conceito mais amplo de sustentabilidade. Hoje, observa Elizabeth, o IBRI pensa no RI na função de sustentabilidade do mercado, da empresa e no profi ssional de RI como o grande elo dessa cadeia.

Apesar do avanço nesses dez anos, a área ainda tem oportunidades nítidas de melhorar, ocupando lugar cada vez mais importante também na estrutura de governança das empresas. Para Leonardo Horta, “o RI ainda não é uma ati-vidade totalmente valorizada”. É verdade, admite o fundador, que os pioneiros passaram por muitas difi culdades e, hoje, esse profi ssional atingiu um patamar em que ajuda a proporcionar maior liquidez ao mercado e à economia do País. “Isso também aumentou a demanda dos investimentos, no momento em que o País atinge o investment grade. Mas as coisas estão longe de estar boas”.

Ao analisar as perspectivas da profi ssão, Horta lembra que a convicção desses profi ssionais sobre a importância do mercado precisa permanecer. “Mais do que isso: a atividade deve ser constantemente atualizada junto ao mercado, incluindo as demandas da sociedade como um todo. Não existe mais espaço para o capitalismo selvagem. Sem considerar a sustentabilidade, essa visão é ingênua. O profi ssional de RI tem esse compromisso de manter a chama acesa e ser um catequista junto às empresas”.

O trabalho do RI, reitera Horta, é de mão dupla, ou seja, traz as lições do mercado, permite a analogia com outras empresas, e não se limita a repassar as informações. “Esse é o desafi o: manter a tenacidade no sentido de ver a atividade valorizada, ser percebido o valor que o profi ssional ou a atividade de RI agrega.”

Demanda, desafi os e representação institucional

Nos próximos anos, o IBRI terá uma função muito específi ca para ajudar no treinamento de novos profi ssionais. O mercado cresceu rápido e signifi -cativamente. Os novos profi ssionais precisam aprimorar seus conhecimen-tos e se adequar às demandas e às regras desse mercado em evolução para assegurar o suporte necessário às empresas.

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Um ponto fundamental à frente ainda é a tarefa de difundir a cultura de RI nas empresas e a necessidade de maior profi ssionalização em áreas-chave da companhia. É preciso dar continuidade ao processo de conscientização, por parte da administração da empresa, sobre a importância estratégica da área, da necessidade de uma estrutura mínima e de um orçamento compatível com o porte da organização.

A inserção do profi ssional de RI na cultura de companhia aberta tem sido pautada pela divulgação permanente das boas práticas de governança corporativa adotadas pela empresa. Uma das principais atribuições da área de RI, inclusive, é conseguir explicar didaticamente ao público interno da companhia quais são os impactos que a política de governança já produz ou deverá produzir também a médio e longo prazos, usando todas as fer-ramentas de comunicação interna disponíveis. Desse modo, o trabalho de RI fortalece o conceito de governança e assegura um efeito multiplicador importante junto às demais áreas da companhia, angariando sempre novas e importantes fontes de colaboração.

Ao longo dos próximos dez anos, a palavra de ordem será dar conti-nuidade ao “exercício da transpiração que Einstein recomendava”, acredita Leonardo Horta. “Isso, aliás, já consagrado no IBRI, esse trabalho constante dentro das empresas para mostrar como o RI pode adicionar valor nem sempre é muito fácil”, reconhece Horta: “As co-relações de valorização das melhores práticas de governança corporativa e da efi cácia na comunicação precisam ser buscadas com intensidade pelo IBRI, mesmo nas empresas em que a atividade é mais valorizada. A valorização está mais na nossa mão do que na regulamentação externa”.

Nesse sentido, o Instituto deve continuar sendo um espaço para troca de informações: “Manter uma consciência crítica do que o RI e a gestão das empresas podem fazer para valorizar cada momento e capturar essa valo-rização para os seus acionistas como um todo”, complementa Horta. Além disso, é fundamental caminhar para a auto-regulação. “De certa forma, pela sua característica de atuação propositiva, o IBRI já faz isso”.

Ricardo Florence afi rma que desde 2004, com o aumento da intensida-de no movimento de retomada do mercado de capitais brasileiro, a for-mação dos profi ssionais de RI tem avançado de maneira particularmente signifi cativa. Nessa época, o IBRI apresentou uma expressiva evolução no

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trabalho pela formação de profi ssionais, tanto com o desenvolvimento de cursos internos como por intermédio do convênio com a FIPECAFI para o MBA específi co para a área de RI. Ainda hoje existe uma demanda signifi -cativa por profi ssionais de RI, processo intensifi cado com o crescimento da demanda por parte das empresas que estão abrindo capital. O que mais contribuiu para essa evolução, acredita Florence, foi o trabalho de um grupo de profi ssionais que, por meio de um esforço conjunto, consolidou a profi s-são de RI no País.

O trabalho da CVM, da BOVESPA, da FIPECAFI e da APIMEC foi fun-damental para dar suporte ao IBRI. Florence lembra que essas entidades sabiam que, quanto mais forte fosse a área de RI, maior seria a transparên-cia, contribuindo para disseminar a cultura nas empresas e fortalecendo o trabalho desenvolvido junto à CVM e aos profi ssionais de investimento do mercado. “Entre os parceiros também merecem destaque as empresas nas quais esses profi ssionais trabalhavam, que deram importante apoio ao de-senvolvimento do IBRI”.

“Muitos profi ssionais já foram conscientizados sobre o quão importante é o trabalho da área de RI e como ele pode contribuir para o desenvolvimen-to da empresa”. O fato é que as empresas sem essa consciência encontram mais difi culdade de acessar o mercado do que aquelas que têm uma área de RI bem estruturada. Quanto mais perto estiver da área de decisão dentro de uma empresa, preferencialmente próximo ao CEO, mais atuante será o RI e mais serviços poderá prestar, tanto para a empresa quanto para o mercado. Dessa maneira, o RI que desenvolve sua tarefa em tempo integral, sempre de modo integrado à governança corporativa, poderá dar maior contribuição para o Conselho de Administração e para a empresa do que aquele profi ssional que precisa repartir suas funções.

As perspectivas da profi ssão, assim como os desafi os já enfrentados, incluem a necessidade de mostrar aos CEOs, ao Conselho de Administração e aos demais responsáveis pelo “management” da companhia quão importante é a transparência de suas ações e quanto o mercado reconhece isso a curto, médio e longo prazos. Para Florence, “esse trabalho de comunicação deve ser feito com clareza, seja a informação positiva ou não. O ponto de partida deve ser a superação de interesses específi cos de curto prazo para conseguir enxergar o interesse de médio e longo prazos, criando uma base sólida e mais

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duradoura, que não dependa só de um determinado momento”. Depois de ter ajudado o processo de desenvolvimento do mercado de

capitais brasileiro ao defi nir seu foco na formação e valorização do profi s-sional de RI, o papel institucional do IBRI precisa ser ampliado e aprimorado nos próximos anos, sugere Arleu Anhalt. “O RI tem uma ligação muito forte com o Instituto, que precisa assumir uma função importante também na normatização, trabalhando ao lado da CVM (Comissão de Valores Mobiliá-rios), no CODIM (Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado) e outros órgãos, para consolidar a visão estratégica do RI e a inserção internacional do Brasil”.

Esse fortalecimento integra as perspectivas futuras da atividade, até por-que, como diz Anhalt, “nunca mais voltaremos a ter um mercado de capitais fraco e fechado no Brasil”. Ele lembra que o País viveu trinta anos sem mer-cado de capitais e toda a evolução dos últimos dez anos aconteceu tendo a atividade de RI como parte integrante desse processo. O IBRI, por sua vez, subsidiou os empresários oferecendo uma visão futurista que ajudou a organizar os caminhos para melhorar a imagem das empresas brasileiras no exterior. “Os executivos das companhias absorveram conhecimentos no IBRI para vender melhor a empresa lá fora. Então, o Instituto tem represen-tado um papel forte de valorização e de suporte”.

O desenvolvimento signifi cativo do mercado de capitais, com um grande número de empresas abrindo capital – algumas delas de excelente qualidade –, fez com que as companhias demandassem mais profi ssionais de RI, pois querem ser percebidas como geradoras de valor e de boa governança. Por ser muito nova, a atividade de RI merece atenção especial, com investimen-tos em educação e treinamento.

Nesses dez anos, constata Roberto Castello Branco, das muitas empresas que abriram capital uma parte já chegou ao mercado valorizando a transpa-rência, a governança e o RI por meio de melhor remuneração e valorização na escala hierárquica da companhia.

Embora o aumento da demanda por profi ssionais de RI seja um processo positivo, Castello Branco lembra, em contraponto, a necessidade de aprimo-rar a formação desses profi ssionais. “Esse movimento também exige uma postura mais pró-ativa da atividade de RI e o IBRI tem respondido à altura, apesar de suas limitações orçamentárias”.

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O que enfraquece a atuação institucional, aliás, é um problema geral: o da falta de recursos orçamentários. Nos Estados Unidos, compara Castello Branco, os Institutos desse tipo, como o NIRI, contam com fontes de fi nan-ciamento importantes e podem manter um quadro de profi ssionais militan-tes, com atuação mais intensiva. Na raiz desse problema, ele detecta uma questão cultural que difi culta a falta de contribuições mais expressivas. “O IBRI não tem um décimo da receita do NIRI, porque lá eles cobram bastante e as pessoas estão dispostas a pagar pelos serviços”.

Com uma fonte de fi nanciamento melhor estruturada, o Instituto poderá também ampliar uma linha mais estável de prestação de serviços, sugere o ex-presidente. Seria o caso, por exemplo, de fazer recomendações de proce-dimentos aos profi ssionais interpretando a regulamentação de forma regular. Isso requer uma equipe de pessoas com dedicação integral ao trabalho, a exemplo do que acontece no NIRI.

Castello Branco vê no futuro do Instituto, também, a urgência de exercer um papel mais ativo junto aos órgãos reguladores, contribuindo para elimi-nar uma série de distorções regulatórias ainda existentes no mercado, como a lentidão e a excessiva burocracia do processo de emissão de títulos em comparação com o mercado norte-americano. “O IBRI deverá, cada vez mais, levantar bandeiras, como, por exemplo, a do voto eletrônico e não presencial nas Assembléias.”

Conforme aumenta progressivamente o grau de exigência do mercado em relação às companhias, essa evolução será cada vez mais acelerada. João Nogueira Batista concorda com a necessidade de acelerar a discussão sobre o aspecto das responsabilidades e administração de riscos para os executivos de RI. “Não há ainda um padrão bem defi nido. Estamos vivendo um processo evolutivo que é muito assimétrico. Há empresas em que o RI se reporta dire-tamente ao presidente e outras que mantêm um diretor específi co para cui-dar do assunto, há casos em que o gerente de RI ganha o status de diretor”.

Essa mudança de status, segundo Batista, pode ser “boa ou ruim” e é pre-ciso compreender todas as suas implicações. “Numa empresa do porte da Vale, por exemplo, que mantém um diretor exclusivo de RI, isso é impor-tante, mas em outras, essa pode ser apenas uma maneira de “descarregar” responsabilidades sobre o gerente de RI. É preciso então discutir o assunto e propor uma mudança de normas à CVM”. Como a norma atual força as

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empresas a designar entre seus diretores estatutários um responsável legal, pode acontecer uma sobrecarga de responsabilidade nesse cargo.

Batista ressalta que em outubro de 2007 o Conselho de Administração do IBRI apresentou à CVM proposta que visava a iniciar o debate sobre as atribuições e responsabilidades do Diretor de Relações com Investidores (DRI). A proposta contemplava, entre outros aspectos, o objetivo de eviden-ciar a necessidade do compartilhamento de informações relevantes junto ao mercado (equalização da informação) em co-responsabilidade entre o Presidente e o DRI da companhia.

Em relação ao aumento da demanda por profi ssionais de RI, Alfredo Se-tubal destaca o efeito rotatividade como um fator de preocupação: “A ro-tatividade ainda é alta e isso atrapalha. É ruim porque as empresas precisam reconstruir suas relações com investidores e essa é uma relação de confi an-ça mútua, principalmente com os grandes fundos”.

Diante do elevado número de empresas chegando ao mercado e imple-mentando ou ampliando seus departamentos de RI, a rotatividade é um problema que precisa ser encarado com seriedade. “O profi ssional tem que ser preparado e conhecer outras áreas, então as pessoas acabam sendo transferidas. Esse mercado ainda está em formação e a demanda não está suprida, é um processo evolutivo no qual há muito a ser feito”.

O papel do IBRI é continuar formando profi ssionais, mobilizando mais seu quadro de associados e motivando os profi ssionais por meio da agregação de valor. Mas Setubal também considera importante a participação do Insti-tuto na área de regulação e legislação. “O IBRI precisa interferir cada vez mais na legislação e aí voltamos ao problema do orçamento, da necessidade de dedicação de tempo das pessoas, que é um ponto crítico”.

Outra frente de atuação deverá ser a da auto-regulação. O IBRI poderia atuar de maneira mais incisiva no sentido de chegarmos à auto-regulação, em con-junto com a Abrasca, segundo entende Setubal. José Luiz Acar Pedro também aponta esse item como um dos principais desafi os nos próximos anos. “Deve-ríamos partir para estudar a auto-regulação do profi ssional de RI, acompanhar e identifi car eventuais desvios de conduta porque essa é uma tendência que pode contribuir para as boas práticas nas empresas, confere outro patamar de responsabilidade ao RI”. Para chegar à auto-regulação, entretanto, será preciso contar com um conjunto de normas bem defi nido e claro.

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Dívida corporativa - Na lista de desafi os, que devem marcar a evolução da atividade de RI ao longo dos próximos dez anos, está o desenvolvimento de uma nova fronteira, a de atuação junto ao mercado de dívida corporativa, ainda pouco explorado no Brasil mas que, a partir do Grau de Investimento, tende a crescer de maneira exponencial. Em outros mercados mundiais, vale lembrar, a negociação das dívidas bancárias das companhias, transformadas em títulos de dívida, representa uma fonte de captação de recursos mais im-portante, muitas vezes, do que o mercado de ações, lembra Sílvia Maura Ro-drigues Pereira.“Lá fora o mercado de títulos de dívida é muito maior do que o mercado de ações, embora nem todo ele seja negociado em bolsa. No Brasil, o mercado de títulos de dívida é incipiente por causa da concorrência com os títulos governamentais. Esse panorama deve mudar com a queda das taxas de juros e com os acontecimentos recentes nos EUA (crise do mer-cado de hipotecas imobiliárias, o subprime). Mas com o Brasil tornando-se investment grade, lembra Sílvia, o mercado de dívida secundária deve decolar. Nesse sentido, a evolução do mercado secundário de dívida privada seria mais importante até do que o desenvolvimento do mercado de ações para a função de RI. “Isso porque, mais do que qualquer outra coisa, o que valoriza a função de RI dentro da companhia é a necessidade de recorrer ao mercado de capitais para realizar sua estratégia de expansão ou manter a condução de seus negócios. É essa necessidade, que faz com que a companhia valorize seu RI , pois é a acessibilidade ao mercado que está em jogo. Como isso não será possível sempre através de operações no mercado acionário – já que a contrapartida seria manter uma constante diluição da base acionária – esse acesso ao mercado de capitais acontecerá também pela emissão de títulos da dívida, afi rma Sílvia Maura.

“Acredito que haverá um segundo momento na evolução no nosso mercado de capitais – a chegada à maturidade - que acontecerá com a redução das taxas de juros internas, as consequências do investment grade e a redução dos múltiplos, e em algum momento o BNDES terá que deixar de ser um grande fi nanciador do setor privado”. Com isso, o mercado de dívida corporativa pode representar um novo salto para o mercado de ca-pitais brasileiro, assim como para a função do RI”.

Ainda que tenham focos diferentes, os mercados de “equity” e de dívida corporativa funcionam a partir da mesma exigência de transparência e quali-

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dade na divulgação das informações, observa Wilson Amarante. “A atividade de RI no Brasil está muito ligada ao mercado de “equity” mas a negociação de dívida corporativa também permite que seja montado um trabalho de RI relevante para a companhia, sejam dívidas em debêntures ou em títulos públicos. É verdade que esse é um mercado em estágio inicial, mas com o investment grade, todo o mercado de capitais brasileiro deve crescer de maneira signifi cativa, basta olhar o número de empresas que fi zeram IPOs e o grande número de novos profi ssionais chegando ao mercado, bem preparados”, avalia Amarante. Do ponto de vista do profi ssional de RI, atuar em dívida corporativa será um desafi o cada vez mais importante. “Será necessário, certamente, aprofundar um pouco mais os conhecimen-tos nesse tipo de operação, mas o foco é o mesmo do mercado de ações, ou seja, enquanto em um caso é preciso olhar a capacidade da empresa, para honrar seus compromissos, no outro é necessário olhar algumas linhas abaixo no balanço, identifi cando a capacidade de geração de divi-dendos, mas o foco do trabalho do RI é o mesmo, em busca de máxima transparência e compreensão.

RI e sustentabilidade

Como parte dos resultados obtidos pela pesquisa IBRI/FIPECAFI, vale des-tacar o forte vínculo da área de RI com o conceito de sustentabilidade em-presarial, uma relação que está cada vez mais sólida. Segundo afi rmam 88% dos profi ssionais ouvidos no levantamento, seu trabalho está diretamente envolvido com a temática da sustentabilidade dentro da companhia.

Ao mesmo tempo 79% deles responderam afi rmativamente quando questionados sobre a presença das temáticas de responsabilidade social e sustentabilidade na agenda do RI. A mídia que cobre a área de responsabili-dade social já consulta a área de RI das companhias em 62% dos casos.

Essa vinculação não aconteceu por acaso. Na prática, o desenvolvimento dos conceitos de governança corporativa, responsabilidade social e sustenta-bilidade empresarial tem sido simultâneo, no Brasil, ao avanço das melhores práticas de RI nas companhias abertas, contribuindo para fortalecer padrões de abertura e transparência nas informações ao mercado.

O profi ssional de RI amadurece sua formação e a área de RI consolida suas

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bases de maneira fortemente entrelaçada às novas demandas de governança e sustentabilidade.

Discutido desde meados da década de 1990 pelos diversos agentes do mercado de capitais no Brasil, o tema da sustentabilidade adquire novas dimensões ao mesmo tempo em que as companhias multiplicam seus esfor-ços para melhorar o relacionamento com os investidores. Com a iniciativa marcante do lançamento do Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE – em 2005, pela BOVESPA, e a crescente discussão sobre a incorporação do fator sustentabilidade na análise fundamentalista das ações, o mercado exige proximidade cada vez maior da linguagem de RI com esse tema. No período de 2001 a 2007, o número de fundos de investimentos considera-dos socialmente responsáveis, por exemplo, saltou de 1 para 16, enquanto o patrimônio dessas carteiras passou de R$ 3 milhões para R$ 1,7 bilhão. Ao mesmo tempo, as companhias brasileiras listadas no Dow Jones Sustainability World Index passaram de duas para sete.

Cabe ao profi ssional de RI uma responsabilidade crescente no sentido de compreender, identifi car e alinhar as expectativas dos públicos estratégicos e da companhia também em relação à sustentabilidade. Entre as empresas que compuseram a amostra da pesquisa IBRI/FIPECAFI, por exemplo, 73,6% afi rmam que já preenchem questionários para índices de sustentabilidade e/ou socialmente responsáveis de bolsas de valores.

Segundo os profi ssionais que forneceram as respostas, em 29,9% dos casos essa decisão foi justifi cada como “boa para a empresa, independen-temente do índice”; em 28,3% dos casos o motivo alegado foi o fato de que “entrar no índice agrega valor à companhia”; em 23,6% das respostas o motivo apontado foi “entrar no índice traz retorno para a imagem”.

Para 11,8% dos consultados, “entrar no índice facilita captação” e, fi nal-mente, 6,3% deles responderam que entraram porque “o concorrente já está nele”.

Como fi ca evidente por esses resultados da pesquisa, as questões ligadas à sustentabilidade tendem a continuar crescendo dentro da agenda do RI, defi ne Geraldo Soares. “O mercado brasileiro discute essas questões desde 1999, até porque o mercado de capitais tem a característica de antecipar as demandas antes que elas cheguem ao grande público”.

O profi ssional de RI já é questionado sobre esses temas no mínimo há

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cinco anos, publicamente, nas reuniões APIMEC (Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capitais). Cada vez mais, acre-dita Geraldo Soares, o público perguntará claramente sobre os investimen-tos das empresas na área social e em outros tópicos diretamente vinculados ao tema da sustentabilidade.

O RI precisa estar bem preparado para responder e seu papel tende a ser crescente nessa discussão porque ela impacta o valor da companhia que tem preocupação com a responsabilidade social. Em relação ao investimento

A mídia que cobre Responsabilidade Social consulta o RI

2006

SimNão

62%

38%

A área de RI está envolvida na temática de Sustentabilidade dentro de sua empresa

2006

SimNãoNão respondeu

88%

10% 2%

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socioambiental, por exemplo, a atitude da empresa deve levar em conta três grandes questões, no entendimento de Geraldo Soares: “O impacto sobre a reputação/imagem da empresa; a importância da minimização de riscos socioambientais e, fi nalmente, as novas oportunidades de negócios”.

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1- Agregação de valor

A área de Relações com Investidores ocupa espaço cada vez mais expres-sivo nas hierarquias corporativas como geradora de valor agregado para as companhias. O núcleo dessa capacidade de agregação de valor tem sido desenvolvido graças a um mix estratégico que incorpora alguns elementos tradicionais de relacionamento com o mercado, como a consolidação da imagem e a defi nição de público-alvo, assim como alguns elementos carac-terísticos das práticas do mercado de capitais, a começar pela habilidade de administrar expectativas de todos os públicos estratégicos.

Esse mix passa pelo elevado grau de exigências regulatórias, um fi ltro que afi na a capacidade de comunicação entre a companhia e o mercado, buscan-do aprimorar, cada vez mais, o atendimento às solicitações dos investidores e acionistas por disclosure. Desse modo, aliando princípios e técnicas que já são instrumentos clássicos das áreas de marketing e comunicação às melho-res práticas de RI e de governança corporativa, as companhias brasileiras têm respondido de forma vigorosa aos desafi os impostos para agregar valor à sua marca junto aos públicos mais diversifi cados, de forma local e global.

A Vale e a Suzano Petroquímica são dois casos emblemáticos de evolução em RI e agregação de valor. No caso da Vale, um desafi o para a área de Relações com Investidores tem sido fazer com que a empresa seja

sexto capítulo

as melhores práticas derelações com investidores

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conhecida globalmente e, mais do que isso, reconhecida como uma compa-nhia global junto aos diferentes mercados.

Depois de mudanças estruturais ao longo dos últimos anos, a Vale deixou de ser uma empresa brasileira exportadora para se tornar uma corporação global, operando em vários continentes. Em 2007, escolheu a Bolsa de Valo-res de Nova York (NYSE) para anunciar seu plano de investimentos global, o mais ambicioso do panorama mundial, e que prevê aportes de US$ 59 bilhões em 30 projetos até 2012. Assim, além de ser a maior empresa do Brasil, a Vale assumiu o posto de liderança como investidora mundial.

Nesse contexto, explica Roberto Castello Branco, diretor de Relações com In-vestidores da Vale, a área de RI fi cou com a incumbência de tornar a companhia conhecida em todo o planeta e em especial nos países nos quais a mineração é importante para o mercado de capitais, como Austrália, Canadá e África do Sul, além de ampliar a penetração na Ásia, que não considera as empresas da América Latina como alvo tradicional para sua alocação de recursos.

Outro desafi o relevante é conseguir maior penetração junto aos investi-dores pessoas físicas, seja para ampliar a base de acionistas, seja investindo na imagem da companhia. Afi nal, é uma oportunidade de manter relacionamento direto com os investidores e não só com os administradores de investimentos. No Brasil, a Vale já tem uma base acionária expressiva no que diz respeito às pessoas físicas e continua a intensifi car seus esforços de RI por meio de websi-te, teleconferências e reuniões públicas, entre outras ferramentas.

O trabalho de conquista do varejo também foi devidamente construído nos Estados Unidos e o ritmo atribuído ao desenvolvimento desse rela-cionamento revela a efi cácia do programa. Na primeira apresentação para investidores individuais norte-americanos, em fevereiro de 2004, o diretor de RI da Vale falou para um público de 12 pessoas. Três anos depois, a com-panhia era requisitada a fazer apresentações freqüentes para públicos de 200 a 300 indivíduos.

O novo passo é a construção do relacionamento de varejo na Inglaterra e no Japão. Em 2007, a base global de investidores pessoas físicas da com-panhia já era composta por mais de 290 mil acionistas (com investimentos diretos em ações da Vale) espalhados pelo Brasil e por outros países, além de 350 mil acionistas brasileiros que são cotistas de fundos de investimento com recursos do FGTS.

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No que diz respeito à diversidade de públicos internacionais, Castello Branco fornece uma boa ilustração do que está envolvido nessa luta cotidia-na: “Recebemos cartas de acionistas de lugares tão distantes como Eslovênia, Nova Caledônia e Ucrânia, que compraram as ações da companhia em in-vestimentos diretos”.

Entre as contribuições da área de RI para agregar valor à Vale, deve ser destacado ainda o trabalho que culminou na obtenção e manutenção pela companhia do “Grau de Investimento” (investment grade), nota máxima de classifi cação de risco concedida à Vale pelas quatro maiores agências inter-nacionais de rating do mundo. O investment grade é um diferencial positivo para a empresa não apenas no que diz respeito à negociação no mercado acionário, mas também nos mercados de dívidas. A equipe de RI mantém um relacionamento permanente e bem estruturado com essas agências, assegu-rando uma conquista de proporções consideráveis: segunda maior empresa do mundo na indústria de mineração e metais por capitalização de mercado. A Vale protagonizou, em 2006, uma complexa batalha pela aquisição da mi-neradora de níquel canadense Inco Ltda e conseguiu concluir esse episódio sem perder o “Grau de Investimento”.

Para chegar a esse nível, a Vale conta com um programa de RI bastante sofi sticado. Sua equipe é composta basicamente por jovens profi ssionais, selecionados entre os melhores talentos disponíveis no mercado, treinados para uma boa carreira dentro da companhia. Isso implica, entre outros as-pectos, uma constante migração entre áreas dentro da CVRD, de modo a que a empresa fi que conhecida como um todo. Além de inteligência e talen-to, a equipe necessita de disciplina e motivação para chegar ao top de linha em RI. Para isso, inclui profi ssionais qualifi cados, para utilizar ferramentas de economia e de econometria, entre outras habilidades, aplicando seus conhe-cimentos na análise de cenários macroeconômicos e de mercado.

A Suzano Petroquímica também tem uma história de evolução constante. O grupo iniciou atividades no setor petroquímico em 1974, participando da fundação de algumas empresas petroquímicas. Com isso, fortaleceu sua presença no setor na década de 90, podendo patrocinar novos empreendi-mentos e adquirindo posições acionárias, até então detidas pela Petrobras em empresas do setor, via leilões de privatização.

A constituição da Suzano Petroquímica, em setembro de 2001, teve o in-

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tuito de separar os ativos do setor petroquímico do negócio de papel e ce-lulose, tornando-se acionista das empresas petroquímicas, na qual a Suzano Papel e Celulose detinha participação. Como a Suzano Papel e Celulose já tinha capital aberto desde a década de 80, a Suzano Petroquímica “herdou” essa relação com o mercado de capitais, passando a ter suas ações preferen-ciais disponíveis para negociação na Bovespa em abril de 2002. Naquela épo-ca, o volume de negociação médio diário era da ordem de R$ 100 mil/dia e o preço médio da ação preferencial era de cerca de R$ 1,53.

Em 2004 fi cou clara a necessidade de uma agenda de investimentos re-levante no futuro. O mercado de capitais foi eleito parceiro fundamental para a consecução da estratégia de tornar o negócio auto-sustentável a longo prazo e capaz de viabilizar seu crescimento a custos competitivos, sem depender essencialmente do capital dos acionistas controladores. Para materializar essa parceria, era necessário assegurar padrões de governança corporativa na empresa, compatíveis com as melhores práticas do mercado, e criar uma estrutura para suportar esse relacionamento, visando a atrair e reter investidores. Em setembro de 2004 foi criada a área de Relações com Investidores, responsável pelo estabelecimento de um relacionamento mais consistente com o mercado de capitais e implementação de novas práticas, que incluíram o lançamento do website da empresa com área dedicada para o RI, a divulgação de comunicados e press releases e realização de reuniões públicas.

Foram implementadas em novembro daquele ano importantes práticas de governança corporativa, incluindo a reforma do Estatuto Social e a adesão ao Nível 2 de Governança Corporativa da Bovespa. Ao aderir ao Nível 2, a empresa adotou medidas adicionais de governança ainda mais rigorosas do que as exigidas. A Suzano Petroquímica foi a primeira companhia de gestão familiar e a primeira do setor petroquímico a aderir ao Nível 2.

Era necessário pavimentar uma primeira plataforma de acesso ao merca-do de capitais, incrementando a liquidez das ações. Para isso, foi montada a primeira oferta de ações da companhia, em dezembro de 2004. Foi um importante passo na direção do aumento da liquidez e da ampliação da base de acionistas. A oferta atingiu R$ 179 milhões, dos quais R$ 32 milhões representaram emissão primária. Na oferta, o preço da ação preferencial foi de R$ 5,80, o free fl oat se elevou de 16,4% para 25,7%, o número de acio-nistas passou de próximo de 800 para cerca de 6 mil e o volume fi nanceiro

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médio diário cresceu de R$ 642 mil/dia em 2004 para um média de R$ 2,8 milhões/dia em 2005.

Nesse ano, a Suzano Petroquímica adquiriu o controle integral de uma das empresas onde detinha participação, abrindo caminho para se consolidar como empresa operacional. Iniciou ampla reestruturação societária, deixan-do a condição de holding e simplifi cando drasticamente sua estrutura de participações. A reorganização posicionou a empresa em patamar diferen-ciado para futuros movimentos de consolidação na indústria.

Em 2006, deu continuidade à reorganização de suas participações acionárias e aprimorou as práticas de governança, passando a participar do grupo de 13 empresas latino-americanas que compõem o círculo de companhias com melhores práticas de governança corporativa na América Latina. Foi ainda ad-mitida na carteira do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da Bovespa, que refl ete o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com o desenvolvimento sustentável.

A combinação de um importante turn around no perfi l e na gestão da companhia, uma forte recuperação dos resultados fi nanceiros a partir de meados de 2006, aliadas às reconhecidas práticas de governança e de sus-tentabilidade, melhoraram fortemente a percepção de diversos agentes do mercado acerca da Suzano Petroquímica, o que culminou na oferta para aquisição do controle da companhia pela Petrobras em 3 de agosto de 2007. A oferta, que contempla um valor de até R$ 13,44 por ação ordinária e de até R$ 10,76 por ação preferencial, sujeitos à conclusão da due diligence, já incorporou o direito de tag along dos acionistas minoritários de receber 80% do valor pago pelas ações de controle, ratifi ca o reconhecimento dos avanços conquistados pela companhia em curto espaço de tempo. Isso re-presenta signifi cativa agregação de valor para todos os acionistas: uma valo-rização das ações que chegou a 603% no período 2002-2007.

2 - Sustentabilidade

Os padrões internacionais de sustentabilidade empresarial, traduzidos no mercado de capitais global pelo Dow Jones Sustainability World Indexes (DJSI) e, no Brasil, pelo ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), estão no centro das políticas corporativas identifi cadas com o novo conceito de

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investimento. Adequar seus relatórios de desempenho aos critérios de res-ponsabilidade social e ambiental, por exemplo, tende a ser uma questão cada vez mais vital para as companhias diante das exigências feitas por determi-nados grupos de investidores e das pesquisas que apontam uma estreita ligação entre as práticas sustentáveis e a qualidade da gestão a longo prazo.

No que diz respeito à área de RI, a convivência e o compromisso com as questões de sustentabilidade passaram a integrar o dia-a-dia dos profi ssio-nais e, de maneira crescente, eles estão envolvidos com esse debate dentro das companhias.

Os casos da Companhia Energética de Minas Gerais – Ce-mig – e Banco Itaú Holding Financeira mostram a preocupação crescente das companhias brasileiras com esse tema. A Cemig, fundada pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitscheck de Oliveira, em 22 de maio de 1952, distribui, gera, transmite e comercializa energia elétrica em diversos estados do Brasil por meio de suas subsidiárias – a Cemig Distribui-ção S.A. e a Cemig Geração e Transmissão S.A. Possui participações em outras concessionárias de distribuição de energia (Light) e em empresas de transmis-são de energia elétrica, investimentos em distribuição de gás natural (Gasmig), transmissão de dados e está construindo uma linha de transmissão no Chile.

A sustentabilidade empresarial representa para a Cemig o equilíbrio en-tre as dimensões econômica, ambiental e social das atividades produtivas, imprescindível para uma empresa que quer crescer e agregar valor para a sociedade. As melhores práticas de governança corporativa e de transparên-cia, para com os públicos com os quais se relaciona, fazem parte da gestão da empresa, utilizando critérios de competência na administração. A atuação pela ética é colocada pela Cemig como pressuposto básico da sustentabilidade.

O lucro líquido da companhia, em 2006, foi de R$ 1.719 milhões. Os in-vestimentos totais somaram R$ 1.720 milhões, voltados principalmente para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A Usina da Hidrelétri-ca de Irapé, construída no Vale do Jequitinhonha, é uma das contribuições ao desenvolvimento sustentável de uma das regiões mais carentes do Estado e do País, com investimentos totais da ordem de R$1 bilhão.

Só os investimentos na área socioambiental atingiram R$ 200 milhões. Nessa área, destacam-se o programa “Terra da Gente” e os esforços volta-dos para a biodiversidade. O “Terra da Gente” - Programa Cemig de Edu-

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cação Ambiental nas Escolas, iniciado em 2001 no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, atendeu 313 escolas, com materiais pedagógicos elaborados para o programa, representando 59% das escolas da região com alunos do 2º ciclo do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries). Com relação à biodiversidade, as estações ambientais da Cemig possuem mais de 4.000 hectares de áreas protegidas, utilizadas para a realização de estudos sobre a fauna e a fl ora, atividades de educação ambiental e visitas programadas.

Em dezembro de 2006 foi aprovada a Política de Recursos Humanos da Companhia, contendo as principais diretrizes de atuação na relação com os seus empregados. O Projeto de Alinhamento do Capital Humano, em anda-mento, busca assegurar o alinhamento dos processos de RH com o Plane-jamento Estratégico. Seus principais elementos são a gestão estratégica das competências, a valorização dos empregados e o comprometimento com os resultados da organização. A Escola de Formação e Aperfeiçoamento Profi ssional da Cemig – EFAP–, cujas instalações e corpo docente certifi cam sua posição como o maior centro de treinamento técnico da América Latina, destaca-se pela preparação técnica dos empregados da Cemig e de outras empresas do Brasil e do exterior, por meio de programas de capacitação e de reciclagem. A EFAP atua também em projetos específi cos, capacitando equipes de prestadores de serviço e empresas contratadas da Cemig. Com relação à cultura e ações sociais foram aplicados R$ 35,5 milhões em 2006.

Como resultado de sua estratégia voltada para a sustentabilidade, a Cemig foi selecionada como líder mundial do supersetor de “utilities” (energia elé-trica, saneamento e distribuição de gás) do Dow Jones Sustainability World Indexes (DJSI World). É o oitavo ano consecutivo da permanência da com-panhia nessa seleta lista de empresas. A Cemig se mantém no DJSI, desde sua criação em 1999, como a única empresa do setor elétrico da América Latina. O volume de ativos referenciados ao DJSI já ultrapassa US$ 5 trilhões, o que demonstra a importância de compor sua carteira.

O Banco Itaú Holding Financeira busca promover o desenvolvimento sustentável dos seus negócios relacionando-se com todos os seus públicos estratégicos (clientes, acionistas, parceiros etc.) com transparência, ética e responsabilidade. Os valores primordiais do banco estão expressos em suas políticas, com destaque para o Código de Ética Corporativo, Política de Ne-gociação e Regras Operacionais de Negociação com ações pela Tesouraria.

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Segundo o presidente do Banco Itaú Holding Financeira, Roberto Setubal, “o grande objetivo do Itaú é ter a responsabilidade socioambiental no co-ração da estratégia corporativa, na consciência de todos os que integram a corporação”. Os resultados são práticas sustentáveis, como a Campanha Uso Consciente do Crédito, Produtos Socioambientais, Análise de Risco e Crédito Socioambiental, Adesão aos Princípios do Equador, Homologação para Fornecedores, Fundação Itaú Social, Programa Itaú Voluntário, Instituto Itaú Cultural e Utilização Racional dos Recursos.

As políticas e práticas do banco são reconhecidas pelo mercado. Pelo oitavo ano consecutivo, o Itaú integra o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), sendo o único banco latino-americano que participa do índice des-de sua criação, em 1999, fazendo parte de um grupo seleto de empre-sas de todo o mundo que aliam solidez fi nanceira a sustentabilidade cor-porativa. No Brasil o Itaú compõe o Índice de Sustentabilidade Empresa-rial da Bovespa. O Itaú foi avaliado, pela terceira vez consecutiva, como o banco mais ético e mais sustentável, entre os maiores da América Latina, pela Management & Excellence. Estes exemplos mostram que os valores e práticas socioambientais já colhem frutos hoje, e semeiam o amanhã. 3 - Relacionamento com Investidores Individuais

Os movimentos de pulverização da base acionária das companhias abertas e o fenômeno de disseminação da cultura de mercado acionário no Brasil, fruto inclusive do trabalho de popularização conduzido pela Bolsa de Valores de São Paulo, ampliaram signifi cativamente o número de investidores pesso-as físicas que interagem com os departamentos de RI das empresas.

Essa nova confi guração que começa a mudar o perfi l do mercado de ca-pitais nacional também aponta novas demandas a serem atendidas pelas companhias. E já revela casos exemplares de adequação da área de RI a esse determinado tipo de público estratégico, cada vez mais presente e mais exigente em relação à transparência, rapidez, didatismo e a objetivi-dade na comunicação.

A clara tendência de desenvolvimento de ferramentas específi cas para atender o investidor individual é um desafi o crescente para os profi ssionais de RI e, embora um grande número de companhias já esteja trabalhando

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nesse sentido, é possível destacar dois cases particularmente bem sucedidos ao longo desses dez anos: Banco do Brasil e Petrobras. A Petrobras, por sinal, desenvolveu ao longo de dois anos uma intensa campanha voltada aos inves-tidores individuais, conseguindo nesse período incorporar milhares de novos acionistas pessoas físicas à estrutura de capital da companhia.

Com a sucessiva redução da taxa básica de juros, a popularização do ho-mebroker, o crescente número de ofertas públicas primárias e secundárias e o bom desempenho registrado pela Bovespa nos últimos tempos, o número de investidores individuais na Bolsa evoluiu signifi cativamente na última déca-da. Em 2007, esse público já era responsável por quase um quarto do volu-me ali negociado. Diante desse cenário e da expectativa de que o investidor individual conquiste participação ainda maior no mercado, as companhias abertas passaram a dedicar atenção especial para conquistar e manter um bom relacionamento com esse público.

No Banco do Brasil, a presença do investidor individual fi cou mais forte, em especial, após a oferta pública de ações de 2006, que aumentou o free fl oat do BB em 7,1 pontos percentuais. Na operação, 51,1 mil pessoas físicas adquiriram 28% do total de ações ofertadas, o que garantiu ao BB o prêmio “Oferta mais Pulverizada”, concedido pela Bovespa. Em agosto de 2007, a base do BB era composta por mais de 292 mil acionistas individuais.

Para manter um tratamento eqüitativo e efi ciente a esse público, em con-sonância com as melhores práticas de governança corporativa, o BB busca e aprimora iniciativas para estreitar o relacionamento com os investidores pessoa física. A partir de 2007, por exemplo, a instituição ampliou a abran-gência territorial das reuniões Apimec, levando informações e buscando diri-mir dúvidas dos acionistas de diversos Estados. Ao todo, foram realizadas 14 reuniões, contemplando cidades fora do tradicional circuito fi nanceiro, como Ribeirão Preto, Campinas e Juiz de Fora.

Neste mesmo ano, o site de RI foi reformulado, tornando-se mais intuitivo e navegável, facilitando assim o acesso à informação. Além disso, os produtos de comunicação com o mercado, tais como o Relatório Anual, o Relatório da Administração e de Sustentabilidade e o Relatório Análise do Desem-penho, também foram revisitados, buscando o uso de uma linguagem mais simples e clara, para facilitar seu entendimento.

Também se destacam os esforços para garantir atendimento tempestivo

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aos acionistas. Em 2007, a revista Capital Aberto fez um teste com vários departamentos de RI com o propósito de avaliar o tempo de resposta ao investidor. O BB destacou-se com umas das melhores performances entre as empresas avaliadas.

Os acionistas contam ainda com funcionários treinados para sanar dú-vidas e executar transações em mais de 15 mil pontos de atendimen-to por todo o País. E vale ainda ressaltar o desdobramento (split) das ações do BB em junho de 2007, na proporção de 1:3. A medida propor-cionou a redução do preço do lote de ações e tornou mais fácil e de-mocrático o acesso dos investidores individuais aos papéis do BB. A Petrobras, premiada com o IR Magazine Brazil Awards 2007 pelo melhor programa de Relações com Investidores para Investidores Individuais, acrescentou também à sua coleção de prêmios em RI, no ano de 2007, as menções honrosas nas modalidades de website de RI e sustentabilidade só-cioambiental. A experiência desenvolvida pela companhia tendo como foco específi co o relacionamento com os acionistas pessoas físicas já tem, inclusi-ve, chamado a atenção de empresas do setor petrolífero de outros países da América Latina e também da África, entre outras, interessadas em conhecer de perto os mecanismos de atração e fi delização desses investidores. Voltada ao atendimento das necessidades do conjunto de seus acionistas e públicos estratégicos, a Petrobras tem como meta pulverizar cada vez mais a base de acionistas, ampliando o número de investidores individuais.

Entre suas estratégias de Relações com Investidores, está o constante apoio à disseminação da cultura de investimento para as pessoas físicas, bus-cando aumentar a base acionária de maneira consistente com as melhores práticas, ou seja, assegurando que o investidor individual receba tratamento equânime ao que é concedido aos investidores institucionais, a partir de uma política de comunicação efi ciente.

A Petrobras possui hoje mais de 500 mil acionistas/cotistas em sua base acionária, sendo que 90% desses são individuais e detentores de aproxima-damente 10% do capital social da companhia, em termos de quantidades de papéis. Para fi delizar e manter um relacionamento estreito com esses acionistas, a companhia dispõe de uma equipe de profi ssionais de RI alta-mente treinada e utiliza todas as ferramentas disponíveis para aperfeiçoar constantemente os resultados obtidos. Um dos destaques em sua política

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de RI é a manutenção de um espaço físico próprio para o relacionamento com as pessoas físicas – a Sala de Atendimento ao Acionista- localizada no edifício-sede da Companhia.

Além do call center, que funciona com um 0800 para responder e esclare-cer às dúvidas de acionistas e potenciais investidores, a empresa utiliza ainda um sistema de e-mail de contato com o mesmo propósito. Um sistema de alerta via e-mail envia os fatos relevantes emitidos pela Petrobras a todos os acionistas cadastrados.

A página do website dedicada exclusivamente às pessoas físicas é um dife-rencial expressivo, garantindo um espaço para discussão de preocupações es-pecífi cas desse público. Entre as dúvidas expostas com maior freqüência estão, por exemplo, as perguntas sobre resultados e pagamentos de dividendos.

O calendário de reuniões com analistas e investidores no circuito da Api-mec – Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capitais – é outra ferramenta que contribui para aperfeiçoar cada vez mais a comunicação com os investidores individuais.

A área de RI da Petrobras participa com regularidade dos eventos dirigi-dos ao investidor individual, incluindo seminários, feiras, como a Expomoney, palestras e debates. Com isso, procura contribuir para difundir o conceito do mercado acionário como investimento de longo prazo.

Nessa linha, a empresa apóia também as atividades desenvolvidas pe-las principais entidades e instituições do mercado, como a Bovespa, IBRI e Instituto Nacional dos Investidores (INI), na divulgação de seus programas educacionais. Outro aspecto fundamental para fortalecer o relacionamento com os investidores individuais tem sido a organização das apresentações públicas, em que são sempre destacadas as questões que afetam o investidor pessoa física. Nessas apresentações, são enfatizadas as características dos investimentos em ações e são apresentadas explicações didáticas sobre o horizonte de longo prazo que deve ser buscado por essas aplicações.

4- Relacionamento com Investidores Institucionais

Os investidores institucionais - fundos de pensão, fundos de investimento (assets) e fundos hedge – consideram essencial aplicar seus recursos ape-nas em companhias que mantenham um fl uxo de informações constante e

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sufi cientemente aberto, ou seja, em ativos que permitam maior visibilidade para as estratégias de médio e longo prazos. Esse é um segmento de público que apresenta exigências diferenciadas em relação aos investidores individu-ais e, em muitos casos, também entre si. Isto é, um fundo de pensão pode apresentar demanda específi ca de disclosure, diferente das exigências de um fundo de investimento. Algumas grandes fundações de previdência comple-mentar, inclusive, criaram e aplicam seus próprios códigos de governança corporativa em relação às empresas nas quais investem.

Para agregar valor e tornar as ações da companhia atraentes aos institucio-nais, o departamento de RI deve ser capaz de identifi car todas essas deman-das específi cas e estar pronto para atendê-las. Uma agenda movimentada funciona como alicerce para esse trabalho, incluindo reuniões constantes entre o departamento de RI e os institucionais, assim como a permanente atualização dos profi ssionais de RI em relação às exigências regulatórias e de auto-regulação que regem esses investidores.

Assim como acontece com os gestores profi ssionais de recursos e os analistas que operam nesse mercado – no cenário nacional ou internacional - os investidores institucionais precisam contar com canais de comunicação ágeis, fl uentes, efi cientes e desimpedidos, de modo integral. Atendimento telefônico e conference calls são instrumentos fundamentais e devem ser oferecidos pela área de RI como parte de sua rotina. O Unibanco, a Bra-sil Telecom e a TAM traduzem bem os avanços nesse sentido.

O Unibanco, listado na Bovespa desde 1968 e celebrando 10 anos de negociação na NYSE em 2007, considera que sua atuação junto aos investi-dores institucionais foi fundamental para atingir sua atual posição como uma das dez empresas de maior liquidez na bolsa paulista e como o ADR de maior volume diário negociado entre bancos brasileiros.

Entre os itens a ser desenvolvidos no relacionamento com investidores institucionais constam:

1) contato dos principais executivos com maior número possível de investidores – participar de conferências no Brasil e no exterior, pro-mover non-deal roadshows e organizar visitas nos escritórios e loca-ções de negócios da empresa;2) buscar cobertura de analistas de sell-side – manter relacionamen-to próximo com os analistas das corretoras, que são multiplicadores

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qualifi cados das informações da empresa, uma vez que seus relatórios podem atingir investidores institucionais visitados ou não pela com-panhia;3) mapeamento do perfi l da base de acionistas e potenciais investido-res – conhecer o perfi l de cada investidor institucional e suas motiva-ções nas decisões de compra ou venda de uma ação, utilizando um sistema de CRM para monitorar o relacionamento e garantir atendi-mento customizado;4) buscar diversidade na base de investidores institucionais – evitar concentração das ações em poucos grandes investidores. Para tal, uma boa estratégia de targeting, desenvolvida a partir de informações de perfi s dos investidores, é fundamental. A diversidade tende a mini-mizar a volatilidade da ação;5) excelência na qualidade dos materiais de divulgação e meios de in-formação – divulgar de forma ampla, objetiva e transparente as infor-mações desejadas pelos investidores. Os meios para essa divulgação podem facilitar o trabalho de RI, como um site de fácil navegação e atualizado, com os dados da companhia;6) construção de credibilidade – requer tempo, sinceridade, transpa-rência e competência do profi ssional de RI. Bons conhecimentos téc-nicos do negócio e de contabilidade são importantes, mas não bastam. Os itens citados, aliados à audição atenta de solicitações e opiniões, constroem uma relação de confi ança entre a empresa e o investidor, o que é fundamental, principalmente, em momentos de crise.

Esse é apenas um resumo do que é necessário para se chegar ao Estado da Arte com os investidores institucionais. É preciso um constante e exausti-vo trabalho, que faz parte do dia-a-dia de RI: transmitir a estratégia, explicar os números, ouvir atentamente e, desta forma, atender cada vez melhor aos investidores.

A adoção de novos processos de comunicação com seus diferentes públi-cos, entre eles o investidor institucional, está arraigada a um dos pilares que marcaram a chegada da atual administração da Brasil Telecom: a busca pela transparência. Ao lado de três outros motes (ética, eqüidade e prestação de contas), os executivos defi niram como um dos principais desafi os desta gestão reverter o quadro de desgaste na relação entre a operadora, investidores, ana-

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listas e formadores de opinião, acirrado em função da disputa societária. A partir da identifi cação da necessidade de se ampliar a quantidade de

informações disponíveis sobre a administração, a redução de custos e metas de curto e longo prazo da BrT, os gestores sincronizaram os trabalhos das diretorias para entregar valor ao acionista. Os resultados desses esforços já são perceptíveis. Ao se observar os números da operadora referentes a 2006, fi ca claro que o investidor voltou a acreditar nos papéis da Brasil Tele-com como bom investimento. As ações da companhia, entre janeiro de 2006 e janeiro de 2007, valorizaram em 52%, o que insere a BrT entre as maiores altas do Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).

A mesma tendência de alta se deu nos papéis negociados na bolsa de Nova Iorque (NYSE), os American Depositary Receipts (ADRs), nos mes-mos meses. A cotação aumentou de USD 28.16 para USD 51.35, crescimen-to de 82%. Outro dado que mensura a retomada da confi ança dos investido-res em relação à empresa diz respeito à liquidez, que refl ete maior grau de interesse nos respectivos títulos: chegou, em média, a 30 pregões de 236 mil para 331 mil ADR/dia, alta de 40% em ADRs em relação ao ano anterior.

Para chegar a esses números, a Brasil Telecom adotou novas práticas, alte-rou processos internos e revisou alguns procedimentos. A diretoria de Re-lações com Investidores integrou o rol das mudanças que passaram a fazer parte da nova cultura da BrT.

Um dos projetos desenvolvidos pela área foi a reformulação do site de RI. O novo portal foi elaborado para atender as necessidades dos visitantes de acordo com o tipo de perfi l (investidor institucional, analista ou pessoa física). Independentemente de quem acessa o portal, todos têm acesso aos últimos resultados da empresa, agenda da área de RI, apresentações e também a cotações das ações. No caso do investidor institucional, este terá à disposição o calendário de eventos, a cobertura dos analistas e suas estimativas, assim como os indicadores interativos, histórico de cotações e simulador de investimentos.

A intensifi cação dos contatos diretos com os acionistas, igualmente, fez parte das novidades com o propósito de estreitar o relacionamento com o investidor. Entre janeiro de 2006 e janeiro de 2007, a Brasil Telecom par-ticipou de 17 eventos voltados para os investidores, aos quais apresentou os resultados trimestrais por meio de teleconferências. No total, as reuniões

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para investidores atraíram 568 participantes únicos (em reuniões ou liga-ções), quantidade 34% superior à atingida em 2005 e 18% superior à meta estabelecida.

Foi apresentado, em cada evento, material expositivo com as mais recentes informações pertinentes. As publicações elaboradas para os investidores da Brasil Telecom (fact sheets, releases de resultados etc) tiveram a preocupa-ção de conter tudo que um analista gostaria de saber, da maneira mais clara possível, e de serem constantemente aprimoradas, como a apresentação de market share por Estado, fl uxo de caixa detalhado, dados operacionais e de investimentos, entre outros. O resultado do empenho pode ser detectado na nota de 4,5 em total de 5 atribuída às peças da Brasil Telecom em estudo de percepção realizado para o departamento de RI em 2006.

Investidores institucionais são geralmente sofi sticados em suas análises e demandam relativo esforço no relacionamento. Com seus modelos próprios, fazem análise fundamentalista da empresa e setor e conhecem os números com grau de detalhe elevado. Um grande desafi o para qualquer grupo de relações com investidores, os investidores institucionais possuem diferentes perfi s: alguns mais especulativos como os hedge funds, outros com horizon-te mais longo de investimento. Independentemente do perfi l, geralmente movimentam quantias elevadas de recursos e são fundamentais na base de acionistas para manter equilíbrio entre liquidez e volatilidade.

A TAM, desde sua oferta pública realizada em junho de 2005 na BOVESPA, busca aprimorar seu relacionamento com este público específi co, fundamen-tal para alinhar as expectativas do mercado com relação aos resultados e estratégia da empresa. Além do constante contato telefônico a equipe de RI participa de diversas conferências durante o ano, tanto no Brasil como no exterior. Essas conferências são a oportunidade que os investidores, princi-palmente institucionais, possuem para debater pessoalmente com os repre-sentantes da empresa.

Além das conferências, é mantido contato freqüente por meio de reuniões na sede da empresa, cafés e almoços com investidores e analistas. É política da TAM manter esta atividade freqüente, independentemente do momento da empresa – quer seja para agradecer o apoio, quer seja para prestar contas.

Em 2005, foi iniciada ainda a organização do TAM DAY. Neste evento, a empresa é apresentada aos investidores, principalmente institucionais, com

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outra perspectiva: executivos de outras áreas são convidados para apresen-tar seus planos de desenvolvimento, de forma que o investidor possa acessar mais detalhes da empresa, facilitando sua análise na valorização da mesma.

Além do contato pessoal com estes investidores, a TAM disponibiliza fer-ramentas de relacionamento, tais como website, segmentação de usuários para atender melhor aos diferentes públicos; elabora os relatórios gerenciais e webcast com a divulgação dos resultados de cada trimestre, e mantém comunicação freqüente com os investidores de forma geral através dos co-municados ao mercado (press releases).

As práticas adotadas pela TAM podem ser mensuradas na valorização da ação, que desde a oferta pública aumentaram signifi cativamente (cerca de 180%, em níveis atuais) considerando que a base de acionistas é bastante pulverizada (o free fl oat é de 45%) e a grande maioria composta por inves-tidores institucionais.

5- Novas Fronteiras em RI

Estruturar e remodelar o trabalho da área de RI é um trabalho que exige criatividade, talento, disciplina e um esforço constante de aprendizado para acompanhar o que há de novo em conceitos, práticas e ferramental tecno-lógico. Atualização é a palavra-chave para as equipes empenhadas em fazer com o que o RI ganhe efi ciência e, com isso, possa colocar a companhia em posição de disputar a atenção dos seus diversos públicos estratégicos. Criação de novas atribuições, reorganização do ponto de vista hierárquico, adoção de uma política de comunicação integrada e convergência com as demais áreas ligadas à sustentabilidade da companhia são alguns dos fatores capazes de promover o upgrade do departamento de RI. O Bradesco, a Nossa Caixa e a CPFL são alguns casos marcantes em que o RI está abrindo novas fronteiras.

O Bradesco tem alcançado sucesso diante do desafi o de ampliar a co-municação com seu público externo e, ao mesmo tempo, garantir maior transparência na divulgação de informações aos acionistas e investidores. Esse desempenho foi conquistado graças a um conjunto de ações adotadas, buscando fortalecer a posição de liderança da organização no mercado.

Uma das medidas de maior impacto foi a criação, há um ano e meio, da

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Diretoria de Relações com o Mercado (DRM), que passou a reunir de forma integrada as áreas de Relações com Investidores (RI) e de Responsabilidade Socioambiental (RSA). A atuação conjunta das duas equipes, prática ainda pouco usual no mercado, demonstra uma percepção lógica da sustentabili-dade – integrada ao próprio negócio. A atuação da área de RSA de forma convergente à de RI não representa uma estratégia isolada de governança corporativa, mas segue uma tendência de gestão que se consolida no mundo dos negócios.

Outra iniciativa de destaque se refere à abertura de um canal de comu-nicação específi co para atender às pessoas físicas – grupo de investidores que tem aumentado signifi cativamente sua presença no mercado de capitais. Entre outras ações para facilitar esse diálogo, o Bradesco organiza um chat trimestral no site de RI e disponibiliza um jornal eletrônico chamado “Acio-nista Sempre em Dia”.

Em alinhamento à política de qualidade e à preocupação com a me-lhora contínua de processos, a área de RI também obteve a certifi cação ISO 9001 em dezembro de 2003. Isso signifi ca que as atividades da área são realizadas dentro de rígidos padrões de qualidade e atendem a requi-sitos como a clareza na defi nição de processos e diretrizes, possibilitan-do que todos os colaboradores conheçam melhor as funções que exe-cutam, o papel que exercem e o que a organização espera de cada um. Estruturar uma área de Relações com Investidores antecipadamente à aber-tura de capital foi uma das decisões que marcaram uma nova etapa na his-tória do Banco Nossa Caixa. Com a promulgação, em julho de 2001, da Lei 10.853, que autorizou o Poder Executivo do Estado de São Paulo a alienar até 49% das ações de propriedade da Fazenda do Estado no capital social do Banco, a administração da companhia começou a se preparar para as mudanças administrativas decorrentes da decisão de abrir capital.

Assim, em 2002, o Banco Nossa Caixa – que, como instituição estatal, só pode contratar funcionários por meio de concurso público – optou por des-locar um profi ssional para se especializar no assunto. Instalou, então, em seu organograma, a Divisão de Relações com Investidores, subordinada inicial-mente à Diretoria de Controladoria e que, a partir de 2004, passou a fazer parte da Diretoria de Finanças e de Relações com Investidores.

Contrariando a tendência natural da maioria das empresas que, em meio

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à demanda excessiva de trabalho para estruturar o IPO e cumprir todas as exigências da Comissão de Valores Mobiliários, acabam deixando para a última hora a instalação da área de RI, o Banco Nossa Caixa teve um prazo de três anos para buscar a melhor estruturação para a área e, conseqüen-temente, melhor preparo para enfrentar o novo desafi o de atender bem ao público investidor.

Essa instalação prévia, somada à participação dos profi ssionais da área em diversos cursos oferecidos por instituições como BOVESPA, IBRI, ABRASCA e IBGC, além de contato direto com profi ssionais da CVM e de outras insti-tuições fi nanceiras de capital aberto, mostrou-se um importante diferencial, tanto no processo de estruturação do IPO, como na fase posterior à aber-tura do capital.

A implantação de um Planejamento Estratégico, em 2003, constituído por diversas ações para ampliar a presença da Instituição como banco de varejo competitivo, torná-la uma companhia de capital aberto e implementar as melhores práticas de governança corporativa, corroborou para a consolida-ção das atribuições da área de Relações com Investidores.

No início de 2005, veio a decisão do acionista majoritário de estruturar a Oferta Inicial de Ações do Banco. Coordenada pela Diretoria de Finanças e de Relações com Investidores, a equipe responsável contava com um pro-fi ssional de cada uma das seguintes áreas: Finanças, Contabilidade, Contro-ladoria, Jurídica, Estratégica e de Planejamento Empresarial, além, é claro, da profi ssional de RI que vinha se preparando desde 2002 para este evento.

Outra vantagem de antecipar a criação da área de RI foi a possibilidade de iniciar o contato com os investidores e analistas do mercado antes mesmo da abertura do capital, com a realização de encontro organizado pela APIMEC (Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capitais).

No início da estruturação da Oferta, já era claro que a preparação prévia da área de RI permitiu que houvesse tempo hábil para a disseminação do conhecimento sobre as alterações administrativas necessárias para adequa-ção às regras de uma companhia aberta. Tanto o acionista majoritário como os administradores do Banco estavam cientes dos desafi os a serem enfrenta-dos, da complexidade da estruturação da Oferta Inicial bem como das práticas a serem adotadas após a abertura de capital. As adequações administrativas

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internas deram-se, principalmente, no tocante ao fl uxo das informações. Todas as áreas do Banco foram envolvidas e a organização foi fundamental.

O desafi o de enfrentar a complexa estruturação de uma Oferta Inicial de Ações, com a organização de Data Room, participação em Due Dilligence e Road Show, elaboração dos prospectos, além de reuniões durante algu-mas madrugadas, teria sido ainda mais exaustivo caso o Banco tivesse que começar tudo do zero e precisasse, ainda, se preocupar com a instalação da nova área.

Finalmente, em outubro de 2005, o Banco Nossa Caixa tornou-se uma empresa de capital aberto. Numa iniciativa pioneira entre as instituições fi -nanceiras do país, foi a primeira a ingressar no segmento do Novo Mercado da BOVESPA, obrigando-se aos mais altos padrões de transparência, gover-nança corporativa e respeito aos acionistas minoritários.

Em seu esforço por adotar as melhores práticas de governança, o Banco Nossa Caixa implantou as Políticas de Ato ou Fato Relevante e de Nego-ciação de Valores Mobiliários, com adesão de todos os administradores e dos funcionários com acesso a informações privilegiadas. Além disso, busca manter uma comunicação pautada na transparência e na equidade com os analistas, investidores do mercado de capitais e público em geral. Como nova meta do Banco, destaca-se a sustentabilidade socioambiental, baseada na busca constante por medidas que contribuam para a melhoria da qua-lidade de vida das comunidades, combinada com a preservação do meio ambiente. Vale destacar que o Banco Nossa Caixa foi precursor na neutra-lização da emissão de carbono no Evento APIMEC - 2007, demonstrando, mais uma vez, que simples ações podem contribuir para a obtenção de excelentes resultados.

Como mensagem para as futuras companhias abertas, fi ca a expe-riência da Nossa Caixa de que empresa e investidores só têm a ganhar com a implantação antecipada da área de RI: adaptação mais tranqüila à nova realidade da instituição, cumprimento adequado de todas as exi-gências legais, e, como conseqüência mais vantajosa, a qualidade no re-lacionamento com o mercado, que, na verdade, é a razão de ser de RI. Holding do maior grupo privado do setor elétrico brasileiro, com atuação nos segmentos de distribuição, geração e comercialização de energia elétrica, a CPFL Energia tornou-se, em 2004, a primeira empresa deste setor a listar

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suas ações, simultaneamente, no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Nova Iorque, através de ADRs Nível III, ambos segmentos que reúnem empresas com os mais altos níveis de Governança Corporativa.

A Companhia adota práticas que superam as exigências legais, tais como a Política de Dividendos Diferenciada, que garante o pagamento de no míni-mo 50% do lucro líquido distribuído em base semestral, e o Relatório Anual, elaborado de acordo com diretrizes da Global Reporting Initiative - versão G3. As regras do Sarbanes-Oxley Act (SOX) são atendidas através da Certi-fi cação de Efetividade dos Controles Internos sobre Informações Financeiras pelo CEO e pelo CFO, Parecer dos Auditores Independentes (seções 302 e 404), Código de Ética e de Conduta Empresarial, e Conselho Fiscal com atribuições de Comitê de Auditoria. O Conselho de Administração realiza auto-avaliação anual (assim como o Conselho Fiscal), elege um conselheiro independente e possui três Comitês de Assessoramento.

A CPFL Energia é reconhecida pelo elevado nível de governança e in-tegra os principais índices do mercado, como o Índice de Governança Corporativa – IGC, Índice de Tag Along Diferenciado – ITAG – e o Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE, e possui uma estratégia solidamente defi nida, baseada em segurança, criação de valor aos seus acionistas e a sustentabilidade de seus negócios.

6- Política de Dividendos

Item valioso de governança, a política de pagamento de dividendos é cada vez mais aperfeiçoada pelas companhias brasileiras como instrumento que permite maximizar valor para os acionistas. Uma estratégia consistente de remuneração utiliza todos os mecanismos disponíveis no mercado para atin-gir esse objetivo, de modo coerente com as características e necessidades de cada companhia e, portanto, contribuindo para que sua estrutura de capital seja mantida saudável.

Nesse sentido, o papel desempenhado pela área de RI tem sido funda-mental para administrar as expectativas dos stakeholders, trabalhando para assegurar informações precisas e objetivas sobre os resultados da compa-nhia e sua política de remuneração dentro dos critérios de transparência e

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respeito aos direitos de todos os acionistas. Ao longo dos últimos dez anos, esse processo avançou signifi cativamente, conforme revelam os casos da Souza Cruz, Itaúsa e Comgás.

Sedimentar a tradição em governança corporativa é um exercício pratica-do diariamente pela Souza Cruz. Transcender a obrigatoriedade de informar tem sido uma tônica da empresa, que busca, através de comunicação efi cien-te, transparente e em tempo hábil, propiciar aos stakeholders o entendimen-to correto das diretrizes estratégicas do negócio.

Presente no Índice Bovespa ininterruptamente desde sua criação, em 1968, as ações da Souza Cruz foram registradas nas Bolsas do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, em 1946 e 1957. Durante todo este tempo, as ações da companhia têm fi rmado reputação de uma das melhores ações do mer-cado brasileiro, com uma política consistente de remuneração ao investidor.

Fato ainda raro no mercado brasileiro, desde 1914, o capital social da Souza Cruz é composto exclusivamente de ações ordinárias. O acionista controlador é o grupo BAT – British American Tobacco – com 75,3% do total. Os demais 24,7% das ações estão em poder dos minoritários.

Com uma política de pagar dividendos semestralmente, a Souza Cruz, em 1996, foi a primeira empresa do mercado brasileiro a instituir o pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP). Desde 2001, este pagamento tornou-se trimestral, depois de passar por um período em que ocorria semestralmente.

Em outubro de 2005,a Souza Cruz alterou seu Estatuto Social, estabele-cendo que os valores dos dividendos e dos juros sobre o capital próprio fossem atualizados pela taxa SELIC, a partir da data do balanço intermedi-ário ou do encerramento do exercício social em que foram apurados os resultados distribuídos, até o dia do início do pagamento.

O objetivo da administração foi criar um mecanismo que assegurasse aos acionistas da companhia capturar, no início de cada período de encerra-mento que resulte em distribuição de lucros, o custo de oportunidade dos recursos fi nanceiros que posteriormente lhes seriam atribuídos. Com isso, os acionistas poderiam, desde aquele instante, e antes mesmo de ser delibe-rado o pagamento das referidas verbas, se apropriar de ganhos fi nanceiros praticados no mercado, como se estivessem recebendo, naquele momento, os valores a que fazem jus.

Vale ainda destacar como um marco na história da remuneração de acio-

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nistas no Brasil, e também um bom exemplo da política de remuneração da Souza Cruz, a decisão tomada pela administração na década de 90 de focar nas atividades-fi m da companhia (fumo e cigarros), alienando a participação societária em diversas atividades importantes e rentáveis, como papel e ce-lulose. Em uma demonstração de respeito ao direito do acionista de defi nir sua estratégia de investimentos com liberdade, a Souza Cruz devolveu em dividendos 100% do resultado com estas operações de venda. Esta decisão demonstra o quanto a companhia respeita o acionista minoritário e mantém uma prática absolutamente consistente de remuneração.

Em suma, nos últimos onze anos a Souza Cruz vem adotando a política de remunerar os acionistas com recursos oriundos da operação, não ne-cessários à gestão ou expansão dos negócios. O montante distribuído, pelo regime de caixa, no período de janeiro de 1997 a outubro de 2007, foi de R$ 7,3 bilhões, representando, em média 98,6% do lucro líquido.

Além dessa prática, também aparecem como fatores que atraem investi-dores a sua forte estrutura patrimonial, os bons índices de produtividade e fl uxo de caixa com os quais opera e a efi ciência reconhecida em setores-chave, como distribuição.

A Itaúsa – Investimentos Itaú S.A. distribui JCP/Dividendos (a diferença em relação ao pagamento de Dividendos reside no efeito fi scal do JCP, que im-pacta positivamente o resultado, criando valor para o acionista) em periodi-cidade trimestral, além dos pagamentos complementares semestrais confor-me as divulgações dos resultados do conglomerado. Além da remuneração ao capital do acionista, a Itaúsa disponibiliza o Programa de Reinvestimento de Dividendos (PRD). Lançado em 2004, o PRD permite que o acionista invista automaticamente seus dividendos na compra de ações preferenciais ou ordinárias da empresa na qual é acionista, aumentando dessa maneira sua participação no capital da mesma.

Isso signifi ca que, ao aderir ao PRD, o investidor concederá à empresa o direito de utilizar o montante (defi nido pessoalmente e respeitando múl-tiplos de 10%) dos dividendos que seriam creditados em conta corrente para aquisição de ações no mercado. Vale lembrar que o PRD é um produto opcional, ou seja, não haverá nenhuma modifi cação na forma de crédito dos dividendos caso não haja adesão do investidor ao Programa.

Entre as vantagens dessa opção está o fato de que se trata de uma alter-

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nativa segura, efi ciente, sistemática e organizada de compra de ações. Ou-tra vantagem é combinar as ofertas individuais de compra de ações com as ofertas de todos os outros acionistas, da mesma empresa, que aderi-ram ao PRD, o que possibilita o aumento de volume de investimento e a conseqüente redução das tarifas de corretagem, comparadas a uma aqui-sição regular de ações. Por fi m, é um mecanismo que possibilita aumen-tar gradativamente a participação do acionista no capital da empresa e, com isso, aumentar também o valor dos dividendos aos quais tem direito. A Comgás possui defi nido em seu estatuto o pagamento de dividendo mínimo de 25% do lucro líquido após constituição de 5% de reserva legal. Além disso, no estatuto social da empresa está determinado que as ações preferenciais têm direito a dividendos 10% maiores do que os atribuídos às ações ordinárias. A distribuição de dividendos intermediários ou inter-calares é uma faculdade da Companhia, mediante aprovação do Conselho de Administração.

A empresa leva em conta a relação entre dividendos distribuídos e a qua-lidade dos investimentos realizados. Desde a privatização (1999) a Comgás investiu mais de R$ 2 bilhões e distribuiu aproximadamente R$ 1 bilhão em dividendos. O total de dividendos pagos pela empresa no ano de 2006 foi de R$ 330 milhões, sendo R$ 152 milhões referentes ao ano de 2005 e R$ 178 milhões como dividendos intercalares baseados no resultado do período.

Já no ano de 2007, além do montante de R$ 46 milhões pagos relativos aos lucros do primeiro semestre deste mesmo ano, na assembléia de 26 de Abril de 2007 os acionistas decidiram pela distribuição de mais R$ 239 milhões sobre o resultado de 2006 e lucros acumulados de exercícios anteriores, a ser pago em três parcelas: maio, agosto e novembro de 2007.

Nos anos de 2006 e 2005 a Comgás manteve um payout de 77% e 95%, respectivamente, superior aos 25% mínimos previstos pela Lei das S.A. A consistência da estratégia de pagamento de dividendos tem sido muito bem recebida pelo mercado. A Comgás tem como objetivo maximizar valor para todos os seus acionistas, mantendo a empresa com uma estrutura de ca-pital saudável e compatível com a atividade de distribuição de gás natural.

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O IBRI participa da coordenação do Comitê de Orientação para Divul-gação de Informações ao Mercado – CODIM ( www.codim.org.br) -, criado em 2005 como refl exo da evolução do mercado de capitais no Brasil e da conseqüente necessidade de atuação de um órgão capaz de disseminar as boas práticas de divulgação de informações. O objetivo do Comitê é oferecer orientação e sugestões às companhias abertas, profi ssionais de Relações com Investidores, analistas de investimentos, investidores, administradores de recur-sos, entre outros, sobre a maneira mais adequada de transmitir as informações das companhias ao mercado. Suas diretrizes têm como base o comprometi-mento com a qualidade, transparência, acessibilidade e detalhamento dos da-dos que serão divulgados pelas companhias aos seus diversos públicos.

De acordo com essa missão, o Comitê elabora pareceres de orientação - alinhados às melhores práticas de divulgação – e estabelece princípios bá-sicos utilizando recursos tecnológicos compatíveis com as necessidades dos agentes do mercado de capitais.

O CODIM é formado por 21 representantes – dois de cada uma das dez entidades que o compõem - além de um representante da Comissão de Valores Mobiliários, como membro observador. Participam do Comitê as seguintes entidades: ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias AbertasANBID – Associação Brasileira dos Bancos de InvestimentoANCOR – Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias.AMEC – Associação de Investidores no Mercado de CapitaisAPIMEC – Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de CapitaisBOVESPA - Bolsa de Valores de São PauloCFC – Conselho Federal de Contabilidade

Boas práticas de divulgação de informações – o trabalho do CODIM

APÊNDICE

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IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IBRI – Instituto Brasileiro de Relações com Investidores

Desde 2005 e até agosto de 2008, o CODIM já havia elaborado e divul-gado quatro pronunciamentos, abordando os temas Teleconferências; Apre-sentações Públicas Periódicas; Reuniões Restritas e Guidance. Além disso, estavam em fase de elaboração os temas Período de Silêncio (Quiet Period) e Ato ou Fato Relevante, além de uma extensa lista de temas ainda em etapa de discussão preliminar junto ao mercado.

A seguir, a íntegra de cada um dos quatro pronunciamentos divulgados:

Teleconferências – Pronunciamento de Orientação nº 01 – divulgado em 05/10/2005

Conceituação A teleconferência, ou ”conference call”, é um meio de comunicação efi -

ciente que as empresas têm utilizado para fornecer acesso e interatividade de maneira ampla e irrestrita, entre os administradores e os públicos estratégicos (acionistas, analistas, investidores, mídia, dentre outros) que devem receber in-formações e esclarecimentos de uma empresa, privilegiando a tempestividade, a eqüidade e a transparência. Pode ser realizada tanto através de telefone (te-leconferência), como pela Internet (webcast – transmissão do áudio ao vivo, com apresentação de “slides”), sendo preferível à utilização simultânea dos 2 (dois) meios para garantir uma maior disseminação e a eqüidade Melhores Práticas de Divulgação 1) Toda teleconferência deve ser pública, anunciada com antecedên-cia e de maneira ampla, permitindo o acesso e a interatividade de to-dos os públicos estratégicos da companhia. A companhia deve divul-gar amplamente uma linha telefônica e/ou e-mail (webcast - Internet); 2) A companhia aberta deve também utilizar os sistemas de comunicação formais dos órgãos reguladores e auto-reguladores para ampliar a divulgação da realização da teleconferência, bem como disponibilizar “links” do webcast para entidades, instituições e portais econômico-fi nanceiros; 3) A teleconferência é composta por duas partes – a apresentação inicial e a sessão de perguntas e respostas. A distribuição de tempo deverá ser sufi ciente para garantir o esclarecimento de todas as dúvidas dos participantes; 4) Para que seja produtiva a todos os interessados, a teleconferência so-bre a divulgação de resultados deve ser realizada em até 3 (três) dias úteis após a disponibilização das demonstrações contábeis aos órgãos reguladores; 5) A divulgação de um fato relevante deve sempre preceder a teleconferência. A teleconferência deve ser realizada, no menor prazo possível, após a divulgação de fato que tenha impacto material, visando disseminar as informações de for-ma plena, uniforme e simultânea. Exemplos ilustrativos de fatos que impactam

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a percepção do mercado de capitais são: aquisições, incorporações, fusões, re-estruturações administrativas, perdas e ganhos não esperados, dentre outros; 6) A companhia deve sempre realizar a teleconferência para o mercado bra-sileiro em português e, especifi camente naquela sobre divulgação de resulta-dos, seguindo a legislação societária brasileira. A companhia que fi zer telecon-ferência em quaisquer outros idiomas deve disponibilizar em seu website, o mais breve possível, a transcrição completa da apresentação, incluindo a ses-são de perguntas e respostas traduzidas para os idiomas utilizados, de manei-ra a dar acesso a todos os públicos que acompanharam as teleconferências; 7) Devido ao caráter público da teleconferência, nenhuma pergunta pode ser fi ltrada, ou seja, todas devem ser respondidas; 8) Todas as informações que possam modifi car as expectativas em relação à companhia devem ser entregues a CVM – Comissão de Valores Mobiliários – e amplamente divulgadas antes de uma teleconferência. Se, eventualmente, ocorrer a divulgação de alguma informação que possa interferir materialmen-te nas expectativas dos investidores durante a teleconferência, esta deve ser informada imediatamente aos órgãos reguladores e auto-reguladores e disse-minada ao mercado, bem como ser disponibilizada no “website” da companhia; 9) A política de arquivamento de teleconferência deve ser divulgada no “website” da companhia, devendo constar o período e formas de arquivamento do áudio, da apresentação, da transcrição da exposição e da sessão de perguntas e respostas; 10) A teleconferência deve também ser utilizada em reuniões públicas com investidores e profi ssionais de investimentos, com transmissão ao vivo e com total interatividade para perguntas e respostas.

Apresentações Públicas Periódicas – Pronunciamento de Orientação nº 02 – divulgado em 30/07/2007

EMENTA: APRESENTAÇÕES PÚBLICAS PERIÓDICAS SOBRE A COMPA-NHIA. AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO OFICIAL. NECESSIDADE DE PADRONIZAÇÃO DA FORMA PARA SUA REALIZAÇÃO, COMO FORMA DE CONTRIBUIR PARA A ADOÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE GOVER-NANÇA CORPORATIVA E PARA O CRESCIMENTO DO MERCADO.

O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado – CODIM –, com base em sua competência, torna público que, após subme-ter a matéria em audiência pública, aprovou, por decisão de seus membros em reunião realizada no dia 13 de julho de 2007, o presente Pronunciamento de Orientação, o que faz mediante os seguintes termos:Conceituação As “Apresentações Públicas Periódicas” são aquelas realizadas no âmbito de um cronograma prévio e específi co determinado pelas companhias abertas, exclusivamente com o objetivo de divulgar e esclarecer o mercado acerca de suas informações periódicas, fora do contexto de uma oferta pública. Representam uma das formas mais efi cientes das empresas prestarem

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informações e esclarecerem o mercado sobre sua performance passada e, principalmente, sobre suas perspectivas, bem como para receberem informações sobre as principais demandas dos seus públicos estratégicos (stakeholders), demonstrando, assim, o seu comprometimento com a trans-parência e interação com o mercado.

Essas reuniões podem ser direcionadas para públicos específi cos, tais como acionistas, analistas, investidores, veículos e profi ssionais da mídia, dentre outros, privilegiando a tempestividade, eqüidade e transparência das informações.

Neste instrumento os termos a seguir devem ser entendidos como: 1. “internet”, a rede mundial de computadores; 2. “website”, o endereço da companhia ou da entidade na “internet”; 3. “webcast”, transmissão de áudio, slides e imagens por intermédio da “Internet”; 4. “companhia”, aquela constituída sob a forma de sociedade por ações,

nos termos da Lei 6.404/76. Desta forma, para que possa ser atingido o fi m precípuo da informação de

qualidade, foram elaboradas as diretrizes a seguir :Da Forma do Convite e da Divulgação Prévia das Apresentações

1. A companhia deve anunciar com antecedência de 30 dias, e de maneira ampla, as seguintes informações sobre suas apresentações: (i) data, local e horário de sua realização; (ii) a qual público se destina; (iii) eventuais regras de acesso para os interessados, consignando limite numérico de participantes presenciais em função do tamanho do auditório; (iv) se haverá a transmissão pela “Internet”, através de sistema “webcast”, informando ostensivamente o endereço na “web”;

2. No anúncio das apresentações deverá ser previamente informada a po-lítica da companhia no que diz respeito à forma de registro de reuniões, no caso de serem gravadas, e como acessar as gravações e/ou transcrições, sem prejuízo de outras condições julgadas necessárias de serem explicitadas;

3. A companhia deve realizar ao menos uma apresentação pública durante cada exercício social devendo envidar seus melhores esforços para realizar apresentações em diferentes localidades, sendo sempre representada pelos seus mais altos executivos e em ao menos uma delas, ter a presença de seu principal executivo; Das Apresentações

4. Todas as reuniões devem contar com a presença de um representante da área de Relação com Investidores da companhia, que será o responsável pela apresentação e pelas informações nela prestadas, desde que emitidas em nome da companhia;

5. As apresentações, mesmo quando direcionadas a um público específi co, sempre se revestirão do caráter de abertas ao público em geral e se restrin-girão à divulgação, explicação ou abordagem de fatos previamente comunica-dos aos órgãos reguladores e auto-reguladores;

6. Por se tratar de apresentações desenvolvidas para o esclarecimento de determinado público, as reuniões deverão privilegiar a forma de comunicação

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mais adequada aos participantes; 7. As apresentações devem ter início com uma sessão expositiva, cujas

informações devem ser escritas em “slides”, e terminar com uma sessão de perguntas e respostas;

8. Com relação à sessão de perguntas e respostas, devido ao caráter pú-blico das reuniões, nenhuma pergunta relacionada, direta ou indiretamente, ao(s) tema(s) previamente comunicado(s) aos órgãos reguladores e autore-guladores poderá ser fi ltrada, ou seja, todas devem ser respondidas. No caso de transmissão via “webcast”, a companhia deve divulgar, amplamente, e-mail para os participantes realizarem perguntas com total interatividade. Caso não haja tempo sufi ciente para responder todas as perguntas recebidas durante as reuniões, a companhia deve alocá-las junto com as demais perguntas e respostas no seu “website”;

9. A companhia disponibilizará, concomitantemente, a apresentação dos “slides” utilizados em seu inteiro teor no seu “website” e, também os enviará, para os órgãos reguladores e auto-reguladores, através do sistema IPE (Infor-mações Periódicas e Eventuais) e, posteriormente, deve alocar o áudio e/ou a transcrição do evento em seu “website”. Caso a empresa realize outra apre-sentação pública com o mesmo conteúdo não haverá necessidade de dispo-nibilizar todo o evento no “website”. Entretanto, deve disponibilizar em seu “website” o áudio da sessão de perguntas e/ou sua respectiva transcrição;

10. Caso ocorra, no decorrer de uma reunião, a divulgação de informa-ção relevante, não pública, que possa modifi car as expectativas em relação à companhia, e especialmente infl uir na cotação de seus valores mobiliários ou a eles referenciados ou na decisão dos investidores de comprar, vender ou manter aqueles valores mobiliários; ou na decisão dos investidores de exercer quaisquer direitos inerentes à condição de titular desses valores mobiliários, o representante da área de Relação com Investidores deverá providenciar, de imediato, a divulgação da informação anteriormente mencionada aos órgãos reguladores e auto-reguladores, disseminá-la junto ao mercado e disponibili-zá-la no “website” da companhia nos termos da Instrução CVM Nº 358.

São Paulo, 13 de julho de 2007. Coordenadores:Geraldo SoaresHaroldo Reginaldo Levy Neto

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Reuniões Restritas – Pronunciamento de Orientação nº 03 – divulgado em 26/11/2007

EMENTA: REUNIÕES RESTRITAS. NECESSIDADE DE PADRONIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA SUA REALIZAÇÃO, COMO FORMA DE CONTRIBUIR PARA A ADOÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE GOVERNAN-ÇA CORPORATIVA QUE FORTALEÇAM CRITÉRIOS DE CONFIANÇA E O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO.

O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado – CODIM, com base em sua competência, torna público que, após submeter a matéria em audiência pública, aprovou, por decisão de seus membros em reunião realizada no dia 26 de setembro de 2007, o presente Pronunciamen-to de Orientação, o que faz mediante os seguintes termos:

ConceituaçãoAs Reuniões Restritas objetivam prestar informações, esclarecer e atualizar

interlocutores legitimamente interessados na performance das Companhias Abertas. Caracterizam as Reuniões Restritas encontros, presenciais ou por outros meios de comunicação, no país ou no exterior, com indivíduos ou pequenos grupos, sejam estes profi ssionais de investimentos, acionistas, in-vestidores, mídia e outros grupos que a Companhia entenda ser importante para suas atividades. Independente da sua natureza, todos os grupos devem ser atendidos dentro do âmbito deste Pronunciamento de Orientação de Conduta e de forma igualitária.Dos Objetivos

1. O propósito deste Pronunciamento de Orientação de Conduta é o de evitar a divulgação seletiva ou segmentada de informações relevantes, ou seja, informações ainda não devidamente tornadas de conhecimento público. Das Reuniões Restritas e da Ampliação da Política de Divulgação de Infor-mações ao Mercado

2. Empresas listadas em bolsa devem evitar quaisquer improvisações na sua troca de informações com terceiros.

3. Idealmente, toda Companhia de capital aberto deve buscar inserir em sua “Política de Divulgação de Informações ao Mercado” instruções especí-fi cas sobre Reuniões Restritas: representantes ofi ciais, conduta, temas aceitá-veis ou não, períodos de realização etc., a fi m de normatizar internamente a sua conduta de relacionamento com os profi ssionais de investimentos e com o mercado em geral. Cabe ressaltar que a política de divulgação é obrigatória conforme instrução CVM 358.

4. Para evitar a proliferação de Reuniões Restritas realizadas por pessoas não autorizadas, temáticas inadequadas, fornecimento de dados ou números gerenciais não comprováveis e não contábeis, entre outros, a Política deve de-terminar que a Área de RI da Companhia seja sempre o principal contato e o interlocutor preferencial da Companhia com os representantes do mercado. De Como Lidar com “Vazamentos” Durante as Reuniões Restritas

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5. Caso uma divulgação involuntária sobre fato relevante não público tenha ocorrido, no Brasil ou no exterior, durante uma Reunião Restrita, deve ser feita a sua divulgação “imediata”, “homogênea” e “simultânea” aos órgãos re-guladores, às bolsas de valores em que os valores mobiliários da Companhia sejam listados, ao mercado em geral – inclusive para as agências especializa-das em comunicação fi nanceira –, bem como no “website” da Companhia, nos termos da Instrução CVM 358. Das Orientações Gerais de Conduta

6. Limitar o número de porta-vozes autorizados da Companhia e informar os demais colaboradores que não devem se comunicar com profi ssionais de investimentos e outros participantes do mercado ou mídia, exceto quando expressamente autorizados e orientados a fazê-lo.

7. A Companhia deve manter um registro desses porta-vozes autorizados e informar os interessados em obter as suas informações.

8. A Companhia deve registrar o teor das informações trocadas nas Reu-niões Restritas, com o objetivo de resguardar responsabilidades dos partici-pantes. Se ocorrer algum deslize ou vazamento de informação involuntária, este fato – em especial – deve ser registrado. Fica a critério da Companhia a escolha do instrumento de registro que melhor lhe convier.

9. Nas Reuniões Restritas, os comentários sobre a performance da Com-panhia devem concentrar-se nas informações divulgadas anteriormente e procurar focar o longo prazo. Devem ser destacadas informações relativas à estratégia, dados operacionais e setoriais, missões, metas, fi losofi a de admi-nistração, pontos fortes e fracos da administração, tendências dos negócios, vantagens e desvantagens competitivas.

10. Informações complementares, que não se enquadram como Fato Re-levante, mas são úteis ao entendimento dos negócios e das perspectivas da Companhia para a formatação de cenários para as projeções, também de-vem ser amplamente divulgadas após a sua revelação, caso não tenham sido informadas anteriormente.

11. Em Reuniões Restritas só devem ser abordadas projeções de resulta-dos, quando as mesmas tenham sido divulgadas anteriormente. Os demais comentários apresentados pela Companhia devem se basear nos Relatórios Contábeis sobre os trimestres anteriores, já devidamente e amplamente ar-quivados e divulgados.

12. Durante as Reuniões Restritas, tão importante quanto nas Apresenta-ções Públicas Periódicas, os porta-vozes autorizados da Companhia devem se preocupar em adequar a sua postura através da linguagem corporal e o uso de entonação de voz às mensagens que estejam sendo transmitidas para não causar distorções ou induções nas interpretações dos seus interlocutores. Da Análise de Modelos Matemáticos Durante Reuniões Restritas

13. Se o profi ssional de investimentos solicitar comentários sobre o Mode-lo de Projeção e as premissas utilizadas por ele(a), a análise dos profi ssionais de RI deve se restringir a comentários conceituais, sem abordar os números

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projetados, e sobre eventuais erros de interpretação do(s) interlocutor(es) em relação a fatos históricos que sejam de domínio público e a informações já publicadas, utilizadas na modelagem propriamente dita deste profi ssional de investimentos.

14. De acordo com o item 9 acima, se for necessário um nível de corre-ção mais detalhado ou específi co, procurar basear a orientação adicional em divulgações prévias de dados – de preferência realizadas em conferências telefônicas ou apresentações ao mercado amplamente divulgadas – ou já arquivadas adequadamente e, portanto, de domínio público. Da Representação Adequada Durante Reuniões Restritas

15. Deve sempre participar das Reuniões Restritas o Diretor de Relações com Investidores da Companhia ou alguém designado da Equipe de RI, intei-ramente familiarizado com os materiais arquivados previamente pela Com-panhia, bem como com sua Política de Divulgação, sem prejuízo da participa-ção conjunta de outros executivos preparados para esta tarefa.

16. Este representante da Área de RI deverá estar habilitado a: • Negar-se a responder perguntas capciosas, inclusive sobre temas confi -

denciais, quando estas forem feitas a fi m de provocar o “vazamento” de uma informação relevante;

• Identifi car se uma informação importante foi involuntariamente “vazada”; • Implementar as primeiras medidas para corrigir este grave erro de

conduta, através da divulgação “imediata”, “homogênea” e “simultânea” – ao público em geral – daquela mesma informação eventualmente “vazada” na reunião em questão. Dos Preparativos para Reuniões Restritas

17. As Áreas de RI das Companhias devem planejar rotineiramente reu-niões preparatórias e prévias com os dirigentes da sua Companhia para, em conjunto, elaborar os roteiros para os vários modelos de Reuniões Restritas futuras com seus diversos públicos.

18. Idealmente, tais roteiros e os eventuais materiais a serem utilizados nas Reuniões Restritas, tais como apresentações da Companhia, “fl yers”, “hand-outs” etc. devem ser revistos periodicamente pelos responsáveis da Companhia, que devem poder opinar sobre a sua validade, sugerir eventuais alterações ou mesmo bloquear o seu uso. Das Recomendações Adicionais para Reuniões Restritas

19. Caso um dirigente graduado da Companhia participe de uma Reunião Restrita, sem ninguém mais presente por parte da Companhia, recomenda-se que o Diretor de Relações com Investidores procure averiguar ocorrência ou não de eventual divulgação não-intencional de informações sigilosas durante o contato com o interlocutor externo.

20. As áreas de RI devem ser treinadas quanto ao tratamento a ser dado às perguntas delicadas por parte do Mercado ou da Mídia e para negociar um período de tempo limitado com os interessados, a fi m de poder efetuar consultas internas, obter confi rmações, correções ou justifi cativas, além de

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poder obter orientação de ordem legal, se necessário. 21. Durante Reuniões Restritas a Companhia deve se abster de comentar

rumores de mercado ou notícias infundadas. São Paulo, 26 de setembro de 2007. CoordenadoresGeraldo SoaresHaroldo R Levy Neto

Guidance – Pronunciamento de Orientação nº 04 – divulgado em 17/04/2008

EMENTA: MELHORES PRÁTICAS DE DIVULGAÇÃO DE INFORMA-ÇÕES SOBRE O DESEMPENHO FUTURO DA COMPANHIA – GUIDAN-CE. NECESSIDADE DE PADRONIZAÇÃO DE DIVULGAÇÃO, COMO FORMA DE CONTRIBUIR PARA A ADOÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES E GOVERNANÇA CORPORATIVA.

O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado – CODIM –, com base em sua competência, torna público que, após subme-ter a matéria à audiência pública, aprovou, por decisão de seus membros em reunião realizada no dia 03 de abril de 2008, o presente Pronunciamento de Orientação, o que faz mediante os seguintes termos:

ConceituaçãoNeste instrumento os termos a seguir devem ser entendidos como:a. website: o endereço eletrônico da companhia ou entidade na internet;b. internet: a rede mundial de computadores; c. fi nancial releases: informações fi nanceiras divulgadas na mídia e prestadas

pelas companhias;d. EBITDA: lucro líquido antes do imposto de renda e da contribuição

social, do resultado fi nanceiro líquido, das despesas de depreciação e amorti-zação (sem ajustes), e do resultado não operacional;

e. companhia: aquela constituída sob a forma de ações, nos termos da Lei 6.404/76. Pronunciamento

A palavra inglesa guidance não encontra semelhante na língua portuguesa e sua tradução literal mais próxima seria “orientação”.

Na língua inglesa, mais especifi camente nos mercados fi nanceiro e de capitais norte-americanos, a palavra guidance é usada como uma abreviação para ear-nings guidance, que consiste em orientação sobre o resultado fi nanceiro, muitas vezes divulgada através do indicador earnings per share (lucro por ação).

Neste pronunciamento, guidance deverá ser compreendido como: “qual-quer informação prospectiva de natureza quantitativa ou qualitativa, forneci-da pela companhia, sobre seu desempenho futuro”.

A prática do guidance é utilizada pelas companhias com o objetivo de:a) aproximar a realidade experimentada por elas à expectativa do mer-

cado; e,

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b) orientar públicos específi cos, tais como acionistas, investidores, profi ssio-nais da mídia, analistas e outros profi ssionais de investimentos, dentre outros.

O uso do guidance deve ser revestido de signifi cativa prudência, de modo a não gerar expectativas indevidas dos investidores, bem como responsabi-lização junto a órgãos reguladores. Sua utilização por parte das empresas é opcional mas, uma vez utilizado, estas deverão sempre assegurar a observân-cia de eqüidade, consistência e freqüência.

As diretrizes a seguir foram elaboradas com o objetivo de orientar as companhias que optarem por adotar essa prática de governança corporativa de forma a atingir o fi m precípuo da informação de qualidade.

1. Política de Guidancea) A companhia deve informar ao mercado que pretende divulgar seu

guidance, sendo que deverá explicitar, pelo menos:i) a freqüência a ser adotada, se anual, trimestral e/ou outra periodicidade;ii) qual tipo de guidance será fornecido habitualmente, qualitativo e/ou

quantitativo;iii) o período contemplado nas informações sobre o desempenho futuro

apresentadas;iv) se há restrição quanto à divulgação de guidance em determinados mo-

mentos, como por exemplo, no período de silêncio que antecede a divulga-ção de resultados trimestrais/anual ou de fato relevante;

v) qual o prazo dessa restrição;b) Essa Política de Guidance deverá ser incluída na Política de Divulgação

de Ato e Fato Relevante adotada pela companhia, pois, conforme previsto na regulamentação vigente, a divulgação ou a modifi cação de projeções divulga-das pela companhia classifi ca-se como Fato Relevante.

c) A política adotada pela companhia deverá ser amplamente divulgada ao mercado, pelo menos quando da primeira comunicação do guidance da empresa, devendo ser atualizada sempre que venha a sofrer alteração de quaisquer dos itens descritos acima.

2. Eqüidadea) A companhia deverá divulgar sua Política de Guidance, o seu guidance,

bem como todas as atualizações, de forma ampla, equânime e simultânea para todos os agentes do mercado, devendo, para tanto, disponibilizar tais informações utilizando os meios previstos na regulamentação vigente tais como sistema IPE – Informações Periódicas e Eventuais – e pelo Sistema IAN, DFP, ITR. Outras ferramentas adicionais que possam ajudar na disseminação dessas informações também devem ser utilizadas, tais como, entre outras, o website da companhia e fi nancial releases,

b) Para a companhia que possui valores mobiliários emitidos em outros países, essas informações deverão igualmente ser comunicadas aos órgãos re-guladores locais, além de utilizar os demais meios de comunicação disponíveis.

c) Caso alguma informação relevante sobre a perspectiva da companhia seja divulgada sem a devida eqüidade, caberá ao responsável pela área de

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Relações com Investidores garantir a sua imediata disseminação a todos os agentes do mercado através das ferramentas acima mencionadas.

3. Forma e Consistência a) A companhia deverá manter os parâmetros utilizados para divulgar as

perspectivas futuras com o objetivo de dar consistência a informação e faci-litar o entendimento dos participantes do mercado.

b) O guidance deverá ser bem fundamentado, contendo as premissas que o originaram, conforme exigido pela regulamentação vigente, abrangendo ques-tões de mercado, macro-econômicas, regulatórias e setoriais de cada compa-nhia, sempre utilizando fonte de informações idôneas para se resguardar.

c) A companhia deverá inserir no comunicado em que divulgar o guidance uma advertência de que o guidance contém declarações prospectivas, as quais estão sujeitas a riscos e incertezas, pois foram baseadas em crenças e premissas da administração e em informações disponíveis no mercado na-quele momento. Os agentes do mercado deverão ser alertados de que os resultados futuros podem ser substancialmente diferentes daqueles expres-sos no guidance.

4. Freqüênciaa) A companhia deverá apresentar, de acordo com a regulamentação vi-

gente, junto às demonstrações fi nanceiras trimestrais, o confronto entre o realizado e o projetado indicando os motivos que levaram ao desvio, caso houver.

b) Objetivando e privilegiando a análise de longo prazo, o guidance deve compreender, sempre que possível, um período de, no mínimo, 12 meses, devendo a companhia realizar revisões sempre que achar necessário.

c) Caso tenha que alterar a freqüência de divulgação ou do período proje-tado para o guidance, a companhia deve justifi car esta mudança.

5. Alteraçãoa) Quando do acontecimento de fatos ou eventos extraordinários, e que

impactem de modo direto nas atividades ou resultados da companhia, esta deverá dar plena publicidade ao fato, por meio de divulgação de fato relevante, corrigindo as premissas do guidance, explicitando os principais motivos para a alteração do guidance, conforme exigência da regulamentação vigente.

b) A companhia deve apresentar correções de seu guidance em qualquer momento que notar divergência signifi cativa entre as informações sobre o desempenho futuro apresentadas e a realidade atual da companhia, equali-zando assim as expectativas de todos os usuários das informações (guidance negativo), de acordo com o previsto na regulamentação vigente.

6. Responsabilidades na divulgação de informações ao mercadoa) A Administração e a Área de Relações com Investidores devem, ao

divulgar guidance, estar cientes da responsabilidade legal da Administração, conforme previsto no artigo 157, parágrafo 4 da Lei 6404/76, bem como das implicações quanto à reputação, imagem e credibilidade da companhia. A administração responde perante a companhia e os acionistas pelos danos

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que lhes causarem decorrente da divulgação de informações sobre o desem-penho futuro não consistente com o desempenho efetivamente atingido pela companhia, salvo na ocorrência de fatores que não poderiam ser razoavel-mente esperados , controlados ou previstos pela companhia.

b) A responsabilidade pode ser maior ainda quando se tratar de projeção fi nanceira, seja um fl uxo de caixa ou uma informação pontual (tal como Lucro por Ação - LPA e EBITDA), em função das implicações legais que tais projeções podem acarretar à companhia, que pode ser questionada pelos ór-gãos reguladores em que seus valores mobiliários estão listados. A companhia que resolver fornecer essas informações deverá efetuar uma análise criteriosa dos benefícios dessa divulgação.

c) A companhia deve ter cuidado especial ao divulgar antecipadamente informações sobre seu desempenho ainda não auditadas ou revisadas por auditores independentes.

São Paulo, 17 de abril de 2007. CoordenadoresGeraldo SoaresHaroldo R Levy Neto

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Pesquisa IBRI & Revista Exame - 2007

Amostra: 34 empresas

Faturamento das empresas que responderam à pesquisa: 32 respostas3,1% Até R$ 100 Milhões53,1% De R$ 100 a R$ 500 Milhões3,1% De R$ 501 Milhões a R$ 1 Bilhão31,3% De R$ 1 Bi a R$ 5 Bi9,4% Mais de R$ 5 Bilhões

Número de funcionários: 33 respostas9,1% Até 10021,2% De 101 a 5009,1% De 501 a 100024,2% De 1001 a 500036,4% Mais de 5000

Cargo do responsável pelas respostas - 34 respostas20,6% Diretor Financeiro/DRI2,9% Superintendente de RI52,9% Gerente de RI2,9% Supervisor de RI14,7% Analistas de RI5,9% Outros

1. Qual a principal razão que levou a empresa a abrir o capital?11,8% Solução da questão sucessória79,4% Necessidade de capital para a ampliação dos negócios0,0% Evitar que a empresa seja comprada por um dos concorrentes no médio/longo prazo2,9% Evitar que a empresa perca fatia de mercado diante da competição acirrada5,9% Plano de internacionalização

2. Quanto custou todo o processo de abertura de capital? (Em R$) - 32 empresas responderam34,4% Até 10 Milhões15,6% De 11 a 20 Milhões28,1% De 21 a 30 Milhões21,9% Mais de 30 MilhõesMédia 19,6 Milhões

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3. Quanto tempo transcorreu entre a decisão de fazer o IPO e a emissão das ações?78,8% Menos de 1 ano12,1% Entre 1 e 2 anos6,1% Entre 2 e 3 anos0,0% Entre 4 e 5 anos3,0% Mais de 5 anos

4. Quantos departamentos foram criados após a empresa começar a preparação para o IPO?11,8% Nenhum67,6% 1 ou 211,8% 3 ou 40,0% 4 ou 58,8% Mais de 5

5. Quantos empregos foram criados após a empresa começar a preparação para o IPO até o presente momento?9,1% Nenhum54,5% Até 5012,2% Entre 51 e 1000,0% Entre 101 e 20024,2% Mais de 200

6. Quantos desses cargos na direção? 31 respostas29,0% Nenhum45,2% 125,8% Mais de 1Quantos na área gerencial? 29 respostas48,3% Até 127,6% 2 a 524,1% Mais de 5

7. Quantos desses cargos na direção/gerência foram preenchidos por membros das famílias controladoras?87,9% Nenhum12,1% 1 a 30,0% 4 ou 50,0% 6 ou 70,0% Mais de 7

8. Quantos desses cargos na direção/gerência foram preenchidos por profi ssionais quetiveram de ser contratados no mercado?15,2% Nenhum

Pesquisa IBRI & Revista Exame - 2007

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48,5% 1 a 312,1% 4 ou 53,0% 6 ou 721,2% Mais de 7

9. Qual foi o novo cargo mais difi cil de ser preenchido? 17 respostas58,8% Gerente/Diretor de RI/CFO41,2% Outros

10. Quanto tempo esse cargo demorou para ser preenchido ?36,4% Menos de 2 meses31,8% 2 ou 4 meses9,1% 4 ou 6 meses13,6% 6 ou 8 meses9,1% Mais de 8 meses

11.1. Quando foi contratado o diretor de RI?35,3% Antes do IPO2,9% Depois do IPO61,8% O cargo de DRI foi acumulado por outra Diretoria já existente11.2. Quanto tempo a empresa levou para contratar o diretor de RI?36,4% Menos de 2 meses36,4% Entre 2 e 4 meses27,2% Entre 4 e 6 meses0,0% Entre 6 e 8 meses0,0% Mais de 8 meses

12.1. O primeiro diretor de RI continua no cargo70,6% Sim29,4% Não12.2. Se já houve troca do diretor de RI, quanto tempo a empresa levou para contratar oatual diretor de RI?55,6% Menos de 2 meses11,1% Entre 2 e 4 meses11,1% Entre 4 e 6 meses0,0% Entre 6 e 8 meses22,2% Mais de 8 meses

13. Qual a formação do atual diretor de RI ?27,3% Engenheiro39,4% Administrador24,2% Economista6,1% Advogado3,0% Outro (Contador)

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14. A quem ele se reporta?79,5% Presidência14,7% Conselho2,9% Diretoria2,9% Outro (DRI é VP da Diretoria e do Conselho de Administração)

15. Qual o tamanho da equipe de RI (incluindo o Diretor Estatutário de RI)?17,6% Até 2 pessoas50,0% 3 pessoas17,6% 4 pessoas11,9% Entre 5 e 7 pessoas2,9% Mais de 7 pessoas

16. A empresa tinha orçamento dividido por departamentos antes de começar a preparação para o IPO?72,7% Sim27,3% Não

17. Qual era o horizonte do planejamento da empresa antes do IPO?3,0% Até 6 meses33,4% 1 ano21,2% Entre 1 e 3 anos21,2% Entre 3 e 5 anos21,2% Mais de 5 anos

18. Qual é o horizonte do planejamento da empresa após o IPO?0,0% Até 6 meses9,2% 1 ano33,3% Entre 1 e 3 anos24,2% Entre 3 e 5 anos33,3% Mais de 5 anos

19. A empresa tinha auditoria interna antes do IPO?51,5% Sim48,5% Não

20. A empresa tinha auditoria externa antes do IPO?85,3% Sim14,7% Não

21. Em relação à tomada de crédito junto às instituições fi nanceiras, o (a) senhor(a) diria que:21.1 Houve aumento da quantidade de linhas de crédito disponíveis em função

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de melhorias realizadas no processo de preparação para o IPO.80,6% Sim19,4% Não

21.2 Houve uma queda no custo de captação em função de melhorias realizadas no processo de preparação para o IPO.46,9% Sim Queda em até 5% 27,3%53,1% Não (11 resp.) de 6% a 10% 36,4%Mais de 10% 36,4%

22. A empresa tinha conselho de administração antes do IPO?58,8% Sim41,2% Não

23. Que porcentagem dos conselheiros era independente?44,0% Até 10%24,0% Entre 10% e 20%20,0% Entre 20% e 30%0,0% Entre 30% e 40%12,0% Mais de 40%

24. Que porcentagem dos atuais conselheiros é independente?0,0% Até 10%26,4% Entre 10% e 20%29,4% Entre 20% e 30%11,8% Entre 30% e 40%32,4% Mais de 40%

25. Depois do IPO as reuniões de conselho se tornaram mais freqüentes?77,4% Sim22,6% Não

26. O conselho se tornou mais ativo?67,7% Sim32,3% Não

27. A empresa publicava relatório anual antes do IPO?29,4% Sim70,6% Não

28. A empresa passou a publicar relatório anual após o IPO?82,8% Sim17,2% Não

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29. As decisões estratégicas são tomadas mais lentamente do que eram antes do IPO?3,1% Sim96,9% Não

30. A pressão sobre a diretoria aumentou?84,4% Sim15,6% Não

31. Os antigos controladores passaram a ter menor infl uência na conduçãoda companhia?43,8% Sim56,3% Não

32. As atividades como planejamento estratégico e defi nição de orçamento fi caram mais estruturadas?84,4% Sim15,6% Não

33. A empresa mudou a forma de se comunicar com seus funcionários (fornecendo dados fi nanceiros sobre seu desempenho, por exemplo)?81,2% Sim18,8% Não

34. Quais as principais mudanças nas atividades cotidianas da alta direção?46,9% É preciso investir muito tempo com investidores15,6% É preciso participar de reuniões com acionistas25,0% É preciso participar de conferências com analistas12,5% Nenhuma das alternativas acima (não houve mudanças signifi cativas / todas asalternativas anteriores(2 respostas) / participar de reuniões com acionistas e analistas)

35. Quanto a empresa gasta por ano para ser uma companhia aberta? (Em R$) - (24 respostas)38,0% Até 1Milhão38,0% de 1 a 2 Milhões16,0% de 3 a 5 Milhões8,0% Mais de 5 Milhões

36. Qual o maior benefício obtido com a abertura de capital?54,5% Capitalização12,1% Aumento da efi ciência21,2% Profi ssionalização6,1% Planejamento6,1% Nenhumas das alternativas acima (resposta: todas as anteriores)

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37. Qual a maior difi culdade causada pelo IPO (comparando-se à antiga condição de empresa fechada)?3,1% Investe-se muito tempo com os acionistas9,4% Gasta-se muito para manter a empresa aberta0,0% Todas decisões precisam ser planejadas demais, o que acaba por tirar a agilidade donegócio. Em alguns casos, a empresa já perdeu boas oportunidades que não costumava perder9,4% O compromisso com o retorno imediato para o acionista é uma faca sobre a cabeça da direção50,0% Exposição ampla das informações da empresa comparadas com as concorrentes de capital fechado28,1% Nenhuma das alternativas acima ** Manter o padrão das informações sempre no mesmo padrão de confi abilidade Um pouco de todas elas Informação precisa ser tratada com muito mais cuidado.

38. Deixar de ser uma empresa fechada para se tornar uma empresa aberta é um proces-so difícil. Qual é o maior erro que a sua empresa cometeu nesse processo? 13 respostas15,4% Não ter aberto o capital antes15,4% Não ter estruturado melhor os processos internos da empresa15,4% Não ter preparado melhor a base de funcionários46,2% Não houve erro relevante7,7% Falta de comunicação adequada com o mercado implicou em resultados abaixo das expectativas

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Alta direção - Abrange executivos ou líderes de escalões superiores, que compartilham a responsabilidade principal pelo desempenho e pelos resultados da organização. Usualmente refere-se ao Conselho de Administração e diretoria executiva.

American Depositary Receipt - Os ADRs (American Depositary Receipts) são papéis emi-tidos e negociados no mercado de capitais dos Estados Unidos (EUA), com lastro em ações de uma empresa não norte-americana.

Assembléia Geral Extraordinária (AGE) - Reunião dos acionistas de uma empresa em cará-ter extraordinário. Esta convocação não é obrigatória.

Assembléia Geral Ordinária (AGO) - Reunião dos acionistas de uma empresa, cuja convo-cação é obrigatória, para verifi cação dos resultados, leitura, discussão e votação dos relatórios de diretoria e eleição do conselho fi scal da diretoria desta sociedade anônima.

Balanço - Documento que expõe o desempenho econômico, fi nanceiro e patrimonial da organização, relativo ao seu exercício social encerrado ao término deste e contendo todos os registros contábeis levantados. Formaliza legalmente o encerramento das operações relativas ao período de um ano.

Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade - Documento que divulga atividades corpo-rativas com base nos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental ao longo do exercício. É uma ferramenta que amplia o diálogo com todos os públicos estra-tégicos da empresa e com a sociedade em geral. Além disso, é um instrumento de auto-ava-liação da companhia, permitindo visualizar melhor a estratégia e a gestão e o alinhamento da missão, dos valores e objetivos presentes e futuros.

Benchmark - Expressão em inglês que signifi ca ponto de referência. É usada como base de comparação para um produto, um serviço ou taxas de rentabilidade.

Bolsa de Valores Sociais - A Bolsa de Valores Sociais (BVS) é a principal iniciativa de res-ponsabilidade social da Bovespa, criada e desenvolvida para atrair investimentos para proje-

Glossário

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tos educacionais. A BVS reproduz o ambiente de encontro entre participantes do mercado, como ocorre em uma bolsa de valores. A Bovespa e as corretoras associadas apresentam aos “investidores sociais” um portfólio de projetos que necessitam de recursos para serem implantados ou ampliados. O objetivo é formar um ambiente de criação de valor que atraia a atenção para projetos que necessitam de recursos para serem implantados, modifi cados ou ampliados. A BVS une ONGs e investidores sociais dispostos a doar fundos aos projetos desenvolvidos por essas instituições, visando a promover melhorias na perspectiva social de crianças, adolescentes e jovens adultos. Bolsa de Madrid - Bolsa de Valores de Madrid.Integra o sistema Bolsas y Mercados Españoles – Bolsas e Mercados Espanhóis (BME), sociedade composta por diferentes empresas que diri-gem e administram os mercados de valores e sistemas fi nanceiros na Espanha. A sigla agrupa sob a mesma coordenação os mercados de renda variável, renda fi xa, derivativos e sistemas de compensação e liquidação espanhóis. O grupo BME inclui : Bolsa de Barcelona, Bolsa de Bilbao, Bolsa de Madrid, Bolsa de Valencia, MF Mercados Financieros e Iberclear.

Buy Side - Analista buy side é uma defi nição que abrange os analistas e os gestores de fundos de investimentos. São profi ssionais que atuam na ponta das negociações e cujos movimentos de compra ou venda, quando associados a grandes fundos, podem afetar as oscilações e ten-dências do mercado. Cabe à área de RI suprir esses analistas com informações adequadas às suas demandas. Embora as informações das companhias sejam as mesmas, analistas buy side e sell side têm necessidades diferenciadas. No caso da ponta buy side, o foco é nas tendências de mais longo prazo e, em geral, há maior ênfase nas informações relativas à governança corporativa da empresa, um item que pode infl uenciar as decisões de investimento. Além disso, esses profi ssionais exigem contato direto com a alta gerência da companhia e podem atuar como representantes dos acionistas. Para esse público, a área de RI pode providenciar, entre outros instrumentos, a realização de consultoria estratégica com os administradores de carteiras. O RI deve focar suas informa-ções sobre tendências setoriais, avanços nos negócios e fatores de risco, lembrando que a meta é reduzir o grau de incerteza sobre a companhia.Cabe ao RI informar o gestor e o analista buy side sobre os fatores mais relevantes para agregar valor às ações da companhia, suas vantagens competitivas, fundamentos da companhia, resultados financeiros e operacionais e o progresso, que estão intimamente relacionados aos interesses de informação por par te desse profissional, com base no fundo que ele administra.

CVM - Sigla para Comissão de Valores Mobiliários, autarquia federal que regula, disciplina e fi scaliza as bolsas de valores e as companhias abertas.

CEO - Sigla para Chief Executive Offi cer, o principal executivo da empresa – presidente, superintendente ou diretor geral.

CFO - Sigla para Chief Financial Offi cer, o principal executivo de fi nanças.

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CDP - Carbon Disclosure Project : Projeto internacional que envolve os maiores investidores institucionais do mundo e inclui a questão das mudanças climáticas na pauta de seus investi-mentos. O projeto procura contribuir para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. Os fundos de pensão signatários assumem o compromisso de questionar as compa-nhias em que investem a respeito de sua política nessa área. Até fevereiro de 2007 mais de 2.400 companhias em todo o mundo já haviam recebido esses questionários.

Capital intelectual - É o conjunto de ativos intangíveis que representam o acervo de conhe-cimentos e fatores capazes de gerar diferenciais competitivos, agregando valor à organização. O capital intelectual pode abranger, entre outros:• Ativos de mercado: potencial que a empresa possui em decorrência dos intangíveis rela-cionados ao mercado, tais como: marca, clientes, lealdade dos clientes, negócios recorrentes, canais de distribuição, franquias etc.• Ativos humanos: benefícios que o indivíduo pode proporcionar às organizações por meio de sua expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para resolver problemas, tudo visto de forma coletiva e dinâmica.• Ativos de propriedade intelectual: aqueles que necessitam de proteção legal para pro-porcionar benefícios às organizações, tais como: know-how, segredos industriais, copyright, patentes, designs etc. • Ativos de infra-estrutura: tecnologias, metodologias e processos empregados, como sistema de informação, métodos gerenciais, bancos de dados etc.

Código de conduta - Tem origem nos valores empresariais e na cultura organizacional que procuram refl etir a integridade dos procedimentos da Companhia, atuando como norma máxima, juntamente com o Estatuto, para a tomada de decisões na condução dos negócios da Companhia.

CODIM - Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado. Foi criado com o objetivo de oferecer orientação e sugestões às companhias abertas, profi ssionais de relações com investidores, analistas de investimentos, investidores, administradores de recur-sos, dentre outros, a respeito das alternativas mais adequadas de divulgação de informações para o público. O CODIM é composto por membros da ABRASCA, ANBID, ANCOR, AMEC, APIMEC, BOVESPA, IBGC e IBRI. A APIMEC (Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capitais) e o IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investi-dores), conjuntamente, são as instituições coordenadoras do Comitê.

Companhia aberta - Companhias cujos valores mobiliários são distribuídos publicamente e negociados em bolsas de valores ou mercado de balcão. Para isso, devem obter, com a CVM, o registro de companhia aberta e de distribuição pública desses valores.

Conselho de administração - Orgão de deliberação colegiada, obrigatório nas companhias abertas, eleito pelos acionistas em assembléia geral. Compete ao Conselho fi xar a orientação geral dos negócios, eleger, fi scalizar a gestão e destituir diretores, convocar assembléia geral e escolher auditores independentes, entre outras atividades.

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Disclosure - (divulgação com transparência) – É a capacidade de informar o mercado, de maneira adequada e atingindo simultaneamente todos os públicos, sobre o desempenho da companhia, seus objetivos e estratégias. O processo de disclosure exige a divulgação, pelas com-panhias, de todas as informações, positivas e negativas que possam infl uenciar uma decisão de investimento. É instrumento indispensável para assegurar informação e proteção aos acionistas.

Distribuição pública - Oferta ao público investidor em geral de uma distribuição primária ou secundária, por meio de intermediário fi nanceiro, registrada na CVM e de acordo com as regulamentações desta.

Diversidade - Conceito utilizado para expressar a inclusão de minorias e segmentos sociais discriminados (mulheres, negros, pardos, pessoas com necessidades especiais etc.), em todos os níveis de decisão de uma companhia.

Dividendo - Valor distribuído aos acionistas, em dinheiro, na proporção da quantidade de ações possuídas. Normalmente é resultado dos lucros obtidos por uma empresa no exercício corrente ou em exercícios passados.

Drivers - Indicadores que mostram o desempenho de um processo e que, devido à sua in-fl uência, permitem predizer ou antecipar o desempenho fi nal. São utilizados pelos gestores de recursos, analistas e administradores como vetores, ou direcionadores de valor na avaliação das perspectivas de um investimento. Em contraposição aos “drivers”, os indicadores “outco-mes” são aqueles que mostram o desempenho fi nal para uma determinada perspectiva em um determinado período de tempo..

Eqüidade - Disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um.

Fato Relevante - Acontecimentos empresariais e societários que podem afetar os preços dos valores mobiliários emitidos pela companhia e a decisão dos investidores em negociar aqueles valores ou exercer direitos a eles inerentes.

Gaps (diferenças) - Termo usado no mercado para descrever a variação de preços de uma ação ou commodity (produto/mercadoria), quando a faixa de negociação não se sobrepõe à do pró-ximo dia, provocando um intervalo, no qual nenhuma negociação ocorreu. Normalmente, isso acontece em razão de alguma notícia inesperada, positiva ou negativa, sobre a companhia.

Global Compact - Pacto Global - Declaração elaborada pela Organização das Nações Unidas – ONU, em 1999, pela qual as empresas signatárias se comprometem a seguir os dez princípios de Responsabilidade Social Empresarial.

Global Reporting Initiative ( GRI) - Padrão internacional de Relatório Anual, que segue a exi-gência global de transparência. Foi criado em 1997 e leva em conta os impactos econômico, social e ambiental das atividades, produtos e serviços. Por esse padrão, a companhia relata não apenas o desempenho passado, como aponta para compromissos futuros. O objetivo do

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GRI é defi nir linhas diretivas para que a estratégia e a gestão das empresas desenvolvam-se em prol da sustentabilidade e tornar isso público através dos relatórios de sustentabilidade com comparabilidade internacional.

Governança corporativa - A expressão é designada para abranger os mecanismos relativos ao po-der de controle e direção de uma empresa, bem como as diferentes formas e esferas de seu exercí-cio e os diversos interesses que, de alguma forma, estão ligados à vida das sociedades comerciais.

Hedge funds - Fundos de derivativos que atuam simultaneamente em diversos mercados. No Brasil, são conhecidos como Fundos Multimercados.

Inside information (informação privilegiada) - Decisões internas de uma companhia que ainda não se tornaram públicas. O “insider” é a pessoa que consegue acesso a esse tipo de informação, estando sujeito às penalidades legais cabíveis sempre que esse comportamento for detectado. O “insider” pode ser um investidor, administrador, conselheiro ou qualquer outra pessoa que tenha acesso a informações privilegiadas.

Ibovespa - Sigla para Índice da Bolsa de Valores de São Paulo, que mede o comportamento das ações mais negociadas e indica o desempenho médio das cotações de uma carteira te-órica de ações negociadas no pregão. A carteira considerada possui ações de 55 empresas, selecionadas entre as que representaram 80% do volume negociado no mercado nos últimos 12 meses. Os papéis do Ibovespa também devem ter presença mínima de 80% dos pregões analisados e participação superior a 0,1% do volume fi nanceiro total. Essa carteira teórica é revisada a cada quatro meses.

IBrX - Sigla para o Índice Brasil, que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações, selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa, classifi cadas em ordem decres-cente por liquidez, pelo número de negócios e pelo volume fi nanceiro, medidos nos últimos 12 meses. O IBX foi introduzido pela Bovespa em 1997. As ações que compõem a carteira sofrem uma ponderação, de acordo com o número de ações disponíveis no mercado. A carteira teórica é revisada a cada quatro meses.

O IBrX-50 - É um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa em termos de liquidez, ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Ele foi desenhado para ser um referencial para os investidores e administradores de carteira, e também para possi-bilitar o lançamento de derivativos (futuros, opções sobre futuro e opções sobre índice). O IBrX-50 tem as mesmas características do IBrX – Índice Brasil, que é composto por 100 ações, mas apresenta a vantagem operacional de ser mais facilmente reproduzido pelo mercado.

IEE - Sigla para Índice de Energia Elétrica. Foi o primeiro índice setorial da Bovespa. Lançado em agosto de 1996, o índice visa medir o desempenho do setor de energia elétrica. Dessa forma, constitui-se em um instrumento que permite a avaliação da performance de carteiras especializadas nesse setor.

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IGC - Sigla para Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC), que visa a medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que apresen-tem bons níveis de governança corporativa. Para serem listadas no IGC, essas empresas devem ter aderido ao Novo Mercado ou estarem classifi cadas nos Níveis 1 ou 2 da Bovespa.

INDX - Sigla para Índice do Setor Industrial. Fruto de um convênio entre a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Bovespa, o índice foi desenvolvido com o objetivo de medir o desempenho das ações mais representativas do setor industrial. Sua carteira teó-rica é composta pelas ações mais representativas da indústria, que são selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa em termos de liquidez e são ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.

ISE - Sigla para Índice de Sustentabilidade Empresarial, que tem como característica prin-cipal admitir apenas companhias com reconhecido comprometimento com a responsabi-lidade social e a sustentabilidade empresarial. O índice refl ete o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com os melhores desempenhos em todas as dimen-sões que medem a sustentabilidade empresarial. Foi criado para se tornar benchmark (marca de referência) para o investimento socialmente responsável e também indutor de boas práticas no meio empresarial brasileiro. As ações integrantes do ISE são sele-cionadas entre as mais negociadas na Bovespa em termos de liquidez e ponderadas na carteira pelo valor de mercado dos ativos disponíveis à negociação. O índice é revisado anualmente e ponderado pelo free-fl oat (número de ações em circulação no mercado) das empresas que o compõem.

ITAG - Sigla para Índice de Ações com Tag Along Diferenciado, cujo objetivo é medir o de-sempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas minoritários, no caso de alienação do controle. As ações que com-põem a carteira teórica precisam pertencer às empresas que concedem tag along superior em relação à legislação aplicável, a qual estabelece que as companhias abertas devem ofe-recer a todas as ações ordinárias minoritárias tag along de 80% em relação ao preço obtido pelo controlador, no caso de alienação de controle. Dessa forma, as ações ordinárias cujas companhias oferecem um percentual maior de tag along, e/ou as ações preferenciais cuja companhia oferece tag along em qualquer percentual, são elegíveis ao ITAG.

ITEL - Sigla para Índice Setorial de Telecomunicações, que mede o desempenho das empre-sas do setor de telecomunicação. O índice é calculado a partir da ponderação por free fl oat (quantidade de ações em circulação), permitindo que o ITEL represente o comportamento dos papéis realmente disponíveis à negociação.

IVBX-2 - Sigla para Índice Valor Bovespa - 2ª Linha, que foi desenvolvido em conjunto pela Bo-vespa e pelo jornal Valor Econômico, visando mensurar o retorno de uma carteira hipotética constituída exclusivamente por papéis emitidos por empresas de excelente conceito junto aos investidores, classifi cadas a partir da 11ª posição, tanto em termos de valor de mercado como de liquidez de suas ações. O índice é composto por 50 papéis escolhidos em uma

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relação de ações classifi cadas em ordem decrescente por liquidez, pelo número de negócios e pelo volume fi nanceiro, medido nos últimos doze meses.

IPO - Oferta pública inicial de ações feita por uma companhia – em inglês, Initial Public Offering.

Latibex - Mercado internacional, negociado na Bolsa de Valores de Madrid e composto exclusi-vamente por ações de empresas latino-americanas. Criado em dezembro de 1999, foi aprova-do pelo governo espanhol e está regulamentado pela Lei de Mercado de Valores espanhola.

Low profi le - Atuação corporativa seguindo estratégia de baixa intensidade na área de comu-nicação e divulgação de informações. Níveis de governança corporativa - Implantados em dezembro de 2000 pela BOVESPA, os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa são segmentos especiais de listagem desenvolvidos com o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimule, simultaneamente, o interesse dos investidores e a valorização das companhias.

Nível 1 - As companhias se comprometem, principalmente, com melhorias na prestação de informações ao mercado e têm obrigações adicionais à legislação. Entre elas: realização de reu-niões públicas com analistas e investidores, ao menos uma vez por ano; apresentação de um ca-lendário anual, do qual conste a programação dos eventos corporativos (assembléias, divulgação de resultados etc.); divulgação dos termos dos contratos fi rmados entre a companhia e partes relacionadas; divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores, e manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital social da companhia.

Nível 2 - Nesse nível as companhias se comprometem a cumprir as regras aplicáveis ao Nível 1 e, adicionalmente, um número maior de práticas de governança relativas aos direitos dos acionistas minoritários. Por exemplo: Conselho de Administração com mínimo de cinco membros e mandato unifi cado de até dois anos, permitida a reeleição, e no mínimo 20% dos membros deverão ser conselheiros independentes; concessão de direito de voto às ações preferenciais em algumas matérias (transformação, incorporação, fusão ou cisão da compa-nhia e aprovação de contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo sempre que, por força de disposição legal ou estatutária, sejam deliberados em assembléia geral); extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia de, no mínimo, 80% desse valor para os detentores de ações preferenciais (tag along); realização de oferta pública de aqui-sição de todas as ações em circulação, no mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação neste Nível; e adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de confl itos societários.

Novo Mercado - Segmento de negociação que apresenta o mais elevado nível de exigência de práticas de governança corporativa. É destinado à negociação de ações emitidas por com-panhias que se comprometam, voluntariamente, com a adoção de práticas de governança

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corporativa adicionais em relação ao que é exigido pela legislação. A valorização e a liquidez das ações são infl uenciadas positivamente pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações prestadas pelas companhias. A principal inovação do Novo Mercado, em relação à legislação, é a exigência de que o capital social da companhia seja composto somente por ações ordinárias. Além disso, a companhia tem como obrigações adicionais: extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia (tag along); re-alização de oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação, no mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado; Conselho de Administração com mínimo de cinco membros e mandato unifi cado de até dois anos, permitida a reeleição, e no mínimo, 20% dos membros deverão ser conselheiros independentes; melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Trimestrais de Resultados (ITRs), documento obrigatório que é enviado pelas companhias abertas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém demonstrações fi nanceiras trimestrais (demonstrações fi nanceiras consolidadas, demonstração dos fl uxos de caixa etc.); melhoria nas informações relativas a cada exercício social, adicionando às Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs), docu-mento que contém demonstrações fi nanceiras anuais; divulgação de demonstrações fi nan-ceiras de acordo com padrões internacionais IFRS ou US GAAP; melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais (IANs), documento que mostra a quantidade e características dos valores mobiliários de emissão da companhia detidos pelos grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de Administração, diretores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução dessas posições; realização de reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos uma vez por ano; apresentação de um calendário anual, do qual conste a programação dos eventos corporativos (assembléias, divulgação de resultados etc.); divulgação dos termos dos contratos fi rmados entre a companhia e partes relaciona-das; divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores; manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital social da companhia; quando da realização de distribuições públicas de ações, adoção de mecanismos que favoreçam a pulverização do capital, e adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de confl itos societários.

Prospecto - É o documento por meio do qual a companhia apresenta uma demonstração detalhada que antecede uma nova ou adicional emissão de ações.

Proxy - Procuração dada pelo acionista a uma pessoa ou pessoas que irão representá-lo, com direito de voto, durante as assembléias de acionistas. Proxy Statement é uma conquista dos minoritários, que segue a prática adotada nos Estados Unidos. Graças a esse mecanismo, os minoritários que não puderem comparecer à reunião de sócios têm a alternativa de conce-der procurações para voto às associações que os representam.

Registro na CVM - Deferimento por parte da CVM de pedido para abertura de capital e para lançamento público de valores mobiliários.

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Sell Side - Analistas sell side são profi ssionais que atuam em bancos e corretoras de valores fazendo a prospecção de investimentos e recomendando a compra ou venda das ações; eles acompanham de perto o comportamento das ações e das empresas. Suas demandas de informação, portanto, estão focadas na necessidade de dados pontuais e mais detalha-dos, o que signifi ca maior exigência de contato constante com a área de RI. Os analistas que atuam como sell side buscam o máximo possível de disclosure (capacidade de divulgar informações com transparência) da companhia e, assim como acontece no buy side, tam-bém exigem contato com a alta gerência. A informação de qualidade é fundamento essen-cial para que o analista recomende as ações da empresa. Além das informações básicas, como o desempenho econômico-fi nanceiro, os analistas sell side querem dados sobre o plano estratégico da companhia, desenvolvimento de novos produtos, melhorias de proces-sos de produção, programa de redução de custos, fortalecimento das relações com clientes, ou atividades de treinamento que tornem os colaboradores mais produtivos. Informações sobre a posição da empresa em relação à concorrência também são solicitadas, o que inclui a sua participação de mercado, assim como o que a empresa está fazendo para manter ou melhorar a sua posição no mercado.

Stakeholders (Públicos Estratégicos) - São todos os intervenientes na produção da empresa e todos aqueles sobre os quais ela tem de alguma forma uma repercussão. São todos os “atores” da empresa (colaboradores, clientes, fornecedores, acionistas, administradores), os “observadores” (o Estado, os sindicatos, as instituições, as mídias) e a sociedade civil (coletivi-dades e associações da região onde está implantada a empresa). A palavra é utilizada para defi nir todos os públicos estratégicos ou partes interessadas em uma companhia e costuma estar vinculada ao conceito segundo o qual a administração da companhia é responsável perante todos os “stakeholders”, ou seja, funcionários, fornecedo-res, clientes, comunidade, investidores e acionistas.

Sustentabilidade Empresarial - Modelo de gestão que visa manter o crescimento sustentável das empresas ao longo do tempo, levando em consideração as variáveis éticas, sociais, polí-ticas, ambientais e econômico-fi nanceiras, agindo com pró-atividade e de forma responsável. A sustentabilidade exige compatibilização da exploração de recursos com volume de inves-timentos orientados para o desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais tendo em vista a responsabilidade socioambiental do meio empresarial. Condução dos negócios e uso de recursos naturais considerando o direito à vida das gerações futuras.

Tag Along - Mecanismo que assegura a extensão das condições oferecidas aos acionistas controladores, no caso de venda do controle da companhia, aos demais acionistas. De acordo com a lei, quando da alienação, direta ou indireta, do controle de companhia, o adquirente é obrigado a fazer oferta pública de aquisição das ações ordinárias não integrantes do bloco de controle por, no mínimo, 80% do preço pago por cada ação de controle. As boas práticas de governança corporativa, entretanto, apontam que o comprador deve dar tratamento iguali-tário a todas as ações da companhia. Dentro desse conceito, o preço ofertado aos acionistas ordinaristas minoritários deve ser estendido aos demais acionistas da companhia, indepen-dente da espécie ou classe de ações de que sejam estes

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ABRASCA - Associação Brasileira de Companhias Abertas. Fundada em setembro de 1971, é uma entidade civil de âmbito nacional, sem fi nalidades lucrativas, cuja personalidade ju-rídica é distinta das de suas associadas, que são empresas legalmente registradas como companhias abertas.

AMEC - Associação de Investidores no Mercado de Capitais – Entidade que reúne gestores de recursos independentes e gestores de recursos de instituições fi nanceiras; tem como objetivo defender os interesses dos acionistas minoritários.

AMEX - American Stock Exchange - A segunda maior Bolsa Norte-Americana (a primeira é a NYSE - Bolsa de Valores de Nova Iorque). A AMEX negocia cerca de 10% dos papéis negociados no mercado norte-americano.

ANBID - Associação Nacional dos Bancos de Investimento. É uma entidade de represen-tação do segmento das instituições fi nanceiras que operam no mercado de capitais. Seus associados são os bancos de investimento e bancos com carteira de investimento.

ANDIMA - Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto. Criada em 1971, seu principal objetivo é contribuir para o desenvolvimento de mercados que ofereçam opor-tunidades de negócios a instituições fi nanceiras, aos investidores e às empresas em geral. Representa bancos comerciais, múltiplos e de investimento, corretoras, distribuidoras de valores e sociedades de crédito e fi nanciamento.

APIMEC - Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capi-tais. É uma associação civil sem fi ns lucrativos. Congrega analistas do mercado de capitais e relacionados, promovendo atividades socioculturais que objetivam a integração, formação e especialização de seus associados

FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, que de-senvolve e promove a divulgação de conhecimentos da área contábil, fi nanceira e atuarial. Também organiza cursos, seminários, simpósios, conferências, além de prestar serviços de

Entidades

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assessoria e consultoria e de realizar pesquisas atendendo a entidades dos setores público e privado.

IBGC - Fundado em 1995, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa é uma enti-dade sem fi ns lucrativos e o primeiro órgão criado no Brasil com foco específi co em Go-vernança Corporativa. Dentre suas iniciativas neste campo constam a elaboração e revisão do Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa em se fortalecer através da adoção das mesmas.

INI - Instituto Nacional de Investidores. Instituição sem fins lucrativos criada com o objetivo de oferecer à população um programa permanente de educação e orientação sobre como investir no mercado de ações. Enfatiza a formação de clubes de investi-mento e dissemina valores e princípios que poderão ajudar as pessoas a tornarem-se investidores conscientes.

NYSE - New York Stock Exchange – Bolsa de Valores de Nova York. A mais antiga (1792) e maior bolsa de valores dos Estados Unidos. É uma associação sem personalidade jurídica, dirigida por um Conselho de Administração.

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Roberto Teixeira da Costa - “Mercado de Capitais - Uma Trajetória de 50 Anos”IFC (International Finance Corporation) - “Case Studies of Good Corporate Governance Practices”IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) - Código das Melhores Práticas de Governança CorporativaLeslie Amendolara - “Guia Prático dos Direitos dos Acionistas Investidores no Mercado de Capitais”Revista Relações com Investidores - 1998 a 2007Guia de Relações com Investidores Ibri/BovespaWilliam F. Mahoney, Manual do RIWebsites:www.ibri.com.brwww.abrasca.org.com.brwww,apimec.com.brwww.anbid.com.brwww.ancor.com.brwww.amecbrasil.org.brwww.bmfbovespa.com.brwww.cblc.com.brwww.codim.org.brwww.cvm.gov.brwww.ini.org.brwww.ibgc.org.brwww.niri.orgwww.nyse.comwww.latibex.com

Bibliografi a

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