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O espírita socialista: Hugo dos Reis e a produção jornalística em Ponta Grossa 1908-1924 Niltonci Batista Chaves (Universidade Estadual de Ponta Grossa) Resumo: Nascido em Valença (RJ), Hugo Mendes de Borja Reis (*1884/†1934) chegou a Ponta Grossa/PR no ano de 1908. Descendente de uma família portuguesa com tradição no jornalismo, sua mudança da capital da República para o interior paranaense se deu por motivos de saúde, pois havia contraído tuberculose e encontrou nos ares dos Campos Gerais o clima perfeito para recuperar-se da enfermidade. No dia seguinte a sua chegada, Hugo dos Reis dirigiu-se até a redação do jornal O Progresso fundado em 1907 e ofereceu-se para trabalhar como jornalista. Pouco depois se tornaria redator-chefe, sócio-proprietário e proprietário do jornal (que desde 1913 passou a se chamar Diário dos Campos - DC). Em um curto espaço de tempo, tornou-se uma figura popular e em uma espécie de referência para as questões de fundo cultural, político, religioso e social na cidade. De formação erudita, era conhecedor profundo de temas políticos, filosóficos e religiosos. Figura plural, defendia com desenvoltura os princípios do kardecismo, os ideais do socialismo (de viés humanitário, sem qualquer vínculo com o marxismo revolucionário) e ao que tudo indica foi filiado a uma Loja Maçônica na cidade. Na condição de redator-chefe do DC e de Presidente de Honra da Sociedade Operária Beneficente, foi um dos articuladores e condutores da Greve Geral de 1917 em Ponta Grossa. No entanto, ao findar o movimento, condenou com veemência a presença de pessoas ligadas ao comunismo e ao anarquismo entre os grevistas, afirmando em artigo no DC que os mesmos desqualificavam a ação ordeira e pacífica dos trabalhadores locais. Durante os 16 anos em que viveu em Ponta Grossa, Hugo dos Reis publicou centenas de textos voltados a difusão do kardecismo entre os ponta-grossenses. Além disso, participou ativamente da fundação da Sociedade Espírita Francisco de Assis e promoveu o II Congresso Espírita Paranaense, ambos em 1912. Porém, suas relações com figuras da vida política local nem sempre foram tranquilas. Em 1910, durante a Campanha Civilista de Rui Barbosa, foi agredido e colocado em um trem por defensores da campanha de Hermes da Fonseca, com a orientação de que não mais voltasse à cidade, ordem que não obedeceu. Por outro lado, transitou com proximidade e desenvoltura entre figuras que integravam a cúpula maçônica ponta-grossense. Em 1924 partiu para o interior de São Paulo e passou a atuar como funcionário público naquele estado. Sua presença em Ponta Grossa foi fundamental para o desenvolvimento da imprensa local e sua contribuição intelectual foi decisiva para a produção de um discurso edulcorado que passou a reforçar a representação de Ponta Grossa como sinônimo de “Cidade Civilizada”. Neste estudo nos valemos especialmente dos conceitos de representação (Chartier) e de conveniência (Mayol). Palavras-Chaves: Intelectual; jornalismo; estratégias discursivas; cidade. Introdução

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O espírita socialista: Hugo dos Reis e a produção jornalística em Ponta Grossa 1908-1924

Niltonci Batista Chaves

(Universidade Estadual de Ponta Grossa) Resumo: Nascido em Valença (RJ), Hugo Mendes de Borja Reis (*1884/†1934) chegou a Ponta Grossa/PR no ano de 1908. Descendente de uma família portuguesa com tradição no jornalismo, sua mudança da capital da República para o interior paranaense se deu por motivos de saúde, pois havia contraído tuberculose e encontrou nos ares dos Campos Gerais o clima perfeito para recuperar-se da enfermidade. No dia seguinte a sua chegada, Hugo dos Reis dirigiu-se até a redação do jornal O Progresso – fundado em 1907 – e ofereceu-se para trabalhar como jornalista. Pouco depois se tornaria redator-chefe, sócio-proprietário e proprietário do jornal (que desde 1913 passou a se chamar Diário dos Campos - DC). Em um curto espaço de tempo, tornou-se uma figura popular e em uma espécie de referência para as questões de fundo cultural, político, religioso e social na cidade. De formação erudita, era conhecedor profundo de temas políticos, filosóficos e religiosos. Figura plural, defendia com desenvoltura os princípios do kardecismo, os ideais do socialismo (de viés humanitário, sem qualquer vínculo com o marxismo revolucionário) e – ao que tudo indica – foi filiado a uma Loja Maçônica na cidade. Na condição de redator-chefe do DC e de Presidente de Honra da Sociedade Operária Beneficente, foi um dos articuladores e condutores da Greve Geral de 1917 em Ponta Grossa. No entanto, ao findar o movimento, condenou com veemência a presença de pessoas ligadas ao comunismo e ao anarquismo entre os grevistas, afirmando em artigo no DC que os mesmos desqualificavam a ação ordeira e pacífica dos trabalhadores locais. Durante os 16 anos em que viveu em Ponta Grossa, Hugo dos Reis publicou centenas de textos voltados a difusão do kardecismo entre os ponta-grossenses. Além disso, participou ativamente da fundação da Sociedade Espírita Francisco de Assis e promoveu o II Congresso Espírita Paranaense, ambos em 1912. Porém, suas relações com figuras da vida política local nem sempre foram tranquilas. Em 1910, durante a Campanha Civilista de Rui Barbosa, foi agredido e colocado em um trem por defensores da campanha de Hermes da Fonseca, com a orientação de que não mais voltasse à cidade, ordem que não obedeceu. Por outro lado, transitou com proximidade e desenvoltura entre figuras que integravam a cúpula maçônica ponta-grossense. Em 1924 partiu para o interior de São Paulo e passou a atuar como funcionário público naquele estado. Sua presença em Ponta Grossa foi fundamental para o desenvolvimento da imprensa local e sua contribuição intelectual foi decisiva para a produção de um discurso edulcorado que passou a reforçar a representação de Ponta Grossa como sinônimo de “Cidade Civilizada”. Neste estudo nos valemos especialmente dos conceitos de representação (Chartier) e de conveniência (Mayol). Palavras-Chaves: Intelectual; jornalismo; estratégias discursivas; cidade.

Introdução

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Esta comunicação tem como o seu objeto central a passagem de Hugo

Mendes de Borja Reis por Ponta Grossa/PR, ocorrida entre os anos de 1908 e 1924.

Nesses 16 anos, atuou de modo intenso na imprensa local e também teve

participação destacada na fundação e disseminação do espiritismo na cidade.

Natural da cidade de Valença, no estado do Rio de Janeiro, e descendente de uma

família portuguesa ligada ao comércio e também ao jornalismo, Hugo dos Reis foi

presidente de honra da Sociedade Operaria Beneficente e liderou a greve de 1917

em Ponta Grossa. Se auto-definia como um “socialista humanitário”, negando o

marxismo revolucionário e a luta de classes. Por outro lado, esteve presente, em

1922, na fundação do Centro Commercio e Industria de Ponta Grossa, entidade que

reunia o empresariado local e que mais tarde passou a se chamar Associação

Comercial e Industrial de Ponta Grossa. Homem plural, esteve sempre muito

próximo de figuras da maçonaria ponta-grossense, o que sugere uma afinidade (ou

uma filiação) com essa sociedade.

Com base nisso, pensamos a produção desta comunicação a partir das

diretrizes da História Intelectual e sua relação com a História Local e da percepção

da figura do jornalista que utilizava o periódico como campo de ação para

disseminação de suas ideias perante uma sociedade específica.

Com relação à História Intelectual, é válido retomar as palavras de Niltonci

Chaves e Erivan Karvat quando estes afirmam que

... faz-se necessário problematizar os chamados intelectuais, restituindo a tal expressão, e portanto, sujeitos/agentes/atores a sua devida e necessária historicidade, o que exige o reconhecimento da vinculação de todo discurso a um lugar (social/institucional). Entendemos desse modo ... que se faz necessário e pertinente pensarmos aspectos e questões da História Local, inclusive acerca de sua própria produção historiográfica e, mesmo, da invenção de sua Identidade, a partir do reconhecimento, caracterização e contextualização da existência de grupos e indivíduos tomados como Intelectuais Locais: notadamente escritores, que se pautando em diferentes leituras, autores e referências, participaram ativamente das discussões locais.1

1 CHAVES, Niltonci Batista; KARVAT, Erivan Cassiano. Intelectuais, Discursos e Instituições: as reflexões

entre a História Intelectual (e/ou de Intelectuais) e a História Local (reflexões sobre possibilidades de pesquisa).

In: VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA, 2013, Maringá. Anais Eletrônicos. Disponível em:

http://www.cih.uem.br/anais/2013/trabalhos/482_trabalho.pdf. Acesso em: 21 de junho de 2016.

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Com relação a prática do jornalismo no Brasil do começo do século XX,

tomamos como ponto de partida as observações feitas por Fábio Pereira o qual

destaca que

... até a primeira metade do século XX, os jornalistas e os intelectuais brasileiros mantinham uma relação muito próxima. O jornal era visto como um espaço de exercício político e literário. Intelectuais intervinham frequentemente na imprensa para expressar posicionamentos políticos, publicar crônicas, contos, poemas e folhetins. E também para receber algum tipo de remuneração, pois dificilmente sobreviviam apenas da atividade intelectual.2

“Bem, sejamos franco: sou jornalista”

A virada do século XIX para o XX marcou, para Ponta Grossa/PR, como a

rigor ocorreu no Brasil, o momento da chegada da modernidade capitalista à cidade.

A partir da primeira década dos Novecentos, Ponta Grossa passou a ocupar a

condição de principal núcleo urbano do interior paranaense e de maior

entroncamento ferroviário do sul do Brasil.3 Por conta disso, a cidade viveu um surto

de urbanização, com um considerável incremento populacional4, instalação de

indústrias de diferentes ramos, implantação de um sistema de eletrificação pública e

abertura de clubes sociais, de cine-teatros etc.. Nesse cenário também vicejaram

ideias e projetos filosófico-culturais diversos, com a estruturação de centros

anticlericais e livre pensadores, lojas maçônicas, sociedades operárias, centros

espíritas, círculos socialistas e grupos anarquistas.

Foi também nesse momento que Ponta Grossa viu nascer uma imprensa

escrita que estabeleceu um intenso diálogo com as questões locais. Ao estudar a

história da imprensa no Paraná, Osvaldo Pilotto destaca o caso ponta-grossense,

afirmando que foi

2 PEREIRA, Fábio. Jornalistas-intelectuais no Brasil. São Paulo: Summus, 2011. 3 Em 1894 chegou à Ponta Grossa a Estrada de Ferro do Paraná e em 1896 a cidade recebeu os trilhos da Estrada

de Ferro São Paulo-Rio Grande. A primeira nascia no litoral paranaense e tinha seu ponto final em Ponta Grossa.

A segunda ligava o extremo sul do país ao estado de São Paulo, instalando seus escritórios centrais em solo

ponta-grossense. 4 De acordo com o Censo de 1890, Ponta Grossa possuía uma população de 4774. Dez anos mais tarde, o Censo

de 1900 apontava 8.335 habitantes. A tendência de aumento populacional acentuado é confirmada pelo Censo de

1920, com 20.171 habitantes, dos quais, 75% se concentrava em área urbana.

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4 ... em 1893 que se inaugurou a imprensa em Ponta Grossa. “Campos Gerais” seria o seu primeiro periódico (13 de maio), embora haja vaga notícia de uma publicação, em fevereiro, o “Pirolito”, que deve ter sido carnavalesco. “Campos Gerais” era semanário de propriedade de João Rocha Bahls. Seu número inicial era comemorativo da “Lei Áurea”. Aí vem, em disposição artisticamente arranjada: “Homenagem à Confraternização dos Brasileiros. Salve Lei nº 3353. 13 de Maio de 1888-1893. Trabalho e Honra.”5

Após o Campos Gerais vieram outros jornais,6 os quais tiveram curta

existência. Somente em 1907, com a criação do jornal “O Progresso”, a cidade

passou a contar com um veículo de comunicação de vida duradoura.7

Fundado por Jacob Holzmann, russo-alemão radicado desde criança nos

Campos Gerais, o periódico passou, em 1913, a se chamar “Diário dos Campos”,

jornal que circula na cidade até os dias atuais.8 Foi nesse veículo de comunicação

que Hugo dos Reis iniciou suas atividades profissionais em Ponta Grossa, como

descreve o memorialista Epaminondas Holzmann em um clássico da historiografia

local:

Foi na última quinzena do mês de dezembro de 1908 que se apresentou, na gerência do jornal, um moço cujo traje logo chamou a atenção: fraque bastante rostido [sic] e reluzente, gravata tipo borboleta, chapéu-coco a cobrir uma basta cabeleira encaracolada. Esquálido, com a dentadura saliente e enormes bigodes lusitanos, mais se assemelhava a um agente de empresa funerária, ou então a um poeta trágico, pronto para puxar do bolso tiras e tiras de papel carcomido, com versos e mais versos de artista à procura de editor. Efetivamente, o desconhecido meteu a mão na algibeira da aba do fraque e depôs na mesa alguns originais. Mas, longe de serem enfadonhos sonetos criados pelo cérebro de um poetaço desiludido da vida, nada mais eram do que anúncios de casas comerciais. E explicou: - Procedo de São Paulo e já instalei meu escritório de representação no Hotel Guzzoni, onde me acho hospedado provisoriamente. Sei que o meu é o primeiro escritório do ramo que se abre nesta terra; por isso, quero contratar a publicação destes anúncios.

5 PILOTTO, Osvaldo. Cem anos de imprensa no Paraná (1854-1954). Estante Paranista. Curitiba: Instituto

Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense. 1976, p. 28. 6 Destacam-se “O Pontagrossense” (1895), a “Gazeta dos Campos” (1889), “O Commercio” (1904) e o “Luz

Essênia” (1905), este vinculado a maçonaria local. 7 Por má conservação a única coleção existente de O Progresso/Diário dos Campos sofreu perdas consideráveis.

As principais lacunas estão nos anos de 1907/1908 e 1924/1932. Atualmente, essa coleção encontra-se dividida

entre dois centros de documentação: a Casa da Memória Paraná (Fundação de Cultura de Ponta Grossa) e o

Museu Campos Gerais (Universidade Estadual de Ponta Grossa). Importante ressaltar que em ambos os espaços

se verifica um grande esforço no sentido de garantir a preservação dessa importante documentação. 8 Desde a sua fundação o DC teve diversos proprietários. Entre 1990 e 1999 o jornal não circulou, sendo esta a

sua única lacuna desde sua criação, em 1907.

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5 Fechado o negócio, o moço, de voz ligeiramente fanhosa, continuou a falar: - Gosto de ambiente de jornal. O cheiro da tinta de impressão me faz um bem danado! E quando o paginador, como estou ouvindo, bate o martelo sobre o pedaço de madeira, para completa justificação e apertura da forma tipográfica da rama, que nem agora – ouve? – esse ruído cadenciado me soa a castanholas...9

A conversa continua e o forasteiro diz ao proprietário d´O Progresso:

Pois saiba, meu caro senhor, que sempre estive metido na imprensa. Verso e prosa. Bem, sejamos franco: sou jornalista. Mas fiquei seriamente doente, pelo que os médicos me indicaram esta cidade, reputando-a possuidora de um clima de sanatório... Como tudo evidenciava, aquele moço de bigodeira imensa não passava de um sonhador incorrigível... Difícil defini-lo de outro modo, tal o seu aspecto, aliado às coisas que dizia... A partir do dia seguinte, o Hugo passou a assinar, diariamente, o ponto na redação. Que palestra amena, apesar de fanhosear sob aqueles bigodes de assustar! Debatia qualquer assunto – em linguagem acadêmica ou familiar, conforme as circunstâncias – pontificando sempre como profundo conhecedor das matérias que abordava com justeza e propriedade.10 [grifo nosso]

A chegada de Hugo dos Reis em Ponta Grossa foi decisiva para a

consolidação da imprensa local, para que movimentos libertários se organizassem e

também para que o espiritismo ganhasse força na cidade.

Cabe ressaltar que, no início do século XX, há uma ligação estreita entre a

maçonaria e o espiritismo. Além disso, também é possível encontrar uma conexão

entre estes e o pensamento socialista.

Podemos compreender que o espiritismo e a maçonaria expressavam um

grau de cientificidade e racionalismo condizentes com os avanços da tecnologia e da

modernidade daquele período, sobrepondo-se aos projetos e ideias que se

fundamentavam exclusivamente na fé, no misticismo ou na superstição para

compreender e explicar o mundo. No Brasil, tanto maçonaria quanto espiritismo

travaram, desde o século XIX, uma dura batalha contra o catolicismo hegemônico.

Esse pode ser visto como outro motivo para a aproximação entre maçons e espíritas

no país.

Além disso, ambas as crenças propugnavam uma visão de que a justiça

social seria atingida a partir de uma perspectiva positivista-evolucionista tributária

9 HOLZMANN, Epaminondas. Cinco histórias convergentes. Ponta Grossa: Ed.UEPG, 2004. pp. 269-270. 10 Idem. p. 270.

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dos avanços advindos da ciência e da tecnologia. Deste modo, conforme destaca

Marcos Diniz Silva, adotavam “atitudes filantrópicas, beneficentes e caritativas,

conciliando espiritualismo e reformismo na solução da ‘questão social’”.11 Tal

perspectiva levava tanto o espiritismo quanto a maçonaria a rechaçar o materialismo

e a luta de classes.

Em resumo, tais movimentos basearam suas ações e princípios em um

humanitarismo-racionalista, opondo-se tanto aos modelos tradicionais de sociedade

quanto as ideias de ruptura violenta das estruturas sociais.

Valemo-nos, mais um vez, das observações de Diniz Silva que, ao estudar o

movimento dos espíritas e maçons cearenses, ressalta que foi comum a interação

destes com os movimentos e agremiações de trabalhadores naquele estado durante

a Primeira República. Comenta:

É parte integrante do corpo doutrinário do Espiritismo, uma visão evolucionista da sociedade de tal modo que sua obra fundamental, O Livro dos Espíritos, lançada em Paris, em 1857, contempla os direitos trabalhistas, a condenação à escravidão, direitos iguais para as mulheres, dentre outras bandeiras comuns aos liberais, socialistas e ao pensamento moderno em geral. Na mesma linha social, percebe-se a configuração de um “socialismo espírita”, à medida que “apóstolos” do Espiritismo, como o escritor Léon Denis (1846-1927) – também maçom – acreditavam nas possibilidades de um socialismo espiritualizado...12 [grifo nosso]

O “socialismo espiritualizado” defendido por maçons e espíritas, portanto,

nada tinha a ver com a perspectiva revolucionária que se expandiu a partir do

Manifesto Comunista de 1848 e encontrou eco entre trabalhadores em todas as

partes do mundo. Contrariando a perspectiva da “luta de classes”, o viés

apresentado por esses movimentos estava fundamentado em uma matriz

evolucionista e na crença na bondade humana.

Entre 1908 e 1921, Hugo dos Reis trabalhou no O Progresso/Diário dos

Campos. Ao longo desse período, foi chefe de redação, secretário, sócio e

11 SILVA, Marcos José Diniz. Maçons, espíritas e católicos nos embates religiosos da Primeira República no

Ceará. In: XXV SIMPÓSIO NACIONAL HISTÓRIA, 2009, Fortaleza. Anais Eletrônicos. Disponível em:

http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0279.pdf. Acesso em: 22 de junho de 2016. 12 Idem.

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proprietário do jornal. Foi também ele quem definiu a linha editorial do periódico,

além de escrever cotidianamente sobre temas de natureza absolutamente diversa.

Ao tratar da produção jornalística de Hugo dos Reis, Guilherme Pedlowski

registra que

Ao longo de suas primeiras publicações, Hugo dos Reis parece ter ganhado a simpatia de boa parcela dos leitores do jornal. Porém, sua trajetória neste periódico também está marcada por registros históricos de inúmeros conflitos, principalmente ao raiar dos anos 1910 quando Hugo dos Reis assumiu publicamente o seu posicionamento favorável a Rui Barbosa, dando apoio à campanha civilista em seus textos no O Progresso.13

Temas afetos ao cotidiano local, como as disputas políticas e eleitorais, o

desenvolvimento econômico e a expansão urbana da cidade, além de notas

esportivas e sociais, foram objetos do olhar de Hugo dos Reis. Também escreveu

vários artigos a respeito do nacionalismo e da Primeira Guerra Mundial (em uma

cidade profundamente marcada pela presença de imigrantes, muitos de origem

germânica); engajou-se na Campanha Civilista de Rui Barbosa (1910) sendo, por

conta disso, agredido fisicamente por defensores da candidatura de Hermes da

Fonseca; visitou o front de batalha da Guerra do Contestado (algo incomum para o

jornalismo naquele momento) e, ao retornar para Ponta Grossa, escreveu uma série

de artigos a respeito desse conflito.

Contudo, compreendemos que a sua militância e seus escritos sobre o

espiritismo e sobre as questões que envolviam os trabalhadores locais, merecem

destaque. Adepto do kardecismo e da causa proletária, Hugo dos Reis foi vanguarda

na implantação do espiritismo na cidade e liderou das primeiras agremiações

operárias ponta-grossenses.

Com relação ao espiritismo, são frequentes os seus artigos defendendo os

princípios dessa crença. Ele também usou o Diário dos Campos para reproduzir

textos escritos por Allan Kardec, o codificador da doutrina, e de outros escritores de

renome que eram espíritas ou simpatizantes do kardecismo, como é o caso de

13 PEDLOWSKI, Guilherme Alves. Espiritismo e Imprensa: Os textos de Hugo Reis no O Progresso (1909-

1911). 2014. p. 22. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa,

2014.

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Camille Flammarion, o astrônomo francês que ficou conhecido a partir do final do

XIX pela escrita do romance “Urânia”. Hugo abriu espaço no jornal para a publicação

de artigos que foram originalmente escritos em revistas especializadas como a

Revista Internacional do Espiritualismo Científico.14

Ao analisar os textos a respeito do espiritismo publicados em O

Progresso/Diário dos Campos no começo do século XX, Guilherme Pedlowski é

taxativo ao afirmar que a principal preocupação de Hugo dos Reis era a

... de apresentar o espiritismo como uma doutrina atrelada à ciência ... Sob o fio condutor das ideias divulgadas por Hugo dos Reis, ligado a um grande circulo intelectual que se formava em torno do periódico, espiritismo não era crença, mas sim uma nova expressão de cientificidade, e os fatos até então inexplicados pelo modelo de ciência tradicional seriam seu objeto de pesquisa, legando assim ao sobrenatural o status de fenômenos psíquicos, que se fariam através do estudo revelar.15

Em seu conjunto, os textos de Hugo dos Reis a respeito do espiritismo

buscam dar legitimidade aos seus princípios em um conjunto social composto por

uma maioria absoluta de católicos.16 Sua estratégia discursiva esteve no

fortalecimento da perspectiva científica da doutrina:

Dado que aceitemos os factos inexplicados pela sciencia, trazidos à baila nesta serie de três artigos assignados pelo alto espírito scientífico religioso de Camille Flammarion – como produzidos por um agente, conhecido, ou desconhecido, ao sabor das várias opiniões, somos forçados a distinguir a força physica da psychica de uma maneira iniludível e insophismavel.17

Questões relacionadas a imortalidade da alma, o evolucionismo positivista, a

morte e a reencarnação, a inevitabilidade do aperfeiçoamento eterno e do progresso

contínuo (neste caso, progresso da alma), os fenômenos espíritas e a relação

intrínseca entre a doutrina espírita e a ciência, se constituem em temas recorrentes

dos escritos de Reis.

14 Publicação organizada por Allan Kardec e que circulou a primeira vez em Paris, no ano de 1858. 15 PEDLOWSKI, Guilherme Alves. Op. Cit. p. 36. 16 Números do Censo de 1920 indicam que 90% dos ponta-grossenses eram católicos. Já os espíritas somavam

4% do total da população. 17 REIS, Hugo dos. Sobre Camillo Flammarion. Ponta Grossa. O Progresso, 17 de junho de 1909.

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Além da disseminação do espiritismo por meio das palavras, também

organizou e promoveu o Segundo Congresso Espírita Paranaense (1912), editou a

Revista Social do Espiritismo (1921) e colaborou de forma intensa na criação da

Sociedade Espírita Francisco de Assis (1912), entidade que até os dias atuais se

configura no principal núcleo de congregação dos kardecistas ponta-grossenses.

No que respeita ao envolvimento de Hugo dos Reis com as questões

operárias, Silvia Araújo e Alcina Cardoso afirmam que ele foi:

Presidente honorário da Sociedade Operária de Ponta Grossa redigiu o esboço de ação dos socialistas paranaenses publicados no jornal O Operário, de 1915. Na defesa da necessidade de amparo à classe operária, a ela se dirigiu nas comemorações de 1º de maio de 1927: “Se o operariado pontagrossense quiser alcançar algum progresso na vida social, é mister que se uma, porque governo algum dará ouvidos a uma classe que não tem organização.” (Revista Operária, Ponta Grossa, 6 de abril de 1929). Sua vida valeu-lhe homenagens prestadas pelos operários gráficos do Centro Operário de Ponta Grossa que, em 1929, editaram a Revista Operária. A combinação intelectual-redator/operário e/ou aliado extravasa para as páginas da imprensa as contradições presentes no relacionamento das classes sociais e entre as suas frações.18

Integrando um grupo de intelectuais que defendiam a causa operária, Hugo

dos Reis criou, em 1908, o jornal O Escapello, publicação vinculada ao Centro Livre

Pensador. Nessa empreitada teve ao seu lado figuras de peso do jornalismo local,

como o português Teixeira Coelho, e também Gigi Damiani, importante jornalista,

poeta e militante operário italiano que participou das lutas sociais no Brasil do início

do século passado.

No começo dos Novecentos diversas agremiações libertárias foram criadas

em Ponta Grossa, entre as quais os Círculos Socialistas Napoleone Amadio e Leon

Tolstoi, a Liga Operária Pontagrossense (todos em 1902), o Centro Livre Pensador e

o Centro Anticlerical (ambos de 1908) e a Sociedade Operária Beneficente (em

1911).

Hugo fez parte do Centro Livre Pensador e foi fundador e primeiro presidente

da Sociedade Operária. Já na condição de Presidente de Honra dessa entidade,

comandou a greve geral de 1917 na cidade. Nos dez dias em que o movimento

18 ARAÚJO, Silva; CARDOSO, Alcina. Jornalismo e Militância Operária. Curitiba: Ed. UFPR, 1992. p. 32.

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ocorreu (21/31 de julho), integrou a Comissão Mediadora da Greve19 e presidiu as

assembléias dos trabalhadores. As atas da Sociedade Operária foram integralmente

transcritas nas páginas do jornal Diário dos Campos.

Trechos contidos nas atas da Sociedade Operária expressam o

posicionamento da entidade e do próprio Hugo dos Reis, indicando a perspectiva do

socialismo racional-humanitário defendido por ele. Já na ata que trata do começo do

movimento paredista é possível notar a perspectiva dos condutores da greve. Após

narrar o início da paralisação, ocorrida a partir dos trabalhadores das oficinas da

Rede Ferroviária, o documento relata a discussão a respeito de interromper a

passagem de trens pela cidade:

Neste ínterim já se haviam agrupado ao núcleo de honrados, ordeiros e pacíficos operários, alguns elementos anarquistas, bastante conhecidos nesta cidade e da polícia do Estado, bem como o habitual número de vadios e desocupados, que aproveitaram toda a alteração pública para darem expansão aos seus sentimentos maus. Assim, ao passo que o operariado ordeiro, em sua maioria concordava com a partida do trem, uma parte instigada pelos agitadores, não concordava, estabelecendo-se assim uma divergência entre os próprios operários em greve.20

Adiante, a mesma fonte registra as palavras literais de Hugo dos Reis ao

aconselhar sobre os rumos da greve, dizendo que relatou:

... o diretor do “Diário dos Campos”, ao operariado em greve o modo de agir das mulheres finlandezas, que em número de quatorze, na Assembléia de seu país conseguiram excelentes leis de proteção ao trabalho e de repressão aos vícios. Aquilo que as mulheres russas conseguiram, dentro da paz e da ordem, também poderiam conseguir os homens, os operários brasileiros, se soubessem agir com energia e com firmeza, porém, dentro da ordem, das leis da Constituição republicana.21

19 Entre os membros da Comissão estavam jornalistas, políticos, fazendeiros e industriais locais, como Flávio

Carvalho Guimarães, Joanino Sabatella, Paschoalino Provesiero e Hugo dos Reis. Não há registros de que

operários tenham composto tal Comissão. De acordo com a ata da Sociedade Operária, a Comissão “deveria

guardar os interesses da cidade, dos bens públicos ou privados, sem esquecer dos direitos e necessidade dos

operários”. 20 Ata da Sociedade Operária Beneficente. Ponta Grossa, 20 de julho de 1917. 21 Idem.

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Parece-nos evidente, que nestes dois pequenos trechos estão contidos os

princípios que acabaram por nortear a greve de 1917 em Ponta Grossa: o

operariado ordeiro e morigerado tinha por garantia lutar por seus direitos, porém,

sem jamais romper com a ordem pública e com o respeito a propriedade. Os

fragmentos também evidenciam a presença dos sujeitos que personificavam o mau,

isto é, os que defendiam a via do enfrentamento e da ruptura com a ordem vigente.

Tais premissas se tornam claras quando comparadas com outras ocorrências

da greve que ganharam destaque nas atas da Sociedade Operária e nas páginas do

Diário dos Campos.

Por exemplo, na ata de 23 de julho, é possível encontrar o registro de que

“anarquistas exaltados” haviam desparafusado as agulhas e os trilhos da ferrovia.

Segundo o documento:

... a Comissão estava informada pelos operários da Estrada que tal feito não fora obra sua, porém, de anarquistas e outros elementos reacionários que se envolveram na greve, tanto que os próprios operários haviam demitido da Comissão de grevistas o Sr. Adolpho Paulista e proibido a entrada, na Sociedade Operária, de cidadãos exaltados, que, não pertencendo a classe, comprometiam com os distúrbios e desordens, o sagrado interesse do operariado, acossado pela fome e pela carestia dos gêneros alimentícios.22

O “anarquista” Adolpho Paulista protagonizou ainda um episódio que nos

parece evidenciar o espírito da greve em Ponta Grossa e expressa o quanto a

liderança e as estratégias discursivas de Hugo dos Reis pesaram nesse processo.

Um dos primeiros atos dos paredistas foi a realização de uma concentração dos

trabalhadores diante da sede do Diário dos Campos, a qual foi assim descrita na ata

da Sociedade Operária e no jornal:

Às 16 horas e meia na Praça Floriano realizou-se um meeting, falando os operários Roxael Blanc e Frederido de Giorgi, e também o comerciante Sr. Adolpho Paulista, muito conhecido pelas suas opiniões anarquistas nos meios libertários. Tentando o referido comerciante arvorar uma bandeira vermelha o que faria degenerar uma greve pacífica e perfeitamente ordeira em uma franca revolução ou movimento subversivo, a polícia, com elementar bom senso, e

22 Ata da Sociedade Operária Beneficente. Ponta Grossa, 23 de julho de 1917.

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12 bastante prudência, tomou a bandeira em questão, não querendo que a mesma fosse arvorada.23

Observando os dois últimos excertos quer nos parecer, que em Ponta Grossa

a greve foi controlada, do ponto de vista do seu imaginário e ações, pela perspectiva

da conciliação, da negociação e da manutenção da ordem e não por um viés

revolucionário e de enfrentamento por parte do trabalhadores. Assim, prevaleceu

uma perspectiva assentada na caridade, na filantropia, na ideia de um movimento

pacífico e ordeiro preocupado em atender ao “sagrado interesse do operariado” sem

jamais romper com as estruturas sociais e políticas estabelecidas na cidade.

Considerando que Hugo dos Reis era o redator chefe do Diário dos Campos,

membro da Comissão de Greve e presidente de honra da Sociedade Operária

compreendemos que ele influenciou decisivamente a construção de tais

perspectivas. Desta forma, a aproximação de princípios maçons, espíritas e

socialistas, a partir do que já foi explicitado no início deste texto, coadunam

perfeitamente com a linha de ação que conduziu a greve de 1917 em Ponta Grossa.

Nesse quadro, Hugo dos Reis parece ter sido a figura central para que esse episódio

histórico tenha ocorrido de tal maneira.

Considerações Finais

Nos 16 anos em que viveu em Ponta Grossa, Hugo dos Reis se tornou uma

das figuras referenciais da vida intelectual e política local. Seus textos – sobretudo

os publicados no Diário dos Campos – o colocaram na condição de um intelectual

que soube como poucos usar o espaço do jornal como campo de ação privilegiado.

Aparentemente contraditórias, suas relações pessoais com o espiritismo, a

maçonaria e a defesa de um socialismo bastante peculiar, ganham sentido quando

entendemos contextos históricos próprios como os encontrados entre a metade do

século XIX e o início do XX no Brasil.

Erudito, Hugo dos Reis soube falar também aos pouco letrados e, por conta

disso, ocupou diversos espaços de poder e transitou entre diferentes grupos sociais

23 Ata da Sociedade Operária Beneficente. Ponta Grossa, 20 de julho de 1917.

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e políticos ponta-grossenses. Não é à toa que ao descrever seu papel na imprensa

local, Epaminondas Holzmann escreveu:

Hugo dos Reis continua sendo a bandeira da imprensa diária de Ponta Grossa. Ninguém, mesmo com dinheiro, sob proteção política e com o apoio dessa ou daquela classe, realizou mais do que ele pelo jornalismo na terra pitangui, embora sem capital, sem amparo, sem filhotismo. Sua lança era sua pena honrada e seu escudo, a lealdade!24

Referências ARAÚJO, Silva; CARDOSO, Alcina. Jornalismo e Militância Operária. Curitiba: Ed. UFPR, 1992. CHAVES, Niltonci Batista; KARVAT, Erivan Cassiano. Intelectuais, Discursos e Instituições: as reflexões entre a História Intelectual (e/ou de Intelectuais) e a História Local (reflexões sobre possibilidades de pesquisa). In: VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA, 2013, Maringá. Anais Eletrônicos. Disponível em: http://www.cih.uem.br/anais/2013/trabalhos/482_trabalho.pdf. HOLZMANN, Epaminondas. Cinco histórias convergentes. Ponta Grossa: Ed.UEPG, 2004. PEDLOWSKI, Guilherme Alves. Espiritismo e Imprensa: Os textos de Hugo Reis no O Progresso (1909-1911). 2014. p. 22. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2014. PEREIRA, Fábio. Jornalistas-intelectuais no Brasil. São Paulo: Summus, 2011. PILOTTO, Osvaldo. Cem anos de imprensa no Paraná (1854-1954). Estante Paranista. Curitiba: Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense. 1976. SILVA, Marcos José Diniz. Maçons, espíritas e católicos nos embates religiosos da Primeira República no Ceará. In: XXV SIMPÓSIO NACIONAL HISTÓRIA, 2009, Fortaleza. Anais Eletrônicos. Disponível em: http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0279.pdf.

Fontes Atas da Sociedade Operária Beneficente. Acervo Casa da Memória Paraná. Ponta Grossa. Jornal Diário dos Campos. Acervo Casa da Memória Paraná. Ponta Grossa.

24 HOLZMANN, Epaminondas. Op. Cit., p. 312.