Noções de Biossegurança laboratorial

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Noções de Biossegurança laboratorial

1. Conceito de biossegurança

A biossegurança é um conjunto de medidas necessárias para a manipulação adequada de agentes biológicos, químicos, genéticos, físicos (elementos radioativos, eletricidade, equipamentos quentes ou de pressão, instrumentos de corte ou pontiagudos, vidrarias) dentre outros, para prevenir a ocorrência de acidentes e conseqüentemente reduzir os riscos inerentes às atividades desenvolvidas, bem como proteger a comunidade e o ambiente e os experimentos.

2. Equipamentos de proteção individual

São quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma determinada atividade.

2.1 Tipos de EPI’s utilizados no laboratório clínico

Luvas: As luvas protegem de sujidade grosseira. Elas devem ser usadas em procedimentos que envolvam sangue, fluidos corporais, secreções, excreções (exceto suor), membranas mucosas, pele não íntegra e durante a manipulação de artigos contaminados. As luvas devem ser trocadas após contato com material biológico, entre as tarefas e procedimentos num mesmo paciente, pois podem conter uma alta concentração de microrganismos. Remova as luvas logo após usá-las, antes de tocar em artigos e superfícies sem material biológico e antes de atender outro paciente, evitando a dispersão de microrganismos ou material biológico aderido nas luvas. Lave as mãos imediatamente após a retirada das luvas para evitar a transferência de microrganismos a outros pacientes e materiais, pois há repasse de germes para as mãos mesmo com o uso de luvas.

Luvas de procedimento: são de látex, não estéreis, protegem o manipulador

Luvas domésticas: são de borracha e indicadas para limpeza de materiais e de ambiente

Luvas estéreis: são utilizadas para procedimentos invasivos e assépticos (evitar a contaminação por microrganismos), protegem o operador e o paciente.

Máscaras: servem para proteger a mucosa do nariz e da boca contra respingos gerada por espirro, fala ou tosse de pacientes ou durante a realização de procedimentos laboratoriais. São de uso único, devem ser trocadas quando úmidas ou submetidas a respingos visíveis.

Óculos: protegem a mucosa dos olhos contra respingos, aerossóis e da irritação provocada por substancias voláteis (álcool, acetona, reagentes). São reutilizáveis, feito de material plástico

Gorro: é utilizado para proteger as amostras de contaminação, para não cair fios de cabelo na amostra, para impedir a impregnação de algum odor nos cabelos. Também são úteis durante a realização de procedimentos nos quais são produzidos aerossóis, projeção de partículas e proteção dos pacientes durante procedimentos cirúrgicos. São descartáveis.

Protetor facial: é utilizado no lugar dos óculos e da máscara, protege toda a face. É utilzado em procedimentos onde há a produção de muitos aerossóis e de partículas solidas, de faíscas, etc.

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Avental ou jaleco: O avental (limpo, não estéril) serve para proteger a pele e prevenir sujidade na roupa durante procedimentos que tenham probabilidade de gerar respingos ou contato de sangue, fluidos corporais, secreções ou excreções. O avental será selecionado de acordo com a atividade e quantidade de fluido encontrado (plástico ou tecido). O avental de plástico está indicado para lavagem de materiais em áreas de expurgo. O avental sujo será removido após o descarte das luvas e as mãos devem ser lavadas para evitar a transferência de microrganismos para outros pacientes ou ambiente.

Calçados: fechados e impermeáveis, para impedir a penetração de sujidade ou de amostras derramadas no chão, vidros quebrados, etc.

3. Equipamentos de proteção coletiva

São utilizados na proteção coletiva de trabalhadores expostos ao risco

3.1 Tipos de EPC’s

Dispositivos de pipetagem – Nunca usar a boca para pipetar, porque além do risco de aspiração, torna mais fácil a inalação de aerossóis. Utilizar um dos vários tipos de bulbos, pêra ou pipetadores.

Extintores de incêndios: equipamento que combate o fogo é colocado no corredor do laboratório.

Lava olhos: tem o objetivo de livrar os olhos de contaminantes

Chuveiro de segurança: são aqueles especificamente projetados para fornecer um fluxo de água abundante e de baixa pressão, suficiente para remover do corpo humano qualquer tipo de contaminante ou calor, sem causar agravamento de possíveis lesões.

Saída de emergência: facilitar o acesso para fora do laboratório no caso de incêndios ou acidente com gazes explosivos ou tóxicos.

Capelas biológicas: Equipamento imprescindível onde se manuseia produtos químicos ou particulados, amostras biológicas que podem apresentar microorganismos infectantes. As capelas ajudam a proteger o operador, a amostra e o meio ambiente, pois possuem filtros que purificam o ar que é lançado para o interior ou para fora do laboratório.

Descartes para materiais perfurocortantes: devem ter paredes firmes e rígidas, geralmente são feitos de papelão, com revestimento interno que não permita vazamento ou perfurações. Após o uso, são recolhidos e devem ser incinerados para destruir os matériais contaminantes.

4. Cuidados com materiais perfuro-cortantes:

Os matérias perfurocortantes são seringas, agulhas, escalpes, ampolas, vidros de um modo em geral ou, qualquer material pontiagudo ou que contenham fios de corte capazes de causar perfurações ou cortes.

Recomendações especificas devem ser seguidas durante a realização de procedimentos que envolvam a manipulação de material perfurocortante.

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a) Máxima atenção durante a realização dos procedimentos;b) Jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam materiais perfurocortantes;c) As agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa com as mãos;d) Não utilizar agulhas para fixar papéis;e) Todo material perfuro-cortante (agulhas, seringas, scalp, laminas de bisturi, vidrarias, entre outros), mesmo que esterilizados, devem ser desprezados em recipientes resistentes à perfuração e com tampa;f) Os recipientes específicos para descarte de materiais não devem ser preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total e devem ser colocados sempre próximos do local onde é realizado o procedimento.

Figura 1 chuveiro de segurança e lava-olhos

As Boas Práticas de Laboratório exigem que se respeitem as seguintes diretrizes básicas ao utilizar os laboratórios da área da Saúde:

1. Utilizar proteção apropriada para os olhos quando necessário.

2. Usar outros equipamentos de proteção conforme for necessário.

3. Não usar cabelo solto, quando for longo.

4. Jamais pipetar com a boca solventes ou reagentes voláteis, tóxicos ou que apresentem qualquer risco para a segurança. Usar sempre um pipetador.

5. Evitar a exposição a gases, vapores e aerossóis. Utilizar sempre uma capela ou fluxo para manusear estes materiais.

6. Lavar as mãos ao final dos procedimentos de laboratório e remover todo o equipamento de proteção incluindo luvas e aventais.

7. Nunca consumir alimentos e bebidas no laboratório. A separação de alimentos e bebidas dos locais contendo materiais tóxicos, de risco ou potencialmente contaminados pode

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minimizar os riscos de ingestão acidental desses materiais. Consumir alimentos e bebidas apenas nas áreas designadas para esta finalidade.

8. Não guardar alimentos e utensílios utilizados para a alimentação nos laboratórios onde se manuseiam materiais tóxicos e perigosos.

9. Não utilizar os fornos de micro-ondas ou as estufas dos laboratórios para aquecer alimentos.

10. A colocação ou retirada de lentes de contato, a aplicação de cosméticos ou escovar os dentes no laboratório pode transferir material de risco para os olhos ou boca. Estes procedimentos devem ser realizados fora do laboratório com as mãos limpas.

11. Aventais e luvas utilizados no laboratório que possam estar contaminados com materiais tóxicos ou patogênicos não devem ser utilizados nas áreas de café, salas de aula ou salas de reuniões.

12. Antes de sair do laboratório, lavar sempre as mãos para minimizar os riscos de contaminações pessoais e em outras áreas.

13. No laboratório sempre devem existir locais para a lavagem das mãos com sabonete ou detergente apropriado e toalhas de papel descartáveis.

14.Limpeza da Bancada de Trabalho

a) Deve ser feita com álcool a 70% no início e no término das atividades ou

sempre que houver necessidade;

b) Quando houver derramamento de material biológico, limpar imediatamente

com solução de hipoclorito a 2% em preparação diária.

Controle de qualidade no laboratório clínico

O resultado de um exame laboratorial confiável e de qualidade depende do preparo do paciente, da colheita do material e do manuseio e armazenamento da amostra colhida.

O controle de qualidade é o conjunto de atividades planejadas e sistemáticas do laboratório para garantir que os seus serviços atendam ao requisito de qualidade.

A garantia de qualidade engloba os processos pré-analíticos, analíticos e pós-analíticos. Portanto, o seu objetivo é assegurar resultados laboratoriais corretos que satisfaçam as necessidades do cliente ou paciente.

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Para se obter a qualidade nos exames realizados, é preciso que se faça uma padronização dos processos envolvidos desde a solicitação médica dos exames até a liberação do laudo.

Portanto, a padronização em laboratório clinico tem a finalidade de prevenir, detectar, identificar e corrigir erros ou variações que possam ocorrer em todas as fases da realização dos testes.

Padronização dos processos pré-analíticos:

Os fatores pré-analíticos são difíceis de monitorar e controlar porque grande parte deles pode ocorrer fora do laboratório.

1. Identificação: é muito importante que o paciente, a solicitação de exames e as amostra sejam devidamente identificadas: nome do paciente,data e hora da coleta,tipo de material (soro, plasma, sangue total, urina, fezes, secreção vaginal, escarro, etc.

2. Preparação do paciente: todos os profissionais do laboratório devem saber da importância da correta preparação do paciente e saber como ela pode afetar os resultados. Na preparação dos pacientes para a realização do exame deve-se observar alguns fatores como: necessidade de jejum, estado nutricional, uso de álcool; estresse, fumo, exercícios físicos, postura (sentado, deitado, em pé).

3. Coleta da amostra: na coleta da amostra é importante que os profissionais tenham conhecimentos necessários dos erros e variações que podem ocorrer antes, durante e após a obtenção da mesma.

Variações devido à obtenção, preparação e armazenamento da amostra: identificação incorreta do paciente, troca do material, contaminação da amostra, erro por hemólise, estase prolongada, homogeneização, centrifugação, conservação inadequada, erro no emprego de anticoagulantes, etc.

Erros potenciais na etapa pré-analítica

Erros na solicitação dos exames: escrita ilegível, interpretação errada do exame, erro na identificação do paciente, falta de orientação por parte do médico ou do laboratório para determinados exames

Erros na coleta da amostra: Identificação errada do paciente, troca das amostras Paciente não preparado corretamente: falta de jejum, horário da coleta incorreto,

tempo de coleta de amostra de urina incorreto Uso de anticoagulante errado Volume da amostra inadequado para o exame Hemólise e lipemia intensas Estase prolongada Transporte e armazenamento da amostra incorreto Contaminação de tubos, frascos e tampas.

Padronização dos processos analíticos

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As diversas variáveis analíticas na realização de um exame laboratorial devem ser muito bem controladas para assegurar que os resultados sejam precisos e exatos.

1- Confiabilidade :precisão, exatidão , sensibilidade, especificidade, linearidade2- Praticidade: volume e tipo de amostra, duração do ensaio, necessidade de

equipamentos, segurança pessoal3- Outras variáveis: qualidade da água, limpeza de vidrarias4- Calibração dos dispositivos de medição e ensaio: pipetas e vidrarias, equipamentos

Erros potenciais na etapa analítica

Troca de amostras Erros de pipetagem; pipetas não aferidas, molhadas, volume incorreto Vidraria e recipientes mal lavados Presença de interferências das amostras: medicamentos, lipemia, hemólise, icterícia Temperatura ambiente e da reação não adequadas Erros nos cálculos das diluições, nas unidades, na concentração

Padronização na etapa pós-analítica

Os processos pós-analíticos consistem nas etapas executadas após a realização do exame.

Incluem:

Cálculo dos resultados Analise de consistência dos resultados Liberação dos laudos Armazenamento de material ou amostra do paciente Transmissão e arquivamento dos resultados Consultoria técnica

A direção do laboratório é responsável por assegurar que os laudos sejam entregues ao usuário adequado

Os laudos devem ser legíveis e sem rasuras de transcrição

Os dados dos laudos são confidenciais, devendo-se respeitar a privacidade do paciente e manter sigilo sobre os resultados

Os resultados devem ser liberados em prazos especificados e expressos preferencialmente nas unidade do sistema internacional de medidas (mg/ l; g/l; mg/cm ³; etc.).

No laboratório devem permanecer copias ou arquivos de laudos para posterior recuperação.

Acondicionamento para transporte de amostras

1 - Para transporte de curta distância

Para transporte rápido, de curta distância, os tubos com amostras (geralmente sangue total, soro ou plasma) podem vir em estantes e transportados em caixas térmicas.

2. Para transporte de longa distância

Quando as amostras de sangue total, soro, plasma e outras similares são procedentes de locais mais distantes, sugere-se o seguinte procedimento:

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a) Colocar o(s) tubos(s) com as amostra(s), devidamente identificada(s) e etiquetado(s), em um saco plástico e fechar;

b) Colocar o saco com os tubos em pé, protegido com papel, dentro de uma garrafa plástica cortada (pode ser de álcool, água sanitária, refrigerante, etc);

c) Colocar uma fita adesiva por cima para fixar o saco com tubos na embalagem plástica;

d) Colocar dentro de uma caixa térmica;

e) Colocar o gelo reciclável dentro da caixa;

f) Colocar papel amassado por cima, de maneira que as amostras e o gelo não se batam;

g) Colocar as requisições correspondentes, devidamente preenchidas, dentro de um saco plástico;

h) Vedar bem o saco e fixa-lo na parte interna da tampa da caixa térmica;

i) Fechar e vedar bem a caixa;

j) Identificar com destinatário, remetente;

k) Enviar ao laboratório.

Gelo: o gelo deve ser preferencialmente reciclável, para não haver risco de perda da amostra.

Caixa Térmica: é a caixa para transporte de amostra que deve ser de polietileno ou similares (tipo geladeira portátil). Deve ser lavável, resistir a desinfecção e portar a identificação de “Infectante” ou “Risco Biológico, juntamente com o nome, telefone e endereço da pessoa que deve ser avisada em caso de acidente com a(s) amostra(s).