ministério da educação secretaria de educação continuada ...

of 35 /35
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE PROGRAMA ESCOLA ATIVA PROJETO BASE Brasília AGOSTO 2008

Embed Size (px)

Transcript of ministério da educação secretaria de educação continuada ...

  • MINISTRIO DA EDUCAO

    SECRETARIA DE EDUCAO CONTINUADA, ALFABETIZAO E DIVERSIDADE

    PROGRAMA ESCOLA ATIVA

    PROJETO BASE

    Braslia

    AGOSTO 2008

  • 2

    Apresentao

    O Ministrio da Educao, por meio da Coordenao Geral de Educao do

    Campo/SECAD, apresenta o Projeto Poltico Pedaggico do Programa Escola Ativa. O

    objetivo deste material estabelecer as bases e os fundamentos do Programa para

    orientar a sua implantao em novas escolas assim como possibilitar seu

    aperfeioamento em escolas com classes multisseriadas que j desenvolvem o

    Programa, preparando professores e gestores para atuar na realidade da Educao do

    Campo. O material tem tambm como propsito orientar a prtica do professor no

    sentido de uma compreenso mais ampliada da escola e dos processos de ensino e

    aprendizagem com vistas consolidao de uma poltica pblica apoiada na rica histria

    de organizao dos povos do campo.

    As escolas com classes multisseriadas correspondem a mais de 50% das escolas

    do campo. No entanto, suas limitaes em termos de infra-estrutura e no que diz

    respeito formao especfica dos professores para atuar com esta forma de

    organizao escolar tm gerado um crescente debate. Neste sentido, abriram-se novas

    perspectivas para as classes multisseriadas pensadas a partir de outra organizao do

    trabalho pedaggico e outra relao entre disciplinas, sries, educandos/as e

    professores/as.

    O Programa Escola Ativa, que completou dez anos de sua implementao no ano

    de 2007 e que chegou a atender mais dez mil escolas nas Regies Norte, Nordeste e

    Centro-oeste, demandou uma reviso da experincia que foi realizada pela equipe de

    pesquisadores da UFPA-Universidade Federal do Par, com o apoio da Coordenao

    Geral de Educao do Campo/SECAD.

    A pesquisa, cujo objetivo foi identificar as prticas e ressignificaes constitudas

    na atuao de professores e tcnicos junto ao Programa, realizou-se por meio de

    metodologias e tcnicas quantitativas e qualitativas. Ao mesmo tempo e de forma

    articulada, a equipe de tcnicos, especialistas e consultores trabalharam intensamente

  • 3

    para elaborar o Caderno de Orientaes Pedaggicas do Professor e os materiais

    didticos para o trabalho com os alunos em sala de aula. O processo de reformulao,

    que se fez a partir dos resultados da pesquisa realizada pela UFPA, incorpora, ainda,

    pareceres dos Coordenadores Estaduais de Educao do Campo e do Programa Escola

    Ativa.

    Todo o processo de reformulao explora novos limites e tem como referncia a

    prtica de uma educao integrada com o ser humano que vive e trabalha no campo. A

    reviso do Programa procura ainda contemplar novos contedos e metodologias, assim

    como aprofundar o debate sobre as classes multisseriadas do campo.

    Todo o processo se d luz das concepes apresentadas nas Diretrizes

    Operacionais para a Educao Bsica nas Escolas do Campo - Resoluo CNE/CEB N

    1 de 03 de abril de 2002 e das Diretrizes Complementares Normas e Princpios para o

    Desenvolvimento de Polticas Pblicas de Atendimento Educao Bsica do Campo

    Resoluo N 2, de 28 de abril de 2008.

    As classes multisseriadas nos desafiam a repensar a escola, suas disciplinas, sries,

    contedos e avaliaes. Neste sentido, este Programa se apresenta como mais um

    passo no avano histrico de construo de uma proposta para classes multisseriadas,

    que certamente no termina por aqui e responsabilidade de todos.

  • 4

    SUMRIO

    1. Apresentao ....................................................................................... 2

    2. Educao do Campo e Classes Multisseriadas: Breve Diagnstico ..............................................................................................

    5

    3. Histrico do Programa Escola Ativa ................................................. 7

    4. O Programa Escola Ativa Fundamentos ........................................ 8

    5. O Programa Escola Ativa Finalidades ............................................ 12

    6. Aspectos Legais .................................................................................. 15

    7. Elementos Estruturantes da Metodologia do Programa Escola Ativa ..........................................................................................................

    19

    8. Objetivos do Programa Escola Ativa ................................................ 25

    9. Metas Fsicas do Programa Escola Ativa 2007-2010 ....................... 26

    10. Pblico ............................................................................................... 26

    11. Formao Continuada de Professores/as e Coordenadores/as estaduais e Municipais ...........................................................................

    26

    12. Proposta de Curso de Formao do Programa Escola Ativa ....... 27

    13. Microcentros ...................................................................................... 30

    14. Material Didtico e Pedaggico ....................................................... 30

    15. Estrutura Operacional do Programa Escola Ativa ......................... 33

    15.1. Gesto ............................................................................................. 33

    15.2. Monitoramento e Avaliao ........................................................... 34

  • 5

    1. Educao do Campo e Classes Multisseriadas: Breve Diagnstico.

    Quando analisados os dados da Educao do Campo, identificam-se desigualdades

    histricas no que se refere ao direito educao dos povos do campo. O Censo

    Escolar de 2006 indica a existncia de 7,4 milhes de matrculas nas escolas do campo

    em uma rede de 92.172 estabelecimentos para a educao bsica. Do total da

    matrcula, (74,5%) diz respeito ao Ensino Fundamental, 933.444 (12,5%) Educao

    Infantil e 219.332 (2,9%) ao Ensino Mdio.

    Dentre os alunos do Ensino Fundamental, 71,5% esto matriculados nos anos iniciais

    (1 a 4 sries), onde se concentram as classes multisseriadas. No que se refere

    escolaridade da populao, enquanto na zona urbana a populao de 15 anos ou mais

    apresenta uma escolaridade mdia de 7,3 anos, na zona rural esta mdia corresponde

    a 4 anos.

    O fluxo escolar dos alunos matriculados nas escolas rurais tambm apresenta

    problemas de distoro mais acentuados do que o das escolas urbanas (Tabela 1). Nos

    primeiros anos do Ensino Fundamental, a taxa de distoro idade-srie para os alunos

    das escolas do campo o dobro da apresentada nas escolas das reas urbanas.

    Esta diferena tende a crescer medida que se avana para as etapas mais elevadas

    de escolarizao, pelo efeito de retenes acumuladas ao longo do percurso escolar,

    de acordo com o Censo Escolar 2006. Deriva-se da que as classes multisseriadas

    atendem crianas com uma diversidade etria maior do que na cidade, onde a

    distoro idade-srie j constitui um problema de grande gravidade.

  • 6

    Tabela I

    Taxa de Distoro Idade-Srie por nvel de Ensino e Localizao Brasil e Regies - 2006 At 4 srie 5 a 8 srie Ensino Mdio

    Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

    Brasil 18,5 39,4 33,2 53,4 44,6 57,7

    Norte 29,2 51,1 44,8 63,4 63,2 70,5

    Nordeste 29,0 42,3 48,6 59,8 62,0 70,5

    Sudeste 11,9 23,8 23,1 36,0 33,4 41,1

    Sul 11,6 14,8 24,9 27,5 29,8 31,6

    Centro-Oeste 17,7 29,4 34,5 47,3 42,0 53,6

    Fonte: MEC/INEP/DTDIE

    Associada a esses dados h uma rede escolar caracterizada por grande

    precariedade em suas instalaes fsicas. Os dados indicam que persiste a ausncia ou

    inadequao de elementos bsicos de infra-estrutura fsica das escolas do campo, tais

    como o atendimento por rede de esgoto e energia eltrica para parte significativa das

    escolas localizadas nas Regies Norte e Nordeste. Das escolas de Ensino Fundamental

    da Regio Norte, 16% no contam com sanitrio, 50% no possuem energia eltrica e

    16,5% no possuem rede de esgoto. Para a Regio Nordeste, os dados indicam que 9%

    no so dotadas de sanitrio, 17% no possuem energia eltrica e 9% no possuem

    esgoto.

    A precariedade da educao oferecida s populaes do campo se apresenta de

    forma mais visvel nas escolas com turmas multisseriadas, uma vez que estas

    constituem a maioria das escolas do campo. O Censo Escolar 2006 apontou a

    existncia de cerca de 50 mil estabelecimentos de ensino nas reas rurais com

    organizao exclusivamente multisseriada, com matrcula superior a um milho de

    estudantes, configurando uma urgente necessidade de apoio tcnico e financeiro por

    parte da Unio e Estados.

    Atualmente o Programa Escola Ativa est presente em cerca de dez mil escolas,

    segundo dados da SECAD/MEC. O propsito da CGEC/SECAD/MEC possibilitar o

    acesso deste Programa, com seus recursos de natureza pedaggica, para um universo

  • 7

    maior de escolas e seguir no aprimoramento da tecnologia do trabalho educativo

    destinado a auxiliar o trabalho de professores que atuam com classes multisseriadas.

    2. Histrico do Programa Escola Ativa

    O Modelo da Escola Nova chegou ao Brasil na dcada de 1920, influenciando um

    importante movimento social e poltico no mbito da educao. Envolveram-se neste

    movimento intelectuais como Ansio Teixeira, influenciado pelas idias de John Dewey

    (pragmatista estadunidense), Fernando de Azevedo e Lauro de Oliveira Lima, como

    afirma Cury (1988).

    O escolanovismo no Brasil influenciou as leis educacionais das dcadas

    seguintes e somou-se ao contexto de crtica do sistema tradicional, que precisava ser

    democratizado em termos de acesso e ser modificado em termos de mtodo. Sua

    presena cumpriu um papel histrico na superao do modelo tradicional de

    escolarizao presente no incio do sculo e marcou a mentalidade de uma poca.

    Na dcada de 1970, ainda, o escolanovismo orientou a proposta formulada na Colmbia

    do Programa Escuela Nueva, criado para atender as classes multisseriadas. O

    programa estava dirigido ao atendimento das regies com baixa densidade

    populacional, principalmente as regies rurais que apresentavam tambm os problemas

    de baixa qualidade educacional.

    O Boletim de Educao da OREALC Oficina Regional de Educacin para Amrica Latina y Caribe de julho-dezembro de 1968 informava que Alejandro Covarrubias e Santiago Hernndez Ruiz promoveram a experimentao de escolas multisseriadas em doze pases latinoamericanos (Escola Ativa: 1999).

    No Brasil, o Programa Escola Ativa se inicia em 1997 e resultou de uma

    adaptao do programa desenvolvido na Colmbia, implantado no mbito do Projeto

    FUNDESCOLA. As escolas multisseriadas tendiam a serem consideradas como

    resqucio de um perodo em extino em decorrncia do processo acelerado de

    urbanizao. O espao do campo, comumente negligenciado por polticas pblicas e

  • 8

    atendido apenas por polticas compensatrias, recebe um programa que procura auxiliar

    o trabalho do professor.

    No final do sculo XX e incio do sculo XXI, os avanos dos movimentos sociais

    do campo no mbito educacional e suas conquistas no plano das polticas pblicas

    consolidaram um conjunto de demandas histricas de um projeto educacional que se

    prope a levar em considerao uma populao de cerca de 30 milhes de

    trabalhadores que produzem e vivem no meio rural brasileiro.

    Para o Programa Escola Ativa inicia-se em 2007 um momento distinto, com sua

    transferncia do FNDE/Fundescola para a Secretaria de Educao Continuada,

    Alfabetizao e Diversidade, ficando sua gesto a cargo da Coordenao-Geral de

    Educao do Campo, como parte das aes do MEC que constituem a poltica nacional

    de Educao do Campo.

    O atual momento desafia o Programa a reconhecer a realidade do campo

    enquanto fonte de suas reflexes, e superar uma viso reducionista do campo. O campo

    real um campo onde atuam distintos interesses e projetos para o Pas.

    No campo, assim compreendido, os povos camponeses demandam boas escolas

    para seus filhos, bons professores e uma educao que no prepare apenas para a vida

    na cidade, mas que eduque reconhecendo as distintas formas de existncia, de

    manifestaes da vida e de relaes sociais e com a natureza. O Programa, a partir da

    nova configurao, prope uma educao que pense as questes ambientais

    relacionadas com o trabalho do Campo.

    3. O Programa Escola Ativa Fundamentos

    Na contramo do modelo de desenvolvimento que subordina o campo cidade e

    aprofunda as desigualdades entre os segmentos da populao brasileira que residem

    em reas urbanas e rurais no que se refere ao comprimento de seus direitos, existem

    projetos contra-hegemnicos construdos a partir dos referenciais dos movimentos

    sociais do campo.

  • 9

    Dentre desta compreenso, a defesa de um pas soberano est vinculada

    construo de um projeto de desenvolvimento do campo onde a educao uma das

    dimenses necessrias para a transformao da sociedade. Assim, a Educao do

    Campo entendida como forma de ao poltico-social, em oposio tradicional

    educao rural, transposio empobrecida da educao construda para as reas

    urbanas. No contexto da Educao do Campo, a escola passa a ser reconhecida como

    espao de reflexo da realidade dos povos do campo, de seu trabalho, suas linguagens,

    de suas formas de vida e, sobretudo, de um novo projeto poltico de desenvolvimento.

    Para os movimentos sociais tanto de luta pela terra quanto de melhores

    condies de vida para as populaes do campo em seus diferentes segmentos,

    educao e a escolarizao tm funo social estratgica na afirmao de sua

    identidade e para a formulao de um novo projeto social de campo. neste sentido

    que a SECAD/MEC tem elaborado a poltica de Educao do Campo.

    As Conferncias Nacionais Por uma Educao do Campo, ocorridas em 1998 e

    2004 e que resultaram de um longo processo de luta dos povos organizados do campo

    em busca do atendimento especificidade da Educao do Campo associada

    produo da vida e cultura do campo, defenderam o direito dos povos do campo a

    polticas pblicas especficas.

    Entre 2004 e 2005 foram realizados 25 Seminrios Estaduais de Educao do

    Campo pela SECAD/MEC com o apoio das secretarias estaduais de educao,

    prefeituras municipais, movimentos sociais do campo e universidades, cujo principal

    objetivo foi divulgao das Diretrizes Operacionais para a Educao Bsica nas

    Escolas do Campo, com vistas definio de polticas de educao especficas para as

    populaes do campo. Estes momentos contaram ainda com intensa participao de

    educadores, sindicatos, UNDIME e CONSED.

    Ao final de cada Seminrio foram firmados compromissos que esto expressos

    nas Cartas dos Estados. Entre estes compromissos, cabe mencionar a criao de

    instncia colegiada, na forma de comits ou comisso de Educao do Campo,

  • 10

    constituda no mbito da secretaria estadual de educao e com representao de

    universidades e movimentos sociais no mbito de cada estado.

    Essas instncias, comits ou comisses, tm como principal finalidade discutir os

    problemas, as possveis solues, experincias e especificidades da Educao do

    Campo no sentido de promover a construo de um projeto poltico pedaggico de

    Educao do Campo que articule aes em polticas pblicas, como forma de

    concretizao das orientaes preconizadas nas Diretrizes Operacionais para Educao

    Bsica nas Escolas do Campo.

    Para construir uma educao que contemple o campo necessrio colocar em

    questo idias e conceitos h muito estabelecidos na sociedade, desenvolver novos

    conceitos de modo a reverter s desigualdades educacionais, historicamente

    construdas, entre o campo e a cidade. Para Caldart (2002), a associao da Educao

    do Campo s lutas por polticas pblicas e reforma agrria o fundamento educativo de

    um novo projeto poltico de desenvolvimento. A conquista da humanizao se d na

    prpria luta contra a desumanizao. Por isso, o desafio para as escolas do campo

    formar para recuperar as condies humanas dos povos do campo.

    Na busca de novas estratgias educativas capazes de promover o

    desenvolvimento humano integral preciso considerar a contribuio de cada povo do

    campo, ribeirinhos, caiaras, quilombolas, seringueiros, agricultores familiares e

    indgenas, que se diferenciam entre si devido s distintas formas de organizao do

    trabalho, organizao social e cultura. Em que pesem as importantes distines, estes

    povos, em suas trajetrias guardam, tambm, semelhanas entre si dadas

    convergncia de muitos problemas de ordem econmica, social e ambiental que

    vivenciam.

    A Educao do Campo busca resgatar essas dimenses scio-polticas,

    envolvendo os sujeitos educativos em uma distinta forma de organizao do trabalho

    pedaggico e do trato com o conhecimento, apontando tanto para a busca de processos

    participativos de ensino-aprendizagem, quanto de ao social para a transformao.

  • 11

    Neste sentido, advoga princpios que sustentam tais propsitos e estabelecem

    coerncia com esta concepo de educao: educao para a transformao social -

    vnculo orgnico entre processos educativos, processos polticos, econmicos e cultura;

    educao para o trabalho e a cooperao; educao voltada para as vrias dimenses

    da pessoa humana; educao voltada para valores humanistas e educao como um

    processo permanente de formao e transformao humana.

    dentro desta perspectiva que se insere o Programa Escola Ativa em sua

    reformulao. No trabalho pedaggico, os princpios acima referidos se desdobram e

    orientam a relao com o conhecimento ao proporem que a aprendizagem ocorra por

    meio da ao humana e mediante a apropriao (criativa) e reelaborao de conceitos.

    Os contedos escolares so pensados para estabelecerem a relao

    especificidade/universalidade e na abordagem de temas que tratam de grandes

    problemas que afetam a vida cotidiana. A compreenso da linguagem e do

    conhecimento se faz a partir de sua considerao como mediao do processo de

    aprendizagem e de formao da mente e a busca de relaes interdisciplinares do

    conhecimento e contedos articulados com o ensino e a pesquisa pedaggica.

    No que se refere metodologia do Programa Escola Ativa, busca-se uma

    articulao entre planejamento, prtica e apropriao de conhecimentos. A opo do

    Programa por uma metodologia problematizadora capaz de definir o professor como

    condutor do estudo da realidade, por meio do percurso das seguintes etapas: I)

    Levantamento de problemas da realidade; II) problematizao em sala de aula dos

    nexos filosficos, antropolgicos, sociais, polticos, psicolgicos, culturais e econmicos

    da realidade apresentada e dos contedos; III) Teorizao (pesquisa, estudos e

    estabelecimento de relao com o conhecimento cientfico; IV) Definio de hipteses

    para soluo das problemticas estudadas; V) Proposies de aes de interveno na

    comunidade;

    No mbito da gesto, prope-se um envolvimento entre escola e comunidade,

    contextualizado em seus processos sociais e organizativos por meio do Conselho

    Escolar. Esta orientao concretizada no estmulo auto-organizao dos estudantes.

  • 12

    Compreende-se que a formao do ser humano no tarefa exclusiva da escola,

    pois resultado de um conjunto de outras aes educativas. Ainda assim, a escola

    desempenha um papel de destaque na tarefa de possibilitar o acesso ao conhecimento

    e de ensinar a importncia de pensar o campo como parte da unidade entre campo e

    cidade que constitui o nosso pas.

    4. O Programa Escola Ativa Finalidades

    O Programa Escola Ativa foi criado para auxiliar o trabalho educativo com classes

    multisseriadas. Para tanto, prope-se reconhecer e valorizar todas as formas de

    organizao social, caractersticas do meio rural brasileiro, garantindo a igualdade de

    condies para acesso e permanncia na escola.

    Para a Educao do Campo, as experincias escolares desenvolvidas tanto por

    organizaes sociais quanto pelas redes pblicas de ensino nas diferentes regies e

    realidades do nosso pas devem buscar o respeito diversidade local e a ampliao

    crtica em direo a cultura universal. O Programa Escola Ativa se prope tarefa de

    aprofundar e propiciar melhores condies para o desenvolvimento da escola do campo

    e para o fortalecimento da experincia escolar, estimulando a conquista das

    coletividades e o compromisso com a vida escolar, com a comunidade e com o pas.

    O Programa Escola Ativa se prope a valorizar o profissional da educao

    escolar atravs da busca de condies adequadas de formao em carter inicial e

    continuado , remunerao, acompanhamento pedaggico, possibilidades de

    intercmbio e formas de aprendizagem em servio, estudo da diversidade e dos

    processos de interao e de transformao do campo. Cabe a este profissional

    destacada participao no processo de ensino e de aprendizagem para alm da

    condio de mero observador ou provocador de conflitos cognitivos. Seu papel consiste

    em promover situaes de envolvimento e compromisso dos estudantes com o estudo e

    ao sobre sua realidade e com a valorizao dos povos do campo.

    A gesto democrtica do ensino pblico corresponde participao da

    comunidade na elaborao do projeto pedaggico da escola, na definio de prioridades

  • 13

    e na organizao de tarefas administrativas e gesto dos recursos da prpria unidade

    escolar, bem como ao cuidado com o patrimnio da escola. Para o Programa Escola

    Ativa, a gesto democrtica encontra-se concretizada no elemento curricular Colegiado

    Estudantil e nos outros instrumentos de participao que chamam os estudantes para

    assumir responsabilidades ante a escola e a comunidade, valorizando a experincia

    extra-escolar, as formas de trabalho e sobrevivncia e relao com o meio ambiente que

    respondem, juntos, pela grande diversidade das populaes do campo.

    No Programa Escola Ativa, a valorizao da experincia extra-escolar aponta

    para a organizao interdisciplinar dos contedos e da relao que se busca

    estabelecer entre o conhecimento que os estudantes trazem de suas experincias

    comunitrias e dos contedos da aprendizagem escolar. Devido peculiaridade do

    trabalho com multissrie, o Programa Escola Ativa procura apoiar o professor ao lidar

    com deferentes graus de desenvolvimento mental e ritmo de aprendizagem, oferecendo

    recursos para uma maior diversidade de atividades, com trabalhos individuais e coletivo.

    No contexto da Educao do Campo a proposta pedaggica do Programa Escola

    Ativa tem por objetivo propiciar condies para o trabalho com as diferenas regionais e

    com as populaes que constituem os povos do campo. Tais propsitos podem ser

    observados, conforme segue:

    O campo hoje no sinnimo de agricultura ou de pecuria. H trao do mundo urbano que passam a ser incorporado no modo de vida rural assim como h traos do mundo campons que resgatam valores sufocados pelo tipo de urbanizao vigente. Assim sendo, a inteligncia sobre o campo tambm a inteligncia sobre o modo de produzir as condies de existncia em nosso pas. (Conselho Nacional de Educao/Cmara da Educao Bsica. Parecer n 36/2001)

    A Educao do Campo resgata as relaes sociais, de cultura, de relao com a

    natureza como espao/territrio de vida, participao, trabalho coletivo, cultura e ao

    humana.

    No Ensino Fundamental, encontraremos os seguintes princpios:

  • 14

    o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meio bsico o pleno

    domnio da leitura, da escrita e do clculo;

    a compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, da tecnologia,

    das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

    o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisio

    de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes e valores;

    o fortalecimento dos vnculos da famlia, dos laos de solidariedade humana e de

    tolerncia recproca em que se assenta a vida social;

    O Programa Escola Ativa foi reformulado no sentido de atender s exigncias do

    Ensino Fundamental de nove anos, que resulta da compreenso de que o

    desenvolvimento integral da criana se beneficia mais dos estmulos quanto mais cedo

    estes forem apresentados pela escola. Desta forma, ajusta-se Lei 11.274/2006 que

    acrescenta 1 ano ao Ensino Fundamental ao antecipar para a idade de 6 anos o

    ingresso do aluno nesta etapa do ensino. Os sistemas de ensino tero at 2010 para

    adequarem-se a estas exigncias.

    Importante destacar a necessidade da formao continuada do professor para atuar

    nas classes multisseriadas. Esta dever contar, ainda, com a participao da

    comunidade para um melhor desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Estas

    contribuies auxiliam a ao pedaggica do professor com estratgias e vivncias que

    favoream a aprendizagem, as atividades e decises escolares. Nesse sentido, a

    adequao do ambiente escolar deve ser feita de forma propcia ao desenvolvimento

    das atividades, melhora da auto-estima do aluno e a participao da comunidade na

    preservao da escola, no perdendo a identidade do campo, sua cultura, mas,

    compreendendo-a e valorizando-a.

  • 15

    5. Aspectos Legais

    A legislao educacional brasileira apresenta uma ampla base legal para a

    instituio de polticas diferenciadas para o atendimento escolar das pessoas que vivem

    no campo. Neste sentido, importa considerar a referncia expressa na legislao sobre

    a possibilidade de adoo de diferentes formas de organizao escolar. Neste sentido,

    as classes multisseriadas, forma mais caracterstica da oferta de ensino no meio rural

    brasileiro, so amplamente respaldadas no que definem tanto a legislao educacional

    quanto as normas publicadas pelo Conselho Nacional de Educao no que se refere

    Educao do Campo.

    Importa considerar que a organizao multisseriada para a qual se destina o

    Programa Escola Ativa passam a ser vistas, dentro da poltica de educao especfica

    para os povos do campo, no apenas como organizao possvel, dada a baixa

    densidade demogrfica das reas rurais que dificulta a organizao com separao

    etria e seriada rgida, mas como uma forma desejvel de convivncia entre alunos e

    alunas com diferentes etapas de aprendizagem escolar para a formao do contexto

    necessrio s atividades de aprendizagem escolar.

    No entanto, preciso enfatizar a necessidade no apenas de formao adequada

    para o professor, mas de condies de acompanhamento pedaggico por parte dos

    sistemas de ensino s escolas que adotam a organizao multisseriada, bem como a

    adoo de material didtico-pedaggico especfico e elaborao de um projeto

    pedaggico que contemple a complexidade implicada nesta forma de organizao

    escolar. So estes os elementos de que se constitui, dito de forma simplificada, o

    Programa Escola Ativa.

    No que diz respeito s determinaes legais sobre educao pblica, cabe, em

    primeiro lugar, referncia definio das responsabilidades do poder pblico no que diz

    respeito organizao dos sistemas de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Lei 9.394/1996 estabelece, em seu artigo 9, inciso III, que

  • 16

    A Unio incumbir-se- de prestar assistncia tcnica e financeira aos Estados, ao

    Distrito Federal e aos Municpios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e

    o atendimento prioritrio escolaridade obrigatria, exercendo sua funo redistributiva

    e supletiva. A organizao da educao nacional dada pelo Ttulo IV da LDB, em seu

    artigo 8, define que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios organizaro,

    em regime de colaborao, os respectivos sistemas de ensino.

    A flexibilidade das formas de organizao escolar, to importantes para a

    Educao do Campo em virtude das grandes diferenciaes regionais, da organizao

    da vida coletiva e dos ciclos de chuva e seca, tambm se encontra prevista na LDB,

    conforme o artigo 23: A educao bsica poder organizar-se em sries anuais,

    perodos semestrais, ciclos, alternncia regular de perodos de estudos, grupos no-

    seriados, com base na idade, na competncia e em outros critrios, ou por forma

    diversa de organizao, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o

    recomendar.

    Ainda de acordo com a LDB, as especificidades do atendimento escolar no

    campo so referenciadas em seu artigo 28, segundo o qual para a oferta de educao

    bsica para a populao rural, os sistemas de ensino promovero as adaptaes

    necessrias sua adequao s peculiaridades da vida rural e de cada regio,

    especialmente no que se refere a: I - contedos curriculares e metodologias apropriadas

    s reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organizao escolar

    prpria, incluindo adequao do calendrio escolar s fases do ciclo agrcola e s

    condies climticas e III - adequao natureza do trabalho na zona rural.

    Na normatizao da oferta de ensino no campo, h ainda que ser considerado o

    que estabelece a Resoluo CNE/CEB 1, DE 3 de abril de 2002, que institui as

    Diretrizes Operacionais para a Educao Bsica nas Escolas do Campo. Este

    documento define em seu artigo 2 a identidade da escola do campo, conforme segue.

    A identidade da escola do campo definida pela sua vinculao s questes inerentes sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes prprios dos

  • 17

    estudantes, na memria coletiva que sinaliza futuros, na rede de cincia e tecnologia disponvel na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as solues exigidas por essas questes qualidade social da vida coletiva no pas.

    Para efeito de adoo de propostas pedaggicas diferenciadas, em cumprimento

    ao que postula a Educao do Campo, isto , no atendimento educacional diferenciado

    a suas populaes, as Diretrizes Operacionais estabelecem em seu artigo 5 que as

    propostas pedaggicas das escolas do campo, respeitadas as diferenas e o direito

    igualdade e cumprindo imediata e plenamente o estabelecido nos artigos 23, 26 e 28 da

    Lei 9.394, de 1996, contemplaro a diversidade do campo em todos os seus aspectos:

    sociais, culturais, polticos, econmicos, de gnero, gerao e etnia.

    conferida especial ateno a propostas pedaggicas capazes de valorizar a

    diversidade cultural e os processos de interao e transformao do campo, bem como

    os avanos cientficos e tecnolgicos em sua organizao do ensino.Todas estas

    questes so relacionadas a partir de princpios ticos de solidariedade e colaborao

    que norteiam a convivncia em sociedades democrticas. Estas questes esto

    relacionadas no artigo 13 das Diretrizes, em seu inciso II.

    Importante aspecto da vivncia do aluno e da organizao da aprendizagem, a

    avaliao do rendimento escolar se faz a partir do que define a LDB. Desta forma, para

    avaliao do rendimento do aluno, a verificao se far pela observncia dos critrios

    que se seguem, definidos pelo art. 24 da Lei,

    a) avaliao contnua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalncia dos

    aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do perodo sobre

    os de eventuais provas finais;

    b) possibilidade de acelerao de estudos para alunos com atraso escolar;

    c) possibilidade de avano nos cursos e nas sries mediante verificao do

    aprendizado;

    d) aproveitamento de estudos concludos com xito;

  • 18

    e) obrigatoriedade de estudos de recuperao, de preferncia paralelos ao perodo

    letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas

    instituies de ensino em seus regimentos.

    Ainda um importante documento a ser considerado na construo de uma poltica

    de Educao do Campo em cumprimento aos direitos de seus sujeitos, a Resoluo

    N 2, de 28 de abril 2008 que estabelece Diretrizes Complementares, Normas e

    Princpios para o Desenvolvimento de Polticas Pblicas de Atendimento da Educao

    Bsica do Campo.

    Este documento traz indicaes precisas e minuciosas em relao organizao

    da oferta de ensino para as diferentes etapas da educao bsica no campo. Assim,

    com relao ao atendimento escolar na educao infantil e nos anos iniciais do ensino

    fundamental as Diretrizes Complementares indicam, em seu artigo 3, que a Educao

    Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental sero sempre oferecidos nas prprias

    comunidades rurais, evitando-se os processos de nucleao de escolas e de

    deslocamento das crianas.

    De acordo com o pargrafo primeiro do mesmo artigo, os cincos anos iniciais do

    Ensino Fundamental, excepcionalmente podero ser oferecidos em escolas nucleadas,

    com deslocamento intracampo dos alunos, cabendo aos sistemas estaduais e

    municipais estabelecer o tempo mximo dos alunos em deslocamento a partir de suas

    realidades.

    Como forma de promover a expanso da oferta de educao infantil no campo de

    modo a atender os direitos estabelecidos na legislao educacional, as Diretrizes

    Complementares, no pargrafo segundo do artigo terceiro, afirmam que em nenhuma

    hiptese sero agrupadas em uma mesma turma crianas de Educao Infantil com

    crianas do Ensino Fundamental.

    Ainda um importante aspecto da educao oferecida no campo, a nucleao de

    escolas para oferta dos anos finais do EF, o artigo 4 das Diretrizes Complementares se

    pronuncia com a definio que segue. Quando os anos iniciais do Ensino Fundamental

    no puderem ser oferecidos nas prprias comunidades das crianas, a nucleao rural

  • 19

    levar em conta a participao das comunidades interessadas na definio do local,

    bem como as possibilidades de percurso a p pelos alunos na menor distncia a ser

    percorrida.

    A adoo do transporte escolar, quando se fizer necessria, dever considerar o

    menor tempo possvel no percurso entre a residncia do aluno e a escola, com especial

    ateno s condies de segurana dos alunos. Esta determinao aparece no

    pargrafo nico do artigo 4 das Diretrizes Complementares.

    Cabe, por fim, referncia s classes multisseriadas, forma de organizao

    especfica do atendimento do Programa Escola Ativa. Como forma de assegurar a

    qualidade da educao ministrada em classes organizadas sob a forma de

    multisseriao, as Diretrizes Complementares em seu artigo 10, pargrafo segundo,

    definem que as escolas multisseriadas, para atingirem o padro de qualidade definido

    em nvel nacional, necessitam de professores com formao pedaggica, inicial e

    continuada, instalaes fsicas e equipamentos adequados, materiais didticos

    apropriados e superviso pedaggica permanente.

    6. Elementos Estruturantes da Metodologia do Programa Escola Ativa

    Para auxiliar o trabalho do professor em sala de aula o Programa Escola Ativa

    propem estratgias que, relacionadas entre si por meio de atividades prticas, do vida

    ao currculo. Essas estratgias so:

    I - Cadernos de Ensino-Aprendizagem: So livros especficos por disciplinas (portugus, matemtica, histria, geografia,

    cincias e alfabetizao), desenvolvidos para utilizao nas classes multisseriadas.

    Esto elaborados de forma que o estudante possa desenvolver parte de suas atividades

    em sala de aula seguindo as orientaes do caderno, tendo em vista desenvolver a

    autonomia do aluno. Isto permite ao estudante desenvolver um conjunto de atividades

    escolares sem o acompanhamento direto do professor, podendo avanar em seus

  • 20

    estudos, atravs do trabalho individual e coletivo, sem que a importncia atribuda ao

    trabalho do professor seja minimizada.

    O livro do estudante auxilia principalmente o trabalho simultneo do professor

    com as vrias sries. Seu papel sempre o de introduzir novos contedos,

    estabelecendo relaes com o que a criana j sabe. O professor deve ampliar as

    atividades escolares de ensino-aprendizagem para alm do livro do estudante.

    Considerando que a prpria realidade uma totalidade com mltiplas relaes, nela

    que se encontra a interdisciplinaridade disposio do trabalho escolar.

    necessrio esclarecer que no se pretende que o livro do estudante se restrinja

    s atribuies de livro didtico, mas que se constitua em um roteiro de aprendizagem,

    que pode ser complementado e at modificado pela dinmica da sala da aula sob a

    coordenao do professor.

    II Cantinhos de Aprendizagem: Espao Interdisciplinar de Pesquisa: So espaos nos quais sero reunidos materiais de pesquisa que se constituem

    em subsidio para as aulas ao criar oportunidades e situaes para experimentao,

    comparao e socializao de conhecimento. Devem ser construdos pelos estudantes,

    professores e comunidade com acervo de livros, plantas, informaes sobre animais,

    objetos scio-culturais relacionados cultura local e s reas de conhecimento.

    Dado que a realidade se constitui em uma totalidade, a partir de sua

    considerao podem ser encontradas relaes entre as diferentes disciplinas, como

    portugus, matemtica, geografia, histria e cincias. O professor pode, por meio dos

    Espaos de Pesquisa, buscar as conexes entre a histria local e a geral, percorrendo

    os espaos geogrficos e territoriais, as diferentes formas de literatura, as artes, a

    matemtica etc., que fazem parte de todo o ambiente que envolve a criana e no qual

    ela se desenvolve.

    Portanto, recomenda-se que os Espaos de Pesquisa devem ser utilizados e

    montados, preferencialmente, de forma interdisciplinar. Devem ser sempre introduzidos

    novos textos, materiais didticos e resultados de pesquisas, realizadas pela escola e a

    comunidade. Poder inclusive haver um comit responsvel por cuidar, preservar e criar

    situaes de renovao deste espao.

  • 21

    III - Colegiado Estudantil:

    O Colegiado Estudantil constitui-se de um coletivo de representantes dos comits

    e que proposto pelo Programa Escola Ativa como forma de favorecer a implantao da

    gesto democrtica e fortalecer a participao dos estudantes e comunidade. Sua

    funo estimular a auto-organizao dos estudantes, a tomada de decises coletivas,

    a gesto, o comando e execuo de tarefas, assim como a coordenao de

    assemblias. O Colegiado Estudantil ter sua representao no Conselho Escolar,

    conforme estrutura prevista na LDB/96, que rene tambm professores e comunidade.

    A experincia demonstra que esta participao contribui para que os estudantes

    compreendam as diversas formas existentes de compromisso com a sociedade, os

    mecanismos de participao e gesto e pode promover, assim, a aprendizagem

    cooperativa. O Colegiado deve constituir-se em um espao de formao poltica e de

    aprendizagem do compromisso da escola com a comunidade.

    IV - Escola e Comunidade:

    A escola deve procurar aprofundar sua insero na comunidade da qual faz parte por

    meio de atividades curriculares relacionadas vida diria, ao ambiente natural e social,

    vida poltica e cultural e s condies materiais dos educandos e da comunidade.

    Neste sentido, destaca-se a necessidade de estratgias curriculares que tratem

    da formao humana como um todo, no se limitando aos conhecimentos relacionados

    s vivncias do estudante e da sua comunidade. Sendo assim, o currculo deve

    introduzir, sistematicamente, novos conhecimentos, aprofundando sua complexidade,

    possibilitando o desenvolvimento do ser humano integral e buscar colocar na prtica da

    sala de aula as situaes-problema contextualizadas e lidas em sua

    interdisciplinaridade.

    Atravs das estratgias acima descritas e de sua articulao, acredita-se estar

    abrindo caminhos para a formulao de uma concepo dos processos de ensino-

    aprendizagem capaz de superar a mera classificao em sries. Ao adotar uma

    organizao diferenciada do trabalho pedaggico, em que os anos iniciais do Ensino

    Fundamental formam uma etapa menos fragmentada, busca-se apontar para uma

    matriz formadora e uma compreenso mais ampliada, integral e multidisciplinar deste

  • 22

    perodo do desenvolvimento. Busca-se, desta forma, compreender a infncia como

    constituda de diferentes estgios de desenvolvimento e no como seqncia de sries

    escolares.

    V. Organizao do trabalho pedaggico de turmas multisseriadas que adotam o

    Programa Escola Ativa:

    O Programa prope formas alternativas de organizao e funcionamento de

    turmas multisseriadas, dada a compreenso de que no se pode trabalhar numa classe

    multisseriada dando a ela o mesmo tratamento de uma turma seriada. Para atender s

    necessidades das classes multisseriadas, o Programa Escola Ativa prope:

    Que mesmo que os estudantes sejam organizados por srie para melhor circulao

    de informaes entre eles, necessrio que se trabalhe alternadamente com grupos,

    com todas as sries para que as crianas possam exercitar diferentes possibilidades de

    cooperao, comparao e troca de experincias e conhecimentos. A presena de uma

    criana mais experiente em contato com crianas menores pode se tornar fonte de

    aprendizagem.

    Que em cada grupo haja um monitor, escolhido pelos estudantes, que auxiliar o

    professor quando este estiver em outro grupo, coordenando o desenvolvimento das

    atividades.

    Que o professor ressignifique sua prtica pedaggica, deixando a prtica centrada

    basicamente em aulas expositivas e no quadro de giz, para coordenar, orientar, expor,

    propor, dirigir e acompanhar as atividades dos estudantes nos prprios grupos. As

    intervenes do professor, realizadas em tempo hbil, observaro as necessidades dos

    alunos e levaro em considerao os diferentes ritmos de aprendizagem.

    Que o professor estimule os estudantes para o desenvolvimento da responsabilidade

    e autonomia. seu papel, mesmo assim, observar de perto o caminho seguido por cada

    estudante, estimul-lo a dar passos e auxili-lo na busca de respostas ou a solucionar

    problemas com seu prprio grupo. O desenvolvimento da autonomia ocorre tanto na

    realizao de tarefas individuais quanto coletivas, pois nos dois casos necessrio que

    o estudante assuma a responsabilidade de planejar, desenvolver e executar tarefas.

  • 23

    Que estudantes e professor articulem todos os elementos da metodologia (Cadernos

    de Ensino-Aprendizagem, Colegiado Estudantil, Cantinhos de Aprendizagem e

    Comunidade) a fim de viabilizar o desenvolvimento das atividades de forma mais

    significativa. Esta articulao dever ser garantida a partir do planejamento dirio das

    atividades de cada srie.

    VI. Metodologia dos Cadernos de Ensino-Aprendizagem: Os Cadernos possuem uma estrutura diferenciada que busca facilitar a

    aprendizagem do educando de forma dinmica, atrativa e cooperativa. seu objetivo

    integrar os contedos e remeter pesquisa pedaggica e discusso

    problematizadora. Os Cadernos propiciam condies para o trabalho com distintos

    momentos do processo de aprendizagem e ritmos. Mesmo estando inseridos em um

    grupo de trabalho, os alunos avanam no estudo, de acordo com as aprendizagens

    construdas. Dentro desta organizao do trabalho escolar, se houver a necessidade de

    afastamento da escola por algum perodo justificvel (sade, atividades familiares, clima

    etc) no h prejuzo no programa de atividades do aluno que pode retomar seus

    estudos a partir do ponto em que foram interrompidos.

    Em sua estrutura, os Cadernos de Ensino-Aprendizagem possuem: Atividades

    Bsicas (A), Atividades Prticas (B) e Atividades de Aplicao e Compromisso (C). So

    atividades seqenciais que favorecem a pesquisa e a problematizao, possibilitam a

    construo do conhecimento no coletivo e, individualmente, estimulam a cooperao, o

    dilogo, a reflexo e o compartilhamento de idias. As atividades A, B e C, em seu

    conjunto, compem um mdulo. Os mdulos, por sua vez, compem as unidades. O

    Caderno de Ensino-Aprendizagem constitui-se de um conjunto de unidades.

    Detalhando as atividades integrantes de cada mdulo temos:

    Atividades A, B e C

    Mdulo Unidade

    Caderno de Aprendizagem

  • 24

    Atividade Bsica Esta seo dos Cadernos de Ensino-Aprendizagem tem por objetivo explorar os

    conhecimentos prvios, convidando o educando aquisio de novos conhecimentos.

    So abordadas situaes reais, da vivncia do educando, que, a partir de provocaes,

    estmulos, anlise, observaes, reflexes e interao com outros educandos, com o

    professor e com o prprio texto, conduz a novas aprendizagens. Quer dizer, novos

    conhecimentos surgiro como resultado de um processo de ampliao, diversificao e

    aprofundamento do conhecimento anterior.

    Atividade Prtica

    o momento de consolidao de conhecimentos e aplicao do que foi

    aprendido, e circunstncia em que o professor pode observar se as idias do educando

    vo tomando corpo, tornando-se mais coesas e precisas. Esta seo dos Cadernos de

    Ensino-Aprendizagem permite ao educando relacionar a teoria prtica, confrontar

    saberes, construir e reconstruir aprendizagens. Aqui o educando aplica os novos

    conhecimentos e formula conceitos importantes para sua formao integral.

    Atividade de Aplicao e Compromisso

    Possibilita ao estudante a aplicao do conhecimento adquirido numa situao

    real, seja em sua classe, seja com sua famlia ou na comunidade. Esta seo instiga o

    estudante a reafirmar na prtica o conhecimento construdo, aproximando-se ainda mais

    da realidade. Nela se verifica se o aprendizado est relacionado vivncia do aluno.

    As sees A, B, C objetivam articular conhecimentos j consolidados pela criana

    e os processos mentais j estabelecidos, desfiando-o e estimulando-o a construir

    estgios mais elevados de raciocnio na relao com outros (estudantes, professor,

    cantinhos de aprendizagem, comunidade) colocando em movimento vrios processos

    de desenvolvimento que sem este contexto seria impossvel ocorrer.

  • 25

    7. Objetivos do Programa Escola Ativa 7.1 Geral Melhorar a qualidade do desempenho escolar em classes multisseriadas das escolas do

    campo.

    7.2. Especficos: a. Apoiar os sistemas estaduais e municipais de ensino na melhoria da educao nas

    escolas do campo com classes multisseriadas, disponibilizando diversos recursos

    pedaggicos e de gesto;

    b. Fortalecer o desenvolvimento de propostas pedaggicas e metodologias adequadas a

    classes multisseriadas;

    c. Realizar formao continuada para os educadores envolvidos no Programa em

    propostas pedaggicas e princpios polticos pedaggicos voltados s especificidades

    do campo;

    d. Fornecer e publicar materiais pedaggicos que sejam apropriados para o

    desenvolvimento da proposta pedaggica.

    8. Metas fsicas do Programa Escola Ativa 2007-2010

    Atender as escolas de todos municpios que aderiram o Programa Escola Ativa

    no Plano de Ao Articulada PAR ou que esteja includo nos Territrios da Cidadania.

    9. Pblico

    Professoras/es, alunas/os, formadores/as de escolas com classes multisseriadas

    em escolas do campo e equipes tcnicas das secretarias municipais e estaduais de

    educao envolvidos com as classes multisseriadas.

  • 26

    10. Formao Continuada de professores e coordenadores estaduais e municipais A formao continuada dos professores ser de responsabilidade compartilhada

    entre os sistemas pblicos de ensino, com as atribuies definidas da forma como se

    segue.

    Caber Unio articular atravs da Rede da Diversidade o conjunto de Universidades

    que desenvolvem programas de formao de professores para as escolas do campo,

    financiando cursos de aperfeioamento de no mnimo 180 horas para no mnimo dois

    tcnicos municipais e coordenadores das secretarias estaduais. ainda de

    responsabilidade da Unio construir um sistema nacional de monitoramento do

    Programa Escola Ativa com o objetivo de obter dados para avaliao de resultados,

    redimensionamento das metas e realizao das mudanas necessrias na estrutura e

    na proposta pedaggica.

    Aos Estados cabe coordenar a articulao entre as universidades e municpios para o

    planejamento conjunto e monitorar a formao realizada pelas universidades

    designadas pelo Governo Federal.

    O Municpio, por sua vez, dever organizar e manter os microcentros, garantindo a

    formao continuada dos professores, garantir o deslocamento e presena dos

    formadores nas atividades de formao e criar formas de acompanhamento,

    monitoramento e avaliao do Programa no mbito local.

    11. Proposta de Curso de Formao no Programa Escola Ativa

    Para formao inicial dos formadores propomos a seguinte estrutura:

    1. Carga horria de 130h/aula, sendo que 10h/aula destina-se apresentao do

    trabalho desenvolvido com os professores da rede. O curso est constitudo por

    cinco mdulos, conforme quadro abaixo.

    2. O contedo de educao do campo compe os fundamentos da Metodologia do

    Programa Escola Ativa.

  • 27

    3. A Formao poder ser potencializada se realizada de forma simultnea com a

    formao articulada de tcnicos e educadores. Desta forma, medida que os

    tcnicos recebem a formao, encontra-se em condies de repassar suas

    aprendizagens para os professores da rede nos microcentros.

    Curso de Formao do Programa Escola Ativa

    Mdulo Qtde Horas

    Sub-Mdulos

    Concepes e conceitos em Educao do Campo: Campo; Educao do Campo; Desenvolvimento Sustentvel; Trabalho e Educao;

    Caractersticas sociais, polticas e econmicas do Campo Brasileiro. Heterogeneidade e caractersticas sociais, polticas, econmicas e culturais das populaes do Campo.

    Educao do Campo, como direito humano, no contexto da poltica de desenvolvimento com igualdade social.

    Movimentos Sociais do Campo. Histria e lutas pela educao do Campo (Encontros e Conferncias do Campo)

    Mdulo 1 Introduo Educao do Campo

    30h

    Polticas de Educao do Campo (Diretrizes e Programas em andamento).

    Fundamento e princpios do Programa Escola Ativa

    Trabalho como princpio educativo.

    Pesquisa como princpio formativo.

    Escola formadora do ser humano articulado com um Projeto de Emancipao humana.

    Concepes de desenvolvimento e aprendizagem que subsidiam o Programa Escola Ativa.

    Mdulo 2 Prticas Pedaggicas em Educao do Campo

    30h

    Organizao do trabalho pedaggico. Prticas pedaggicas em classes multisseriadas. Planejamento e avaliao.

  • 28

    Organizao curricular do Programa Escola Ativa: formao por rea de conhecimento e interdisciplinaridade.

    Organizao da Educao Nacional. Competncias e responsabilidades dos entes federados com a Educao do Campo.

    Conselhos de Educao no mbito dos Sistemas.

    Polticas de Educao do Campo (Diretrizes e Programas em andamento).

    Gesto educacional: Financiamento e gesto oramentria da educao do campo; Gesto de recursos materiais (relao da infra-estrutura escolar e condies de funcionamento das escolas para a qualidade do ensino); gesto democrtica; gesto pedaggica da educao escolar no campo.

    Gesto de pessoas nos sistemas de Ensino e nas Escolas do Campo: formao e valorizao dos profissionais da Educao na LDB e nas diretrizes e metas do PNE.

    Mdulo 3

    Gesto Educacional no Campo

    20h

    Avaliao de polticas educacionais no campo.

    Sistemas de Avaliao e Monitoramento da Educao do Campo

    Mdulo 4

    Metodologia do Programa Escola Ativa

    40h

    Organizao do Trabalho Pedaggico:- Elementos curriculares e seus instrumentos de aplicao na sala de aula; Cadernos de Ensino-Aprendizagem: A Atividade Bsica; B Atividade Prtica; C Atividade de Aplicao e Compromisso. Cantinhos de Aprendizagem Espao interdisciplinar de pesquisa; Colegiado Estudantil; Escola e Comunidade; Planejamento; avaliao. Gesto: acompanhamento e formao de professores: os microcentros.

    Mdulo Formao de professores

    10h Apresentao do plano de trabalho desenvolvido durante o curso na formao de professores nos microcentros do Programa Escola Ativa

  • 29

    do Programa Escola Ativa

    Total 130h

    12. Microcentros

    O Microcentro uma das estratgias do Programa Escola Ativa que proporciona

    a troca de experincias, a oportunidade para professores se organizarem e construrem

    novos conhecimentos, bem como discutirem dificuldades em relao ao processo

    ensino-aprendizagem e metodologia adotada.

    Constitui um espao para teorizao, estudos reflexes, construo e

    apropriao de novos conhecimentos, trocas de experincias, vivncias,

    desencadeando um processo de avaliao e auto-avaliao.

    Cada municpio organizar mensalmente os microcentros, reunindo os

    professores de sua rede, podendo tambm firmar parcerias com outros municpios

    definindo plos para a sua realizao, objetivando, assim, proporcionar uma maior troca

    de experincias.

    A organizao de um microcentro deve:

    propiciar um momento de socializao das experincias da prtica docente e

    busca conjunta de solues para as dificuldades detectadas;

    pressupor a escolha de um tema para estudo que seja de interesse e escolhido

    aps identificao de uma necessidade pedaggica, se no de todos, pelo menos

    da maioria dos professores;

    garantir a efetividade dos objetivos do planejamento claramente traados;

    assegurar a definio da estratgia metodolgica a ser utilizada que possibilite a

    participao de todos os envolvidos e sua interao;

    considerar a organizao do espao, dos recursos humanos e materiais;

    pressupor que, caso haja palestrante, suas concepes sejam inerentes

    estratgia metodolgica da Escola Ativa;

  • 30

    avaliar com o grupo de professores o aproveitamento do encontro;

    13. Material Didtico e Pedaggico

    2. Coleo de livros didticos

    - Aluno:

    Alfabetizao letramento 1 ao 3 ano

    Lngua Portuguesa 1 ao 5 ano

    Matemtica 1 ao 5 ano

    Histria 1 ao 5 ano

    Geografia 1 ao 5 ano

    Cincias Naturais 1 ao 5 ano

    Professor:

    Caderno de Orientaes Pedaggicas para a Formao de Educador do Programa

    Escola Ativa.

    Caderno de Orientaes didtico pedaggico de Alfabetizao e letramento para os

    trs anos iniciais

    Caderno de Orientao didtico-pedaggico de Lngua Portuguesa para o 4 e 5

    ano.

    Caderno de Orientao didtico-pedaggico de Matemtica do 1 ao 5 ano.

    Caderno de Orientao didtico-pedaggico de Historia do 1 ao 5 ano.

    Caderno de Orientao didtico-pedaggico de Geografia do 1 ao 5 ano.

    Caderno de Orientao didtico-pedaggico de Cincias Naturais do 1 ao 5 ano.

    Para 2009, sero distribudos os cadernos do Ano 1 para alunos de 6 anos de idade,

    Caderno de Formao e Projeto Base elaborados com fundamentos nos princpios e

    concepes da educao do campo. Para as demais series os alunos recebero os

    atuais cadernos do Programa.

    Em 2010 todos os alunos recebero cadernos de Ensino e apredizagem

    reformulados na perspectivas da Educao do Campo.

  • 31

    Kit Pedaggico:

    Ser disponibilizado pelo Ministrio da Educao - MEC um kit pedaggico para

    todas as escolas que adotarem o Programa.

    Kit Pedaggico composto pelos seguintes materiais:

    1. Globo terrestre;

    2. Bssola;

    3. Relgio de parede;

    4. Kit com rgua, esquadro, compasso e transferidor;

    4. Alfabeto mvel;

    5. Bingos de letras;

    6. Baralho de letras e palavras;

    7. Varal de letras;

    8. Domins de leitura e escrita;

    9. Cartas para ditado;

    10. Jogo memria de slaba;

    11. jogos cruza-letras;

    12.Jogos primeiras-palavras;

    13.baco;

    14. Material pedaggico dourado;

    15. Trena;

    16. Tangran;

    17. Jogos de nmeros com pinos emborrachados;

    18. Domins de matemtica;

    19. Loto aritmtico;

    20. Jogo alfa-numrico;

    21. Jogo pedaggico bloco-lgico;

    22. Jogo de xadrez;

    23. Lupa;

    24. Binculo;

    25. Sistema muscular/circulatrio;

  • 32

    26. Esqueleto humano;

    27. Torso Humano unissexual com rgos internos;

    28. Mapas: Mundi, Brasil, Regional e Estadual.

    14. Estrutura Operacional do Programa 14.1. Gesto

    A gesto do programa ser feita no mbito nacional pelo Ministrio da Educao

    por meio da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade, tendo

    como responsvel pela execuo direta a Diretoria de Educao para

    Diversidade/Coordenao Geral de Educao do Campo, cabendo-lhe:

    Garantir a formao dos formadores no Programa Escola Ativa;

    Fornecer os Cadernos de Aprendizagem e kits Pedaggicos necessrios para as

    atividades escolares do Programa Escola Ativa;

    Organizar e manter um sistema de gesto do Programa, em parceria com os

    estados e os municpios.

    A execuo do Programa estar sob a responsabilidade das redes de ensino que

    mantenham escolas com classes multisseriadas as quais devero se articular com a

    Secretaria de Educao (estadual e municipal), instituies de ensino superior pblicas

    e organizaes da sociedade civil sem fins lucrativos que atuem com Educao do

    Campo e tenham experincia na realizao de projetos de Educao do Campo.

    As Secretarias Estaduais de Educao, quando aderirem; constituiro uma coordenao

    estadual do Projeto, cabendo-lhes:

    Organizar e manter uma equipe coordenadora estadual;

    Articular a operacionalizao do programa nos municpios;

    Planejar e acompanhar a formao dos/as formadores/as junto as IES pblicas.

    Acompanhar nos municpios a formao dos/as professores/as;

    Realizar o acompanhamento e monitoramento do Programa nos Municpios, bem

    como manter atualizado o sistema de monitoramento e avaliao.

  • 33

    Quando a Secretaria Estadual de Educao no aderir ao Programa, a

    coordenao estadual do Programa ficar a cargo de uma Comisso Estadual do

    Programa Escola Ativa, constituda por representao dos municpios e universidades,

    onde a coordenao desta comisso fique preferencialmente a cargo da UNDIME

    Estadual.

    O Comit Estadual de Educao do Campo far o controle social do Programa

    Escola Ativa.

    Os Municpios faro a adeso e se comprometero a:

    Indicar um coordenador, no mbito da Secretaria Municipal de Educao para

    tratar dos assuntos afetos ao Programa e que seja preferencialmente do quadro

    efetivo;

    Constituir a equipe formadora municipal que ser a equipe pedaggica municipal

    do programa;

    Assessorar tcnica e pedagogicamente os professores das escolas em que for

    implantado o Programa Escola Ativa. O assessoramento tcnico e pedaggico

    aos professores se far por meio de atividades como visitas tcnicas s escolas,

    reunies e atividades de formao em servio para os/as professores/as;

    Garantir a formao continuada e em servio das equipes escolares na

    metodologia do Programa;

    Organizar e implementar os microcentros;

    Assegurar o padro mnimo de funcionamento das unidades escolares com vistas

    garantia de um ambiente adequado s atividades educacionais;

    Viabilizar as condies necessrias de acesso da equipe tcnica e formadora as

    escolas e as atividades nos microcentros.

    Estados e Municpios faro a adeso on line, no endereo

    www.mec.gov.br/educaaodocampo/programaseprojetos.

  • 34

    14.2. Monitoramento e Avaliao

    O Ministrio da Educao desenvolver um sistema de monitoramento e avaliao com

    o objetivo de acompanhar a implementao do programa em sua rea de abrangncia

    com vistas a ajustes e correes imediatas, alm de realizar encontros tcnicos para

    prestao de contas dos recursos recebidos. Para tal, o monitoramento acompanhar a

    implantao e a operacionalizao desde o incio do desenvolvimento do curso e

    subsidiar o desenvolvimento pedaggico, dando apoio para uma ao mais efetiva.

    O monitoramento e a avaliao identificaro processos e resultados, realizaro a

    comparao dos dados de desempenho e proporo ajustes ao Programa. Ter ainda

    como objetivo, apreender o Programa desde a sua formulao, estendendo-se sua

    implementao, execuo e aos resultados e impactos produzidos.

    Essa avaliao contnua e sistemtica tem por objetivo contribuir para o fortalecimento

    do Programa e das organizaes. A avaliao aqui concebida vai alm de um mero

    procedimento burocrtico de prestao de contas. Este processo tem em vista um

    resultado em aprendizado social das organizaes envolvidas na formao dos

    professores alm de apoiar a gesto do Programa e sistematizar dados que contribuem

    para o aprimoramento do trabalho junto s escolas com classes multisseriadas.

    ________________________________________________________________________ 1 Conselho Nacional de Educao/Cmara da Educao Bsica. Parecer 36/2001 2 Os sistemas de ensino tero at 2010 para se ajustarem a esta determinao legal.

  • 35