'Minando' a Austrália

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“Minando” a Austrália baseado na obra Colapso de Jared Diamond Gabriela Bitto de Oliveira A imagem acima é o brasão australiano que foi concedido pelo Rei George V em 1912. Consiste em um escudo com seis Estados australianos, rodeados por acácias douradas e guardados por animais peculiares da Austrália: o canguru e o emu (grande ave que lembra a ema brasileira). O país possui um número considerável de paisagens distintas. Lá é possível encontrar uma variedade incrível de paisagens e ecossistemas e esses contrastes fazem da Austrália, um dos mais belos e procurados destinos turísticos do mundo. O responsável oficial pela descoberta da Austrália pelos europeus foi o Capitão James Cook, que reclamou o vasto continente para a coroa do Reino Unido no dia 21 de Agosto de 1770. Diferentemente da maioria das colônia europeias no exterior que tinham como objetivo dar ganho financeiro ou vantagens estratégicas para os colonizadores, estes não foram para a Austrália em busca de fortuna, mas por serem obrigados a ir para lá A colonização da Austrália pelos europeus começou com o objetivo de esvaziar as cadeias superlotadas da Inglaterra. Com a independência dos Estados Unidos, a Inglaterra teve que parar de mandar condenados ou presos para a América. Sendo assim, o Rei passou a mandá-los para a nova terra conquistada. A primeira frota, com 11 embarcações e aproximadamente 1,3 mil pessoas, organizada para colonizar o continente desconhecido. A primeira colônia foi estabelecida na atual Sydney, em 26 de janeiro de 1788. Durante o período como colônia penal, mais de 168 mil prisioneiros foram transportados para a Austrália, o que terminou em 1852 (na costa leste) e 1868 (na costa oeste). Os prisioneiros, muitos condenados por pequenos crimes, tinham suas penas transformadas em prisão perpétua, uma vez que o retorno para Inglaterra era praticamente impossível. Eles pagavam suas penas (em média 7 anos) e eram libertos recebendo terra para plantio, dando início à expansão do continente. Esses primeiros colonos europeus tiveram a ilusória impressão de que o solo era fértil devido a flora composta por uma das maiores árvores do mundo (os eucaliptos da Gippsland de Victoria, com até 120 metros de altura), portanto eles desmataram a vegetação e no seu lugar começaram a criar ovelhas. Mas, depois do primeiro ciclo de desmatamento e consumo do capim pelas ovelhas, a pastagem passou a crescer muito lentamente e mostrando que a terra não era de qualidade. Assim, muitos dos colonos tiveram que abandonar sua terra após muito investimento em construções e infra-estrutura. Esse ciclo de desmatamento, esgotamento dos recursos da terra e abandono da propriedade continua até os dias de hoje. Portanto, os australianos vem “minando” os seus recursos naturais desde a colonização como se eles fossem realmente minerais, pois estão sendo explorados em ritmos mais rápidos que o da sua regeneração. Há a possibilidade de seres bióticos, tais como espécies de peixes e árvores, desaparecerem antes das reservas de carvão mineral e ferro do país. Presidente Prudente, 23 de setembro de 2010

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“Minando” a Austráliabaseado na obra Colapso de Jared Diamond

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“Minando” a Austráliabaseado na obra Colapso de Jared Diamond

Gabriela Bitto de Oliveira

A imagem acima é o brasão australiano que foi concedido pelo Rei George V em 1912. Consiste em um escudo com seis Estados australianos, rodeados por acácias douradas e guardados por animais peculiares da Austrália: o canguru e o emu (grande ave que lembra a ema brasileira). O país possui um número considerável de paisagens distintas. Lá é possível encontrar uma variedade incrível de paisagens e ecossistemas e esses contrastes fazem da Austrália, um dos mais belos e procurados destinos turísticos do mundo.

O responsável oficial pela descoberta da Austrália pelos europeus foi o Capitão James Cook, que reclamou o vasto continente para a coroa do Reino Unido no dia 21 de Agosto de 1770. Diferentemente da maioria das colônia europeias no exterior que tinham como objetivo dar ganho financeiro ou vantagens estratégicas para os colonizadores, estes não foram para a Austrália em busca de fortuna, mas por serem obrigados a ir para lá

A colonização da Austrália pelos europeus começou com o objetivo de esvaziar as cadeias superlotadas da Inglaterra. Com a independência dos Estados Unidos, a Inglaterra teve que parar de mandar condenados ou presos para a América. Sendo assim, o Rei passou a mandá-los para a nova terra conquistada. A primeira frota, com 11 embarcações e aproximadamente 1,3 mil pessoas, organizada para colonizar o continente desconhecido.

A primeira colônia foi estabelecida na atual Sydney, em 26 de janeiro de 1788. Durante o período como colônia penal, mais de 168 mil prisioneiros foram transportados para a Austrália, o que terminou em 1852 (na costa leste) e 1868 (na costa oeste). Os prisioneiros, muitos condenados por pequenos crimes, tinham suas penas transformadas em prisão perpétua, uma vez que o retorno para Inglaterra era praticamente impossível. Eles pagavam suas penas (em média 7 anos) e eram libertos recebendo terra para plantio, dando início à expansão do continente.

Esses primeiros colonos europeus tiveram a ilusória impressão de que o solo era fértil devido a flora composta por uma das maiores árvores do mundo (os eucaliptos da Gippsland de Victoria, com até 120 metros de altura), portanto eles desmataram a vegetação e no seu lugar começaram a criar ovelhas. Mas, depois do primeiro ciclo de desmatamento e consumo do capim pelas ovelhas, a pastagem passou a crescer muito lentamente e mostrando que a terra não era de qualidade. Assim, muitos dos colonos tiveram que abandonar sua terra após muito investimento em construções e infra-estrutura. Esse ciclo de desmatamento, esgotamento dos recursos da terra e abandono da propriedade continua até os dias de hoje.

Portanto, os australianos vem “minando” os seus recursos naturais desde a colonização como se eles fossem realmente minerais, pois estão sendo explorados em ritmos mais rápidos que o da sua regeneração. Há a possibilidade de seres bióticos, tais como espécies de peixes e árvores, desaparecerem antes das reservas de carvão mineral e ferro do país.

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Dentre os problemas ambientais ligados aos recursos naturais, causados ou agravados pelo homem, tem-se: a infertilidade do solo, a derrubada vegetação nativa, a salinização do solo, disponibilidade de água potável, silvicultura e pesca predatória, sobrepastejo, especieis exóticas e ervas daninhas.

O solo da Austrália é um solo improdutivo devido a baixa taxa de nutrientes, de crescimento de vegetação e produtividade. Em comparação com os solos no hemisfério norte, os solos têm menos matéria orgânica e da estrutura pobres e tendem a ser bastante argilosa logo abaixo da superfície, o que restringe a drenagem e impede o crescimento da raiz. OS solos australianos são muito velhos e, conseqüentemente, são produtos das condições ambientais ao longo da história (clima, organismos, topografia, material de origem e tempo), a principal foi a lixiviação dos nutrientes pela chuva no curso de bilhões de anos.

Solos que foram lixiviados de nutrientes podem ter seus níveis de nutrientes renovados por meio de três processos, todos apresentando deficiências na Austrália em comparação a outros continentes. Primeiro processo, os nutrientes podem ser renovados por erupções vulcânicas que cospem material fresco do interior para a superfície da Terra, sendo que apenas algumas pequenas áreas no leste da Austrália tiveram atividade vulcânica nos últimos 100 milhões de anos. O segundo processo, o avanço e o recuo de geleiras cortam, escavam, trituram e renovam a crosta terrestre, e esses solos redepositados pelas geleiras, ou que são levados pelo vento dos redepósitos das geleiras para outros lugares, tendem a ser férteis. Nos últimos milhões de anos, esse processo ocorreu em menos de 1% do continente australiano: apenas cerca de 51 km2 no sudeste dos Alpes e 2.590 km2 da ilha australiana da Tasmânia. Finalmente, o lento soerguimento da crosta terrestre também traz novos solos. Contudo, apenas algumas pequenas áreas da Austrália foram soerguidas nos últimos 100 milhões de anos, principalmente na Grande Cordilheira Divisória no sudeste da Austrália e na área do sul da Austrália ao redor de Adelaide.

As paisagens agrícolas da Austrália suportar uma grande variedade de solos. A maioria são antigos, fortemente intemperizados e inférteis. Outros são mais jovens e férteis. Esta variedade, juntamente com as limitações naturais de muitos solos e suas interações com o clima, têm dificultado o desenvolvimento de sistemas sustentáveis para a agricultura. Limitações à produtividade também foram induzidas através de impactos humanos sobre os solos. Enquanto algumas formas de degradação, tais como deficiências nutricionais podem ser corrigidos, outros, como a erosão dos solos, são difíceis de remediar.

Devido a falta de nutrientes no solo a taxa de crescimento das árvores australianas têm sido baixa, além disso essas mesmas árvores são plantadas de modo muito mais rentável em outros países. A exaustão de nutrientes do solo freqüentemente se desenvolve nos primeiros anos de agricultura, assim, os nutrientes presentes nos solos aráveis nos primórdios da agricultura européia rapidamente se exauriram. A partir daí, os nutrientes tiveram de ser supridos artificialmente, além de ser necessário cultivar muito mais terra do que em qualquer outra parte do mundo para se obter uma produtividade equivalente.

Um caso extremo de infertilidade do solo ocorre no sudoeste da Austrália, no chamado Cinturão do Trigo australiano, uma de suas mais valiosas áreas agrícolas, onde o trigo é cultivado em solos arenosos, lixiviados de nutrientes e nos quais todos os nutrientes têm de ser acrescentados artificialmente como fertilizantes.

Métodos de agricultura importado da Europa pelos primeiros migrantes foram para a Austrália extremamente inadequado para o clima particularmente limitado em precipitação e solos férteis. A Austrália, é um continente milhões de anos, tem solos que são antigos, frágeis e atormentado por acumulado sais. de terra - um terço das florestas nativas foi desmatada para abrir caminho para agricultura, mineração e silvicultura - resultando em uma enorme perda de biodiversidade do solo e graves erosão.

Cerca de 40 milhões de anos de isolamento de outras grandes massas de terra proporcionaram à Austrália fauna e flora únicas em todo o mundo. Pouca chuva e solo pobre

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significam recursos alimentares escassos, que forçaram plantas e animais a desenvolver adaptações curiosas para sobreviver. Muitas árvores e plantas para se protegerem tornaram-se venenosas repelindo assim espécies de insetos, pássaros, roedores e outros predadores.

Surpreendentemente, as condições adversas também resultaram em grande biodiversidade. A Austrália possui mais de 25 mil espécies de plantas, e suas florestas estão entre as mais abundantes em número de espécies. Até mesmo o deserto (na região centro-oeste) é rico, com 2.000 espécies vegetais e o recorde mundial de espécies e répteis.

Toda essa flora vem sofrendo com o desmatamento que já vai para mais de um século de com o intuito de substituir a vegetação nativa pela agricultura, resultando na perda significativa de espécies nativas, florestas e bosques, na Austrália. Grande parte do desmatamento ocorreu desde 1980. O Governo Federal gastou uma quantidade substancial de dinheiro e os recursos empenhados em reparação do meio ambiente no âmbito do Fundo Nacional do Patrimônio e da Nacional Landcare Programa .Os colonos derrubaram a vegetação da terra em parte porque não gostavam de sua aparência, mas também por que até cerca de 20 anos atrás, o governo australiano não apenas subsidiava a limpeza de terras, como também exigia que isso fosse feito por seus arrendatários.

O governo fornecia benefícios aos arrendatários que “limpasse” a área, entre os benefícios havia a redução de impostos em maquinário agrícola. Em alguns casos, uma das condições para manter o arrendamento era obedecer as quotas de terra a serem limpas se eles não fossem obedecidas o arrendamento era cancelado.

Naquela época, os fazendeiros e empresas só conseguiam lucrar se comprassem ou arrendassem terras cobertas de vegetação nativa, inadequada para a agricultura sustentada, derrubando a vegetação, plantando uma ou duas colheitas de trigo que exauriam o solo, e então abandonando a propriedade.

O governo não mais obriga a limpeza de terra, porém tal habito ficou arraigado nos australianos que são os povos de Primeiro Mundo que mais derrubam a vegetação nativa por ano, principalmente para a criação de pastagem. Sua taxa de desmatamento só é superada mundialmente pelo Brasil, Indonésia, Congo e Bolívia.

A salinidade e degradação da água estão intimamente associados com o desmatamento. Os solos da Austrália têm sido acumulando sais de até cem mil anos, a maioria provavelmente fundido com a paisagem do mar. Antes da colonização européia e do desmatamento da terra, as árvores e a vegetação absorveu a chuva mantendo o sal em um nível administrável. Ao longo tempo, com a perda da vegetação, a quantidade de água, vinda da irrigação ou da chuva, que escoam para o os lençóis aumentaram, o que pode então mobilizar sais armazenada no solo. A salinidade afeta culturas agrícolas, peixe, aves e outros animais selvagens confiando em zonas úmidas e rios que são vital o abastecimento de água. Também pode afetar seriamente as zonas urbanas prejudicando habitação infra-estrutura, estradas, as tubulações de água e estradas de ferro.

O Nacional de Terras e Recursos Auditoria recentemente estimou que 17 milhões de hectares na Austrália será o risco de graves problemas de salinidade de sequeiro em 2050. A região agrícula no sudoeste da Austrália Ocidental é a mais afetada, com mais de 4 milhões de hectares em situação de risco - um número que poderá duplicar até 2050.

Dada a gravidade do problema, existem questões importantes a ser questionado sobre o futuro da agricultura irrigada na Austrália e em que medida ele é de fato possível para combater a salinidade. No todo, estima-se que apenas um terço das perdas da economia australiana devido à salinização pode ser diretamente atribuído à agricultura; as perdas "além da porteira da fazenda" e rio abaixo, para os suprimentos de água e para a infra-estrutura da Austrália, custam duas vezes mais.

A Austrália é o continente mais seco do mundo habitado. Ele recebe uma precipitação média anual de 465 milímetros em comparação com uma precipitação média anual global de 777 milímetros em superfícies de terra. Quase tudo isso é evaporado, deixando apenas 52 milímetros de água por ano para o run-off-muito menos do que os 310 mm anuais de escoamento, calculados

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sobre as superfícies de terra do planeta. A variação anual é igualmente muito elevada pelos padrões mundiais e está relacionada com

a mudança de correntes e temperatura das águas no Pacífico, Índico e mares do sul, com uma correlação significativa (cerca de -0,5) entre a precipitação anual continental eo ENSO (El Niño - Oscilação Sul) fenômeno no Oceano Pacífico. A influência do ENOS é o mais forte no Nordeste e fraco no sul da Austrália ocidental.

Distribuição das chuvas é fortemente não-uniforme. Cerca de um terço do continente é classificado como árido (que recebem menos de 250 milímetros de precipitação média anual) e outro terço em semi-árido (250 - 500mm).

Os colonos se iludiram quando chegaram na Austrália, pois encontraram um clima úmido e chuvoso e acreditaram que ele era constante, assim, começaram a plantar e criar ovelhas. E de fato, na maior parte das terras de cultivo da Austrália a chuva é suficiente para que as plantações só cheguem a amadurecer em uma fração do total de anos: não mais que a metade dos anos em muitos lugares, e em algumas áreas agrícolas, apenas em dois anos a cada 10. Isso contribui para tornar a agricultura australiana cara e pouco econômica: os fazendeiros têm o trabalho de arar e plantar, e, na metade ou mais dos anos, não há colheita resultante. Uma infeliz conseqüência adicional é que, quando o fazendeiro ara o solo e enterra a cobertura de ervas que brotaram desde a última colheita, o solo fica exposto. Se as culturas plantadas não crescerem, o solo fica nu, sem nem mesmo a cobertura de mato e, conseqüentemente, exposto à erosão.

Além dos problemas com a disponibilidade de água devido a imprevisibilidade das chuvas, ainda há o fato dessa água não ser totalmente potável. A Austrália está localizada no continente que menos possui água potável, aquela que é, já faz-se o seu uso, tanto para o consumo humano quanto para a agricultura.

Os dois maiores rios do país, o Murray/Darling, tem dois terços do total de sua água retirados por seres humanos em um ano médio, e em alguns anos, virtualmente, toda ela será. As fontes de água potável da Austrália ainda não utilizadas consistem principalmente em rios em remotas áreas ao norte, longe de povoados ou terras de cultivo. À medida que a população da Austrália cresce, e à medida que estes suprimentos de água não utilizados diminuem, algumas áreas povoadas podem ter de apelar para a dispendiosa dessalinização de sua água, sem contar que muitas fontes já estão contaminas com pesticidas, o que diminuí a qualidade da água.

Com exceção da Antártica, a Austrália é, proporcionalmente, o continente com a menor área coberta por florestas: apenas 20% de sua área total. As antigas florestas australianas possuíam as árvores mais altas do mundo, agora derrubadas, como o eucalipto vitoriano, que rivalizava ou superava em altura as sequóias do litoral californiano. Das florestas da Austrália que existiam ao tempo da chegada dos europeus em 1788, 40% já foram derrubadas, 35% foram parcialmente exploradas e apenas 25% permanecem intactas.

Assim como as terras cultiváveis da Austrália e suas florestas, as suas águas também foram superexplorada sendo os seus recursos minados, pois uma espécie aquática após a outra foi pescada até não serem mais lucrativas, freqüentemente apenas alguns anos após a descoberta daquele recurso.

Além disso, os nutrientes aquáticos dependem do nutrientes do solo que são drenados pelos rios até ao mar. Como o solo australiano é pobre em nutriente, consequentemente o seus rios e mares costeiros também são.

No início da colonização o governo havia imposto uma taxa mínima de quantidade de ovelhas que deveriam ser criadas em um hectare. Assim como na limpeza da terra, o governo exigia que o arrendatário entregasse a terra caso a exigência não fosse cumprida. Essa superlotação de ovelhas nos pastos, foi uma das grandes causas da degradação da terra na Austrália já que os animais consomem a vegetação mais rapidamente do que ela consegue se recompor. E adequação da terra australiana para a criação de ovelhas é enganadora: embora inicialmente tivesse pastos exuberantes, ou pudesse ser desmatada para a criação de pastos viçosos, a produtividade do solo era

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muito baixa, de modo que os criadores de ovelha estavam na verdade minando a fertilidade da terra, em vez de tratá-la como um recurso potencialmente renovável. Todo esse processo teve como consequencia o sobrepastejo que causa a perda do solo irreversivelmente

A primeira vez que se documentou a quantidade de ovelhas que haviam na austrália doi no século XIX, sendo o número três vezes maior do que a quantidade considerada sustentável. Tendo reconhecido o sobrepastejo e essa exacerbante quantidade de ovelhas , o governo australiano passou a adotar um número máximo desse animal por hectare, sendo essa regulamentação completamente oposto à antiga.

E ainda, como consequencia do sobrepastejo há o efeito de "seca produzida pelo homem" que refere-se a uma forma de degradação de terra secundária à derrubada. Quando a cobertura de vegetação é removida por qualquer um desses meios, a terra que a vegetação anteriormente protegia fica diretamente exposta ao sol, o que torna o solo mais quente e mais seco. Ou seja, os efeitos secundários que criam condições de solo quente e seco impedem as plantas de crescerem do mesmo modo que em uma seca natural.

A fauna australiana abrange uma diversidade incrível de animais, mas sem dúvida, o canguru vermelho se tornou o principal ícone da fauna do país. Segundo especialistas, a maioria dos animais encontrados na Austrália são únicos, ou seja, são espécies exclusivas do país, inexistentes em outros lugares do mundo. Nesse sentido, 83% dos mamíferos, 89% dos répteis, 90% dos peixes e insetos e ainda 93% dos anfíbios catalogados são encontrados somente na Austrália. Toda essa “exclusividade” pode ser atribuída ao isolamento geográfico do continente, à estabilidade tectônica e fatores climáticos.

Essa especificidade da fauna faz com que a Austrália seja especialmente vulnerável a espécies exóticas de além-mar, que se estabelecem por acidente ou não e exaurem ou exterminam as populações de animais e plantas nativas que não têm defesa para tais espécies estrangeiras. Exemplos notórios foram os dos coelhos, o das raposas e do sapo cururu.

Os coelhos foram introduzidos a partir de duas fontes principais: o coelho Caseiro que desdeos primeiros colonos com uma fonte pronta de carne, e o coelho selvagem introduzidos mais tarde para a caça.

Thomas Austin é creditado com a liberar 24 coelhos selvagens em sua propriedade Park Barwon perto Geelong em Victoria em 1859. Esta pequena população explodiu para cobrir Victoriae Nova Gales do Sul em 1886. Em 1900, os coelhos tinham atingido o Território do Norte e Austrália Ocidental.

A rápida disseminação do coelho levou à destruição de grandes extensões de vegetação, levando à extinção de muitas espécies de plantas. Perda de vegetação leva a erosão do solo como solo exposto é lavado ou desintegradas, retirando nutrientes valiosos para as novas instalações necessárias para se desenvolver. Este solo é geralmente depositados em canais, causando assoreamento e destruição de ecossistemas aquáticos.

Esta destruição gratuita de habitat tem contribuído para o desaparecimento de muitas espécies nativas marsupial, como o Bilby e o bandicoot como suas fontes de alimentação foram ultrapassada por saqueadores coelhos.

Coelhos concorrem ativamente com animais domésticos e pode alterar a composição da pastagem em pastagem seletivamente saborosa e nutritiva mais plantas. Sete a dez coelhos comem oequivalente a uma ovelha adulta, e, durante períodos de seca, os coelhos podem totalmente tira uma paisagem nua deixar nenhum alimento para os ovinos, bovinos e animais nativos.

No passado, as populações de coelho foram reduzidos enormemente com a introdução do controle de vetores biológicos. Em 1950 o vírus da mixomatose inicialmente dizimaram entre 95 e 100% de coelhos em algumas áreas. No entanto, coelhos recuperados, com o desenvolvimento da resistência, se multiplicaram em populações de muitos. A introdução de Doença hemorrágica do coelho ou calicivírus Rabbit (RHDV ou RCD) também ajudou a controlar as populações, especialmente nas zonas áridas, mas, novamente, a resistência rápida a RCD deixou coelhos como

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um dos mais formidáveis predadores de Austrália.Supõe-se que a raposa foi trazia para a Austrália para matar os coelhos. A rapaso também

não encontrou predador natural no país, assim para tentar elimina-la a população usou de veneno e armadilhas, sem muito sucesso. Este animal juntamente com o coelho são uma das principais causas da extinção de espécies u de colapsos populacionais da maioria das espécies de pequenos mamíferos nativos da Austrália: as raposas os atacam e os coelhos competem com os mamíferos herbívoros nativos por comida.

O sapo-cururu é uma espécie brasileira que foi introduzida na austrália no intuito de ser agente predador de determinados tipo de insetos que prejudicava os canaviais. Além dos sapos não conseguirem eliminar os tais insetos ele se espalharam por uma área de 160 mil km2, pois não havia agente predador para eles já que os sapos são venenosos, vivem em torno de 20 anos e suas fêmeas depositam 30 mil ovos por ano. Portanto, aquele que era para eliminar uma praga, acabou virando uma pra ficando conhecido como um dos maiores erros já cometidos em nome do controle de pragas.

As ervas daninhas são igualmente uma pressão significativa sobre os ecossistemas, com mais de 2.500 espécies de plantas introduzidas agora próspera em estado selvagem na Austrália. Eles invadiram todas as partes da paisagem - mata nativa, pastagens, zonas costeiras, florestas, desertos e fazendas.

Devido aos animais de pasto preferirem certas plantas, o pastejo desses animais tende a aumentar a abundância de plantas daninhas e converter a cobertura das pastagens em cobertura de espécies que são menos utilizadas ou não são úteis de modo algum (e, em certos casos, chegam a ser venenosas para os animais). A facilidade com que as plantas daninhas podem ser combatidas varia: algumas espécies são fáceis de remover e substituir por espécies ou culturas palatáveis, mas outras são muito dispendiosas de eliminar quando se estabelecem.

Além dos principais fatores práticos discutido acima, que contribuíram para os problemas ambientais enfrentados pela Austrália nos dias de hoje. Há também os fatores culturais trazido com a tradição britânica, que apesar de se encontrarem fora do contexto dos recursos naturais que a Austrália pode fornecer, estão arraigados no psicológico que cada descendente. Isto influencia em decisões governamentais e no modo de vida de cada australiano.

Um exemplo é a excessiva valorização do proprietário rural, sem levar em consideração que a Austrália é o país mais urbanizado do mundo. Onde 58% de sua população concentrada em apenas cinco grandes cidades. Pois o voto rural desproporcionalmente forte ignora a realidade já mencionada de que a Austrália é a nação mais altamente urbanizada. Esta maneira de pensar contribui para o perverso e longamente continuado apoio a medidas que minam mais do que ajudam o meio ambiente, como limpeza de terras e subsídios indiretos de áreas rurais não econômicas.

O fato do meio ambiente australiano estar tão degradado se deve a sua fragilidade ecológica, perdendo apenas, talvez, para a Islândia se comparado aos países de primeiro mundo. Como consequencia disso, muitos problemas que podem acabar se tornando sérios em outros países do Primeiro Mundo, já se tornaram graves na Austrália. Ela nos dá uma visão antecipada de problemas que ocorrerão em toda parte do Primeiro Mundo se as atuais tendências prosseguirem.

Algumas decisões já estão sendo tomadas a favor desse novo caminho. O principal motivo é a candidatura do país para membro do conselho de segurança das Nações Unidas. Apesar de tendenciosa, as mudanças serão benéficas e estimuladores para que os australianos entrem em contato com um novo estilo de vida e se conscientizem. Como exemplo temos a ratificação do Tratado de Quioto foi que o primeiro gesto do novo governo australiano, comprometendo-se a reduzir em 60% as emissões de gases com efeito de estufa até 2050. Contribuindo com 150 milhões de dólares para ajudar os países em vias de desenvolvimento a dar resposta aos impactos das alterações climáticas. Providenciando apoio aos esforços da ONU para a proteção de ecossistemas marinhos sensíveis, a regulamentação de químicos nocivos responsáveis pela destruição da camada do ozono e a melhoria dos resultados das políticas ambientais.

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A Austrália, assim como a maioria dos outros países, deve promover mudanças em seus hábitos para caminharem rumo ao desenvolvimento sustentável. Uma particularidade é que por ela ser um país desenvolvido, não tem os seus problemas ambientais ligados à carência social, população não politizada, governo e economia corruptos, diferente dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento que lida com problemas ambientais e sociais ao mesmo tempo. O que relativamente facilita os investimentos neste ramo, e a divulgação do conhecimento sobre a importância da tomada de atitudes sustentáveis.

Referências Bibliográficas:

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TARCZYNSKI, de Stephen. Austrália seria contra meta obrigatória de contaminantes. Melbourne, 13 de dezembro de 2007.

RUDDY, Ana. Novo primeiro ministro australiano ratifica Protocolo de Quioto. Terça-feira, 27 de Novembro de 2007. site: <http://boramudaromundo.blogspot.com>. Acessado em 18 de semtembro de 2010.

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