Relatório visita Austrália

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Por Antônio Alexandre Bizão Em setembro de 2014. Existe um certo risco em relatar uma viagem feita a outro país, pois o que nos desperta interesse pode não condizer com a realidade local ou de outro viajante e assim corremos o risco de passar uma ideia equivocada do que realmente existe lá. A fazenda visitada localiza-se no estado Wa (Oeste Austrália), município de Moora, distante 240 km da capital Perth. O clima da região é tipo mediterrâneo, a latitude local equivale à de Porto Alegre e a precipitação anual varia de 280 a 350 mm. Os solos variam de extremamente arenosos com 2% de argila a solos muito rasos sobre canga laterítica, material concessionário (solos cascalhentos) e rochas ígneas como granito, basalto e diabásios. Quanto às culturas plantadas na região pode observar oliveiras, parreirais, laranjais, lavouras de cenoura e brócolis; quanto às grandes lavouras observa-se trigo, cevada ,aveia, canola e lupinos; quanto ao componente animal é na sua grande maioria ovinocultura empresarial para a produção de lã e carne. A presença de bovinos é esporádica na fase de acabamento com animais vindos de outras regiões. Nas propriedades agrícolas faz-se necessário a presença das ovelhas como fonte de renda e como controle de ervas daninhas e consumo da palhada. Na produção do trigo, cevada ou aveia há grande produção de massa que não consegue decompor-se devido à falta de umidade e esta massa tem dois destinos, transformada em feno ou queimada. Neste cenário é muito importante o componente animal, pois este consome o excesso de material vegetal e ainda tem o poder de diminuir a pressão de ervas daninhas que conseguem florescer no período da entressafra. Na fazenda o sistema consiste em 2 cultivos sucessivos de trigo, 1 cultivo de cevada ou lupins e rotação com 2 anos de pastagem para ovelha.

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Por Antônio Alexandre Bizão Em setembro de 2014.

Existe um certo risco em relatar uma viagem feita a outro país, pois o que nos desperta interesse pode não condizer com a realidade local ou de outro viajante e assim corremos o risco de passar uma ideia equivocada do que realmente existe lá.

A fazenda visitada localiza-se no estado Wa (Oeste Austrália), município de Moora, distante 240 km da capital Perth. O clima da região é tipo mediterrâneo, a latitude local equivale à de Porto Alegre e a precipitação anual varia de 280 a 350 mm. Os solos variam de extremamente arenosos com 2% de argila a solos muito rasos sobre canga laterítica, material concessionário (solos cascalhentos) e rochas ígneas como granito, basalto e diabásios. Quanto às culturas plantadas na região pode observar oliveiras, parreirais, laranjais, lavouras de cenoura e brócolis; quanto às grandes lavouras observa-se trigo, cevada ,aveia, canola e lupinos; quanto ao componente animal é na sua grande maioria ovinocultura empresarial para a produção de lã e carne. A presença de bovinos é esporádica na fase de acabamento com animais vindos de outras regiões.

Nas propriedades agrícolas faz-se necessário a presença das ovelhas como fonte de renda e como controle de ervas daninhas e consumo da palhada. Na produção do trigo, cevada ou aveia há grande produção de massa que não consegue decompor-se devido à falta de umidade e esta massa tem dois destinos, transformada em feno ou queimada. Neste cenário é muito importante o componente animal, pois este consome o excesso de material vegetal e ainda tem o poder de diminuir a pressão de ervas daninhas que conseguem florescer no período da entressafra. Na fazenda o sistema consiste em 2 cultivos sucessivos de trigo, 1 cultivo de cevada ou lupins e rotação com 2 anos de pastagem para ovelha.

À diante compartilho visualmente essa experiência fantástica que presenciei no oeste australiano e ainda em uma breve passagem por Bali/Indonésia:

Fig. 1 Lavoura de cenoura irrigada com agua retirada do subsolo em sua maioria por

energia eólica.

Fig. 2 Aspecto de lavoura de oliveira (estas plantas estão sendo arrancadas e

substituídas por plantas novas e irrigadas).

Fig. 3 O componente animal esta presente em todas as propriedades.

Fig. 4 O lupins é a leguminosa presente no sistema, tem valor comercial e fixa

nitrogênio.

Fig. 5 Aspecto da nodulação do Lupins.

Fig.6 Planta de Lupins atacada por mofo branco (chovendo apenas 300mm, porém o

clima ameno favorece a enfermidade).

Fig. 8 Aspecto da planta de lupins com vagem.

Fig. 9 Emu dentro da lavoura (ela come pouco porem destrói onde permanece e devido

a isso é um animal indesejado na lavoura).

Fig. 10 “Perseguição” ao Emu para espantá-lo da lavoura.

Fig. 11 Diversidade cultural no centro Russel australiano (à direita Antonio Bizão -

brasileiro e a esquerda Norman - estagiário alemão).

Fig. 12 Computador de bordo do agrônomo que presta assistência à fazenda.

Fig. 13 No centro Antonio Bizão, à direita Frank Crago (proprietário da fazenda) e à

esquerda agrônomo em campo.

Fig. 14 Aspecto de solo raso com cascalho e ao fundo lagos de sal a restinga de árvores

entre a lavoura (devido à presença de pedras que não permitem a mecanização).

Fig. 15 Dimensão dos lagos de sal.

Fig. 16 Aspecto do lago de sal (nesta agua a salinidade é tanta que não existe vida)

.

Fig. 16 Ampliação dos lagos de sal (a presença de árvores secas nas proximidades do

lago de sal indica a ampliação destes lagos por sobre áreas que antes eram isentas de

sal).

Fig. 17 Ampliação dos lagos de sal (a presença de arvores secas nas proximidades do

lago de sal indica a ampliação destes lagos por sobre áreas que antes eram isentas de

sal. Ampliados pela aplicação maciça de KCl nas lavouras a montante).

Fig. 18 Aspecto do solo (ou areia de praia com 2% de argila) cultivado com trigo

Fig. 19 Solo cultivado com aveia (presença de areia e matacões de laterita - pedras de

tapiocanga)

Fig. 20 Aspecto da areia em área cultivada com cevada.

Fig. 20 Um plantio de eucaliptos com 5 anos de idade em um solo com cascalho.

Fig. 21 Aspecto do cascalho de laterita muito comum no estado de Tocantins.

Fig. 22 Aspecto de cupim (localizado em solo não cultivado por excesso de pedras e por

ser muito raso).

Fig. 23 Aspecto de área que deixou de ser plantada por afloramento de rocha no meio da

área de plantio (ao fundo vê-se um bloco de rocha - possivelmente Basalto ou

Diabásio).

Fig. 24 Após o plantio em algumas áreas faz-se necessário o recolhimento das pedras

soltas da área, aqui podemos notar a variedade de rochas: no centro com a cor preta esta

o Basalto, em baixo e à esquerda esta o Granito intemperizado, em baixo à direita na

forma granular está a canga laterítica, àcima desta está o arenito e àcima deste com

aspecto esferoidal e cor avermelhada não da para definir se é Basalto ou Diabásio.

Fig. 25 Aspecto de um bloco de Diabásio em processo de esfoliação esferoidal (em

detalhe na ponta da caneta aspecto da massa fresca do Diabásio e acima um bloco de

Granito já bem intemperizado, um detalhe observado é que os veios de Diabásio e

Basalto cortam os blocos de Granito).

Fig. 26 Aspecto de um afloramento no meio da lavoura (pela cor pode tratar-se de um

material ultrabásico, e em minhas mãos um bloco tomado de liquens apesar do rigor do

clima).

Fig. 27 Detalhe da colonização da rocha por liquens apesar da escassez de condição de

intemperismo (imagine que numa condição de clima tropical um bloco deste não

existiria e já teria sido transformado em solo).

Fig. 28 Aspecto de um campo de pastagem ocupado por ovelhas com filhotes em

amamentação.

Fig. 29 Todo o material deixado pelo cultivo tem 2 destinos: feno ou queima (nós

fazemos tudo por alqumas toneladas de cobertura vegetal e agricultor queimando a

palhada! Isto se deve ao fato de que com apenas 300mm de chuva e um período seco

muito definido não ocorre decomposição da matéria orgânica. Esta pilha de feno foi

feita no ano passado (2013) e está armazenada a céu aberto, sendo possível observar

que não houve apodrecimento.

Fig. 30 Em primeiro plano grão de trigo tratado com soda caustica (fonte de energia

pronta para a confecção da ração), em segundo plano o grão de lupins (fonte proteica

com o teor de 28% de proteína).

Fig. 31 Feno de trigo (fonte de volumoso sendo colocado no vagão forrageiro).

Fig. 31 Painel digital da balança do vagão forrageiro mostrando o peso do volume de

material a ser fornecido aos animais na refeição da manhã.

Fig. 32 Aspecto do cocho confeccionado com uma correia de mineração usada (um

cocho de cimento custaria U$75,00 /m enquanto que o custo deste é de U$15,00/m).

Fig. 33 Primeira refeição sendo servida pela manhã.

Fig. 34 Animais em alimentação.

Fig. 35 Divisão dos currais com cerca eletrificada.

Fig. 35 Animais rejeitados ou cujas mães tenham morrido tornam-se mansos e

reconhecem o tratador.

Fig. 36 Aspecto da pastagem de ovelhas no sistema lavoura/ovinocultura (esta área esta

no segundo ano de pastagem e na próxima safra será plantada com trigo; e outra área de

cevada ou lupins será transformada em pastagem).

Fig. 37 Área de pastagem tendo ao fundo um lago de sal (aqui nesta propriedade no

sistema convencional com rotação de cultura e pastagem tem-se um bom índice

zootécnico comparado com os vizinhos, são 3 ovelhas/ha, sendo com um índice de 110

filhotes para cada 100 ovelhas).

Fig. 38 Típica vegetação constituída de eucaliptos (àrvores grandes até arbustos).

Fig. 39 Aspecto de um corte de estrada onde se pode ver a semelhança com os nossos

cortes de estrada.

Fig. 41 Leito de um ribeirão em Bali/Indonésia onde observa-se grande semelhança com

o nosso kamafugito.

Fig. 42 Leito de um ribeirão em Bali/Indonésia onde se observa grande semelhança com

o nosso kamafugito.

Fig. 43 Cinza vulcânica do ultimo derrame do monte Batu (ocorrido à 52 anos - altitude

de 1770m em Bali/Indonésia).

Fig. 44 Emissão de vapor dentro da cratera do vulcão monte Batu em Bali/Indonésia.

Fig. 45 Aspecto do material depositado na encosta do vulcão.

Fig. 46 Condensação de vapor oriundo do fundo da terra.

Fig. 47 Candiuba (planta comum em solos férteis de nossa região encontrada na borda

do vulcão).

Fig. 48 Planta de quaresmeira (muito comum no Brasil - encontrada na encosta do

vulcão).

Fig. 49 Detalhe de material com característica basáltica já em inicio de intemperismo na

borda do vulcão monte Batu, Bali/Indonésia.

Fig. 50 Aspecto da encosta do vulcão (alguma semelhança com Santo Antônio da Barra/

GO/Brasil).

Fig. 51 Basalto amigdaloidal na borda do vulcão.

Fig. 52 Plantio de eucaliptos no pé do vulcão.

Fig. 53 Planta de Tithonnia Diversifolia presente no “pé” do vulcão.

Fig. 54 Topo do monte Batu (altitude de 1770m tendo ao fundo outro cone vulcanico

com 3500m de altitude).

Fig. 54 Taludes com arrozais irrigados próximo ao vulcão.

Fig. 55 Arrozal irrigado no centro da cidade de Bali/Indonésia.

Fig. 56 Integração lavoura de arroz/peixe/marreco no centro de Bali/Indonésia.

Fig. 57 Fixação de nitrogênio atmosférico pelo uso da alga Azola.

Fig. 58 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha.

Fig. 59 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha.

Fig. 60 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha.

Fig. 61 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha.

Fig. 62 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha (esta fazenda é

uma propriedade só de criação de ovelhas ;no inicio deste relatório vimos uma fazenda

de integração lavoura/ovelhas com índices considerados bons com 3cabeças de

ovelhas/há e uma produção de 110 filhotes para cada100 matrizes; aqui a lotação é de

10 ovellhas/há e o rendimento é de 130 animais para 100 ovelhas. A chuva é a mesma,

300mm/ano e o maior teor de argila é de 4%, no fundo vê-se monte de areia que é a

cor do solo original.

Fig. 63 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha (já é possível

observarmos alguma diferença na cor do solo).

Fig. 63 Fazenda de ovelhas com 17 anos de adubação com pó de rocha (do lado direito

da fotografia o solo e do lado esquerdo o subsolo).

Fig. 63 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha (presença de

minhocas).

Fig 64 Fazenda de ovelhas com 17anos de adubação com pó de rocha (presença de

minhocas).

Fig. 65 Fazenda de ovelhas com 17 anos de adubação com pó de rocha (em cima de área

de canga laterítica)

Fig. 66 Da esquerda para a direita - Estevan (proprietário da “Fazenda Refeição de

Pedras”),segundo Burt Naude, vendedor da empresa que comercializa pó de rocha,

terceiro agrônomo que esta visitando a fazenda.