Memorial Final

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 1. TRAJE TÓRIA ACA DÊMICA E PRODUÇÃO B IBLIOG RÁFICA  No ano de 2008 ingressei no Curso de Licenciatura em História. A ideia era de que eu seria mais uma integrante em potencial das fileiras dos que creem em uma sociedade mais justa e com cidadania plena e para todos. Para isso, a partir do conecimento do passado da umanidade poderia tirar ensinamentos para o presente ou fa!er conjunturas do por"ir. #"identemente que meu uni"erso so$re o indi"%duo, a sociedade e o of%cio do istoriador se e&pandiu a partir das minas aulas de 'ntrodu()o aos #studos Históricos.  *uscando refletir melor e como e&peri+ncia profissional, no ano seguinte, 200 , par tic ipe i da mo nit oria pa ra a dis cip lina que mai s tin a me int rig ado nos semestres anteriores- 'ntrodu()o aos #studos Históricos/. A disciplina foi ministrada no pri mei ro semestre pel o pro fessor n gel o #milio da 1il "a Pessoa e, no ltimo semes tre, pel a pro fes sora 3e gin a C4lia 5on (al "e s. #sse lt imo semestre foi mai s importante pois passei de e&pectadora para uma monitora ati"a. Particularmente pela reg+ncia da professora 3egina C4lia 5on(al"es aos alunos do turno da noite, pude adentrar em um car6ter $astante social e pol%tico, cr%tico e ati"o da disciplina. A partir de leituras espec%ficas para a monitoria, como 3osa 5odo7 1il"eira 2009:, compreendi que a educa()o, e particularmente, o ensino de istória 4 meio transmiss)o entre o que aconteceu e o que acontecer6. Assim, a milit;ncia pol%tica pode ser atra"4s de um ensino cr%tico, inclusi"o e inc enti"ador. A autora tam$4m dis tin gue His tór ia<p roc ess o de História<conecimento, essa ltima 4 a que de"e se dirigir a educa()o da umanidade. =as a História n)o pode ser est6tica e fecada, pois perde sua fun()o no presente e a edu ca()o pe rma nec e enges sad a. 1)o An ti< ist órias/ eg em> nic as que ten dem a silenciar outras correntes istóricas e e&cluir a istória de outros grupos e indi"%duos dissonantes ou marginais. Pretendem parar no tempo ao escre"er uma nica "ers)o monol%tica da istória, o que 4 a maior contradi()o que pode e&istir nesse campo. Assim o presente e o uni"erso de "i"+ncia do aluno n)o compati$ili!am com o contedo, n)o 4  pro$lemati!ado e o passado 4 "isto como algo morto e sem i mport;ncia. Portanto, s)o formados cemi t4r ios educa ti" os/. A fun () o social da His tór ia, pelo con tr6 rio , 4 enf ren tar esses cem it4 rio s, pro $le mat i!ar e e&por o am$ ien te ed uca ti" o di"erso e  pluralmente cultural. 1omente assim o aluno pode entender como foi constru%da uma cultura de a$uso e concentra()o de poder, de for(a e de su$ordina()o dos mais fracos,  para solucionar os conflitos e para silenciar os indi"%duos perante a sociedade. Partindo desse pressuposto, fi!emos uma an6lise dos alunos com question6rios e memoriais. Como produto do relatório de monitoria, apresentei no ?'' #N'@ 200 o painel- Perfil dos ingressantes no curso de istória- uma an6lise so$re o conceito inicial de História/. a m$4m em 200 acompanei o 5rupo de #studos e Pesquisas so$re a Am4rica Latina Contempor;nea 5#PA LC:, coordenado pelo professor Bos4 Bonas @uarte, e ti"e co nt ato co m mi li ta nte s qu e pa ssaram temp or adas em Cu $a e na e ne!uela e com par til ara m suas e&peri+ncias pa ra que pud4ss emo s entender de forma mais  palp6"el a Am4rica La tina. #m 20DD participei da ' 1emana Parai$ana de Eilosofia e Ci+ncias 1ociais e do minicurso Falter *enjamin e o cinema/ ministrado por 3omero en;ncio e ingressei no grupo de estudos so$re =ar& com o mesmo professor, por4m o grupo n)o tina compro"a()o institucional, era li"re e a$erto a todos. 3

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Memorial para mestrado

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1. TRAJETRIA ACADMICA E PRODUO BIBLIOGRFICA

No ano de 2008 ingressei no Curso de Licenciatura em Histria. A ideia era de que eu seria mais uma integrante em potencial das fileiras dos que creem em uma sociedade mais justa e com cidadania plena e para todos. Para isso, a partir do conhecimento do passado da humanidade poderia tirar ensinamentos para o presente ou fazer conjunturas do porvir. Evidentemente que meu universo sobre o indivduo, a sociedade e o ofcio do historiador se expandiu a partir das minhas aulas de Introduo aos Estudos Histricos. Buscando refletir melhor e como experincia profissional, no ano seguinte, 2009, participei da monitoria para a disciplina que mais tinha me intrigado nos semestres anteriores: Introduo aos Estudos Histricos. A disciplina foi ministrada no primeiro semestre pelo professor ngelo Emilio da Silva Pessoa e, no ltimo semestre, pela professora Regina Clia Gonalves. Esse ltimo semestre foi mais importante pois passei de expectadora para uma monitora ativa. Particularmente pela regncia da professora Regina Clia Gonalves aos alunos do turno da noite, pude adentrar em um carter bastante social e poltico, crtico e ativo da disciplina. A partir de leituras especficas para a monitoria, como Rosa Godoy Silveira (2006), compreendi que a educao, e particularmente, o ensino de histria meio transmisso entre o que aconteceu e o que acontecer. Assim, a militncia poltica pode ser atravs de um ensino crtico, inclusivo e incentivador. A autora tambm distingue Histria-processo de Histria-conhecimento, essa ltima a que deve se dirigir a educao da humanidade. Mas a Histria no pode ser esttica e fechada, pois perde sua funo no presente e a educao permanece engessada. So Anti-histrias hegemnicas que tendem a silenciar outras correntes histricas e excluir a histria de outros grupos e indivduos dissonantes ou marginais. Pretendem parar no tempo ao escrever uma nica verso monoltica da histria, o que a maior contradio que pode existir nesse campo. Assim o presente e o universo de vivncia do aluno no compatibilizam com o contedo, no problematizado e o passado visto como algo morto e sem importncia. Portanto, so formados cemitrios educativos. A funo social da Histria, pelo contrrio, enfrentar esses cemitrios, problematizar e expor o ambiente educativo diverso e pluralmente cultural. Somente assim o aluno pode entender como foi construda uma cultura de abuso e concentrao de poder, de fora e de subordinao dos mais fracos, para solucionar os conflitos e para silenciar os indivduos perante a sociedade. Partindo desse pressuposto, fizemos uma anlise dos alunos com questionrios e memoriais. Como produto do relatrio de monitoria, apresentei no XII ENID 2009 o painel: Perfil dos ingressantes no curso de histria: uma anlise sobre o conceito inicial de Histria. Tambm em 2009 acompanhei o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Amrica Latina Contempornea (GEPALC), coordenado pelo professor Jos Jonas Duarte, e tive contato com militantes que passaram temporadas em Cuba e na Venezuela e compartilharam suas experincias para que pudssemos entender de forma mais palpvel a Amrica Latina. Em 2011 participei da IV Semana Paraibana de Filosofia e Cincias Sociais e do minicurso Walter Benjamin e o cinema ministrado por Romero Venncio e ingressei no grupo de estudos sobre Marx com o mesmo professor, porm o grupo no tinha comprovao institucional, era livre e aberto a todos. Em 2011 fui Monitora de Histria do Subprojeto Memria e Histria, como parte do projeto: Formao de Educadores do Campo da UFPB. A monitoria atendeu segunda turma do curso de graduao em Histria para os movimentos sociais do Campo (PEC-MSC). O projeto fez parte do edital MCT/CNPq/MDA/INCRA n 04/2009 - PRONERA. Na monitoria tive um contato mais direto com militantes sociais, e no decorrer do percurso, com dilogos sobre os movimentos em que eles estavam inseridos, percebia que eles sempre tinham discordncias ideolgicas ou ticas com ncleo principal dos movimentos. Nessa busca pela memria representativa e simblica dos alunos dos movimentos sociais surgiu o documentrio "No crculo da memria (BEHAR; LAGO, 2011), feito junto aos alunos do curso de graduao em Histria para os movimentos sociais (PEC-MSC) e coordenado pelas professoras Cludia Lago e Regina Behar. Nesse documentrio so apresentados depoimentos, pensamentos e memrias dos alunos da segunda turma (Turma Fidel Castro) do PEC-MSC. O filme foi gravado em colaborao com os prprios protagonistas, que participaram de oficinas de audiovisual junto aos monitores e coordenadores. Assim, todos adentraram no universo dos alunos e de seus ideais polticos como representantes de movimentos sociais. Os alunos veem dos assentamentos de reforma agrria do INCRA de todas as regies do Brasil, representam diversos movimentos sociais do campo, como a Via Campesina, o MST, o Movimento quilombola, entre outros. Em 2012 vinculei-me ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Histria do Sculo XX (GEPHiS20), liderado pelo professor lio Chaves Flores, e fui pesquisadora do Programa Institucional de Voluntrios de Iniciao Cientfica - PIVIC/UFPB, tendo desenvolvido o projeto "Golpe Civil-Militar e a implantao da ditadura militar na Paraba: adeso, represso e resistncia (1964-1968)", e o subprojeto "A sociedade civil e a ditadura militar na Paraba: trabalhadores, estudantes e mulheres" sob orientao do Professor Paulo Giovani Antonino Nunes do Departamento de Histria. Neste projeto, podemos ver que nos momentos que antecederam o golpe civil-militar no Brasil, em 1964, o Estado da Paraba vivia um momento de grande efervescncia poltica e social e era governado por Pedro Gondim que, apesar de aliado das foras conservadoras do Estado, tinha prticas prximas do iderio populistas (NUNES, 2009). Esse populismo a nvel regional foi desenvolvido tambm em nvel nacional pelo governo de Joo Goulart, com vrios setores da sociedade civil bastantes mobilizados e, principalmente, com um movimento campons expresso atravs das Ligas Camponesas com capacidade de mobilizao e de confronto com os grandes proprietrios rurais. Como resultado da pesquisa, apresentei dois painis intitulados A Sociedade civil e a ditadura militar na Paraba: Trabalhadores, estudantes e mulheres nos eventos XX ENIC e no XV Encontro Estadual de Histria da ANPUH-PB. A partir da vontade de abranger o tema, pesquisei e apresentei um trabalho de historiografia, a partir dos escritos de Jos Octvio de Arruda Mello sobre o Golpe na Paraba. O artigo intitulado Anlise do estudo de Jos Octvio de Arruda Mello sobre o Golpe de 64 na Paraba (FAGUNDES, 2012) foi publicado nos anais do 6. Seminrio Brasileiro de Histria da Historiografia, na UFOP, em Mariana/MG. Considero esse meu trabalho publicado como uma experincia de iniciao a pesquisa, sendo ele bastante fraco em termos metodolgicos. Porm, o seminrio em sua totalidade foi muito importante para a minha formao, pois mesmo sendo de carter nacional, trouxe intelectuais internacionalmente importantes, principalmente alemes, que discutiram histria cultural, histria contempornea e histria comparada. Tambm assisti a uma palestra e participei do minicurso A Histria do tempo presente e outras noes de trauma com o professor Carlos Fico (UFRJ), no qual ele compartilhou seus estudos ainda no publicados sobre pessoas que sofreram alguma experincia traumtica, como por exemplo, torturas no Regime autoritrio. Ele apresentou algumas problemticas: Como lidamos, portanto, com a vtima, com os torturados? H "presso dos contemporneos", de natureza tica e poltica sob esses indivduos, j que eles so objetos e o mesmo tempo leitores da histria que foi escrita sobre eles. Isso causa constrangimento, algo que molda o relato oral, e modifica a narrativa e a fonte; A segunda problemtica, portanto, o testemunho. J que a histria oral no tempo presente de interesse majoritrio, esse pode ser um desafio, j que o historiador, na condio de detetive, pode deslizar numa atitude simplificadora do mtodo historiogrfico e utilizar a "memria confortvel", a reconstituio histrica do relato oral sem um crivo metodolgico; outra problematizao feita a de que os eventos no se concluram ainda e estamos envolvidos no processo histrico. Portanto, denunciar o Mal no uma obviedade. Ao utilizar o mal como trusmo corre-se o risco de humanizar o algoz ou de sacralizar a vtima.Participei do VII Seminrio Internacional de Direitos Humanos (2012) que foi de suma importncia para minha formao. A mesa redonda Impasses, avanos e desafios da Justia de transio na Amrica Latina, que assisti inicialmente pelo tema do acervo do DOPS (Departamento de Ordem e Policia Social) e as memrias de resistncia na Paraba a ser apresentado pela professora Lcia Guerra, abriu meu leque de aprendizado para Amrica Latina, pois tive conhecimento pela primeira vez do acervo Lelio Basso e do Tribunal Russel II, com os dilogos de Alberto Filippi e Simona Fraudatario. Lelio Basso contribuiu e interviu no processo de democratizao e de mobilizao para a anistia geral, ampla e irrestrita, sendo um interlocutor privilegiado para as esquerdas latino americanas e europeias. Suas atividades tiveram trs eixos temticos: Anlises da expanso das ditaduras na Amrica do Sul no auge do imperialismo norte-americano; interveno ativa e fortalecimento dos processos de democratizao, reconhecimento de liberdades individuais, efetividade das instituies democrticas e pressionamento para a libertao dos presos polticos; e a construo permanente de sujeitos jurdicos nas dcadas de 1960-70 (FILIPPI, 2014).Em 2013 fui includa no grupo de estudos Instituies Polticas e Democracia, liderado pelo Professor Rodrigo Freire de Carvalho e Silva, na linha de pesquisa Sistemas partidrios, sistemas eleitorais e cultura poltica. Ingressei como aluna bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica - PIBIC/CNPq/UFPB, tendo desenvolvido o projeto "Eleies, partidos polticos e o sistema poltico do Chile", e o subprojeto "As eleies nacionais de 2009 e seus efeitos sobre o sistema partidrio do Chile", sob orientao do professor Rodrigo Freire de Carvalho e Silva do departamento de Cincias Sociais. No trabalho que desenvolvemos, chamamos ateno para o sistema eleitoral chileno, que um dos mais slidos e institucionalizados da Amrica latina. Porm, fatores tem provocado um processo de transformao no sistema poltico chileno, com a transio de partidos tradicionalmente de esquerda ou direita para outros eixos partidrios, com coalizes diferenciadas. O processo de transio a democracia no Chile foi bastante frgil, pois seus termos bsicos foram estabelecidos pela ditadura. Portanto, os governos polticos da redemocratizao herdaram o modelo poltico estabelecido na constituio de 1980 feita no regime autoritrio. Essa constituio assegurava a intangibilidade da ordem social-econmica promovida. O sistema eleitoral binominal dava poder de veto a minoria de direita, construda por grupos polticos de apoio ditadura, e formava mecanismos institucionais que impediam mudanas estruturais. No Regime militar tambm houve a municipalizao da educao e a semi-privatizao das escolas e universidades mais importantes do Pas, alm de privatizao dos servios e de uma boa parcela das empresas pblicas. Essas heranas autoritrias, denominadas "enclaves autoritrios" (GARRETN, 2012) so reminiscncias de uma transio que ainda hoje impede que a democracia seja plena no Pas. A coalizo Concertacin por la democracia foi construda em um processo de aliana entre grupos de centro e de esquerda na luta contra a permanncia da ditadura no Plebiscito de 1988. A coalizo buscava o progressismo como forma de superar a ordem neoliberal e social herdada e devolver ao Estado e a sociedade o predomnio sobre o mercado. Mas esse progressismo foi limitado pois, ao buscar acordos com a oposio de direita, a Concertacin realizou melhorias na quebra da herana ditatorial, mas consolidaram caractersticas fundamentais do modelo neoliberal. Sendo assim, ela no conseguiu substituir o modelo econmico neoliberal e nem o modelo poltico de democracia incompleta, mas os corrigiu de forma superficial (GARRETN, 2012). nesse sentido que Toms Moulian (1997) afirma que o Chile atual uma produo do Chile ditatorial, j que se buscou na transio e nos governos de transio o apaziguamento, restituindo no Chile o carter de Pas confivel, o que foi feito custa do silenciamento da sociedade. Assim, foi construda uma "democracia de consensos" que promoveu reformas graduais e negociadas. Os governos polticos da Concertacin, para Saavedra (2012) na dcada de 90 so caracterizados pela ausncia de cidadania, pois as principais decises polticas foram feitas por articulaes entre o poder executivo e o legislativo, sem espaos para o envolvimento popular. Em 2009 esta estratgia poltica dos governos concertacionistas fez com que a coalizo perdesse legitimao social e entrasse em uma perceptvel crise interna, com a sada de vrios representantes importantes, demonstrando cansao e falta de inovao. Por outro lado, ocorre um fortalecimento da direita. Nesse sentido, esse plano de trabalho analisou nas eleies presidenciais de 2009 do Chile, a derrota eleitoral da Concertacin e como isso pode ser um impacto da sua disputa interna, o comportamento dos partidos polticos e coalizes (alianas e estratgias), o comportamento dos principais candidatos com relao aos temas mais relevantes e as variaes das intenes de voto no decorrer da campanha. Com essa pesquisa apresentei uma comunicao intitulada As eleies nacionais de 2009 e seus efeitos sobre o sistema partidrio do Chile no XXII ENIC. Tambm apresentei junto com o professor Rodrigo Freire o trabalho completo As eleies presidenciais no Chile em 2009: Classe social e posicionamento poltico-partidrio no XXIX Congreso Latino Americano de Sociologia, em Santiago, Chile (FAGUNDES; FREIRE, 2013). Esse Congresso foi importante pois assisti palestras de intelectuais importantes, como Boaventura de Sousa Santos, em que ele declara que as ditaduras hoje esto disfaradas de democracia, sendo o mais polmico dos palestrantes principais; Manuel Antonio Garretn; e Theotnio dos Santos. Em 2014 fui pesquisadora bolsista do Programa institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica PIBIC/CNPq/UFPB, tendo desenvolvido o projeto "A Ditadura militar na Paraba: os anos de Chumbo (1969-1974)" e o subprojeto "A sociedade civil e a ditadura militar na Paraba: trabalhadores, estudantes e Igreja", orientado pelo professor Paulo Giovani Antonino Nunes do Departamento de Histria. Analiso no projeto que em 1969 a Paraba se encontra em meio ao silncio aps o Ato Institucional n 5 que consolidou a restrio das manifestaes de repdio ao sistema autoritrio, ampliando a censura e a represso. O Governo do Estado da Paraba, representado por Joo Agripino, fazia uma ampla propaganda de sua poltica desenvolvimentista e exaltava as instituies militares. Atravs dos incentivos da SUDENE, procurou atrair para a Paraba diversos grupos industriais do Sudeste, fornecendo-lhes condies favorveis sua instalao. O partido ARENA se posicionava com bastante fora e poder, enquanto a oposio emedebista tinha realmente pouco espao para se expressar neste perodo e aps o AI-5. Com a impossibilidade de mudana por meios democrticos, alguns grupos encontraram na luta armada o caminho para resistncia, atuando em episdios como a Guerrilha de Catol do Rocha e o assalto Companhia de Cigarros Souza Cruz, cujas revoltas foram extintas pelo regime. Inserido no campo da cultura poltica, visamos indicar a atuao de setores da sociedade civil paraibana observando como estas foras polticas se comportaram, em contraponto com as polticas governamentais. A partir do relatrio final dessa pesquisa publiquei um resumo expandido intitulado A sociedade civil e a ditadura militar na Paraba: Trabalhadores, estudantes e igreja, no XXII Encontro de Iniciao Cientfica em 2014.Atualmente sou pesquisadora bolsista do Programa institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica PIBIC/CNPq/UFPB, desenvolvendo o projeto "O segundo governo de Bachelet e o sistema partidrio do Chile" e concluindo o sub-projeto "Atitudes dos atores polticos diante da agenda de reformas do Estado (Tributria, Eleitoral e educacional)", sob orientao do professor Rodrigo Freire de Carvalho e Silva do Departamento de Cincias Sociais. No projeto discutimos o processo de formao da coalizo Nova Maioria, que aglutinou os partidos participantes da antiga coalizo Concertacin e o Partido Comunista Chileno, este ltimo que desde a transio democracia criticou a coalizo. A Nova Maioria disputou as eleies presidenciais de 2013 apresentando a vitoriosa candidatura de Michelle Bachelet; Identificamos nos programas de campanha das duas principais candidatas presidenciais chilenas em 2013 pontos de convergncia ou divergncia com a pauta de reformas do movimento estudantil chileno de 2011; Analisamos tambm o posicionamento dos partidos e demais atores polticos chilenos frente s reformas propostas por Bachelet no seu primeiro ano de governo para superar os enclaves autoritrios. Tambm discutimos o relacionamento dos partidos que compem a "Nova Maioria", observando a diversidade ideolgica e de posicionamento estratgico e s suas posturas frente agenda reformista do governo Bachelet. Alm disso, estou concluindo o meu Curso de Histria, finalizando meu trabalho de concluso de curso, que tematiza a transio ao regime autoritrio no Chile e a defesa dos direitos humanos na perspectiva dos atores polticos Gladys Marin e Luiz Alberto Corvaln, ambos militantes do partido comunista do Chile (PCCh). possvel perceber que toda a minha experincia e produo acadmica envolve regimes autoritrios, democratizao e justia de transio. Meu interesse especial por esses assuntos advm do meu entendimento de que os regimes autoritrios deixam fissuras na sociedade, por seu carter repressivo e anti-democrtico. Essas fissuras precisam ser restauradas para seguir o caminho em busca de uma democracia plena, sem heranas ou casos mal resolvidos com um passado arbitrrio. Por isso, a justia de transio um elemento importante para a tarefa de democratizao. Ao analisar os processos de justia de transio no Chile e no Brasil, observo que no Chile houve mobilizaes, arquivos e processos abertos sobre os casos de violaes aos direitos humanos e que no primeiro governo democrtico j foi aberta uma comisso para apurar casos de autoritarismo do regime pinochetista. Alm dessa, mais comisses e projetos governamentais foram implementados com o decorrer do tempo, e o tema pulsante na memria social e na cultura poltica do Pas. Por outro lado, no Brasil, em 2012, somente 27 anos aps o fim de sua ltima ditadura, foi criada a primeira Comisso Nacional da Verdade propriamente dita. Como concluso, em termos comparativos, o Chile avanou mais em termos de justia de transio, pode servir de exemplo e colaborar para implementao avanada desses processos de redemocratizao no Brasil. Esse o tema que pretendo abordar no mestrado do Programa de Ps-Graduao em Direitos Humanos, Cidadania e Polticas Pblicas da UFPB.2. EXPERINCIA PROFISSIONAL

De 2012 a 2013 exerci atividades de docncia, orientada pela professora Vilma de Lurdes Barbosa, na Escola Estadual Padre Dehon. Trabalhei com alunos das turmas de Educao Para Jovens e Adultos (EJA) enfatizando educao para a cidadania e direitos humanos. Abordei principalmente o tema da(s) diversidade(s), j que existia na sala ex-presos; pessoas que tentaram cometer suicdio por se sentirem marginalizadas, pobres e sem esperana; "donas do lar" que vivem para a manuteno familiar enquanto o homem trabalha, demonstrando uma diviso social do trabalho por gnero; negros; catlicos e protestantes, idosos e mais jovens, entre outras diferenas. Na sala de aula, chamei ateno para o analfabetismo em termos literal e poltico, como diz Bertold Brecht. Priorizei a ideia de que "a diferena faz diferena" (SILVEIRA, 2014), j que o mundo tende a homogeneizar o ser humano em um molde de indivduo adequado sociedade capitalista. Quem no se adequa a esse modelo excludo da sociedade. Em 2013 fui nomeada membro voluntria da Comisso Estadual da Verdade e da Preservao da Memria da Paraba (CEV-PB), integrante do Grupo de Trabalho "Interveno nos sindicatos e em outras entidades da sociedade civil", coordenado por Paulo Giovani Antonino Nunes. Esse grupo compreende que logo aps o golpe civil-militar o governo fez uma srie de intervenes nos sindicatos, afastou e prendeu seus dirigentes, tambm fez intervenes seguidas de perseguies em outras entidades da sociedade civil. Esses atos repressivos continuaram ao longo de todo regime militar. O objetivo do grupo identificar as perseguies ocorridas contra sindicalistas e membros das referidas entidades na Paraba durante a vigncia do regime militar. Por meio da Comisso da Verdade Participei de vrias audincias pblicas a vtimas do regime autoritrio em diversas localidades da Paraba, como Joo Pessoa, Sap e Campina Grande.

3. OUTRAS ATIVIDADES PERTINENTES

A minha formao poltica comeou no Centro Federal de Educao Tecnolgica da Paraba (CEFET-PB), hoje IFPB, na qual conclu meu Ensino Mdio. Em 2006, com a perspectiva de dialogar melhor, articulando ideias com os alunos do CEFET, fui uma das produtoras do Jornal Pipoca Moderna, com o apoio do CEFET-PB e do SINTEF-PB. Qualquer aluno ou professor poderia enviar textos e artigos para ser publicados no jornal. Os temas estavam sempre ligados aos alunos e suas vises de mundo. Questionavam os porqus dos alunos que silenciam nas salas de aula no serem tratados de forma igual, discutiam a distribuio do poder nas esferas pblicas e privadas e a sensao de incapacidade de mudana por parte da grande maioria da populao, entre outros temas que envolviam a valorizao da pessoa humana. O jornal incentivava a cultura que era produzida pelos alunos, assim como fazia crticas de filmes de cunho poltico-social. Esse espao de expresso dos alunos fez surgir outros. Nesse sentido, em 2007 fiz parte da criao do Cineclube Jos Dumont, que exibia na maioria das vezes filmes regionais e locais. Este cineclube props ser mais um espao democrtico e acessvel para o escoamento da produo audiovisual, assim como despertar no CEFET novos olhares quanto ao cinema e as temticas abordadas de forma crtica. Dentre estas, a migrao do nordestino para o Sudeste, a falta de oportunidades de sobrevivncia, atuao de movimentos sociais, questes de gnero e diversidade social, excluso social da populao pobre, produes marginais e subversivas na dcada de 70 em pleno regime autoritrio entre outros assuntos referentes cidadania e direitos humanos. Tambm exibimos filmes em datas comemorativas, como o dia da conscincia negra. Professores da UFPB como lio Chaves Flores e Regina Behar participaram das exibies e das discusses sobre os filmes. Participei tambm da reativao do grmio no CEFET com a Chapa Alicerce, que entrou em vigor no ano de 2007. A partir da houve uma maior interlocuo entre o Jornal, o Cineclube e o Grmio, e mais portas institucionais se abriram.Nesse interregno comecei a ter uma participao mais ativa fora do mbito escolar, passei a participar de passeatas contra o aumento das passagens e dialogar com alunos representantes de outras escolas como o Liceu Paraibano, alm tomar conhecimento de outros movimentos sociais. Tive muita influncia poltica de pessoas formadoras de opinio, mas annimas, pessoas que no so reconhecidas publicamente como militantes. Na UFPB, em 2010, participei da criao da chapa do CA de Histria O Tempo no para. Mas meses aps termos adquirido a institucionalizao como representantes dos estudantes de histria, depois de disputas internas de alguns integrantes de partido que compunham o CA, alm de dificuldades com relao a manuteno dos recursos e do no recebimento dos provimentos de gestes anteriores, infelizmente eu e outros integrantes discordantes deixamos esse local poltico. No mesmo ano fiz parte da coordenao do Cineclube Cinefagia, que atuava dentro do CCHLA, exibindo filmes com temticas sobre pessoas marginalizadas, diversidade sexual, preconceito de gnero e de raa, regimes autoritrios e resistncia, e mantinha discusses e minicursos com professores envolvidos nas temticas, como Romero Venncio, Giovanni Queiroz, Jonas Duarte, Regina Clia Gonalves e Regina Behar.Em 2014 fui membro organizadora da Mostra Cinema pela Verdade, que exibiu documentrios sobre as ditaduras civil-militares na Amrica Latina e ocorreu em universidades de todo o pas. Aps as sesses foram realizados debates com acadmicos, pesquisadores, ex-presos polticos, pessoas ligadas a movimentos sociais, culturais e de direitos humanos. Promovido pelo Instituto Cultura em Movimento, com apoio da Comisso da Anistia do Ministrio da Justia, o Cinema Pela Verdade quer fomentar a discusso em torno da ditadura civil-militar, permitindo que toda a sociedade conhecesse passado e dele extrasse lies para o futuro. Participei ativamente de vrias passeatas e manifestaes populares como: a Marcha das vadias; as Jornadas de Junho de 2013; a manifestao promovida pela CUT no dia 13/03/2015, em apoio Dilma, Petrobrs e reforma poltica; manifestaes contra o aumento das passagens de nibus; do Curso das mil pessoas pela constituinte no dia 9 de agosto de 2014 que debateu a necessidade de uma Constituinte Exclusiva e Soberana para transformaes democracia brasileira; a semana da campanha pela Constituinte; a manifestao de repdio a vinda de Eduardo Cunha Paraba (10/04/2015); a passeata contra a reduo da maioridade penal; a passeata contra o extermnio da juventude negra; e de vrios anos do Grito dos Excludos. Alm disso, frequentei diversas atividades do evento50 anos de Repdio e Resistncia ao Golpe Militar, organizado pelo Comit Paraibano Memria, Verdade e Justia (Organizao poltica formada pela sociedade civil e movimentos sociais em geral) e pela Comisso Municipal da Verdade Joo Pessoa. Participei de protestos visando modificar nomes de ruas e instituies que faam referncia a personagens da ditadura, como avenida Castelo Branco e a Escola Presidente Mdici no bairro Castelo Branco. Participei tambm no dia 31 de maro de 2014 da viglia cvica em frente ao Grupamento de Engenharia do Exrcito, na Avenida Epitcio Pessoa e tambm na caminhada saindo de Caf do Vento at o Local onde Joo Pedro Teixeira, lder das ligas camponesas, foi assassinado. Por fim, a partir de todas as atividades prticas que exerci como ativista dos direitos humanos, alm das produes bibliogrficas e participaes em eventos relacionados a violaes ou defesa dos direitos humanos, acredito estar capacitada para desenvolver o mestrado Programa de ps-graduao Direitos Humanos, cidadania e polticas pblicas na linha "Direitos humanos e democracia: teoria, histria e poltica".

4. REFERNCIAS

BEHAR, Regina; LAGO, Cludia (Orgs.). No Crculo da Memria. Documentrio, 20 min., Pronera/UFPB/CNPq: Joo Pessoa, 2011. FAGUNDES, A. M.; SILVA, R. F. C. As Eleies presidenciais no Chile em 2009: Classe social e posicionamento poltico-partidrio. In: XXIX Congreso Latino Americano de Sociologia. Chile: Santiago, 2013FAGUNDES, A. M. Anlise do estudo de Jose Octvio de Arruda Mello sobre o Golpe de 64 na Paraba. In: 6 Seminrio Brasileiro de Histria e Historiografia. Mariana, 2012. Caderno de Resumos & Anais do 6 Seminrio Brasileiro de Histria e Historiografia. O giro lingustico e a historiografia: balano e perspectivas. Ouro Preto: EdUFOP, 2012.FILIPPI, Alberto. O Legado de Lelio Basso na Amrica do Sul e seus arquivos de Roma: as particularidades histricas das transies democrticas e a constitucionalizao dos novos direitos. In: TOSI, Giuseppe...[et al.] Justia de Transio: direito justia, memria e verdade. Ed. UFPB: Joo Pessoa, 2014.GARRETN, Manuel Antonio. Neoliberalismo Corregido y progresismo limitado: Los gobiernos de la Concertacin em Chile, 1990-2010. CLACSO/Editorial Arcis, Santiago, 2012.MOULIAN, Toms. Chile actual: Anatomia de um mito. LOM Ediciones: Santiago, 1997.NUNES, Paulo Giovani Antonino. Os movimentos sociais, o governo Pedro Gondim e o golpe civil-militar na Paraba. In: SIMPSIO NACIONAL DE HISTRIA, 25., 2009, Fortaleza. Anais do XXV Simpsio Nacional de Histria Histria e tica. Fortaleza: ANPUH, 2009. SAAVEDRA, Cludio Fuentes. El Pacto. Universidad Diego Portales Ediciones: Santiago, 2012SILVEIRA, R.M.G. De como o ensino de Histria constri a paz...dos cemitrios e, assim, serve Guerra. In: Saeculum: Revista de Histria. Ano 12, n 15. Joo Pessoa, DH/PPGH, jul./dez. 2006.SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Ambiente escolar e direitos humanos. In: FLORES, E.; FERREIRA, L.; MELO, V. (Orgs). Educao em Direitos Humanos & Educao para os Direitos Humanos. Ed. UFPB: Joo Pessoa, 2014.

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