MAÇONARIA a verdade sobre obediência e regularidade

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MAÇONARIA: A VERDADE SOBRE OBEDIÊNCIA E REGULARIDADE O autor, Helio Antonio da Silva, Sereníssimo Grão-Mestre da GLOMEB, Maçonaria Egípcia no Brasil, apresenta, neste pequeno texto, a verdade que está por trás da “Obediência e Regularidade”. Através deste artigo, torna-se simples compreender a guerra que existe dentro da maçonaria no Brasil que alcança as várias potências e suas respectivas lojas e ainda dentro das próprias potências, a chamada “guerra-dos- aventais” um termo muito utilizado “entre colunas” e pouco conhecido pelos profanos. Compulsando qualquer dicionário de termos maçônicos encontramos a seguinte definição para Obediência: “É a submissão à vontade de outrem; trata-se de um vocábulo de origem latina. Obediência e Vontade são irmãs "xipófogas", isto é, que sempre andam juntas. A Doutrina Crista tem seu fundamento na obediência à Vontade de Deus, abdicando o cristão ao que lhe é sugerido como sendo suas decisões fruto de um "livre arbítrio". As discussões em torno disso são "homéricas" e perduram desde a Idade Média até hoje. Todos nós estamos sujeitos em qualquer campo, à Obediência; obedecem-se as leis dos homens, da Natureza e da Divindade; obedece-se às exigências do estomago, do instinto da volúpia. A dependência psíquica e física de qualquer entorpecente, tóxico ou droga, redunda em Obediência cega e napelável ao vício. Temos, portanto, dois aspectos a considerar: a Obediência ao que é sublime e a Obediência ao que é negativo. Maçônicamente temos a Obediência hierárquica, ou seja, dos dirigentes. A sublimidade da Obediência, consiste em obedecer espontaneamente, sem submissão constrangedora, mas por fraternidade e amor. Quem ama a Deus lhe obedece a sua Vontade, sem que isso constitua diminuição alguma. Obedecer por imposição de um ditador, constitui grave agressão à liberdade. Portanto deve-se distinguir os atos de Obediência. O primeiro dever do maçom é obedecer às ordens de seu Mestre; essa Obediência não é irracional, mas consoante a razão.

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artigo atual sobre potencias, obediências e guerra de aventais na maçonaria brasileira

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MAÇONARIA: A VERDADE SOBRE OBEDIÊNCIA E REGULARIDADE

O autor, Helio Antonio da Silva, Sereníssimo Grão-Mestre da GLOMEB, Maçonaria Egípcia no Brasil, apresenta, neste pequeno texto, a verdade que está por trás da “Obediência e Regularidade”. Através deste artigo, torna-se simples compreender a guerra que existe dentro da maçonaria no Brasil que alcança as várias potências e suas respectivas lojas e ainda dentro das próprias potências, a chamada “guerra-dos-aventais” um termo muito utilizado “entre colunas” e pouco conhecido pelos profanos. Compulsando qualquer dicionário de termos maçônicos encontramos a seguinte definição para Obediência: “É a submissão à vontade de outrem; trata-se de um vocábulo de origem latina. Obediência e Vontade são irmãs "xipófogas", isto é, que sempre andam juntas. A Doutrina Crista tem seu fundamento na obediência à Vontade de Deus, abdicando o cristão ao que lhe é sugerido como sendo suas decisões fruto de um "livre arbítrio". As discussões em torno disso são "homéricas" e perduram desde a Idade Média até hoje. Todos nós estamos sujeitos em qualquer campo, à Obediência; obedecem-se as leis dos homens, da Natureza e da Divindade; obedece-se às exigências do estomago, do instinto da volúpia. A dependência psíquica e física de qualquer entorpecente, tóxico ou droga, redunda em Obediência cega e napelável ao vício. Temos, portanto, dois aspectos a considerar: a Obediência ao que é sublime e a Obediência ao que é negativo. Maçônicamente temos a Obediência hierárquica, ou seja, dos dirigentes. A sublimidade da Obediência, consiste em obedecer espontaneamente, sem submissão constrangedora, mas por fraternidade e amor. Quem ama a Deus lhe obedece a sua Vontade, sem que isso constitua diminuição alguma. Obedecer por imposição de um ditador, constitui grave agressão à liberdade. Portanto deve-se distinguir os atos de Obediência. O primeiro dever do maçom é obedecer às ordens de seu Mestre; essa Obediência não é irracional, mas consoante a razão. Denomina-se de Obediência a uma organização maçônica A reunião de varias Lojas constitui uma Grande Loja ou um Grande Oriente; essas instituições denominam-se Obediência, porque para se formarem, "obedeceram" os preceitos necessários, como por exemplo, o reconhecimento de potências estrangeiras e serem por elas reconhecidas. Contudo, a Obediência não é cega. O obedecer cegamente, constitui o fanatismo. A razão deve dirigir o obedecer. O maçom obedece sem discussão aos Landamarks da Instituição, que são os preceitos gerais da Ordem; poderá analisá-los, apresentar teses, discutir sua essência, porém, não poderá alterá-los; está o maçom ligado aos Landamarks como o religioso ao Decálogo. (extraído da Enciclopédia Maçônica)

“ e outra para Regularidade: “ A Maçonaria Universal, possui múltiplos Ritos e governos autônomo, abalando assim, a unidade porque surgem as rivalidades e as paixões. No Brasil já existem vários "agrupamentos", alguns reconhecidos pelas Potencias internacionais, outros não; Cada um desse "corpos", regulares ou não, denominam-se de "Potência Maçônica". Cada Potência é Soberana, autônoma e independente. “

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Porem, na prática, o que encontramos no dia-a-dia dos maçons, dentro e fora de loja, é uma total incompreensão da correta acepção desses termos, substituindo a explicação do léxico por definições próprias, invariavelmente deterioradas através de dezenas de anos, transmitida (a definição) de forma errônea, possivelmente propositalmente, dos maçons mais antigos para os mais novos, perpetuando idéias incorretas sobre quase tudo que envolve a vida maçônica, desde os símbolos mais simplórios até mesmo as mais complexas instruções.

Basta mera vista d’olhos sobre a história da origem da Maçonaria para notarmos que da raiz (no Antigo Egito para uns e na Escócia e/ou Inglaterra para outros) , comparando-se a Maçonaria com uma árvore, surgiram vários troncos e os troncos deram origens aos galhos e esses por sua vez carregaram-se de folhas e alguns ainda deram flores. Essa analogia é suficiente para que possamos compreender o que aconteceu com a Maçonaria desde seus primórdios, ou seja, uma poderosa árvore, como a Acácia, que floresce verdejante o ano todo e faz sombra para aqueles que a procuram, com muitos ramos, folhas e flores. Sem contar que temos uma grande variedade desta espécie, cerca de...... tipos.

A Maçonaria é isso. Porem, o maçom não a entende, não compreende a sua diversidade e despreza, por conseqüência, tudo aquilo que não possa compreender ou que esteja fora do poder da jurisdição da sua loja, como se ela fosse o umbigo do universo maçônico.

Para exemplificar este texto, digo que resido, hoje em dia, em uma cidade com mais de 500 mil habitantes, onde co-existem 16 (dezesseis) Lojas Maçônicas, com a nossa Grande Loja somos em 17 (dezessete) das quais somos a única mista; pois bem, digo, ainda, que os irmãos desta localidade, em que pese o não reconhecimento de umas pelas outras, pois temos aqui lojas que pertencem ao Grande Oriente, outras da Grande Loja do Estado e ainda outras da Grande Loja da Cidade e mesmo assim, vivem os irmãos, fora de loja em grande harmonia freqüentando os mesmos ambientes, inclusive com as famílias.

Prosseguindo no exemplo, digo também que próxima a nossa cidade, há um município pequeno, que mantém entre seus habitantes (cerca de 40 mil) alguns dos antigos costumes da nossa população interiorana e dentre esses costumes, destaca-se o habito de sentarem à porta da casa, no final do dia, para reunirem-se com os vizinhos e contar histórias, algumas famílias ainda insistem e manter o muro da casa abaixo do costumeiro nas grandes cidades, não usam grades de proteção o alarmes. Pois bem, mesmo nessa cidade, onde a amizade entre as pessoas predomina, existem duas lojas maçônicas, cada uma delas com aproximadamente 300 (trezentos) membros e, o fato mais estranho: pertencem a diferentes potencias e, portanto, são obediências distintas. Em resumo: elas não se reconhecem, o associado de uma delas não pode, nunca pode e não poderá jamais visitar a outra. Eles não se consideram irmãos, muitos deles tornaram-se verdadeiros inimigos, rivais sem nunca terem se agredido, , uns aos outros, antes de serem maçons.

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O profano, que por sua vez, enxerga a todos como maçons, fica sem compreender o porque dessa rivalidade, dessa desunião, da falta de irmandade entre tais maçons, que deveriam ser exemplos, mas não o são.

Mas o que o profano não sabe, pois não deveria mesmo, e o maçom pensa que sabe, pois deveria, mas não o sabe (e isso é imperdoável) é que os chamados “homens livres e de bons costumes” ainda que de bons costumes realmente sejam, de livres nada tem. Prendem-se, tais irmãos, ao pré-conceito de que apenas a sua potência é a correta, a mais antiga, a única verdadeira, por isso deve a ela obediência, recusando-se a ver que outras potências e outros maçons estão surgindo, brotando a cada instante, mais do que possamos contar, numerar ou nomear.

Esse preconceito demonstrado por eles é tão perigoso quanto a discriminação de raça ou cor, credo e gênero (masculino e feminino), uma vez que revela a “escravidão em que vivem tais homens” os quais não são livres para irem e virem a seu bel prazer, somente podendo se deslocarem dentro do universo maçônico, uma vez que sua potência assim o permita.

Uma vez que o maçom é livre, ele poderia e deveria visitar outras lojas de outras potências, de outros ritos, na mesma ou em outras cidades, zelando pela comunhão universal, mas não pode, o maçom é taxativamente proibido de visitar uma loja que não seja da sua potência ou que não pratique o seu rito ou que seja mista, isso no caso das potências masculinas.

Importante notar, que esses livres pedreiros, deixaram de ser operativos faz muito tempo, passaram para adotivos (maçonaria de adoção) e desde então, discriminam outros seres humanos, não os reconhecendo como seus pares e semelhantes. A “elite da maçonaria” no Brasil, atualmente é formada por uma maioria de cor branca, homens, sem defeitos físicos e da classe média alta, profissionais de destaque em suas qualificações principalmente se observado o sucesso financeiro que cada qual alcançou mesmo antes de ingressar na Maçonaria. São esses os sinais que identificam, infelizmente, o candidato, com muitas chances de ser aceito nas lojas, ao qual será revelado o segredo maçônico.

Não se iluda. Dificilmente você encontrará maçons fora desse padrão descrito no parágrafo anterior. Procure e tire suas próprias conclusões.

Lógico, que mesmo nesse perfil discriminatório, encontramos excelentes maçons, de bom coração, com ações sociais concretas, intelectualmente capazes e com grande inclinação para o estudo da filosofia maçônica, responsáveis pela correta transmissão dos ensinamentos, verdadeiros preservadores daquela semente que deu origem á raiz que nos referimos no início deste artigo. São tantos que eu não poderia nomeá-los aqui, pois cometeria o deslize de esquecer um bom número deles e isso seria imperdoável, tratando-se de uma injustiça a qual não quero cometer.

Porem, tenho notado, com pesar, que mesmo esse punhado de bons maçons tem preferido o anonimato frente aos desmandos e desleixos que se abatem sobre os “filhos da viúva” de

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sorte a nem mais se manifestarem para corrigir os novatos, deixando-os à mercê de ensino empírico, nada técnico e totalmente desproporcional a medida necessária e correta para que se corrigissem. Assim, parodiando o grande Martim Luther King : “o que me preocupa não é o grito dos maus maçons, mas sim o silêncio dos bons...”

O que a grande maioria dos maçons deve compreender, após estudar a história da Maçonaria e legislação brasileira, é que não existe nenhum órgão, oficial ou extra-oficial, competente para fiscalizar a maçonaria como escola de livres-filósofos.

No Brasil, a maçonaria é uma pessoa jurídica, de direito privado, em forma de associação, que poderá ser, em alguns casos (opção livre no momento da fundação) cultural, artística ou outro tipo, com ou sem fins lucrativos. O que a torna “regular” é o simples fato de seguir a legislação vigente (Código Civil) e seus artigos que ditam requisitos obrigatórios para a abertura de associação, elaborando os seus estatutos sociais, registrando-o em Cartório de Notas, obtendo registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas da Receita Federal, registrando-a junto ao Instituto Nacional de Seguro Social e na Prefeitura Local, apenas isso, uma vez que é isenta de Inscrição Estadual. Dessa forma, cria-se uma associação que será uma potência maçônica, legalmente reconhecida, capacitada para aceitar futuros membros mantenedores, contribuintes e doadores, exercendo na sua plenitude todos os poderes que lhe confere a fundação ou abertura de tal associação.

Nenhuma das potencias existentes hoje em dia, pode se proclamar como “maçonaria secreta” uma vez que organizações secretas são terminantemente proibidas no Brasil, assim denominam-se “discretas” e de discretas nada tem, uma vez que se expõem ao máximo, em todas as mídias, em verdadeiras ações de marketing que tem como objetivo angariar o maior número de membros possíveis, dentro daqueles padrões comentados anteriormente.

Pelo fato de cada uma das potências exercer o direito que tem de buscar o maior número de membros possível, elas pregam a irregularidade das rivais, utilizando-se dessa questão como uma das maiores armas para disputar os possíveis candidatos. Assim, brigam entre si, incessantemente, os Grandes Orientes e as Grandes Lojas. Essa briga sem fim tem gerado cada vez mais um espantoso número de novas potências que por suas vezes exigem novas obediências e criam seus novos (ou regularizados) maçons cada qual a sua moda e maneira, com seus postulados, cada vez mais discriminatórios.

Portanto, desde que esteja formal e legalmente constituída, a nova associação tem todo o direito de se intitular potência, tanto de “Maçonaria” como Rosacruz, quanto Martinista, quanto Golden Daw, ou ainda TOM, e também Iluminati, Templários e qualquer outro nome que não tenha uma legislação específica e, portanto, não exija fiscalização. Essa nova associação, que escolhera sua designação e através dessa escolha irá atrair e selecionar novos associados, assemelha-se a uma escola de cursos livres (judô, balet, violão, artesanato etc) que ministrará uma instrução aos seus membros, mediante alguns requisitos, para que os mesmos progridam nessa filosofia chamada Maçonaria. O crescimento e portanto

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sucesso, ou não, dessa associação, estará diretamente ligado a estrutura, administração e genialidade do diretor ou diretores que estiverem à frente desse tipo de sociedade. Os membros por ela formados serão considerados maçons daquela associação e serão identificados por outros maçons, desde que conheçam os sinais, toques e palavras da maçonaria universal, bem como tenham acesso e saibam utilizar o vocabulário próprio da maçonaria, pois assim como cada clube ou profissão tem sua linguagem, a maçonaria também tem a dela.

Notamos, agora, durante esta leitura, que não há motivos para que os Maçons do Grande Oriente negligenciem a condição de maçons daqueles que pertencem às Grandes Lojas e vice e versa, principalmente pela não existência de um Poder Controlador ou fiscalizador da Maçonaria. O que existe é toda uma estrutura organizada dentro das associações que permite a fiscalização das suas lojas e dos respectivos membros, mas não das outras. Supor que uma organização maçônica, tal como o Grande Oriente ou a Grande Loja possam fiscalizar outras potências (Lojas Independentes) é o mesmo que admitir que o Conselho Regional de Medicina fiscalize o consultório de um dentista, que por sua vez está subordinado ao Conselho Regional de Odontologia. Concluímos, agora, ao final deste parágrafo, que não há subordinação e muito menos fiscalização possível dentro da maçonaria entre as diversas potências e obediências e a falta de compreensão dessa critério proporciona a discriminação entre pessoas (irmãos) que se dedicam a mesma filosofia e pela lógica deveriam ter admiração uns pelos outros.

Já a “guerra de aventais” que mencionamos no começo deste artigo, é de mais fácil compreensão, trata-se da vazão da ambição humana, aliada ao egoísmo e necessidade de poder que temos, tudo isso praticado dentro das lojas maçônicas por membros que não medem as conseqüências das suas atitudes antifraternas e que visam, apenas, o poder pelo simples gosto que o poder proporciona. A guerra-de-aventais assemelha-se muito à “dança-das-cadeiras” que ocorre em empresas particulares ou públicas, caracteriza-se pela frase “puxaram o seu tapete” e é típica de pessoas que não se importam de pisar nos outros para alcançarem as posições que almejam, e acreditam que os meios justificam os fins. Dentro de uma loja maçônica que não é bem administrada, onde o maior patrimônio é o edifício, sua arquitetura e adereços, esquecendo-se por completo da liberdade, igualdade e fraternidade, os aprendizes não se contentam com seu lugar e querem ser mestres antes mesmo de serem companheiros e o maior objetivo é a troca de aventais, pelo que tudo indica, o avental de mestre é mais enfeitado que o do aprendiz...

Por fim, acredito que conseguimos, passar ao leitor, interessado neste tema, em algumas páginas, todos os esclarecimentos necessários para a compreensão sobre potências, obediência e lojas independentes, sendo que a parte mais importante desta literatura é a mensagem para que os maçons sejam verdadeiros irmãos, contenham-se diante de novas potencias que estão surgindo e avaliem que se trata de um fenômeno natural de crescimento e expansão de todas as filosofias da qual a maçonaria não é exceção e que aprendam, de uma vez por todas, que não somos fiscais uns dos outros, mas sim fraternos

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ente nós e principalmente para com toda a humanidade, independente de serem maçons ou não.