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1 DNA INOVADOR LOCUS Ambiente da inovação brasileira Como as MPEs auxiliam as gigantes do setor de infraestrutura Kenneth Herd, da GE, destaca os atrativos do Brasil para atividades de P&D O destino previsto para os R$ 32,9 bilhões do Plano Inova Empresa

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A revista Locus é uma publicação trimestral da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

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DNA INOVADOR

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano XVIII | no 71Maio 2013

Dos grandes centros ao interior, uma nova geração de parques tecnológicos se estabelece no Brasil, tendo como meta contribuir para

o desenvolvimento por meio da inovação. Amparadas

na experiência de habitats pioneiros, essas instituições

enfrentam os desafi os de apoiar empreendimentos de diferentes portes, setores e

interesses

Como as MPEs auxiliam as gigantes do setor de infraestrutura

Kenneth Herd, da GE, destaca os atrativos do Brasil para atividades de P&D

O destino previsto para os R$ 32,9 bilhões do Plano Inova Empresa

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Como vai? Somos o Sebrae.Especialistas em pequenos negócios.

> Baixe o aplicativo do Sebrae na App Storeou na Play Store.

Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae.

Educação Empreendedora Consultoria Gestão Inovação Resultados

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Como vai? Somos o Sebrae.Especialistas em pequenos negócios.

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Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae.

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46NEGÓCIOS Saiba como micro e pequenos empreendedores têm construído relações de cooperação com grandes players do setor de infraestrutura e garanti do sua fati a em mercados cada vez mais segmentados

43OPORTUNIDADE O aquecimento recente do mercado de e-books no Brasil abre espaço para novos empreendimentos, orientados principalmente para o nicho de livros educati vos

A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Enti dades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

Conselho EditorialJosealdo Tonholo (presidente)

Jorge AudyMarli Elizabeth Ritt er dos Santos

Mauricio GuedesMaurício Mendonça

Coordenação e ediçãoDébora Horn

ReportagemAlexandre Lenzi, Bruna de Paula, Bruno Moreschi, Daniel Cardoso,

Débora Horn e Fabrício Rodrigues

Jornalista responsávelDébora Horn

MTb/SC 02714 JP

Direção e edição de arte: Bruna de Paula

RevisãoVanessa Colla

Foto da capaShutt erstock

PresidenteFrancilene Procópio Garcia

Vice-presidenteJorge Luís Nicolas Audy

DiretoriaGisa Bassalo, Ronaldo Tadêu Pena,

Sérgio Risola e Tony Chierighini

SuperintendênciaSheila Oliveira Pires

ImpressãoEstação Gráfi ca

Tiragem2.000 exemplares

Produção Apoio

EndereçoSCN, quadra 1, bloco C,

Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211Brasília/DF - CEP 70711-902

Telefone: (61) 3202-1555E-mail: [email protected]

Website: www.anprotec.org.brAnúncios: (61) 3202-1555

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano XVIII ∙ Maio 2013 ∙ no 71 ∙ ISSN 1980-3842

INDICE

6ENTREVISTA

General Electric implanta seu quinto centro de pesquisas em terras brasileiras. Kenneth Herd, gerente geral do centro, fala sobre os motivos que levaram a multinacional a escolher o Brasil como sede

10EM MOVIMENTO

Planejamento para 2013, resgate de memória, eventos e lançamentos de novos programas colocam em evidência o movimento do empreendedorismo inovador brasileiro

49 EDUCAÇÃO Após a consolidação como um dos maiores jogos de empreendedorismo do mundo, o Desafi o Sebrae passa por uma reformulação geral, adequando-se ao público que se renova todos os anos

50 OPINIÃO Mauricio Guedes alerta: É preciso enfrentar a discussão acerca da autonomia universitária, hoje restrita a aspectos didáti cos e cientí fi cos

BH-TEC, de Belo Horizonte (MG): inaugurado em 2012, após sete anos de implantação

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O número é impactante: R$ 32,9 bilhões. Esse é o

montante de investimento anunciado pelo Go-

verno Federal para o recém-lançado Plano Inova

Empresa. A exemplo de outros pacotes que se dis-

seminaram nos últimos anos, este também reúne uma série de

iniciativas e programas já existentes, aliados a novos mecanis-

mos para estímulo e fortalecimento da inovação. Uma sinaliza-

ção evidente da ampliação do patamar de investimentos, com

ênfase na priorização de determinadas áreas, consideradas es-

tratégicas para o país. Na seção Investimentos desta edição, uma

matéria disseca o Plano, revelando a engenharia de distribuição

dos recursos previstos e de que forma empresas e ambientes de

inovação podem aproveitar as oportunidades geradas por ele.

Do total de recursos do Inova Empresa, R$ 100 milhões de-

verão ser destinados a incubadoras de empresas e parques tec-

nológicos. O valor não está muito além do patamar atual, mas

certamente contribuirá para que essas instituições continuem

a colaborar com o empreendedorismo inovador brasileiro. A

reportagem de capa desta edição mostra o trabalho que vem

sendo desenvolvido por uma parte desses habitats. O foco da

matéria são os parques tecnológicos implantados a menos de

cinco anos e, em alguns casos, que ainda estão em fase de pro-

jeto, mas já geram expectativa quanto a seus benefícios.

Das metrópoles ao interior, temos uma nova geração de

parques se estabelecendo, dedicados a transformar a realidade

social por meio da inovação - seja com base nas vocações regio-

nais ou na criação de novos caminhos para o desenvolvimento.

Exemplos vindos de Minas Gerais, Pará, São Paulo, Amazonas,

Paraná e Rio Grande do Sul compõem um retrato desse novo

grupo de parques tecnológicos, que buscam repetir, à sua ma-

neira, a trajetória exitosa das instituições pioneiras, implantadas

há quase 30 anos.

No centro de todas essas discussões, as empresas reinam

soberanas. É para elas que se voltam os recursos e também o

trabalho dos ambientes de inovação. O resultado desse esforço

conjunto pode ser constatado nas seções Negócios, Sucesso e

Oportunidade, que apresentam histórias de empreendimentos

de diferentes portes, setores e regiões de atuação. Em comum,

empreendedores persistentes e uma sólida base de apoio, con-

cedida por incubadoras e parques.

Boa leitura!

CARTA AO LEITOR

28ESPECIAL O movimento do empreendedorismo inovador assiste ao nascimento de uma nova safra de parques tecnológicos, amparados pelos bons exemplos das primeiras iniciativas e preparados para colaborar com o desenvolvimento econômico e social

INVESTIMENTO

Entenda como MPEs podem aproveitar as oportunidades geradas pelo Plano Inova Empresa - iniciativa que prevê investimentos de R$ 33 bilhões em inovação nos próximos dois anos

SUCESSO

Amazon Dreams e Pentop do Brasil, incubadas localizadas no Norte do país, relatam como conquistaram o Prêmio Finep de Inovação e quais são os planos para o futuro

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para inovar

P O R D É B O R A H O R N

Estabilidade econômica, perspectiva de desenvolvimento e

qualificação da mão de obra. Esses são alguns dos motivos

apontados pela General Electric (GE) para implantar no Brasil

um dos cinco centros de pesquisa que mantém em diferentes

países. Quem afirma é o gerente geral do Centro, Kenneth G. Herd,

engenheiro que trabalha na empresa desde 1983. Segundo ele, o

Brasil tem potencial para se transformar em um polo de inovações

que poderão ser replicadas em outras regiões do mundo. Apostando

nesse potencial, a GE investirá R$ 500 milhões no chamado Centro

de Pesquisas Global, em construção no Rio de Janeiro (RJ). O

aporte deverá ser concluído até cinco anos após a inauguração do

empreendimento, prevista para 2014. Cerca de 400 funcionários

trabalharão no Centro, focado em tecnologias nas áreas de energia,

transporte, mineração, aviação e saúde. Em entrevista à Locus, Herd

fala sobre a função estratégica que o Brasil assumiu para que a GE se

mantenha entre as empresas mais inovadoras do mundo.

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Potencial

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LOCUS > A que fatores se pode atribuir o reco-nhecimento da General Electric como uma em-presa que tem a inovação em seu DNA?

Kenneth Herd > O reconhecimento da GE pela sua capacidade de inovar está ligado à sincro-nia dos trabalhos da companhia com as exigên-cias e necessidades do mercado, o que inclui o desafio de lançar uma nova tecnologia no prazo necessário para a sua aplicação, com benefícios a parceiros e clientes. A inovação faz parte do DNA da GE desde que Thomas Edison fundou a empresa, em 1892. E, para a empresa, existem dois caminhos para inovar: trazer uma solução diferente de tudo que já existe e que atenda de maneira imediata à necessidade dos parceiros; ou pensar o que será inovação no futuro, em dez anos ou mais. As duas frentes integram os objetivos de pesquisa da companhia. A cada ano a GE investe, globalmente, cerca de US$ 6 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de no-vas tecnologias. De que forma essa cultura da inovação se conso-lidou na empresa? Qual foi a contribuição, nesse sentido, da implantação dos Centros de Pesqui-sas Global em diferentes regiões do mundo?

A GE sabe que nos dias de hoje a inova-ção é mais colaborativa que nunca. A presença de cinco centros de pesquisas em diferentes países – além do Brasil, também nos Estados Unidos, na Índia, na China e na Alemanha – re-presenta uma tremenda oportunidade para o crescimento e para o aumento da colaboração com clientes e parceiros ao redor do mundo.

Por que o Brasil foi o país escolhido para rece-ber o quinto Centro de Pesquisas Global?

A escolha do Brasil dentre os mais de cem países em que a GE está presente levou em conta diversos aspectos, como a estabilidade da economia local, o potencial de desenvolvimento do país, a qualificação da mão de obra brasilei-ra, as oportunidades de negócios em infraestru-tura, o potencial de crescimento, a maturidade dos negócios da GE no país e o relacionamento com clientes, entre outros. Com o Centro de

Pesquisas no Brasil, a GE direciona a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, princi-palmente para atender às demandas locais em infraestrutura e colaborar para suprir as neces-sidades e os desafios locais.

A GE optou por iniciar as atividades do Cen-tro no Parque Tecnológico do Rio. Que fatores contribuíram para essa escolha?

O Centro de Pesquisas Global da GE está sendo construído no Distrito Verde, na Ilha do Fundão. Até que as obras do projeto sejam finalizadas, em 2014, os cientistas da GE es-tarão trabalhando provisoriamente no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ], por meio de uma parceria com a instituição. A cidade do Rio de Janeiro foi es-colhida como sede do Centro de Pesquisas com base em critérios fundamentais como logística, mão de obra especializada e proximidade a uni-versidades e clientes. A parceria com a UFRJ é importante também por permitir o intercâmbio tecnológico e a realização de palestras da GE para aproximar os alunos das atividades do Centro de Pesquisas Global. Desde o segundo semestre de 2011, a GE realiza roadshows nas principais universidades do país em busca de parcerias e de intercâmbio de conhecimento e de tecnologia. Esse tipo de parceria traz bene-fícios para ambas as partes, uma vez que leva para o ambiente acadêmico pesquisas que po-dem se tornar soluções e tecnologias comer-ciais; e os pesquisadores da GE ganham espaço de ponta para conduzir seu trabalho.

ENTREVISTA > Kenneth Herd

“PARA A EMPRESA, EXISTEM DOIS CAMINHOS

PARA INOVAR: TRAZER UMA SOLUCAO

DIFERENTE DE TUDO QUE JA EXISTE E QUE

ATENDA AO MERCADO DE MANEIRA IMEDIATA;

OU PENSAR O QUE SERA INOVACAO NO

FUTURO, EM DEZ ANOS OU MAIS”

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A implantação do Centro de Pesquisas Global da GE no Brasil foi anunciada como uma inicia-tiva para entender as necessidades específicas de clientes da empresa no país. Quais dessas necessidades já foram identificadas?

As principais necessidades identificadas fo-ram fundamentais para definir o foco dos qua-tro Centros de Excelência já em operação no Centro de Pesquisas Global da GE. O objetivo é desenvolver novas tecnologias para ajudar a re-solver grandes desafios do Brasil e do continen-te em quatro frentes: sistemas de bioenergia, sistemas inteligentes, integração de sistemas e sistemas submarinos. O Centro de Pesquisas Global da GE já tem um Memorando de Enten-dimento assinado com empresas e entidades como Petrobras, EBX, Coppe/UFRJ, IPT [Institu-to de Pesquisas Tecnológicas] e MRS Logística, entre outras, para desenvolver um trabalho fo-cado nas necessidades desses parceiros.

Entre essas necessidades, quais são as prioritá-rias para a GE?

O trabalho do Centro de Pesquisas Global é focado em desenvolver tecnologias para solucionar alguns dos grandes desafios para o desenvolvimento do Brasil em áreas como energia, petróleo e gás, transportes, saúde e infraestrutura. Para esses segmentos, a GE já trabalha em pesquisas focadas nas áreas prio-rizadas pelos quatro Centros de Excelência que formam o Centro de Pesquisas. Faz parte do trabalho do Centro de Pesquisas Global a busca por soluções em biocombustíveis, auto-mação avançada, eficiência logística, software

e tecnologias para exploração de petróleo, en-tre outros segmentos.

Nos Centros de Excelência já instalados, quais são os trabalhos e projetos de maior destaque neste momento?

Em sistemas de bioenergia, destaque para as pesquisas com vinhaça e bagaço da cana, biocombustíveis para a aeronáutica e loco-motivas movidas a gás natural. Em sistemas inteligentes, o trabalho será focado em auto-mação avançada, diagnósticos para energia elétrica, setor de petróleo e gás, transportes aéreos e transportes terrestres. Atuação com otimização para transportes, otimização do trajeto mina-porto e eficiência logística são as prioridades em integração de sistemas. Já em sistemas submarinos, a GE focará em inova-ções para exploração de petróleo na camada pré-sal.

De que forma pequenas e micro empresas ino-vadoras, poderiam atuar em conjunto com a GE e cooperar com os projetos desenvolvidos no Cen-tro de Pesquisas?

O Centro de Pesquisas Global da GE no Bra-sil conta com investimento de R$ 500 milhões para sua construção e início das pesquisas pe-los primeiros cinco anos. Qualquer empresa que deseja atuação conjunta pode nos procu-rar. A GE escolheu o Brasil por saber que o país precisa transpor seus desafios e acredita que a inovação é um dos caminhos para resolver as necessidades locais. O Centro de Pesquisas instalado na Ilha do Fundão tem modelo de atuação diferente dos demais centros da GE no resto do mundo, por contar com profissio-nais focados em entender as necessidades dos clientes da GE no país, divididos em centros de excelência para pesquisar e desenvolver solu-ções aplicadas a essas necessidades.

A GE mantém Centros de Pesquisa em paí-ses com diferentes políticas e mecanismos de apoio à inovação. Como o senhor analisa o atu-al sistema de inovação brasileiro em relação

“QUALQUER EMPRESA QUE DESEJA ATUACAO

CONJUNTA PODE NOS PROCURAR. A GE

ESCOLHEU O BRASIL POR SABER QUE O PAIS

PRECISA TRANSPOR SEUS DESAFIOS E ACREDITA

QUE A INOVACAO E UM DOS CAMINHOS PARA

RESOLVER AS NECESSIDADES LOCAIS”

ENTREVISTA > Kenneth Herd

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aos existentes nos outros países que contam com esses centros?

A GE entende que o Brasil tem potencial para se transformar num polo das exportações de “inovação reversa”, o que significa que a alta tecnologia desenvolvida aqui, para resol-ver os desafios locais, pode ser exportada para outros países com o mesmo tipo de necessi-dade, incluindo os já desenvolvidos. Um bom exemplo de inovação reversa é a geração de energia elétrica em escala comercial a partir do etanol de cana-de-açúcar. Esse pequeno re-corte é um indício do potencial do país, que nos últimos anos conquistou investimentos de diferentes empresas para a criação de centros de pesquisas que vão desenvolver inovação em solo nacional, produzindo soluções para as ne-cessidades locais. Cada vez mais, o Brasil tem buscado aprimorar sua posição em relação à inovação. Prova disso é o pacote de R$ 30 bi-lhões em crédito subsidiado para investimen-tos em inovação, anunciado recentemente pela presidente Dilma Rousseff.

O Centro de Pesquisas da GE no Brasil terá

capacidade para até 400 pesquisadores. A GE considera que a maior parte desses profissio-nais está no país, ou seja, o Brasil tem capital humano com a qualificação demandada pelos projetos da empresa?

Sim. Dos 80 pesquisadores que já fazem parte do time do Centro de Pesquisas Global da GE no Brasil, a maior parte é formada por brasileiros. São atualmente 100 funcionários no total (incluindo os 80 pesquisadores), o que corresponde a um quarto da capacidade total de 400 funcionários. Assim como em seus demais negócios no Brasil, a GE traba-lha para valorizar e qualificar a mão de obra local. Em paralelo, a companhia encabeça um movimento de repatriação de pesquisa-dores brasileiros altamente qualificados, que construíram a carreira no exterior e estão retornando devido às novas oportunidades decorrentes do momento favorável do país na área de pesquisa e desenvolvimento. Dos 80 pesquisadores que já trabalham no Cen-tro de Pesquisas da GE no Brasil, 10% foram repatriados e 20% contam com experiência internacional. L

Projeto do Centro de Pesquisas Global da GE que está sendo construído na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro (RJ)

ENTREVISTA > Kenneth Herd

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Empresas interessadas em partici-par do programa Start-Up Brasil, de-senvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), têm até o dia 31 de maio deste ano para se candidatar a um dos editais abertos (disponíveis em www.startupbrasil.mcti.gov.br/inscricoes). O programa vale para empreendedores nacionais ou estrangeiros – 25% das startups

podem ser de fora do país – e os re-sultados serão divulgados a partir do dia 25 de junho no Diário Oficial da União e no site do CNPq (www.cnpq.br). Outra rodada de editais está pre-vista para o segundo semestre deste ano, com inscrições abertas a partir de 19 de novembro.

No últimos mês de março, o pro-grama selecionou nove aceleradoras

que participarão do projeto. Acele-ratech, 21212, Microsoft, Papaya, Pipa e Wayra foram habilitadas, enquanto Outsource, Start You Up e Fumsoft foram qualificadas. Cada uma deverá apoiar de oito a dez em-presas nascentes. A ideia inicial era selecionar seis projetos, mas “devido à qualidade e a variedade das pro-postas apresentadas”, como definiu o secretário de Política da Informáti-ca do MCTI, Virgílio Almeida, outras três foram incluídas. “O mercado brasileiro amadureceu. As propostas apresentaram qualidade de bench-marking internacional”, explicou.

Para o primeiro ano do programa, o MCTI prevê apoio para suporte fi-nanceiro de pelo menos 40 startups, com bolsas no valor de R$ 200 mil por empresa para inovação, pesquisa e desenvolvimento. Para o próximo ano, a meta é acelerar 150 startups. O objetivo, anunciado pelo Minis-tério, é alavancar o surgimento de novas empresas e posicionar o país como um player global no setor de softwares de serviço.

Start-Up Brasil: editais abertos até 31 de maio

Finep, BNDES e Aneel anuncia-ram, no início de abril, um acordo de cooperação que cria o Plano de Apoio à Inovação Tecnológica no Setor Elétrico (Inova Energia). A iniciativa contará com recursos de R$ 3 bilhões para investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inova-ção na área energética. Integrante

do Inova Empresa (programa apre-sentado em março pelo MCTI), o Inova Energia recebeu aporte de R$ 1,2 bilhão da Finep, R$ 1,2 bi-lhão do BNDES e R$ 600 milhões da Aneel.

O objetivo é fomentar projetos e selecionar planos de negócios que contemplem atividades de pesqui-

sa, desenvolvimento, engenharia e absorção tecnológica; produção e comercialização de produtos; além de processos e serviços ino-vadores. Na avaliação da Finep, o Inova Energia pode destravar uma necessidade de financiamento de projetos de cerca de R$ 1,8 bilhão para 2013.

Inova Energia: R$ 3 bilhões para PD&I

Inscrições devem ser realizadas no portal do Programa

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A edição 2013 do Prêmio Finep de Inovação está com inscrições abertas até o dia 8 de agosto e vai oferecer um total de R$ 8 milhões em premia-ção. Serão distribuídos de R$ 100 mil a R$ 500 mil para os primeiros colocados regionais e nacionais, res-pectivamente, em cada uma das nove categorias: micro e pequena empre-sa; média empresa; grande empresa (apenas na etapa nacional); institui-ção de ciência e tecnologia; tecnolo-gia social; inventor inovador; tecnolo-gia assistiva; inovação sustentável e Inovar Fundos (esta também restrita à etapa nacional e dividida em três subcategorias: governança, equipe e operação). A premiação regional acontecerá em cerimônia única, no Rio de Janeiro (RJ), e a final nacional ocorrerá no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).

Após a inscrição, haverá uma etapa de pré-qualificação e análise

de cada proposta. Depois, no jul-gamento regional, os concorrentes previamente selecionados serão avaliados por comitês compostos por especialistas representantes de instituições de inovação, de

empresas e da Finep. Desde 1998, mais de 500 empresas, instituições e pessoas físicas do Brasil e do ex-terior já foram premiados. Confi-ra mais na página da premiação: www.premio.finep.gov.br.

Prêmio Finep: R$ 8 milhões para inovação

Quem quer conhecer os caminhos para implantar e administrar uma in-cubadora pode participar da série de cursos que a Anprotec, em parceria com o Sebrae, está promovendo. O Curso de Planejamento e Gerencia-mento de Incubadoras teve suas pri-meiras edições em Maceió (AL), no mês de março, e em Brasília (DF), em abril.

Com 32 horas de aula, o curso

é voltado a dirigentes e técnicos de instituições que desejam criar sua incubadora ou para gestores e co-laboradores de empreendimentos já existentes. Alinhado às diretrizes do modelo Cerne, trabalha com os seguintes conteúdos: conceito de incubação, planos de negócios, pros-pecção e seleção de empreendimen-tos, gerenciamento básico, aspectos jurídicos e propriedade intelectual.

“A dinâmica de trabalho no curso possibilitou o amadurecimento das intenções da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) em implantar uma nova incubadora, agora no in-terior do estado”, avaliou o professor da UFAL, Tobyas Maia de Albuquer-que Mariz, que participou do curso em Maceió. A Anprotec e o Sebraem devem levar o curso a outras regiões do país ao longo de 2013.

Em parceria com Sebrae, Anprotec promove curso de planejamento e gerenciamento de incubadoras pelo país

Presidente Dilma participou da cerimônia de premiação no ano passado

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Criar condições para interna-cionalizar empresas brasileiras inovadoras e contribuir para atrair empresas estrangeiras aos centros de inovação do país é o objetivo do Sistema de Apoio à Internacionali-zação de Empreendimentos Inova-dores – projeto que a Anprotec de-senvolve em parceria com a Agência

Brasileira de Promoção de Exportações e Investimen-tos (Apex-Brasil). Em abril, a Anprotec lançou uma chamada para convocar os associados que têm interes-se em integrar o Sistema. A partir dessa chamada, a Associação selecionará par-ques tecnológicos e incuba-

doras que mantenham programas estruturados de apoio à internacio-nalização de empresas inovadoras. “O propósito é criar uma rede de incubadoras de empresas e par-ques tecnológicos, brasileiros e es-trangeiros, habilitados para prestar suporte à internacionalização de

empresas inovadoras”, destaca a presidente da Anprotec, Francilene Garcia.

Após a identificação dos mem-bros do Sistema, será desenvolvida uma plataforma web para integra-ção e fornecimento de informações sobre as instituições participantes. Um encontro entre representantes dessas instituições, como gestores de incubadoras e parques tecnoló-gicos brasileiros e estrangeiros, já está marcado para o XXIII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e 30a Con-ferência IASP – evento que será rea-lizado em outubro, no Porto Digital, em Recife (PE).

Anprotec e Apex-Brasil lançam projeto para internacionalizar empresas

Alguns dos principais ambientes de inovação de Ingla-terra, Holanda, Bélgica e Irlanda estão no foco da Missão Técnica Internacional 2013, promovida pela Anprotec

entre os dias 20 e 31 de maio. A primeira parte do roteiro inclui visitas a

parques tecnológicos e incubadoras de empre-sas, além de encontros com agências governa-mentais de CT&I nas cidades de Bruxelas, Na-mur (Bélgica), Eindhoven (Holanda) e Londres (Inglaterra).

A segunda parte da Missão acontece em Lon-donderry (Irlanda), com a participação no 22o Congresso da European Business & Innovation Centre Network (EBN), que promove a missão em parceria com a Anprotec. “O principal objetivo desta Missão é a cooperação internacional, de modo que se estabeleçam parcerias com vistas à internacionalização de empresas inovadoras bra-sileiras e, por outro lado, a recepção de empreen-

dimentos europeus em nosso país”, explica a presidente da Anprotec, Francilene Garcia.

Missão Técnica Internacional rumo à Europa

Warwick Science Park, no Reino Unido, será um dos ambientes visitados

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A primeira etapa da Chamada de Trabalhos para o XXIII Seminário Nacional de Parques Tec-nológicos e Incubadoras de Empresas teve número recorde de participação: ao todo, foram 177 resumos de trabalhos recebidos, um aumento de 16% em com-

paração à edição anterior do evento. Esse volume inédito de inscrições, na opinião do presidente do Comitê Científico do XXIII Seminário, Paulo Tadeu Arantes, mostra a vitalidade do empreendedorismo inovador bra-sileiro. “Não apenas pelo incontestável crescimento quantitativo, mas também por sua crescente capacidade de gerar novos conhecimentos a partir de estudos e pesquisas”, afirma.

Neste ano, o Seminário será realizado no Porto Digital, em Recife (PE), entre os dias 14 e 17 de outubro, em conjunto com a 30a Conferência Mundial da IASP, sob coordenação local do Porto Digital.

Os autores dos trabalhos selecionados na primeira etapa já foram comunicados pela Anprotec para que enviem, até 10 de junho de 2013, o texto completo em português ou inglês, com o resumo em inglês. Para os proponentes que passarem nessa segunda etapa, o prazo para envio dos textos finais em português ou inglês, acompanhados do resumo em inglês, encerra no dia 19 de agosto de 2013.

Mais informações: www.seminarionacional.com.br

Seminário Nacional bate recorde de trabalhos inscritos

Se você ou sua institução colaborou de alguma forma para a produção de conhecimento, tecnologia e inovação no Brasil, compartilhe essa história. O pro-jeto Memória Anprotec, lançado durante as comemorações pelos 25 anos da enti-dade, é um espaço virtual dedicado a to-dos aqueles que contribuíram para o mo-vimento do empreendedorismo inovador no país. Seja com documentos, projetos, imagens ou relatos, cada contribuição é fundamental para reconstruirmos a his-tória do empreendedorismo brasileiro e o desenvolvimento de novos negócios e oportunidades. Contamos com todos – associados, parceiros, colaboradores e dirigentes – para que esta história seja registrada de forma cada vez mais com-pleta.

Confira: www.memoriaanprotec.org.br

Ajude a resgatar a história do movimento

Quem gosta de se informar pelas re-des sociais deve ficar atento e ficar por dentro das novidades que a Anprotec pu-blica diariamente no Twitter e na fanpa-ge do Facebook. Estamos conectados di-retamente com nossos associados e com as principais agências de notícias sobre inovação, tecnologia e empreendedoris-mo, além de órgãos de fomento. Siga-nos

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Inovação e novidades nas redes sociais

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EM MOVIMENTO

Localizada a 27 quilômetros de Manaus, Iranduba deve ser a pri-meira “cidade digital” do Amazonas. O título se deve ao desenvolvi-mento de um projeto que prevê a instalação de 35 quilômetros de fibra ótica ligando a cidade à capital. A rede deve aumentar a oferta de serviços e acesso à banda larga de 10MB em locais públicos. O investimento previsto é de R$ 2,5 milhões, com recursos da Superin-tendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Governo do Estado. Dos 62 municípios amazonenses, apenas Manaus conta com rede de fibra ótica. O projeto deve beneficiar 50 órgãos públicos no município e alcançar cerca de 40 mil pessoas. O projeto também prevê a integração de escolas a instituições de pesquisa e a amplia-ção da oferta de ensino à distância e capacitação de professores.

Iranduba: primeira cidade digital do Amazonas

O desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação é o foco do aporte de aproximadamente R$ 3 milhões que a Fundação Amazônia Paraense, do Governo do Pará, fez para quatro editais de criação de redes de pesquisa. A verba é des-tinada a resolver problemas das cadeias produtivas do açaí, cacau, fitoterápicos e software.

O lançamento desses editais

estava previsto no Programa Ciência e Tecnologia para o De-senvolvimento Sustentável, um plano plurianual de governo, em parceira com a Fundação Amazô-nia Paraense de Amparo à Pes-quisa e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação. O apoio à criação das redes terá um investimento total de R$ 2,9 milhões.

Pará: R$ 3 milhões em editais para pesquisa em desenvolvimento sustentável

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) lançou no início deste ano uma maquete interativa, com opção de navegação automática por meio da qual os visitantes podem conhecer a área externa e os prédios do Centro de Excelência em Eficiência Ener-gética da Amazônia (Ceamazon), do Labora-tório de Alta Tensão, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), já implantados; do Laboratório de Qualidade do Leite, do Es-paço Inovação, da Incubadora de Empresas e da Administração, em fase de implantação.

O lançamento dessa ferramenta, produ-zida com tecnologia de realidade virtual e disponível na página principal do site do PCT Guamá, visa aproximar ainda mais o parque tecnológico dos grupos interessa-dos em conhecer e manter relacionamen-to com o primeiro parque tecnológico em operação na Amazônia. A maquete inte-rativa permite navegar pelo ambiente em tempo real.

PCT Guamá lança maquete interativa

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A empresa Quicksite, embarcada no Porto Digital, no Recife (PE), lançou em março a Colab, uma rede social que promete aproximar o cidadão e o poder público mu-nicipal. O objetivo é criar um ambiente de gestão pública colaborativa e mais participativa. Além da web, a nova rede social também pode ser usada como aplicativo em sistema operacional IOS e Android. Para se cadastrar no Colab, basta entrar no endereço www.colab.re.

Em menos de um mês de ativação, a rede já uniu mais de 4 mil usuários ativos no Recife. Ela é basea-da em três pilares de interação com a cidade: a seção

“Fiscalize”, que permite ao cidadão apontar problemas rotineiros, como iluminação pública, coleta de lixo e defesa do consumidor; “Proponha”, que funciona como um fórum no qual os usuários colocam suas ideias e projetos em debate; e “Avalie”, espaço em que o cidadão dá notas para os serviços, instituições e entidades liga-das ao governo, avaliando-os em uma escala de uma a cinco estrelas.

Os projetos que a prefeitura submete à aprovação po-pular também são avaliados. Todas as informações con-tidas na ferramenta estarão disponíveis para qualquer cidadão, imprensa e poder público. Os dados serão aber-tos para quem quiser acessar. Além disso, serão gerados relatórios diários. A plataforma conta também com um ranking de interatividade, que segue a tendência de “ga-mification”, transformando as atividades diárias numa espécie de jogo. A cada participação no Colab, o usuário receberá uma pontuação específica, que será somada a um número chamado também de Colab. A nova rede social está totalmente integrada às outras já existentes, como o Facebook, pela qual será criada a conta inicial do novo integrante. Automaticamente, o Colab sincronizará todos os dados dos usuários, tais como cidade, amigos, estudos e trabalho.

Empresa do Porto Digital lança rede social com foco em cidadania

EM MOVIMENTO

Promover a gestão pública colaborativa é o objetivo da rede social

Primeiro encontro da Rede Mineira de Inovação em 2013 discutenovas parcerias e investimentos

A busca por parceiros, novos investimentos e consolida-ção de projetos foi a pauta da primeira reunião do ano da Rede Mineira de Inovação (RMI), realizada no dia 4 de abril no auditório da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), em Belo Horizonte. Com novos editais abertos pelo governo para projetos de tecnologia, e um ambiente de negócios cada vez mais voltado para in-vestimentos em inovação, os principais representantes do setor em Minas acreditam que é a hora de ampliar o debate e buscar projetos em conjunto.

Para Anízio Dutra Vianna, gerente de Inovação e Sus-

tentabilidade do Sebrae/MG, o Estado tem resultados interessantes para mostrar quando o assunto são as empresas graduadas no movimento, mas as conquistas são pouco divulgadas. “Precisamos mostrar à comunida-de os resultados alcançados”. Ele acredita ainda que “a Rede Mineira de Inovação está no momento de alavan-car recursos e atrair novos parceiros e sair do modelo acadêmico para o modelo de negócios. Esse é o grande desafio.” O próximo encontro da RMI deve acontecer em Uberlândia, nos dias 8 e 9 de agosto, no Centro de Incu-bação de Atividades Empreendedoras (CIAEM).

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EM MOVIMENTO

Consecti e Confap têm novos presidentes

No último dia 8 de março, o secretário da Ciência e Tec-nologia do Espírito Santo, Jadir Péla, foi eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais Para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), órgão delibe-rativo do setor que reúne diversas instituições de governo. Também foram eleitos Odenildo Teixeira, secretário de CT&I do Amazonas (como primeiro vice-presidente) e Rosane Nassar, secretária de CT&I do Maranhão (segunda vice-pre-sidente). A eleição ocorreu em Vitória (ES), durante o Fórum

do Consecti. A presidente da Anprotec, Francilene Garcia, também faz parte da nova gestão do Conselho, assumindo a Diretoria Regional Nordeste ― ela é Secretária Executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Paraíba.

Eleito em Salvador (BA), o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Cata-rina (Fapesc), Sergio Gargioni, assumiu a presidência do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).

Entre dias 5 e 7 de junho deste ano, a Anprotec promoverá, em Bra-sília (DF), mais uma rodada de capaci-tação sobre o modelo Cerne de gestão de incubadoras de empresas. Ao todo, serão 24 horas-aula, divididas entre o Workshop de Nivelamento do Cerne e o Curso de Implantação do Cerne 1. Os participantes poderão realizar os dois ou optar por apenas um deles.

Com carga de 8 horas, o Workshop de Nivelamento será realizado no dia 5 e terá como objetivo fixar conceitos e explicar a metodologia de implanta-ção dos níveis de maturidade Cerne, bem como os requisitos para obtenção e manutenção do credenciamento. En-tre os conteúdos a serem abordados, estão o vocabulário relacionado ao modelo, os princípios e a estrutura do Cerne, as práticas e processos-chave, as etapas do credenciamento, a autoa-valiação e as ferramentas disponíveis.

No dia 6 será iniciado o Curso de Implantação do Cerne 1, focado em capacitar participantes na con-cepção, implantação e operação de

sistemas de incubação, de forma a possibilitar a geração sistemática de inovações. Dividido em quatro mó-dulos, o Curso se estenderá até o dia 7 de junho, abordando conteúdos que vão desde a seleção de empre-endimentos inovadores até a susten-tabilidade das incubadoras.

As inscrições estão abertas até o próximo dia 29 de maio e devem ser feitas por meio do site da Associação (www.anprotec.org.br).

Anprotec promove capacitações sobre modelo Cerne

Valores para inscrição

• Workshop:

- R$ 250 para associados

- R$ 400 para não associados

• Curso de Implantação:

- R$ 350 para associados

- R$ 600 para não associados

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EM MOVIMENTO

O Parque Tecnológico de São José dos Campos, em São Paulo, vai ganhar ainda neste ano um Centro de Pesquisa e Tecnologia da Boeing, maior empresa aeroespacial do mundo e líder na fabricação de ja-tos comerciais. O anúncio foi feito durante a LAAD Defense & Secu-rity, importante feira de Defesa e Segurança, que aconteceu no Rio de Janeiro (RJ) em abril. A unidade será inaugurada em um espaço já existente no parque tecnológico e terá 12 pesquisadores e cientistas da Boeing, que irão desenvolver projetos de tecnologia aeroespacial, em conjunto com instituições bra-sileiras como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Departamento de Ciência e Tecno-logia Aeroespacial (DCTA), além de

empresas como a Embraer.Esta será a sexta unidade de pes-

quisa da Boeing fora dos Estados Unidos e concentrará o trabalho em biocombustíveis sustentáveis para aviação, gestão avançada de tráfego aéreo, metais e biomateriais avança-dos e tecnologias de suporte e ser-viços. Segundo o vice-presidente da Boeing Pesquisa e Tecnologia Brasil, Al Bryant, “o ambiente inovador do Parque Tecnológico de São José dos Campos, a proximidade com institui-ções de pesquisa parceiras e o apoio municipal tornam o local ideal.” Além disso, o centro servirá como ponto de colaboração da empresa americana com outras universidades brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Fe-deral de Minas Gerais (UFMG).

ParqTec de São José dos Campos terá centro de pesquisa da Boeing

A Ondatec, empresa apoiada pela Unidade de Tecnologia e Negócios da Universidade de Uberaba/MG (Uniube), recebeu em abril o Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade na categoria Indústria. A empresa de-senvolveu um forno para diminuir a emissão de poluentes, propor-cionar mais qualidade de vida aos trabalhadores e menos degradação ambiental. Assim, surgiu o proces-so de transformar madeira em car-vão vegetal. O produto é fabricado sem poluir o meio ambiente e ainda aproveita os gases gerados para a produção de bio-óleo. “Toda mudan-ça radical tem que ultrapassar as barreiras culturais, que no caso do carvão são milenares. Assim, a visi-bilidade da vitória é sempre impor-tante para ajudar a quebrar essas barreiras”, afirma o diretor técnico da Ondatec, Ricardo Naufel.

O processo pode proporcionar diversos ganhos para o meio am-biente, sociedade, indústria e consu-midor. A empresa reduz o impacto ambiental com a diminuição de 30 a 50% na área plantada, devido ao maior rendimento madeira/carvão. Também é eliminada a emissão de gases tóxicos e poluentes, já que são transformados em energia térmica ou elétrica - e recupera-se 55% da energia original da madeira disper-sada pela fumaça dos processos convencionais.

Empresa apoiada pela Uniube ganha

Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade

Parque Tecnológico de São José dos Campos: ambiente inovador atraiu a Boeing

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Parque Tecnológico Virtual do Paraná inicia operação

Após uma série de workshops em ci-dades polo do estado, o Paraná concluiu, com um evento realizado em Curitiba no início de abril, o calendário de apresenta-ção e implantação do Parque Tecnológico Virtual. A iniciativa do governo paranaen-se prevê a criação de uma plataforma que reúna incubadoras, parques e instituições de pesquisa e desenvolvimento a empre-sas de base tecnológica.

Foram realizados, ao longo de um mês, eventos nas cidades de Cascavel, Guara-puava, Londrina, Maringá, Jacarezinho, Ponta Grossa e Curitiba. Em cada uma das sete universidades públicas estaduais está sendo implantado um polo de desenvolvi-mento, com reforço aos Núcleos de Ino-vação Tecnológica já existentes. A gover-nança do Parque Tecnológico Virtual do Paraná será dividida entre academia, setor produtivo e governo estadual. Segundo o diretor-presidente do Instituto de Tecno-logia do Paraná (Tecpar), Júlio Félix, o PTV dará apoio, consultoria, acesso a cré-dito e informação para micro e pequenas empresas.

O portal do Parque Tecnológico deverá entrar em operação até o fi m do primeiro semestre.

A prefeitura de Florianópolis apresentou em abril o projeto “Rota da Inovação”, um roteiro tecnológico, econômico e turísti-co ligando o aeroporto Hercílio Luz, localizado no sul da Ilha de Santa Catarina, ao Sapiens Par-que, na região norte do municí-pio.

A rota irá destacar, em um trajeto de 40 quilômetros, as principais instituições e iniciati-vas ligadas à inovação, compre-

endendo as universidades fede-ral e estadual, as incubadoras e os centros empresariais na área de tecnologia e inovação.

A conclusão do roteiro, no Sa-piens, inclui a visita ao Centro de Visualização Floripa Interativa, um espaço criado para apresen-tar a cidade e os projetos de TI em desenvolvimento. O roteiro pode ser feito tanto por escolas e universidades, quanto por tu-ristas e empresários.

Rota de Inovação cruza aIlha de Santa Catarina

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Assinatura do contrato para criação da Rota da Inovação

Grande Porto Alegre pode ter novo parque tecnológico

A cidade de Nova Santa Rita, a 20 quilômetros de Porto Alegre, pode ga-nhar um parque tecnológico graças a uma iniciativa que envolve o Instituto Empresarial de Incubação e Inovação Tecnológica (Ieitec) e o Sindicato das

Indústrias Metal Mecânicas e Eletro Eletrônicas de Canoas e Santa Rita (Simecam). A proposta foi apresenta-da no dia 13 de abril e já rendeu um termo de cooperação entre as entida-des, que buscam um terreno para a

implantação do parque tecnológico. Segundo o presidente do Simecam, Roberto Machemer, há mais de 30 empresas querendo se instalar na região, o que indica um ambiente de negócios em desenvolvimento.

Um modelo de gestão elaborado para potencializar os resultados das incubadoras de empresas.

Sua incubadora vai fazer ainda mais. E melhor .

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Realização: Parceria:

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Um modelo de gestão elaborado para potencializar os resultados das incubadoras de empresas.

Sua incubadora vai fazer ainda mais. E melhor .

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Realização: Parceria:

No último dia 23 de abril, a Anprotec participou de uma reunião de trabalho da Frente Parlamentar de Ci-ência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação da Câmara dos Deputados. A convite do presidente da Frente, deputado Izalci Lucas (PSDB/DF), parlamentares e representantes

do movimento do empreendedorismo inovador falaram sobre os desafi os e benefícios das incubadoras de empre-sas de base tecnológica.

A Superintendente Executiva da Associação, Sheila Oliveira Pires, apresentou dados do movimento, a histó-ria do empreendedorismo inovador no Brasil e o cenário atual das incubadoras e parques tecnológicos no país. Sheila apresentou também resultados e impactos positi-vos das incubadoras para a sociedade.

Além da Anprotec e do MCTI, participaram da reunião representantes do Centro Universitário de Brasília (Uni-CEUB), da Universidade Católica de Brasília (UCB) e da Universidade de Brasília (UnB). As entidades de ensino apresentaram suas incubadoras de empresas.

O debate resultou em informações importantes para que a Frente Parlamentar apresente proposições de me-lhorias junto aos órgãos competentes.

Anprotec e associados participam de reuniãosobre incubadoras na Câmara dos Deputados

A superintendente executi va da Anprotec, Sheila Pires, apresentou aos deputados um panorama do movimento

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Plano Inova Empresa promete investimentos de R$ 33 bilhões para os próximos dois anos. Ordem agora é aproveitar oportunidades

Pacote para o desenvolvimento

P O R A L E X A N D R E L E N Z I

Empresas com bons projetos passam a contar com uma nova fonte de recursos para transformar ideias em realidade. Lan-çado em março, o Plano Inova Empresa, que integra diferentes ministérios e fontes de recursos do Governo Federal, promete aplicar R$ 32,9 bilhões em inovação entre este ano e 2014.

Do montante, R$ 28,5 bilhões correpon-dem a investimento direto e R$ 4,4 bilhões são provenientes de instituições parceiras, como as agências nacionais do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP/MME) e de Energia Elétrica (Aneel/MME) e o Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em-presas (Sebrae). A Finep (Agência Brasileira de Inovação), principal instituição nacional de financiamento público a projetos inova-dores, atuou diretamente na formulação da proposta. Por meio dos programas e editais com participação da agência, já é possível se candidatar a uma parcela dos recursos.

Segundo o presidente da Finep, Glauco Arbix, o investimento de R$ 32,9 bilhões no período de dois anos é inédito. “Nunca tivemos um plano governamental para estí-mulo à inovação tão grande no Brasil. Isso é promissor, terá grandes impactos positi-

INVESTIMENTO

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INVESTIMENTO

vos na economia”, avalia, lembrando que a Finep será responsável por cerca de 40% do total de recursos. Ele acrescenta que os empresários podem esperar a continuidade do plano, nos próximos anos, e defende que os impactos do Inova Empresa serão sen-tidos no futuro. “O fato de a inovação ter sido adicionada à discussão da política de desenvolvimento econômico é um avanço enorme nas políticas públicas do país. Isso consagra uma condição de destaque para esse tema no futuro”, avalia Arbix.

O presidente da Finep considera que há oportunidades para todas as empresas e ins-titutos de Ciência e Tecnologia. Segundo ele, a estratégia é criar uma série de programas voltados a públicos distintos, empregando os recursos financeiros disponíveis para ala-vancar a inovação. “As empresas e entidades precisam ter em mente que o recurso que a Finep disponibiliza é precioso, e por isso devem se preparar para competir por ele. Independentemente do grau de maturidade da empresa em relação à inovação, o mais importante é que ela tenha um bom domí-nio sobre aquilo que pretende desenvolver e que esteja preparada para esse desenvol-vimento”, destaca Arbix. Nesse processo, ele defende que as incubadoras estimulem as

empresas nascentes à ambição, no sentido positivo do termo. “O empresário precisa es-tar disposto a correr riscos. E precisa inovar para crescer e sobreviver no mercado. As incubadoras podem contribuir para que a cultura empresarial passe a incorporar mais ousadia”, aponta Arbix.

Alto risco“Investimento para inovação é como in-

vestimento para educação: pela situação em que o Brasil se encontra, nunca é demais”, afirma o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, que também é diretor de Educação

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Arbix, da Finep: incubadoras devem estimular empresas

apoiadas a correr riscos

Os agentes executores do Inova Empresa são a Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e o Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O plano receberá, ainda, um aporte de mais R$ 3,5 bilhões, por meio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para atividades de P&D no setor de telecomuni-cações. Os recursos estão condicionados ao término de processos de regulação do setor.

Do total de investimentos anunciado, cerca de R$ 1 bilhão será operado por uma nova empresa pública, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), uma organização social com um contrato de gestão com o Mi-nistério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O plano terá um comitê gestor formado pela Casa Civil da Presidência da República, pelos ministérios da Ciência, Tec-nologia e Inovação; da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior; e da Fazenda; além da recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Outros oito ministérios também participarão: Saúde, Defesa, Agricultura, Educação, Trabalho e Emprego, Comunicações, Minas e Energia e Meio Ambiente.

_AGENTES E VALORES

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INVESTIMENTO

e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além do expressivo valor do investimento, ele enxerga o plano como uma proposta do governo para melhorar a aplica-

ção desses recursos. A criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), segundo Lucchesi, representa um avanço para o país e atende à demanda do setor industrial. “Com ela, inicia-se uma política de investimentos públicos no perío-do pré-competitivo das atividades de pesqui-sa e desenvolvimento. Essa fase é de alto ris-co. Por isso, é comum, no Brasil e em outros países, encontrar um hiato na aplicação de recursos. Daí a importância de o setor públi-co compartilhar o risco técnico e econômico com o setor produtivo”, explica.

Lucchesi entende que inovar é uma exi-gência do mercado e esse tema precisa estar no centro da estratégia de gestão do país e das empresas brasileiras. “É por meio disso que a indústria brasileira vai agregar valor às várias fases da produção, criar empre-gos melhores, aumentar a produtividade e ganhar competitividade. Assim, com as

O plano prevê o estímulo a projetos e ações em sete eixos estratégicos:

Agropecuária e agroindústria - insumos; mecanização e agricultura de precisão; genética; rastreabilidade, planeja-mento e controle de produção agropecuária; sanidade agropecuária e bem-estar animal; equipamentos, tecnologia de alimentos e embalagens com novas funcionalidades.

Energia - redes elétricas inteligentes; veículos híbridos e eficiência energética veicular; tecnologias para gaseificação da biomassa.

Petróleo e gás - tecnologias para a cadeia do pré-sal e para a exploração do gás não convencional.

Saúde - investimentos em oncologia e biotecnologia; equipamentos e dispositivos médicos.

Defesa - propulsão espacial, satélites e plataformas especiais; sensores de comando e controle.

Tecnologia da Informação e Comunicação - computação em nuvem, mobilidade e internet; semicondutores e displays; softwares; banda larga e conteúdos digitais.

Sustentabilidade socioambiental - combate aos efeitos de mudanças climáticas, efeito estufa e poluentes; tratamento de resíduos, águas e solos contaminados; redução do desmatamento da Amazônia; mobilidade e transportes susten-táveis; saneamento ambiental.

_AÇÕES INCENTIVADAS

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CNI

Lucchesi, da CNI: Embrapii envolve alto risco, mas representa avanço para o país

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medidas anunciadas, o governo melhora as condições para o investimento privado em inovação”, avalia.

Para a presidente da Anprotec, Fran-cilene Garcia, o lançamento do plano de-monstra a disposição do Governo Federal em ampliar o patamar de investimentos em inovação com ênfase nos projetos de risco tecnológico, na maior interação entre os atores e na priorização clara de áreas de interesse. “O plano reflete uma tentativa de se combinar instrumentos de fomento para melhor atender às demandas de cada por-te de empresa e de suas especificidades na rota trilhada em busca de inovação”, avalia, enfatizando que, assim, as empresas pode-rão estruturar seu crescimento e organizar de uma forma melhor seus projetos para cada ação estratégica.

Francilene destaca que parte dos recur-sos serão destinados ao fortalecimento de

instituições que deverão apoiar as empresas no processo de inovação. “Ao todo, R$ 2,2 bilhões serão investidos no fortalecimento desses ambientes. No caso de parques tec-nológicos e incubadoras de empresas, fo-ram destinados R$ 100 milhões, o que não representa um grande salto em relação ao que vinha sido investido pelo Governo em anos anteriores, mas são recursos muito im-portantes”, afirma. Apesar dos investimentos ainda serem modestos, a presidente da An-protec acredita que o Inova Empresa trará benefícios ao movimento do empreendedo-rismo inovador no país. “Neste momento, é fundamental que cada ambiente de inovação se qualifique e busque rapidamente se estru-turar para que as empresas de seu entorno possam ser auxiliadas para a captação des-ses recursos”, recomenda. É hora, portanto, de disseminar e aproveitar as oportunidades trazidas pelo plano.

_DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS

R$ 1,2 bilhão -

R$ 4,4 bilhão

R$ 20,9 bilhões > Crédito para empresas*

R$ 4,4 bilhões > Programas de ações de instituições parceiras: ANP, Aneel e Sebrae, por exemplo

R$ 4,2 bilhões > Fomento para projetos em parceria entre instituições de pesquisa e empresas

R$ 2,2 bilhões > Participação acionária em empresas de base tecnológica

R$ 1,2 bilhão > Subvenção econômica a empresas

*Em empréstimos com taxas de juros subsidiadas, entre 2,5% a 5% ao ano, quatro anos de carência e 12 anos para pagamento.

INVESTIMENTO

Fonte: Finep

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Sediadas na região Norte, duas empresas incubadas venceram o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2012 e se preparam

para novos voos

Inovação no topo do mapa

P O R D A N I E L C A R D O S O

Em meio à floresta tropical mais pujan-te do mundo, a Amazon Dreams encontrou na inovação a ferramenta ideal para aliar tecnologia, empreendedorismo e sustenta-bilidade. A história da empresa começou a

ser moldada em 2002, quando o professor Hervé Rogez, da Universidade Federal do Pará (UFPA), firmou sociedade com o ex--aluno do curso de especialização, Maurício Navega. De lá pra cá, viveu altos e baixos e

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agora comemora o bom momento. A Ama-zon Dreams foi a vencedora da 15ª edição do Prêmio Finep de Inovação 2012, na ca-tegoria Micro e Pequena Empresa.

A conquista veio após uma mudança ra-dical no posicionamento da Amazon Dre-ams. Na época da fundação, o objetivo da empresa era fabricar polpa e sucos à base de açaí. A grande novidade estava em uma técnica para “limpar” a fruta – retirando microrganismos que provocam mal estar intestinal. Os dois primeiros sócios apos-taram no processo de pasteurização, pare-cido com o do leite, capaz de eliminar 99% das bactérias. O produto se diferenciou dos concorrentes e conquistou clientes de vários estados. Por outro lado, os custos elevados da pasteurização inibiram as ven-das. A empresa sucumbiu aos valores pra-ticados por outros fabricantes e os sócios se viram forçados a abandonar o projeto.

Mas a ideia de explorar o açaí persistiu, ressurgindo em 2009. A principal meta da Amazon Dreams passou a ser o mercado nacional e internacional de compostos an-tioxidantes, que reforçam o organismo no combate ao envelhecimento precoce e ao surgimento de várias doenças. Dois proces-sos inovadores foram desenvolvidos pela empresa nessa fase.

Um deles, patenteado, é a extração dos antioxidantes dos frutos do açaizeiro, por meio do qual é possível obter outros pro-dutos como o açaí clarificado, o purificado de açaí a 70% e o óleo de açaí. A inovação está em combinar a clarificação e a produ-ção dos antioxidantes no mesmo processo, utilizando apenas um único lote de frutas. Antes dessa técnica ser criada, era preciso lotes diferentes para gerar cada produto.

A segunda patente registrada está re-lacionada ao desenvolvimento de um mé-todo próprio para extrair antioxidantes a partir das folhas das plantas muruci e ingá, muito comuns no Pará. O resultado é a fabricação de seis produtos que, pou-

co a pouco, ganham espaço no mercado brasileiro e alçam voo para o exterior. Nos Estados Unidos, uma empresa se interes-sou pelo baixo teor de gordura e planeja inserir o produto no mercado americano.

Boa surpresaCom as duas patentes registradas, em

2009, a Amazon Dreams voltou à vida. O professor Hervé chamou outros alunos e parceiros para tirar a ideia do papel. Foi nesse momento que Fabio Gomes, ex-aluno da Engenharia de Alimentos, entrou como sócio do negócio. “Formamos um excelente grupo de profis-sionais, mas seguíamos atrás de recursos financeiros para tocar o projeto. Sem esperar-mos, o Fundo Criatec tomou a iniciativa e nos procurou para investir na empresa”, lembrou Gomes.

Com o reforço no orça-mento, a Amazon Dreams contratou um administrador para liderar a gestão e, de quebra, conseguiu se classi-ficar no processo seletivo do Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnoló-

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O açaí clarificado, produzido pela Amazon

Dreams. Abaixo, a fábrica da empresa paraense

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gica (PIEBT), da Universidade Federal do Pará. No PIEBT, os sócios montaram um es-critório e ganharam espaço na Usina Piloto para fabricação e desenvolvimento dos pro-dutos. Uma relação de ganha-ganha para os dois lados, como explica a gerente da Incu-badora PIEBT da Universitec, Iara Neves. “A Amazon Dreams tem sido muito parceira dos demais empreendimentos incubados, compartilhando seus aprendizados. A em-presa trouxe novas experiências à incuba-dora e à UFPA, principalmente no que tange à transferência de tecnologia”, ressalta.

Na lista de benefícios que a empresa recebeu da incubadora, além de palestras de capacitação e de uma consultoria do Sebrae para elaborar um plano de negó-cios, está o apoio na captação de recursos. Pacote importantíssimo para uma empresa que dava os primeiros passos.“É muito di-fícil para a empresa manter-se em busca constante por editais. Por isso, a incubado-ra nos ajuda bastante e passa informações de quais editais são publicados e quais se encaixam dentro do nosso perfil”, relata Gomes.

Essas dicas permitiram à empresa a captação de R$ 1,3 milhão até agora. O dinheiro dos editais contempla recursos a fundo perdido para aquisição de material de pesquisas, insumo para laboratório e participação. Além disso, graças às bolsas

para cientistas, foi possível contratar até mesmo pesquisadores do exterior. Inte-grante da equipe, a pós-doutora Christelle Herman é formada em Engenharia Quími-ca pela Université Libre de Bruxelles, da Bélgica.

O prêmio Finep, recebido no final de 2012, também gerou bons resultados. “Com a premiação estamos internacionali-zando nossa patente sobre o processamen-to do açaí em quatro países. Outro fator importante é que nos tornamos mais res-peitados em processamento de compostos bioativos perante as empresas nacionais e internacionais”, lembra Gomes. Diante dos avanços, a empresa planeja sua graduação para o primeiro semestre deste ano.

Caneta falanteUm dispositivo desenvolvido pela Pen-

top do Brasil, sediada em Manaus (AM), motivou a conquista do Prêmio Nacional de Inovação da Finep, em 2012, na cate-goria Tecnologia Assistiva. A empresa é residente do Centro de Incubação e De-senvolvimento Empresarial em Manaus (CIDE/AM) e há cerca de três anos criou um sistema que revoluciona a rotina de pessoas com deficiência visual. Trata-se de uma caneta falante. Basta passar a ca-neta sobre um objeto que ela o identifica, oferecendo mais independência a cegos ou pessoas com baixa visão.

O dispositivo é prático e funciona da seguinte forma: o kit é composto por uma caneta eletrônica (uma espécie de grava-dor digital), um cabo USB e um conjunto de etiquetas de papel. O usuário faz a iden-tificação na etiqueta com uma impressora comum e registra essa mesma etiqueta com o leitor da caneta. Em seguida, grava o som da própria voz indicando o nome do objeto. Assim, sempre que quiser saber qual obje-to está segurando, é só aproximar a caneta da etiqueta e a gravação irá especificar o produto.

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Equipe da Amazon Dreams comemora a conquista do Prêmio Finep 2012

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Um exemplo bem comum da eficiência da caneta é a tarefa de organização de CDs. Pessoas com deficiência visual têm dificul-dades em selecionar o disco correto para ouvir a música que querem. Com a caneta falante, basta colar a etiqueta especial na capa do disco e gravar o nome do álbum. Dessa forma, toda vez que quiser escolher um determinado CD, a gravação da caneta vai confirmar o nome do disco.

Além de CDs, é muito comum a aplicação da ferramenta em jogos de computador, do-cumentos, roupas, coleções de objetos, pro-dutos de beleza, produtos armazenados na geladeira e medicamentos.

Quando os empreendedores começa-ram a desenhar a ideia, em 2009, o pro-jeto focava no atendimento dos mercados de turismo, cultura e, principalmente, educação. O objetivo era ajudar a inclu-são de alunos cegos ou de baixa visão que frequentam escolas regulares. Com o pas-sar do tempo, no entanto, o mercado se ampliou. “Quando iniciamos a produção, um outro público começou a adquirir os nossos produtos. Então, estudamos o mer-cado e descobrimos que as pessoas que-rem a caneta falante porque buscam mais independência no dia a dia. Foi daí que surgiram outras funcionalidades, como organizar documentos e medicamentos”, explicou a gerente de projetos da Pentop do Brasil, Paula Pedrosa.

Apesar da boa aceitação no mercado, a Pentop do Brasil ainda dá os seus primei-ros passos. Até agora, a empresa busca in-vestimentos por meio de projetos e editais provindos de agências de fomentos. Entre eles, incentivos da Finep e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Porém, a Pentop do Brasil já colhe frutos em outras searas. Além de parcerias com secretarias de tecnologia e de cultura, o se-tor privado começa a ganhar mais relevân-cia no faturamento. Algumas editoras e fun-

dações de outros estados firmaram parceria com a empresa e pretendem comercializar o produto para ampliar a venda ou distri-buição de suas publicações.

As empresas que desejam repetir o fei-to de Amazon Dreams e Pentop já podem se inscrever na edição 2013 do Prêmio Fi-nep de Inovação Tecnológica. Neste ano, serão R$ 8 milhões em premiação. Três das nove categorias são destinadas a em-preendimentos: micro e pequena empre-sa, média empresa e grande empresa. As inscrições estão abertas até o próximo dia 8 de agosto. A premiação deve ocorrer no final do ano, em Brasília (DF).

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oNo alto, a caneta falante

da Pentop. Acima, o empreendedor recebe o

Prêmio Finep das mãos da presidente Dilma Roussef

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Uma nova geração de parques

Os primeiros parques tecnológicos brasileiros são hoje instituições maduras, iniciativas consolidadas há quase 30 anos. Os bons

exemplos do passado, aliados à necessidade de inovação e aumento de competitividade por todo o país, fazem com que uma nova

geração de parques comece a ganhar espaço, explorando nichos diferenciados. O objetivo comum é colaborar para o desenvolvimento sustentável de diferentes regiões brasileiras,

tanto nos grandes centros quanto no interior

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A presidente da Anprotec, Francilene Procópio Garcia, destaca os avanços dos parques tecnológicos brasileiros, mas também reconhece que esses ha-bitats tem muito trabalho pela frente. Nesta entrevista, ela aponta alguns dos desafios no cenário nacional.

Locus > O que a comunidade deve esperar de um parque tecnológico?

Francilene > Parques tecnológicos são definidos como plataformas de apoio à inovação. Entre os propósitos de se investir em um parque, podemos enumerar: a atra-ção de empresas e investimentos; o apoio ao desenvolvi-mento de áreas estratégicas em prol do desenvolvimento regional; a ampliação de oportunidades para a parceria entre empresas e instituições de pesquisa; a promoção de mecanismos para criação e consolidação de micro e pequenas empresas inovadoras; e a promoção de me-canismos de transferência de tecnologia com ênfase no fortalecimento do espírito empreendedor.

Quais são, hoje, as regiões brasileiras que mais inves-tem nesse modelo e o que ainda atrasa a implantação de novos parques no país?

As regiões Sudeste e Sul concentram a maioria dos par-ques em operação. Por outro lado, acompanhamos várias iniciativas, em implantação ou em projeto, em todas as regiões do país. Já avançamos, mas precisamos avançar muito mais.

É relevante destacar que os parques tecnológicos no Brasil, em geral, são implantados em espaços cedidos por instituições públicas ou universidades, atraindo, progressi-vamente, investimentos privados e assumindo modelos de expansão com a presença de investimentos imobiliários. Dependendo da área projetada ou ocupada, são vários os desafios para negociação e obtenção da infraestrutura ne-cessária. Assume-se, portanto, um plano de implantação com várias etapas, que são influenciadas pelas estratégias de captação de recursos.

Um dos gargalos que dificultam o crescimento e a sustentabilidade dos parques é a forte dependência dos recursos públicos. É necessário um melhor equaciona-mento entre as políticas públicas, que devem ser mais presentes e ousadas, e a atração de investimentos pri-vados para que os parques possam atingir um modelo de negócios sustentável. Precisamos também melhorar a formação das equipes de planejamento, implantação e gestão nas áreas imobiliárias e financeiras. Temos ain-

_OS PRÓXIMOS PASSOS

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O movimento de incubadoras de empresas e parques tecnológicos teve início no Brasil em 1984, com o Programa de Apoio aos Parques Tecnológicos, promovido pelo Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O objetivo principal, então, era a criação de empresas de base tecnológica com a finali-dade de transferir o conhecimento gerado nas universidades e nos centros de pesquisa para o setor empresarial. Naquela época, foram apoia-dos projetos em São Carlos (SP), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Campina Grande (PB) e Bra-sília (DF).

Quase três décadas depois, os projetos se multiplicaram, disseminando-se por todo o país.

Segundo dados coletados pela Anprotec, em 2012 o Brasil contava com 94 iniciativas de par-ques tecnológicos, das quais 30 encontravam-se em operação, 22 em fase de implantação e 42 na fase de projeto. “As regiões Sudeste e Sul con-centram a maioria dos parques em operação. Por outro lado, acompanhamos várias iniciati-vas, em implantação ou em projeto, em todas as regiões do país. Já avançamos, mas precisa-mos avançar muito mais”, afirma a presidente da Associação, Francilene Garcia (leia a seguir a entrevista completa). Para o coordenador de Ca-pacitação Tecnológica da Secretaria de Desen-volvimento Tecnológico e Inovação do Minis-tério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI),

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da de buscar o aperfeiçoamento do marco regulatório vigente, incentivar mais a parceria entre ambientes e se-tores, com regras e condutas de gestão bem definidas. Por fim, é fundamental formular e seguir um modelo de gestão, contemplando a criação de marcas fortes e estra-tégias de marketing que auxiliem o posicionamento do parque no mercado.

Quais as vantagens da tendência de criar parques vol-tados a nichos específicos?

Esta é uma tendência mundial. Em geral, essa escolha se deve a um alinhamento das competências locais exis-tentes com as estratégias de captação de investimentos para implantação e operação do parque. No Brasil, essa estratégia é aderente a programas prioritários nacionais, definidos pelo Governo Federal. A tendência pode ser vantajosa para alguns nichos em que o Brasil precisa ser competitivo em prazos de tempo menores.

Quais os principais atores nesse processo, ou seja, as instituições que, em geral, estão a frente dos novos par-ques?

A maioria dos parques tecnológicos brasileiros surgiu

como iniciativa de universidades públicas, fomentadas por programas do governo. A parceria vem viabilizan-do o uso dos ativos de conhecimento já acumulados na melhoria da competitividade de nossa base empresarial e no fomento a novos empreendimentos inovadores. Essa parceria favorece a obtenção de maior sinergia, da interação universidade-empresa com os problemas e prioridades regionais e nacionais – um interesse direto dos governos. Por outro lado, devido à dependência de recursos públicos, a maioria dos parques tem dificulda-de em definir uma estratégia de posicionamento e cres-cimento, reagindo em resposta às disponibilidades de recursos, o que dificulta a definição de um modelo de negócios sustentável.

A instalação de empreendimentos “âncoras” é uma forte aliada na mobilização de novos investidores e em-presas para o parque. Em nossa realidade, além das empresas de grande porte, algumas empresas estatais, com forte competência tecnológica, podem vir a desem-penhar papel importante. É necessário criar as melhores condições para que os parques em operação e as novas iniciativas recebam os investimentos oportunos, em um prazo desejável, para que gerem resultados com relevân-cia nacional.

Entrevista: Francilene Procópio Garcia, presidente da Anprotec

José Antônio Silvério, o momento é propício para o crescimento ainda maior do número de parques tecnológicos brasileiros. “Considerando a dimensão territorial do país e a quantidade de universidades e de escolas técnicas que estão se instalando e expandindo seus campi, num pro-cesso de interiorização do conhecimento, o nú-mero de parques tecnológicos deverá aumentar também”, afirma. Ele defende que a comunidade deve ser beneficiada com a possibilidade de ge-ração de novos empregos de alta capacitação, com impostos arrecadados e com a possibili-dade de fixação da mão de obra especializada formada na região. Indiretamente, pode ainda usufruir de melhorias na oferta de produtos e

serviços que são atraídos para a região.Por apresentarem alto custo de implantação

e operação, o MCTI defende que os parques devem ser projetados como instituições autos-sustentáveis a curto e médio prazo, indepen-dentemente de contrapartidas do poder públi-co, e, por isso, sua criação deve ser baseada em estudos de viabilidade técnica e econômica. Segundo dados do Ministério, a maioria das iniciativas de implantação de parques tecno-lógicos tem origem nas instituições públicas (principalmente de universidades e institutos de pesquisas, seguida por estados e municí-pios), respondendo por cerca de 95% do total das iniciativas contabilizadas pelo MCTI.

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Expansão em MinasDois exemplos de investi-

mentos recentes nas capitais são o BH-TEC, de Belo Ho-rizonte (MG), e o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, de Belém (PA). O investimen-to na capital mineira levou sete anos para virar realida-de. A inauguração, com início das operações, ocorreu em maio do ano passado. Mas a Associação Parque Tecno-lógico de Belo Horizonte já havia sido criada em 2005,

formada por cinco agentes institucionais do processo de inovação tecnológica no Estado: a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a prefeitura de Belo Horizonte, o governo do Esta-do de Minas Gerais, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e o Sebrae estadual. Foram investidos R$ 65 milhões no BH-Tec, in-cluindo o terreno de 535 mil metros quadrados e a construção do edifício com 7.553 metros quadrados.

O diretor-presidente do BH-TEC, Ronaldo Tadêu Pena, lembra que uma das principais di-ficuldades enfrentadas, com impacto direto no início de operação, foi o atraso na finalização da obra do primeiro edifício institucional. Ele recorda que no dia de sua inauguração oficial, o prédio já estava totalmente ocupado. A UFMG é o principal pilar de sustentação do BH-TEC, que

inclusive está localizado em uma área próxima a um dos campus da universidade. A presença da instituição, de outros órgãos de base científica e tecnológica e o peso econômico da capital mi-neira foram os fatores decisivos para definição da sede do parque. “Esta mesorregião constitui o núcleo principal da economia do estado”, ex-plica Pena.

Hoje, o primeiro edifício institucional do BH-TEC conta com 16 empresas e uma entida-de associativa da área de biotecnologia. Todos os empreendimentos são de base tecnológica: cinco de tecnologia da comunicação e informa-ção, três de biotecnologia, dois de automação, dois de eletrônica, dois de meio ambiente, um de materiais e instrumentos para aplicações odontológicas e um de tecnologia de gestão.

Menos de um ano após a inauguração oficial, a direção do parque já fala em expansão. Segundo o diretor Pena, o BH-TEC está em fase de consul-tas públicas sobre o processo de licitação da con-cessão do direito de construir cinco edifícios no parque. “O objetivo é ampliar a área construída para garantir a oferta de espaços para locação às empresas de base tecnológica, a partir da licita-ção de um parceiro imobiliário privado que faria a incorporação e operação dos edifícios”, explica. Ele detalha, ainda, que após o prazo da concessão do terreno ao parque, pela UFMG, o incorporador imobiliário será substituído pela universidade. O investimento é estimado em R$ 465 milhões e a previsão é de que a contratação do concessioná-rio ocorra ainda em 2013.

Inovação na AmazôniaNo Norte do país, mais um novo parque mo-

vimenta o cenário do empreendedorismo inova-dor. Criado no final de 2010, o Parque Científico e Tecnológico Guamá foi o primeiro a entrar em operação na região amazônica e envolveu inves-timentos da ordem de R$ 80 milhões. Com a li-derança da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do governo do Estado do Pará, o projeto foi viabilizado por meio de parcerias entre as prin-cipais instituições geradoras de conhecimento, o poder público e a iniciativa privada. “Nosso

BH-TEC: inaugurado em 2012, após sete anos de implantação. Expansão deve custar R$ 465 milhões

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Silvério, do MCTI: parques tecnológicos devem ser au-tossustentáveis

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papel estratégico é estimu-lar o empreendedorismo inovador e a transferência de tecnologia para o de-senvolvimento de produtos e serviços de maior valor agregado e que sejam for-temente competitivos. Ao apoiar a instalação de em-presas de base tecnológica na região, o PCT Guamá fomenta negócios na linha da economia orientada ao conhecimento e à inovação, contribuindo para a maior fixação de capital intelectual e o desenvolvi-mento da região”, afirma o diretor-presidente da Fundação de Ciência e Tecnologia Guamá – gestora do parque – Antônio Abelém. Ele acres-centa que as áreas prioritárias, identificadas por levantamento da vocação regional e da deman-da existente, são biotecnologia, tecnologia da informação e comunicação, energia, tecnologia ambiental e tecnologia mineral.

Abelém recorda que o primeiro desafio foi obter recursos para a implantação do parque, o que foi superado por meio da cooperação en-tre a universidade e o governo, de modo que a primeira destinou área para implantação e o segundo obteve recursos próprios e junto ao BNDES para a construção da infraestrutura. Outro grande desafio foi definir o modelo de gestão para garantir a manutenção nos primei-ros anos. “Houve uma ampla discussão sobre as alternativas de governança de parques e optou--se pela criação de uma fundação de direito pri-vado sem fins lucrativos. Uma vez criada, essa fundação credenciou-se como organização so-cial junto ao governo do Estado, viabilizando a manutenção do parque durante os primeiros cinco anos”, explica o diretor.

Com pouco mais de dois anos de operação, o Guamá envolve hoje 17 empreendimentos em diferentes ciclos de desenvolvimento (operação, construção e projeto). Neste ano, o parque está iniciando um trabalho de atração de investimen-

tos para as empresas que começam a se instalar. “Em função da maioria dessas empresas serem iniciantes, optamos por realizar primeiro um trabalho de capacitação das mesmas, orientan-do-as sobre como funciona o processo e como devem se apresentar aos grupos de investido-res”, ressalta.

Embora ainda em menor número que nas regiões Sul e Sudeste, o Norte do país já conta com diversos projetos para implantação de par-ques tecnológicos. O Centro de Ciência, Tecno-logia e Inovação do Polo Industrial de Manaus (CT-PIM) está atualizando os projetos básicos e executivos para um parque tecnológico na cida-de. Segundo o diretor-geral do CT-PIM, Admil-ton Salazar, o objetivo básico da instalação do parque é gerar competência tecnológica e em-presarial em microeletrônica e microssistemas, com a finalidade de conso-lidar o desenvolvimento do Polo Industrial de Manaus, criando uma base de gestão tecnológica que possibilite a geração ou transferência de tecnologia avançada e a sua utilização estratégica.

A iniciativa deve ser con-solidada no terreno de 73 mil metros quadrados cedi-do pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Su-frama). Após a formalização

PCT Guamá, em Belém (PA):

áreas prioritárias foram definidas

conforme vocação regional

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Abelém, do PCT Guamá:

criação de uma fundação

viabilizou a manutenção

do parque nos primeiros anos

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de convênios para aportes de recursos financeiros, o CT-PIM pretende iniciar a construção da Unida-de de Gestão Estratégica (UGE) em 2014, com cus-to aproximado de R$ 4,5 milhões. Estima-se que nos próximos cinco anos o parque esteja completo para abrigar 580 profis-sionais de diversas áreas da tecnologia e inovação

em processos e produtos. A capacidade de em-presas incubadas será de aproximadamente 35, podendo ser ampliada para 50. “A principal di-ficuldade tem sido a obtenção de recursos para o financiamento do projeto de implantação da infraestrutura laboratorial e operacional defini-tiva em instalações próprias”, reconhece Salazar. O investimento para a implantação do projeto global prevê um orçamento de R$ 50 milhões a ser realizado até 2020.

Da megalópole ao interiorA cidade de São Paulo também tem espaço

para iniciativas na área. Após 11 anos de espe-ra, as obras do prédio que abrigará o núcleo do Parque Tecnológico de São Paulo-Jaguaré foram iniciadas em janeiro deste ano. Os investimen-tos iniciais previstos para obras e adequação do local são de R$ 20 milhões, com recursos do Estado. O projeto é prometido desde 2002. “O

parque está sendo projetado como de terceira geração, considerando os aspectos de requa-lificação da região e, portanto, estimulando e atraindo investimentos e empreendimentos de qualidade, que utilizem tecnologias limpas, com impacto e visibilidade em nível internacional. As operações devem ser iniciadas até o final deste ano”, afirma a coordenadora de Ciência e Tec-nologia da Secretaria de Desenvolvimento Eco-nômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Désirée Zouain. Ela ressalta que o projeto é diferenciado por se tratar de uma iniciativa de ambiente de inovação em área urbana intensa-mente povoada.

Sobre a demora para sair do papel, Désirée relata que foram várias as dificuldades, como articulação política e outros problemas relacio-nados à ordenação do território e coordenação entre parceiros. “Porém, na atualidade, o pro-jeto está com os contornos mais definidos e a articulação mais bem estruturada”, acrescenta. Inicialmente, o parque tecnológico tem como articuladores principais o governo do Estado de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP), com participação da Prefeitura de São Paulo e da iniciativa privada.

Mas não são apenas nas metrópoles que se localizam os mais novos parques tecnológicos brasileiros. Cidades do interior também rece-bem investimento na área, como foram os casos de Pato Branco (PR) e Viçosa (MG). O Parque Tecnológico de Pato Branco está “em fase de consolidação”, segundo o Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldair Tarcí-sio Rizzi. Ele diz que a estrutura foi construída com recursos do MCTI e depende apenas de acabamentos para ser liberada para a inaugu-ração, prevista para ocorrer em até três meses. O espaço físico conta com 5 mil metros quadra-dos, composto por seis módulos industriais com o objetivo de atrair ou criar empresas de base tecnológica e espaço para a incubadora com ca-pacidade para acomodar até 60 empresas.

Motivações não faltaram para a implantação do parque. “O Sudoeste do Paraná e Pato Bran-co, em especial, possuem um ambiente extre-

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Désirée Zouain, da Secretaria de C&T de SP: dificuldades de articulação política atrasaram projeto de parque na capital paulista

Obras do Parque Tecnológico de Pato Branco, no Paraná, estão quase concluídas

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mamente favorável para repensar sua estrutura produtiva (hoje baseada na produção agrope-cuária e de agroindústrias) para segmentos in-dustriais de maior valor agregado e com maior conteúdo tecnológico nos processos de produ-ção”, avalia o secretário. Ele acrescenta que a re-gião possui universidades que se destacam em diversas áreas do conhecimento, especialmente a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Se em Pato Branco a iniciativa de implanta-ção do parque é pioneira, na região de Viçosa, interior de Minas Gerais, é consequência de im-portantes medidas tomadas no passado. A partir

Área do tecnoPARQ, em Viçosa (MG): inaugurado em abril de 2011, após esforço dos parceiros para captar recursos

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Novos exemplos estão surgindo no interior. O Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio, de Passo Fun-do (RS) e o Parque Tecnológico de Ribeirão Preto (SP) são alguns dos que devem se tornar realidade ainda neste ano. No interior gaúcho, as áreas de atuação do parque, cuja im-plantação é capitaneada pela Universidade de Passo Fundo (UPF), foram definidas para atender ao perfil socioeconômi-co da região. “Isso permitirá o desenvolvimento científico e tecnológico, fomentando a inovação tecnológica e, ao mes-mo tempo, permitindo a articulação de ações transversais”, afirma o gestor do parque, Alexandre Lazaretti Zanatta. Tec-nologia da informação, saúde, alimentos, metal-mecânica, biotecnologia e energia são as áreas de competência da matriz regional e que estarão presentes no parque, o que,

segundo Zanatta, constitui um diferencial em relação aos parques já existentes no Estado. A previsão é de que o parque seja inaugurado no segundo semestre deste ano.

Também atento à vocação regional, o Par-que Tecnológico de Ribeirão Preto está locali-zado dentro da área de uma universidade, a USP, o que lhe confere proximidade com labo-ratórios e pesquisadores. “A proposta é criar um habitat de inovação congregando empre-sas nascentes, empresas em fase de acelera-ção e empresas consolidadas, promovendo a aproximação delas com a academia”, avalia o gerente do projeto, Eduardo Cicconi. A Funda-

ção Instituto Polo Avançado de Saúde (Fipase) foi escolhida como gestora do parque, que além da USP, terá parceria do governo do Estado e da prefeitura de Ribeirão Preto.

Cicconi diz que objetivo é atrair empresas que realizem pesquisa e desenvolvimento e invistam em produtos e proces-sos inovadores, voltadas prioritariamente para as áreas do Complexo Industrial da Saúde, sem prejuízo de outras áreas, e que valorizem o desenvolvimento sustentável e a agregação de valor à produção. Ele destaca que Ribeirão Preto conta com 70 empresas do setor de equipamentos médico-hospitalares e odontológicos, que geram 2,5 mil empregos, e que a cidade tem desenvolvido cada vez mais os setores de tecnologia da informação, cosméticos e biotecnologia.

_INICIATIVAS NO INTERIOR

Obras para implantação do UPF Parque Tecnológico, em Passo Fundo (RS)

CAPA

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da década de 1990, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) estabeleceu uma política de estí-mulo ao empreendedorismo e à inovação, com a criação da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, em 1996, e do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (Cen-Tev), em 2001, do qual faz parte hoje o Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ). O funcio-namento do CenTev é viabilizado pela UFV, com o apoio da prefeitura de Viçosa e da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Ge-rais.

Primeiro parque a ser construído em Minas Gerais, o tecnoPARQ foi ofi cialmente inaugura-do em abril de 2011, mas a diretora executiva do CenTev/UFV, Adriana Ferreira de Faria, lem-bra que as primeiras iniciativas para a criação surgiram já uma década antes, em 2001. Nova-mente, as principais difi culdades enfrentadas para implantação estavam relacionadas com a captação de recursos para os investimentos ne-cessários e com questões legais para a gestão do empreendimento. “As difi culdades foram en- L

CAPA

O Brasil sedia neste ano um importante evento para dis-cuti r o futuro dos parques tecnológicos e sua infl uência na melhoria da qualidade de vida nas cidades. A 30ª Conferên-cia Mundial de Parques Cientí fi cos e Tecnológicos da IASP será realizada em conjunto com o XXIII Seminário Nacional de Parques Cientí fi cos e Tecnológicos, reunindo pesquisado-

res, empresários, gestores públicos e gestores de habitats de inovação. O propósito é refl eti r sobre a contribuição desses ambientes para a construção de cidades mais criati vas, ge-nerosas e habitáveis.

Com o tema “Parques Cientí fi cos Modelando Novas Ci-dades”, o evento pretende esti mular a discussão sobre o que pode ser feito (e o que já se está fazendo) nos parques tecno-lógicos e demais habitats de inovação, como as incubadoras de empresas, a fi m de promover a investi gação e criação de empreendimentos e soluções que colaborem para melhorar a vida nas cidades. A realização é de IASP, Anprotec e Se-brae, com organização local do Porto Digital. As inscrições devem ser abertas em maio.

_FUTURO EM DEBATE

O que: 30ª Conferência Mundial de Parques

Cientí fi cos e Tecnológicos da IASP e o XXIII

Seminário Nacional de Parques Tecnológicos

e Incubadoras de Empresas da Anprotec

Quando: de 14 a 17 outubro de 2013

Onde: Recife (PE)

Informações e inscrições:

www.seminarionacional.com.br

frentadas com o envolvimento de todos os parceiros, nas instâncias po-

líticas, administrativas e jurídicas, num esforço coletivo e árduo para que o empreendimento fosse viabilizado. Hoje, as principais difi culda-des estão relacionadas à captação de recursos para manutenção e operação da estrutura do parque e para a continuidade dos projetos de urbanização”, afi rma Adriana. O tecnoPARQ conta com seis empresas instaladas nas áreas de tecnologia da informação e sistemas, proces-samento de dados, biotecnologia e sustentabili-dade e efi ciência energética.

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OPORTUNIDADE

Editoras de livros digitais ganham espaço no mercado. Educação é o principal motor para acelerar disseminação de

e-books no Brasil

Leitura na tela

P O R D A N I E L C A R D O S O

As mídias digitais apenas engatinhavam no Brasil quando a pioneira E-papers Ser-viços Editoriais abriu as portas. Nascida e graduada na Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ, a editora busca disseminar o conhecimento gerado nas universidades e instituições de pesquisa tendo a internet como principal canal de difusão. Desde a sua fundação, a E-papers assistiu a uma mudan-ça imensa no mercado de livros do país. Em 1999, quando foi fundada, ainda havia mui-tas dúvidas sobre os benefícios ou ameaças que a rede mundial de computadores traria

para as editoras e autores tradicionais. Além disso, os próprios usuários estavam apren-dendo a lidar com o mundo digital. “Lembro que naquela época eu sempre tinha que ex-plicar para as pessoas o que era um livro ele-trônico. Apesar da difi culdade, já tínhamos a percepção de que, em algum momento, o livro iria se tornar eletrônico”, afi rma a sócia--gerente da E-papers, Ana Claudia Ribeiro.

Diante de um cenário incipiente, a E-pa-pers optou por um nicho de mercado bem específi co. O foco recaiu sobre livros acadê-micos. Os sócios entenderam que nas univer-

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OPORTUNIDADEJa

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Ana Cláudia, da E-papers: plataformas digitais correspondem a 65% das vendas da editora

sidades e nos centros de pesquisa as pessoas já estavam mais habituadas com o uso da internet. Seria uma fatia interessante a ser explorada, apesar de reduzida. Deu certo. A empresa se fortaleceu e a cada ano consegue vender mais livros digitais para os brasileiros.

Apesar de ser focada nas versões digitais, a E-papers se manteve viável nesses 14 anos graças às versões impressas. Logo no início das atividades, os sócios perceberam que os e-books seriam o norte da empresa, mas para manter as contas em dia teriam que oferecer também o livro em papel. No início, somente 10% das vendas era na plataforma digital, ou seja, a maior parte dos recursos vinha mesmo do formato tradicional. Com o passar o tempo, essa relação se inverteu.

Atualmente, cerca de 65% das unidades têm como suporte o meio digital, enquanto 35% saem na versão papel. No total, a E-pa-pers tem um acervo com mais de 500 títulos e, todos os anos, são lançadas mais de 40 novas obras no mercado editorial. Os livros sempre são oferecidos nas duas versões. “O livro digital tem maior adesão nas ciências exatas, porque é um pessoal com mais de-senvoltura para lidar com equipamentos ele-trônicos. Nas áreas humanas, como antropo-logia ou sociologia, o texto é mais denso, a leitura é mais lenta e cansativa. Por isso, os profissionais dessa área optam pela edição em papel”, explica Ana Claudia.

Tempo de mudançaMesmo com o crescimento dos últimos

anos, o mercado brasileiro de livros eletrôni-cos (e até mesmo o internacional) está apenas no começo. Há muitas dúvidas sobre quais caminhos as editoras deverão seguir para se manter rentáveis. Essa é a opinião da respon-sável pela Comissão do Livro Digital da Câma-ra Brasileira do Livro (CBL), Susanna Florissi. Segundo ela, os e-books são uma realidade presente e a migração do conteúdo para o meio digital é um processo sem volta. “O que muda é como a gente está caminhando. O único país que considero estar realmente evo-luído nessa questão é os Estados Unidos, hoje um pouco à frente de Inglaterra, Alemanha e Japão. Por um lado, isso é uma vantagem para nós porque quando o Brasil entrar de vez no mercado teremos como base a expe-riência de outros países. Isso irá nos ajudar a moldar o nosso próprio modelo”, conclui.

Segundo Susanna, o grande catalisador para a expansão dos e-books em território nacional será a educação. Um dos motivos para essa convicção são os investimentos do Governo Federal em diversos programas com o intuito de levar obras para colégios e escolas espalhados pelo Brasil. Já são licita-dos tablets e lousas interativas em unidades de ensino, com o objetivo de adquirir conte-údos e repassá-los aos alunos na plataforma digital. Os aportes e investimentos federais fazem com que as editoras tenham um mer-cado sólido para investir.

Bom para muitas editoras que ainda en-contram dificuldades em obter lucro com vendas de conteúdo digital. “A necessidade de inserção dos livros digitais na educação tem a ver com as próprias dimensões do Brasil. O país é muito grande. Para distri-buir os livros tradicionais, sai muito caro e pesa no orçamento público. O livro digital é bem mais rápido, ágil e tem a capacidade de chegar a qualquer lugar”, explica Susan-na. Ela também ressalta que o livro digital começa a impactar em toda a forma de fa-

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OPORTUNIDADE

zer livro, não apenas no tipo de plataforma. Com o crescimento de mercado, os próprios autores terão que começar a pensar a obra de maneira diferente. Não basta mais se resumir à escrita. Os livros tendem a ser muito mais interativos e multimídia, com a inserção de ilustrações, vídeos e espaços para comentários e chats com outras pesso-as que estão lendo a mesma obra.

InteraçãoQuem mergulhou de cabeça nessa nova

onda interativa foi a LivoBook. A editora lan-ça livros digitais com tecnologias inovadoras para contar histórias focadas no público in-fantil. Os títulos combinam conteúdo escrito, de acordo com a idade da criança, com ilus-trações e animações interativas. Nesse paco-te, entram também músicas, quizz e quebra--cabeças para atrair ainda mais os olhares dos leitores infantis. A ideia é proporcionar uma experiência marcante, convidando as crian-ças a brincarem com os livros, interagirem com os personagens e, de quebra, sentirem--se como parte da história.

A empresa atua, principalmente, forne-cendo aplicativos para o iPad. Porém, tem produtos disponíveis para iPhone e Android. Para abril, está prevista também a dispo-nibilização de conteúdos na nuvem (cloud computing) que poderão ser utilizados por todas as plataformas. “Os principais clien-tes são pais que compram apps para seus filhos. Nossos aplicativos chegaram ao top do ranking de educação para iPad em toda America Latina. Nosso maior sucesso foi ‘Doki Explorando o Oceano’. A obra foi a nú-mero 1 no Brasil, México, Chile, Colômbia, Argentina, Peru e outros países”, afirma o CEO da LivoBooks, Pedro Israel.

Incubada na Fumsoft, de Minas Gerais, desde o ano passado, a LivoBooks colecio-na algumas parcerias importantes. Já lançou publicações junto com o Animal Planet e também com a Discovery. Outra estratégia para ganhar ainda mais mercado é estrei-

tar o relacionamento com os escritores. No início dos trabalhos, a empresa atuava com editores com mais de 20 anos de experiência no mercado literário tradicional. Em seguida, passou a publicar obras de escritores com outro perfil. Agora, procura novos autores interessados em publicar pela plataforma da empresa que está em fase de finalização. Em pouco tempo, a LivoBooks irá disponibilizar uma ferramenta online para desenvolver li-vros infantis. “A ferramenta será como um ‘Power Point’ de livros infantis interativos, permitindo aos autores independentes pu-blicar seu trabalho na nova mídia”, explicou Israel. É esperar para ver.

No alto, a equipe da LivoBook. Acima, um dos aplicativos campeões de

acessos produzido pela empresa incubada na

Fumsoft, em Minas Gerais

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Incubadas pegam carona em investimentos bilionários de grandes empresas de infraestrutura e conquistam espaço

oferecendo soluções específicas para o setor

Lado a lado com as multinacionais

P O R D A N I E L C A R D O S O

O Brasil se tornou um imenso canteiro de obras nos últimos anos. Com o cresci-mento econômico acentuado e às vésperas de grandes eventos esportivos (Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016), o país vem tentando recuperar o tempo perdido e se apressa para vencer a defasagem na in-fraestrutura. São rodovias, ferrovias, usinas, prédios, portos e muitas outras obras sendo erguidas em diversos estados. Um cenário que pode ser expresso por números. Com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), o Governo Federal pre-vê injetar em 2013 um montante de mais de R$ 126 bilhões no setor. No ano passado, os

investimentos de estatais e do setor privado somente nas áreas de geração e transmissão de energia, petróleo e gás, além de combus-tíveis renováveis, somaram R$ 99,3 bilhões – um avanço de 16% em relação a 2011.

Diante desses números, não há como negar que uma série de oportunidades de negócios surge diariamente para pequenas empresas. Mas como os empreendedores podem encontrar algum espaço no setor de infraestrutura, que é dominado por empresas multinacionais e grandes players globais? É possível participar desse imenso mercado que, ano a ano, se consolida no Brasil? Sim, é possível. E muitos empreendimentos vincu-

NEGÓCIOS

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lados a incubadoras de empresas e parques tecnológicos já garantiram sua fatia nesse bolo. Mas a tarefa não é fácil. Exige agilidade, conhecimento de mercado e muita inovação.

É o que diz Leandro dos Santos Silveira, sócio-diretor da Premium, uma empresa de consultoria voltada ao setor petroquímico incubada no Parque Tecnológico da Ulbra (Ulbratech), em Canoas (RS). Para ele, a tra-jetória das pequenas empresas em setores dominados por multinacionais é repleta de desafios, mas com oportunidades propor-cionais. Curiosamente, as brechas para as incubadas encontrarem um espaço no se-tor de infraestrutura reside justamente nas dimensões das grandes empresas. Segundo Silveira, as mega corporações se tornaram engessadas, pesadas e, por isso, mais lentas para descobrir soluções de processos inter-nos. Aí está a grande chance das pequenas.

Sem burocracia para atrapalhar o cami-nho e com a possibilidade de tomar decisões rápidas, pequenas empresas conseguem res-ponder às demandas específicas com mais agilidade. “A preocupação das grandes em-presas está voltada para o macro negócio, desviando a atenção de pequenos desafios da sua rotina. É aí que está a oportunidade da pequena. Por serem menores e mais ágeis, conseguem focar em um problema específico e desenvolver uma solução ”, afirma Silveira.

Ganha-ganhaA boa notícia é que os grandes players do

mercado já perceberam essa relação e a cada dia firmam parcerias com empreendedores menores. Um dos principais caminhos para estabelecer esse vínculo ocorre por meio dos parques tecnológicos e incubadoras. De acordo com Silveira, esses ambientes permi-tem que grandes e pequenas trabalhem lado a lado. É uma relação de ganha-ganha.

O player ganha porque consegue se man-ter focado nos grandes objetivos da empre-sa, enquanto o pequeno empreendedor tem uma brecha para desenvolver ou vender um

serviço com alto valor agregado. Quem ex-pressa bem essa estratégia é a Geovoxel, que galgou um bom espaço no mercado de infra-estrutura nacional e tem na carteira clientes de peso, como a construtora OAS e a LLX (braço logístico do Grupo EBX). A empresa de engenharia e sistemas é um spinoff do laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ e em 2010 ingressou na Incubadora de Em-presas da mesma instituição.

A Geovoxel oferece uma série de produ-tos e serviços para o setor. Um dos lança-mentos mais recentes é o GPR (georradar). Em linhas gerais, a tecnologia de georradar é utilizada no Brasil e no mundo para fazer a caracterização e localização de estruturas

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Silveira, da Premium: mega corporações

precisam da agilidade das MPEs inovadoras

NEGÓCIOS

Geovoxel, da incubadora da Coppe/UFRJ,

trabalha com grandes empresas do setor de

engenharia e sistemas

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ulga

ção

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enterradas no solo, sem a necessidade de se fazer um único furo. Graças a essa tec-nologia, é possível diminuir os riscos em obras que envolvem grandes escavações, como túneis, metrôs, mergulhões, polidu-tos e aterros sanitários. Na prática, significa menos custos e mais rapidez para cumprir o cronograma da obra.

Uma outra tecnologia da Geovoxel é o GVX, uma ferramenta de georreferencia-mento e sensoriamento por satélite com integração e processamento das informa-ções. O GVX pode atender diversas áreas do mercado de infraestrutura. Em petróleo e gás, por exemplo, o sistema é utilizado na gestão de plantas industriais e de malha de dutos. Na área ambiental, o GVX monitora aterros sanitários, bacias hidrográficas e acidentes ambientais, entre outros.

EnergiaNa área de energia também há uma

imensa gama de oportunidades para empre-endedores. Afinal, o sistema elétrico é um dos principais gargalos para o crescimento sustentável do país. Como consequência, pequenas empresas estão surgindo para preencher lacunas do setor. São soluções em energias alternativas, eficiência energética, monitoramento e outras oportunidades que

têm como objetivo garantir o abastecimento do país, com qualidade e sustentabilidade. Uma empresa que conseguiu pegar carona nessa onda é a Energética, do Parque Tecno-lógico de Viçosa (MG) - TecnoPARQ.

Fundada há 27 anos, a empresa pas-sou a maior parte de sua história focada no mercado de automação industrial, mas recentemente sofreu uma guinada brusca. Os sócios decidiram migrar de mercado ao detectar uma oportunidade importante: ao conviver com várias indústrias, perceberam uma deficiência nos sistemas de energia térmica dos clientes. A atuação, agora, é voltada para a reestruturação de parte da geração energética industrial – um merca-do historicamente poluidor, hoje ávido por soluções sustentáveis. “Identificamos nos vários segmentos em que atuávamos um baixo desempenho nos sistemas produti-vos, principalmente na geração de vapor. Nesse sistema, há um índice muito alto de ineficiência, resultando em custos para as empresas”, explica o diretor industrial da Energética, Baltazar dos Reis.

A ineficiência na geração térmica tem várias causas: desde a falta de pessoal es-pecializado até a reduzida automação dos sistemas, além de equipamentos defasados ou subutilizados. A partir dessa constatação prática, os sócios da empresa mudaram de nicho de atuação e reformularam todo o portfólio de serviços.

A ideia, agora é oferecer para as indús-trias a possibilidade de terceirizar toda ou parte da geração. Ou seja, a Energética faria o fornecimento de energia térmica, elétrica e de biomassa para queima. “Com o nos-so serviço, o cliente pode ficar focado no produto, enquanto a gente toma conta do fornecimento da energia. No Brasil, para utilizar energia elétrica, as indústrias con-tratam o fornecimento das concessionárias. No caso da energia térmica (vapor e calor) elas são obrigadas a produzí-la interna-mente, mesmo com expertise insuficiente.

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No TecnoPARQ, de Viçosa (MG), a Energética inova para fornecer energia

NEGÓCIOS

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Por falta de experiência, acabam gerando muitos problemas de ineficiência”, explicou Baltazar.

A mudança de rumos na Energética co-meçou em 2008. De lá para cá, a empresa migra da prestação de serviços de auto-mação para a terceirização de energia. Por enquanto, a maior parte dos projetos são relativos à consultoria em eficiência, mas uma outra outra ferramenta ganhará espaço em breve. É um equipamento para monito-ramento online, que está sendo construído no Parque Tecnológico de Viçosa. Com esse equipamento, os profissionais vão poder acompanhar o desempenho dos sistemas das indústrias e das fábricas. Isso vai aumen-tar a eficiência e reduzir os riscos no setor.

A Energética ingressou no Parque de Viçosa em dezembro de 2012. Segundo Baltazar, apesar do pouco tempo, é possível perceber as vantagens de estar em um am-biente de inovação. “Temos à nossa dispo-sição um acervo técnico e científico, com a base de dados e a biblioteca oferecida pelo Parque. Além disso, o pessoal que trabalha aqui tem um excelente conhecimento e nossa networking cresceu bastante”, disse.

Na incubadoraA estratégia de entrar no cenário de infra-

estrutura por meio de incubadoras foi ado-tada pela Quali-A. Arquitetas por formação, três pesquisadoras da Univesidade de Brasí-lia (UnB) resolveram unir forças e participar do edital para ingressar no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/UnB). E conseguiram. Desde 2012, Milena Sampaio Cintra, Julia Teixeira Fernandes e Juliana Andrade desenvolvem projetos de eficiência energética para a construção civil. Graças ao tempo de pesquisa acadêmica, o trio chega ao mercado com uma boa baga-gem de conhecimento teórico e prático.

Os principais clientes da Quali-A são construtoras de grande porte, preocupa-das com a questão da eficiência energética

e, consequentemente, com a obtenção do selo Procel (etiqueta que credita ao edifí-cio um grau de eficiência – a exemplo das encontradas em eletrodomésticos). Isso prova que conforto e qualidade ambiental são considerados diferenciais de mercado pelas gigantes do setor, cada vez mais inte-ressadas em se posicionar como empresas ambientalmente responsáveis.

Desde que começaram a atuar na área, antes mesmo de criar a Quali-A, as arqui-tetas realizaram vários estudos e projetos sobre o tema, tanto em obras comerciais quanto em prédios públicos. Na lista estão aeroportos, shopping centers e edifícios do Governo Federal. Para desenvolver um projeto de eficiência energética ou de eti-quetagem, as sócias lançam mão de um simulador computacional. Pelo programa, é possível identificar a temperatura, a umi-dade, a ventilação e a luz natural.

Todos os dados são inseridos no compu-tador, gerando o diagnóstico. Com essa fer-ramenta, explica Milena, é possível obter um relatório consolidado sobre a edificação, in-dicando soluções precisas. “Assim, os dados ficam claros e são bem aceitos pelo cliente. Fica mais fácil de vender a ideia e despertar o interesse das construtoras, pois elas visua-lizam o que precisam fazer e quanto o inves-timento na estrutura vai gerar em economia na conta de energia”, afirma.

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As empreendedoras da Quali-A: construtores de

grande porte formam a carteira da empresa incubada no CDT/UnB

NEGÓCIOS

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Para maximizar os benefícios do proje-to, porém, a arquiteta ressalta que o ideal é iniciar as preocupações com a eficiência energética desde a concepção da obra. Se-gundo ela, sai muito mais barato se essa preocupação surgir no início da construção. Com o prédio pronto, ainda é possível fazer adaptações, mas a tendência é que custe mais caro. “Fizemos um trabalho para um edifício comercial, desde o início do projeto da obra, e conseguimos a etiqueta A (me-lhor eficiência). Tudo foi feito sem nenhum custo extra, ou seja, nenhum investimento a mais do que estava previsto no orçamento da construção”, exemplifica.

Desempenho em focoEm Brasília também está baseada a Am-

biente Eficiente, que atua no mesmo nicho de negócio da Quali-A. Fundada pelas só-cias Ana Maria Abrahão Nicoletti e Darja Kos Braga, a empresa entrou na incubadora CDT/UnB em junho de 2011. O trabalho da Ambiente Eficiente consiste na avaliação do desempenho de projetos para edificações do ponto de vista do conforto térmico, lu-minoso e energético.

Um dos serviços mais fortes oferecidos aos clientes é a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), um

sistema de pontuação que ajuda a medir o desempenho ambiental de uma obra em prol da sustentabilidade. Pela certificação, são avaliados diversos itens, desde a emissão de carbono até a eficiência energética do prédio.

Segundo Ana Maria, a demanda das cons-trutoras por certificação LEED vem cres-cendo muito nos últimos anos. “Desde que montamos a empresa, é possível perceber um crescimento na demanda por projetos de obras sustentáveis, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba”, afirma.

Mas a pressa do Brasil em erguer pré-dios para atender o crescimento econômico criou alguns obstáculos. E foi justamente nesses obstáculos que a Ambiente Eficien-te encontrou sua oportunidade de negócio. Com a escassez de tempo para criar um projeto, os escritórios de arquitetura (con-tratados pelas construtoras) geralmente não conseguem realizar um estudo detalha-do sobre questões ambientais. Até porque muitos deles ainda não dominam a meto-dologia da certificação e precisam de ajuda para implementá-la. Nessa hora, a Ambien-te Eficiente entra com sua expertise, faz os estudos e indica as melhores soluções para o prédio se enquadrar na certificação.

A empresa também trabalha com o selo AQUA (inspirada em um conceito francês de sustentabilidade), atuando junto às indús-trias brasileiras. “Existe uma preocupação muito grande com o conforto e a segurança das pessoas nas indústrias e nas fábricas, principalmente aquelas que lidam com for-nos de altas temperaturas, que podem preju-dicar o ambiente interno”, afirma Ana Maria.

Nesse mercado, a Ambiente Eficiente atende grandes empresas, como petroquí-micas multinacionais. É mais um exemplo de como empresas inovadoras de pequeno porte têm aproveitado o crescimento do se-tor de infraestrutura brasileiro, que segue dominado por grandes corporações, mas com espaço de sobra para novos empreen-dedores.

NEGÓCIOS

Ana Maria, da Ambiente Eficiente: crescimento de obras sustentáveis impulsionam o negócio

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EDUCACAO

Promovido pelo Sebrae, o jogo virtual que conquistou os universitários brasileiros terá inovações

em sua próxima edição

Desafio de cara nova

P O R A L E X A N D R E L E N Z I

O programa Desafio Sebrae, que desde 2000 faz sucesso entre jovens brasileiros interessados em empreender, vai passar por uma reformulação. O jogo virtual de negócios será relançado no segundo semes-tre deste ano, com o novo modelo previsto para funcionar a partir de 2014. “O objeti-vo desse novo formato do Desafio Sebrae é desenvolver a capacidade gerencial em pe-quenos negócios e habilidades empreende-doras de forma interativa e descentralizada, por meio de atividades online e presenciais que atuem, de forma complementar, na di-fusão dos conceitos de competitividade, éti-ca, associativismo, sem excluir o estudante universitário da capacitação. Neste ano, o

projeto está sendo construído e no segun-do semestre faremos o lançamento”, explica o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Ele afirma que, em 2012, foi re-alizado um extenso estudo sobre o mercado de jogos e oficinas de ideias, que teve por objetivo criar novos formatos para o Desa-fio Sebrae, buscando possibilidades para um produto que, de forma lúdica, desen-volva e potencialize conceitos de gestão de negócios, bem como competências empre-endedoras junto ao público universitário.

A equipe responsável pelo projeto defen-de que a sociedade em rede é uma realidade que exige que os produtos passem por ino-vações radicais, pois a inovação incremental

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ão muitas vezes não é suficiente para atender as expectativas do novo consumidor. “É preciso pensar em soluções criativas, que possam ser implementadas num curto espaço de tempo. Precisamos conhecer a realidade dos jogos existentes, compreender a dinâmica desse mercado e de seus usuários, esta-belecer padrões de comparação en-tre soluções semelhantes, avaliar soluções que possam ser adotadas pelo Sebrae, bem como promover

profunda reflexão sobre as alternativas pos-síveis para melhoria do Desafio Sebrae nos próximos anos”, defende o diretor-técnico.

Santos lembra que o Desafio Sebrae pas-sou por adequações de conteúdo e evoluções tecnológicas nestes 12 anos de existência e, ano a ano, foi registrando aumento no nú-mero de participantes. No primeiro ano, em 2000, 800 estudantes participaram da com-petição. Em 2012, foram mais de 150 mil uni-versitários, batendo a marca de 1 milhão de estudantes competindo ao longo de todas as edições. “Podemos afirmar que nesse período o Desafio Sebrae cumpriu seu papel na difu-são da cultura empreendedora junto a público universitário, pois trata-se de um jogo com a finalidade de capacitar seus competidores. A qualificação aumenta à medida que os parti-cipantes passam a conhecer o jogo, planejam

Santos, do Sebrae: depois de um extenso estudo, Desafio foi aprimorado

EDUCACAOan

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2008

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2010

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58,5

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2012

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54,9

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2007

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2009

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2011

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_NÚMERO DE PARTICIPANTES

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o desempenho da sua empresa, comparam seus resultados ao mercado, enfim, aprendem muito”, afirma o diretor-técnico.

Vertente empreendedoraEle explica que os conceitos e valores

sociais e estruturais como cooperação, associativismo, ética, concorrência, entre outros, foram introduzidos como itens um pouco mais aprofundados, demonstrando que empreender não era uma aventura, mas uma atividade programada e planeja-da. “E por despertar as características em-preendedoras nos universitários, o Desafio Sebrae proporcionou a tomada de decisão de ex-participantes que, ao concluírem a graduação, abriram suas empresas, geran-do novas oportunidades de emprego e ren-da no país”, acrescenta. Segundo a equipe do Sebrae, ex-participantes afirmam que o programa possibilitou uma visão geral de uma empresa e ajudou no autoconhecimen-to e identificação de em qual área tinham mais talento, independentemente da sua graduação, e que cada uma das decisões tomadas foi fundamental para a decisão de abrir um negócio.

Santos afirma que o Desafio Sebrae sur-giu exatamente para atender os estudan-tes universitários que, hoje, preocupam-se mais com seu futuro profissional. “Por meio do programa, o Sebrae colocou o estudan-te frente a uma alternativa que não a do emprego tradicional, mas os provocamos a empreender e discutir a vertente empre-endedora do conhecimento. Mobilizamos também professores e toda a cadeia educa-tiva em prol do fomento ao empreendedo-rismo”, avalia.

A proposta do Sebrae para os próximos anos é ampliar o atendimento aos universi-tários, se beneficiando de games como es-tratégia de fomento ao empreendedorismo e capacitação, para alcançar um número ainda maior de jovens engajados em torno do tema. “O Desafio Sebrae mostrou-se uma

importante iniciativa para abordar e levar conhecimentos acerca da gestão empresa-rial e empreendedorismo aos estudantes universitários, formador de opinião por ex-celência e com enorme potencial de gerar empreendimentos inovadores em todas as áreas”, acrescenta Santos.

O que é?

Um jogo virtual que simula o dia-a-dia de uma empresa, duran-te mais de seis meses. Universitários de todo o país, organizados em equipes, testam sua capacidade de administrar um negócio, tomar decisões e trabalhar em equipe.

Para que serve?

O objetivo principal é disseminar a cultura empreendedora para os universitários que buscam caminhos para o começo de sua vida profissional. O jogo difunde conceitos de competitividade, ética e associativismo e desenvolve a capacidade gerencial em pequenos e médios negócios.

Quem pode participar

Estudantes de cursos de graduação em instituições de ensino superior credenciados pelo Ministério da Educação (MEC).

Quem promove

O Desafio Sebrae é promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Institu-to Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenha-ria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

As mudanças

Em 2012 foi realizado um estudo sobre o mercado de jogos e oficinas de ideias, que teve por objetivo criar novos formatos para o Desafio Sebrae. Segundo o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Al-berto dos Santos, neste ano o projeto está sendo construído e no segundo semestre será feito o seu lançamento. A previsão é de que o novo formato seja implementado junto aos estudantes universi-tários a partir de 2014.

_O DESAFIO SEBRAE

EDUCACAO

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EDUCACAO

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Gestão na práticaConsiderado um dos maiores jogos de

empreendedorismo juvenil do mundo, o De-safio Sebrae representa um grande instru-mento para difundir a cultura empreende-dora no meio universitário. Em 2012, 58% dos participantes estavam na faixa de 18 a 22 anos. A competição leva a prática da gestão de uma empresa aos jovens. As equi-pes fizeram exercícios de como administrar uma empresa, aprenderam a trabalhar em equipe e testaram resultados. Na última edi-ção, os estudantes geriram uma fábrica de polpas de sucos de frutas tropicais.

Ao participar do Desafio Sebrae, o par-ticipante tem de tomar decisões referentes a cada campo de sua empresa. Marketing, produção, reunião de diretoria, análise da concorrência, compra de insumos, contrata-ção de funcionários e ampliação da fábrica são algumas das experiências com as quais os competidores se deparam. Cada decisão tomada pode influenciar o desempenho da empresa até o final do jogo. Por isso, a equipe precisa analisar muito bem todas as áreas. É necessário lidar com dívidas de em-préstimos realizados, caixa negativo, greve de funcionários, encalhe de produtos, entre outros problemas.

Ao longo dos 12 anos, o programa tem descoberto talentos em todo o Brasil. Em 2012, os campeões da etapa internacional foram Djavan Paixão e Renata de Holanda,

estudantes de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), cam-pus do município de Parauapebas (PA). A tarefa era administrar uma fábrica de polpa de frutas tropicais com produtos de valor agregado, como sucos e sorvetes. Além de representantes de todo o Brasil, a disputa contou com equipes de outros seis países da América Latina e Central – Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Pana-má. “Essa é uma experiência que vale por toda a vida, porque se aprende a superar o cansaço, a pressão e a não desistir”, afirma Paixão. “Foi uma emoção única represen-tar o Brasil e ainda superar os concorren-tes de outros países”, acrescenta Renata. O diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Vilson Schuber, valoriza o esforço dos estu-dantes. “Todos merecem ser parabenizados pela dedicação, consistência e perseveran-ça. Eles representam aqueles que enxergam longe e acreditam na construção de um mundo melhor”, defende.

Os vencedores viram garotos-propagan-da do programa, incentivando outros uni-versitários a participarem. Em 2011, cinco alunos de Ciência e Tecnologia, da Universi-dade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), de Mossoró (RN), levaram o título nacional. Após a premiação da equipe Run to Win, os integrantes Isaías Silva, Vítor Andrade, Bruno Oliveira, Antônio Jaem e Caio Feli-pe visitaram universidades da região para convidar outros estudantes para as futuras edições. “Somos exemplo de que estudantes de uma cidade do interior do Rio Grande do Norte têm, sim, capacidade de vencer o Desafio Sebrae. Compartilhamos nossa experiência para que outros estudantes se inspirem e também participem do jogo, que garante benefícios para a vida acadêmica, profissional e pessoal”, afirma Andrade. Silva acrescenta que foi preciso muita per-sistência e deixa uma dica: “Nunca desista, força de vontade é o primeiro passo para alcançar a vitória.”

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Djavan e Renata: vencedores do Desafio Sebrae 2012

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CULTURA

Imperativo

Ouça o novo CD de Caetano Veloso (Abraçaço). Apesar de algumas músicas desastrosas, vale a pena ouvir um músico que não cansa de se reinventar.

Assista ao seriado Breaking Bad (em DVD). A série mostra como atualmente os EUA vêm fazendo seriados melhores que filmes – uma clara consequência da crise econô-mica que o país ainda tenta superar.

Um novo cinema

O Som ao redor é uma ótima surpresa para o cinema brasileiro. Talvez a melhor desde Cidade de Deus. Entretanto, diferente do filme que mostrava as mazelas do morro carioca, essa produção brasileira evita a exces-siva edição publicitária. O Som ao redor é um filme tecnicamente simples – e o mais importante: não se nega como tal.

A produção é o primeiro longa dirigido por Kleber Mendonça Filho e conta histórias triviais de moradores de uma rua de classe média na zona sul do Recife (PE). Não são, porém, as aventuras desses personagens que fazem do filme uma boa surpresa. O que de fato chama a atenção é como o roteiro apresenta as características da classe média brasileira.

Sucesso de crítica aqui e no exterior, O Som ao redor ganhou o prêmio de melhor filme no Rotterdam International Film Festival; no San Francisco In-ternational Film Festival; e uma dezena de outros prêmios internacionais. No Brasil, recebeu prêmio da crítica, do júri popular e de melhor som no Festival de Gramado.

Essa história bem sucedida talvez seja um recado a um cinema nacional que parece ter achado seu sucesso de bilheteria com filmes de comédias qua-se idênticos aos programas da Rede Globo, mas que ainda não encontrou o sucesso de crítica e prêmios. Não é pre-ciso uma fortuna para fazer um filme bom. É preciso bons pensamentos.

O Som ao redor. (Brasil, 2012, 2h 11 min. Dirigido por Kleber Mendonça Filho. Nos cinemas e em DVD).

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A volta de Portinari

A exposição em cartaz no Museu de Artes de São Paulo (Masp) apresenta uma oportunidade his-tórica: a exibição em um mesmo espaço de duas importantes séries produzidas pelo pintor Cândido

Portinari – Retirantes, com três obras, e Bíblica, com oito. A última foi feita a pedido de Assis Chateaubriand, enquanto a série Retirantes é uma das mais famosas do pintor e retrata com grande emoção a dor do povo nor-destino, causada pela seca.Masp (Av. Paulista, 1578, São Paulo, SP, tel. 0++/11/3251-5644). Quando: Em cartaz, sem previsão de encerramento. De terça a domingo, das 10h às 18h. Quinta, das 10h às 20h. R$ 15. Grátis às terças.

P O R B R U N O M O R E S C H I

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A cartilhaM a u r i c i o G u e d e s

Diretor do Parque Tecnológico da UFR J

E x -presidente da IA SP – A ssoc iação Inter nac ional de Parques Tecnológicos

Era uma vez um país que incluiu em sua Consti tuição um arti go afi r-

mando que as suas universidades gozariam de autonomia adminis-

trati va e de gestão fi nanceira e patrimonial. Parece que este texto foi

um achado, que “atendeu” a todas as correntes. Os que defendiam a

autonomia universitária se senti ram vitoriosos. Os que não queriam nenhuma

autonomia foram, de fato, os vencedores. Restou apenas, deve ser dito, a au-

tonomia didáti co-cientí fi ca, também prevista no mesmo arti go.

Passados 25 anos desse faz de conta, dois fatos recentes mostram a fragi-

lidade desse princípio consti tucional e os riscos que ela traz para a sociedade:

A Lei 12.772, que entrou em pleno vigor no dia 1o de março de 2013, esta-

beleceu uma nova estrutura do plano de carreiras do magistério federal. Em

seu arti go oitavo, determina que nos concursos públicos para professores será

exigido o diploma de curso superior em nível de graduação. Parece trivial, mas

na verdade a lei proíbe que uma universidade exija o tí tulo de mestre ou dou-

tor em qualquer de seus concursos.

No início do ano, a Controladoria Geral da União (CGU), publicou uma car-

ti lha [sic] dirigida às universidades federais, contendo uma “Coletânea de Entendimentos” sobre a gestão de seus

recursos. Na forma de perguntas e respostas, a primeira versão da carti lha esclarecia, em sua pergunta 74, que “(...) o

servidor em regime de dedicação exclusiva não pode parti cipar de sociedade privada ou exercer qualquer outro víncu-

lo empregatí cio remunerado público ou privado.” Na práti ca, signifi ca que um professor em regime de dedicação ex-

clusiva não poderia ter ações do Banco do Brasil, se associar à Anprotec ou parti cipar de qualquer sociedade cientí fi ca.

Os dois exemplos aqui apontados são extremos, e tanto o Ministério da Educação quanto a CGU já tomaram me-

didas para corrigi-los, mas é inacreditável que se possa chegar a um ponto desses no desrespeito a um princípio de

autonomia que faz parte da Consti tuição Federal.

Nos últi mos tempos, alguns princípios da administração pública têm sido esquecidos. Os órgãos de controle têm se

concentrado apenas nas questões relati vas a legalidade, moralidade e publicidade dos atos da administração. Parece

que lhes falta apeti te para zelar pela efi ciência e efi cácia dos serviços públicos, sem os quais a sociedade não receberá

nada do que lhe é devido.

“O Brasil não precisa de universidades empreendedoras” - esta parece ser a mensagem que recebemos. Seria grave

em qualquer época, mas neste momento em que importantes universidades estrangeiras abrem aqui seus escritórios

e os MOOCs – Massive Open Online Courses apontam enormes transformações no ambiente universitário global para

os próximos anos, essa ati tude pode ter consequências trágicas para a educação, a ciência e a tecnologia no Brasil.

A conclusão é uma só: ou enfrentamos a discussão da autonomia universitária e o Congresso regulamenta o arti go

207 da Consti tuição, ou essa história vai terminar muito mal.

OPINIAO

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14 a 17 de outubro de 2013 | Recife - Pernambuco

Descubra e revele como os ambientesde inovação podem contribuir paratransformar cidades

INSCRIÇÕES EM BREVE!

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