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1 TORCIDA PELA INOVAÇÃO Clovis Meurer, da ABVCAP, revela como o capital empreendedor pode contribuir para o crescimento do país LOCUS Ambiente da inovação brasileira A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 prometem impulsionar o desenvolvimento, aquecendo a demanda por soluções inovadoras em diferentes áreas. Saiba como micro e pequenas empresas podem aproveitar a oportunidade histórica para alavancar negócios Estudo compara modelos de incubação de empresas de diferentes regiões do mundo Os impactos da crise europeia na competitividade de MPEs inovadoras

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A revista Locus é uma publicação trimestral da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

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TORCIDA PELA INOVAÇÃO

Clovis Meurer, da ABVCAP, revela como o capital empreendedor pode contribuir para o crescimento do país

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano XVII | no 66Abril 2012

A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 prometem impulsionar o desenvolvimento, aquecendo a demanda por soluções inovadoras

em diferentes áreas. Saiba como micro e pequenas empresas podem aproveitar a oportunidade histórica para alavancar negócios

Estudo compara modelos de incubação de empresas de diferentes regiões do mundo

Os impactos da crise europeia na competitividade de MPEs inovadoras

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44 CRISE As lições trazidas pela recessão europeia às empresas que buscam a internacionalização

40 GESTÃO Por que a comunicação ainda representa um obstáculo ao crescimento de MPEs inovadoras

A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Enti dades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

Conselho EditorialJosealdo Tonholo (presidente)

Carlos Américo PachecoJorge Audy

Marli Elizabeth Ritt er dos SantosMauricio Guedes

Maurício Mendonça

Coordenação e ediçãoDébora Horn

ReportagemBruno Moreschi, Camila Augusto,

Cora Dias e Débora HornColaboração: Trama Comunicação

Jornalista responsávelDébora Horn

MTb/SC 02714 JP

Direção e edição de arteBruna de Paula

Colaboração: Hiedo Bati sta

RevisãoVanessa Colla

Foto da capaShutt erstock

PresidenteFrancilene Procópio Garcia

Vice-presidenteJorge Luís Nicolas Audy

DiretoriaGisa Bassalo, Ronaldo Tadêu Pena,

Sérgio Risola e Tony Chierighini

SuperintendênciaSheila Oliveira Pires

Coordenação de Comunicação e Marketi ngGenny Coimbra

ImpressãoBrasília Artes Gráfi cas

Tiragem2.000 exemplares

Produção Apoio

EndereçoSCN, quadra 1, bloco C,

Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211Brasília/DF - CEP 70711-902

Telefone: (61) 3202-1555E-mail: [email protected]

Website: www.anprotec.org.brAnúncios: (61) 3202-1555

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano XVII ∙ Abril 2012 ∙ no 66 ∙ ISSN 1980-3842

ÍNDICE

6ENTREVISTA

O novo presidente da Associação Brasileira de Venture Capital & Private Equity (ABVCAP), Clovis Meurer, destaca as contribuições do capital empreendedor ao país

10EM MOVIMENTO

De Norte a Sul, as novidades do empreendedorismo inovador no Brasil, incluindo a chamada de trabalhos que serão apresentados no XXII Seminário Nacional

47 EDUCAÇÃO Do vesti bular ao Enem: universidades brasileiras procuram alternati vas para aperfeiçoar o processo seleti vo de alunos

49 CULTURA A indústria cinematográfi ca busca saídas para acompanhar as transformações do mercado

28OPORTUNIDADE HISTÓRICA

A realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil gera demandas em diversos setores, exigindo soluções inovadoras (e praticamente imediatas). Descubra como micro e pequenas empresas podem aproveitar as oportunidades trazidas pelos megaeventos para desenvolverem seus negócios

21 INTEGRAÇÃO Agência de inovação da Unicamp completa nove anos e comemora resultados da transferência de tecnologia

18 HABITATS Fundos de investi mento podem ser uma importante fonte de fi nanciamento para parques tecnológicos

24 SUCESSO As competências desenvolvidas por duas vencedoras do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2011

37 INTERNACIONAL Estudo compara atuação de incubadoras de empresas de diferentes regiões do mundo

50 OPINIÃO Mauricio Guedes: Livro Branco da CT&I completa 10 anos

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LOCUSTecnologia, mobilidade urbana, infraestutura. A evolução

desses e de outros aspectos marcam o abismo que se-para a Copa do Mundo de 1950, a primeira realizada no Brasil, dos megaeventos esporti vos programados para

2014 e 2016 no país. Na metade do século 20, os investi mentos se restringiram à construção de estádios. Agora, será preciso ir muito além. Segundo esti mati vas do Ministério da Fazenda, a realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 exigirá investi mentos da ordem de R$ 30 bilhões.

Entre os principais receptores desses recursos estão os seg-mentos de mobilidade urbana, portos e aeroportos, saúde e segu-rança, energia, telecomunicações e hotelaria. Porém, a realização dos megaeventos cria demandas urgentes para outros nichos de negócios. Haveria, então, uma fati a desse bolo reservada a micro e pequenas empresas inovadoras? Essa é a pergunta que a matéria de capa desta edição, que inicia na página 28, procura responder. Para isso, as repórteres Camila Augusto e Cora Dias ouviram es-pecialistas ligados ao mercado e ao governo, além de empreende-dores que enxergam nos megaeventos uma grande oportunidade de alavancar seus negócios. Eles comprovam que o caminho para integrar a rede de empresas benefi ciadas não é fácil, mas também não é inacessível.

Da mesma forma, os caminhos para empresas que buscam a internacionalização parecem mais árduos com a crise econômica que abala a Zona do Euro. Na reportagem da página 37, Locus desta-ca que, em contraparti da, a recessão tem gerado uma intensa procura de empresas europeias por parceiros no Brasil, um mercado cada vez mais atraente. Além das parceiras, concorrentes estran-geiras chegam com força ao país, exigindo das MPEs inovadoras, e das incubadoras e parques que as abrigam, novas estratégias para garanti r competi ti vidade. Tudo indica que, ao fi nal da crise, essa pressão vai gerar resultados bastante positi vos.

Bons resultados são a especialidade das empresas destacadas na seção Sucesso, integrantes do movimento que estão entre as vencedoras do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2011. Em comum, a Reason, de Santa Catarina, e a Scitech, de Goiás, têm a capacidade de alterar a rota dos negócios em função de novas oportunidades. Para ambas, o apoio de incubadoras foi fundamental nesse processo.

Fundamental também tem sido o suporte prestado por incubadoras e parques tecnológicos a suas residentes quando o assunto é comunicação, um desafi o para empresas de pequeno porte. Na matéria da seção Gestão, especialistas da área e assessores ligados a habitats de inovação dão dicas preciosas para que empreendimentos nascentes passem a dialogar de forma mais efi ciente com seus públicos de interesse. Vale conferir esse e outros temas abordados nesta edição.

Boa leitura! Conselho Editorial

CARTA AO LEITOR

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que empreendeCapital

P O R C A M I L A A U G U S T O

Para o gaúcho Clovis Meurer, a melhor tradução do termo

Private Equity & Venture Capital não é Capital de Risco,

e, sim, Capital Empreendedor. Com mais de 30 anos

de experiência no setor, o economista acompanhou o

desenvolvimento dessa indústria no país e hoje atua para que

ela consiga crescer ainda mais

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ENTREVISTA > Clovis Meurer

A história de Clovis Meurer e a da indústria de Private Equity & Venture Capital (PE/VC) no Brasil se confundem. O economista – natural da pe-quena cidade de Horizontina (RS) – presenciou o desenvolvimento do setor no país. Desde o início da década de 1980, trabalha na CRP Com-panhia de Participações, da qual hoje é diretor. A empresa, localizada em Porto Alegre (RS), foi uma das primeiras gestoras de fundo de PE/VC a serem criadas no Brasil. No último dia 9 de mar-ço, Meurer assumiu a presidência da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (AB-VCAP), instituição que fomenta investimentos de longo prazo no Brasil – e que integra o Conselho Consultivo da Anprotec. Com três décadas de experiência na área, ele acredita no potencial da indústria de PE/VC para o desenvolvimento do país e da inovação, tendo como uma das metas de seu mandato, que segue até 2014, a aproxi-mação entre gestores de fundos e investidores de empresas inovadoras.

LOCUS > O senhor entrou na indústria de Priva-te Equity & Venture Capital no início da década de 1980, uma época em que essa área dava os primeiros passos no Brasil. Como esse ramo se desenvolveu no país? Clovis Meurer > Quando criamos a CRP, em 1982, não existia no país nem associação, nem legislação que regulasse essa indústria de PE/VC. A primeira instrução da Comissão de Va-lores Monetários (CVM) é de 2004, ou seja, trabalhamos os primeiros 15 anos sem ter le-gislação específica para investir nessa área. Na-quela época, fazíamos investimentos através de uma holding, empresa criada especificamente para colocar recursos em outros negócios. Diria que os primeiros 15 anos foram muito iniciais. Uma época de inflação muito alta, muita insta-bilidade. Todos os investimentos que fazíamos eram de curto prazo. Isso não rendia ganhos, simplesmente atualizava o valor do investi-mento. Nesse cenário, qualquer investimento de private equity era difícil de ser executado. A partir de meados dos anos 1990, com o Plano Real, passamos a ter uma estabilidade maior na

moeda, uma lenta redução de juros, a queda da inflação, ou seja, um ambiente macroeconômi-co mais favorável a investimentos de médio e longo prazo.

E como ocorreu a mudança de cultura do in-vestidor, para considerar o retorno a médio e longo prazo?

A mudança aconteceu ao longo do tempo, à medida em que ocorria a estabilização da econo-mia. Outro fator importante para esse processo foi que, em meados da década de 1990, houve um movimento muito forte das incubadoras e parques tecnológicos, que geraram novos ne-gócios. A Anprotec trabalhou muito em vários estados, reunindo lideranças, fazendo seminá-rios. Nós, da indústria de PE/VC, íamos a esses eventos para explicar como essa indústria podia apoiar empresas incubadas. Surgiram vários em-preendimentos que foram apoiados – de uma maneira muito modesta no início, mas que foi crescendo.

Um dos focos da ABVCAP é o de atrair mais in-vestidores estrangeiros ao país. Como esses in-vestidores veem o Brasil?

Há a percepção de que os fundamentos da economia brasileira estão cada vez mais sólidos. Tem um crescimento de demanda, as classes C e D foram para uma faixa maior de consumo, o país vai receber eventos como Copa e Olimpía-das, que requerem investimentos. A descoberta do pré-sal reforçou as oportunidades na área de energia. Isso tudo atrai investidores mundiais ao país – o que é fantástico, pois eles trazem para o Brasil sua experiência de investimentos já feitos, um network com empresas globais. Muitas vezes, aplicam seus recursos aqui em um setor no qual têm investimentos em outra região do mundo, o que propicia uma troca de informações importante, abrindo mercados para empresas brasileiras. E o mais importante é que trazem capitais para um série de ações que temos a fazer no Brasil. São recursos que geram renda, empregos e tecnologias, ou seja, aceleram o crescimento do Brasil.

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A CRP é de Porto Alegre, mas essa indústria de Private Equity & Venture Capital sempre esteve concentrada no eixo Rio-São Paulo. Como está hoje esse cenário no país?

O forte dos gestores, investidores e admi-nistradores da indústria de PE/VC se concentra no eixo Rio-São Paulo, mas a indústria tem se descentralizado. No Sul, temos escritórios de outros gestores. No Nordeste há fundos especí-ficos. No Norte, fundos ligados ao meio ambien-te, que investem na exploração sustentável dos recursos naturais da Floresta Amazônica. No Centro-Oeste, em razão dos empreendimentos agroindustriais, também existem investimentos importantes. A ABVCAP está com um trabalho forte para levar essa indústria a todos os can-tos do país. Outro aspecto interessante são os investimentos em fundos setoriais. Há fundos, por exemplo, para investir só no Nordeste ou só na região Sul. Assim como há os fundos seto-riais, focados só em óleo e gás ou em florestas, por exemplo. Imagine que, se eu tenho um fun-do florestal, não poderei investir na cidade de São Paulo, pois lá não há floresta alguma. Vou ter que investir em outros estados, em áreas apropriadas para essa atividade.

Como está o crescimento da indústria de PE/VC em relação ao PIB do país?

Essa indústria tem crescido constantemen-te e, por conseguinte, a participação no PIB tem crescido. Hoje chega a quase 5% do PIB. Existe muito espaço para crescer e essa indús-tria oferece um capital direcionado para inves-timentos na economia real, que gera renda e

empregos. Não é um investimento meramente especulativo.

E como essa indústria contribui com o desenvol-vimento da inovação?

Todo negócio inovador, que se diferencia de outro tradicional, é, em princípio, mais in-teressante. As empresas inovadoras têm uma chance maior de retorno, normalmente. Então, a indústria de PE/VC, por natureza, direciona seus investimentos para negócios inovadores. Dentro da ABVCAP, especificamente, criamos o Comitê de Empreendedorismo, Inovação e Ca-pital Semente para observar empresas inova-doras de tecnologia, que, na maioria das vezes, são empreendimentos menores, nascentes, sem recursos. Esse comitê procura fazer com que a indústria de PE/VC invista nesses em-preendimentos, muitas vezes incubados. E tem trabalhado, também, com gestores e investido-res, mostrando para eles a importância da ca-deia de inovação. Não adianta termos apenas empresas grandes. A empresa grande tem que comprar de uma empresa média. A média, da pequena. O grande empreendimento quer que o pequeno inove para que possa agregar valor ao seu serviço.

Um estudo realizado pelo World Economic Fo-rum em 2008, revelou que empresas investidas pela indústria de PE/VC conseguem melhorar seus processos de inovação. A que se deve isso?

É simples. Uma empresa apoiada por Ven-ture Capital, por ser menor, precisa ter produ-tos e processos diferenciados. Quando o inves-tidor avalia esse tipo de empresa, definindo o volume de dinheiro necessário para a indus-trialização e comercialização, já estima quanto deve ser alocado em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento. É lógico que aí há um risco maior. Várias inovações não dão certo. Então, o investidor, olhando um negócio consolidado, pode ter um risco menor. Mas olhando um ne-gócio menor, na área de Venture e Seed Mo-ney, pode ter um risco maior, mas um retorno também maior.

ENTREVISTA > Clovis Meurer

“A INDÚSTRIA DE PE/VC OFERECE UM

CAPITAL DIRECIONADO A INVESTIMENTOS

NA ECONOMIA REAL, QUE GERA RENDA

E EMPREGOS. NÃO É UM INVESTIMENTO

MERAMENTE ESPECULATIVO”

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Sobre essa questão do risco, existem muitas pes-soas que criti cam a tradução do termo Venture Capital por Capital de Risco. Para muitas, o termo correto seria algo como Capital Empreendedor. Qual sua opinião sobre isso?

A própria ABVCAP no início se chamava Associação Brasileira de Capital de Risco. Essa tradução não é bem certa. É que o “Venture” dava ideia de aventura, de arriscar. Mas a tra-dução mais apropriada é a de Capital Empre-endedor. Risco há em tudo. Nos negócios não é muito apropriado dizer que é um Capital de Risco porque se poderia pensar nisso como uma maneira de perder dinheiro. Trata-se, por-tanto, de um Capital Empreendedor, para mos-trar que alguém está empreendendo um negó-cio, que pode dar certo, mas tem seus riscos.

Como está esse segmento de Seed Money no Brasil?

Temos vários fundos, alguns apoiados pela Financiadora de Estudos e Projetos do Ministé-rio da Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep), outros pelo Banco Nacional de Desenvolvimen-to Econômico e Social (BNDES), além de gesto-res especializados nessa área. Eu entendo que é uma área para maior atuação de órgãos go-vernamentais. Isso porque a probabilidade de sucesso no Seed Money é grande, assim como é grande a possibilidade de que esses negócios não avancem, por serem muito embrionários, em fase de pesquisa. Não são empresas, mas sim ideias, muito ligadas a universidade e insti-tutos de pesquisa, que normalmente têm apoio governamental.

No ano passado a ABVCAP passou a fazer parte do Conselho Consulti vo da Anprotec. Quais são os objeti vos dessa aproximação?

Nós investimos em empresas incubadas. Então, temos interesses comuns. Ambos quere-mos investir no mundo empresarial brasileiro. A Anprotec defendendo o desenvolvimento de incubadoras, parques tecnológicos e empreen-dimentos inovadores, e a ABVCAP investindo

em empresas com potencial de sucesso. Nesse sentido, entendo que a participação da ABVCAP no Conselho Consultivo da Anprotec é extre-mamente importante. É uma maneira de unir os interesses e culturas de ambas as associações.

Agora que o senhor é presidente da ABVCAP, além de dar conti nuidade ao que já vinha sen-do feito, quais serão suas principais metas?

Temos uma preocupação de cumprir os convênios que temos, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e do Fundo Multilateral de Investimen-tos (Fumin), que possuem o objetivo de divul-gar a indústria no país e no exterior. Temos também a preocupação de descentralizar a in-dústria de PE/VC do eixo Rio-São Paulo. Que-remos, além disso, promover a integração dos grandes fundos e investidores com os médios e pequenos nacionais e internacionais. E bus-car, junto a autoridades do governo, regras e normas para que a indústria possa trabalhar de uma maneira competitiva.

Meurer: ABVCAP e Anprotec possuem interesses em comum

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ENTREVISTA > Clovis Meurer

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O primeiro evento do projeto Mobilização para Elevação do Grau de Inovação nas micro e pequenas empresas industriais (MPEs) aconteceu, em Manaus (AM), no fi nal de janeiro. A ini-ciativa está sendo promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Com o objetivo de desenvolver e incentivar a inovação em MPEs industriais do Amazonas, o projeto pretende dar suporte aos empresários na elaboração de planos de inovação e na submissão desses projetos a órgãos de fomento à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. O foco são empreendimentos dos segmentos de cons-trução civil, madeira e móveis, construção naval, fi tocosméticos, fi tofármacos, metal-mecânica, panifi cação, confecção e gás e pe-tróleo.

Durante o evento, o coordenador do projeto, José Nabir de Oliveira, anunciou que a expectativa é que 300 empresas sejam sensibilizadas pela iniciativa e que 120 sejam capacitadas. Nos empreendimentos que participarem das capacitações serão reali-zados diagnósticos e os empresários terão auxilio na implantação dos planos. A meta é que 60 empresas coloquem em prática proje-tos de inovação até 2013.

NORTE E CENTRO-OESTE

EM MOVIMENTO

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Projeto incentiva inovação em MPEs

industriais do Amazonas

O segundo vice-presidente da FIEAM, Américo Esteves, no lançamento do projeto

O Centro de Apoio ao Desenvolvimen-to Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB) expandiu a oferta das disciplinas de graduação e de pós-graduação voltadas ao empreendedorismo e à inovação. As aulas antes ocorriam apenas no campus Darcy Ri-beiro, em Brasília (DF) e passaram a ser ofer-tadas também nos campi Ceilância, Gama e Planaltina. As disciplinas são oferecidas por meio da Escola de Empreendedores (Empre-end), em parceria com o Sebrae, e têm cerca de 400 alunos matriculados por semestre.

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, de Belém do Pará, está capacitando profi ssio-nais em auditoria interna através do progra-ma “Sistema de Qualidade nos Laboratórios do PCT Guamá”. O curso formará os primei-ros auditores internos que, a partir da norma ISO/IEC 9011, poderão iniciar o processo de certifi cação prévia dos laboratórios instala-dos no Parque ou em fase de implantação.

O último módulo do programa deve acon-tecer em abril e terá como tema “Auditor Lí-der em Sistema de Gestão de Qualidade”. O curso teve início em dezembro de 2011 e é promovido pela Fundação Guamá.

Parque de Belém do Pará realiza capacitação em auditoria interna

Auditores atuarão na certi fi cação dos laboratórios instalados ou em fase de implantação no Parque

CDT/UnB amplia oferta de disciplinas de empreendedorismo

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EM MOVIMENTO

SUL

Incubadora Midi Tecnológico recebe aporte do CNPq para expansão

O Conselho Nacional de Desen-volvimento Científi co e Tecnológico (CNPq) aprovou a liberação de re-cursos para a ampliação da infra-estrutura do Midi Tecnológico, de Florianópolis (SC). O aporte será uti-lizado para viabilizar o novo espaço da incubadora no Floripa Tec Park,

que está sendo construído na capital pela Associação Catarinense de Em-presas de Tecnologia (Acate).

O novo espaço do Midi Tecnoló-gico ocupará 1,5 mil metros quadra-dos da área total de 14 mil metros quadrados do parque. Os recursos do CNPq possibilitarão a estrutura-

ção das 15 salas de empresas resi-dentes, da área administrativa, da bi-blioteca e das salas de reunião, além da aquisição de equipamentos.

Com o aporte também será cons-truído na incubadora um laboratório mecânico/eletroeletrônico, que dis-ponibilizará aos empreendedores es-tação de solda, fonte de tensão, mul-tímetro digital, microscópio, dentre outros equipamentos. O espaço pode-rá ser utilizado pelas empresas incu-badas para a realização de pequenos reparos ou para a produção esporádi-ca de dispositivos ou protótipos.

Hoje, o Midi Tecnológico ocupa uma área de 1 mil metros quadra-dos e tem capacidade para atender 14 empresas na modalidade de in-cubação residente. A previsão é que a mudança para o Floripa Tec Park aconteça em dezembro de 2013. A in-cubadora ainda não divulgou o mon-tante do aporte que irá receber, pois a verba está em fase de liberação.

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Recursos serão uti lizados para estruturar nova sede da incubadora no Floripa Tec Park

O grupo sul-coreano Hyundai anunciou, em fevereiro, que cons-truirá uma fábrica de elevadores no município de São Leopoldo (RS). O local onde será instalada ainda não foi defi nido, mas o Tecnosinos abri-gará o Centro de Pesquisa, Desen-volvimento e Inovação e o escritório de operações e representação de relacionamento com o Estado do Rio Grande do Sul.

Os equipamentos fabricados pela

Hyundai na Coreia do Sul têm espe-cifi cidades que atendem às neces-sidades do país asiático, como a de suportar o frio extremo do inverno coreano. No Centro, serão elabora-das pesquisas para adaptar os eleva-dores à realidade latino-americana. Serão necessários, principalmente, profi ssionais das áreas de Engenha-ria Mecânica, Eletroeletrônica, Auto-mação e Tecnologia da Informação. A previsão é de que a fábrica de

elevadores entre em operação até o início de 2013.

Hyundai terá centro de pesquisa no Tecnosinos

O governo do Rio Grande do Sul e a Hyundai fi rmaram protocolo de intenções em fevereiro

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A Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH – USP Leste) inaugurou sua incubadora social e tecnológica no dia 3 de fevereiro. A instituição dispõe de 16 salas para

empresas e tem como objetivo dar suporte a projetos de inovação tec-nológica que benefi ciem, prioritaria-mente, a população da zona leste da cidade de São Paulo.

A incubadora é a primeira do Sistema Paulista de Parques Tecno-lógicos (SPTec) com caráter social. Ela atenderá empreendimentos das áreas de computação, alta tecnolo-gia, têxtil, saúde, entretenimento e serviços públicos.

Atualmente, a incubadora conta com o apoio de R$ 515.833,58 da USP Leste e de R$ 663.552,00 da Secretaria de Desenvolvimento Eco-nômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo.

Na primeira fase, seis projetos contarão com a infraestrutura da incubadora, além de apoio técnico e administrativo. No segundo semes-tre deste ano, a previsão é que mais oito empresas recebam suporte.

USP Leste inaugura incubadora social e tecnológica

O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, lançou o edital de licitação para obras no Par-que Tecnológico de Ribeirão Preto no dia 15 de fevereiro. O total de in-vestimentos previstos é de R$ 13,3 milhões, sendo R$ 11,2 milhões provenientes do governo do Estado (através da Secretaria de Desenvol-vimento Econômico, Ciência e Tec-nologia e da Universidade de São Paulo), R$ 1,8 milhão da prefeitura de Ribeirão Preto (para infraestrutu-ra de acesso, água, esgoto e outros serviços públicos) e R$ 300 mil do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para o projeto executivo.

Está prevista a construção de dois blocos de edifícios, corresponden-tes ao Centro de Desenvolvimento e Inovação Aplicada em Equipamentos Médico-Hospitalares e Odontológicos (Cedina) e à Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Supera).

O foco do Parque será o de-senvolvimento de equipamentos médico-hospitalares, soluções em biotecnologia, fármacos, cosméticos, bioenergia e tecnologia da informa-ção e comunicação (TIC). O empre-endimento será instalado em um ter-reno de 300 mil metros quadrados dentro do campus da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.

Governo de SP lança edital de obras do Parque Tecnológico de Ribeirão Preto

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A incubadora é a primeira do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos com caráter social

EM MOVIMENTO

SUDESTE

A Incubadora e Laboratório de Ideias Incubaseg, lançada em 2011, em São Paulo (SP), selecionou os primeiros projetos que passarão a contar com seu apoio. A instituição é pioneira no incentivo à inovação no mercado de seguros brasileiro e tem como mantenedoras empresas segu-radoras como Bradesco, Porto Segu-ro, Metlife, RSA Seguros e Liberty.

Dos 14 projetos selecionados, 50% são de São Paulo, 21% do Rio de Janeiro e os demais da Bahia, de Goiás, do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul.

Incubadora de Negócios de Seguros seleciona

projetos para incentivo à inovação

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SUDESTE

Supera Educa vence prêmio de empreendedorismo sustentável

O projeto educacional Supera Educa – desenvolvido pela Supera (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Ribeirão Preto) – ganhou o 5° Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável na categoria Empreendedorismo Edu-cacional. A premiação aconteceu no dia 8 de fevereiro, em Curitiba (PR).

O Supera Educa começou a ser desenvolvido em abril de 2011 em escolas de ensino fundamental, mé-dio e superior de Ribeirão Preto (SP). Inspirado no conceito “sem muros, sem professor”, que é adotado pela Escola da Ponte, de Portugal, o pro-jeto consiste na realização de encon-tros quinzenais com foco em temas de interesse dos jovens participan-tes, além de um concurso de planos

de negócios. O objetivo é promover o ensino do espírito empreendedor e inovador nas escolas, envolvendo a realidade social dos alunos e tor-nando-os capazes de desenvolver e trabalhar com equipes.

As atividades foram realizadas de abril a setembro de 2011, com 120 estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista do muni-cípio. Nesse período, eles participa-ram dos encontros e, divididos em grupos de até cinco pessoas, elabo-raram e apresentaram seus planos de negócio. A avaliação dos projetos foi realizada pela Supera, que anali-sou, principalmente, aspectos como viabilidade do negócio e potencial de mercado.

Ao todo, foram recebidos 25 planos de negócios, dos quais dez foram classifi cados para a fase se-guinte do projeto: uma “sabatina” realizada pela equipe de profi ssio-nais do colégio. Nessa fase, foram selecionados os quatro projetos que mais se destacaram. O Supera Educa deve ter continuidade neste ano com a criação de uma mini-incubadora, também chamada de incubadora mirim, que terá espaço para as em-presas.

O prêmio Ozires Silva de Em-preendedorismo Sustentável é uma iniciativa do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE/FGV) e do Grupo Paranaense de Co-municação – GRPCOM. A premiação conta com o apoio da Anprotec.

EM MOVIMENTO

O Parque Tecnológico de Sorocaba (SP) sedia-rá, entre os dias 4 e 6 de junho, a Conferência In-ternacional de Inovação em Parques Tecnológicos. A ocasião também marca a entrada em operação do empreendimento. Será inaugurado o núcleo do parque, estrutura que possui cerca de 11 mil metros quadrados de área e contará com labora-tórios e centros de PD&I, além de uma incubadora de empresas de base tecnológica.

No total, o parque terá 20 mil metros quadra-dos. De acordo com informações da assessoria de imprensa da prefeitura de Sorocaba, até o mo-mento, dez universidades e instituições de ensino superior e técnico foram convidadas e manifesta-ram interesse em instalar laboratórios de pesqui-sas no Parque, como PUC-SP, UFSCar-Sorocaba e Unesp, dentre outras.

Sorocaba sediará conferência internacional de inovação em parques

Prédio do núcleo do parque será inaugurado durante o evento

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A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) premiou, no último mês de fevereiro, os vence-dores da quarta edição do “Concurso Ideias Inovadoras”. A competição de propostas de produtos, processos, métodos ou sistemas inovadores com potencial de mercado premiou os candidatos em quatro categorias: graduandos e pós-graduandos lato sensu, pós-graduandos stricto sensu, pesquisadores e inventores indepen-dentes.

Dos 86 projetos recebidos, ape-nas 30 foram classifi cados como fi nalistas. Os vencedores receberam cheques no valor de R$ 8 mil. Já os

que fi caram em segundo e terceiro, ganharam R$ 5 mil e R$ 3 mil, res-pectivamente.

Em primeiro lugar na catego-ria Inventor Independente fi cou o projeto Reciclagem de Embalagens Plásticas de Óleo Lubrifi cante”, de Sebastião de Mattos. Já na de Gradu-andos e Pós-Graduandos Lato Sensu o projeto Motus – Órtese Dinâmica, do estudante Daniel Thadeu Torres Fernandes Veiga, da Universidade Salvador (Unifacs), foi o vencedor.

Com um projeto sobre fi lmes fl e-xíveis biodegradáveis, o estudante Márcio Inomata Campos, da Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA), fi cou em primeiro lugar na catego-ria Pós-Graduandos Scricto Sensu. Por fi m, George Andrade Sobré, da Comissão Executiva do Plano da La-voura Cacaueira (Ceplac), venceu na categoria Pesquisador, com o traba-lho Fertilizante Potássico Extraído da Casca do Fruto do Cacaueiro.

Mais informações sobre os proje-tos vencedores podem ser obtidas no site da Fapesb: www.fapesb.ba.gov.br.

EM MOVIMENTO

Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia premia ideias inovadoras

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NORDESTE

Estudantes e inventores foram premiados em quatro categorias

A empresa Fotosensores Tecnolo-gia Eletrônica, graduada do Parque de Desenvolvimento Tecnológico (Padetec), da Universidade Federal do Ceará (UFC), inaugurou em fe-vereiro um Centro de Pesquisa, De-senvolvimento e Inovação no Parque

Tecnológico de São José dos Cam-pos. A empresa, que desenvolve tec-nologias aplicadas aos sistemas de monitoramento de trânsito, utilizará o centro para o desenvolvimento de pesquisas em áreas como mobilida-de urbana.

Empresa graduada em Parque do Ceará inauguracentro de pesquisa em São Paulo

A Secretaria de Estado da Ciência, de Tecnologia e da Inovação do Ala-goas (Secti) começou a realizar reu-niões para a elaboração do plano de CT&I do estado. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), orga-nização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, já apresentou a proposta técnica inicial do projeto fundamen-tada em eixos estratégicos.

A programação para a elabora-ção de plano está dividida em cinco módulos, que envolvem a construção da metodologia e do Plano de Tra-balho, a realização de entrevistas e da análise situacional, a promoção de workshops para a construção da agenda estratégica de CT&I e o de-senvolvimento e validação da propos-ta do plano. A expectativa da Secreta-ria é de que o plano seja apresentado até o fi nal de 2012.

Governo do Alagoas defi ne elaboração de plano de CT&I

A expectati va é de que o plano seja apresentado até o fi nal deste ano

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EM MOVIMENTO

A Financiadora de Estudos e Pro-jetos, (Finep) do Ministério da Ciên-cia, Tecnologia e Inovação, prevê para este ano a operação de R$ 6 bilhões em recursos reembolsáveis para empresas. O número represen-ta um aumento de 62,5% em relação aos recursos aplicados em 2011, que foram de R$ 3,65 bilhões. O aporte faz parte do Programa de Sustenta-ção do Investimento (PSI) e se des-tinam a operações de crédito, com juros subsidiados, para empresas que atuam em setores estratégicos como saúde, tecnologia da informação e co-municação (TIC), defesa e aeroespa-cial, petróleo e gás, sustentabilidade, energia e desenvolvimento social.

No ano passado, a Finep recebeu

demanda de cerca de R$ 9 bilhões por empresas inovadoras que apre-sentaram projetos nesses setores. Ao todo, em 2011, foram apresentados 326 projetos, dos quais,165 foram contratados.

A Finep espera que, com a expan-são dos recursos neste ano, a de-manda restante seja atendida. A Fi-nanciadora também criou um grupo de trabalho para identificar gargalos e obstáculos, repensar estruturas e agilizar a tramitação dos processos internos. A meta é reduzir em 80% o tempo médio de análise e aprovação dos projetos reembolsáveis. A Finan-ciadora conseguiu, em 2011, reduzir os prazos de análise em 58%. Eles passaram de 249 dias para 102 dias.

NACIONAL

Finep deve oferecer R$ 6 bilhões em 2012

Os 1,8 milhões de pesquisadores do país que possuem currículos na Plataforma Lattes, mantida pelo Con-selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ago-ra terão que informar dados relacio-nados à inovação e à divulgação de

suas pesquisas. A intenção do CNPq é aumentar o co-nhecimento da sociedade sobre as atividades cientí-ficas que ocorrem no país.

As mudanças na plata-forma devem ocorrer até maio. O modelo e a funcio-nalidade das abas dos cur-rículos já estão formatados e respeitarão as regras de

transparência de informações pú-blicas. As novas informações serão avaliadas pelos 48 comitês do CNPq quando eles forem analisar projetos de pesquisas e conceder bolsas a es-tudantes e a professores.

CNPq muda plataforma Lattes para valorizarinovação e divulgação científica

O Ministério da Ciência, Tecnolo-gia e Inovação (MCTI) perdeu, nes-te ano, 22% dos valores previstos originalmente na Lei Orçamentária Anual, ou seja, R$ 1,48 bilhão dos R$ 6,7 bilhões previstos.

A redução ocorreu após a deci-são do governo federal de bloquear gastos de R$ 55 bilhões no orça-mento de 2012. No ano passado, o Ministério também havia sofri-do cortes pelo mesmo motivo. Em 2011, do total de R$ 6,4 bilhões previstos, a pasta perdeu R$ 1 bi-lhão.

MCTI sofre corte de 22% em seu orçamento

em 2012

Uma portaria publicada no dia 14 de fevereiro, assinada pelo Mi-nistro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, instituiu o Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotec-nologia (CBC-Nano).

O Centro será uma rede co-operativa de pesquisa e desen-volvimento e terá, dentre outras funções, o papel de coordenar as atividades envolvendo os dois paí-ses em áreas de nanotecnologia. Ele também será responsável por coor-denar programas de mobilização de empresas instaladas no Brasil para possíveis desenvolvimentos na área de nanomateriais.

Brasil e China terão centro conjunto de

nanotecnologia

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ANPROTEC

Entre janeiro e março o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-cro e Pequenas Empresas) realizou reuniões locais em várias cidade do Brasil para esclarecer dúvidas de ges-tores de incubadoras a respeito do processo de inscrição e seleção do

edital Cerne. Lançado em novembro de 2011, o edital destinará R$ 28,2 milhões para a implementação da metodologia Cerne nas incubadoras.

Os projetos das incubadoras fo-ram apresentados até 16 de março. Foram recebidas propostas para a

modalidade 1, destinada a incubado-ras mais estruturadas, e para a mo-dalidade 2, que previa o apadrinha-mento de incubadoras menores. A divulgação dos resultados acontecerá até 13 de abril e os convênios devem ser assinados até junho.

Sebrae esclarece dúvidas de gestores a respeito do edital Cerne

EM MOVIMENTO

A fi m de facilitar a aproximação de empreendedores inovadores e potenciais investidores, a Anprotec se tornou parceira da Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Fi-nep) na organização dos Seed Foruns – programas de capacitação empre-sarial realizados por meio de even-tos, nos quais os participantes têm a oportunidade de apresentar suas em-presas para potenciais investidores.

Durante esses encontros, os em-presários selecionados passam por um processo de capacitação com a

equipe da área investimentos da Finep e são orientados sobre os aspectos es-tratégicos de seu negócio. O objetivo é disseminar e desenvolver a metodo-logia dos Seed Foruns, para que esses eventos também possam ser realiza-dos por instituições parceiras.

“Desde 2007, a Finep realiza o Seed Forum, e, em 2011, a Finan-ciadora começou a apostar em um modelo de parceria com a Anprotec, que consiste em aproveitar as re-des locais de incubadoras para que se transformem em uma espécie de replicadoras desse conteúdo. A ideia é que essas redes locais repassem o conhecimento do Seed Forum para as mais diversas regiões do país”, ex-plica José Alberto Sampaio Aranha, que integra o Grupo Estendido de Dirigentes da Anprotec.

A décima edição do Seed Forum, realizada em junho de 2011 no pré-dio da BM&FBOVESPA, em São Pau-lo, é um exemplo de sucesso. Na oca-sião, 15 empreendedores da região metropolitana de São Paulo e do Centro de Inovação, Empreendedo-

rismo e Tecnologia (Cietec) apresen-taram o plano de negócios de seus empreendimentos a uma plateia de investidores anjo.

O 11º Seed Forum Finep, que ocorreu em outubro passado, foi re-alizado pela Anprotec, pelo Institu-to Educacional BM&FBovespa, pela Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro – Redetec e pela Gávea Angels, com o apoio do BID/Fumin.

Próximas ediçõesNeste ano, a parceria entre An-

protec e Finep prevê a realização do 12º Seed Forum, que ocorrerá no dia 17 de maio, em Porto Alegre (RS). O evento terá o apoio de diversos associados da Anprotec, tais como Tecnopuc-RS, UFRGS/CEI e Reginp.

Para participar do 12º Seed Fo-rum, a empresa deve estar em está-gio pré-operacional ou operacional, registrar um faturamento de até R$ 16 milhões/ano, ter a inovação como elemento de diferenciação em seu mercado e possuir sede no Rio Grande do Sul.

Anprotec fi rma parceria com a Finep para ampliar atuação no Seed Forum

Aranha, do Gênesis: incubadoras devem replicar conhecimento sobre Seed Capital

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O prazo para envio de trabalhos para o XXII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubado-ras de Empresas começa no próximo dia 20 de abril. O evento – promo-vido pela Anprotec e pelo Sebrae - acontecerá entre 17 e 21 de setem-bro deste ano em Foz do Iguaçu (PR). Organizado pelo Parque Tecnológico Itaipu, terá como tema “Parques Tec-nológicos e Incubadoras de Empre-sas: Revelando e Integrando Novas Rotas de Desenvolvimento”.

O prazo para envio online de resu-mos de artigos, pôsteres ou cases de boas práticas segue até 10 de maio. Os autores que tiverem suas propos-tas selecionadas serão comunicados no início de junho, para que enviem os trabalhos completos até 10 de julho. Para a submissão de artigos, é obriga-tória a pré-inscrição no Seminário.

Serão selecionados até 30 artigos completos, 60 em forma de pôster e 20 boas práticas de empresa. O Co-mitê Científi co do evento avaliará os trabalhos a partir de critérios como clareza dos objetivos propostos, con-tribuição para o conhecimento e/ou resolução de problemas práticas, qualidade geral do texto, dentre ou-tros. Os autores dos melhores traba-lhos serão premiados com certifi ca-dos e créditos em cursos e eventos da Anprotec.

Os artigos completos podem ter até três autores e devem se enqua-drar em uma das quatro plataformas estratégicas para a promoção do em-preendedorismo inovador através das quais a Anprotec atua: promoção da cultura do empreendedorismo inovador; Incubação de empresas orientadas para o desenvolvimento

local e setorial; Incubação de empre-sas orientadas para a geração e uso intenso de tecnologias e Habitats de inovação sustentáveis/parques cien-tífi cos, tecnológicos e de desenvolvi-mento regional.

Os pôsteres, que são artigos curtos, deverão retratar as práticas e experi-ências inovadoras das incubadoras de empresas e parques tecnológicos brasileiros. Já as boas práticas podem ser submetidas somente por empreen-dedores vinculados às incubadoras ou aos parques tecnológicos associados à Anprotec e deverão narrar experiên-cias e soluções criativas adotadas para resolução de problemas da empresa e seus respectivos resultados.

As regras sobre formatação, estrutura e limites mínimo e máximo de caracteres de cada categoria de trabalho estão de-talhadas no regulamento da cha-mada, disponível no link: http://www.anprotec.org.br/publicacao.php?idpublicacao=2341

Anprotec abre chamada de trabalhos para o Seminário Nacional

Arti gos poderão ser entregues até 10 de maio

ANPROTEC

EM MOVIMENTO

_AGENDA

> 20 de abril: Abertura da chamada> 10 de maio: Prazo fi nal para envio online dos trabalhos> 10 de julho: Prazo fi nal para envio dos trabalhos completos> 17 a 21 de setembro: Apre-sentação dos trabalhos, no Seminário Nacional

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Fundos de investimento podem fi gurar entre as fontes de fi nanciamento de parques tecnológicos, facilitando sua

implantação. Comunicação com o mercado é fundamental

Parceiros potenciais

HABITATS

Entre as fontes de fi nanciamento de par-ques tecnológicos no Brasil, recursos pro-venientes de fundos de investimento ainda estão longe de ocupar posição de destaque. No país, foram principalmente verbas pú-blicas que possibilitaram a criação e de-senvolvimento desses ambientes de ino-vação. Mas existe espaço para que fundos de investimento desempenhem o papel de fi nanciadores de parques? De acordo com especialistas, sim.

Porém, o caminho é complexo e exigirá estudos e mudanças. Diretor do Parque Tec-nológico da Universidade do Vale do Paraíba

(Univap), Luiz Antônio Gargione desenvol-veu, em sua tese de doutorado em Enge-nharia de Produção, na Universidade de São Paulo (USP), uma estrutura de fi nanciamento de parques utilizando fundos de investimen-to. “Percebi que os fundos, de certa forma, já estão associados aos parques tecnológicos quando fi nanciam as empresas instaladas nesses ambientes. Já há uma sinergia. Então, procurei ver como esses fundos podem, na verdade, se tornar agentes de fi nanciamento dos parques em si”, explica ele, que apresen-tou o trabalho em 2011.

Ainda não existem no Brasil, segundo

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HABITATS

Gargione: Ainda não se conseguiu, de uma forma práti ca, aproximar fundos de investi mento ao contexto dos parques

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Gargione, iniciativas que utilizem esse tipo de estratégia de maneira explícita, algo que é comum, principalmente, nos Estados Uni-dos. “Das experiências que analisei e nos es-tudos que fi z de várias iniciativas, a grande maioria busca recursos na esfera do gover-no, seja federal, estadual ou municipal. Exis-tem empreendimentos buscando recursos, também, nas suas instituições originadoras ou nas empresas que vão se instalar no par-que”, afi rma.

Para Gargione, a causa disso, no entanto, não está em uma falta de conscientização dos gestores dos ambientes de inovação. “Na minha opinião, a grande maioria dos gestores tem a visão de que a busca por esse tipo de recursos é um caminho neces-sário. Os fundos de investimento estão se tornando cada vez mais importante no ce-nário do país. Mas ainda não se conseguiu, de uma forma prática, inseri-los no contex-to dos parques. Talvez porque seja um ca-minho realmente árido”.

Modelo propostoEm sua tese, Gargione elaborou uma es-

trutura de fi nanciamento nos moldes de um project fi nance com o uso de Fundos de In-vestimento em Participações (FIP) – também conhecido como Private Equity – e Fundos de Investimento Imobiliário (FII) como fon-tes de recursos para o parque tecnológico.

No modelo project fi nance – que ge-ralmente é utilizado em grandes obras de infraestrutura – os credores decidem fi nan-ciar o empreendimento com base na capa-cidade que ele tem de gerar os recursos fi nanceiros necessários que garantam o pa-gamento e a remuneração de seus capitais. Ou seja, ao contrário do que ocorre em um fi nanciamento comum, o credor não leva em conta as garantias oferecidas, e sim a capacidade de geração de caixa.

Em geral, no project fi nance, o projeto também é isolado em uma entidade jurídica segregada – uma Sociedade de Propósito

Específi co (SPE) – e os investidores não con-tam com o fl uxo de caixa de outros empre-endimentos dos acionistas. “Esse modelo, com recursos privados, seria bom para as próprias empresas do parque tecnológico. Imaginemos a seguinte situação: uma em-presa pretende investir R$ 300 milhões em um parque ou em um centro de pesquisa. Talvez seja mais interessante para essa em-presa, em vez de mobilizar na construção de prédios o capital que poderia ser utiliza-do para pesquisa e desenvolvimento, atrair o investimento dos fundos, que poderiam disponibilizar recursos para a implantação e serem remunerados por isso”, explica o pesquisador.

Esse modelo está em implantação no Parque Tecnológico da Univap há cerca de dois anos. “Geralmente, a implantação de uma estrutura como essas demora cerca de cinco anos. O parque da Univap é gerido por uma fundação privada, que não é ori-ginalmente voltada para parques tecnológi-cos. Então, fi zemos uma revisão no estatuto para permitir o investimento em sociedades de propósito específi co e a participação em fundos de investimento. O próximo passo é ter uma estrutura mais profi ssional para atrair recursos”, explica Gargione.

Nos próximos anos, Gargione pretende ampliar sua pesquisa realizando estudos mais aprofundados sobre como o modelo pode ser aplicado em parcerias público-privadas. Ele também planeja desenvolver uma mo-delagem matemática da estrutura de fi nan-ciamento. “É um estudo muito complexo”, afi rma.

Geração de receitasModelos de negócio para parques tec-

nológicos são foco do doutorado da pesqui-sadora Aline Figlioli, também da USP, que vê nos fundos de investimento um caminho possível para o fi nanciamento dos ambien-tes de inovação. Mas, para ela, ainda são necessárias muitas mudanças. “De forma

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geral, nenhum parque foi criado sem fi nan-ciamento público. O recurso governamen-tal serve até como algo inercial. Ele dá um empurrão e gera todo o investimento poste-rior. Mas, a partir daí, o parque não tem que fi car necessariamente vinculado a recursos públicos. Tem que gerar receita a partir de suas próprias atividades e pode ter muito sucesso se tiver um bom modelo de negó-cios: o que ele vai oferecer para o cliente, como ela vai ter as receitas, quais são essas receitas? Um fundo de investimento se inte-ressaria nisso”, afi rma.

Um dos problemas, de acordo com Aline, é o fato de as iniciativas de parques não pre-verem, desde o início, a busca por recursos privados. “Muitos parques começam de for-ma voluntariada. Alguém em uma universi-dade vê a possibilidade de criar um parque em determinada área. Aí entra a prefeitura e outros órgãos porque podem promover infraestrutura. O parque se desenvolve mais como um instrumento de desenvolvimento regional e o investimento privado é pensado só muito adiante. O problema é que o fun-do, na verdade, está pensando no negócio. E muitas vezes o negócio do parque não está estruturado de forma que ele obtenha receitas de forma clara”, avalia. Além disso, a pesquisadora acredita que ainda é neces-sária uma divulgação maior do que são os parques tecnológicos. “O movimento de parques no Brasil é recente. Até hoje, pouca gente sabe o que é um parque tecnológico e ainda existe uma desconfi ança dos próprios capitalistas do que seja isso”.

Essa mesma ideia é partilhada pelo inte-grante do conselho deliberativo da Associa-ção Brasileia de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP) e membro do conselho consultivo da Anprotec, Sidney Chameh. “O conceito de parque tecnológico faz todo o sentido na busca por alavancar o desenvol-vimento das empresas. Mas para saber se ele em si seria um ativo interessante, seria necessário mais conhecimento e mais aná-

lise sobre esses ambientes pelos investido-res”, avalia. “Os fundos de investimento se interessam por empresas que podem ter uma grande velocidade de crescimento e os parques, para serem atrativos, teriam que ter essa mesma característica”, explica.

GovernançaPara que haja uma união entre parques

tecnológicos e fundos de investimento, ou-tra questão que deve ser trabalhada é a da governança. “Uma vez que você planeja um negócio, ele precisa ter uma estrutura de governança que possibilite a participação dos proprietários nessa estrutura. Se o par-que tem uma estrutura extremamente en-gessada e sem a participação privada, fi ca complicado para um fundo de investimento avaliar aquele empreendimento como de baixo risco”, afi rma Aline Figlioli.

De acordo com Luiz Antônio Gargione, a utilização de recursos de fundos de in-vestimento exige que o parque desenvolva estruturas de governança mais sofi sticadas, o que pode contribuir para o sucesso do empreendimento. “O parque terá que es-tabelecer comitês e passar por auditorias externas, por exemplo. Com um modelo de governança mais profi ssional, aumenta a chance de sucesso do empreendimento. Os processos de decisão adotam critérios mais padronizados. Isso gera benefícios para o lado social e fi nanceiro. O parque fi ca me-nos politizado”, afi rma.

Para os especialistas, o cenário parece promissor. “Tal qual aconteceu com o Bra-sil, que se tornou um país muito interessan-te em termos de atração de investimento, os parques vão se apresentar como em-preendimentos bastante atraentes”, afi rma Gargione. Ele acredita que a crescente iden-tifi cação dos parques como promotores de empresas inovadoras, reconhecidas por re-munerarem mais o capital dos investidores, atrairão, gradualmente, a atenção de poten-ciais fi nanciadores.

Chameh, da ABVCAP: para serem atrati vos,

parques precisam apresentar potencial

de crescimento

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A Unicamp desponta como uma das principais instituições fomentadoras da inovação no Brasil. Em 2011, alcançou o maior recorde de arrecadação de royalties de sua história

Vanguarda da inovação

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sempre foi uma das instituições pioneiras no desenvolvimento de iniciativas de estímulo à inovação. Um ano antes da Lei de Inovação, de 2004, determinar a criação de núcleos de inovação tecnológica (NITs) nas instituições de ciência e tecnologia (ICT), a universidade já havia criado a Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp). Os resultados desses quase dez anos de atuação trouxeram um novo recorde para a agência no ano passado: em 2011 foram recebidos R$ 724 mil de royalties em função de licen-ciamento de tecnologias. Em 2010, esse nú-mero havia sido de R$ 191 mil.

Dados obtidos pelo jornal Folha de São

Paulo em um relatório da Thomson Reuters, divulgados em março deste ano, também revelam que a Unicamp está em segundo lugar no país em relação ao número de pa-tentes deferidas e pedidos de patentes entre 2001 e 2010, com 395 invenções listadas. A instituição só fi ca atrás da Petrobras, que possui 415 registros. A Universidade de São Paulo (USP), outra ICT brasileira de re-ferência, fi cou em terceiro lugar, com 235.

Além disso, o número de comunicações de invenções por pesquisadores da Unicamp aumentou 54% no ano de 2011, passando de 61, em 2010, para 94. Esses dados re-fl etem o trabalho de planejamento desenvol-vido pela Agência. Um dos motivos para o

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Patricia e Lotufo, da Inova Unicamp: Agência aproxima

pesquisadores e empresas

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aumento das comunicações foi a disponibiliza-ção, em 2011, de um novo Sistema de Comu-nicação de Invenção Online.

A ferramenta facilitou a comunicação en-tre pesquisadores da universidade e a Agên-cia. “Antes da instituição do formulário onli-ne, os docentes e pesquisadores tinham que preencher questionários em três etapas. No site da Inova, eles baixavam os formulários em formato .doc e, em seguida, enviavam para a equipe de propriedade intelectual da Agência via e-mail”, descreve Patricia Maga-lhães de Toledo, diretora de Propriedade In-telectual e Transferência de Tecnologias da Inova Unicamp.

Com o novo sistema, o processo é feito em uma única etapa e os pesquisadores podem en-viar dados sem a necessidade de fazer o downlo-ad dos arquivos. A ferramenta também permite que o formulário seja preenchido parcialmente, para depois ser completado e enviado.

Outro número que obteve um aumento em 2011 foi o de contratos de licenciamento de tecnologia, que passou de sete, em 2010, para 10. A Agência, no entanto, ainda preten-de aumentar esse índice e adota uma postura proativa na busca por empresas que possam se interessar pelas tecnologias patenteadas. “A Agência mantém relacionamento com empre-sas da região de Campinas e de outras cidades e estados. Dessa maneira, são feitas análises dos perfi s das empresas que possam se inte-

ressar pelas tecnologias oferecidas. Após essa análise, a equipe entra em contato para uma possível parceria. Como a Agência também incorporou a Incamp e o Inovasoft, ambien-tes ideais para relação universidade-empresa, muitas vezes as empresas contatadas fazem parte desse cenário”, explica Patricia.

De acordo com ela, a adoção dessa postura é importante, já que no Brasil ainda não é co-mum que as empresas busquem a universida-de espontaneamente como fonte de inovação complementar às suas atividades de Pesquisa & Desenvolvimento. “Há casos de empresas que, a partir do licenciamento de uma tecno-logia da Unicamp, estruturaram suas áreas de P&D, contratando os alunos envolvidos na pesquisa”, afi rma a diretora.

Planejamento Um dos diferenciais da Agência é que,

desde 2004, foi implantado um método de gestão estratégica da qualidade na Inova Uni-camp. Todos os anos é realizado um balanço anual de cada área, com dados comparativos aos de anos anteriores e propostas de novas iniciativas. “Essa análise é essencial para a elaboração do nosso plano anual e defi nição de metas, já que nos possibilita analisar novas sugestões e melhorias que poderão ser feitas na Agência pela equipe”, afi rma Patricia.

No processo de transferência de tecnologia, por exemplo, Patricia afi rma que ainda existem pontos que precisam ser melhorados. “Nosso processo tem conseguido avanços expressivos nos últimos dois anos, mas ainda requer apri-moramentos em algumas áreas, como análise de mercado, competências para apoiar spin-off s e suporte pós-licenças”, explica.

Outro desafi o da Agência é o de reter seus profi ssionais. “Os NITs em todo o país pos-suem um orçamento muito limitado. A maio-ria conta com bolsistas e estagiários para apoiá-los em suas atividades, uma vez que o orçamento não é sufi ciente para contratar o quadro de que realmente necessita. Em al-guns países no mundo, o governo concede

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anualmente um recurso para os NITs, o que os auxilia na sua manutenção. Nós não te-mos esse apoio no Brasil”, diz Patricia.

Segundo ela, esse problema ainda é acen-tuado pelo fato de a atividade exercida na Agência requerer competências específi cas, como entendimento de propriedade intelec-tual e contratos e de legislação associada à inovação. “O profi ssional precisa entender sobre a academia e sobre o mundo empre-sarial. Por isso, leva tempo para formar um profi ssional de NIT. No Brasil esse perfi l é escasso. Assim, conseguir recurso adicional para manter os profi ssionais que estão na Inova em caráter temporário ou para remu-nerar mais adequadamente nosso quadro é um dos maiores desafi os para nosso cresci-mento”, avalia.

EmpreendedorismoO papel da Agência Inova vai além da

proteção da tecnologia. Seu conceito, dife-rente dos de Escritórios de Transferência de Tecnologia (ETT) ou de Patentes, engloba também o estímulo ao empreendedorismo de base tecnológica. A Agência promove, em todos os semestres, disciplinas de Empreen-dedorismo. Além disso, possui uma rede de relacionamentos formada por empresários ex-alunos, ex-professores e empreendedores que passaram pela Universidade, chamada Unicamp Ventures, um Conselho de Star-tups, a Incubadora de Empresas de Base Tec-nológica da Unicamp (Incamp) e o Centro de Inovação em Software (Inovasoft).

Nesse cenário de incentivo ao empreen-dedorismo, o ano passado também foi um marco para a Agência. Em 2011, foi lan-çado o Desafi o Unicamp, uma competição aberta a universitários – de graduação e pós-graduação – da Universidade e de ou-tras instituições e empresas interessadas em conhecer as tecnologias desenvolvidas na Unicamp e promover novos negócios a partir destas tecnologias. A iniciativa já está em sua segunda edição neste ano.

Em maio de 2011, também foram inicia-das as obras do Núcleo do Parque Científi co da Unicamp, que abrigará o centro admi-nistrativo e a nova estrutura da Incamp. E, em agosto, a Cameron do Brasil, fabricante de equipamentos para exploração de óleo e gás, assinou um convênio para a instalação do primeiro laboratório do Parque. A Uni-camp recebeu recursos de R$ 5.218.220,00 do governo de São Paulo e a previsão é de que as obras da sede do parque sejam con-cluídas neste ano. Já o laboratório da Came-ron deve fi car pronto em meados de 2013. A incubadora Incamp também será transferida para o Parque e passará a ter capacidade para receber até 48 empresas residentes. “Trabalhar em rede é um dos seus conceitos principais. A Universidade e outros promoto-res de ciência e tecnologia são seus atores e formam a sinergia que circula no ambiente”, destaca Patricia.

O Parque também faz parte de uma es-tratégia maior de internacionalização da Universidade. “Como o Brasil está sendo muito procurado por empresas multinacio-nais para implantarem centros de P&D no Brasil, a opção do Parque Científi co da Uni-camp é mais um atrativo para receber este tipo de investimento internacional. Temos alguns casos desses em que estamos em fase de negociação”, afi rma Roberto Lotufo, diretor executivo da Agência.

Cerimônia ofi cializou contrato entre a Cameron e a Unicamp para construção de laboratório

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Novas rotas e conquistasVencedoras do Prêmio Finep de Inovação 2011, duas empresas ligadas ao movimento comprovam que o empreendedorismo

inovador tem na capacidade de mudança uma de suas principais marcas

O movimento de empreendedorismo ino-vador foi destaque, mais uma vez, no Prêmio Finep de Inovação 2011. Os troféus de Em-presa Inovadora nas categorias média e mi-cro e pequena foram, respectivamente, para as incubadas Reason Tecnologia, de Floria-nópolis (SC), e Scitech Produtos Médicos, de Goiânia (GO).

A catarinense Reason, que atua no setor elé-trico, foi criada na década de 1990 dentro do Centro Empresarial para Laboração de Tecno-logias Avançadas (Celta). Já a Scitech Produtos Médicos, fundada em 1996, desenvolveu uma

relação com o Centro de Inovação, Empreende-dorismo e Tecnologia (Cietec), da Universidade de São Paulo, na década de 2000, quando co-meçou suas atividades de pesquisa e desenvol-vimento. A trajetória de ambas permite perce-ber que, além da origem na incubadora, esses empreendimentos têm outro ponto em comum: a capacidade de mudar de rumo, enfrentando riscos e adiantando tendências.

Em meados de 1990, percebendo o cresci-mento dos investimentos no até então estagna-do setor elétrico brasileiro, a catarinense Rea-son Tecnologia – fundada em 1991, com foco

SUCESSO

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Bernard, presidente da Reason Tecnologia, recebeu o troféu das mãos do ministro Aloizio Mercadante

em automação industrial – decidiu mudar de rumo. “O setor elétrico ia receber investimen-tos e passar por um processo de privatização. Além disso, em um primeiro momento, os re-cursos seriam públicos. Isso foi muito impor-tante para nós, porque o apoio de compras do Estado para empresas pequenas é essencial. Então, decidimos mudar”, explica Guilherme Bernard, presidente da empresa.

Outras razões para a mudança de foco da Reason foram causadas pela própria localização da empresa, que é de Floria-nópolis (SC). “Os maiores clientes da área de automação estão em São Paulo. Como estávamos longe, era muito difícil entrar nesse mercado”, afi rma Bernard. “No setor elétrico, além de não termos necessidade de estar em um centro único, a venda é mais técnica. Se você tem um produto que aten-de à especifi cação do cliente e consegue ter o argumento técnico de que ele é superior a outro, você consegue fazer o fornecimen-to”, destaca o empresário, que é engenheiro eletricista.

Preocupação constanteA escolha deu certo. Hoje, a Reason

oferece soluções nas áreas de oscilografi a, qualidade de energia e sincronismo tem-poral para os setores elétrico e industrial e é líder de mercado no Brasil, com cres-cimento médio anual acima de 50%. A ino-vação faz parte da estratégia da empresa desde que ela foi fundada, quando Bernard e outros dois sócios decidiram deixar seus empregos na Fundação Certi, onde desen-volviam pesquisa na área de automação, para abrir o negócio, que foi criado dentro da incubadora do Celta. “Historicamente, investimos mais de 15% do nosso fatura-mento em pesquisa e desenvolvimento. Isso desde o começo. Hoje 100% do nosso faturamento é oriundo da venda de produ-tos desenvolvidos nos últimos três anos”, destaca Bernard.

Há cerca de três anos, a empresa também

possui em seu organograma uma diretoria específi ca de Inovação. “Esse diretor é res-ponsável pela vigilância tecnológica, pelo de-senvolvimento de produtos e por participar de todos os principais eventos, seminários, congressos e grupos que propõem normas para o setor elétrico. Estamos sempre atuan-do dessa forma para ter mais sensibilidade sobre o que nossos clientes vão precisar no futuro”, afi rma o empreendedor. Ele desta-ca, porém, que as funções dessa diretoria já existiam na empresa há cerca de dez anos. “Antes chamávamos de Direção de Desenvol-vimento, mudamos o nome para Inovação apenas para deixar bem claro o quanto esta-mos preocupados com isso”.

Por ter como um dos seus principais fo-cos o desenvolvimento de novos produtos, a Reason mantém parcerias constantes com instituições de ensino e pesquisa e laborató-rios do Brasil e de outros países. A empresa desenvolve projetos cooperativos com ins-tituições como a Universidade Federal de Santa Catarina, a Fundação Certi, a Universi-dade de São Paulo, o Centro de Pesquisas de Energia e também com os próprios clientes. “Dependendo da linha de atuação e da tec-nologia envolvida, costumamos ter um par-ceiro como fonte de informações, para de-senvolver produtos em conjunto ou realizar algum tipo de ensaio. Os clientes também

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A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoff mann,

entregou o prêmio ao empreendedor

Melchiades da Cunha Neto, da Scitech

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nos ajudam muito. São nossa maior fonte das necessidades do mercado. Temos uma rede de relacionamento bem sólida, construída há muitos anos”, afi rma Bernard.

Recentemente, algumas parcerias da Re-ason deram origem, inclusive, a spin-off s, como a empresa Link Precision. “Tínhamos identifi cado o potencial de um novo produ-to, que é da área de Telecomunicação, mas aplicado ao setor elétrico. Então, procura-mos uma empresa do segmento de Telecom e propusemos o desenvolvimento do pro-duto em conjunto. A partir disso, surgiu a Link Precision. É um exemplo de bastante sucesso, que sozinhos não teríamos condi-ções de alcançar”, diz Bernard. Outro empre-endimento que surgiu desse mesmo modelo é a PowerOpticks, que está incubada, atu-almente, no Midi Tecnológico, também em Florianópolis. “É uma empresa que começa-mos há seis meses, convidando pessoas com conhecimento na área de ótica para atuar no setor elétrico. Estamos repetindo a mesma experiência que tivemos com a Link Preci-sion”, afi rma.

Líder de mercado no Brasil, agora o foco da Reason está direcionado, principalmente, a outros países. A empresa já possui escritórios no Texas, nos Estados Unidos, e em Berlim, na Alemanha. Hoje, apenas 5% das vendas da empresa é proveniente do mercado externo. A

meta é que em cinco anos esse número chegue a 50%. “Somos líderes aqui, então, tínhamos duas opções de estratégia de crescimento: lan-çar novos produtos para esse mesmo mercado ou ir em busca de novos mercados. Optamos pelas duas frentes”, afi rma Bernard.

O processo de internacionalização da em-presa foi iniciado há cerca de quatro anos. “Começamos a adaptar os produtos, preparar os funcionários em relação a idiomas, tradu-zir manuais, realizar ensaios de equipamentos em órgãos internacionais. Os dois escritórios no exterior já realizam um trabalho de pros-pecção comercial. Em 2012, o investimento nesses escritórios será ainda mais signifi cati-vo”, destaca o empreendedor.

Apesar do foco atual da empresa estar no exterior, o Brasil, segundo Bernard, ainda ocupa posição de destaque para a Reason. “Estamos com o foco concentrado no mer-cado externo, mas não queremos diminuir o mercado interno para compensar isso. Vamos lançar novos produtos por aqui também.”

Parcerias promissorasOutra empresa vencedora do Prêmio Fi-

nep de Inovação que possui relação com o movimento de empreendedorismo inovador é a Scitech, de Goiânia (GO), que ganhou, pela segunda vez, o prêmio nacional na categoria média empresa. Fundado em 1996 com o objetivo de importar e distribuir dispositivos médicos minimamente invasivos, o empreen-dimento mudou de rumo no início da década de 2000 e passou a realizar desenvolvimento de produtos. “No início nem imaginávamos desenvolver os dispositivos. Mas depois vi-mos que tínhamos expertise comercial e sabí-amos da existência e da excelência da ciência brasileira. Unimos essas duas pontas”, explica o engenheiro civil Melchiades da Cunha Neto, um dos sócios-fundadores da empresa.

Hoje os principais produtos da Scitech são os stents coronários, próteses metálicas po-sicionadas em artérias obstruídas para nor-malizar o fl uxo sanguíneo. Foi ao longo do

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desenvolvimento desses dispositivos que surgiu a relação da empresa com o movi-mento de empreendedorismo inovador. Precisando de ajuda especializada na área de corte a laser, a Scitech firmou parceria com uma empresa incubada. “Fizemos uma pesquisa e entramos em contato com um físico aposentado do IPEN [Instituto de Pes-quisas Energéticas e Nucleares] chamado Spero Morato. Ele tem uma empresa cha-mada LaserTools, que antes era incubada no Cietec [Centro de Inovação, Empreende-dorismo e Tecnologia], da Universidade de São Paulo”, relata Cunha.

Dessa associação com a LaserTools nasceu uma spin-off das duas empresas: a Innovatech, hoje também incubada no Centro de Inovação da USP. O empreen-dimento é responsável pela parte de corte a laser dos stents, que são desenvolvidos por meio de microusinagem. Além da In-novatech, a própria Scitech também esta-beleceu um setor de Pesquisa & Desenvol-vimento da empresa no Cietec, onde são realizadas análises sobre o revestimento químico dos dispositivos.

Produto nacionalCunha destaca a interação com as uni-

versidades públicas brasileiras como es-sencial para o desenvolvimento dos pro-dutos. “Todo o processo de validação dos nossos dispositivos é feito com o Instituto do Coração, da Universidade de São Paulo”, afirma. A empresa também possui parce-rias com instituições como a Universidade Federal de Goiás, a Universidade Estadu-al de Campinas e a Universidade Federal de Minas Gerais. O empresário cita, além disso, a importância de órgãos de fomen-to como Finep e Fapesp. “Se você tiver um bom projeto, vai conseguir ter financia-mento desses órgãos”, diz.

Com a mudança de foco para P&D, a em-presa tornou-se a primeira a desenvolver um stent totalmente nacional - o Cronus - e ten-

ta hoje se inserir em um mercado dominado por empreendimentos internacionais que possuem anos de experiência. Atualmente, a Scitech ainda possui uma presença pequena no Brasil, onde tem cerca de 4% do merca-do, mas exporta para aproximadamente 30 países e cresce em torno de 30% ao ano. “Sempre tivemos a percepcão de que seria preciso internacionalizar para poder ter es-cala. Se você não tem escala de volume, não consegue ter preço competitivo”, explica o empreendedor.

A meta para os próximos anos, de acor-do com Cunha, é continuar investindo em inovação. No início de fevereiro, por exem-plo, a empresa começou a comercializar um novo tipo de stent, chamado farmacológico, que é mais eficiente que o tradicional por-que libera, quando implantado na artéria, uma medicação que evita o crescimento das células. É o primeiro do tipo com tec-nologia totalmente nacional e pode chegar a custar 10% a menos que os importados, o que pode tornar mais fácil sua utilização no Sistema Único de Saúde (SUS).

Cerca de 40% do faturamento da Scite-ch é reinvestido em pesquisa e 100% dos dispositivos são desenvolvidos e fabricados no Brasil, apesar de algumas matérias-pri-mas serem importadas. A equipe de P&D é composta por 14 funcionários. Em abril a empresa deve inaugurar uma nova fábrica, com cerca de 4 mil metros quadrados, que vai aumentar em pelo menos dez vezes a capacidade produtiva da indústria.

Com a inauguração do novo espaço, na cidade de Aparecida de Goiânia (GO), a spin-off Innovatech deve ser transferida de São Paulo para o local. “Pretendemos continuar investindo em tecnologia. Temos projetos de endoprótese de aorta, de válvu-la percutânea aórtica, stents bioabsorvíveis. Não existe outra maneira de garantir a so-brevivência de uma empresa na nossa área como se não for dessa maneira”, afirma o executivo.

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Estratégias de campeões

Megaeventos como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas propiciam cenário multifacetado

de negócios. As demandas por soluções inteligentes vão desde garantir a recuperação dos atletas até facilitar a mobilidade urbana. E, na corrida por oportunidades, empresas

brasileiras demonstram ter muitahabilidade em inovação

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Quando o Brasil sediou a Copa pela primeira vez, em 1950, o mundo ainda se recu-perava da Segunda Guerra, que havia acabado cinco anos antes. Com a Europa devastada, o país foi o único candidato a receber o evento, paralisado desde 1938. Por isso, se preparou para aco-lher poucos turistas. Na época, não foram necessárias grandes obras de infraestrutura nas seis cidades-sede do evento, que re-ceberam as 16 seleções compe-tidoras. Os investimentos, assim, foram concentrados na constru-ção e reforma dos estádios.

Mais de seis décadas depois, o cenário da Copa de 2014, a segunda a acontecer no Brasil, será muito diferente. A estima-tiva do Ministério da Fazenda é que sejam investidos R$ 33,1 bilhões em infraestrutura, de acordo com informações do estudo Economia Brasileira em Perspectiva, publicado em fevereiro deste ano. Desse to-

tal, apenas R$ 5,7 bilhões são destinados a estádios. Agora, o campeão de recursos é o seg-mento de mobilidade urbana, que têm investimentos pre-vistos em R$ 11,6 bilhões. As áreas de portos e aeroportos, saúde e segurança, telecom e energia e hotelaria fi carão com os R$ 15,8 bilhões restantes.

Em 2014, o país terá 12 cidades-sede e receberá 32 se-leções, o dobro dos números da Copa de 1950. Além disso, o estudo Brasil Sustentável – Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014, reali-zado pela Ernst & Young e di-vulgado em 2010, estima que o campeonato aumente o fl uxo de turistas no Brasil em 79%, com possíveis volumes superio-res nos anos seguintes à Copa. A expectativa do governo fede-ral é de que, em 2014, o país receba 600 mil turistas.

Outra grande diferença em relação ao passado está nas

comunicações. Em 1950, o rá-dio reinava entre os meios de transmissão de informações. Já na Copa de 2014, os jogos devem ser acompanhados por aparelhos como tablets e smart phones, além de televisão e computadores. De acordo com o estudo da Ernst & Young, ape-nas para o setor de Tecnologia da Informação (TI) serão neces-sários investimentos de R$ 309 milhões para acomodar o gran-de fl uxo de dados associado ao megaevento. A Copa de 2006, que aconteceu na Alemanha, por exemplo, gerou a produção e tráfego de cerca de 15 tera-bytes de dados, o equivalente a 100 milhões de livros em apenas 32 dias, o que exigiu a implantação e operação de uma extensa infraestrutura de TI, com a participação de mais de mil profi ssionais da área.

Demanda aquecidaÉ nesse emaranhado de da-

Fonte: Ernst & Young

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dos e números que se encon-tram as oportunidades de ne-gócios para micro e pequenas empresas no Brasil. Um estudo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado em 2011, mapeou 930 oportunidades nas cida-des-sede do evento, em áreas como turismo, economia cria-tiva, tecnologia e informação e comunicação, construção civil, dentre outras.

Para as micro e pequenas empresas inovadoras, de acor-do com especialistas e consul-tores entrevistados pela Locus, as oportunidades são muitas. Como há uma grande preocu-pação com o legado que a Copa irá deixar para as cidades-sede, o conceito de Smart City (Cida-de Inteligente) vem ganhando cada vez mais força, ampliando a demanda por soluções que tornem os municípios mais in-teligentes e benefi ciem as pes-soas depois dos eventos.

É consenso, também, que a Copa 2014 será uma “Copa Móvel”. Devido ao aumento do uso de smartphones e tablets, serão necessários aplicativos capazes de, além de fornecer informações sobre o campeo-nato em si, ajudar os turistas a se locomoverem pelas cidades e encontrarem os serviços que necessitarem. Há espaço, da mesma forma, para empresas que desenvolvem soluções sus-tentáveis, tendo em vista a pre-tensão de transformar o evento brasileiro em uma “Copa Verde”.

De acordo com o secretário--executivo do Ministério do

Esporte, Luis Fernandes – que foi gestor científi co da Fapesp, secretário-executivo do Minis-tério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – os megae-ventos como a Copa e as Olim-píadas devem ser encarados, do ponto de vista da inovação, a partir três perspectivas.

A primeira seria a reali-zação do evento em si, que demandará soluções tecnoló-gicas e inovadoras nacionais. A segunda diz respeito ao le-gado dos eventos, perspectiva que, de acordo com Fernan-des, talvez seja a dimensão mais importante do ponto de vista do projeto de desenvol-vimento nacional. “Os legados devem ser construídos em in-vestimentos que vão desde a infraestrutura até os serviços associados, como telecomuni-cações. São legados que per-manecerão para a população e que estimularão o desenvol-vimento do Brasil de forma permanente”, afi rma. Por fi m, o secretário-executivo destaca, como terceira dimensão, a pos-sibilidade de novos negócios, que abriria espaço para ativi-dades como o desenvolvimen-to de aplicativos para tablets e celulares (veja entrevista com Luís Fernandes na página 36).

Cidades inteligentesAo se falar em Copa ou Olim-

píadas, a palavra “legado” está entre as mais ouvidas – princi-palmente se elencadas as jus-tifi cativas para sua realização

no país. A ideia é que os inves-timentos não sejam destinados apenas ao evento, mas que, de-pois, as populações das cidades se benefi ciem com as obras de infraestrutura e as mudanças trazidas por elas. Um caso em-blemático é o de Barcelona, na Espanha. Ao ser escolhida sede dos Jogos Olímpicos de 1992, a cidade implantou um grande projeto de revitalização, que nos anos seguintes a tornou um dos principais centros turísticos do mundo.

De acordo com especialistas, é justamente nos investimen-tos realizados no entorno do evento que estão algumas das principais oportunidades para as micro e pequenas empresas inovadoras. “Tudo o que está re-lacionado diretamente aos even-tos, seja na Copa ou nas Olimpí-adas, já tem contratos feitos no exterior. Mas é evidente que não existem só os eventos em si. O catalisador de tudo são os jogos, mas talvez o que aconteça no entorno seja muito mais impor-tante, em termos de segurança,

Nelson Wortsman, da Brasscom: para MPEs, entorno do evento é mais importante que os próprios jogos

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saúde, comércio, mobilidade, infraestrutura de banda larga, telefonia. Tudo isso para que as cidades fi quem preparadas”, analisa o diretor de Convergên-cia Digital da Associação Brasi-leira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Nelson Wortsman.

A entidade divulgou, em 2010, um estudo de análise das oportunidades da Copa 2014, realizado pela consulto-ria A.T. Kearney, em que foram mapeadas as oportunidades dos megaeventos esportivos para a Brasscom, a Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp) e seus associados, principalmente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Não basta simplesmente fazer um belo estádio. Nosso estudo mos-tra isso claramente. Estávamos mais focados no legado, ou seja, quando acabar o evento que upgrade terá a cidade?”, explica Wortsman.

Uma das oportunidades apontadas no estudo da Brass-com, por exemplo, está no de-senvolvimento de um Sistema de Transporte Inteligente para Belo Horizonte (MG), que terá tecnologias embarcadas como infravermelho e bluetooth para comunicação, Wi-Fi e computa-dor de bordo, dentre outras tec-nologias. A partir desse projeto, que é da empresa BHTRANS, o Sebrae Minas Gerais está desenvolvendo uma iniciativa chamada Smart City BH. “Foi identifi cado que a BHTRANS já tinha um plano de mobilidade para a Copa desde 2003. Em função desse cenário, o Sebrae decidiu fazer um estudo para ver de que forma o setor de TI pode ajudar na questão da mobilidade da cidade e iden-tifi camos que mobilidade é muito mais que trânsito, é inte-ligência”, explica a analista do Sebrae-MG Marcia Machado. O objetivo do projeto é identifi car e apoiar o desenvolvimento de negócios relacionados a solu-

ções inteligentes para a gestão de Belo Horizonte e outras ci-dades, com foco na mobilidade.

Localizada em Recife (PE), onde possui uma fábrica de equipamentos eletrônicos ins-talada no Parque Tecnológico de Pernambuco (Parqtel) e uma unidade de produção de softwa-re no Porto Digital, a Serttel é uma das empresas que preten-dem aproveitar os investimen-tos em mobilidade da Copa. O grupo administra o sistema de aluguel de bicicletas do Rio de Janeiro desde 2008. “Entende-mos que o nosso projeto pode ser muito útil para apoiar a me-lhoria da mobilidade das pesso-as nas cidades-sede da Copa do Mundo e nas Olimpíadas”, afi r-ma Angelo Leite, presidente do grupo Serttel.

A empresa pretende levar o sistema para todas as cidades--sede da Copa, ajustando-o ao tamanho da população de cada lugar e às condições locais de infraestrutura urbana. “Já temos projetos implantados no Rio de Janeiro e estamos implantando um grande projeto em São Pau-lo. Já fi zemos estudos para Reci-fe, Porto Alegre, Natal, Curitiba, Brasília e estamos estudando outras capitais”, relata.

Foi devido às obras na infra-estrutura de transportes no Rio de Janeiro para as Olimpíadas que a Geovoxel, fundada em 2010 e residente na incubado-ra Coppe/UFRJ, também con-seguiu uma de suas oportuni-dades de negócios relacionada aos megaeventos. A empresa desenvolveu uma tecnologia

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todas as cidades-sede da Copa

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de georradar que permite a ca-racterização e determinação de infraestrutura enterrada no solo sem a necessidade de realizar furos. “O cronograma dessas obras era, e ainda é, muito curto. Para você conseguir cumprir os prazos, com a escassez de recur-sos do mercado de engenharia, a tecnologia é a peça-chave. Entre outros fatores, vimos claramen-te a oportunidade de acelerar o crescimento da empresa em função desse cenário”, afi rma Paulo Garchet, diretor-executivo da empresa.

A Geovoxel está atuando na construção da sede da Confe-deração Brasileira de Futebol (CBF) e em um trecho das obras do corredor expresso de ôni-bus (BRT, na sigla em inglês). Todos os produtos da empresa são voltados ao apoio de quem executa as obras. No BRT, por exemplo, o produto é o GPR, um radar que auxilia na visualiza-ção do subsolo. “Há um trecho da Transcarioca, na Barra da Tijuca, em que, durante a execu-ção das obras, estão atingindo tubulações de ar e de gás. Nossa tecnologia facilita a localização dessas infraestruturas antes de fazer a intervenção, para mini-mizar o risco”, explica Garchet.

Para o empreendedor, o fato dos sócios da Geovoxel terem saído da Coppe/UFRJ ajudou a empresa a se inserir nesse mer-cado, que é dominado por em-preendimentos de grande porte. “São exatamente as empresas, quando tem algum desafi o ou obstáculo, que procuram o cen-tro de pesquisa para resolvê-lo.

Como atuamos nesse ambiente, nosso link com o mercado fi ca muito mais fácil”, afi rma.

Em Manaus (AM), a Câma-ra de Inovação Tecnológica da Copa 2014, que começou a realizar reuniões em dezembro de 2011, tem como um de seus objetivos implantar soluções inteligentes, desenvolvidas por empresas locais, que facilitem a vida da população e dos turis-tas durante os jogos. “Estamos estudando questões relaciona-das à identifi cação junto às ope-radoras de cartão de crédito, para ver de que forma pode ser facilitado o acesso dos operado-res de turismo, não só a bares e restaurantes, mas também a taxistas, por exemplo”, explica Miguel Capobiango, coorde-nador da Unidade Gestora da Copa em Manaus (UGP).

Copa sustentávelO conceito de Cidades Inte-

ligentes também está ligado à sustentabilidade, um dos focos da Copa do Brasil. O Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), por exemplo, fi nancia obras a juros baixos, mas exige o cumprimen-to do padrão sustentável tan-to na parte interna quanto no entorno das arenas. Além dis-so, todos os estádios precisam cumprir exigências mínimas de sustentabilidade ambiental, como reuso da água da chuva e emprego de equipamentos que consumam menos eletricidade. A Fifa, desde a Copa da Alema-nha, em 2006, também desen-volve o programa “Green Goal”, que busca reduzir a emissão de CO2 no evento, envolvendo aspectos relacionados à água, resíduos, energia e transporte.

De olho nesse cenário, em-

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Radar da Geovoxel auxilia na visualização do subsolo

A Mac Dowell Ambiental desenvolveu um sistema de cobertura vegetal aérea que pode ser uti lizado nos estacionamentos dos estádios

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preendedores brasileiros que desenvolvem tecnologias sus-tentáveis tentam convencer o governo e os patrocinadores da Copa 2014 a utilizarem suas soluções no evento. O empresário Paulo Mac Dowell, por exemplo, fundador da Mac Dowell Ambiental, empreen-dimento incubado no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), desen-volveu um sistema de cobertura vegetal aérea que pode ser uti-lizado nos estacionamentos dos estádios, por exemplo. “Tenho a patente desse invento desde 2005, mas comecei a comercia-lizá-lo no final do ano passado. Meu sonho é que o Brasil utilize a Copa não só para divulgar o esporte, mas, também, políticas de ações sustentáveis”, afirma Mac Dowell.

Copa MóvelOutra tendência da Copa

2014 será o uso de aparelhos como smartphones e tablets. Diante das demandas, a opera-dora Oi, que é fornecedora oficial de serviços de telecomunicações para o campeonato, se anteci-pou. A empresa deu início ao seu primeiro projeto de open inno-vation, abrindo chamada para projetos de aplicativos voltados à Copa, nas linhas temáticas de diversão, hospitalidade, turismo, mobilidade urbana e segurança. Os projetos escolhidos serão in-centivados em até R$ 200 mil. O resultado do processo seletivo ainda não foi divulgado. De acor-do com a Oi, foram registrados 2 mil cadastros de empresas e interessados no programa e re-cebidos 74 projetos, número que ficou bem acima da expectativa inicial, que era de 30.

Pioneira, a empresa Fin-gerTips, do grupo .Mobi, foi uma das primeiras do Brasil a desenvolver aplicativos para iPhones e iPads e acredita que a Copa 2014 e outros me-gaeventos esportivos trarão oportunidades para a área. O empreendimento, desde me-ados de 2009, possui uma li-nha de produtos relacionados a eventos esportivos. “Vimos na época que não havia no Brasil, nesse cenário dos apli-cativos, boas soluções focadas em esporte, principalmente em futebol. Em cima desse gap, lançamos o primeiro aplicativo esportivo gratuito, que foi o Campeonato Brasileiro”, afirma Fabricio di Monaco, gerente de Planejamento e Produtos do Grupo .Mobi FingerTips.

Desde então, a empresa pos-sui um modelo de negócios em

_TECNOLOGIA PARA RECUPERAÇÃO DE ATLETAS

A empresa Kryos Tecnologia, graduada do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasí-lia (CDT/UnB), vê nos megaeventos uma oportunidade para comercializar uma tecnologia que ainda não existe no Brasil. Um dos produtos do empreendimento é uma cabine que utiliza a técnica da Crioterapia, procedimento no qual se aplica temperaturas muito baixas, como -100ºC, em regiões locais ou gerais do corpo.

A técnica pode ajudar na recuperação de lesões musculares de atletas, por exemplo. “Criogenia é tudo aquilo que ocorre a temperaturas muito baixas. Quando fundamos a empresa, por volta de 2005, tínhamos uma visão de venda para a indústria. Mas começamos a pesquisar produtos para aplicação médica e encontramos esse, muito utilizado na Europa”, explica o físico Tiago Melo, um dos sócios da empresa.

No início, segundo Melo, a empresa tentou, sem sucesso, entrar em contato com empreendimentos de outros países para trazer a tecnologia ao Brasil. “Não conseguimos e foi então que decidimos desenvolver a cabine de crioterapia, que tem uma boa inserção de mercado aproveitando esse cenário esportivo de 2014 e 2016”, relata.

O aparelho foi desenvolvido em parceria com outra empresa incubada no CDT/UnB, a INDB, que cria softwares para aplicações médico-hospitalares. Atualmente, a Kryos está trabalhando para registrar o equipamento na Anvisa, para que possa começar a comercializá-lo. Além disso, estudos clínicos sobre crioterapia estão sendo realizados no Departamento da Faculdade de Educação Física da UnB.

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que desenvolve o aplicativo e depois busca um patrocinador para ele, que pode personalizá--lo com seu logotipo e cores. “Na época do lançamento do Brasileirão, tivemos o patro-cínio da Nova Schin. A partir daí, tivemos em 2010 e 2011 patrocínio da Petrobras. Em 2012 vamos ter uma nova ver-são e já estamos com patrocí-nio fechado”, relata di Monaco. Com mais de 250 mil downlo-ads, o aplicativo chegou a ter mais de 15 minutos diários de uso por acesso nas épocas de campeonato e grandes jogos.

Além do Brasileirão, a em-presa já desenvolveu aplicati-vos para o Ultimate Fighting Championship (UFC), o Paulis-tão, a Libertadores e a Fórmula 1, entre outros eventos. Para di Monaco, um dos papéis dos aplicativos esportivos em um cenário de Copa do Mundo e Olimpíadas será o de enrique-cer a transmissão da TV. “A intenção é complementar. O nosso aplicativo do Brasileirão para o iPad, por exemplo, tem todas as estatísticas dos jogos, justamente pensando que o tor-cedor sempre se sentiu técni-co”, afi rma. Além dessa função complementar, os aplicativos, segundo ele, se estendem aos jogos. “As pessoas usam ao encontrar os amigos no bar para discutir os resultados, por exemplo. Isso tudo no contexto em que o usuário preferir.”

Residente na incubadora Raiar, da PUC do Rio Grande do Sul, a empresa Aurora Imagens Aéreas também pensa em usar

os dispositivos móveis como plataforma de um serviço de mapeamento aéreo em 360º. A empresa é especialista em ima-gens aéreas de baixa altitude, tiradas com o uso de helicópte-ros radio controlados. “A ideia é que, em Porto Alegre, por exemplo, sobrevoemos todos os pontos de interesse e faça-mos um mapeamento virtual do que é mais importante. Será possível fazer uma visita virtual da cidade e de todos os pontos turísticos”, explica o diretor da Aurora, Marcelo Vaccari.

De acordo com di Monaco, da FingerTips, a empresa já está desenvolvendo um planejamen-to para aproveitar as oportuni-dades dos megaeventos, mas é difícil fazer uma estratégia antecipada. “Se pensarmos em longo prazo, não sabemos como serão o iPhone, a estrutu-ra de banda móvel, os novos de-vices. O mercado muda a cada seis meses. Temos que pensar nesses temas constantemente e revê-los o tempo todo”, explica.

Uma das possíveis mudanças

nos próximos anos, por exem-plo, será a disponibilização de serviços de telefonia móvel de quarta geração (4G). “Ainda hoje sofremos como quem pro-duzia a internet no começo na década de 1990. Temos muitas vezes que reduzir nossos aplica-tivos para adaptá-los a essa rea-lidade. A conexão é fundamen-tal para que as pessoas tenham experiências melhores”, afi rma. A previsão do governo é de que o leilão seja realizado em maio deste ano. Se a promessa do 4G for cumprida até 2014, tudo in-dica que ampliará o horizonte do desenvolvimento de aplicati-vos no país.

Especialista em imagens aéreas de baixa alti tude, a Aurora Imagens aposta no mapeamento das cidades-sede dos megaeventos

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A FingerTips desenvolve aplicati vos para iPad e iPhone e está atenta às demandas da Copa e das Olimpíadas

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_“É UMA OPORTUNIDADE HISTÓRICA” (Entrevista: Luis Fernandes)

O novo secretário-executi vo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, foi empossado pelo chefe da pasta, Aldo Rebelo, em 25 de janeiro. O cienti sta políti co e professor da PUC-Rio e da UFRJ foi gestor cientí fi co da Fapesp, secretário-executi vo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Em entrevista para Locus, em Brasília, ele comentou os desafi os adicionais que terá pela frente, já que o cargo passou a incluir a incumbência de coordenar a organização dos megaeventos esporti vos que o Brasil sediará nos próximos anos.

Locus > No discurso de posse, o senhor ressaltou a im-portância do “casamento” entre Ministério do Esporte e Mi-nistério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Como esse casa-mento pode auxiliar o país na realização dos megaeventos esporti vos que acontecerão nos próximos anos?

Fernandes > São os dois eventos de maior repercussão global no mundo nesse período, que serão sediados no Brasil. Então, será uma oportunidade histórica para o Bra-sil, tanto de se apresentar ao mundo através dos eventos, quanto aproveitá-los para alavancar, fomentar e consolidar o seu próprio processo de desenvolvimento. Como estamos na era do conhecimento, isso abre uma oportunidade gi-gantesca para o Brasil incorporar temas de ciência, tecnolo-gia e inovação ao esforço da realização dos megaeventos e também associar CT&I à exploração do legado que os even-tos podem deixar para o desenvolvimento do país.

Como a secretaria-executi va irá atuar para aproveitar as oportunidades que os megaeventos oferecem e esti -mular a inovação na cadeia produti va nacional na área de ciência e tecnologia?

O que nós estamos fazendo é justamente estruturando aqui no Ministério do Esporte uma assessoria de coorde-nação dos megaeventos, consti tuindo grupos temáti cos com representação da área de ciência, tecnologia e ino-

vação empresarial para casar o poder de agenda que o governo brasileiro tem junto aos organizadores dos mega-eventos com a identi fi cação de possibilidades, de poten-cialidades de fomento da tecnologia e inovação nacional associada aos megaeventos.

Nesse mesmo senti do, qual será o papel de incubado-ras de empresas e parques tecnológicos?

Terão um papel fundamental. Pretendemos estabele-cer uma linha de apoio via incubadoras para novos em-preendimentos focados nas possibilidades abertas pela realização dos megaeventos no Brasil. Os parques tecnoló-gicos, por sua vez, têm a função de gerar conhecimento ca-paz de ser integrado nas obras essenciais, estabelecendo parcerias com empresas que estão desenvolvendo iniciati -vas variadas e essenciais para a realização dos eventos em primeiros lugar e, também, para o legado que esses even-tos deixará em termos de malha de sistema de transporte, de mobilidade urbana, de energia, de telecomunicações.

O Ministério do Esporte tem esti mati vas de quanto o país gastará e faturará para sediar os megaeventos espor-ti vos? Como está sendo feita essa conta?

A conta não é muito simples, porque está ligada, por exemplo, aos gastos com infraestrutura e serviços. Há uma esti mati va que os gastos com a Copa sejam de R$ 33 bilhões e com as Olimpíadas de R$ 27 bilhões. Isso por parte de ato-res públicos do governo. São obras essenciais, que alavancam investi mentos. Estudos apontam que os investi mentos gerais somem 170 bilhões no país ao longo da preparação dos even-tos. Mas são esti mati vas. O que temos certeza é que, se bem aproveitados, haverá de fato um forte estí mulo à economia nacional e um legado de infraestrutura e serviços que sus-tentará o desenvolvimento do país por mais de uma década. É uma oportunidade histórica que o país não pode perder. L

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Estudo realizado pela Anprotec, em parceria com o MCTI, compara o modelo de atuação de incubadoras de empresas

de diferentes países

O mundo da incubação

Oferecer infraestrutura adequada, apoiar a criação de novos negócios, promover a ca-pacitação de empreendedores, dinamizar a economia e gerar empregos. Independente da região onde atuam, incubadoras de em-presas do mundo inteiro têm objetivos em comum. O modelo de atuação, porém, guar-da muitas diferenças. Foi o que mostrou o benchmarking internacional realizado pela Anprotec, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), no projeto Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil.

Ao todo, foram coletadas informações sobre dez países: Portugal, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Co-

reia do Sul, Israel e Argentina, além de dois continentes, Europa e América. “A ideia era analisar o máximo de países possíveis, mas em alguns locais não é fácil conseguir in-formações atualizadas. Por isso, acabamos nos concentrando nas principais da área de incubação. Ficamos entre o ideal e o pos-sível”, explica a pesquisadora Maria Alice Lahorgue, do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que coordenou o projeto.

Por meio de um levantamento histórico, a pesquisa revelou que nos países anali-sados as incubadoras de empresas come-çaram a se desenvolver de maneira mais

INTERNACIONAL

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INTERNACIONAL

rápida a partir da década de 1980, como resultado de políticas públicas de fomento à criação de empreendimentos diferencia-dos. A presença do Estado é uma constan-te até hoje, principalmente em relação às fontes de receita desses ambientes de ino-vação.

Destaque europeu Dos países analisados no benchmarking,

apenas as incubadoras dos sistemas da Ale-manha e do Reino Unido declararam que suas principais fontes de receitas são pró-prias. Nas demais, os recursos governamen-tais estão no topo da lista. “Só podemos es-pecular sobre os motivos pelos quais esses sistemas têm mais receitas. De forma geral, há um padrão estabelecido para que uma incubadora tenha uma grande participação de recursos próprios: ela deve ser grande, com cerca de 10 mil metros quadrados, ter várias empresas incubadas e uma atuação externa muito forte, já que isso diminui o custo unitário por empresa. O sistema bri-tânico possui esse padrão, mas o alemão, não”, explica Maria Alice.

No Reino Unido, as incubadoras con-tam com espaço físico de cerca de 8 mil metros quadrados e abrigam por volta de 200 empresas associadas por ano, núme-ros acima da média europeia. O sistema alemão apresenta características diferen-tes: as incubadoras têm, em média, 3.150 metros quadrados e atendem cerca de 32 empresas associadas por ano, estando abaixo dos números da Europa. “Existe a possibilidade de que no sistema alemão as receitas próprias sejam grandes pelo fato de as incubadoras terem uma ocupa-ção mais intensa e as empresas ficarem incubadas por mais tempo”, explica Maria Alice.

De acordo com a pesquisadora, são necessários mais estudos sobre os dois sistemas. “Nós sugerimos, ao final da pes-quisa, que sejam elaborados estudos com-

plementares sobre os sistemas do Reino Unido e da Alemanha, para entendermos melhor como funcionam. São modelos de incubadoras que talvez possam ser pen-sados para os grandes centros do Brasil”, afirma.

Outro sistema que, de acordo com a pesquisadora, deve ser estudado mais a fundo é o de Israel. Lá, as incubadoras hoje possuem uma relação diferente com o Estado. Das 24 existentes, 22 foram priva-tizadas em 2002 e o papel do governo pas-sou a ser o de investir nas empresas que estão nelas. “Em Israel houve uma retirada do Estado, mas foi uma retirada aparente, já que o governo continua investindo, o mesmo montante, nas empresas incuba-das. Por que adotaram esse modelo é uma questão interessante, que deve ser estuda-da. Aparentemente, estavam em busca de uma gestão mais eficiente”, explica Maria Alice.

O benchmarking também revelou dados sobre o tamanho, medido pela capacidade de geração de empregos, das empresas in-cubadas e das incubadoras. O sistema do Reino Unido aparece na pesquisa como o maior, com uma média de 413,14 empre-gos por incubadora. A Alemanha também aparece em destaque, com uma média de 231,25 por ambiente. Espanha e França são outras nações que possuem médias al-tas, com cerca de 190 empregos por incu-badora.

Já em relação à geração de empregos por empresa, os maiores empreendimentos aparecem na França, que possui uma mé-dia de 6,12 por incubada, seguidos pelos sistemas da Espanha e Portugal. De todos os países, a média mínima foi a da Bélgica, com cerca de 3,64 empregos por empresa residente.

Esses dados mostram que as incubado-ras brasileiras estão acima da média euro-peia. Aqui, os empreendimentos incubados geram, cerca de 7,28 postos de trabalho

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– número elevado devido à quantidade de empregos gerados em empresas de econo-mia solidária.

Mas mesmo no caso específico das incu-badoras de base tecnológica, esse número é superior à média dos países analisados: 6,21. “Às vezes reclamamos que no Brasil as empresas incubadas são pequenas. Mas, quando analisamos a situação de outros países, podemos ver que essa é a realida-de do mundo inteiro”, afirma Maria Alice Lahorgue.

TransparênciaEm relação ao foco das incubadoras, as

Tecnologias da Informação e Comunica-ção (TICs) são os segmentos prioritários na maioria das instituições analisadas no benchmarking. Dos dez países estudados, apenas dois – Israel e Argentina – disseram não ter as TICs como maior prioridade. O desenvolvimento de empresas de serviços também está em alta na maior parte dos países, com exceção de Israel, França e Ale-manha.

A coordenadora do projeto alerta, po-rém, que os dados relacionados a áreas atuação das incubadoras podem estar en-viesados no benchmarking. Isso porque a maior fonte de informações sobre os países

da Europa foi a European Business and In-novation Centre Network (EBN), que pos-sui foco em inovação.

Segundo Maria Alice, um dos desafios ao longo do benchmarking foi encontrar informações atualizadas sobre incubado-ras. A pesquisadora aponta, no estudo, o sistema europeu como o mais transparen-te e atualizado. “As associações nacionais parecem estar sendo substituídas na Eu-ropa pela EBN, que estabelece processos de autoavaliação e realiza um levanta-mento anual dos dados sobre as incuba-doras. Eles possuem um sistema de quali-dade que possibilita acesso a recursos da União Europeia”, relata.

O Brasil está caminhando nesse sen-tido. “Por meio da atualização do SAPI – Sistema de Acompanhamento de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, será possível obter dados reais a respeito das instituições brasileiras. O Cerne tam-bém será uma forma de avaliar o desen-volvimento das incubadoras”, afirma Ma-ria Alice. “Assim como contribuem com o desenvolvimento local e das empresas, as incubadoras também evoluem. E é impor-tante ter informações sobre esse desen-volvimento para a elaboração de políticas públicas”, aponta.

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191,45 190,22

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Empregos por incubadora (média)

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Diálogo é estratégico para fortalecer relacionamento entre organizações e seus principais públicos de interesse,

independente do porte ou setor de atuação

Comunicar para crescer

Você consegue dialogar com seus fun-cionários, clientes e fornecedores? Sua or-ganização tem uma boa imagem perante seus públicos? Tem um site com informa-ções atualizadas e dados de contato? Se você respondeu “não” ou “não sei” a algu-ma dessas perguntas, talvez seja hora de começar a pensar em uma questão que é muitas vezes deixada de lado por quem está iniciando um negócio: comunicação.

A comunicação em empresas e institui-

ções vai muito além de campanhas publici-tárias, ações de marketing direto e relacio-namento com a imprensa. Principalmente nos pequenos empreendimentos, ela está presente nas relações face a face, ligações telefônicas e e-mails do cotidiano e – as-sim como tudo em um negócio – deve ser planejada. “Devido à função estratégica da comunicação, é preciso que haja um pla-nejamento na empresa desde o início. Por menor que seja o empreendimento, esse

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GESTÃO

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trabalho não pode ser feito sem controle, defi nição de objetivos e metas, além do conhecimento das demandas do público”, afi rma Wilson Bueno, professor aposenta-do da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e autor de diversos livros sobre comunica-ção empresarial.

Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), os empreen-dimentos residentes na Incubadora Raiar têm acesso ao serviço de assessoria de co-municação. “Tentamos fazer com que os empreendedores entendam que o plano de negócio já precisa contemplar a comunica-

ção. Senão, o empresário vai ter que incluir depois e poderá sofrer um pouco por não ter trabalhado essa área mais cedo e com mais dedicação”, explica a assessora de co-municação da rede de inovação da Univer-sidade, Liana Rigon.

De volta à sala de aulaO problema é que nem todas as micro

e pequenas empresas inovadoras – mesmo as que estão em ambientes de inovação – têm acesso a esse tipo de orientação. De acordo com um estudo realizado no ano passado pela Anprotec, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inova-

GESTÃO

Nassar, da Aberje: negócio não pode começar sem cultura comunicacional

Faça um mapeamento dos seus públicos e elabore estratégiasCom quem sua empresa se relaciona? Como você se comunica com essas pessoas? É possível melhorar esse relacio-namento?

Tenha um site atualizadoHoje a internet é a maior fonte de informações que existe. Se sua empresa não tem um site, ela é quase invisível. Não é preciso ter um site moderno, basta apresentar informações atualizadas e fornecer dados de contato.

Responda e-mailsSeu site tem um formulário de contato, mas você nunca responde os e-mails que chegam por meio dele? Dedique um espaço de sua agenda, mesmo que pequeno, para isso.

Redes sociaisNão é preciso atualizar todos os dias. Mas é bom ter uma página no Facebook, por exemplo, com informações básicas como contato, endereço e direcionamento para o site.

Comunicação internaMesmo em uma pequena empresa, é importante que o empresário pense sobre seu relacionamento com os funcioná-rios. A falta de informação pode ser um dos principais fatores de desmoti vação.

Procure ajudaSe for possível, peça ajuda a um profi ssional para delinear as diretrizes de comunicação da empresa. Além disso, há centenas de livros sobre o tema, em linguagem bastante acessível, e sites com boas dicas. Um deles é o do Sebrae: htt p://www.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-mercados/divulgue-seus-produtos/comunicacao

_PARA FAZER BONITO

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ção (MCTI), a assessoria de comunicação é um dos serviços mais demandados por em-presas nascentes e pouco ofertados pelas incubadoras no Brasil.

Esse trabalho, muitas vezes, fi ca a car-go dos próprios empresários. São eles que, sozinhos, precisam contornar a falta de recursos e encontrar soluções adequadas às suas empresas. “No Brasil, o pequeno empresário é totalmente desprotegido. Ele fi ca sufocado pela necessidade básica e fun-damental de recursos fi nanceiros. E o que acontece? Na sociedade do conhecimento em que vivemos, quem decide ter um ne-gócio tem que entender que comunicação e relacionamento são estratégicos para o sucesso. Essa visão tem que ser intrínseca à formação do empresário”, avalia Paulo Nassar, professor da USP e diretor-geral da Associação Brasileira de Comunicação Em-presarial (Aberje).

Planejando a comunicaçãoA saída, de acordo com Nassar, é que o

empresário invista na sua própria forma-ção. “A única solução, na minha visão, é que, em um primeiro momento, o empresário adquira conhecimentos sobre como fazer um relacionamento excelente. Ele precisará voltar à sala de aula, passar por treinamen-tos e cursos que muitas vezes as entidades associativas disponibilizam a preços acessí-veis”, afi rma. “O pior dos mundos é come-çar um negócio sem recursos fi nanceiros e sem cultura comunicacional. Na sociedade em que estamos vivendo, onde temos uma comunicação em rede que rompe a questão geográfi ca, é necessário adquirir essas ca-pacidades comunicacionais. O que alavanca isso? Ter disposição para adquirir esse co-nhecimento.”

Quando o empreendedor tem conheci-mento sobre comunicação, ele pode, com pequenas ações, realizar um planejamento da área em sua empresa. É preciso, primei-ro, identifi car quais são os públicos com os

quais interage, como clientes, fornecedores, comunidade do entorno e órgãos públicos, entre outros. Essa avaliação é importante para que o empresário saiba quais são as demandas de informação desses públicos e como é possível fortalecer a relação entre eles e o negócio.

Feito isso, o empreendedor deve estru-turar mensagens para cada público e de-fi nir quais mídias utilizará. Por exemplo: uma empresa identifi ca que seus principais clientes são jovens com cerca de 20 anos de idade, que moram em uma capital brasilei-ra. Com base nessa informação, a organiza-ção talvez possa focar suas ações nas redes sociais. Já para um empreendimento que desenvolva produtos para pequenos produ-tores agrícolas, a mídia ideal talvez seja um jornal ou rádio local.

É nessa fase de planejamento, também, que o empresário poderá avaliar o quanto está disposto a investir em comunicação e relacionamento, defi nindo estratégias a partir do orçamento. “Existem pequeníssi-mas empresas que fazem um bom trabalho de comunicação mesmo sem investir gran-des recursos, basta ter um site atualizado, estar nas redes sociais, ter uma pronta res-posta, mesmo que seja telefônica. Isso já re-presenta um trabalho de planejamento de comunicação”, explica Bueno.

Mesmo no caso de ações mais comple-xas, como relacionamento com a imprensa, é possível planejar e executar sem gastar muito. “Algumas ferramentas são mais qua-lifi cadas e ninguém nasce sabendo, como o relacionamento com a imprensa. Mas hoje existem opções de media training, de cur-sos e de livros acessíveis para empreende-dores”, afi rma Bueno.

É hora de contratar?Ao pensar na comunicação empresarial,

uma dúvida que pode surgir ao empreende-dor é: será que não seria melhor contratar um profi ssional? De acordo com os pesqui-

Duarte: parceria entre profi ssional interno e consultores externos

seria o ideal

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GESTÃO

sadores, antes de decidir isso, é preciso ana-lisar os objetivos da organização em relação à área.

É possível contratar um profi ssional para trabalhar internamente na empresa ou consultores e assessorias terceirizadas. “O ideal seria que fosse um profi ssional inter-no, pois ele entende a cultura da empresa, vive o dia-a-dia da organização, adapta as soluções para o perfi l do empreendimento. A consultoria dá boas soluções, mas tem um contato mais estreito. O melhor seria que houvesse um profi ssional na empresa que contratasse, eventualmente, serviços exter-nos”, afi rma o jornalista e profi ssional de relações públicas Jorge Duarte.

De acordo com Wilson Bueno, caso o em-presário possa contratar apenas um colabo-rador para a área, é importante que ele bus-que profi ssionais com perfi l multidisciplinar. “A pessoa vai ter que ter noções básicas de relacionamento com a mídia, saber usar as redes sociais, atualizar um site. Sobretudo nas gerações mais jovens, existem pessoas com esse perfi l e que podem manter a em-presa visível, para que não fi que isolada sem responder às demandas”, afi rma.

Assessoria nos habitats A consciência quanto à importância da

comunicação para o desenvolvimento das empresas vem se disseminando entre incu-badoras e parques tecnológicos brasileiros. A incubadora Raiar, da PUCRS, é um exem-plo de assessoria consolidada, que estimula os empreendedores a pensar em comunica-ção desde a elaboração de seus planos de negócio. Além da jornalista Liana Rigon, responsável por essa área na universidade, a incubadora conta, também, com a equipe de comunicação da própria PUCRS. “Faze-mos um trabalho de orientação e também elaboramos planos de ação de comunica-ção. Os empresários participam ativamen-te desse processo. Vamos elaborando, em conjunto, as mensagens para cada público,

para que quando eles saiam da incubadora não estejam tão inexperientes em relação à comunicação”, explica a jornalista.

Um dos principais desafi os do trabalho, de acordo com Liana, é estabelecer uma re-lação de confi ança com os empresários. “Há uma percepção de que quem trabalha na comunicação vai sempre divulgar as ações da empresa. Só que, muitas vezes, a equipe de comunicação quer receber informações para orientá-los, e não para sair divulgando. Saber o que está acontecendo na empresa é importante até mesmo para protegê-la”, afi rma.

No Parque Tecnológico de São José dos Campos, a jornalista Liv Taranger, além de atuar com a comunicação institucional do habitat de inovação, ajuda os empresários a pensarem sobre o tema. Sua principal dica: comece pelo site. “As empresas pequenas estão tão preocupadas em sobreviver no mercado que às vezes esquecem da comu-nicação. Muitos empreendimentos não têm site ou tem um portal sem informação. Os empreendedores precisam entender que há pessoas de outras regiões do Brasil ou até do mundo que podem se interessar pelo negócio. Por isso, ele deve estar visível na internet”, recomenda.

Já na incubadora da Coppe/UFRJ, o foco do trabalho da assessoria de comunicação é o relacionamento com a imprensa. “Temos 16 empresas na incubadora e mais quatro estão chegando. Para sabermos o que está acontecendo, fazemos uma ronda quinze-nal e passamos em todas elas, em busca de alguma novidade. Também aproveitamos essa rotina para conhecer as empresas e as tecnologias, já que não é tão simples enten-der o que elas fazem. Quando temos uma pauta, é preciso fazer uma espécie de ʻtra-duçãoʼ do linguajar técnico dos empresá-rios para poder divulgar”, relata o jornalista Bruno Amorim.

O caminho, portanto, é a ajuda mútua e o aprendizado contínuo.

Liana, da Raiar: incubadas são orientadas na elaboração de planos de comunicação

Liv, do Parque Tecnológico de São José dos Campos: site com informações claras é um bom começo para novos negócios

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CRISE

Apesar de frear planos de exportação, crise europeia exige competitividade de MPEs brasileiras, que agora enfrentam a

vinda de concorrentes estrangeiras atraídas pelo aquecimento do mercado interno

A Europa dentro de casa

Bolsas de valores em queda, demissões em massa, medidas de austeridade, greves. Países como Grécia, Portugal, Espanha e Itália vêm enfrentando, nos últimos meses, os efeitos da crise financeira que abala, principalmente, a Zona do Euro. Além dos impactos ao conti-nente, o cenário de perspectiva de recessão pode afetar a internacionalização de micro e pequenas empresas inovadoras (MPEs) brasi-leiras. Mas, nesse caso, de maneira positiva. Com o mercado interno aquecido, o Brasil, ao contrário da Europa, está atraindo investi-mentos e abrindo espaço para parcerias, joint ventures e transferências de tecnologia.

Segundo consultores e pesquisadores, é uma boa hora para os empresários pensa-rem além da exportação. “A crise pode afetar negativamente as empresas que pensam a internacionalização de uma maneira redu-cionista, ou seja, simplesmente como uma forma de acessar mercados ou vender mais caro”, afirma o professor de pós-graduação em Administração da Universidade Positivo, Rene Seifert, que atua na área de negócios in-ternacionais. De acordo com ele, é importante que os empresários pensem de uma maneira ampliada. “Aí, sim, a crise lá fora pode ser, in-clusive, uma oportunidade”, destaca.

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CRISE

Os efeitos da recessão nos países eu-ropeus já podem ser sentidos no mercado interno. Conforme Adriana Braga, analista do setor de internacionalização da Fumsoft, instituição representante do setor de TI em Minas Gerais, a crise europeia tem gerado aumento da competitividade no mercado brasileiro. “A quantidade de empresas es-trangeiras vindo para cá, fazendo fusões ou aquisições, está aumentando muito e as empresas inovadoras têm que fi car mais inovadoras do que nunca”, analisa.

Brasil atraenteEm abril deste ano, a Fumsoft promoverá

uma missão empresarial para Portugal, um dos países mais afetados pela crise fi nan-ceira na Europa. “Lá, as empresas são ino-vadoras, mas não têm liquidez. Então, elas estão procurando parceiros no Brasil que possam viabilizar um joint venture ou uma parceria. O Brasil é uma porta de entrada enorme para empresas portuguesas que não teriam como vir sozinhas para cá. Ao mesmo tempo, estamos indo para lá para prospectar, entender quais são as tecnolo-gias, os modelos de gestão e as políticas da União Europeia”, explica Adriana.

Assim como em Minas Gerais, o interes-se de empresas estrangeiras pelo país tam-bém tem sido percebido em São Paulo. “Em São José dos Campos (SP), um dos maiores polos tecnológicos do Brasil, as empresas brasileiras têm sido muito procuradas por empresas da Europa para a realização de parcerias e transferência de tecnologia. Essa é uma grande oportunidade para os pequenos empresários”, afi rma Gilberto Campião, consultor do Sebrae de São Paulo e especialista em Comércio Exterior.

As empresas estrangeiras, de acordo com Campião, estão adotando, atualmen-te, uma postura mais proativa do que as brasileiras. “São as próprias empresas de fora que estão vindo atrás. As empresas brasileiras estão sendo mais reativas”, co-

menta. Nas incubadoras de empresas, os escritórios de internacionalização também estão vivenciando uma inversão de papéis. Cada vez mais, são eles os procurados por empresas de outros países. “A gente perce-be que muitos países têm nos procurado para trazer suas empresas ao mercado bra-sileiro. O Brasil está em uma perspectiva de mercado em crescimento em relação aos investimentos que estão sendo feitos em infraestrutura, petróleo e gás e com os eventos esportivos, por exemplo”, afi rma Alexandre Steinbruch, do Escritório de Ne-gócios Internacionais da Fundação Certi, em Santa Catarina.

Professor da PUCRS, o economista Mo-hamed Amal esteve no fi nal de 2011 em um evento empresarial na Espanha sobre Santa Catarina. “Havia mais de 200 empre-sas interessadas em saber como investir no Brasil. Existe uma demanda crescente. E a maioria dos interessados são empresas de pequeno e médio porte que querem am-pliar seus horizontes de investimento para a América do Sul”, relata.

Amal explica que, em um primeiro mo-mento, as empresas europeias focaram suas ações em países vizinhos como Marrocos e Tunísia, mas que a demanda por países da América do Sul deve aumentar, já que, de acordo com ele, possuem um potencial de crescimento maior. “Empresas europeias vêm adquirindo empresas brasileiras como forma mais rápida de ingressar no país. Te-mos um fenômeno relativamente novo: dado o fato de as perspectivas de crescimento na Europa terem diminuído signifi cativamente nos últimos anos, pequenas e médias em-presas que conseguiram sustentar suas es-tratégias de crescimento dentro do espaço europeu foram obrigadas a reorientar suas estratégias para regiões extrabloco.”

Mercado internoNão são apenas as empresas estrangeiras

que estão de olho no mercado brasileiro. Os

Dib, do Coppead: apesar da crise, é importante focar no mercado externo

Adriana, da Fumsoft : empresas estrangeiras estão buscando parceiros no Brasil

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próprios empreendedores nacionais, prefe-rem, atualmente, concentrar suas ações no Brasil. “As pequenas empresas têm um mer-cado interno muito comprador, que hoje de-manda muito delas. As empresas que não têm uma estrutura muito grande estão primeiro avaliando o próprio mercado interno”, afi rma Alexandre Steinbruch, da Fundação Certi.

De acordo com Luís Antônio Dib, profes-sor do Coppead – Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está ocorrendo um retorno ao cenário de antes da década de 1990, quando a maioria das pequenas empresas não pensava em buscar mercados externos. “As pequenas empresas estavam descobrindo o mercado externo, vendo que não precisavam fi car restritas ao Brasil. E agora, com a crise, esse cenário volta a ser o que era antes da década de 1990. As empresas têm um mercado interno bom. Por que vão querer se arriscar lá fora?”, avalia.

Porém, esse retorno do foco ao mercado interno pode não ser totalmente positivo. “Na minha opinião, quando uma empresa vai para o exterior ela acaba fi cando me-lhor, ganha mais experiência, é exposta a outros consumidores, confere maior fl exibi-lidade aos produtos”, afi rma Dib.

O recuo das empresas em relação ao mercado externo, na opinião do professor Mohamed Amal, mostra, também, que a in-ternacionalização das empresas brasileiras ainda não é um processo maduro. “Na Euro-pa, as pequenas e médias empresas são mui-to agressivas em seus processos de interna-cionalização. Elas já têm mais de 30 anos de experiência com isso. Tanto que uma de suas estratégias para superar a crise foi adquirir empresas no exterior, como fi zeram algumas da Espanha e de Portugal”, analisa.

Dentro de casaO foco das empresas brasileiras no mer-

cado interno não signifi ca, no entanto, que elas estejam menos “internacionais”. Se

antes o empresário entendia internaciona-lização como exportação, agora a interna-cionalização está dentro de casa. “Temos trabalhado na capacitação das empresas inovadoras, seja no modelo de negócios, na capacitação para exportação, certifi cação de softwares. Queremos que fi quem mais competitivas no mercado interno”, afi rma Adriana Braga, da Fumsoft.

Muitas empresas, segundo Adriana, tam-bém estão pensando na internacionalização como uma forma de se tornarem mais com-petitivas internamente. “Algumas participam de missões só para prospectar, conhecer em-presas e instituições. Não para fazer negó-cios. Há uma consciência de que o mercado interno está tão bom que é preciso ser mais competitivo aqui. Para isso, elas vão lá fora buscar modelos de negócio, tecnologias, mo-delos de gestão e capacitação”, explica.

Segundo o economista Mohamed Amal, o aumento da competição deve acelerar o pro-cesso de inovação nas empresas. “Imagino que o primeiro efeito seria sobre o aumento da competição, que deve gerar um desafi o maior para as empresas brasileiras continu-arem no processo de inovação para enfren-tar esses novos players que estão chegando”, avalia.

Um segundo fenômeno que pode aconte-cer, de acordo com o professor da PUCRS, é o aumento das alianças entre empresas brasi-leiras e estrangeiras. “As empresas nacionais têm vantagens no Brasil. Elas conhecem me-lhor o mercado e têm mais proximidade com os clientes, o que as empresas europeias não têm. Isso favorece um processo acelerado de alianças e joint ventures, especialmente na área de tecnologia. Esse seria um caminho muito natural”, afi rma.

Para o professor Rene Seifert, da Univer-sidade Positivo, a vinda das empresas estran-geiras signifi ca muito mais do que o aumento da concorrência no país: pode ser uma opor-tunidade de as empresas brasileiras gerarem inovação voltada ao mercado doméstico.

Amal, da PUCRS: inovação ajuda a

enfrentar novos players

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EDUCAÇÃO

Em meio às polêmicas que envolvem o Enem, universidades brasileiras buscam alternativas ao vestibular tradicional para

democratizar o acesso ao Ensino Superior

Exames sob avaliação

Há 100 anos surgia no Brasil uma pro-va que até hoje é uma das peças-chaves da política educacional do país: o vestibular. O Decreto no 8.569, de 1911, determinou, pela primeira vez, que o acesso às vagas do ensino superior deveria ocorrer por meio de exame de admissão. Desde en-tão, a prova passou por várias mudanças de nome e de formato e, hoje, está sendo substituída pelo Exame Nacional do En-sino Médio (Enem) nas instituições fede-rais. O desafio, porém, continua o mesmo. Com mais candidatos do que vagas, como selecionar os estudantes de uma forma eficiente e justa?

Antes do vestibular, o acesso à educação superior no Brasil se fazia por meio dos

chamados exames preparatórios. “Era um processo no qual os aspirantes à educação superior faziam provas de determinadas matérias e depois apresentavam os certifi-cados de aprovação às instituições de en-sino”, explica a professora da Universidade Federal da Bahia Silvia Maria Leite, autora da tese de doutorado Acesso à educação su-perior no Brasil: uma cartografia da legisla-ção de 1824 a 2003.

O vestibular, segundo Silvia, foi criado para acabar com esse processo. “Esses exa-mes estavam se mostrando fraudulentos ou mais fáceis de serem realizados em algu-mas províncias”, afirma.

Outro objetivo da criação do vestibular, de acordo com a professora, foi o de esta-

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EDUCAÇÃO

belecer o ensino médio no país. “Os estu-dante ingressavam no ensino superior sem fazer o ensino secundário, pois faziam os exames parcelados, tinham aulas régias”, relata.

Apesar de ter sido instituído em 1911, o vestibular começou a ser aplicado apenas em meados da década de 1920 e seguiu sendo a única forma de acesso a vagas no ensino superior até 1996.

Naquele ano, a nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) trouxe mudanças e o vesti-bular, em sua forma tradicional, deixou de ser obrigatório. A LDB estabeleceu que o acesso ao ensino superior deveria ocorrer através de processo seletivo, mas não deter-minou uma metodologia.

O EnemO Ministério da Educação (MEC) re-

solveu tornar o Enem um processo sele-tivo para instituições federais de ensino superior no início de 2009. A prova até então era apenas uma ferramenta para a avaliação da qualidade do ensino médio no Brasil. Uma das razões para a mudan-ça, segundo o MEC, veio da necessidade de democratizar as oportunidades de concorrência às vagas federais de ensino superior, favorecendo a mobilidade dos estudantes.

Além disso, haveria a necessidade de re-estruturar o currículo do ensino médio, que estaria voltado para o acúmulo excessivo de conteúdos.

As universidades não são obrigadas a adotar o Enem em seus processos seleti-vos. Mas, em 2011, cerca de 50 institui-ções públicas disponibilizaram 100% das suas vagas por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unifi cada), que é acessado atra-vés do Enem. A Universidade Federal do Ceará (UFC) foi uma delas. “Nosso antigo vestibular já não tinha capacidade técni-ca para avaliar os candidatos para cursos com concorrência extrema: ou muito alta

ou muito baixa. Quando o Enem mudou de formato, decidimos adotá-lo”, explica a professora Maria de Jesus de Sá Correia, coordenadora de concursos da UFC.

Para ela, a adoção da prova como processo seletivo único pode, ao longo do tempo, ampliar a democratização do acesso às vagas da universidade. “Não basta concedermos isenção para dizer que estamos democratizando o acesso. É necessário que existam políticas associa-das à isenção que favoreçam isso”, afi rma. Maria de Jesus cita, também, como impor-tantes, as mudanças na cobrança de con-teúdo e no momento da escolha do curso pelo candidato. “O Enem não é conteudis-ta como o vestibular e isso desestabilizou o sistema de ensino particular. Além dis-so, o aluno só defi ne o curso que vai fazer quando já sabe o resultado da prova. Ele pode decidir onde encaixar seu rendimen-to”, avalia.

Para a professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janei-ro (UFRJ), Helena Ibiapina, que realizou estudos sobre a história do vestibular no Brasil, a democratização do acesso ao ensino superior é uma meta que não pode ser atingida a partir de mudanças nas provas de ingresso. “A não democra-tização do acesso acontece quando uma criança entra em uma escola de péssima qualidade e vai concorrer no fi nal de tudo isso a uma vaga na universidade, seja por meio do Enem ou do vestibular tradicio-nal. Você não pode democratizar no fi m, tem que democratizar no início”, avalia.

O único consenso entre os pesquisa-dores e representantes de instituições de ensino é de que os resultados da adoção do Enem como processo seletivo não po-dem ser analisados agora - só poderão ser vistos a longo prazo. “Os efeitos das mu-danças feitas na Educação só conseguem ser vistos depois de anos, às vezes uma década”, afi rma Helena Ibiapina.

Helena, da UFRJ: democrati zação não

depende apenas da metodologia

de ingresso na universidade

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As estratégias do novo cinemaO setor cinematográfi co anda preocupado com

os efeitos de um mundo em total transformação. Diante de um mercado em mutação, Hollywood decidiu agir para que a indústria do cinema não acumule perdas além das registradas nos últimos anos. Vale a pena analisar os passos dados recente-mente pelos poderosos da sétima arte, cada vez mais convencidos de que não veremos fi lmes como antigamente.

O Estúdio Walt Disney foi um dos mais afetados com a recente crise mundial e a pirataria na internet – fatores aos quais a empre-sa atribui a queda de 30% em seu faturamento nos últimos dois anos. Para piorar a situação, o último fi lme lançado pela Disney fracassou nas bilheterias. Em um encontro com jornalistas, os di-retores do Estúdio foram precisos: “Diante da resposta que teve John Carter nos cinemas, calculamos que o fi lme provocará um prejuízo operacional de cerca de US$ 200 milhões.” O fi lme, que narra as aventuras de um herói da Terra em Marte, arrecadou apenas US$ 30,1 milhões – a superprodução custou US$ 250 milhões.

Quanto à pirataria, a indústria cinematográfi ca já entendeu o recado do público: é preciso oferecer algum dife-rencial para fazer com que as salas de cinema continuem sendo frequentadas. Hoje, com o barateamento de TVs de última geração e aparelhos de home theater, muitos preferem o conforto de casa e baixar os fi lmes de graça na inter-net. O cinema 3D vem dando bons resultados. Dos dez fi lmes mais vistos em 2010, pelo menos três tinham versões em três dimensões – um sinal claro de que essa tecnologia veio para fi car.

O que mais surpreende, porém, não é a utilização do 3D nas grandes produções. Em cartaz nos principais cinemas do Brasil, Pina é um fi lme de arte dirigido pelo alemão Wim Wenders, que conta a história da dançarina Pina Bausch. A nova tecnologia permite que nos deliciemos com cenas de dança que jamais poderiam ser apresentadas com tamanha grandiosidade em duas dimensões. Ao sair do fi lme, a sensação é que o 3D pode ser um elemento usado para atrair plateias de fi lmes considerados mais artísticos e menos comerciais. Investir em novas experiências visuais parece ser a saída para uma indústria que precisa convencer as pessoas de que seu produto ainda é algo mágico.

Pina. (Alemanha, França e Reino Unido, 2011, 103 min.) Dirigido por Wim Wenders. Em cartaz nos cinemas.

CULTURA

P O R B R U N O M O R E S C H I

Imperati vo

Leia O Rei da Roleta, livro que conta a história de Joaquim Rolla, tropeiro que acabou se tornando um grande empreendedor brasileiro do ramo de jogos e turismo. Para se ter uma ideia, ele foi dono do Cassino

da Urca, no Rio de Janeiro. A obra explica com detalhes seu olhar visionário, suas associações com poderosos para ampliar seus negócios e o cenário políti co e econômico do início do século 20. O Rei da Roleta, de João Perdigão e Euler Corradi. Editora Casa da Palavra, 2012, 464 páginas.

Visite a exposição Modigliani: imagens de uma vida, com 54 pinturas, 55 desenhos, cinco esculturas originais, além de di-versos documentos do arti sta italiano Amedeo Modigliani. No Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Até 15/4.

Veja o fi lme A Separação, produção iraniana vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2012. A complexa história foge de estereóti pos e mostra como pequenos acontecimentos podem transformar radicalmente nossas vidas.

Cena de Pina: 3D atrai plateia a fi lmes fora do circuito comercial

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Realização: Organização local:

Apresente seu trabalho científico no maior

evento de incubadoras de empresas e parques

tecnológicos da América Latina.

A chamada já foi lançada! Inscrições até 10 de maio.

Artigos

Pôsteres

Cases de boas práticas

Saiba mais em: www.anprotec.org.br

17 a 21 de Setembro de 2012 - Foz do Iguaçu (PR)

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O passado é o futuroM a u r i c i o G u e d e s

Diretor do Parque Tecnológico da UFR J

P residente da IA SP – A ssoc iação Inter nac ional de Parques Tecnológicos

Em junho de 2002, foi lançado o Livro Branco da Ciência, Tecnologia e

Inovação, com propostas de rumos estratégicos para os 10 anos se-

guintes, expressando uma agenda de consensos entre o Estado e a

sociedade. Passada a década estabelecida como horizonte, cabe aqui

não um balanço – pretensão demais para este espaço –, mas uma refl exão

sobre o quanto avançamos e o que deixamos de fazer.

Entre as nove diretrizes apontadas pelo Livro, destacavam-se a implantação

de um efeti vo Sistema Nacional e a ampliação dos investi mentos em C,T&I,

o aumento da capacidade de pesquisa básica e da formação de pessoal para

atuar na área, a educação para a sociedade do conhecimento, além do forta-

lecimento das insti tuições e políti cas públicas relacionadas. Em outra frente, o

Livro propunha a promoção da inovação para ampliar a competi ti vidade das

empresas brasileiras e a sua inserção no mercado global.

Sem dúvida, as conquistas obti das nesses 10 anos – que incluem os últi mos

meses do governo FHC, os dois governos Lula e o primeiro ano do governo

Dilma – foram marcantes, especialmente no aprimoramento do marco legal,

na consolidação de um Sistema Nacional de C,T&I, na expansão dos investi mentos e na elevação da nossa

posição no ranking da produção cientí fi ca mundial.

No que se refere, porém, ao aumento da competi ti vidade e à inserção internacional das empresas brasi-

leiras, fi camos devendo. A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, anunciada no ano passado

pelo governo federal para o período 2012-2015, aponta com clareza esse tropeço. Os números positi vos da

Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) que indicam um aumento no percentual de empresas inovadoras

no país, de 33,4% para 38,1% no período 2005-2008, são contaminados pelo conceito exageradamente am-

plo de inovação, que inclui, por exemplo, a inovação incorporada na aquisição de máquinas e equipamentos.

Tiram o foco do grave problema apontado na mesma pesquisa, que revela que apenas 4,1% das empresas

industriais brasileiras criaram um produto novo ou substancialmente aperfeiçoado.

É urgente a adoção de políti cas para ampliar o pelotão de empresas brasileiras verdadeiramente inovado-

ras, que tenham no seu DNA o compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento. Em todo o mundo, uma

das principais fontes desse ti po de empresa é o próprio sistema acadêmico, e o Livro Branco já apontava

isso ao afi rmar: “Deve-se intensifi car o apoio à incubação de empresas de conteúdo tecnológico e apoiar,

na intensidade requerida, a transformação de ideias nascidas nas universidades em invenções, e dessas em

inovações.” E dizia também: “É preciso apoiar ações visando estabelecer e consolidar parques tecnológicos

em áreas selecionadas, por meios diversos”.

Passados 10 anos, vale a pena reler o Livro Branco, comemorar os êxitos e, principalmente, avaliar o que

poderia ter sido melhor. Afi nal, mais uma vez, Millôr Fernandes ti nha razão: “O passado é o futuro, usado”.

OPINIÃO

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Realização: Organização local:

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Artigos

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17 a 21 de Setembro de 2012 - Foz do Iguaçu (PR)

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Alemanha I Estônia • 10 a 21 de junho de 2012

Missão Técnica Internacional

Alemanha Estônia

Realização: Parceria: ApoioInstitucional:

A ANPROTEC convida os gestores de parques científicos e tecnológicos e de incubadoras de em-

presas, secretários municipais e estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação e de Desenvolvimen-

to Econômico, dirigentes de órgãos governamentais de fomento e apoio ao empreendedorismo

e à inovação para participarem da Missão Técnica Internacional.

Data de inscrições: até 30 de abril de 2012

www.anprotec .o rg .b r