Jornal Psicossocial, 7

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Nº 7 -Março de 2012 1 JORNAL PSICOSSOCIAL também em http://psicossocial-aquelabase-blogspot.com Editorial Faz o melhor que possas. De todas as formas que possas. Em todos os lugares que possas. Em todas as ocasiões que possas. A todas as pessoas que possas. Durante todo o tempo que possas. John Wesley Nesta edição, o Jornal Psicossocial faz o balanço do primeiro triénio do curso, dando a palavra aos formandos e formandas finalistas; publicamos oito textos que dão uma perspetiva descritiva e reflexiva dos diferentes per/cursos dos formandos. Uma leitura atenta dos textos permite ter uma visão muito próxima daquilo que é a realidade do ensino profissional, nomea- damente em termos das características pessoais e sociais dos alunos, das suas motivações e dificul- dades, mas sobretudo de um percurso de crescimento e matu- ração realizado ao longo de três anos letivos. São textos muito diferentes, que espelham não apenas as diferentes competências dos formandos, mas também as suas diferentes personalidades e percursos sociais. Ainda assim há certos aspetos comuns, nomeada- mente o facto de todos eles serem atravessados por um certo sentimento inicial de derrota e de ressentimento em relação à escola (eles são um bom exemplo dos “excluídos do interior”), de introjeção da «ideologia dominante que os perfila como incompetentes e culpados, autores dos seus fracassos cuja raison d´être se acha porém na perversidade do sistema» 1 , mas também o facto de esses sentimentos se transformarem, na maior parte dos casos, numa redesco- berta de si próprios, numa crença nova nas suas capacida- des e possibilidades, num autoconceito refeito e num sen- timento de autoeficácia redescoberto nesta nova experiência da escola que foi o curso profissio- nal TAP; de algum modo, os textos des- tes formandos, se bem lidos, são a melhor justificação deste curso e o melhor reconhecimento do trabalho realizado pelos formadores durante este triénio. Em termos pedagógicos tais testemunhos são uma pequena, mas significativa, esperança na escola enquanto instituição que não se limita a reproduzir as desigualdades, mas que procura, pelo menos, corrigi-las (pace Pierre Bour- dieu, que certamente sorriria deste otimismo, ainda que muito moderado), fugindo assim a um destino de excluídos e também a uma «educação não mais envolvida com e fiel a uma compreensão crítica do mundo, mas de uma educa- ção a serviço do treinamento estritamente técnico da mão- de-obra» (Paulo Freire, obra citada, p. 133). O jornal discute ainda a prova de aptidão profissio- nal, explicitando algumas das razões para considerá-la como um projeto de intervenção integrada no estágio, faz um balanço sumário das ativi- dades realizadas no presente ano letivo e apresenta uma reflexão sobre o curso TAP na oferta educati- va do Agrupa- mento de Escolas de Condeixa para o próximo ano letivo, que já está em preparação; nesta reflexão faz-se um balanço do primeiro triénio do curso e apresentam-se algumas ideias sobre o que se pode melhorar, tornando assim o curso num fator de desenvolvimento local. 1 Paulo Freire, Pedagogia da esperança. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 20003, p. 56. 1. Editorial 2. Per/cursos: Testemunhos dos formandos do Curso TAP no triénio 2009-2011. 3. Núcleos de Estágio do Curso TAP no triénio 2009-2012 em Instituições e Empresas. 4. Desafios: a Prova de Aptidão Profissional 5. Atividades do Curso TAP. 6. O Curso TAP na oferta educativa do Agrupa- mento de Escolas de Condeixa para o triénio 2012-2015.

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Editorial

Faz o melhor que possas. De todas as formas que possas. Em todos os lugares que possas. Em todas as ocasiões que possas. A todas as pessoas que possas. Durante todo o tempo que possas.

John Wesley

Nesta edição, o Jornal Psicossocial faz o balanço do primeiro triénio do curso, dando a palavra aos formandos e formandas finalistas; publicamos oito textos que dão uma perspetiva descritiva e reflexiva dos diferentes per/cursos dos formandos.

Uma leitura atenta dos textos permite ter uma visão muito próxima daquilo que é a realidade do ensino

profissional, nomea-damente em termos das características pessoais e sociais dos alunos, das suas motivações e dificul-dades, mas sobretudo de um percurso de crescimento e matu-ração realizado ao longo de três anos letivos. São textos muito diferentes, que

espelham não apenas as diferentes competências dos formandos, mas também as suas diferentes personalidades e percursos sociais.

Ainda assim há certos aspetos comuns, nomeada-

mente o facto de todos eles serem atravessados por um certo sentimento inicial de derrota e de ressentimento em relação à escola (eles são um bom exemplo dos “excluídos do interior”), de introjeção da «ideologia dominante que os perfila como incompetentes e culpados, autores dos seus fracassos cuja raison d´être se acha porém na perversidade

do sistema»1, mas também o facto de esses sentimentos se transformarem, na maior parte dos casos, numa redesco-berta de si próprios, numa crença nova nas suas capacida-des e possibilidades, num autoconceito refeito e num sen-timento de autoeficácia redescoberto nesta nova experiência da escola que foi o curso profissio-nal TAP; de algum modo, os textos des-tes formandos, se bem lidos, são a melhor justificação deste curso e o melhor reconhecimento do trabalho realizado pelos formadores durante este triénio.

Em termos pedagógicos tais testemunhos são uma pequena, mas significativa, esperança na escola enquanto instituição que não se limita a reproduzir as desigualdades, mas que procura, pelo menos, corrigi-las (pace Pierre Bour-dieu, que certamente sorriria deste otimismo, ainda que muito moderado), fugindo assim a um destino de excluídos e também a uma «educação não mais envolvida com e fiel a uma compreensão crítica do mundo, mas de uma educa-ção a serviço do treinamento estritamente técnico da mão-de-obra» (Paulo Freire, obra citada, p. 133).

O jornal discute ainda a prova de aptidão profissio-nal, explicitando algumas das razões para considerá-la como um projeto de intervenção integrada no estágio, faz

um balanço sumário das ativi-dades realizadas no presente ano letivo e apresenta uma reflexão sobre o curso TAP na oferta educati-va do Agrupa-mento de Escolas de Condeixa para o próximo ano

letivo, que já está em preparação; nesta reflexão faz-se um balanço do primeiro triénio do curso e apresentam-se algumas ideias sobre o que se pode melhorar, tornando assim o curso num fator de desenvolvimento local.

1 Paulo Freire, Pedagogia da esperança. Paz e Terra, Rio de Janeiro,

20003, p. 56.

1. Editorial

2. Per/cursos: Testemunhos dos formandos do

Curso TAP no triénio 2009-2011.

3. Núcleos de Estágio do Curso TAP no triénio

2009-2012 em Instituições e Empresas.

4. Desafios: a Prova de Aptidão Profissional

5. Atividades do Curso TAP.

6. O Curso TAP na oferta educativa do Agrupa-

mento de Escolas de Condeixa para o triénio

2012-2015.

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Um per/curso psicossocial Anabela Cardoso1

Uma rapariga de catorze anos que veio da cidade para uma vila, um mundo completamente diferente, longe dos amigos e dos pais; foi no 9º ano que comecei a frequentar o Agrupamento de Escolas de Condeixa e tive muitas dificuldades em adap-tar-me à turma na qual fui colocada, uma turma com problemas de apro-

veitamento e de comportamento. Também senti dificul-dades em algumas disciplinas, mas no final do ano tudo correu bem, embora uma nuvem estivesse no meu hori-zonte: eu tinha uma grande decisão para tomar. Qual o meu percurso escolar depois de terminar o 9º ano? Fiz-me esta pergunta muitas vezes, mas a respos-ta não era fácil. Sabia que a minha área seria sempre por um curso que tivesse a ver com as pessoas, é uma carac-terística que tenho, gostar de falar com as pessoas, inte-ragir com elas em grupo, ser solícita ou prestar cuidados a quem deles necessite. O meu diretor de turma do nono ano falou-me do ensino profissional, que considerava a opção certa para mim, e mais especificamente falou-me de um curso pro-fissional que se ia iniciar na Escola Fernando Namora; fui saber mais informação sobre o curso, gostei das discipli-nas e decidi arriscar: o meu ensino secundário seria reali-zado na área do ensino profissional, no Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial, mas hesitei um pouco. Não sabia como funcionava o ensino profissional, não conhecia ninguém com o curso que escolhi e, rapidamen-te o percebi, há um estereótipo muito frequente acerca dos cursos profissionais: as pessoas dizem que os alunos do ensino profissional são aqueles que não têm capacida-des ou resultados para prosseguir mais estudos; só assim serão capazes de ter o 12º ano. Não conhecendo a realidade dos cursos profissio-nais, o que é que eu esperava? Esperava que as discipli-nas fossem semelhantes às do ensino secundário comum, talvez com conteúdos mais práticos e fáceis, e que os métodos e instrumentos de avaliação também fossem parecidos. Pensava que assim, com menos trabalho, iria ter mais hipóteses de concluir o ensino secundário. Além disso, parecia-me que este tipo de cursos nos dão opor-tunidades distintas e gratificantes, por exemplo termina-mos o curso e podemos entrar imediatamente no merca-do de trabalho com as qualificações necessárias, conquis-tado assim a nossa independência; pensei também que

1 Formanda finalista do Curso TAP, 2009-2012; estagiária na Casa de

Saúde Rainha Santa Isabel.

poderia, depois de terminar o curso, trabalhar e, ao mesmo tempo, prosseguir estudos no ensino superior. O primeiro dia de aulas do Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial (TAP) foi muito divertido, soubemos que íamos ser “formandos” e não “alunos”, que havia “formadores” e não “professores” e, menos divertido, que tínhamos de completar um certo número de horas por disciplina, nem que fosse em Agosto! As dis-ciplinas agradaram-me e os temas que iriam ser aborda-dos nas disciplinas também me entusiasmaram, princi-palmente as da área técnica. Contudo, um ponto negativo também aí se revelou: a turma era composta quase só por alunos repetentes e, pior do que isso, não pareciam muito interessados no curso nem talvez na escola. Não importa, pensei: «conheço poucas pessoas na turma, pos-so enganar-me a respeito delas e eu estou aqui para encontrar novas amizades e para aprender; tudo se vai compor.» Não senti dificuldades de aprendizagem no início, mas uma boa parte da turma não cooperava com nin-guém, formadores e formandos, mas eu procurava igno-rar este ambiente, fiz amizade com alguns formandos que, como eu, procuravam aprender e procurava fazer o meu trabalho; estava muito interessada nos assuntos estudados, pois era algo diferente e novo para mim. Durante o primeiro ano alguns alunos foram desis-tindo e a turma começou a ficar mais pequena, mas tam-bém mais adaptada ao curso e menos turbulenta; ficou quem estava interessado no curso, pelo que a motivação melhorou. Fiquei a conhecer melhor os meus colegas de turma e fiz alguns amigos. Por outro lado, fiquei também a conhecer melhor as matérias das disciplinas e as ativi-dades desenvolvidas, na escola e fora dela; este conheci-mento mais concreto me deixou mais convencida que o meu futuro passava efetivamente por este curso. Fizemos imensas atividades com uma dimensão mais prática, nas quais aplicávamos alguns conhecimen-tos aprendidos nas aulas ou aprendíamos com o que observávamos nas visitas de trabalho que realizámos a diversas instituições. Contudo, a atividade que me des-pertou mais atenção, e gosto em desenvolvê-la, foi quan-do angariámos algum dinheiro para organizar uma ida ao Portugal dos Pequeninos para as crianças do CAT (Centro de Apoio Temporário de Crianças e Jovens em Risco da Misericórdia de Condeixa); a organização da atividade deu-nos uma noção mais precisa das funções de um Téc-nico de Apoio Psicossocial e deu-nos conhecimentos importantes sobre uma realidade que conhecíamos mal, a das crianças em risco na nossa comunidade.

Neste primeiro ano, as disciplinas que me chama-ram mais atenção foram as da área de expressões, sobre-

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tudo as expressões plástica e dramática, devido às ativida-des que desenvolvíamos, desde trabalhos manuais fantás-ticos a teatros maravilhosos, tudo realizado por nós e pelos formadores do curso. No fim deste primeiro ano, as disciplinas da área técnica organizaram a Festa Psicossocial, no Cineteatro de Condeixa; trouxemos a Condeixa um espetáculo de teatro musical, realizado pela APPACDM de Coimbra, que ofere-cemos às crianças de Condeixa; a turma também partici-pou como uma dramatização, que preparámos em Expres-são Dramática e com um Teatro de Fantoches, que prepa-rámos em Animação Sociocultural; além disso fizemos uma exposição com os nossos trabalhos de expressão plástica. Creio que esta festa serviu para mostrar que os formandos do curso TAP, apesar das dificuldades iniciais, conseguiram progredir imenso; ficámos muito orgulhosos por termos conseguido! Creio que cresci imenso durante o curso, aprendi muitas coisas que, agora vejo isso com clareza, são essen-ciais para o meu trabalho como técnica de apoio psicosso-cial; não tenho qualquer dúvida que é esta a minha área de trabalho, o desenvolvimento do curso ajudou-me a ver isso e a perceber que tenho realmente capacidades para traba-lhar com pessoas, para cuidar delas quando se encontram em situação de sofrimento, físico ou psicológico. No segundo ano do curso tivemos o privilégio de ir a várias empresas e instituições do ramo onde poderíamos vir a estagiar e até trabalhar; foi, sem dúvida, uma mais-valia para mim, pois consegui perceber onde gostaria de vir a trabalhar no futuro e com que tipo de população. A instituição que mais me impressionou foi a Casa de Saúde Rainha Santa Isabel; eu tinha uma ideia muito vaga sobre a instituição e quando a visitámos, e lá traba-lhámos durante um dia, me apercebi dos múltiplos serviços que prestam, das atividades desenvolvidas com os doen-tes, da diversidade de profissões que há seu interior e de como, em conjunto, todas procuram «fazer bem o bem». Creio que é uma instituição muito bem organizada e que me permitiria exercer a minha profissão de forma plena, pelo que decidi fazer o meu estágio nesta instituição.

Gostaria ainda de lembrar uma das dramatizações que realizámos no Dia no Patrono, em 8 de Abril de 2011, “O Silêncio da Trovoada”; envolveu as disciplinas de expressão dramática, plástica e de animação sociocultu-ral. Foi uma atividade que nos permitiu perceber que estávamos a crescer como formandos, mas também como pessoas; creio que estivemos todos muito bem. Outra dramatização que também gostei de fazer foi o tea-tro para crianças, “Os óculos tradutores”; tratou-se de uma pequena peça de teatro que realizámos para as crianças no Centro Educativo de Condeixa, na época do Natal. Uma outra atividade de que também gostei, e na qual me empenhei muito, foi a construção de “um tapete contador de histórias” para apresentar uma história

infantil (A ovelhinha negra), um projeto que desenvolve-mos na disciplina de animação sociocultural e que a tur-ma desenvolveu e apresentou, no Centro Educativo e no Hospital Pediátrico, em Coimbra Nem sempre evitámos algumas falhas, é certo, mas aprendemos com elas e, não se deve esquecer isso, nós não somos atores nem contadores de histórias! De resto, este é um aspeto de que também só agora, talvez porque já conseguimos ver quando cometemos erros, estamos a perceber claramente: o curso TAP, embora tenha desenvolvido na nossa escola e em Condeixa diver-sas atividades, não é um curso de artes! Somos, sim, ani-madores e cuidadores, técnicos de apoio psicossocial. Tudo o que fizemos serviu apenas para aprender a orga-nizar atividades de animação e de apoio psicossocial para as pessoas com as quais vamos trabalhar no futuro, crian-ças, pessoas idosas, pessoas com doenças mentais, entre outros. Agora que o estágio se aproxima, posso dizer que estou ansiosa, mas também feliz por chegar ao fim do meu per/curso; vou com boas expectativas em relação ao trabalho que vou realizar na instituição na qual vou esta-giar e creio que irei crescer muito a nível profissional, pois é a minha primeira experiência no mundo do trabalho. Depois do estágio gostaria de arranjar um empre-go na minha área, mas não quero pôr de lado a continua-ção dos estudos; queria tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo, como disse no início deste texto, e quem tem esperança, sempre alcança… tudo é possível, vamos ver o que o futuro me reserva! Para concluir, creio que aprendi e cresci muito neste curso, tenho outro nível de conhecimento sobre diversos assuntos e sobre mim mesma, como se diz no lema do curso TAP: conhece melhor os outros conhecen-do-te a ti mesma, o nosso trabalho são as pessoas. A qualidade da formação oferecida pelo curso foi muito boa, se é que o meu testemunho é significativo; obrigado a todos os formadores do curso TAP. Crescer enquanto pessoa e enquanto profissional Ana Soares1

«O Técnico de Apoio Psicossocial é o profissional qualificado apto a promover, autonomamente ou integrado em equipas multidiscipli-nares, o desenvolvimento psicosso-cial de grupos e comunidades no domínio dos cuidados sociais e de saúde e da intervenção social e comunitária.» Esta é a definição

1 Formanda finalista do curso TAP, 2009-2012; estagiária no Centro

Educativo de Condeixa.

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oficial do curso que frequento e que estou prestes a con-cluir; o que se segue é o meu per/curso… Antes do curso TAP. Todo o meu percurso escolar foi feito no ensino regular, com algumas dificuldades no sétimo, no nono e no décimo primeiro anos; fui uma alu-na com notas razoáveis, mas não muito boas. Contudo, no décimo primeiro ano, na área de ciências e tecnolo-gias, decidi alterar completamente a minha vida escolar: recomeçar o décimo ano no Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial (TAP). Escolhi o curso TAP porque houve uma fase do meu percurso escolar em que me desmotivei muito por não conseguir concluir com êxito a disciplina de matemá-tica, e nessa altura decidi que ia deixar os estudos e começar a trabalhar. Com a insistência da minha mãe e de pessoas amigas, que me pediram para não abandonar os estudos, dirigi-me à escola e tentei saber se havia algum curso que me interessasse. Quando me falaram do curso TAP e de algumas das disciplinas, decidi inscrever-me e dar uma última oportunidade a mim mesma para acabar o ensino secundário com uma qualificação profis-sional e, talvez um dia, tirar um curso mo ensino superior. Aquando da entrada para o curso, confesso que, tendo tido conhecimento de alguns dos alunos que esta-vam inscritos, que já conhecia da escola, as minhas expec-tativas não foram nada boas, mas ainda assim decidi ir em frente e ter esperança; afinal, no meu percurso pessoal, eu já tinha diversas experiências de trabalho, nas férias e durante as horas livres, pelo que eu já percebia bem a necessidade de obter uma qualificação profissional para o meu futuro. Durante o curso. No começo do curso, encontrei uma turma que não me agradava, pois havia muitos alu-nos que ali estavam apenas para perturbar; era uma tur-ma que tinha tudo, menos o que eu precisava para me motivar para o curso. Consequentemente, tive algumas dificuldades em me adaptar; com o tempo, e uma ação eficaz da direção do curso, a turma modificou-se significa-tivamente, ficaram os alunos que queriam de facto fre-quentar o curso e eu até acabei por fazer alguns amigos na turma; a minha dificuldade de adaptação também resultou do facto de, no início, ter algumas dificuldades em gerir os conflitos que surgiam e esse foi um aspeto no qual o curso TAP me ajudou a crescer. Em relação às disciplinas do curso não tive muitas dificuldades, algumas eram difíceis, mas foi tudo uma questão de adaptação às novas matérias e de manter um ritmo estável de estudo. O que mais me surpreendeu no curso foram as diversas atividades que nos foram propostas, e que reali-

zámos, algo muito diferente numa escola na qual não havia atividades nenhumas para os alunos, com a exceção do desporto escolar, que frequentei; foi aí que encontrei uma maior diferença, que me agradou muito, e que tam-bém foi uma maneira de me integrar melhor no curso e na turma. Durante os três anos de curso tenho vindo a clari-ficar o significado de ser um técnico de apoio psicossocial, o que poderá vir a ser o meu trabalho no futuro, com quem vou trabalhar, que competências eu devo ter e o que posso vir a fazer concretamente, em função das pes-soas com quem poderei vira a trabalhar (crianças, pessoas idosas, pessoas com doença mental, por exemplo). Durante estes três anos cresci enquanto pessoa e enquanto profissional; para que isto acontecesse foi pre-ciso tomar conhecimento de certas realidades que todos nós sabemos, em abstrato, que existem, mas que não sabemos, em concreto, como são e como funcionam. Para obter esse conhecimento, o que aprendi nas discipli-nas do curso foi importante, mas também ajudaram, e muito, as atividades e visitas de estudo em que partici-pámos e as atividades que, com a ajuda dos formadores da área técnica, organizámos e realizámos. Desenvolver e representar uma peça de teatro como “O silêncio da tro-voada”, construir e aplicar jogos matemáticos para ido-sos, conceber e realizar projetos de animação sociocultu-ral, por exemplo, a Ovelhinha Negra e a animação de Natal no Centro Educativo de Condeixa, foram atividades que não só nos ensinaram a desenvolver procedimentos e técnicas que fazem parte daquilo que devemos saber fazer, mas também nos transformou como pessoas.

Conclusão. Talvez por não ter tido uma vida fácil, não gosto de criar grandes expectativas em relação a nada, pois mais tarde a desilusão pode ser mais dolorosa, mas durante o estágio espero que o meu trabalho seja bom, que consiga realizar o projeto que idealizei para a minha Prova de Aptidão Profissional e que consiga acabar o meu curso não apenas com sucesso, mas também com prazer.

No que se refere à obtenção de um emprego na minha área de qualificação, sei que a situação não está fácil, mas espero trabalhar na área de que mais gosto, fazer trabalho de animação com crianças. A qualidade da formação dada ao longo do curso, na minha opinião, foi boa; tivemos a oportunidade de aprender as nossas matérias na sala e, mais do que em qualquer outro curso, tivemos a oportunidade de poder conhecer as instituições nas quais poderemos vir a traba-lhar, tivemos oportunidade de travar conhecimentos com

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pessoas e instituições e de criar e praticar atividades que, mais tarde, nos servirão para pormos em prática no nosso trabalho diário. Ter uma perspetiva realista do que é realmente a vida Rosa Santos1

Quando terminei o nono ano optei por me matricular na área científico-tecnológica, com a ideia de concluir o ensi-no secundário e, depois, tirar um curso superior. Contudo, durante o décimo ano não obtive os resultados que esperava e estava com

muitas dificuldades, principalmente, às disciplinas de matemática e de físico-química. Frequentei o curso até ao final do ano letivo, mas decidi mudar de área. Soube que ia abrir na escola o Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial (TAP), um curso que, depois de conhecer a sua estrutura, me fascinou imedia-tamente, pois o curso tinha duas características que me interessavam; por um lado, o facto de ser um curso da área do trabalho psicossocial e da orientação, no qual o contacto, a comunicação e o cuidado com as pessoas são aspetos essenciais e, por outro lado, o facto de ser um curso com uma componente muito significativa de Psico-logia, que é um curso que eu gostaria de frequentar futu-ramente. Em consequência, pensei que ir para o curso profissional era uma boa opção, pois, além de me permi-tir estudar o que gostava, ainda me abria uma possível saída profissional. As minhas expectativas em relação ao curso eram, por estas razões, boas e por isso parti do princípio de que iria gostar. No primeiro ano do curso, a turma era grande e, tinha alunos com características muito diferentes, alguns dos quais não manifestavam muita vontade de estudar nem se sentiam muito identificados com a área do curso; além disso, enquanto não nos conhecíamos, o relaciona-mento entre os alunos foi complicado, pois havia muitos conflitos. Há medida que o tempo foi passando, e com a intervenção dos formadores e da direção de curso, alguns alunos foram orientados para outras áreas, outros opta-ram por seguir percursos de vida distintos e houve pes-soas que eu nem cheguei a conhecer, tão rápido tudo se passou.

1 Formanda finalista do curso TAP, 2009-2012; estagiária na Casa de Saúde

Rainha Santa Isabel.

Depois deste período inicial de adaptação, os alu-nos restantes começaram a construir um grupo verdadei-ro, certamente com conflitos e dificuldades, mas os pro-blemas agora tinham mais a ver com as dificuldades e desafios que as disciplinas e as atividades do curso nos colocavam. Neste campo, que é o que mais interessa, posso dizer que adorei o curso, as atividades formativas nas empresas, as visitas de estudo, as atividades, todo este conjunto de coisas contribuíram para eu compreender concretamente que curso era este e que significava afinal ser um técnico de apoio psicossocial, ou seja, alguém que é simultaneamente um animador psicossocial e um pres-tador de cuidados a pessoas em sofrimento, com incapa-cidade ou com a sua autonomia limitada. Sem dúvida, todas as atividades, visitas a locais e instituições realizadas até ao momento e ao longo destes três anos, contribuíram bastante para eu compreender que no dia-a-dia há pessoas que vivem com graves pro-blemas sociais e de saúde, física e mental. Mais do que isso, este curso me ajudou a crescer como pessoa e a ver, ou melhor a reparar, nas realidades da vida que eu des-conhecia (o facto de também ter agora mais idade tam-bém contribui para ver mais e melhor, creio). Ainda assim, o que aprendi e o que vi através das visitas de tra-balho e das atividades do curso levou-me a perceber determinadas coisas que em anos anteriores não perce-bia ou de que nem tinha conhecimento. A minha entrada para o curso ajudou a que começasse a ter outra perspe-tiva do que é realmente a vida, nomeadamente a vida de muitas pessoas que têm problemas graves, que precisam de muitos cuidados e de pessoas que estejam disponíveis e qualificadas para as ajudarem, consoante as suas neces-sidades; os técnicos de apoio psicossocial podem dar um pequeno, mas importante, contributo para esta tarefa. O último ano do curso tem sido diferente, todos começámos a pensar e a organizar, desde o início do ano, o projeto individual para a Prova de Aptidão Profissional; tivemos ainda de escolher o local de estágio e de nos pre-parar para essa experiência de formação em contexto de trabalho que, não sendo nova para nós, pois já trabalhá-mos durante um dia em três instituições de Condeixa (na Casa de Saúde Rainha Santa Isabel, no Lar da Santa Casa e no Centro Educativo de Condeixa), representa o teste da prática para aquilo que aprendemos e também para aqui-lo que somos como pessoas.

Em conclusão, faço um balanço muito positivo deste curso, apesar das dificuldades que já assinalei e também algumas outras, sobretudo o facto de a nossa escola não ter ainda instalações adequadas para expres-são dramática e para música, mas também a nossa vila tem este problema, pois o Cineteatro, onde temos estado

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a ensaiar, não tem condições adequadas, o que me deixa triste. Como já referi, nestes três anos, evolui, mudei e aprendi bastante. Espero fazer um bom estágio e conse-guir aplicar os conhecimentos adquiridos até ao momen-to, e espero também continuar a desenvolver a minha aprendizagem sobre a realidade do mundo e a realidade do mundo do trabalho. Neste curso descobri que o esforço é recompensado Ângela Neves1

Antes do curso TAP. O meu percurso escolar anterior foi feito no ensino não profissional; concluí o nono ano no ensino regular e optei por seguir a via científico-tecnológica, na área de ciências, mas tive algumas dificulda-des no décimo ano, sobretudo nas disciplinas de biologia, de física e de química. Perante estas dificuldades,

e considerando as opções que tinha, decidi matricular-me no Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial (TAP) porque gostei do curso (gosto de comunicar e de me relacionar, de forma animada e positiva, com as pes-soas, o que é uma das principais facetas do curso TAP), mas também porque me parecia mais acessível (com dis-ciplinas mais práticas) e ainda porque queria começar a trabalhar para poder ter uma vida independente.

Durante o curso. Resumiria numa frase o meu percurso no curso TAP: neste curso aprendi que o esforço é recompensado. Com efeito, inicialmente, a adaptação ao curso foi muito difícil, pois deparei-me com disciplinas das quais nunca tinha ouvido falar e cujo conteúdo era muito difícil, com muitos aspetos teóricos e que exigiam muito estudo, coisa à qual, muito honestamente, eu não estava habituada. Ultrapassei estas dificuldades com mui-to trabalho, mas também ajudou muito o facto dos métodos de ensino e de avaliação usados pelos formado-res valorizarem o trabalho realizado nas aulas e as ativi-dades que organizámos e realizámos; não tendo muito tempo nem condições para trabalhar em casa e tendo feito parte do curso como trabalhadora estudante, a valo-rização e aproveitamento dos trabalhos feitos nas aulas, dos relatórios e das questões aula ou dos minitestes con-tribuíram muito para o meu sucesso. Um outro aspeto que quero destacar é que, para além de colegas de turma, ganhei amigos, que poderão

1 Formanda finalista do curso TAP, 2009-2011; estagiária na Casa de

Saúde Rainha Santa Isabel.

ser para a vida. Ainda assim, como em todas as turmas, existiram divergências e competitividade entre os alunos, pois todos queriam dar o seu melhor e serem recompen-sados por isso. Mas é uma competitividade saudável e que faz com que os alunos se esforcem e se apliquem mais para conseguirem ser melhores do que os outros. Admito contudo que, por vezes, tivemos alguma dificul-dade em gerir os nossos conflitos (talvez por isso, esse foi um dos assuntos estudados em Psicologia!). Na minha opinião, para a nossa formação, tão importante como estudar as disciplinas mais teóricas, foi termos planificado, organizado e realizado muitas ativi-dades práticas e visitas de trabalho a empresas e institui-ções. As diversas atividades que fomos fazendo ao longo do curso ajudaram muito na compreensão e aplicação de conhecimentos e competências, por exemplo, permiti-ram-nos contactar com as pessoas para quem vamos tra-balhar e também com as empresas ou instituições que nos podem vir a contratar. Todas estas atividades foram importantes para a nossa formação, tanto profissional como pessoal, mas o estágio será certamente a «pedra de toque» para a nossa preparação, pois teremos de aplicar, como colaboradoras de uma empresa, individualmente e em equipa, o que aprendemos, é verdadeiramente o nosso exame final! Tendo em conta que o curso está estruturado de modo a que os alunos adquiram os conhecimentos e as competências considerados necessários para se ser um técnico de apoio psicossocial, ou seja, um «profissional qualificado apto a promover, autonomamente ou inte-grado em equipas multidisciplinares, o desenvolvimento psicossocial de grupos e comunidades no domínio dos cuidados sociais e de saúde e da intervenção social e comunitária», os conhecimentos e competências que adquiri no curso são relevantes porque me permitirão, no futuro, exercer uma profissão com uma qualificação certi-ficada (e poderão também ser muito úteis e ajudar nas mais diversas situações). Eu creio que, como pessoa, me adequo bem àquilo que se pede a um técnico de apoio psicossocial, pois tenho grande facilidade de comunicação e não tenho nenhum problema em trabalhar com qual-quer tipo de pessoas.

Um aspeto que me preocupa é a Prova de Apti-dão Profissional, que é a prova final que me dará acesso ao diploma de conclusão do curso e ao certificado de equivalência do décimo segundo ano. O facto de ser uma prova que requer tanto de nós, não só ao nível técnico, mas também ao nível pessoal, assusta-me um pouco. Tenho receio de não conseguir realizar uma prova tão boa quanto gostaria e, ainda mais, de não conseguir fazer uma boa apresentação perante o júri, mas certamente o

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meu orientador vai ajudar-me a ultrapassar esta ansieda-de. Concluindo. A minha expectativa em relação ao estágio é muito elevada, pois creio que esta é um verda-deiro teste profissional, dado que serão cerca de três meses a trabalhar numa instituição, só com a supervisão dos profissionais da instituição e do orientador de está-gio; neste sentido, será onde nós poderemos realmente mostrar tudo o que aprendemos e colocar em prática todas as competências adquiridas durante o curso. Em relação ao futuro, eu gostaria de trabalhar na área profissional do curso TAP, nomeadamente naquela em que vou realizar o estágio (pessoas com doença men-tal e com deficiência e incapacidade), como animadora ou como prestadora de cuidados psicossociais; é uma área difícil, mas também é uma área na qual podemos ver se «fazemos bem o bem».

Além das minhas melhores expectativas Soraia Palrilha1

Antes do curso TAP. Frequentei um curso de Educação e Formação de Assistente Administrativo, na escola Fernan-

do Namora. Depois deste curso optei por continuar o meu percur-so escolar no curso Profissional de Técnico de Análises Laboratoriais, de que só frequentei o primeiro ano, pois não me adaptei ao curso e, ao saber que ia abrir o Curso Técnico de Apoio Psicossocial (TAP), verifiquei que era este

curso que de facto me interessava em virtude de ter como saídas profissionais a animação e o cuidado de crianças, tarefa de que sempre gostei. Por outro lado, também me pareceu que, dado que os meus objetivos eram concluir o ensino secundário e começar a trabalhar, este curso tinha mais saídas profissionais, pois há muitas instituições nas quais podemos trabalhar, por exemplo em Lares para pes-soas idosas, em creches e jardins-de-infância, em centros de ATL e até mesmo em hospitais, de saúde mental ou de crianças.

As minhas expectativas em relação ao curso foram, por estes motivos, sempre positivas, apesar de acreditar que ia ser um pouco difícil, pois se é verdade que sou uma pessoa muito empenhada e cumpridora, tenho algumas dificuldades com as disciplinas mais aca-démicas e teóricas.

1 Formanda finalista do curso TAP, 2009-2011; estagiária no na Cáritas

Diocesana de Coimbra (ATL da Escola Fernando Namora).

Durante o curso. Para mim, o mais difícil no curso foram os primeiros meses: a turma era muito complicada, dado que havia alguns alunos pouco interessados e per-turbadores; o curso tinha algumas disciplinas que eu nun-ca tinha tido e que me pareciam muito difíceis, por exem-plo Psicologia, Psicopatologia, Sociologia, Animação Sociocultural ou Comunidade e Intervenção Social. Pouco a pouco, e embora sentindo sempre algumas dificuldades em algumas destas disciplinas, fui conseguindo obter bons resultados, com o meu trabalho e a ajuda dos for-madores. Contudo, o que mais gostei, desde o primeiro ano do curso, foram as diversas atividades e visitas de traba-lho que realizámos, pois tinham uma componente mais prática e concreta. Algumas das atividades que realizamos no 1º ano: visita de estudo com as crianças do CAT de Condeixa ao Portugal dos Pequenitos e oferta de uma pis-cina de borracha, que comprámos com o dinheiro que conseguimos no nosso ateliê de artes plásticas no dia do Patrono), visita de trabalho à Quinta da Paiva / A. D. S. P. (uma instituição que trabalha com crianças, pessoas ido-sas e pessoas com deficiência e incapacidade), festa Psi-cossocial no teatro dos Bombeiros (a nossa festa!), Traz um livro também! (recolha de livros e jogos para as crian-ças do CAT de Condeixa). No segundo ano destaco as seguintes atividades: teatro de natal para as crianças do Centro Educativo (“Os óculos tradutores”), peça de teatro “O silêncio da trovoada”, no dia do Patrono; atividade para as pessoas idosas da Santa Casa, “Uma flor no tem-po”, construção de um “tapete contador de histórias”, que levámos ao Hospital Pediátrico de Coimbra. De um modo geral, posso agora dizer que superei as minhas expectativas em relação ao meu desempenho no curso; no início pensei que fosse muito mais difícil, mas no 2º ano, como a turma se modificou muito, tor-nando-se mais unida e interessada, tudo ficou mais fácil, apesar de algumas discordâncias entre os formandos, pois havia muita competição, nem sempre salutar, entre nós, mas, com muita paciência e orientação dos formado-res, conseguimos encontrar um ponto de equilíbrio.

Tudo fica mais fácil quando pomos os nossos conhecimentos em prática, e isso para mim foi o que me ajudou mais e também o que gostei mais; com as ativida-des que realizámos pudemos pôr os nossos conhecimentos em prática e isso para nós foi uma mais-valia muito moti-vadora. De facto, as atividades formativas realizadas nas empresas e nas instituições foram um aspeto fundamental no nosso curso, pois foi nestas instituições e empresas que nós pudemos estar em contacto com a realidade do dia-a-dia, a realidade que teremos de enfrentar quando formos trabalhar. Além disso, eu penso que foi devido às nossas atividades que os formadores que nos acompanharam desde o primeiro ano, mas também as pessoas que acom-

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panharam o nosso percurso em Condeixa, se aperceberam da nossa evolução como pessoas e como formandos (cer-tamente quem viu a nossa primeira atuação no âmbito da expressão dramática percebeu que evoluímos muito para realizar “O silêncio da trovoada”, a que ninguém na comu-nidade escolar ficou indiferente); também recentemente, em Coimbra, no Ateneu, nos disseram que já tinham ouvi-do falar de modo muito elogioso do nosso trabalho. Concluindo. As expectativas em relação ao meu estágio, que se aproxima, são positivas; a minha escolha foi o ATL da escola Fernando Namora, pois conheço e aprecio muito positivamente o trabalho da animadora que o dirige, o espaço é acolhedor e as funções que irei desempenhar vão ao encontro daquilo que eu gostaria de fazer depois de concluído o curso. Poderei desempenhar várias funções, tais como apoiar os ateliês, tanto na planificação, na orga-nização e na execução; preparar atividades complementa-res e acompanhar os grupos de alunos nas suas atividades. Com os conhecimentos que fui adquirido ao longo do curso fiquei a saber o que é um técnico de apoio psicos-social e as funções que ele pode desempenhar, tais como identificar, diagnosticar, analisar e avaliar diferentes domí-nios, contextos, situações, problemas e comportamentos sobre os quais seja necessário intervir; elaborar relatórios de atividades; intervir em comunidades em que sejam detetadas necessidades especiais, nomeadamente escolas, lares de terceira idade, centros ATL; promover o acompa-nhamento e a reinserção de crianças e jovens instituciona-lizados; realizar atividades complementares de ação tera-pêutica, tendo em vista o bem-estar na recuperação e na integração social plena do doente, etc... As condições oferecidas pela escola não são as melhores, pois não temos uma sala própria para as aulas de expressão dramática e a de expressão musical… mas apesar disso nunca deixámos de fazer a nossas atividades; adaptámo-nos sempre às condições que a escola ofereceu e não nos saímos mal.

Uma qualificação profissional Cristiana Carvalho1

Antes do curso TAP. Antes de me ter inscrito no Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial (TAP) estive inscrita no primeiro ano de um curso profissional de eletrotecnia, do qual desisti. Escolhi o curso TAP por-que queria fazer o décimo segundo ano e, como terminei o ensino básico num curso de Educação e Formação

tinha de ir fazer exames nacionais para entrar no ensino

1 Formanda finalista do curso TAP, 2009-2011; estagiária na Cáritas

Diocesana de Coimbra (Lar para pessoas idosos de Cernache).

normal, mas como sabia que não iria ter sucesso nos exames e no ensino normal, escolhi a via profissional. Foi através das minhas colegas que frequentavam a Escola Fernando Namora que tive conhecimento do curso TAP. Dado que não tinha muita informação sobre as competências e funções de um técnico de apoio psicosso-cial, pensei que o curso fosse mais prático do que teórico e que fosse um curso de animação para a infância, o que me agradava muito. Durante do curso. No primeiro ano, encontrei uma turma com muitos alunos desmotivados e com pro-blemas escolares. Alguns, como eu, tinham apenas o objetivo de acabar o décimo segundo ano, neste ou nou-tro curso que houvesse, outros estavam lá para destabili-zar as aulas, alguns deles porque os pais os obrigavam a ir para a escola, outros tinham escolhido o curso para depois prosseguir estudos, muito poucos queriam mesmo o curso TAP e sabiam exatamente aquilo que o curso seria. Contudo, como o decorrer do tempo, os alunos que ficaram no curso adaptaram-se ao curso e começaram a gostar do que estudavam e das atividades que faziam; foi também o meu caso. As minhas dificuldades foram, principalmente, nas disciplinas mais teóricas, como psicologia e psicopatolo-gia. Contudo, também encontrei oportunidades para desenvolver os aspetos em que tenho um desempenho melhor, nomeadamente na área de expressões e nas ati-vidades com crianças, pois esta é uma área de que eu gosto muito. Gostei bastante das disciplinas de expressão dramática e de expressão plástica, nas quais aprendi mui-ta coisa que poderei vir a aplicar no trabalho que vou rea-lizar. Durante o curso descobri muitas coisas sobre diversas doenças mentais, que desconhecia, e sobre pes-soas com deficiência e incapacidade, que ainda assim têm muita força de vontade para lutar, e isto serve-me de exemplo, porque estamos sempre a queixar-nos daquilo que temos e há pessoas com maiores dificuldades que não desistem e lutam para construir uma vida com senti-do; também aprendi muitas coisas, que não sabia, sobre pessoas idosas, nomeadamente as características do envelhecimento e como cuidar e animar grupos de pes-soas idosas; dado que estes conhecimentos foram estu-dados nas disciplinas em que tive mais dificuldade, tive de me empenhar muito para os adquirir satisfatoriamente. Contudo, também tenho de referir que, durante todo o curso, foi trabalhadora estudante, o que me obrigou a gerir de forma muito apertada o meu tempo de estudo de modo a compatibilizá-lo com o meu emprego; a vanta-gem é que tenho uma perspetiva muito realista do que é o mercado de trabalho. Um aspeto que gostaria de destacar foram as ati-vidades formativas e as visitas de trabalho que realizá-

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mos; estas atividades e visitas ajudaram-me a ter uma ideia do que iria ser o meu trabalho futuro. Concluindo. Espero gostar do meu local de está-gio, o Lar para pessoas idosas da Cáritas de Cernache, e das pessoas com quem vou trabalhar; eventualmente, se me adaptar bem ao trabalho, gostaria de aí continuar a trabalhar após o estágio. Apesar de, no início do curso, não estar muito interessada no curso propriamente dito e querer apenas fazer o décimo segundo ano, acabei por gostar bastante do curso e creio que, tendo em conta a formação profissional que adquiri, pode ser uma boa preparação para enfrentar o mercado de trabalho futuro e, mesmo que não haja essa possibilidade, aprendi bastante sobre o que é a vida das pessoas e sobre mim mesma, que é o mais importante.

Encontrar o que se procura onde menos se espera Rui Santos 1

Antes do curso TAP. Antes de entrar no curso de Técnico de Apoio Psicos-social, estive no curso de Técnico de Analises Laboratoriais, onde anulei a matrícula uma semana antes de aca-bar o primeiro ano, pois não gostei nem me adaptei às matérias e ativi-dades do curso. Ainda assim a minha

opção pelo ensino profissional era segura, pelo que pro-curei uma alternativa que, por diversas razões, teria de ser na Escola Fernando Namora. Ora, no ano letivo de 2009, o único curso profis-sional que abriu na Escola Fernando Namora foi o Curso Profissional de Apoio Psicossocial; entrei no curso porque não tinha mais opções (se houvesse um curso na área do desporto ou da animação desportiva, essa seria a minha escolha verdadeira). Durante o curso. Tendo entrado no curso nas cir-cunstâncias que acima referi, e sendo eu um aluno que não tinha tido até aí muitas dificuldades em fazer as dis-ciplinas com classificações suficientes, as dificuldades que encontrei no curso foram, antes de mais, em arranjar motivação para frequentar o curso (a que encontrei foi acabar o décimo segundo ano), pois nunca me apetecia ir às aulas e no primeiro ano faltei muito. No que se refere às disciplinas do curso, tive mais dificuldades na área de expressões, porque eu gosto de disciplinas em que temos um manual ou apontamentos a partir dos quais se pode estudar para um teste, o que não é exatamente o caso neste tipo de disciplinas; estas áreas não têm nada a ver

1 Formando finalista do curso TAP, 2009-2012; estagiário na Gesinserde,

Condeixa.

comigo e não é o que eu mais gosto. Ainda assim, após estes três anos, admito que aprendi algumas coisas nes-tas disciplinas, nomeadamente na expressão dramática, que me obrigou a ser mais comunicativo e a desenvolver a minha capacidade de expressão verbal e corporal, aspe-tos nos quais eu reconheço ter dificuldades. Na turma arranjei alguns colegas, mas poucos con-tinuaram no curso. Agora sou o único rapaz da turma e não é nada fácil estar numa turma assim, pois as rapari-gas são bastante intriguistas e estão sempre a comentar a vida alheia (não penso estar a exagerar no que estou a dizer, embora saiba que esta minha afirmação é um tanto estereotipada…). Assim sendo, eu afasto-me e gosto mais de estar no meu canto, mas nas aulas, quando me sinto injustiçado, mostro-o de forma clara, o que por vezes é encarado como agressividade e mau feitio, mas «quem não sente não é filho de boa gente». Tenho de admitir, ainda assim, que estou um pouco mais maduro em ter-mos relacionais e começo a aperceber-me melhor da perspetiva dos outros, que é aquilo que em Psicologia designámos por “empatia”.

Quanto às disciplinas do curso, as que mais gostei foram as mais teóricas, sobretudo quando me permitiram aprender algo acerca da profissão que eu pretendo seguir no futuro (ir para a força de intervenção da polícia de segurança pública); fiquei desiludido com a matéria de educação física, que era a minha disciplina preferida, pois das modalidades que praticámos, quase nenhuma ativi-dade era do meu gosto.

Realizámos várias atividades no curso, mas aque-las de que eu mais gostei foram as festas que realizámos no Centro Educativo de Condeixa e as nossas apresenta-ções de Expressão Dramática; num caso e noutro, tivemos de enfrentar um público e de mostrar capacidade de comunicação, verbal e não-verbal, e de improvisação, aspetos que são muitos importantes nas ações das forças de segurança. Concluindo. Vou realizar o meu estágio na empre-sa Gesinserde, em Condeixa; as funções que vou desem-penhar são dar apoio nas várias tarefas de organização e animação, no âmbito psicossocial e desportivo; irei traba-lhar com todo o tipo de pessoas, mas principalmente com pessoas idosas e com crianças. Creio que o estágio é uma mais-valia para nós, pois ganhamos experiência profissio-nal e pode dar-nos uma saída para o futuro. Creio que atingi o meu objetivo inicial, que era concluir o décimo segundo ano, mas seria injusto dizer que só isso foi importante; acabei por fazer amizades e conhecer pessoas que me marcaram afetivamente e tam-bém me desenvolvi como pessoa. Concluindo, quanto ao

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que levo do curso, para além de tudo o que já referi, há também conhecimentos e competências que antes não valorizava nem compreendia como estando ligados aquilo que tinha por objetivo (trabalhar nas forças de seguran-ça); paradoxalmente descobri que, afinal, o curso TAP tinha muito para me ensinar.

Concluir o ensino secundário para ser independente Andreia Craveiro1

Antes do Curso TAP. Antes de vir para o Curso Profissional de Apoio Psicossocial (TAP) frequentei o curso Técnico de Análises Labora-toriais (TAL), que abandonei em virtude de ter muitos módulos em atraso e também por não gostar das matérias do curso. Dado que o curso TAP abriu na

escola Fernando Namora decidi experimentar este curso para concluir o ensino secundário. Só me interessei pelo ensino profissional porque, tendo realizado o segundo ciclo num curso de educação e formação, tinha de realizar exames para entrar no ensino secundário não profissio-nal, mas eu não me sentia preparada para os fazer. A razão principal pela qual me inscrevi no curso TAP, que não sabia muito bem o que fosse, foi tentar concluir o ensino secundário, embora eu não tivesse realmente muita vontade de estudar. Durante o Curso. Nos primeiros dias do curso, embora eu já conhecesse alguns alunos que também tinham frequentado o TAL, encontrei muitos alunos que não conhecia. As relações entre nós não foram fáceis no início, pois havia um grupo de alunos que já se conheciam (os alunos do TAL) e um grupo de alunos novos, que não gostavam muito do nosso comportamento, o qual na ver-dade não era muito adequado. Neste período, eu tive muitas dificuldades de concentração e de comportamen-to porque eu facilmente me deixo levar pelos outros colegas dentro de uma sala de aula. Contudo, como mui-tos desses alunos acabaram por se transferirem ou por abandonar a escola, melhorei um pouco, o suficiente para começar a ter alguns resultados positivos; trabalhei mais, embora tenha tido muito acompanhamento dos forma-dores das diversas disciplinas. Também arranjei novos amigos. Ainda assim, eu tive muitas dificuldades em me motivar para o curso, pois não era bem o curso TAP que eu pretendia para mim, embora tenha acabado por gostar das atividades que realizámos, das disciplinas da área de

1 Formanda do curso TAP, 2009-2012; estagiária no Centro Educativo de

Condeixa.

expressões e dos assuntos relacionados com o apoio à infância. Com o passar do tempo, também reparei que este curso tinha bastantes oportunidades para mim, bastava que as agarrasse e tomasse o caminho certo, o que nem sempre fiz. Contudo creio que consegui tomar o melhor caminho para, terminado o curso, conseguir uma qualifi-cação profissional que, com o meu gosto em trabalhar, que sempre foi maior do que estudar, me poderá abrir as portas do mundo do trabalho, conseguindo assim a minha independência. Do que mais gostei no curso foram as atividades e visitas de trabalho realizadas; atividades como «Mulheres I, nos 100 anos da República» ou o colóquio «Cidadania & Limitação», e visitas de trabalho como, neste ano letivo, a visita de trabalho ao Museu da Marioneta e a ida ao tea-tro no Chapitô, em Lisboa. Concluindo… Ainda me falta, para terminar o cur-so, realizar o estágio e a Prova de Aptidão Profissional, mas as minhas expectativas são boas. Com este curso, adquiri novos conhecimentos e competências que certa-mente me serão úteis na vida profissional. Por fim não posso deixar de dizer que as condições que a Escola ofe-receu à disciplina de Expressão Dramática não foram boas, pois nunca tivemos um espaço só para nós e equi-pado com o necessário para podermos desenvolver as nossas atividades.

Museu Berardo

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Núcleos de Estágio do Curso TAP no triénio 2009-2012 em Instituições e Empresas.

O Agrupamento de Escolas de Condeixa e o curso profissional de técnico de apoio psicossocial (TAP) estabe-leceram protocolos de colaboração com diversas entida-des e instituições com o objetivo de, por um lado, permi-tir aos formandos do curso TAP o contacto com o mundo do trabalho, a realização de atividades formativas e de visitas de trabalho, a aplicação de conhecimentos e com-petências adquiridos em contexto escolar e, por fim, a realização, pelos formandos, de estágios profissionais nas empresas e instituições; por outro lado, estes protocolos de colaboração permitem às empresas e às instituições aproximarem-se da escola de modo a conhecerem a for-mação que é proporcionada aos formandos; permitem ainda às instituições apresentarem eventuais propostas de aprimoramento dessa formação, beneficiarem do con-tributo dos formandos durante o período formativo e dos estagiários durante o período de estágio e, por fim, terem a possibilidade de, em caso de necessidade, recorrerem a pessoas qualificadas, que puderam apreciar durante o período de estágio, para ocupar eventuais postos de tra-balho. Contudo, também nos parece justo que, nas ações de promoção do curso TAP e nos seus dispositivos de comunicação, fossem salientados não só a colaboração prestada pelas instituições e empresas com que temos protocolos, mas também as suas atividades e os seus ser-viços. A referência que aqui se faz aos diversos núcleos de estágio e às instituições e empresas nas quais estes núcleos se situam, neste ano letivo, visa salientar os aspe-tos acima referidos, sendo assim uma forma de agrade-cimento do curso TAP às diversas instituições, pela cola-boração prestada ao longo deste triénio. 1. Núcleo de estágio: Cáritas Diocesana de Coimbra.

Contactos (sede): Rua d. Francisco de Almeida, nº 14, 3030-382 Coimbra. Tel. 239792430. Fax: 239715457 Telem: 966825595. E-Mail: [email protected]

A Cáritas é uma organização da igreja católica por-tuguesa que atua na área geográfica da diocese de Coim-bra. Os seus valores são os seguintes: Humanização - «a Cáritas, na defesa / promoção da dignidade humana, desenvolve uma intervenção centrada na pessoa e na comunidade, salvaguardando os respetivos direitos, liberdades e garantias». Profissionalismo - o trabalho desenvolvido pela Cáritas «pauta-se eticamente pelo rigor

técnico, competência e consistência». Compromisso. A Cáritas leva a cabo a sua «missão com determinação, per-sistência, empreendedorismo, disponibilidade, entrega, entreajuda e lealdade.» Transparência – A Cáritas projeta a sua intervenção «a partir de uma leitura da realidade, de modo a que a mesma possa ser visível tanto da susten-tabilidade económica quanto da missão que nos preside. Caridade – A Cáritas «vincula a sua ação à dimensão do amor ao próximo, na assistência, promoção, desenvolvi-mento e transformação de estruturas, pelos profissionais e voluntários.» Universalidade – A Cáritas acolhe «todas as pessoas independentemente da nacionalidade, etnia, religião ou proveniência social.» Criatividade – A Cáritas faz «face às múltiplas problemáticas existentes e emer-gentes, procurando inovar as respostas com flexibilidade e transdisciplinaridade» (texto retirado de http://www.caritas.pt/site/coimbra/index.php?option=com_content&view=article&id=2225&Itemid=28, 6/3/2012. Núcleo 1 – ATL da Escola Fernando Namora. Estagiária: Soraia Palrilha Monitora de Estágio: Dr.ª Vera Alves, Animadora Socio-cultural Núcleo 2 – Lar para pessoas idosas de Cernache Estagiária: Cristiana Carvalho Monitora de Estágio: Dr.ª Célia do Carmo Santos Cascão, Animadora Sociocultural 2. Núcleo de estágio: Casa de Saúde Rainha Santa Isabel.

Contactos: Rua Padre Bento Menni, 3150-146 Condeixa-a-Nova Telefone: 239 949070 Fax: 239 945329 E-mail: [email protected]

«A Casa de Saúde Rainha Santa Isabel (CSRSI), localizada em Condeixa-a-Nova, foi fundada em 1959 e é um dos doze estabelecimentos de saúde geridos pelo Insti-tuto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, uma Instituição Particular de Solidariedade Social. A Casa de Saúde é constituída por 7 unidades de internamento com um total de 355 camas. Tem vindo a desenvolver a sua missão no âmbito da Saúde Mental e Psiquiatria, con-cretamente tem serviços de internamento e reabilitação nas áreas da Psiquiatria, Psicogeriatria e Deficiência Men-tal. Ao longo da sua existência tem tido como objetivo

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principal proporcionar às pessoas doentes um acompa-nhamento integral com serviços de saúde especializados e com qualidade, marcados pela humanidade e competência técnica profissional. Serviços: Internamentos; psiquiatria de curto internamento; psiquiatria de médio internamen-to; psiquiatria de evolução prolongada; psicogeriatria; deficiência mental» (Texto retirado de http://www.irmashospitaleiras.pt/csrsi/ em 6/3/2012). A Casa de Saúde integra o Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Condeixa.

Estagiárias: Anabela Cardoso Ângela Neves Rosa Santos Monitores de Estágio: Dr. Paulo Santos, Psicólogo Clínico. Dr.ª Helena Silva, Terapeuta Ocupacional. 3. Núcleo de estágio: Centro Educativo de Condeixa.

Contactos: Rua Fernando Namora 3150-136 CONDEIXA-A-NOVA Telef: 239 949 000 Blogue:

http://ebcondeixan3.blogspot.pt/

Integrado no Agrupamento de Escolas de Condei-xa, cuja escola sede é a Escola Fernando Namora, o Centro Educativo (Escola Básica nº 3), tem capacidade para rece-ber 350 alunos do 1.º ciclo e 80 do pré-escolar; para além das atividades letivas oferece também atividades de apoio à família, entre as quais diversas atividades de enriqueci-mento curricular.

Estagiárias: Ana Soares Andreia Craveiro Monitores de Estágio: Dr.ª Lúcia de Jesus Manaia Girão, Educadora de Infância. Dr.ª Fernanda M. P. S. Raposo, Educadora de Infância. Dr.ª, Elisabete Marisa Correia, Animadora Sociocultural .

4. Núcleo de estágio: Gesinserde, Condeixa. «Gesinserde, gestão e inovação nos serviços des-portivos, Lda. Constituída a 14 de Fevereiro de 2003, com objeto social "Gestão de Projetos Desportivos..."; sediada em Aveiro; surge para ocupar um lugar de destaque na prestação de serviços de Qualidade em instalações Des-portivas. (…) Prestação de serviços de estão de instalações des-portivas, docência, coordenação e monitorização de ati-vidades desportivas e vigilância do plano de água, receção e controlo de entradas em instalações desportivas, servi-ços de higiene e limpeza, operação, manutenção e trata-mento de água de piscinas, e formação nas áreas descri-tas. A Gesinserde pretende ser uma organização de refe-rência na prestação de serviços nas áreas descritas, baseando a sua intervenção na melhoria contínua das suas práticas e apostando na elevação e inovação da qua-lidade dos serviços prestados. Princípios fundamentais da Gesinserde. ÉTICA: "de acordo com as características e necessidade dos serviços, propomos soluções flexíveis mas baseadas em princípios éticos rigorosos". CONFIANÇA: "conquistar a confiança e a fidelização dos nossos clientes, com toda a seriedade, é um dos nossos grandes objetivos". RIGOR: “propomos como meta, com todo o zelo e dedicação, fazer bem, mais e cada vez melhor". CRIATIVIDADE: "colaborarmos em parceria com os nossos clientes, apresentando soluções imediatas e eficazes em resposta as suas necessidades". Outros serviços. Gestão de projetos Desportivos: Coordenação técnica/pedagógica. Serviços de docência. Serviços administrativos / receção e controlo de entradas. Operacionalização de sistemas de gestão: plano estratégi-co de desenvolvimento desportivo de um concelho. Organização de ações de formação em diversas áreas. Auditorias técnicas a instalações desportivas em especial a Piscinas. Manuais e cartas de qualidade das organiza-ções. Manuais e cartas de qualidade das organizações. Operacionalização e manutenção de sistemas de trata-mento de água de piscinas. Serviços de higiene, desinfe-ção, limpeza e manutenção em instalações desportivas.» (testo retirado da http://www.gesinserde.com em 6/3/2012). Estagiário: Rui Santos Monitor de Estágio: Dr. Pedro Camarinho, Gestor de ins-talação desportiva e professor de Educação Física.

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O Curso TAP, através do Agrupamento de Escolas de Condeixa, mantém protocolos de colaboração e parce-rias com outras instituições e empresas com as quais desenvolvemos diversos tipos de atividades; assinalamos aqui, manifestando o nosso reconhecimento a todas essas instituições e aos seus colaboradores, as instituições com as quais desenvolvemos atividades no triénio 2009-2012:

1. Santa Casa da Misericórdia de Condeixa-a-Nova

Contactos: Rua Wenceslau Martins Carvalho Apartado 85 3150-148 CONDEIXA-A-NOVA Telef. 239 949 150 Fax: 239 949 159 E-mail: [email protected] Internet: http://www.scmcondeixa.pt Tipo de protocolo: protocolo formal com o Agrupamento de Escolas de Condeixa para realização de estágios e ativi-dades formativas em contexto de trabalho. Atividades realizadas em parceria: um dia de trabalho na Santa Casa, dia da 3ª idade, atividades de animação n lar de pessoas idosas.

2. Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova

Internet: http://www.cm-condeixa.pt/

Tipo de protocolo: protocolo formal com o Agrupamento de Escolas de Condeixa para realização de estágios e ativi-dades formativas em contexto de trabalho. Atividades realizadas em parceria: comemoração dos 100 anos da República, Cidadania e Limitação 1, Festa Psicosso-cial, cedência de miniautocarro, cedência do cineteatro de Condeixa, participação dos técnicos superiores de Serviço Social da CMC em atividades formativas do curso; também a Vice-Presidente da CMC Dr.ª Margarida Guedes, partici-pou nestas atividades formativas (formação sobre Diagnós-tico social).

3. Biblioteca Municipal de Condeixa-a-Nova

Pesquisa online: http://62.28.80.16/bibliopac.htm

Realização de atividades em parceria, nomeadamente o Colóquio Cidadania e Limitação e uma exposição de tra-balhos da APPACDM.

4. APPACDM (Condeixa e Coimbra)

Realização de atividades formativas em parceria, nomeadamente visitas de trabalho à instituição, realização de sessões formativas pelos técnicos supe-riores da instituição (APPACDM de Condeixa), realização de espetáculos pelo grupo de expressão musical e dramática da APPACDM de Coimbra, nomeadamente participação na Festa Psicossocial. 5. Centro de Saúde de Condeixa

Realização de atividades formativas em parceria com o Centro de Saúde, nomeadamente realização de sessões formativas pelos serviços de psicologia do centro (reabilitação psicossocial) e pelos serviços de enferma-gem (noções e prática de socorrismo).

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6. Fundação ADFP de Miranda do Corvo

Contactos:

Tel: 239 530 150

Fax: 239 533 160

E-mail: [email protected]

Internet: http://www.adfp.pt/

Realização de estágios e visita de trabalho de trabalho à instituição, considerando as suas diversas valências (pes-soas idosas, pessoas com deficiência e incapacidade, pes-soas com doença mental, apoio à infância).

7. Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (Coim-bra), Quinta da Conraria e Centro de Recursos

Visita de trabalho à instituição, considerando as suas diver-sas valências no âmbito da formação e da reabilitação psicossocial.

8. Ateneu de Coimbra Contactos: Rua do Cabido, Nº 8, 3000-395 Coimbra E-mail: [email protected] Telef: 239 827 858 / 239 833 700 Fax: 239 833 700 Email: [email protected] Internet: http://www.ateneudecoimbra.pt/ Visita de trabalho à instituição e atividade formativa com a Doutora Margarida Pedroso Lima sobre dinâmicas psi-cológicas e ocupacionais para pessoas idosas.

Desafios: a Prova de Aptidão Profissional

«1. A PAP consiste na apresentação e defesa, perante um júri, de um projeto, consubstanciado num produto, material ou intelectual, numa intervenção ou numa atuação, consoante a natureza dos cursos, bem como do respetivo relatório final de realização e apreciação crítica, demonstrativo de saberes e competências profissionais adquiridos ao longo da formação e estruturante do futuro profissional do jovem. 2. O projeto a que se refere o ponto 1 centra-se em temas e problemas pers-petivados e desenvolvidos pelo formando em estreita ligação com os contextos de trabalho e realiza-se sob orientação e acompanhamento de um ou mais formadores. » (Do Regulamento da prova de aptidão profissional da Escola Fernando Namora).

A aptidão profissional de um formando dos cursos profissionais constrói-se durante o seu percurso escolar, mas aplica-se e demonstra-se no estágio profissional e na prova de aptidão profissional. De uma forma específica, a PAP está para um curso profissional como os exames nacionais estão para os cursos secundários não profissio-nais; com efeito, a PAP tem, como nos exames nacionais, uma componente externa de controlo da aprendizagem, seja pela sua apresentação num contexto diferente, que exige transferência e aplicação do aprendido, seja pela sua avaliação por um júri no qual há elementos externos à escola. Uma prova deste tipo, num curso com as caracte-rísticas do Curso de Técnico de Apoio Social (TAP), assu-me em geral a forma de um projeto de intervenção, a rea-lizar numa instituição ou empresa da área do curso (pre-ferencialmente aquela na qual o formando realiza o seu estágio); a intervenção tem uma componente teórica, na qual o formando diz o que vai fazer e mostra que sabe por que razão vai fazê-lo, e uma componente prática, na qual o formando faz o que se propôs fazer. Esquematicamente, o projeto da PAP diz-nos o quê? (a atividade proposta), para quem? (público a quem se dirige a atividade), para quê? (finalidade e objetivos da intervenção), como? (métodos e estratégias para realizar a intervenção), quando? (calendarização da intervenção), onde? (local de realização da intervenção), com quem? (responsáveis e dinamizadores do projeto), e, finalmente, porquê? (razões que justificam a necessidade e utilidade da atividade). No âmbito do curso TAP, a prova de aptidão peda-gógica centra-se fundamentalmente nos dois núcleos estruturantes do conteúdo funcional de um técnico de apoio psicossocial, o trabalho de animação sociocultural e o trabalho de prestador de cuidados, nomeadamente no trabalho com crianças, pessoas idosas e pessoas com doença mental ou com deficiência e incapacidade. De um modo geral queremos que os nossos filhos, os nossos pais ou os nossos familiares frequentem insti-tuições educativas, recreativas, de saúde ou de acompa-nhamento na velhice cujos colaboradores sejam profis-sionalmente qualificados e que tenham um desempenho

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adequado; a PAP é um instrumento de avaliação e de cer-tificação que se dirige a um tipo de trabalhadores que, até muito recentemente, começavam a trabalhar sem qualquer qualificação profissional nas instituições ante-riormente referidas, pois a aprendizagem pela experiên-cia ou pela formação interna das próprias instituições (quando havia alguma), eram as únicas formas de forma-ção profissional existentes. Em países nos quais o ensino profissional de nível médio, como a República Federal Alemã, tem um peso importante na qualificação profis-sional, a prova de certificação profissional equivalente à PAP portuguesa tornou-se numa referência de credibili-dade no mercado de trabalho; em Portugal estamos ainda a iniciar esse caminho, embora existam já algumas áreas e escolas que alcançaram, devido ao desempenho profis-sional evidenciado pelos seus formandos, grande credibi-lidade junto dos empregadores.

Com efeito, a realização da PAP é um procedimen-to fundamental para a credibilização do próprio ensino profissional em geral; na verdade, se o formando, no seu estágio e na sua PAP, demonstrar um bom domínio dos conhecimentos e das competências que lhe forem exigi-dos (no que se refere ao saber, ao saber-estar, ao saber-ser, ao saber-fazer e ao saber-aprender) e um desempe-nho eficiente destes conhecimentos e competências1, então as instituições e as empresas podem olhar para os cursos profissionais como um instrumento essencial para a melhoria da qualidade dos serviços que prestam.

Concluindo, a PAP concebida como um projeto de intervenção permite ao formando evidenciar não apenas que sabe, mas também que sabe fazer, que sabe estar e que sabe ser (estes dois últimos aspetos são especialmen-te relevantes para os profissionais TAP, que terão como tarefas a animação de, e a prestação de cuidados a, pes-soas, muitas vezes em situações de sofrimento). Subja-cente a esta perspetiva pedagógica, que articula clara-mente os quatro aspetos da educação referidos acima está, como notou Herbert Read, «uma conceção da sociedade como uma comunidade de pessoas que procu-ram o equilíbrio através do auxílio mútuo», não uma outra que considera a sociedade como «uma coleção de gente, a quem é exigido que se conforme tanto quanto

1 O conceito de competência desenvolveu-se, a partir dos anos 80 do

século passado, no âmbito da gestão de recursos humanos das empresas, tendo depois sido aplicado à educação; um aspeto importante que este conceito trouxe à educação foi o de chamar à atenção para o facto de que os conhecimentos e as habilidades, que são objeto de ensino explícito na escola, não são os únicos aspetos que tornam alguém competente, pois se há um domínio desses dois aspetos sem um domínio paralelo das competências emocionais, sociais, comportamentais, metacognitivas e de conduta ética, então o desempenho da pessoa pode ser profissionalmente muito insatisfatório, apesar do 20 no diploma escolar. Uma abordagem do tema no âmbito da gestão: M. José Sousa e outros, Gestão de recursos humanos. Lidel, Lisboa, 2006.

possível a um só modelo» (Herbert Read, Educação pela arte, Lisboa, Edições 70, 2010).

Os desafios da PAP são, como vimos, muitos, mas dois deles são fundamentais: credibilizar a formação pro-fissional obtida e atuar na sociedade humana consideran-do-a como uma comunidade moral de pessoas, a que reconhecemos direitos e pedimos responsabilidades, quando imputáveis, e não como uma coleção instrumental de gente, que utilizamos como simples meios para realizar o nosso interesse próprio.

Atividades do Curso TAP 2011-2012

No último ano curso, para além de prepararmos o estágio e a prova de aptidão profissional, desenvolvemos diversas atividades, todas elas marcadas por uma finali-dade comum: desenvolver competências específicas do curso, no âmbito da animação sociocultural e no âmbito da prestação de cuidados a crianças, pessoas idosas, pes-soas como doença mental ou deficiência e incapacidade. Neste ano letivo o caráter formativo das nossas atividades acentuou-se, pois, dado que os formandos ini-ciam no terceiro período o seu estágio e a sua prova de aptidão profissional, passámos ao terceiro momento do processo de aprendizagem: no primeiro momento os formadores apresentam e explicam como se faz, no segundo momento os formadores e os formandos fazem em conjunto, no terceiro momentos os formandos fazem sozinhos, com supervisão dos formadores. Contudo, este aspeto formativo não impediu as nossas atividades de terem uma dimensão de colabora-ção com a comunidade, por exemplo nas atividades desenvolvidas com crianças (Natal no Centro Educativos) e idosos (participação em atividade da CMC), na partici-pação no dia do Patrono (atividade de expressão dramáti-ca “Partir para Voltar”) ou na elaboração do projeto de animação da Loja Social de Condeixa. As atividades realizadas são avaliadas de três formas; pelo formador e pelo formandos, na medida em que elas contribuem para o desenvolvimento profissional dos formandos (neste caso, a avaliação das atividades tem um peso específico na avaliação dos módulos nos quais se integram); são ainda avaliadas, no caso das ativi-dades que se traduzem em desempenhos perante um público, pela observação da satisfação ou por inquéritos ao público (se possível) ou aos representantes das insti-tuições nas quais as atividades se realizam; de uma forma mais longínqua serão avaliadas ainda pelo nível de desempenho dos formandos no estágio e na prova de aptidão profissional, pois é aí que terão de aplicar os conhecimentos e competências subjacentes às diversas atividades desenvolvidas.

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No âmbito da componente de animação sociocul-tural, desenvolvemos as seguintes atividades formativas:

1. Técnicas de elabo-ração de projetos e de realização de intervenções (no âmbito das disci-plinas de Animação Sociocultural, Expressão Plástica e Expressão Dra-mática, formado-res P. M. Carregã, Dina Ferreira e Madalena Almeida).

2. Projeto de animação para a Loja Social de Condeixa (na disciplina de Animação Sociocultural, formador P. M. Carregã, colaboração da técnica superior de serviço social Dr.ª Graça Branco).

3. Projeto e dinamização de atividades de Natal no Centro Educativo de Condeixa (nas disciplinas de Expressão Dramática, Expressão Musical e Anima-ção Sociocultural, formadores P. M. Carregã, Cláu-dio Mateus e Madalena Almeida).

4. Projeto e realização de cenários para a atividade de expressão dramática “Partir para Voltar” (na disciplina de Expressão Plástica, formadora Dina Ferreira).

5. Conceção, escrita e execução da atividade de expressão dramática “Partir para Voltar” (na disci-plina de Expressão Dramática, formadora Madale-na Almeida).

6. Prática simulada de técnicas de animação de grupos (nas discipli-nas de Animação Sociocultural e Psicolo-gia, formador P. M. Carregã).

7. Prática simulada de jogos e dinâmicas psicológicas e ocupacionais. (nas disciplinas de Animação

Sociocultural e Psicopatologia, formador P. M. Car-regã).

8. Frequência de um ateliê de técnicas de pintura facial, orientado pela formadora Patrícia Almeida, animadora sociocultural no Centro Educativo de Condeixa; esta formação foi realizada durante o tempo não letivo dos formandos).

9. Frequência de um ateliê de construção e manipu-

lação de fantoches no Museu da Marioneta, em Lisboa (organização das disciplinas de Expressão Dramática e de Animação Sociocultural, formado-res P. M. Carregã e Madalena Almeida).

10. Frequência de uma sessão de dinâmica psicológica e ocupa-cional para pessoas idosas no Ateneu de Coimbra (organiza-ção da disciplina de Psicopatologia, for-mador Paulo Carre-gã; orientação da sessão pela Doutora Margarida Pedroso Lima, no Ateneu de Coimbra)

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11. Visita de trabalho ao Museu da Marioneta (organi-zação das disciplinas de Expressão Dramática e Animação Sociocultural, formadores P. M. Carregã e Madalena Almeida).

12. Visita de trabalho à Coleção Berardo, no CCB (organização das disciplinas de Expressão Dramáti-ca e Animação Sociocultural, formadores P. M. Car-regã e Madalena Almeida).

13. Ida ao teatro para assistir à peça “Rei Édipo”, pela

companhia de teatro do Chapitô (Lisboa, Bairro Alto; organização das disciplinas de Expressão Dramática e Animação Sociocultural, formadores P. M. Carregã e Madalena Almeida).

No âmbito da componente de prestação de cuidados (assistência e apoio psicossocial):

14. Prática simulada de técnicas para cuidadores de

pessoas com doença de Alzheimer e Parkinson (disciplina de Psicopatologia, formador P. M. Car-regã).

15. Prática simulada de técnicas de cuidados específi-

cos para pessoas com doenças mentais (disciplina de Psicopatologia, formador P. M. Carregã).

16. Prática simulada de aconselhamento e cuidados espirituais (disciplina de Psicopatologia, formador P. M. Carregã).

17. Prática simulada de atividades de aconselhamento

sobre doenças sexualmente transmissíveis (disci-plina de Psicopatologia, formador P. M. Carregã).

18. Prática simulada de técnicas básicas para realiza-ção de atividades de pre-venção da saúde no âmbi-to do consumo de subs-tâncias causadoras de dependência, álcool, taba-co e outras substâncias psicoativas (disciplina de Psicopatologia, formador P. M. Carregã).

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19. Visita de trabalho ao centro de Recursos da APPC de Coimbra e à Quinta da Conraria (disciplinas de Psicologia e Psicopatologia, formador P. M. Carre-gã).

Desenvolvemos ainda algumas atividades de caráter mais geral:

20. Realização de Currículo Vitae segundo o modelo Europeu (disciplina de Psicologia, formador P. M. Carrega).

21. Atividades para o Blogue Psicossocial (disciplina de Francês, formadora Anabela Estêvão, e Diretor do

Curso TAP, P. M. Carregã).

22. Participação em atividade de animação para idosos organizada pela Câmara Municipal de Condeixa (acompanhamento dos formandos, formador P. M. Carregã).

23. Dia do Patrono: Memórias Tap (exposição, na sala 8) e Teatro, “Ir para voltar”, organização das disci-plinas de Expressão Plástica, Expressão Dramática e Animação Sociocultural (formadores Dina Ferrei-ra, Madalena Almeida e P. M. Carregã).

24. Dia do Patrono: divulgação da oferta formativa no

âmbito dos cursos profissionais (P. M. Carregã, Diretor do Curso TAP, 2009-2012).

Voyage d’étude à Lisbonne le neuf mars 2012

Exposition au centre Culturel de Belém

Gérald Bloncourt est un peintre, un poète, un écrivain et un photographe.

Il a fait des photos sur la misère dans les

« bidonvilles».

La photo la plus connue de ce photographe est

celle-ci :

Gérald Bloncourt a retrouvé la petite de la photo, une portugaise, Maria da Conceição

Tina Melhorado, le 26 juin 2011 à Paris.

Il l’a photographiée dans le Bidonville de St Denis en 1966.

Elle est aujourd’hui mère de famille et professeur de Français à Coimbra, au Portugal.

Voilà les deux imagens. Il y a, entre elles, 45 ans !

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O CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE APOIO PSICOS-SOCIAL NA OFERTA EDUCATIVA DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CONDEIXA-A-NOVA

1.

O Agrupamento de Escolas de Condeixa decidiu que, no presente ano letivo, o Curso de Técnico de Apoio Psicossocial constará da sua oferta educativa no âmbito do ensino profissional. A decisão da direção do agrupa-mento, tomada após consulta ao Conselho de Diretores de Curso do Ensino Profissional e ao Conselho Pedagógi-co, constitui um reconhecimento do trabalho realizado pela atual equipa pedagógica do curso TAP, mas constitui também um desafio para o Agrupamento de Escolas, pois o trabalho realizado no primeiro triénio do curso terá agora de ser revisto, tendo em conta a experiência adqui-rida e o novo contexto educativo e social do país. Neste texto discutirei alguns aspetos, que me parece relevante colocar à consideração de todos, ou seja, a comunidade educativa de Condeixa em geral e sobretudo a comunida-de local, pois os cursos profissionais só fazem sentido numa escola se responderem, antes de mais, às necessi-dades e às condições socioeconómicas da região, sem com isso se reduzirem a uma condição puramente paro-quial.

1. Porquê este curso? O curso de apoio psicosso-cial corresponde, do ponto de vista das características socioeconómicas e empresariais da região, a uma neces-sidade de qualificação profissional identificada, nomea-damente no Plano de Desenvol-vimento Social de Condeixa e no Diagnóstico Social de Condeixa2; de uma forma sintética, refira-se que, de entre as propostas de ação sugeridas no Plano de Desenvolvimento Social ante-riormente referido são, na área profissional do Curso TAP, apre-sentadas propostas que reque-rem a contratação de trabalha-dores com qualificação média na área da saúde mental e do apoio a deficientes (pp. 15 e 16), na área do apoio social (Loja Social, p. 13), na área da presta-ção de cuidados a crianças (pp. 9 e 10, ocupação de tem-pos livres, espaço jovem), na área da educação (ativida-des extraescolares, ATL, p. 19), na área da prestação de cuidados a idosos (p. 17, nomeadamente maior qualifica-

1 P. M. Carregã, diretor do curso TAP no triénio 2009-2011.

2 Os documentos referidos estão disponíveis para consulta em

http://www.cm-condeixa.pt/departamentos/accaosocial/rede%20social /diagnosticoSocial.html

ção dos serviços, mais serviços de apoio como centros de dia, atividades ocupacionais, lares e apoio domiciliário) e na área da saúde (cuidados continuados, apoio a pessoas dependentes de substâncias). Contudo, se aqui se enunciam necessidades que pedem concretização, assinale-se que uma das maiores empresas do concelho de Condeixa é a Casa de Saúde Rainha Santa Isabel, uma IPSS cuja área de trabalho é a saúde mental e o apoio psicossocial, que em Miranda do Corvo, a Fundação ADFP, também uma grande IPSS, desenvolve trabalho na área da saúde mental, na área da prestação de cuidados a idosos e a pessoas com deficiên-cia e incapacidade, e que existem diversos lares, centros de dia, unidades de cuidados continuados e de apoio domiciliário na região (Condeixa, Penela, Miranda do Cor-vo e Ansião), não existindo nestes concelhos oferta de formação profissional inicial de técnicos de apoio psicos-social. Além disso, dado que também a área da prestação de cuidados a crianças é uma saída profissional do Curso TAP, nomeadamente a animação de centros de ATL e o apoio a alunos com deficiência e incapacidade, verifica-se que também as diversas escolas da região necessitam dos funcionários de qualificação média na área do curso TAP, sobretudo no âmbito da educação especial. Refira-se ainda que, em geral, a área formativa do serviço social e orientação é, no âmbito das qualificações profissionais médias (não superiores), uma área com um nível de empregabilidade satisfatório e com tendência a crescer, dadas as alterações na prestação de serviços de

saúde mental e o crescente enve-lhecimento populacional (este cres-cimento não ocorre significativa-mente em instituições estatais, mas em instituições privadas (que atuam no mercado lucrativo) e sobretudo em instituições do terceiro setor como as IPSS3. De um outro ponto de vista, importante em termos de uma boa gestão de recursos em tempos de escassez, é o facto de que não há, nas escolas mais próximas, cursos nesta área, pelo que poderemos

atrair alguns alunos que considerem realizar estudos nes-ta área. Se as razões anteriormente aduzidas são relevan-tes para justificarem a oferta de um curso TAP, há uma outra razão que é igualmente importante: o facto de exis-tirem acordos de parceria com diversas instituições e

3 Ana Quelhas, A refundação do papel do estado nas políticas públicas.

Almedina, Coimbra, 2001; Sílvia Portugal e Paulo H. Martins, Cidadania, Políticas Públicas e Redes Sociais. IUC, Coimbra, 2011.

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empresas da região para a realização de atividades for-mativas em contexto de trabalho e para a realização de estágios. Estes protocolos mostram que a comunidade empresarial local tem interesse no trabalho de formação profissional desenvolvido na área psicossocial. Se o desenvolvimento social «é o desenvolvimen-to da capacidade das pessoas para trabalharem conti-nuamente para o bem-estar de si próprios e da socieda-de1”, então uma das estratégias para conseguir este desenvolvimento é aumentar as qualificações das pessoas de modo a que estas possam melhorar a qualidade do seu trabalho e também a sua produtividade, aumentando assim a riqueza da comunidade em que estão inseridos. O ensino profissional, enquanto uma forma de qualificar e capacitar os jovens, é um instrumento de desenvolvimen-to para o país, mas sobretudo para a comunidade em que se insere, desde que tal ensino corresponda a necessida-des formativas identificadas; se os dados que apresentá-mos anteriormente são credíveis, então a oferta formati-va na área psicossocial é claramente um fator de desen-volvimento humano no concelho de Condeixa. Por fim, uma razão que também deve também ser considerada é o facto de que o curso TAP oferece aos alunos formação na área da psicologia, serviço social, sociologia, animação sociocultural e educação que possi-bilitam perspetivas futuras de prosseguimento de estudos quer no ensino politécnico quer no ensino superior, nes-sas áreas. 2. O que pode ser melhorado? Equipamentos e recursos materiais. O curso TAP, sendo um curso que se integra globalmente na área das humanidades e das ciên-cias sociais, abrange contudo uma área de fronteira que inclui a saúde, na sua dimensão psicossocial e também as artes, nomeadamente as expressões dramática, plástica e musical, vis-tas aqui não como uma forma de aprender teatro, pintura ou músi-ca, mas como uma forma de aprender a utilizar o teatro, a pin-tura e a música como recursos ao serviço da animação social e da terapia ocupacional; a área de expressões do curso TAP não visa formar artistas, mas sim técnicos de apoio psicossocial capazes de utilizar as artes na ani-mação social e na terapia ocupacional. Ainda assim, o trabalho na área das expressões exige equipamentos e recursos específicos que, neste primeiro triénio, só progressivamente fomos adquirindo

1 M. Payne, Teoria do trabalho social moderno. Quarteto, Coimbra, 2002.

ou adaptando, não só a nível da escola, mas também uti-lizando os recursos existentes na vila de Condeixa. Neste sentido, como os textos dos formandos finalistas deixam transparecer, a maior dificuldade residiu no facto de não termos disponível uma sala específica para as aulas de expressão dramática; esta dificuldade agravou-se ainda devido ao facto do teatro de Condeixa, que é um equipa-mento com excelentes possibilidades para a realização de diferentes tipos de espetáculos, não estar em condições de, no contexto atual, concretizar tais potencialidade (a iluminação de palco, a teia, o sistema de cortinas e o sis-tema de som estão praticamente inoperacionais, mas fal-tam também técnicos conhecedores das necessidades de funcionamento de um teatro). O trabalho que se realizou evidencia que os formandos e os formadores consegui-ram realizar, apesar destas dificuldades, um trabalho de qualidade, seja em termos pedagógicos, seja em termos de proporcionar à escola e à comunidade local atividades que vão além da sala de aula e adquirem um significado lúdico e cultural (os trabalhos dramáticos realizados no dia do Patrono e na festas de Natal do Centro Educativo foram um exemplo disso). O desafio que se coloca ao Agrupamento de Esco-las de Condeixa agora é, tendo em conta o trabalho reali-zado, as dificuldades encontradas e os equipamentos existentes, encontrar forma de, por um lado, disponibili-zar uma sala específica para expressão dramática (um teatro-estúdio devidamente equipado, nomeadamente com tapetes para exercícios físicos, uma estrutura amoví-vel que possa funcionar como um pequeno palco e even-tualmente uma outra estrutura amovível com cadeiras específicas que permita à sala receber entre 20 e 40 pes-

soas, equipamento de som e de ima-gem e equipamento de iluminação – note-se que se adquiriu já, neste último ano letivo, equipamento de som e de iluminação) e, por outro, encontrar formas de rentabilizar esse equipamen-to, dando-lhe um uso que beneficie a dinâmica da escola e a oferta de ativi-dades alternativas aos alunos. A equipa pedagógica do curso TAP, em conjunto com a direção do agrupamento, está a trabalhar para que este projeto se tor-ne realidade já no próximo ano.

Contudo, seria também muito positivo que as diversas instituições culturais do concelho de Condeixa, os Bombeiros Voluntários (proprietários do equipamen-to), a Câmara Municipal e o Agrupamento de Escolas de Condeixa conseguissem dar ao teatro de Condeixa condi-ções que permitam utilizar as suas potencialidades de uma forma mais operacional e eficaz do que atualmente. Um aspeto que também nos colocou dificuldades, mas que se conseguiu resolver durante este ano letivo, foi

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a existência de um local de arquivo e de armazenamento dos materiais técnicos de uso frequente do curso e dos materiais produzidos pelos alunos; um local deste tipo era absolutamente necessário, pois sem ele os materiais adquiridos acabavam por se degradar, com óbvio prejuízo para uma bom aproveitamento dos recursos. A direção providenciou a construção de um local de armazenamen-to específico, o que foi uma melhoria importante; even-tualmente, haverá ainda necessidade de reorganizar a sala de educação visual de modo a que os locais de arma-zenamento e de arquivo existentes nesta sala sejam mais funcionais e eficazes. Dado que, durante o triénio que agora se encerra, foram sendo disponibilizados, pelas editoras e empresas de material didático, novos recursos para o trabalho pedagógico e didático (nomeadamente manuais, livros de apoio, equipamentos técnicos específicos da área de expressões e outros instrumentos pedagógicos e didáti-cos), a equipa pedagógica terá de realizar um trabalho de análise e seleção destes equipamentos de modo a adquirir e utilizar os que se mostrem úteis e necessários para o sucesso educativo dos formandos. Um aspeto que, tendo em conta o facto de a esco-la ter três cursos profis-sionais (dois deles na área das humanidades e ciên-cias sociais) e um curso de educação e formação, se procurou desenvolver durante o triénio que agora acaba foi o traba-lho colaborativo no âmbi-to do planeamento peda-gógico dos cursos, o uso comum de recursos e a realiza-ção conjunta de algumas atividades formativas; even-tualmente, com o conhecimento dos cursos que adquiri-mos durante o triénio, o trabalho em comum nestas áreas pode ser ainda melhorado. 3. O que pode ser melhorado? Trabalho pedagó-gico e parcerias com instituições e empresas da região. A generalização dos cursos de formação profissional nas escolas públicas é recente (seis anos, o que corresponde a dois triénios), pelo que nos encontramos agora num período em que começa a fazer sentido pensar em fazer alguns reajustamentos e correções, seja a nível da estru-tura curricular (não sendo uma competência das escolas, mas do ministério da educação, as escolas devem contu-do assinalar os aspetos que a prática mostra que ganha-riam com algumas alterações, nomeadamente progra-mas, disciplinas integrantes das três componentes dos curso, horas atribuídas às disciplinas, mecanismos de prosseguimento de estudos no âmbito dos cursos profis-sionais de nível secundário e atualização da tabela nacio-nal de qualificações tendo em conta os novos cursos cria-

dos), seja a nível do trabalho pedagógico, sobretudo no âmbito das metodologias específicas para os cursos de formação profissional (metodologias de ensino-aprendizagem e de avaliação); alguns destes aspetos foram já objeto de recomendações da ANQEP1. Uma das dificuldades com que os formadores dos cursos profissionais se têm deparado reside na tentação, muito frequente nas escolas secundárias com tradição mais académica, de aplicar à formação profissional as metodologias e as exigências académicas dos cursos do ensino não profissional; a questão não está obviamente na necessidade de utilizar metodologias e dispositivos didáticos que permitam uma rigorosa aferição das apren-dizagens exigíveis, mas sim na definição destas aprendi-zagens e no controlo da qualidade pedagógica dos méto-dos e dos instrumentos de ensino-aprendizagem utiliza-dos que, podendo ser muito diferentes, podem contudo ter o mesmo rigor e seriedade. Consideremos quatro aspetos que, no âmbito do trabalho pedagógico do curso TAP, se revelaram muito importantes. O primeiro aspeto: competências que são objeto de ensino e de avaliação. Na escola secundária tradicio-nal, o professor ensina os conteúdos do programa, em

geral tal como o manual os apresenta, e avalia a aprendizagem dos alunos através de testes escritos, que seguem o modelo do exame nacional (quando este existe); como facil-mente se depreende o que aqui se avalia são os conhecimentos e as com-

petências cognitivas adquiridas (o saber e algum, pouco, saber fazer), supondo-se implicitamente que as compe-tências sociais, emocionais, comportamentais e metacog-nitivas não são muito relevantes ou não são «objeto de avaliação, de forma explícita, nos exames» (saber estar, saber ser e saber aprender; contudo, curiosamente, as principais queixas que publicamente se discutem em rela-ção à escola se referem a problemas de indisciplina, de comportamento e de falta de métodos de estudo dos alunos…). Ora, nos cursos que têm como finalidade a formação profissional, estes aspetos não só são conside-rados explicitamente como conteúdos de ensino e de ava-liação em diversas disciplinas, mas são, no mercado de trabalho, considerados como aspetos que permitem dife-renciar um bom de um mau profissional: ser capaz de trabalhar em equipa, ter competências para gerir situa-ções emocionais e de conflito, ser capaz de aprender de

1 AAVV, Recomendações de apoio à organização e funcionamento das

ofertas qualificantes de jovens. Lisboa, ANQ, 2009.

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forma autónoma e de resolver problemas práticos não previstos, saber apresentar-se e atuar em função dos con-textos e das pessoas, entre outros, são competências que os formadores do ensino profissional têm de ensinar e de avaliar. Em consequência, é necessário desenvolver estra-tégias específicas de ensino e de avaliação que conside-rem estas competências. O segundo aspeto: estratégias diferenciadas de ensino e de avaliação. O facto dos critérios de avaliação dos formandos dos cursos profissionais preverem pesos diferenciados para competências cognitivas e não cogniti-vas é uma consequência direta do que se referiu no ponto anterior e não um exemplo de facilitismo ou de falta de rigor; pelo contrário, exige mais trabalho dos formandos e dos formadores e implica instrumentos e metodologias específicos para avaliar aspetos que, reconhecidamente, são mais difíceis de controlar (atitudes, comportamentos, trabalho de grupo, resolução de problemas, aplicação de conhecimentos em contexto profissional, entre outros). No curso TAP a equipa pedagógica procurou, em articula-ção com as restantes equipas pedagógicas dos cursos profissio-nais e da coordenação pedagógica da oferta qualificante, desenvolver metodologias de ensino ativas e diferenciadas (trabalhos de grupo, trabalhos de pesquisa, trabalhos escritos individuais, atas de aula, fichas de trabalho, relatórios de atividades, organização, planifica-ção e realização de atividades em empresas e instituições, apresentações orais, realização de dinâmicas de grupo, entre outras); utilizou também estratégias diferenciadas de avaliação, nomeadamente testes e outros instrumen-tos de avaliação escritos (relatórios, trabalhos individuais, questões-aula, minitestes, fichas de trabalho atas de aula), grelhas de observação de comportamentos, grelhas de observação de apresentações orais e de trabalhos de grupo. Neste âmbito, mais do que propor novas estraté-gias e dispositivos, o nosso trabalho no próximo triénio visará aperfeiçoar os instrumentos e as estratégias desenvolvidas, pois verificámos que, em geral, elas tive-ram resultados muito positivos. O terceiro aspeto: interpretação e operacionaliza-ção dos conteúdos programáticos em função da área formativa do curso. Este ponto, que as recomendações da ANQ (atual ANQEP) já consideravam (ponto 12, p. 13), é aquele em que a experiência do triénio será mais impor-tante, pois temos agora um melhor conhecimento dos programas das diversas disciplinas e do que significa exa-tamente formar um «técnico de apoio psicossocial». Des-te modo, o trabalho de «reflexão conjunta sobre a abor-dagem metodológica aos programas, tendo em conta

fatores como as características da turma e a área de for-mação do curso» e a «planificação de atividades da for-mação em contexto de trabalho e de preparação dos alu-nos para a inserção no mercado de trabalho» permitirá, agora que conhecemos bem as exigências das nossas dis-ciplinas, mas também as exigências do curso, uma maior integração e articulação das diversas componentes do curso (geral, científica e técnica) num trabalho conjunto de planificação, tendo em conta o perfil de competências de um técnico de apoio psicossocial; este trabalho con-junto exige uma maior flexibilidade na interpretação e operacionalização dos conteúdos programáticos e até uma eventual reconsideração do desenho curricular do curso (distribuição da carga horária das disciplinas pelos três anos letivos, articulação na lecionação de alguns módulos, formação em contexto de trabalho). De uma forma mais específica, e considerando (a título de exemplo) disciplinas como educação física e por-tuguês, que pertencem à componente geral, psicologia e

sociologia, que pertencem à componente científica e todas as disciplinas da área técnica, temos de considerar o perfil de competências do curso como o principal guia para desenvolver os conteúdos modulares; neste sentido, temos de nos colocar no lugar de um animador e de um prestador de cuidados (um TAP, em resumo) e perguntarmo-nos como é que os conteúdos da nossa disciplina o tornam mais competente e eficiente no ofício de “fazer bem o bem”. Com isto, não se

sugere que façamos aquilo que, acompanhando Paulo Freire, ele designa como o modelo do «treinamento estri-tamente técnico da mão-de-obra» (ver texto citado no editorial); pelo contrário, a ligação da profissão aos con-teúdos visa, por um lado, aumentar a possibilidade dos conteúdos serem compreendidos pelos formandos e, em segundo lugar, visa fornecer-lhes instrumentos técnicos e intelectuais que os tornem capazes de atuar de forma mais criativa e crítica nos seus locais de trabalho. O quarto aspeto: importância das atividades for-mativas em contexto de trabalho (ou seja, em empresas e instituições) e realização de módulos de formação por técnicos que trabalham na área profissional do curso em empresas e instituições; dado que estamos numa área de formação profissional, este aspeto parece ser tão óbvio que nem merece discussão, mas de facto é muito difícil, no atual modelo do ensino profissional, de desenvolver se não houver por parte dos formadores uma clara conside-ração de que as suas disciplina, num curso profissional, não são uma «coisa só sua», mas fazem parte de um pla-no formativo, para o qual têm de contribuir e ao qual têm de se submeter.

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Com efeito, o atual modelo do ensino profissional permite que a formação em contexto de trabalho ocorra no fim do curso, durante o estágio, o que no limite permi-te um percurso escolar no qual os formandos só têm con-tacto com o mundo do trabalho nos três meses finais do curso; em alternativa é possível dividir este período de cerca de três meses pelos três anos do curso. A opção que seguimos no curso TAP foi a de, mantendo um estágio com uma duração significativa1, que permita às empresas terem nas suas instalações e atividades os formandos durante um período de tempo suficiente para conhece-rem bem as características pessoais dos formandos (motivação, iniciativa, empenho nas tarefas, capacidade de trabalho em equipa, por exemplo) e também as suas características profissionais (conhecimentos e competên-cias cognitivas, emocionais e comportamentais), desen-volvermos simultaneamente diversas atividades formati-vas nas empresas e nas instituições no âmbito das ativi-dades letivas das disciplinas, ou seja, utilizámos a forma-ção em contexto de trabalho como uma estratégia de ensino-aprendizagem no tempo letivo da própria discipli-na. Esta opção exige aos formadores de todas as discipli-nas uma gestão mais rigorosa e colaborativa das ativida-des letivas e da planificação dos conteúdos, mas tem ganhos muito significativos em termos motivacionais e de contacto com o mundo do trabalho para os formandos (a leitura dos per/cursos dos formandos do TAP neste jornal mostra como estas atividades foram um dos aspetos que mais contribuiu para a motivação pela aprendizagem e também para a assunção do perfil profissional do curso). Os formadores da equipa pedagógica do curso TAP con-seguiram adaptar-se bem a este modelo, sem com isso abdicarem da lecionação de todos os conteúdos previstos e, em alguns caso, introduzindo até aspetos que manifes-tamente faltam em alguns programas; o diretor de curso e os formandos devem-lhe reconhecimento por esse tra-balho. Neste sentido, parece ser um modelo a manter; eventualmente poderá ser melhorado com uma planifica-ção mais atempada (neste primeiro triénio nem sempre foi possível definir datas e tempos de uma forma precisa) e sobretudo com o recurso a mais momentos de forma-ção dada por técnicos que trabalham no terreno, seja no âmbito de certos conteúdos muito especializados (por

1 Esta opção teve por base não apenas perspetivas teóricas provenientes

da psicologia vocacional e organizacional (por exemplo, M. Taveira e J. Silva, Psicologia Vocacional, IUC, Coimbra, 2008; M. Pina e Cunha e outros, Manual de comportamento organizacional e gestão, HR Editora, Lisboa, 2007), mas também um inquérito, por entrevista, realizado às instituições e empresas de Condeixa com as quais temos protocolos de colaboração; todas as empresas manifestaram preferência por um modelo de estágio com uma duração de três meses (aproximadamente), embora considerassem que as atividades e as visitas de trabalhos às empresas durante o curso fossem importantes.

exemplo, técnicas de socorrismo, técnicas específicas de prestação de cuidados a pessoas com doença mental, etc.), que de resto já utilizámos neste triénio, seja no âmbito de conhecimentos e competências que, não sen-do tratadas de forma muito aprofundada nas disciplinas, as empresas consideram úteis (construção e manipulação de fantoches, técnicas de pintura facial, por exemplo). Um outro aspeto que pode ser melhorado é a colaboração mais próxima entre os formandos do curso psicossocial e algumas atividades de animação sociocultu-ral e de prestação de cuidados sociais desenvolvidas nas instituições e empresas de Condeixa; destacarei aqui uma caso específico, pois me parece ser uma área em que se poderá desenvolver um trabalho muito relevante para a comunidade local e muito proveitoso em termos de for-mação para os formandos do curso TAP; esse caso é a animação da Loja Social de Condeixa, propriedade da Câmara Municipal de Condeixa (embora também se pos-sam considerar a realização de atividades de animação para crianças e a realização de atividades ocupacionais com pessoas idosas). No presente ano letivo, depois de algumas con-versas entre o diretor de curso e os técnicos superiores de serviço social da Câmara Municipal de Condeixa, fez-se já um projeto de animação da Loja Social, que nos permi-tiu identificar dificuldades (sobretudo a articulação do trabalho letivo dos formandos com o desenvolvimento de atividades na Loja Social de uma forma estruturada e con-tínua), mas também deixou indicações de como é que a ideia se poderá tornar realidade, permitindo assim um ganho para o curso TAP e para a Loja Social (uma destas indicações foi a de que a Loja Social beneficiaria muito com a existência de uma técnica de apoio psicossocial que assegurasse em permanência o funcionamento da Loja Social; as formandas finalistas do curso TAP certa-mente estariam disponíveis para apresentar candidaturas a essa função se uma tal possibilidade se concretizar…). Uma parceria deste tipo permitiria aos futuros formandos uma formação em contexto de trabalho mais eficaz e enriquecedora e à Câmara Municipal de Condeixa permitiria, por exemplo, animar a Loja social, mas tam-bém desenvolver a integração, cívica e profissional, dos formandos na comunidade local, tornando-os mais conhecedores dos problemas desta e mais capazes de contribuírem com sugestões para a sua solução, no pre-sente e no futuro. Por fim, um aspeto que também pode ser desen-volvido é a realização de parcerias com outras empresas e instituições da região com as quais ainda não trabalhá-mos e que podem trazer um contributo importante para a divulgação da formação profissional realizada no curso TAP e para as próprias empresas, que poderão contratar funcionários qualificados, melhorando assim os serviços que prestam aos seus clientes.

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