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QUINTA-FEIRA • 23 DE JULHO DE 2015 Diário do Minho Este suplemento faz parte da edição n.º 30843 de 23 de Julho de 2015, do jornal Diário do Minho, não podendo ser vendido separadamente. cuidar dos vivos Enterrar os mortos p. 3-5 obras de misericórdia

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IV_2015.07.23

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  • QUINTA-FEIRA 23 DE JULHO DE 2015

    Dirio do MinhoEste suplemento faz parte da edio n. 30843

    de 23 de Julho de 2015, do jornal Dirio do Minho, no podendo ser vendido separadamente.

    cuidar dos vivosEnterrar os mortos

    p. 3-5

    obras de misericrdia

  • 2 IGREJA INTERNACIONAL IGREJA VIVA

    encontro europeu assinala nascimento de sta. teresaA Conferncia Episcopal Espanhola promove em vila, de 05 a 09 de Agosto, o Encontro Europeu de Jovens para assinalar o V Centenrio de nascimento de Santa Teresa de Jesus. O Encontro Europeu de Jovens, que tem por tema Em tempos difceis, amigos fortes de Deus, est a ser preparado pelo Departamento de Juventude da CEE, juntamente com a Ordem Carmelita, a diocese e a autarquia de vila. O encontro prev visitas aos lugares teresianos da cidade, conferncias, concertos e celebraes.

    rionidos em cristo juntou jovens de lisboa e setbal

    O Servio da Juventude do Patriarcado de Lisboa e o Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude de Setbal organizaram, no passado Sbado, um encontro conjunto intitulado RIOnidos em Cristo, com o lema Duas margens, a mesma f. A iniciativa juntou mais de trezentos jovens em aces de evangelizao nas duas dioceses e numa peregrinao a p e de barco desde a Igreja e So Domingos, na capital, at ao Cristo Rei, em Almada. O encontro terminou com o concerto da Banda Luz Jovem.

    papa francisco recorda visita amrica latina

    Durante a sua primeira apario pblica aps a viagem ao Equador, Bolvia e Paraguai, o Papa Francisco recordou as potencialidades e graves problemas da Amrica Latina. O continente latino-americano tem grandes potencialidades humanas e espirituais, guarda valores cristos profundamente enraizados, mas vive tambm graves problemas sociais e econmicos, sublinhou, perante milhares de peregrinos reunidos na Praa de So Pedro, para a recitao do ngelus no passado Domingo.

    PAPA FRANCISCO@pontifex_pt

    15 Julho 2015 hora de mudar de mentalidade e deixar de pensar que no depende das nossas aces se algum padece de fome.

    17 Julho 2015Quando tudo se desmorona, s isto sustenta a esperana: Deus ama-nos, ama a todos!

    21 Julho 2015A Igreja chamada a tornar-se cada vez mais solcita e carinhosa para com os fracos.

    IGREJA UNIVERSAL

    Mas no necessariamente para serem todos lidos em frias. Uma proposta para quem no dispensa um bom livro no momento do ano em que se tem mais tempo livre para meter a leitura em dia. Os livros so apresentados segundo a ordem alfabtica do nome do autor.Alessandro Manzoni - Os Noivos, Lisboa: Paulinas Editora, 2015. No podia faltar na lista um clssico. O romance I promessi sposi (Os Noivos) de Manzoni, depois da Divina Comdia de Dante, o maior clssico da literatura italiana. A traduo portuguesa de Jos Colao Barreiros um dos acontecimentos editoriais do ano.Austein Ivereigh - Francisco, o grande reformador. Os caminhos de

    um Papa radical, Amadora: Editora Vogais, 2015. Escreve a vaticanista Aura Miguel no prefcio: Em jeito de comparao automobilstica, arrisco- -me a dizer que esta obra est para os outros livros sobre Francisco como a construo de um Rolls-Royce est para a de um carro utilitrio. Est tudo dito!Frei Bento Domingues - O bom humor de Deus, Lisboa: Temas e Debates/Crculo de Leitores. A propsito escrevem Antnio Marujo e Maria Julieta Mendes Dias: A proposta do caminho espiritual em fragmentos que sugerido nestes textos , contra todas as evidncias, a de um percurso que levar cada um ao encontro dessa alegria infinita. A que uns chamaro plenitude. Ou humanidade. E que outros, como frei Bento, do o nome de Deus. Cristiana Paccini e Simone Troisi - Nascemos e jamais morreremos. Vida de Chiara Corbella Petrillo, Braga: Apostolado de Orao, 2014. Chiara Corbella Petrillo nasceu no cu a 13 de Junho de 2012, vtima de cancro, depois de ter posto a vida da criana que trazia no ventre frente da sua. Antes de Francisco nascer, j Chiara e Enrico, o marido, tinham entregue nas mos de Deus com uma serenidade e uma

    alegria desconcertantes dois filhos.Filipe dAvillez - O que fazes a fechada?, Lisboa: Altheia Editores, 2015. O que leva uma mulher de

    28 anos, a trabalhar num gabinete ministerial em Bruxelas e com namorado, a escolher o Carmelo como forma de vida? Estrias de vidas consagradas no feminino que desconstroem preconceitos.Papa Francisco - Louvado Sejas. Carta Encclica Laudato si sobre o cuidado da casa comum, Lisboa: Paulinas Editora, 2015. a encclica de que todos falam, mas que poucos a leram. Contrarie as estatsticas.

    dez livros para as friasJoaquim Franco - Com Franqueza. Crnicas num tempo de mudanas, Lisboa: Paulinas Editora, 2015. Joaquim Franco, rosto do jornalismo religioso da SIC, explora neste livro um conjunto temas que tm marcado a actualidade religiosa, desde a liberdade religiosa, passando pelos atentados ao Charlie Hebdo, at ao pontificado do Papa Francisco.Joaquim Vieira e Reto Monico - Nas Bocas do Mundo. O 25 de Abril na Imprensa Internacional. Lisboa: Tinta da China, 2014. Os acontecimentos desde 25 de Abril de 1974 a 25 de Novembro de 1975 vistos pela imprensa internacional. Um trabalho resultante da consulta de publicaes em vinte pases. Joan Margarit - Misteriosamente Feliz. Lisboa: Edies Lngua Morta, 2015. Poesia: Como para Ssifo, / a vida para mim esta rocha. / Carrego-a e conduzo-a at ao alto. / Quando cai volto a busc-la / e, tomando-a entre os braos, / levanto-a outra vez. / uma forma de esperana. / Penso que teria sido mais triste / se no tivesse podido arrastar uma pedra / sem outro motivo que no fosse o amor. / Lev-la por amor at ao alto.Umberto Eco - Nmero Zero, Lisboa: Gradiva. 164 pginas sobre os jornais e o jornalismo. Uma obra de fico que deve pouco realidade.

    Boas frias, se for o caso, e boas leituras.

    Paulo Terrosopadre

  • Depois de estabelecido que iramos abordar a Obra de Misericrdia Enterrar os Mortos, ficou combinado que a Morgue do Hospital de Braga seria um stio obrigatrio a

    conhecer. Disseram-nos que o local era bonito. Como pode uma morgue ser bonita?, pensmos. Um pouco a medo, anumos. Da porta principal at morgue necessrio percorrer corredores labirnticos. Quanto mais nos aproximvamos, menos pessoas vamos, maior era o silncio, menor o calor humano. Fomos guiados pelo padre Miguel ngelo um dos capeles do Hospital que simpaticamente nos foi explicando aquilo que vamos. aqui, disse, a certa altura, deitando a mo a uma porta. Respirmos fundo e entrmos. Foi precisamente nesse momento que todos os nossos receios caram por terra.

    Um espao humano

    Ablio Ribeiro e Manuel Branco so os Assistentes Operacionais da Casa Morturia do Hospital de Braga desde h sete anos. A denominao do cargo que ocupam no deixa antever as vrias funes que ali desempenham. Recebem-nos de sorriso aberto e mostram-nos as instalaes. De

    caminho vo explicando como funciona cada local: os gabinetes, a sala onde se encontram as arcas, a sala de autpsias, uma pequena saleta onde preparado o corpo e o espao pensado para acolher as urnas e os familiares dos falecidos.O espao, ao contrrio daquilo que tnhamos imaginado, acolhedor. As paredes so alvas, imaculadas. No corredor sobressai uma planta viosa. Um pequeno passarinho azul espreita por entre as folhas. Nas duas salas de luto, onde os familiares podem comear a velar o falecido, os vidros esto cobertos por uma imagem abstracta, colocada estrategicamente para atenuar a intensa luz que entrava pelas grandes janelas. Era demasiada luz, frisa Manuel. Demasiada para quem acabou de perder algum, continua. A claridade continua a penetrar nas divises, mas de forma suave. Duas grandes tapearias

    que noutras circunstncias poderiam perfeitamente estar a forrar o cho de uma residncia destinam-se a apoiar as urnas. entrada das

    salas, uma mquina de gua e alguns pacotes de acar mostram o desvelo pelos enlutados.Os pormenores que tornam o ambiente mais

    aconchegante existem pelo esforo incansvel de vrias pessoas. Os dois assistentes tentam reaproveitar objectos para humanizar o espao. O capelo do Hospital, o padre Dias Pereira,

    junta-se-lhes na tentativa de minimizar o sofrimento dos vivos. A Comisso para a Humanizao e a Administrao do Hospital

    fornecem e ajudam no que conseguem, bem como vrios

    trabalhadores da instituio a ttulo pessoal.Pelo que sabemos, a

    morgue deste hospital a mais bem equipada do pas.

    Nunca nos foi negado nada, tudo o que precisamos para efectuar o nosso trabalho -nos cedido, sublinha Manuel.

    Enterrar os mortos

    Ablio e Manuel gostam muito daquilo que fazem, mas admitem que, cumprido o horrio, necessrio desligar de tudo, at porque h dias muito pesados. muito complicado, no fcil... Mas gostamos daquilo que fazemos e tentamos sempre fazer o melhor, tanto por quem morreu, como por quem aqui ficou, refere Ablio. O gosto pelo trabalho e a procura por uma maior dignidade e humanidade no servio levaram-nos a fazer, por conta prpria, formaes de tanatoesttica e tanatopraxia. Alguns dos diplomas, que orgulhosamente nos mostram, encontram-se na parede do gabinete.Tentamos e procuramos dar ao corpo uma aparncia o mais natural possvel, como se no estivesse morto, mas sim a dormir. Mascarar as aparncias da morte e conservar no corpo os ares familiares e alegres da vida o nosso objectivo. Todos vamos morrer um dia!, desabafa Manuel. Enquanto falamos, o nosso olhar atrado para as mos dos dois assistentes. So mos que denunciam o esmero no trabalho, j com as marcas naturais que a idade e o ofcio trouxeram, mas cheias de delicadeza. Os gestos que acompanham o discurso evidenciam a afabilidade dos dois assistentes.

    ENTERRAROS MORTOSCUIDAR DOS VIVOS

    obras de misericrdia

  • Um armrio num recanto da sala encerra os produtos de esttica e maquilhagem utilizados na preparao dos corpos. Cremes, bases e outros produtos de maquilhagem cuidadosamente alinhados enchem as prateleiras. Uma imagem de Nossa Senhora sobressai no meio de toda a parafernlia esttica. Os produtos foram comprados por Ablio e Manuel ou oferecidos por amigos e colegas.As pessoas daqui j sabem o que fazemos. s vezes passam c mdicos ou colegas e perguntam se estamos a precisar de perfumes ou outras coisas. E depois oferecem. assim que vamos conseguindo ter sempre o suficiente para cuidar com toda a dignidade dos mortos. Felizmente existe muita boa vontade e generosidade, conta Ablio.No h distines na altura de preparar o corpo para a passagem para a urna. Para os responsveis, na morte todos so iguais e dignos dos mesmos cuidados. At para aqueles com menos possibilidades econmicas, se a famlia aceder, Manuel e Ablio tm roupas mais especiais guardadas.Tambm existem casos de corpos que no chegam a ser reclamados. Os assistentes operacionais no deixam, no entanto, que sejam negligenciados ou esquecidos. Depois de todas as questes tcnicas e legais resolvidas, contactam agentes e funerrias que possam ajudar. At pode no ser um funeral com grandes luxos, mas pelo menos a dignidade est garantida, frisa Manuel.

    Ajudar os vivos

    O trabalho dos Assistentes Operacionais no passa apenas por cuidar dos

    os dias. Tambm isso que nos faz ter o cuidado que temos. s vezes s preciso uma palavra... ou nenhuma, dizem.Os dois homens referem-se aos muitos abraos que j deram, s lgrimas que j secaram e s inmeras pessoas que j ampararam. A reaco perda depende muito das pessoas: h quem fuja, quem negue, quem grite, quem se prostre, quem chore. Embora as reaces variem, a maioria das pessoas s precisa de desabafar e de algum que as escute. O nosso defeito por vezes querer dizer alguma coisa a todo o custo... Elas necessitam de saber que no esto sozinhas e que algum est disposto a apoi-las. Precisam de saber que tm ali um

    Jos Eduardo Rebelo um professor universitrio que, aps uma tragdia pessoal com perdas pessoais profundas, decidiu desenvolver o trabalho de Aconselhamento no Luto, at ento uma lacuna em Portugal.Ao longo dos ltimos 11 anos promoveu diversas iniciativas na rea: fundou a APELO, o Espao do Luto e coordenou o primeiro e terceiro Congresso O Luto em Portugal.

    APELOA APELO (Associao do apoio pessoa em luto) constituda por pessoas solidrias e capazes de ajudar quem vivencia o sofrimento do luto. A associao respondeu a algumas perguntas do Igreja Viva sobre um tema que ainda tabu em portugal.

    O que o luto? um processo de reaco a uma perda pessoal profunda, que decorre no tempo, de forma mais ou menos prolongada. A durao desse processo depende da intensidade do vnculo estabelecido com a pessoa perdida.

    possvel superar a perda de um filho?No caso da morte de um filho o defilhar a intensidade do vnculo , salvo excepes, extremamente forte, seja por questes genticas (perpetuao da espcie), por herana do legado e por expectativas pessoais projectadas naquela criana. Os laos afectivos, adornados com as premissas anteriores, fazem com que esta perda se traduza na dor maior. O processo de luto a reaco necessria para a superao desta perda, para que o pai/me, recupere a harmonia e serenidade. No entanto, tratando-se da dor maior, a superao no conseguida por aceitao, mas sim pela via da conformao, isto , o pai em luto defilhado aprende a viver com aquela dor, que apesar de diminuir de intensidade

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    Embora as reaces variem, a maioria das pessoas s precisa de desabafar e de algum que as escute. O nosso defeito por vezes querer dizer alguma coisa a todo o custo... Elas necessitam de saber que no esto sozinhas e que algum est disposto a apoi-las. Precisam de saber que tm ali um ombro amigo

    Padre Miguel ngelo

    mortos. Ablio e Manuel contactam todos os dias com os vivos, com os familiares e amigos daqueles que morreram. Ns tambm temos famlias e colocamo-nos no lugar delas todos

    Viver o Luto

  • com o passar do tempo, no desaparece; fica latente, por vezes dormente, outras vezes reactivada por datas significativas.

    Como ajudar quem perdeu algum?No h caminhada mais solitria do que viver o luto pela perda de um ente querido. Num primeiro momento, o enlutado procura conforto e segurana junto da famlia e amigos. Estes so solidrios e disponveis. No entanto, o tempo impe-se e a vida continua. Famlia e amigos, sem darem conta, regressam s suas rotinas e o enlutado experiencia a pior sensao: a solido. Neste momento, surgem as respostas formais e institucionais, disponibilizadas por organizaes que, de forma profissional ou voluntria, promovem o apoio ao luto.

    A f pode ajudar a ultrapassar a morte de um ente querido?Superar a perda de um ente querido, por morte, depende de um conjunto de factores inerentes ao enlutado: traos de carcter (se uma pessoa mais optimista ou pessimista), experincias passadas que lhe conferiram resilincia, redes de apoio na comunidade. Todos estes factores conduzem o enlutado a desenvolver um conjunto de estratgias que aplica no seu processo de luto, como forma de o superar. No caso de enlutados religiosos, a f pode ser uma poderosa ferramenta na superao do luto, na medida em que lhes confere a serenidade e tranquilidade quando equacionam que a irreversibilidade da morte no definitiva e que um dia reencontraro o ente

    querido. No entanto, no somos especialistas do luto de ningum, devido ao facto de ser um processo solitrio e pessoal. Por isso, noutros casos, o enlutado poder dirigir a sua raiva, pela irreversibilidade da morte do ente querido, contra o Deus, em quem depositou toda a sua f.

    Como falar da morte s crianas?Pela experincia que temos vindo a ter na APELO, no apoio a crianas em luto, suportada com base cientfica e acadmica, percebemos que as crianas, de um modo geral, so extremamente pragmticas, sem noo da sua finitude. Sendo assim, encaram a morte com imensa curiosidade e de forma pouco atemorizante. Logo, o discurso deve ser o mais simples e sincero possvel, aquando da comunicao da morte de um ente querido. Quando utilizamos eufemismos sobre a morte, por exemplo, de um av, ou at do pai/me, acabamos por lhes criar uma imensa confuso nas suas cabeas. Por exemplo, costumamos escutar pela boca de uma criana que o av agora uma estrelinha no cu. Num dos casos em que demos apoio, a preocupao desta criana era o local para onde a o av durante o dia. Este eufemismo acabou por lhe trazer maior inquietao do que a noo da morte em si.

    APELO | Rua do Canto, 10 A 3800-122 AVEIRO | t. 234 047 507

    1 Desatar o N do Luto | O conceito geral de luto e perdas pessoais profundas; modelo de apoio ao luto.2 Amor, Luto e Solido | O luto por morte do cnjuge e por divrcio ou separao. 3 Defilhar | Como viver a perda de um filho, inovador pela criao do conceito para definir pais em luto os defilhados.

    ombro amigo, conta o padre Miguel ngelo.Para conseguirem apoiar aqueles que ficam, Manuel e Ablio dizem que necessria muita sensibilidade mas tambm distanciamento, o suficiente para conseguirem colocar os prprios sentimentos de lado. Ns tambm choramos, claro. A emoo por vezes muita. Depois passa, tem que passar, mas no deixamos de sentir as coisas, refere Ablio. Os dois j experienciaram a angstia de muitas pessoas e continuam a tentar confortar aqueles que experimentam a dor do luto. A dedicao que imprimem s vrias facetas do trabalho com mortos e vivos reconhecida: na secretria do gabinete acumulam-se cartas e recados de agradecimento. O telefone tambm toca vrias vezes com palavras de gratido.Os sete anos de trabalho na morgue no fazem a morte parecer mais natural ou menos assustadora.Eu tenho medo da morte, no tenho vergonha de o dizer: uma pessoa nunca se habitua. Nem uma questo de aceitar, ter medo. Eu sei que um dia vou morrer, mas no quero... Esta vida to bonita!, sorri Manuel.Transformar o aspecto daqueles que morreram sem, no entanto, o desvirtuar, o grande objectivo de Manuel e Ablio. Ao criar uma relao com a pessoa que abandonou fisicamente a vida estamos tambm a criar uma relao com os familiares. O nosso desejo que recordem as memrias mais doces quando vem o seu ente querido, dizem-nos.

    Manuel branco ( esquerda) e Ablio Ribeiro ( direita)

  • 6 LITURGIA IGREJA VIVA

    LEITURA I 2 Reis 4, 42-44Leitura do Segundo Livro dos Reis

    Naqueles dias, veio um homem da povoao de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, po feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pes de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: D-os a comer a essa gente. O servo respondeu: Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?. Eliseu insistiu: D--os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: Comero e ainda h-de sobrar. Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.

    SALMO RESPONSORIAL Salmo 144 (145)Refro: Abris, Senhor, as vossas mose saciais a nossa fome.

    LEITURA II Ef 4, 1-6Leitura da Epstola do apstolo So Paulo aos Efsios

    Irmos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansido e pacincia; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de esprito pelo vnculo da paz. H um s Corpo e um s Esprito, como h uma s esperana na vida a que fostes chamados. H um s Senhor, uma s f, um s Baptismo. H um s Deus e Pai de todos, que est acima de todos, actua em todos e em todos Se encontra.

    EVANGELHO Jo 6, 1-15Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo So Joo

    Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberades. Seguia-O numerosa multido, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se a com os seus discpulos. Estava prxima

    a Pscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multido vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: Onde havemos de comprar po para lhes dar de comer?. Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: Duzentos denrios de po no chegam para dar um bocadinho a cada um. Disse-Lhe um dos discpulos, Andr, irmo de Simo Pedro: Est aqui um rapazito que tem cinco pes de cevada e dois peixes. Mas que isso para tanta gente?. Jesus respondeu: Mandai-os sentar. Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em nmero de uns cinco mil. Ento, Jesus tomou os pes, deu graas e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discpulos: Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca. Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pes de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens comearam a dizer: Este , na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo. Mas Jesus, sabendo que viriam busc-lO para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.

    LITURGIA da palavra

    xVII domingocomum b

    tema

    JESUS TOMOU OS PES, DEU GRAAS E DISTRIBUIU-OS

    Atitude de vidaEsta semana continuamos a ter Jesus como guia da nossa atitude de vida: em casa, procurar ter tempo para falar e escutar, de tal forma que a partilha do po do dia a dia multiplique e intensifique o amor; isto na famlia tem todo o sentido.

    ILUSTRAO DA ARQ. MARIA TAVARES

  • 7LITURGIAIGREJA VIVADirio do Minho QUINTA-FEIRA, 23 de JULHO de 2015

    Em cada eucaristia, Deus oferece-nos o alimento da Palavra (Liturgia da Palavra) e do Po (Liturgia Eucarstica). Os textos bblicos propostos para o dcimo stimo Domingo (Ano B) despertam a nossa ateno para celebrar esse duplo alimento: Abris, Senhor, as vossas mos e saciais a nossa fome (salmo). O profeta Eliseu j tinha anunciado e prefigurado essa abundncia: em perodo de fome, distribui os pes pelo seu povo (primeira leitura). Jesus Cristo far o mesmo, revelando-se como aquele que sacia todos os famintos (evangelho). Ele um s Senhor que nos une em um s Corpo (segunda leitura). Agora, compete-nos a ns abrir as mos para multiplicar, partilhar

    Comero e ainda h-de sobrar

    O fragmento da primeira leitura, retirado do Segundo Livro dos Reis, pertence tradio dos actos de Eliseu, o profeta de Deus, discpulo de Elias. Estes dois homens actuam no reino do Norte ou de Israel. No deixaram qualquer obra proftica escrita e deles s sabemos os actos prodigiosos recolhidos nos Primeiro e Segundo Livros dos Reis.Uma vez fixado na Terra Prometida, o povo exortado a ser fiel Aliana. Esta ser a grande misso de Elias e do seu servo, o tambm profeta Eliseu: ambos conhecem o perigo constante da idolatria. Neste contexto, os profetas recordam que o Deus de Israel no como as divindades das naes vizinhas. O Deus de Israel (YHWH) um Deus preocupado com o seu povo, um Deus ao lado dos mais pobres, que olha para as suas necessidades, escuta os seus lamentos.

    O episdio narrado de uma simplicidade espantosa. O profeta Eliseu recebe uma oferenda com as primcias da colheita do ano: a cevada e o trigo foram cegados e modos; da farinha fizeram pes que foram oferecidos ao homem de Deus.Eliseu no guarda para si este dom que lhe oferecido, mas distribui-o pela comunidade. Ao servo parece-lhe insensato querer partilhar uma quantidade to escassa de alimento com centenas de pessoas. Mas Eliseu diz que a vontade de Deus: Comero e ainda h de sobrar. E assim sucedeu! Estamos diante da fora poderosa da palavra de Deus para quem est disposto a deixar-se orientar por ela.A resposta de Eliseu uma antecipao do que relatado no evangelho: reparte e confia em Deus. No s um gesto que convida a partilhar como forma de multiplicar o pouco que existe, mas um gesto de confiana na providncia divina. Cada um dispe do que tem, muito ou pouco, e Deus faz maravilhas!

    A aco realizada pelo profeta Eliseu (e por Jesus Cristo) mostra que o lgico no repartir o muito que se tem, mas partilhar o (pouco) que existe. Assim se passa do eu da propriedade privada ao ns do destino universal dos bens, como bem prope a doutrina social da Igreja. A fome da multido no se sacia com um simples repartir o que temos a mais, mas partilhando tudo, ainda que seja pouco. A experincia demonstra precisamente que a lgica do repartir o muito (que sobra) nunca chega para todos, enquanto a partilha do pouco (que existe) chega para todos!

    Reflexo preparada por Laboratrio da F | in www.laboratoriodafe.net

    Reflexo

    elemento celebrativo a destacar

    Neste encontro com Jesus participamos do alimento da Palavra e do Po que Ele mesmo. Como temos participado desta presena, desta vida comunicada e dada? Temos conscincia de que demasiado importante este Dom para que o recebamos de nimo leve ou para o deixarmos de receber permanecendo indiferentes no nosso lugar algures na assembleia de Domingo? Primeiro: devemos preparar- -nos bem para participar intensamente na escuta da Palavra; segundo: devemos preparar-nos bem para receber o Seu Po na comunho; terceiro: se no estamos preparados para comungar, no podemos ficar apticos, indiferentes; desde logo, devemos permanecer em p, enquanto h irmos a comungar, por outro lado, devemos fazer pelo menos uma comunho espiritual, isto , em dilogo ntimo com o Senhor, dizer-Lhe que desejamos receb-lO em ns e, por isso, logo que possvel, porventura celebrando a reconciliao, vamos preparar-nos para O receber efectivamente.

    Sugesto de cnticos Entrada: Deus vive na sua morada santa, F. Santos (Igreja Canta, p. 427| NRMS 38) Acto penit.: Frmula B, M. Simes (Igreja Canta, p. 15/ NRMS 50-51) Santo: F. Silva (Igreja Canta, p. 49 / NRMS 14) Cordeiro de Deus: F. Silva (Igreja Canta, p. 59 /NRSMS 38) Comunho: Formamos um s corpo (CPD, p. 225) Final: Deus Pai, Deus Amor, F. Silva (Igreja Canta, p. 425 / NRMS 90-91)

    _MATERIAL: Acompanhar Jesus Cristo, deixar que Ele nos acompanhe, a melhor atitude para podermos contemplar a cada momento a surpresa da abundncia qualitativa e gratuita! Ele surpreende-nos e, na abundncia do po que se pode partilhar, manifesta-se a abundncia do amor que tudo cria para que no haja fome de po! Por isso, para esta semana, somos de novo desafiados a ter em conta a obra de misericrdia: dar de comer a quem tem fome.Como representao simblica, vamos optar por um condensado de pequenos ramos verdes e ao centro um cesto contendo vrios pes.

    itinerrio simblico

    Orao Universal Irmos e irms: oremos com f a Deus Pai por intermdio de Jesus Cristo nosso Salvador, pelas necessidades de todas as pessoas, dizendo (ou: cantando), cheios de confiana:

    R. Pela vossa misericrdia, ouvi-nos, Senhor.

    1. Pelo nosso Arcebispo D. Jorge, pelo seu Bispo Auxiliar, pelos presbteros e diconos, pelos aclitos, leitores e catequistas e pelos fiis que servem a Igreja trilhando os caminhos da f vivida, oremos.

    2. Pelo progresso espiritual de todos os povos, pelo desenvolvimento material dos cidados e pela justa distribuio das riquezas, oremos.

    3. Pelos que tm fome de po e de esperana, pelos que repartem os seus bens com os mais pobres e pelos que estendem a mo aos que caram, oremos.

    4. Pelos que esto a sofrer pela sua f, pelos que se empenham em viver em paz com todos, pelos presos, pelos doentes e pelos defuntos, oremos.

    5. Por todos ns que escutmos a Palavra, por aqueles que vo comungar o Po da vida e pelos defuntos da nossa comunidade, oremos.

    Deus de infinita bondade, que abris as vossas mos e saciais a nossa fome, fazei que estejamos sempre atentos queles que nossa volta tm fome de po e de amor.

    Por Cristo Senhor nosso.

    Eucologia

    Oraes prprias da Missa do Domingo XVII do Tempo Comum (Missal Romano, p. 411)Orao Eucarstica III com Prefcio dos Domingos do Tempo Comum X (Missal Romano, p. 485)

  • 8 ACTUALIDADE IGREJA VIVA

    AGENDA

    FICHA TCNICADirector: Damio A. Gonalves PereiraCoordenao: Departamento Arquidiocesano da Comunicao Social (Pe. Tiago Freitas, Pe. Paulo Terroso, Eduardo Madureira, Ana Pinheiro, Joana Arajo), Flvia BarbosaDesign: Romo FigueiredoFontes: Agncia Ecclesia e Dirio do MinhoContacto: [email protected]

    10% *Desconto

    Livraria Dirio do Minho

    * Na entrega deste cupo. Campanha vlida de 23 a 30 de Julho de 2015.

    PVP

    15,80A publicao A Estrada do Sol, com prefcio do cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifcio da Cultura, traduzida para portugus atravs da editora Paulinas, conta a histria da converso da banda Sun Eats Hours. Francesco Lorenzi nasceu em 1982 e em 1997 funda, como compositor e vocalista, a banda rock punk de sucesso internacional que chegou a fazer primeiras partes de concertos de nomes como os The Cure, The Offspring ou os Muse .

    francesco lorenzi

    a estradado sol

    esposende recolhe alimentos

    A Rede Social de Esposende promove, de 31 de Julho a 02 de Agosto, nova campanha de recolha de bens alimentares.

    Porque h boas causas, Seja solidrio o mote da iniciativa, que volta a contar com a colaborao de vrios elementos do Banco Local de Voluntariado (BLV) de Esposende. O recrutamento de voluntrios j est a decorrer, podendo os interessados contactar o BLV e a Loja Social.

    O objectivo da campanha passa por garantir a sustentabilidade da Loja

    Social de Esposende, de forma a que esta continue a constituir-se como uma resposta local para as famlias que enfrentam maiores dificuldades.Depois de canalizados para a Loja, os bens sero distribudos pelas famlias carenciadas do concelho, previamente identificadas e avalidas por tcnicos de interveno social no mbito dos trabalhos da Rede Social.

    As aces de recolha decorrem nos hipermercados do concelho.

    24.07.2015

    CORTEJO ETNOGRFICO16h00 / Praa Municipal

    CINEVITA21h30 / Auditrio Vita

    FADO NA PRAA21h30 / Largo Senhora a Branca

    O programa Ser Igreja entrevista, esta semana, o padre Carlos Lopes, Juiz da Irmandade de S. Pedro do Toural (Guimares).

    sexta-feira, das 23h00 s 24h00FM 101.1 MhzAM 576Khz.

    25.07.2015

    MSICA NO CLAUSTRO21h30 / Auditrio Vita

    SBADOS EM FAMLIA15h00 / Fundao Cupertino de

    Miranda

    CONCERTO DE RGO DE VERO21h00 / Cabeceiras de Basto

    Obra de frei bartolomeu em exposioAt dia 30 de Agosto possvel ver nos Claustros do Convento de So Domingos, na parquia de Nossa Senhora de Monserrate, Viana do Castelo, uma Exposio Retrospectiva do Ano Jubilar do Beatro Bartolomeu dos Mrtires.

    A mostra recorda alguns dos acontecimentos que marcaram a celebrao do V Centenrio do nascimento de Frei Bartolomeu.

    Doze painis constitudos por fotografias retratam os diferentes momentos de reflexo e divulgao da figura e obra do Beato, a partir de trabalhos dos alunos de Educao Moral e Religiosa Catlica dos Agrupamentos de Escolas Santa Maria Maior e Pintor Jos de Brito.

    A mostra pode ser vista das 10h00 s 12h00 e das 14h00 s 18h00.

    26.07.2015

    ACTUAO GRUPO FOLCLRICO SANTA MARIA DE FERREIROS17h00 / Avenida Central

    Subscreva em www.arquidiocese-braga.pt