Identidades profissionais de Serviço Social
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1
COMUNICAÇÃO UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
29/11/2008
Identidades Profissionais em Serviço Social
Antes de mais gostaria de cumprimentar todos os presentes e agradecer o convite
que me foi feito para estar presente que aceitei com muita honra.
Por outro lado é com muito prazer e com muitas saudades que revejo alguns dos
rostos com quem tive o prazer de estar de 2003 a 2007 nesta faculdade.
Confesso que tive alguma dificuldade em preparar esta comunicação pois penso que
estando integrado no Projecto de Doutoramento em Serviço Social me pareceu
importante não só falar do tema que me foi proposto, mas também reflectir um pouco
sobre os aspectos de carácter metodológico que são sempre ricos para a troca de
experiências e de futuro debate.
Neste contexto e sentindo a necessidade de partilhar convosco a experiência do
trabalho desenvolvido, inicio a minha comunicação intitulada “Identidades Profissionais
em Serviço Social” pelo aspecto metodológico.
Ora, este tema que desde do inicio do meu percurso no programa de
doutoramento me despertou grande interesse acabou por se revelar um tema muito vasto
e muito complexo e isto porque a identidade profissional quer do Serviço Social, e de
certeza que noutros contextos profissionais tem ao seu redor um conjunto de variáveis
importantes o que implicou, desde logo, para mim, um processo de escolha, uma
tomada de posição. E as decisões como o posicionamento do investigador num estudo
de carácter exploratório e qualitativo, como o meu, acarretam, igualmente, uma grande
dose de subjectividade fruto da minha postura e vivência pessoal.
Então no sentido de delimitar o objecto de estudo a escolha que me fez mais
sentido na análise da identidade profissional (sentido este, fruto de uma revisão
bibliográfica extensiva) foi o de associar as seguintes dimensões na apreensão da
identidade profissional de Serviço Social: (1) “a relação intra-individual; (2) a
relação inter-individual (3) a dimensão ideológica. Estas 3 primeiras dimensões
pertencem ao modelo preconizado por Dubar (2000) que as descreve como “os
processos pelos quais os indivíduos constroem o seu conhecimento sobre a realidade.”
Tem, igualmente, como base de referência o “Sistema das actividades
Profissionais de Blin” (1998), nomeadamente na importância dada à análise
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psicossocial das actividades profissionais onde assumem igual importância a inter
subjectividade (relação entre os indivíduos), a intra subjectividade (pluralidade de
identidades para um mesmo indivíduo), e as dimensões relativas à componente das
dinâmicas inter-pessoais (dimensão inter-relacional). Associámos ainda uma nova
dimensão a (4)”A dimensão prática” (ou da praxis) que compreende os processos e
os produtos da formação específica, da aquisição de competências para o trabalho e as
práticas decorrentes da legitimação deste saber por si e pelo outro.
A dimensão da prática é, neste modelo, influenciada por Habermas,
nomeadamente no conceito do agir comunicacional onde participam os diversos actores
circunscritos a um contexto sócio-espacial específico e cuja intencionalidade da acção
visa a mudança social.
Atribui-se, consequentemente, igual valor à dimensão instrumental e
comunicacional da prática, constituindo-se como bases de construção identitária no
contexto profissional. Estas dimensões foram, posteriormente, “engajadas” nos
indicadores que considerámos como protagonistas na análise da identidade
profissional: (i) a análise histórica da profissão, (encarada como a identidade herdada
do Serviço Social)(ii) o actor social - assistente social (através da análise das suas
narrativas face à sua identidade assumida e na comparação com a identidade atribída
pelos outros actores sociais e, por fim (iii) os campos e estratégias da prática
profissional (argumentando que a profissão é socialmente construída e que neste caso
concreto se articulava entre as seguintes variáveis: formas de estado, políticas sociais,
metodologias/pensamento social.
Quando digo isto em voz alta parece-me sempre que a identidade do Serviço
Social como foi por mim apreendida resultou de um emaranhado de contextos
simbólicos e reais que tentaram combinar uma série de modelos e argumentos
anteriores face à discussão, sempre inacabada, da identidade profissional de Serviço
Social que em termos muito primários se traduzem nas seguintes questões:
1. Como nos fomos constituindo enquanto grupo profissional em Portugal (numa
perspectiva diacrónica)?
2. Quem somos nós? Em termos profissionais o que nos distingue de forma
singular?
3. Como nos veêm os Outros? Revemo-nos nessa visão?
4. Temos mesmo uma identidade profissional reconhecida de forma colectiva?
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Neste sentido passo agora a apresentar alguns dados recolhidos e interpretados à
luz da minha subjectividade que teve em conta a informação transmitida pelos
participantes nesta investigação, informantes privilegiados e outras fontes
documentais.
Quanto à identidade herdada do Serviço Social conjugada com os indicadores que
já atrás enunciei apresentei o seguinte quadro sintético:
Identidade
Profissional
Época/
Espaço
Temporal
Forma de
Estado
Provisão
Social
Politicas
Sociais
Objectivos
Profissionais
Metodologias de
Intervenção
Identidade
Assistencialista
Finais
anos 20-
princípios anos 30
Estado
Ditatorial
Assistência/
Caridade
Organizada e Voluntária
Diminuição dos problemas
sociais na óptica da
retribuição económica
Indiferenciada
Voluntariado
Beneficência
Identidade Social-
Harmonizadora
Finais
anos 30-
50
Estado
Ditatorial
Criação do
IAF
Sistema
Corporativo
Instauração e Restauração
da Ordem Social
Inquérito Social
Case-Study
Identidade
Promocional
Finais
anos 50
até
meados
anos 70
Fim do
regime
ditatorial
Primavera
Marcelista
Estado de
Bem Estar
Politicas
Sociais
Distributivas
Promoção Social e
Comunitária
Planeamento e
Avaliação
orientadas para a
aliança entre o
desenvolvimento
económico e o
desenvolvimento
social
Identidade desenvolvimentista
Crítica
Finais anos 70 e
anos 80
Estado Providência
Políticas Sociais
Produtivas
Dois Objectivos: a) Transformação
Social;
b) Mudança Social
O território como sujeito de
intervenção e não
como objecto.
Diagnóstico e
projectos
comunitários
participados
Identidade
Humanista /
Desenvolvimentista
E Identidade
Humanista /
Assistencialista
Anos 80 e
90
Crise Estado
Providência
Políticas
Sociais
Activas
Acção Social
contratualizada com vista à
co-responsabilização dos
beneficiários no acesso à
prestação social. Projectos
de Desenvolvimento Integrado
Acção Casuística
e Intervenção
Familiar.
Trabalho em
parceria e comunitário
Identidade de
Capacitação Social
Finais
anos 90
Crise Estado
Providência.
Aparecimento
Workfare
Politicas
Sociais
Activas e
Políticas de
Inserção
Mobilização dos
intervenientes locais e
comunitários; Integração
Social pelo trabalho;
capacitação com vista à
autonomia
Contratualização;
Técnicas de
empowerment;
Trabalho em
rede;
Planeamento e
Avaliação
O quadro apresenta uma tentativa de síntese dos elementos considerados
pertinentes na sua abordagem histórica e vem de encontro à assunção de que a profissão
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4
de Serviço Social é reflexo do contexto estrutural, apresentando, igualmente, uma
direcção política, ideológica e metodológica
Entendemos que a mudança no Serviço Social português não se realizou, somente,
pelo reconhecimento formal do grau superior académico, mas pela direcção do projecto
político que vem assumindo, ao longo da sua história de vida, de desvinculação da
acção de cariz católica e à adaptação e observação crítica dos condicionalismo sociais,
políticos e económicos que influenciam o seu exercício profissional e que vêm exigindo
uma actualização e reenquadramento permanente das metodologias de intervenção
revestindo-se em identidades profissionais diferenciadas.
O perfil delineado em cada período não corresponde a uma única forma de
actuação profissional. Parece-nos como referencial comum que a/o assistente social
procura, como profissional, agir/intervir sobre os homens e os contextos que o rodeiam,
nomeadamente, naqueles que, de alguma forma, podem revelar-se como limitadores da
sua integração na sociedade. Esta função, sempre implícita na profissão, de “apoio,
acompanhamento e encaminhamento ao outro” designámos como vertente humanista,
no sentido em que o assistente social se identifica e é identificado pela sua clientela
como um recurso social e pessoal. Pensamos ser um elemento altamente integrador da
profissão de Serviço Social que se encontra, logicamente, relacionado com as suas
raízes históricas mas, igualmente, com uma vertente mais funcionalista em termos
profissionais.
A vertente humanista da profissão é, para nós, entendida como a defesa e o
reconhecimento da experiência subjectiva do sujeito1. A prática profissional orientada
para o reconhecimento, a defesa e, muitas vezes, a promoção da capacidade do sujeito
em levar a cabo as suas escolhas, as suas acções, tomadas de forma consciente e
moralmente responsável.
Neste sentido o profissional de Serviço Social reconhece-se e é reconhecido pelo
conjunto de cidadãos como um profissional de qualificações próprias, cuja natureza
caritativa ou protectora se encontra patente nas suas raízes e, arriscamo-nos afirmar
ainda na actualidade. No entanto, o profissional de Serviço Social vai mais além. Não
embarga numa visão individualista e personificada dos problemas sociais, mas tem
vindo a ocupar um papel fundamental no conhecimento dos mecanismos de reprodução
1 No seguimento dos trabalhos de Gergen (1995) que defendem a pós modernidade como uma forma de humanismo, o autor propugna que honrar a subjectividade única de cada
indivíduo torna viável o projecto da humanidade, sendo o conceito de liberdade responsável, um
dos principais argumentos da sua tese.
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dos fenómenos de pobreza e exclusão social, bem como na promoção da mudança
social através do planeamento estratégico e politico de acções concertadas no domínio
do desenvolvimento social.
A identidade que reconhecemos como mais actual “Identidade de Capacitação
Social” estabelece um profissional de acção social que para além possuir a formação e
competências necessárias no âmbito da gestão social e do conhecimento das políticas
sociais, interage com o mundo e com os homens do mundo numa perspectiva de
cooperação, facilitando a participação e promovendo movimentos emancipatórios em
termos de cidadania. No entanto penso, igualmente, que se teoricamente existe um apelo
a esta agir do profissional do Serviço Social, ele não se observa nem na prática nem na
própria formação em Serviço Social.
Nas questões mais relacionadas com o assistente social e não tanto com os
contextos históricos e campos de intervenção (indicadores transversais a todo o
trabalho). Isto nas respostas que tentámos encontrar face às perguntas mais existenciais
do ponto de vista profissional, apresento, igualmente um quadro síntese fruto de uma
leitura dos discursos dos assistentes sociais e dos outros significativos.
Atributos
Identidades da Profissão de Serviço Social
Humanista/
Assistencialista
Humanista/
Tecnicista
Mesclada/
Ambivalente
Prática
Profissional
Indiferenciada
Sincrética
Indiferenciada
Saberes
Saber Prático
Saber Organizacional
Saber Profissional2
Metodologias de
Intervenção
profissional
referenciadas
Redistribuição subsidiária e apoio económico; Trabalho
directo com a população no sentido do apoio social e encaminhamento
Planeamento e Avaliação de programas, serviços e
respostas sociais. Gestão Social Instrução de politicas sociais. Visão macro dos problemas sociais
Baseada nos manuais da rede social; articulação com as
instituições sociais. Visitas Domiciliárias e outras tarefas.
Visibilidade Opaca Difusa Difusa
Como os
assistentes sociais
percepcionam que
os outros os
definem
Desconhecimento do que é o Serviço Social.
Definição do Serviço Social pela descrição das características pessoais do assistente social
Promotores de Mudança Social;
Competência Técnica
Polivalente e multifacetado sem uma especificidade
definida
Como os outros
definem o
assistente social
“Deuses ou diabos” conforme a resposta que dão; Bons Sensíveis
Humanos
Técnicos habilitados para o diagnóstico e para a intervenção social especifica. Defesa dos
direitos sociais do cidadão numa óptica de Estado de Direito
Polivalência Prática
2 O saber profissional (Dubar, 2000) implica a articulação entre saberes práticos e
saberes teóricos, associados a uma lógica de qualificação no trabalho.
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Como o
profissional se
define
Trabalho directo com a população no sentido de dar
resposta aos problemas sociais; Animação Social Competências humanas
Trabalho em equipa multidisciplinar com
funções delimitadas na coordenação, planeamento e avaliação dos programas e políticas sociais. Competências Profissionais e de responsabilidade
Trabalho de inter ligação entre serviços; gestão dos
conflitos. Sensível aos problemas sociais e outras funções “tudo é empurrado para a rede”.
Reconhecimento
Profissional
Relacionado com os aspectos
valorativos e afectivos da profissão e advindo principalmente da população-alvo de intervenção
Relacionado com o
comportamento e com o trabalho e resultados obtidos na organização, advindo principalmente dos outros técnicos e chefias
Relacionado com os produtos
visíveis do seu trabalho advindo das chefias.
A identidade humanista/assistencialista e a identidade técnica (ressalvo aqui
grande influência do protótipos enumerados por Augusta Negreiros) são as identidades
mais observadas distribuindo-se de igual forma pelos segmentos da população
inquiridas.
Estas identidades não são estanques. Elas coexistem no tempo e no espaço e até
num mesmo profissional de acordo com os recursos e o contexto de trabalho onde se
encontra inserido. Isto significa que existem, pelo menos, duas formas de caracterizar a
profissão de Serviço Social. Uma, numa vertente de apoio social directo, com respostas
imediatas e urgentes aos pedidos da população e, como tal, com alguma dificuldade em
obter um planeamento eficaz da sua prática, bem como uma grelha de orientação capaz
de o preparar para a multiplicidade de situações sociais. Esta vertente encontra-se
influenciada pelas raízes históricas relacionadas com a emergência do Serviço Social
em Portugal até meados dos anos sessenta e é altamente legitimada pela população-alvo,
objecto de intervenção do assistente social a quem recorrem sistematicamente em busca
de apoio social, apoio financeiro e aconselhamento. Encontramos, também aqui, as
dificuldades institucionais colocadas ao agir profissional. Muitas vezes, a falta de
autonomia e os fracos recursos institucionais são condicionantes à prática profissional
que sendo um trabalhador assalariado deve, igualmente, responder à lógica
organizacional onde se encontra inserido.
A outra perspectiva de Serviço Social não tão legitimada pela população-alvo, mas
mais pelos outros agentes sociais procura definir o Serviço Social através de um
conjunto de saberes e competências próprias que, apesar de envolverem campos de
actuação diversificados, possui uma matriz identitária que o distingue enquanto
disciplina das ciências sociais e humanas de outras semelhantes. Esta vertente encontra-
se relacionada com as repercussões, em Portugal, do movimento de reconceptualização
do Serviço Social, nomeadamente, com o aparecimento do Serviço Social crítico que
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reivindica um posição política de empenho e de mudança social que ultrapassa o
trabalho individual e grupal para um envolvimento de características macro na
sociedade Portuguesa marcada, igualmente pelas influências metodológicas do agir
profissional, nomeadamente em termos do trabalho de desenvolvimento comunitário.
Neste sentido, a identidade do Serviço Social é dual, sendo legitimada de acordo
com o contexto social onde se encontra inserida. Netto (1996), em consentaneidade com
o que referimos, menciona que esta aparente crise de “especificidade” do Serviço Social
se encontra fundamentada quer pela clientela do Serviço Social que “valida a acção
profissional na moldura das suas protoformas filantrópicas” (ibidem: 95), do ponto de
vista dos outros profissionais que a encaram como uma disciplina das ciências sociais e
humanas mais próxima às populações objecto de intervenção social e surge como tal
como “uma profissão da prática”, ainda do ponto de vista societal e institucional onde a
“acutilização” da questão social exige aos profissionais do Serviço Social uma maior
participação em termos de planeamento, gestão e coordenação de programas e politicas
sociais.
Por fim e em jeito de conclusão quando me refiro à terceira questão colocada
“Temos mesmo uma identidade profissional reconhecida de forma colectiva? A minha
resposta é não por estes motivos:
1. A identidade profissional do serviço social espelha as
condicionantes históricas, económicas, políticas e sociais da
sociedade onde se insere. Mas, não é só um produto dessas
mesmas condicionantes. Reflecte, igualmente, um processo activo
onde o assistente social assume responsabilidade nas respostas que
vai construindo aos questionamentos sociais de cada período
histórico. “A estrutura social não age unilateralmente sobre os
agentes. Os actores sociais reproduzem ou transformam as
estruturas sociais” (Nunes, Mª 2004:46);
2. A identidade profissional do Serviço Social é prolixa. É
segmentada de acordo com os diversos contextos onde se insere e
com as especificidades desses contextos. No entanto possui
elementos unificadores que se podem rever nos valores
profissionais que defendem os direitos sociais e os direitos
humanos e um ideal de justiça social, bem como num conjunto de
instrumento técnico-operativos que lhe permite uma leitura
![Page 8: Identidades profissionais de Serviço Social](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022071716/568bf0c51a28ab893390d577/html5/thumbnails/8.jpg)
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apropriada da organização social e das politicas socais subjacentes
com as quais trabalha. “Os assistentes sociais têm a
responsabilidade de assegurar aos sujeitos socialmente excluídos,
a possibilidade de assumir de forma completa os seus direitos e
deveres de cidadania” (Martinelli, 2004:249)
3. A identidade profissional do Serviço Social fundamenta-se,
igualmente, na prática profissional dos seus agentes. Neste sentido,
a prática profissional adquire uma conotação colectiva, no sentido
em que é perspectivada como uma “síntese elaborada pelos
profissionais, do pensamento historicamente construído pelos seus
membros” (Baptista, 2001:55) e que dá significado e
intencionalidade ao grupo profissional.
4. A identidade profissional do Serviço Social fundamenta-se num
agir e num conhecimento permanentemente construído através da
investigação e da reflexão sobre a prática. Estas reflexões
capacitam o profissional a questionar o conhecimento,
interrogando-o sistematicamente pela prática, na concretização de
uma perspectiva crítica capaz de proporcionar uma teoria social.
5. A identidade profissional do Serviço Social é, igualmente, fruto do
sujeito que a constrói e a vivência. Pelo que a identidade
profissional do Serviço é, igualmente, uma construção pessoal e
uma construção colectiva.
6. A identidade profissional do Serviço Social no contexto
organizacional (contexto que enquadra usualmente a prática
profissional) pode ser construída pelo modo de ruptura ou de
continuidade (Dubar, 2000; Rosa; 1998). Defendemos que o
assistente social no seu processo de construção identitário encare o
contexto organizacional não como um campo unilateral da acção
profissional, mas, igualmente, como objecto de intervenção, onde
existem constrangimentos, mas também potencialidades à
edificação do agir profissional.
7. A identidade profissional do Serviço Social encontra-se a
atravessar um período de crescimento e de exigência da
demarcação de posicionamentos profissionais. Neste novo perfil
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profissional exige-se um maior comprometimento do assistente
social
“capaz de sincronizar-se com o ritmo das mudanças que
presidem o cenário social (…) e um profissional que seja capaz
de ser um investigador, que invista na sua formação intelectual e
cultural e no acompanhamento histórico-conjuntural dos
processos sociais para deles extrair potenciais propostas de
trabalho, transformando-as em alternativas profissionais”
(Ianamoto 2004:145)
Defende-se, igualmente, que este novo perfil profissional se
comprometa numa prática crítica e reflexiva, exigindo ao
profissional um “processo permanente de reflexão sobre o que
fazem e sobre aquilo que pensam que fizeram“ (Dominelli 2004:
250)
Obrigado.