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    Hiperatividade:Doena ou Essncia

    Um Enfoque daGestalt-Terapia

    Hiperactivity: nature or disease?

    Arti

    go

    PSICOLOGIA CINCIA E PROFISSO, 2005, 25 (2), 186 -197

    186

    Sheila Antony &

    Jorge Ponciano Ribeiro

    Universidadede Brasilia

    Understanding ADHD in a Gestalt perspective

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    PSICOLOGIA CINCIA EPROFISSO, 2005, 25 (2), 186 - 19

    Resumo: Este trabalho discute a hiperatividade considerando a metfora

    do corpo da criana e o seu funcionamento psicolgico, de forma aesclarecer se a sua expresso constitui doena ou um modo prprio deser. O transtorno de dficit de ateno/hiperatividade (TDAH) tem sidoextensivamente investigado em pesquisas que visam aprimorar os critriosdiagnsticos e conhecer sua etiologia. Poucos estudos so orientadospara elucidar a dimenso psquica da criana hiperativa. A Gestalt-Terapia uma abordagem fenomenolgico-existencial assentada em teoriasholsticas que reconhecem a multidimensionalidade do humano,enfocando a relao (o contato) como ontolgica existncia humana.Palavras-chave: TDAH, hiperatividade, Gestalt.

    Abstract: This work argues hyperactivity considering the body metaphorand the child psychological functioning in order to understand its expressionas disease or essence. Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD)has been extensively investigated in research that aim to improvediagnostics criteria and know its etiology. Few studies are oriented toelucidate the psychological dimension of the hyperactive child. Gestalt-Therapy is a phenomenological-existential approach supported on holistictheories that recognize the human multidimensionality, focalizing relation(contact) as ontological to human nature.Key words: DAHD, hyperactivity, Gestalt.

    A tendncia do pensamento cientficomoderno comea a sinalizar uma mudanana concepo de sade e doena. A novanoo de doena apresenta uma perspectivade mltipla causalidade, renunciando idiaantiga de que h apenas um nico fatoretiolgico. Salienta a influncia ambiental nas

    aes e no comportamento do indivduo e aimportncia da subjetividade nas formas demanifestao da patologia.

    A Gestalt-Terapia (GT) uma abordagemfenomenolgico-existencial com uma visoholstica de doena. Compreende o adoecercomo resultante de uma desarmonia relacionalentre pessoa e ambiente, que formam uma

    unidade indivisvel. Ribeiro (1997, p. 36)pronuncia: A doena relacional. No existedoena em si. Doena fenmeno como

    processo; como dado, existe em algum, e no

    como realidade em si mesma. Tellegen (1984)

    expressa que necessrio detectar aconfigurao especfica com que se articulamas partes de um todo em cada situaoconcreta, de modo que o terapeuta possa

    apreender a forma encontrada por esseindivduo de estar-no-mundo e o seu modoprprio de adoecer. O enfoque gestltico,

    assim, visa ir alm da descrio dos sintomas,busca o sentido da patologia e as vivncias

    subjetivas da pessoa adoecida.

    Era uma vez um

    menino maluquinho

    Ele tinha o olho

    maior do que a

    barriga

    Tinha fogo no rabo

    Tinha vento nos ps

    Umas pernas

    enormes (que

    davam para

    abraar o mundo)

    E macaquinhos no

    sto (embora nem

    soubesse o que

    significavamacaquinho no

    sto)

    Ele era um menino

    impossvel

    Ele era muito sabido

    Ele sabia de tudo

    A nica coisa que

    ele no sabia

    Era como ficar

    quieto ....

    Menino Maluquinho

    Ziraldo

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    refletiram tendncias histricas naconceitualizao da etiologia e nos aspectosessenciais do transtorno.

    Ao longo de dcadas, o meio cientfico esteveem busca de distinguir a caracterstica primriaque define o transtorno. Alguns autoresapontaram a inquietao como o elementocentral, enquanto outros destacaram adificuldade em regular a excitao da ateno.Em 1994, o DSM-IV (Associao PsiquitricaAmericana) cunhou o termo transtorno dedficit de ateno/hiperatividade emsubstituio a distrbio de dficit de atenopor hiperatividade (DSM-III-R, 1987),

    considerando a desateno, a hiperatividade e aimpulsividade como as condies principais. vlido destacar que a CID-10 emprega o termotranstorno hipercintico, enfatizando mais aagitao psicomotora. No nega a desateno,mas justifica que a incluso de crianas sonhadorase apticas nesse quadro introduz diferentesproblemas e comportamentos a seremconsiderados.

    Em nossa pesquisa, a desateno foi descrita

    como dificuldade na ateno concentrada,distrao (distintos estmulos ambientais distraema criana com facilidade) e ateno difusa (prestaateno em muitas coisas ao mesmo tempo),que leva a problemas de memria e depensamento. dito, contudo, pelos pais eprofessoras, que essas crianas so capazes dese concentrarem horas em uma atividade queapreciam e em que so habilidosas (videogame,pintar, desmontar carrinhos) e que prestamateno em tudo e em todos, mas so incapazes

    de se concentrar nas aulas e tarefas escolares.

    Conforme Paim (1979, p.133), a ateno um processo psicolgico mediante o qualconcentramos nossa atividade psquica sobre

    determinado objeto, a fim de fixar, definir e

    selecionar as percepes, as representaes, os

    conceitos e elaborar o pensamento. Requeruma intencionalidade da conscincia, onde aateno voluntria supe um esforo mental

    Hiperatividade:Doena ou Essncia. Um Enfoque da Gestalt-Terapia

    A hiperatividade tem sido extensivamenteinvestigada do ponto de vista daquilo que otranstorno, com um interesse especficodirecionado para os critrios diagnsticos e a

    etiologia, onde, muitas vezes, ospesquisadores se referem criana como otranstorno. Inmeras pesquisas tm sidoguiadas para encontrar uma causa biolgicaespecfica que explique o transtorno de dficitde ateno/hiperatividade (TDAH); contudo,evidncias conclusivas de leso ou disfunoneurofisiolgica so pouco substanciais econtinuam incertas. Conforme dito porDebroitner e Hart (1997, p.2 ):

    Aqueles que ainda hoje investem na idiade que o TDAH uma doena (invisvel) docrebro esto buscando uma explicaosimples para um distrbio que complexo emultidimensional. Acreditamos que a nossaobsesso nacional pela gentica como fatorpara explicar as disfunes sociais epsicolgicas encontrou seus limites com oTDAH.

    A enorme controvrsia quanto etiologia eaos aspectos primrios dessa sndromeapontam para a no obteno da essnciaverdadeira daquilo que define esse quadrocomportamental como entidade nosolgica.Sabemos que as descries nosogrficasrevelam apenas um conhecimento empricoda doena, faltando a compreenso daquiloque est alm da forma, da aparncia. Nesseintuito, a realizao de minha dissertao demestrado visou buscar o significado e o sentido

    da hiperatividade atravs do conhecimentodos processos psicolgicos e relacionais dasexperincias subjetivas vividas por essa criana.

    Principais caractersticas edificuldades bsicas do TDAH

    Essa sndrome j recebeu diversas nomenclaturas,e parte da sua controvrsia se deve a essasmudanas na terminologia, alteraes que

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    para orientar a atividade psquica em direoa um estmulo e mant-lo dentro do campoperceptivo consciente. Quando a crianamostra interesse em algumas situaes ou

    objetos, faz uso das funes da ateno(discriminar, selecionar, fixar) e confirma queo ato da ateno no puramente cognitivo,mas depende de fatores motivacionais eafetivos subjacentes que interferem na escolhados objetos. Todo ato de percepo revela umprocesso de ateno seletiva e desatenoseletiva. O problema da criana hiperativa,portanto, reside na manuteno da atenoque responsvel pela elaborao dopensamento.

    Ateno, pensamento e memria estointimamente interligados. Segundo as teoriasda psiconeurologia, a fraca capacidade emmanter a ateno concentrada interfere noprocesso de organizao e elaborao dopensamento que afeta a reteno de dadosna memria. Segundo as professoras, ascrianas hiperativas apresentam dificuldadesno processamento das informaes, naorganizao e execuo do pensamento

    (escrever e interpretar) e revelam problemasna memria de associao (tem timamemria para algumas coisas, mas esquecelogo o que foi ensinado). Conclumos que afraca capacidade em sustentar a ateno ocorredevido a sua hiperateno, ligada rpidapercepo ambiental, que acelera o fluxo desuas idias e, assim, prejudica o processamentodas informaes e sua posterior assimilao ecompreenso. Quanto maior a quantidade dedados de informao e mais complexa a sua

    natureza, mais difcil organizar as idias, o queleva a uma falha na memria seqencial(aquela que associa os dados).

    A dificuldade na inibio dos impulsos leva acriana a agir com uma prontido imediata(Sinto, logo ajo), sem medir as conseqnciasou planejar suas aes, mostrando que ela pouco capaz de interiorizar

    1seus sentimentos

    e fazer uso do pensamento reflexivo. A

    Sheila Antony & Jorge Ponciano Ribeiro

    num corpo emmovimento que, namedida em que sedesloca, constri a

    realidade e aprpriacapacidadeintelectiva, quesente, que seemociona e cujaemoo manifesta-se tonicamente

    Levin

    impulsividade psicomotora faz com que acriana no obedea, no cumpra as regras,no respeite as fronteiras com o outro, noespere a sua vez para falar ou agir, no consiga

    adiar a gratificao de seus desejos, apresenteforte reatividade emocional, aparentando seruma criana imatura e instvelemocionalmente.

    A hiperatividade como caracterstica marcantedistingue a criana por estar em constantemovimentao corporal durante a execuode uma tarefa e at quando est sem um fazer.Manifesta uma atividade contnua de balanaros ps ou as pernas, mexer em objetos a sua

    frente, mudar a postura corporal enquanto estsentada. Aparentemente, no tem domniosobre seu corpo ( o corpo que a domina), esuas aes parecem involuntrias,manifestando um desencontro entre o sentire o pensar. Ajuriaguerra e Marcelli (1986)afirmam que a instabilidade motora a figurapsicomotora que se destaca de um fundodesorganizado. E qual ser esse fundodesorganizado?

    O campo da psicomotricidade estuda omovimento humano como o primeiroinstrumento na construo do psiquismo eaponta com grande nfase a ao recprocaentre movimento, emoo, indivduo eambiente. Em uma nova tica epistemolgica,o olhar no est mais situado apenas no motor,num corpo instrumental, mas num corpo emmovimento que, na medida em que se desloca,

    constri a realidade e a prpria capacidade

    intelectiva, que sente, que se emociona e cuja

    emoo manifesta-se tonicamente (Levin,2001, p. 31). Corpo, motricidade eemocionalidade formam uma unidade etotalidade em si mesmas.

    A psiconeurologia descreve que,evolutivamente, o movimento organiza opensamento at ele superar a prpriamotricidade, quando o pensamento passa acoordenar o movimento. H um processo

    1 Le Boulch (1988) definea funo de interiorizao como a capacidade de deslocar a percepo do meio ambiente para oprprio corpo a fim de levar tomada de conscincia de si.

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    cronolgico hierrquico da experincia que vaida sensao percepo at chegar simbolizao, onde o movimento anterior aquisio do pensamento estruturado, da

    linguagem interiorizada e das praxias. Fonseca(1995) discorre com muita clareza sobre esseassunto: A linguagem segue a motricidade,tem origem nela, s depois que a guia e

    regula, sendo vista como poderoso instrumento

    da ateno seletiva para o exterior(...).

    Antropologicamente, o ser humano s atinge

    as suas funes psquicas superiores por efeito

    da sua psicomotricidade (pp. 52-75). Ahipercinesia, assim, parece substituir a faltado pensamento organizado, da elaborao

    psquica, onde o motor torna a relao com omundo da ordem do concreto, havendopouco lugar para a simbolizao.

    o sujeito, portanto, que nos fala atravs doseu corpo, das variaes tnico-motoras, domovimento, dos gestos, que sorepresentantes de uma organizao psquica.Eis o desafio que nos lana a criana hiperativacom seu corpo em contnuo movimento.

    A metfora do corpoA histria da constituio da subjetividadehumana tem incio com o eu corporal atchegar ao eu psquico. O desenvolvimentodo eu corporal se d mediante a evoluo doconhecimento corporal, caminho para umaautoconscincia que integra as sensaes,percepes e funes do corpo. O eu-corponasce das sensaes internas e da superfciedo corpo em interao com o mundo e o

    outro. As coisas aparecem dos movimentosdo corpo que tornam visveis e sensveis asaes dos estmulos. a partir do meu corpoque descubro o mundo, interajo, experimentosensaes e situaes, expresso-me, percebo-me e percebo as coisas at chegar interiorizao das minhas sensaes, que medar conscincia da indivisibilidade de mim edo meu corpo. A autodescoberta umaautoposse indivisvel da nossa existncia

    completa (Alves, 2003, p. 54 ), oreconhecimento de que eu habito meu corpo.A noo de corpo da criana tem incio com apercepo das partes isoladamente para depois

    chegar percepo do corpo total, quemantm a funcionalidade entre as partes. Em1920, Head usa a expresso esquema corporalpara referir-se tomada de conscincia daspartes do corpo e suas funes, provenientesdas experincias proprioceptivas eexteroceptivas. O esquema corporal (comonoo de forma organizada) que ir regulara postura, o equilbrio e a orientao no espao,possibilitando o domnio corporal. A crianaque domina seu corpo desenvolve um

    sentimento de autoconfiana, de competncia,que coordena a sua conduta psicomotora epossibilita o refinamento motor, a preciso dosmovimentos. O esquema corporal, ao ir-seconstituindo, d forma ao eu, que se tornaunificado e diferenciado.

    A criana, vivenciando o seu corpo, situa-seem relao ao espao e aos objetoscircundantes. Segundo Poppovic (citada porAlves, 2003, p. 69), orientar-se no espao

    ver-se e ver as coisas no espao em relao a simesma, de forma a tomar conscincia darelao de co-presena entre corpo e mundo-coisas. Reconhecer-se enquanto corpo s possvel porque os outros tm tambm umcorpo. O meu corpo um meio de conheceros outros corpos e de estes conhecerem omeu. preciso que eu aprenda a considerarmeu corpo como objeto para, em seguida,poder perceber o corpo-objeto alheio e serpor este objetivado. Wallon (1950) cunha o

    termo dilogo tnicopara descrever as trocastnico-afetivas que ocorrem na relao corpoa corpo entre me-beb, que so a base dasprimeiras experincias emocionais.Ajuriaguerra e Marcelli (1986) lembram quemodificaes tnicas acompanham cada afetoe cada fato da conscincia. Quando a meolha, fala, toca, acaricia o filho, comunica umestado emocional e uma afetividade quesensibilizam sensorialmente o beb. A

    A linguagemsegue a

    motricidade, temorigem nela, sdepois que a

    guia e regula,sendo vista como

    poderosoinstrumento da

    ateno seletivapara o exterior(...).

    Antropologicamente,

    o ser humano satinge as suasfunes psquicas

    superiores porefeito da sua

    psicomotricidade

    Fonseca

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    intercorporeidade, segundo Merleau-Ponty(2000), diz que o corpo vai ser relao comoutros corpos semelhantes, onde o modo derelao com o mundo e o outro inclui a relao

    do corpo consigo mesmo. Assim, o indivduoorganiza, com seu corpo, uma compreensodo mundo e de si mesmo.

    O conceito de imagem corporal conclui aevoluo do eu corporal para o eu psquico.Esse conceito fala do surgimento do eu pensomeu corpo e da tomada de conscincia dosentimento que a pessoa tem do seu corpopara si e para o outro. Aimagem corporal ahistria constitutiva da subjetividade do corpo

    humano (Levin, 2000, p. 154), sendo prpriade cada um. nesse momento que o indivduotem a vivncia fundamental de unidade, degestalt, de forma unida, saindo darepresentao de corpo-coisa para corpo-eu.O eu psquico se faz crer quando o corpotorna-se sujeito que se comunica consigointeriormente: eu me sinto, eu me penso. Soucorpo tocante-tocado, desejado-desejante,vidente-visto, sendo, simultaneamente, sujeitoe objeto. Merleau-Ponty (2000, p. 125) citaHusserl ao discursar sobre a intersubjetividade

    e a dialtica do corpo: Um indivduo que stivesse olhos no teria um conhecimento de si

    mesmo. Falta-lhe um espelho, faltam-lhe os

    outros. Levin (idem, p. 67) completa essaelucidao, dizendo: A criana no pode sedar um ser, no pode se dar um nome, um

    corpo seno a partir do outro que a reconhece,

    confirma, deseja, significa, nomeia.

    Portanto, o corpo de um sujeito tem um emsi, umpara sie umpara o outro . O corpo no

    um puro corpo. Revela um simbolismo deum eu singular e diferenciado cujo sentidotranscende a si prprio por ser constitudo peloolhar de um corpo-outro situado no mundo.

    O enigma do corpo dacriana hiperativa

    Vimos que o corpo em movimento, em

    relao, vivenciando a realidade, serve de

    base para o desenvolvimento motor,

    cognitivo e afetivo da criana. A nossa tarefa

    decifrar o enigma do corpo da criana

    hipercintica, o que tem a dizer com a sua

    instabilidade corporal que no tem pausa,

    limite.

    A metfora do corpo revela o significado e

    o valor que se mostram em um significante

    (gesto, mmica do corpo), no qual todo

    movimento ou gesto tem um valor

    expressivo em si, para si e para o outro. Ao

    observar uma criana hiperativa, parece que

    o corpo que a domina, que no tem posse

    do prprio corpo ou que o corpo no lhepertence. Os movimentos do corpo da

    criana hipercintica so dados a ver a um

    outro que lhe d o sentido de repugnante,

    inconveniente, errado, inapropriado. A

    criana hiperativa cresce ouvindo queixas,

    depreciaes, crticas a respeito de seu corpo

    (Voc no fica quieto, no pra um instante.

    Que menino chato, desajeitado, no faz

    nada direito. S me d trabalho). Assim,

    nas fases iniciais de constituio do eu, aimagem que consolida de si a imagem que

    os outros tm dela, introjetando um conceito

    negativo do corpo-eu que nutre sentimentos

    de rejeio e inadequao.

    A criana no sabe que h um dizer no seu

    fazer corporal, o outro quem se queixa da

    hiperatividade. A patologia, ento,

    relacional. O distrbio ou o sintoma emerge

    da relao, inclui o outro. Desse modo, osintoma psicomotor se desenvolve com, paraepelo outro. O olhar do outro aparece

    controlando, antecipando a ao (Cuidado!Voc pode cair, se machucar, morrer. No

    faa isso, no mexa nisso) at o ponto de

    cronif icar o sintoma. A criana, naturbulncia dos seus movimentos e de seu

    corpo, retm o ser olhado constantemente,

    Sheila Antony & Jorge Ponciano Ribeiro

    Para fazer entender essa relao da sensao e do corpo-eu que passa a sesubjetivar, Husserl (citadopor Merleau-Ponty, 2000a, p. 123) recorre a umaexperincia do tato:

    Quando toco minha moesquerda com minha modireita, minha mo tocante apreende minha motocada como uma coisa. Mas, de sbito, dou-me conta de que minha mo esquerda comea a sentir(...). Como coisa fsica, ela continua sendo sempre o que e, no entanto, diferente segundo fortocada ou tocante. Assimeu me toco tocando, realizouma espcie de reflexo, decogito, de apreenso de sipor si. Em outras palavras,meu corpo torna-se sujeito:ele sente.

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    que confunde o seu espao e o seu corpo-

    eu. As mes comentam: O meu filho no

    pode ficar um instante sozinho porque

    apronta, no tem limites, no tem noo de

    perigo. Esse constante olhar vigilante vem

    obstruir a originalidade dos desejos, vontades

    e necessidades da criana. O seu corpo passa

    a ser do outro que cuida, controla, domina e

    que no lhe confirma a alteridade, no aceita

    seu modo diferente de ser. O outro no

    reconhece a necessidade da criana em

    movimentar-se, probe o seu querer, recrimina

    o seu corpo desejante, instituindo o dilema

    da sua existncia singular: Eu sou inquieto,

    eu preciso me mexer, eu quero fazer do meu jeito, mas no posso, no me deixam ser

    assim. Eu tenho que ser como eles querem,

    mas no consigo e no aceito.

    Em nossa vivncia clnica, vemos que so as

    mes que se preocupam com a criana, que

    ficam a vigi-la, a cuidar a mais, a cortar a

    sua ao. Em funo desse olhar controlador,

    criada uma relao de extrema dependncia

    e necessidade mtua entre me-criana, onde perdido o limite simblico da diferenciao

    e discriminao entre um e outro, eu-no

    eu, fora-dentro, ausncia-presena, longe-

    perto. Nas palavras de Bergs (citado por

    Levin, 2000, p.159), Tudo seria como se

    essas instabilidades representassem a busca

    incessantemente fracassada dos limites, como

    se o corpo carecesse de fronteiras . A criana

    movimenta seu corpo com medo de parar e

    cair no vazio da falta de uma forma quedelineia e demarca o seu corpo-eu. No seu

    agir excessivo, est procura da sua

    individuao e dissimula a necessidade de

    ficar longe dos olhos vigilantes da me para

    ganhar autonomia. Carece de uma noo

    slida de si devido ausncia de uma

    imagem interna e externa confirmadora da sua

    essncia.

    A essncia do TDAH revela, portanto, que a

    criana confusa, no sabe bem o que fazer

    e o que pensar, vive procura de si e de um

    sentido de vida. Nas palavras de uma me:

    Ele parece uma barata tonta! A

    hiperatividade vem mostrar-se mais como um

    sintoma na sua aparncia, e, como todo

    sintoma, tem um carter de defesa.

    A partir dos resultados de nossa pesquisa

    anterior, cujo objetivo foi investigar o

    funcionamento psicolgico da criana

    hiperativa, iremos apresentar a viso holstico-

    relacional-existencial da GT.

    A Gestalt-Terapia: uma visodinmica

    A Gestalt-Terapia (GT) uma abordagem

    fenomenolgico-existencial fundamentada em

    teorias de base sistmico-holsticas que

    propiciam uma viso dinmica e

    multidimensional do ser humano e do mundo.

    Inserida nesse campo filosfico, tem umacompreenso ontolgica da pessoa comoser-no-mundo, que vive a sua existncia parao outro e com o outro. A existncia, em ummundo compartilhado, anuncia aintersubjetividade como condio criadora dosujeito, cuja existncia revela a buscapermanente da constituio de sua essncia.Por meio da fenomenologia, resgata o valorda experincia imediata como mtodo

    descritivo das essncias do fenmeno. Aexperincia vivida e observada comofenmeno que se revela a uma conscincia,sem a prioris e juzo, o dado de realidadeoriginal que pe em evidncia o ser emsituao cuja realidade sempre construdapela experincia no mundo objetivo.

    A partir de suas teorias de base (Psicologia daGestalt, teoria do campo e teoria organsmica),

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    a GT fundou uma viso holstica calcada noconceito todo-parte, onde somente atotalidade contm o significado a partir dasmltiplas interaes existentes entre as

    partes e os campos. Compreende ocomportamento humano como resultante daunidade campo organismo/ambiente, quemantm entre si uma relao dereciprocidade. Assim, o indivduo podeapresentar mltiplas possibilidades decomportamento e contato conforme ocampo ao qual pertence em um dadomomento.

    A GT pretende compreender ofuncionamento psicolgico da pessoa a partirdas trocas emocionais que ocorrem noentre, na fronteira do contato, quepropiciam a vivncia das experinciassubjetivas. Fritz Perls (1977) pensou sadee doena dentro da concepo de fronteirade contato, espao existencial onde o eu eo no-eu se experienciam e os eventospsicolgicos acontecem. A relao de

    reciprocidade existente entre indivduo emeio ressalta a influencia mtua ente si, cujaenunciao expe: Eu afeto o mundo e souafetado por ele; eu adoeo o mundo e souadoecido por ele. Para a GT, no h lugarpara o indivduo encapsulado em si. Aformao das patologias, portanto, ocaminho dos encontros e desencontrosrelacionais.

    Situaes onde ocorrem tenses e angstiapodem produzir entraves no contato entreo indivduo e o meio. Na perspectiva daGestalt, doena significa bloqueios docontato originados por mecanismospsicolgicos com funes defensivas quevisam inibir a conscincia de sentimentos,pensamentos, comportamentos que geramansiedade e colocam em risco a relao como outro significativo. Formam dinmicas intra

    e inter-relacionais com padres de

    comportamentos que levam o indivduo a

    manter, no presente, gestalten inacabadas

    do passado, impedindo-se de realizar um

    contato saudvel.

    Perls, Hefferline e Goodman (1951/1997),

    inicialmente, descreveram o processo do

    contato como um todo unificado,

    representado em uma seqncia contnua

    de figura-fundo que tem origem numa vaga

    sensao que se delineia como figura,

    levando mobilizao de energia e a uma

    ao organizada que responde a uma

    necessidade emergente. O ciclo se fecha

    quando o organismo tem a experincia de

    satisfao plena, entrando em retraimento

    e colocando-se, em seguida, disposio

    de uma nova figura. A interrupo

    sistemtica e repetida do fluxo de formao

    e destruio de figuras deixa gestalten

    abertas e necessidades no satisfeitas. Cada

    situao incompleta retm energia mental

    e fsica em torno de uma necessidade

    insatisfeita que exerce permanente presso

    psquica para sua realizao e, assim, leva a

    pessoa a manter comportamentos repetitivos

    no presente.

    O modelo adotado em minha pesquisa, que

    retrata o ciclo da experincia do contato,

    de autoria de Ribeiro, J. (1997), nomeado

    de Ciclo dos Fatores de Cura e Bloqueios

    do Contato (figura 1), que reconhece nove

    fases do contato ( f lu idez, sensao,

    conscincia, mobilizao, ao, interao,

    contato final, satisfao e retirada) e nove

    mecanismos de bloqueio do contato (fixao,

    dessensibilizao, deflexo, introjeo,

    projeo, proflexo, retroflexo, egotismo

    e confluncia) como formas polares

    complementares, mostrando a dinmica

    entre sade e doena.

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    Figura 1: Ciclo dos fatores de cura e bloqueio do contato

    Partindo para elucidar como o TDAH se mostrana dimenso intrapsquica da criana,estabelecemos, em nossa pesquisa, umacorrelao entre os mecanismos psicolgicosda GT, a anlise interpretativa do Teste deApercepo Temtica figura de animais (CAT-A) e as principais categorias obtidas da anlisede contedo do discurso das professoras e dospais.

    A DEFLEXO aparece como o processopsicolgico que define o transtorno e asmanifestaes comportamentais da criana. Ainquietao e a hiperateno (desateno)revelam a mudana constante de atividade oude objeto, que caracteriza um modo vago esuperficial de fazer contato com as coisas ecom os outros em razo da dificuldade emenfrentar situaes de tenso e ansiedade. O

    oposto complementar da deflexo no ciclo aconscincia, significando que a criana careceda conscincia de si mesma, de reconhecer anecessidade emergente, da capacidade deescolher o objeto que ir propiciar sua satisfao.

    A PROJEO foi uma outra dinmicaencontrada. No ciclo do contato, isso representaum bloqueio na fase ao. A criana norealiza uma ao apropriada no meio por possuirintrojees negativas (Voc chato, no ficaquieto. Voc desobediente. Voc est sempreaprontando, fazendo coisas erradas), que aimpedem de agir conforme as suasnecessidades genunas e caractersticas prpriasde personalidade. Os resultados do CAT-Arevelaram que a criana v o mundo comoincompreensivo, agressivo, intolerante (oinimigo de quem precisa se defender), que no

    Hiperatividade:Doena ou Essncia. Um Enfoque da Gestalt-Terapia

    FluidezFixao

    ConscinciaDeflexo

    SensaoDessensibilizao

    MobilizaoIntrojeo

    AoProjeo

    Contato FinalRetroflexo

    InteraoProflexo

    SatisfaoEgotismo

    RetiradaConfluncia

    Self

    Ambiente

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    aceita o seu modo de ser agitado. Expressa umapercepo crtica sobre o seu comportamentoagitado, julgando-se merecedora de puniocom frases do tipo: O cachorro no fica quieto,

    ele faz confuses. O ratinho fez alguma porcariacom ele. O macaquinho muito sapeca, ele aprontador. A criana, por conseguinte, viveum eterno conflito interno entre os nodeverias e aquilo que , originalmente, o seumodo de ser e agir, criando uma baixa auto-estima oriunda de uma confusa imagemcorporal que compromete a sua ao-interao.

    O EGOTISMO emerge como o processopsicolgico que forma a base da personalidade

    da criana, oriundo das categorias afetividadee determinao. Refere-se s caractersticas deonipotncia e auto-referncia da criana, ao seumodo imperativo e voluntarioso de agir (noaceita a opinio dos outros, quer fazer do seu jeito, mesmo que errado), a necessidade deser o centro das atenes, a sua alta demandade afeto, que a torna uma criana com umaintensa reatividade e vulnerabilidade emocional(chora com facilidade, sente muito cime,busca muito contato fsico, muito carinhosa).

    Para os pais e professoras, a criana possui umacarncia afetiva difcil de ser suprida, destacandoum outro paradoxo no seu funcionamento:dficit de afetividade X hiperemotividade.O plocomplementar no ciclo a satisfao, indicandoque a criana se encontra em estadopermanente de insatisfao em suas trocas como meio. Por outro lado, apontam uma atitudeno egosta, um modo prestativo de ser, dandoo que seu quando o outro precisa, fazendouso da PROFLEXO (eu fao aos outros aquiloque gostaria que fizessem comigo) comomecanismo de compensao.

    Em concluso, os processos do contato bsicosque organizam o funcionamento psicolgico dacriana hiperativa so: DEFLEXO, PROJEO,EGOTISMO. A combinao dinmica dessestrs mecanismos revela os seguintes processosinternos e relacionais: a criana deflete por meioda inquietao e da desateno. Ao defletir comuma ao motora excessiva, que ocorre em

    simultaneidade com a ateno difusa, a crianapassa a comportar-se de forma inapropriada,sem atender necessidade prioritria. Sua aodesorganizada advm da PROJEO, ao lanar

    no ambiente partes de si consideradasinaceitveis (introjetos txicos) que, por sua vez,criam perturbao na qualidade da interao.Nesse ponto, a criana recorre PROFLEXOcomo mecanismo saudvel para reparar as suascondutas inadequadas, sendo prestativa naesperana de receber em troca aprovao eafeto para compensar seu dficit deafetividade. O EGOTISMO revela a luta dacriana (j que no aceito o seu modo deser) para impor sua identidade perante o

    mundo. Assim, seu modo de agir, pensar esentir reflete: J que o mundo no me aceitacomo eu sou, no me compreende e noatende as minhas necessidades de afeto, eumesma vou me nutrir, vou fazer o que euquero. Ningum manda em mim.

    Analisando a criana hiperativa do ponto de vistados fatores de cura do ciclo do contato, temos:a inquietao e a desateno significam que acriana est em permanente processo de

    fluidez, em contnuo movimento, em buscade novos estmulos. H um excesso deexcitao que cria um alto nvel de mobilizaode energia para a execuo da ao, a qual efetuada pronta e impulsivamente. Mantm umcontato superficial com as coisas, trocandoincessantemente o foco da ateno ou aode um objeto a outro prematuramente, semmanter a continuidade at o fechamento dagestalt.A criana no se satisfaz plenamente,no entra em retraimento, no alcana aharmonia organsmica, experienciando umestado permanente de insatisfao. A crianavive, assim, um processo interminvel de buscada prpria auto-regulao, onde a hiperatividadee a desateno disfaram a condio essencialda sndrome que reflete uma busca alienadade objetivos e de sentido para a existncia.

    Uma vez que a ateno acompanha o fluxo daexcitao, no se deveria diagnosticarhiperatividade sem sintomas de desateno

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    como indicado no DSM-IV. Caso existam apenassintomas de desateno, deve-se reconheceruma tipologia e uma categoria nosolgicadiferenciada, o que nos leva a propor uma nova

    terminologia: transtorno de hiperatividade/ateno.

    Concluso

    A hiperatividade representa um alto nvel deexcitao organsmica cujo elevado fluxo deenergia faz a criana funcionar em alta voltagem,respondendo ao mundo com HIPERATIVIDADE,HIPERATENO e HIPEREMOTIVIDADE. Acriana hiperativa constitucionalmente

    hiperativa. Sua hiperatividade, sua hiperateno,sua hiperemotividade so constitutivos dinmicosde seu ser-no-mundo. Sendo assim, ela no esthiperativa, ela hiperativa, porm, como ser-de-relao ontologicamente em permanentemudana; ela , no mundo, um ser em processo procura de sua atualizao existencial.

    A criana no v a sua inquietao como doena,mas considera-a um problema. No CAT-A, ummenino comenta que o macaco nasceu com

    problema de chatice. Um outro diz que ocachorro tem um negcio no corpo, umadeficincia moral que no o deixa pensar direito.A criana revela, aqui, a sua dificuldade emcontrolar o corpo e os pensamentos, levando-a afazer coisas que contrariam a sua vontade e asexpectativas externas.

    A inquietao e a desateno refletem um contatosuperficial consigo e com o outro cujo intuito defender-se daquilo que lhe angustiante sentir

    e pensar: o outro crtico, intolerante, e aconscincia confusa, depreciativa, de si mesma.

    A criana hiperativa experimenta os dois extremos(lentido no pensamento x rapidez na percepo,hiperateno x dficit de ateno,hiperemotividade x dficit de afetividade),revelando uma dialtica paradoxal de fenmenosonde o excesso cria a deficincia, em umafuno oposta complementar.

    O caminho da sade demanda um trabalho aser feito com os pais, as professoras e a prpriacriana, de modo a promover melhor integraosocial, oferecer um suporte educacional mais

    apropriado e um tratamento mais humano erespeitoso. fundamental criar um modelopedaggico e interacional junto aos pais eprofessoras que os faa despertar para os talentosoriundos dessa alta excitabilidade e lhes permitaconviver criativamente com essa criana. Apalavra transtorno coloca a hiperatividadetotalmente no domnio da patologia, o que no correto. Essa criana, por ser mais sensorial emotora, mais intuitiva, criativa, afetuosa efazedora.

    Sugerimos aos adultos interessarem-se maispelas coisas que a criana sabe fazer, por aquiloque ela tem de positivo, e no somente porsuas deficincias. Enfatizar mais as qualidadesdo que os supostos dficits o melhor meiode ajud-la a superar as dificuldades edesenvolver suas potencialidades inatas. Emnossa pesquisa, oferecemos diversas propostaspsicopedaggicas para uso dos pais e

    professoras.

    O caminho da sade, por parte da criana, oresgate da conscincia de seu corpo prprio,de seus pensamentos e sentimentos, de formaa tornar-se uma presena consciente. aprendera assumir responsabilidade por suas escolhas eaes, ser capaz de criar metas e objetivos paradar sentido a sua vida, saber hierarquizar suasnecessidades para poder ajustar-secriativamente ao meio.

    A totalidade da condio humana est inseridaem uma totalidade mais ampla que forma arealidade holstica relacional. O TDAH est nascrianas assim como tambm est no mundo,com seu ritmo acelerado, oferecendo mltiplasinformaes cuja realidade muda mais rpidoque nossa percepo. O todo est na parte e aparte est no todo. Somos a sociedade queproduzimos e que nos produz.

    Hiperatividade:Doena ou Essncia. Um Enfoque da Gestalt-Terapia

    Cresceu e virou um

    cara legal!

    Alis, virou o cara

    mais legal do

    mundo!

    Mas, um cara legalmesmo!

    E foi a que todo

    mundo descobriu

    que ele no tinha

    sido um menino

    maluquinho

    Ele tinha sido era

    um menino feliz!

    Menino Maluquinho

    Ziraldo

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    PSICOLOGIA CINCIA E PROFISSO, 2005, 25 (2), 186 -197

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    SQN 202 Bloco D - Apto. 201 Braslia-DF CEP. 70.832-040Telefone: (61)328.5013/9971.0310

    e-mail: [email protected] [email protected]

    Jorge Ponciano Ribeiro

    Presidente do Instituto de Gestalt-Terapia de Braslia IGTB

    Professor titular e pesquisador associado snior da Universidade deBraslia - UnB

    SCLN 316 Bloco F sala 219 CEP: 70.775-560

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    Recebido 8/03/04 Reformulado 22/05/05 Aprovado 30/06/05