Guia de studos para sociologia e ciêc soc

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GERALDO MEDEIROS DE AGUIAR GUIA DE ESTUDOS DE SOCIOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS Imagem fractal extraída do Google Recife, 2012

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  • 1. GERALDO MEDEIROS DEAGUIAR GUIA DE ESTUDOS DESOCIOLOGIA ECINCIAS SOCIAIS Imagem fractal extrada do Google Recife, 2012

2. SUMRIOAPRESENTAO.....04I.VISO PRVIA DAS RELAES HUMANAS EDA SOCIEDADE.....06II. VELHOS E NOVOSPARADIGMASDASCINCIAS.....13OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES.....24O QUEVEMA SERMODELOEMCOMUNICAO?.....28III. SINOPSE DAS PRINCIPAIS CINCIAS SOCIAIS E FATOS HISTRICOS.....36SOCIOLOGIA.....36POLTICA.....38ECONOMIA POLTICA.....43TICA.....49ANTROPOLOGIA.....50HISTRIA.....51PALEONTOLOGIA.....52BIOLOGIA.....52MITOLOGIA.....53FILOSOFIA.....53GEOGRAFIA.....54SALTOS QUALITATIVOS NO MODO DE PRODUOCAPITALISTA.....55FATOS QUE ABALARAM O SISTEMA MUNDOCAPITALISTA PS 2 GUERRA MUNDIAL.....55INVASES-INTERVENES DOS EUA NO PS 2 GUERRAMUNDIAL.....56IV. ASEMOESEOSSENTIMENTOSHUMANOS.....59V.A CONSCINCIA E A AMANUALIDADE.....62VI. ATRIBUTOS DA CONSCINCIA INGNUA.....67 2 3. VII. A CONSCINCIA CRTICA.....98VIII. A DIVISO SOCIALDO TRABALHO,AORGANIZAO DOTRABALHOE OEMPREGO.....103IX. CULTURA E PLURALIDADE CULTURAL.....111X.A EDUCAOEO HUMANISMOCONCRETO.....116A REPRESSO AO CAPITAL PRIVADO ESTRANGEIROESPECULATIVO.....117O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL PARAHUMANIZAO E EXISTNCIA.....120O MONOPLIO ESTATAL DOS FATORES ECONMICOSBSICOS.....121A DEFESA DA INDSTRIA NACIONAL AUTNTICA.....122A OCUPAO DO TERRITRIO NACIONAL.....122A REFORMA AGRRIA.....124ASRELAES INTERNACIONAISDEPLENASOBERANIA.....127AEDUCAO POPULAR PARA ODESENVOLVIMENTO.....129A CULTURA DO POVO.....129A SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL COM AS NAES EMLUTA PELA LIBERTAO.....130XI. DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO(UMA DESCONSTRUO POR EDGAR MORIN).....135BIBLIOGRAFIA...140O AUTOR...141 3 4. APRESENTAOO presente Guia de Estudos sobre Sociologia e Cincias Sociaistem o propsito de induzir o discente a meditar sobre uma viso sistmica dascincias humanas, sociais ou naturais aplicadas realidade com vistas autonomia e a uma situao de bem estar do povo brasileiro. Para tanto, oAutor condiciona seu ponto de vista ao Brasil e resgata importantes idiasformuladas pelos docentes e pesquisadores do Instituto Superior de EstudosBrasileiros ISEB (extinto pela ditadura militar em abril de 1964), e, tambm,da Escola Superior de Guerra-ESG contextualizadas para a realidade presentedo Brasil. O sentido da palavra crtica, utilizado no Guia, aquele que vem dogrego kritikos, ou seja, ser capaz de: julgar, decidir, pensar, discernir ou ter afaculdade de pensar e criar. Sob esse aspecto no cabe valoriz-la de crticanegativa na medida em que sempre positiva, isto , vale como o exame deum princpio ou idia como fato de percepo com finalidade de produzir umaapreciao lgica, epistemolgica, esttica e moral sobre o objeto deinvestigao. Dessa forma, a crtica o questionamento racional de todas asconvices, crenas e dogmas, mesmo se legitimadas pelo censo comum, pelatradio ou impostas por autoridades polticas e religiosas. A palavra crtica, aqui usada, no tem nada a ver com criticus dolatim cujo sentido censurar, ou ser juiz de obras literrias que, em geral,tambm, se confunde com censurae (ofcio de censor) e censere (pesar,avaliar, julgar ou ao de censurar) ambas as etimologias provenientes dolatim. No cabe, portanto, no uso da palavra crtica, nenhum sentido de exercercensura moral, poltica, esttica, religiosa, etc. ou apontar defeito em algo oualgum, julgar desfavoravelmente, desaprovar, discordar, exprobrar,repreender, condenar, rotular e fofocar.J a palavra sistema, usada ao longo do trabalho, tem significadode neutro, reunio, juntura cuja etimologia vem do latim systema, ou seja,conjunto de regras e leis que fundamentam determinada cincia. Significa,assim, conjunto de elementos, concretos ou abstratos intelectualmenteorganizados. Entende-se, tambm, como conjunto percebido como hipteses,crenas, etc. de objetos, de reflexo, de convico unida por um fundamentoterico, ideolgico, doutrinrio ou de uma tese, fornecendo explicao parauma grande quantidade de fatos. teoria, quando especula com qualidadeeconmica, moral, poltica de uma sociedade que condiciona, integra ou alienaum indivduo. tcnica, na medida em que um meio de se fazer algumacoisa de acordo com um plano, mtodo, processo ou procedimento. Em outraspalavras significa conjunto de aes que visam um objetivo, planejamento eplano. O Guia complementa, ainda, os Textos sobre economia poltica edesenvolvimento escrito para a disciplina economia poltica, tambm,lecionada pelo autor. O plano de trabalho compreende dez captulos, a saber: O primeiro trata de uma viso prvia, das relaes humanas e dasociedade com o objetivo de situar o aluno no somente nas vises do mundo,mas tambm, nas categorias que facilitam o entendimento do que vem a ser asociedade.4 5. O segundo apresenta uma sinopse das principais cinciashumanas ou sociais que conformam uma introduo a essas cincias. O terceiro captulo busca explicar os velhos e novos paradigmasdas cincias, passando pelo pensar complexo e outros conceitos importantespara a criao ou formao da base de conhecimento do estudante. As emoes e os sentimentos humanos fazem parte do quartocaptulo que leva os discentes a melhor entender a conscincia ingnua,objeto do quinto captulo, e a conscincia crtica, contida no sexto.O stimo captulo diz respeito diviso social do trabalho suaorganizao e ao mundo sem empregos.O oitavo captulo, objetiva levar o leitor, de forma sintica, pluralidade cultural a partir de um ponto de vista endgeno a realidadebrasileira.O captulo nono, revela a educao e o humanismo concreto apartir das teorias polticas e das modalidades da conscincia que tm em vistao resgate de idias do saudoso professor e filsofo, do ISEB, lvaro VieiraPinto em seu livro Conscincia e realidade nacional. Estas, agora, atualizada,na viso do Autor, e revisitada para a realidade brasileira contempornea.Finalmente, o captulo dez trata de uma desconstruo dopensador e cientista Edgar Morin sobre o desenvolvimento esubdesenvolvimento.Acompanha, ainda, o Guia, a bibliografia bsica utilizada e umasinopse do currculo do autor que fica muito agradecido em receber crticase sugestes no seu correio eletrnico (e-mail) [email protected] As anotaes ou textos do Guia no foram submetidos revisogramatical da lngua portuguesa. A redao a coloquial do autorservindo de apostila para aulas.5 6. I. VISO PRVIA DAS RELAES HUMANAS E DA SOCIEDADE As gneses do cosmo, da natureza viva e do mundo podem ser vista eapreendida a partir de duas vises fundamentais:1. CRIACIONISTA. Essa forma corresponde viso da GneseBblica segundo a qual tanto o cosmo quanto o mundo e a vida foram criadospor Deus a partir do nada. Segundo o criacionismo todos os seres vivostiveram criao independente e se mantm biologicamente imutveis. adoutrina das trs grandes religies monotestas, isto , o judasmo, ocristianismo e o islamismo cujo tronco comum e nico est em Abrao. Dessaforma todas as trs grandes religies monotestas so abramicas cuja origemest no Oriente Mdio ou no Crescente Frtil (antiga Mesopotmia), hoje,conhecido como Iraque. Em tese so movidas pela f e se contrapem a visoevolucionista e da cincia. Sua base filosfica est na metafsica e na ontologiapela razo pura, pela causa incausada, pelo moto primus ou, ainda, pelodesign inteligente.2. EVOLUCIONISTA. a teoria que explica e apreende a criao docosmo pelo big bang, e a vida pela teoria da evoluo darwiniana (CharlesDarwin) e outras teorias cosmolgicas no-bblicas e muito menos sagradas.Essa viso fundamenta-se na evoluo das espcies ao longo do espao-tempo, ou seja, autocriacionismo simbitico, transformismo e mutao. Comodoutrina apreende toda cultura de uma sociedade como resultado de umprocesso evolutivo. Do ponto de vista da filosofia significa o desenvolvimentoinevitvel do real em direo ou ao sentido de estados ou situaes maisaperfeioadas. o modelo explicativo para o incessante fluxo detransformaes e mudanas do cosmo, do mundo natural e da vida inclusiveespiritual quando na concepo evolucionista se aceita ou se admite areencarnao ou o yn e yang taosta. o ponto de vista adotado pelaepistemologia como filosofia das cincias. Sua concepo da natureza humana a de que o ente humano de fato muda no decurso histrico: ele sedesenvolve se transforma, o produto da histria; assim como ele e fazhistria. Ele o seu prprio produto. Segundo os Manuscritos econmicos efilosficos de Marx, citado por Erich Fromm, o conjunto daquilo que sedenomina histria do mundo no passa de criao do ser humano pelo trabalhohumano e o aparecimento da natureza para o ente humano; por conseguinte,ele tem a prova evidente e irrefutvel de sua autocriao, de suas prpriasorigens.Nessa concepo a vida surge do acaso conforme explicam Oparine,Batesson, Varela, Monod, Margulis e outros cientistas detentores ou no deprmios Nobel.Dentro dessa segunda viso do mundo, sem dvida, derivam asseguintes relaes humanas bsicas: 6 7. a) Ser humano com ser humano que necessria, imediata enatural inclusive entre os gneros humanos naquilo que reprodutivo eemocional nas diferentes culturas e sociedades humanas b) Ser humano com a natureza que se caracteriza no domnio ou docontrole da natureza para fins da sua subsistncia onde utiliza no somente oscinco sentidos ou emoes naturais, mas tambm, suas emoes secundriasbsicas, espirituais, suprfluas e de luxrias. Essas relaes, no processo civilizatrio, consubstanciaram asrelaes humanas que se compem dos seguintes elementos: Proprietrios dos meios de produo (P) Trabalhadores operrios ou no (T) Meios de trabalho (MT)Relaes preponderantes de propriedades (A) Relaes de produo e de distribuio (B). As combinaes dos elementos essenciais das relaes humanas (A,B, P, T) deram origem aos seguintes modos de produo (MP): Comunitrio tribal Tributrio asitico Antigo Campons Artesanal Escravista Servil feudal Capitalista mercantil Latifundirio Escravista colonialCapitalista Associativo-cooperativo Estatal capitalista Estatal socialista7 8. Escravista concentracionrio Capitalista imperialista Capitalista global ou neoimperialista.Para a apreenso das conexes da realidade e da sociedade a partirda pedagogia/andragogia imperativo que o discente tenha o entendimentodas categorias abaixo sumarizadas:Interdisciplinaridade. Categoria que estabelece relaes e conexesentre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento. o cortetransversal que se estabelece no processo de gerao do conhecimento entrea unidisciplinaridade,passando pelas conexes dapluridisciplinaridade/plusdisciplinaridade e pela multidisciplinaridade, dandoorigem a transdisciplinaridade que a essncia do saber complexo.Unidisciplinaridade. a categoria que aponta para uma disciplina,ou seja, para a especializao de um nico ramo de conhecimento. Representao corte vertical do saber e se configura com o pensar linear. Em termos defigura pode-se aventar ser o todo conhecimento do nada na medida em quequalquer especializao apenas um nada do conhecimento existente nahumanidade. Em tese conhecer quase tudo do nada. Pluridisciplinaridade/plusdisciplinaridade. So as categorias quetratam de vrias disciplinas ou ramos do conhecimento de forma fragmentadasou estanques, isto , sem a juno ou ligao da multidisciplinaridade. Emgeral configuram-se com o pensar ou saber linear a partir dos paradigmascartesianos. Em geral so utilizadas pelo sistema formal de ensino seja elepblico ou privado.Multidisciplinaridade. a categoria que envolve ou distribui-se porvrias disciplinas ou ramos do conhecimento de forma sobreposta uma com aoutra sem as devidas e necessrias conexes que leva o saber para atransdisciplinaridade. A multidisciplinaridade representa o corte horizontal dosaber. Transdisciplinaridade. Categoriaque d plenitude ainterdisciplinaridade e que vai alm da multidisciplinaridade por conectar ouenvolver todas as categorias da complexidade do conhecimento, ou seja,proceder a conexes de conexes em uma viso holstica e sistmica. A partirdo corte transversal da interdisciplinaridade imbricado ao corte horizontal damuldisciplinaridade a transdisciplinaridade vai ao encontro dos diferentesramos do conhecimento que conformam o pensar complexo e pensar crtico.Em termos de figura pode-se dizer que o oposto da unidisciplinaridade, isto ,conhecer quase nada da infinitude de todo o conhecimento humano.As categorias pedaggicas/andraggicas acima demandam que nasrelaes humanas frente ao contrato social (estado e sociedade) seja relevantepara a compreenso das categorias que do inteligibilidade a sociedade (S).8 9. A categoria de sociedade vista nos melhores dicionrios, como umconjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espao,seguindo normas comuns e que so unidas pelo sentimento de conscincia dogrupo ou corpo social entre muitas outras conceituaes especficas. A sociedade objeto ou domnio de diferentes disciplinas ou cinciashumanas como so a: filosofia, antropologia, paleontologia, sociologia, histria,geografia, economia poltica, antropologia e muitas outras. Segundo Marx, contextualizado por Fossaert, a sociedade constituda no de produtos, nem mesmo da produo, mas, isto sim, derelaes de produo, de dominao, de comunicao (ideologia) e de classessociais antagnicas ou no. a partir dessa complexidade da sociedade que, aseguir, de forma muito sintica, se pretende levar o leitor a contextualizaraquelas categorias bsicas para a apreenso e o entendimento do que vem aser a sociedade. Instncia econmica (IE). Grosso modo, a instncia econmica a apreenso da sociedade em sua relao dual entre as foras produtivasversus relaes de produo correspondentes e presentes em todo equalquer modo de produo (MP). Este, por sua vez, o conjunto dasprticas, relaes e estruturas sociais de produo na complexidade da teia davida material dos humanos na rede da sociedade. Em cada modo de produo (segundo Fossaert) o valordesenvolvimento (VD) abre possibilidades totalmente diferentes e articulaespara as novas formaes econmicas (FE). Em tese, as lgicas do valor que conformam as diferentes formaeseconmicas so: Lgica do valor de uso (VU) constituda dos tributos e docomrcio distante pelo capital mercantil e, tambm, pelo escambo em suasdiferentes formas, ou ainda por comunidades autugeridas que se guiam pelovalor ou custos de produo da mercadoria Lgica do valor de troca (VT) se d pela sujeio formal docapital mercantil, pela formao de preo do valor da mercadoria na trocamercantil, pela sujeio colonial, pela renda capitalista e pelo capital financeirode sujeio formal Lgica do valor desenvolvimento se processa atravs dasarticulaes de trocas no capitalismo de estado ou, ainda, planificadas nosocialismo de estado quando voltada para o outro e, principalmente, nasarticulaes de trocas na economia social comunitria.Das lgicas do valor, acima citadas, derivam redes de valores comrespeito a impostos/despesas e a moeda/crdito.As formaes econmicas mais conhecidas e estudadas por Fossaerte Srour so: comunitria, tributria, tributrio-mercantil, antiga, escravista,servil, servil-mercantil, capitalista-mercantil, dominial-mercantil, dominial-capitalista, capitalista, capitalista-monopolista, estatal-monopolista, mercantilsimples, colonial, dominial-estatal-capitalista, transio estatal-socialista,estatal-socialista.Ainda, na instncia econmica, a categoria de classe social (CS) identificada pela situao dos trabalhadores e dos proprietrios emdeterminado modo de produo e formao econmica em que figura com 9 10. vistas aos meios de trabalho e aos meios de produo. Vale salientar que noprprio mbito dos trabalhadores e dos proprietrios existem e operamestratificaes que na linguagem sociolgica so conhecidas como estratossociais ou categorias sociais. Existem situaes em que indivduosconfiguram presena entre os proprietrios e entre os trabalhadores como soexemplos os artesos, os minifundistas (capitalistas de si mesmo) e algunsmanufatureiros.Na instncia econmica as classes sociais tm importncia nastransferncias de uma classe ou de um estrato social a outro no processo deproduo de bens e servios. Instncia social(IS). Confunde-se com a prpria categoria de modode produo na medida em que nele so articuladas as representaes dasociedade como totalidade, ou seja, as relaes das formaes: econmica,poltica e ideolgica para o espao e tempo das formaes sociais (FS) nosistema mundial. So naquelas instncias que realmente se configura a teoriadas classes sociais, particularmente, da luta de classes que objeto daformao social caracterizada pelo modo de produo dominante ouhegemnico em determinado tempo e espao. Devido ao fato da instncia social identificar-se, tambm, como modode produo que se conformam os sistemas mundiais ou internacionaisinclusive do globalismo. O mundo e a sociedade so construes histricas.No se confundem com a natureza como ordem do real (N), com o planetaterra e, mesmo ainda, com as concepes do mundo sejam elas evolucionistaou criacionista. Conclui-se, pois, que a terra contempla vrios mundos e vriassociedades. Sistemas mundiais so, portanto, uma demarcao para aferir osefeitos dos modos de produo e das seguintes formaes que lhecorresponde: econmica, social, poltica e ideolgica. So as articulaes entreestados, povos, etnias e naes com as disfunes da revoluo demogrficainduzida pelos modos de produo que levam a partilha do mundo entrealgumas potncias que caracterizaram e caracterizam as seguintes formas nosistema mundial: antigo, mercantilista, mercantilista-colonialista, imperialista emconstruo, imperialista em crise, neoimperialista e, agora, sistema mundo docapitalismo que se encontra em crise sistmica e que tende a ser superadopor um outro modo de produo, ainda, no identificado ou caracterizado. Instncia poltica(IP). Esta trata do conjunto da sociedade na suarelao consigo mesma em todo o processo da organizao social. a formaprincipal de organizao que a sociedade assume. Em geral sua organizaoprincipal o estado. Outrossim, existem organizaes em cls, tribos, naes eetnias que normalmente esto representadas por um poder de estado. Os domnios do estado so defendidos pelos aparelhos de estado(AE) concebidos como: foras armadas, judicirio, financeiro, econmico,relaes exteriores, administraes locais, etc. As grandes categorias de aparelhos de estado so: embrionrios,militares, burocrtico-cartoriais, financeiros e panificadores. Nas formaes sociais cuja formao econmica dominada porqualquer modo de produo pr-capitalista a dominao consiste norecobrimento da propriedade pelo poder. J nas formaes sociais cuja10 11. formao econmica capitalista a dominao se d no livre jogo do valor detroca devidamente monopolizado nas mercadorias. Fossaert e Srour em seus estudos apontam para os seguintes tiposde estado: chefia comunitria, tributrio, cidade-estado (antiguidade),escravista, senhorio, principado, cidade-estado (medieval), aristocrtico,aristocrtico-burgus, repblica burguesa, repblica camponesa, militar-nacionalista, sovitico e transnacional ora em formao pelos blocos deintegrao como exemplo a Unio Europia. Na instncia poltica muito significativa a conhecida sociedade civil(SC) como conjunto de poderes organizados que, em geral, ope-se ao estadodoando-lhe ou no legitimidade e inteligibilidade. Estado e sociedade civilinterpenetram-se e combatem-se dialeticamente de uma sociedade a outra embusca de hegemonia. Toda e qualquer sociedade civil caracterizada nadeterminao dos tipos de hegemonia nos sistemas: econmico, poltico eideolgico. Ainda, na instncia poltica h que se apreender a formao poltica(FP), isto , o arranjo ou trama de poderes que se do na sociedade paraestabelecer compatibilidade com um aparelho de estado. A formao poltica a relao que se d entre o estado e a sociedade civil organizada da sociedadecomo um todo. Para tanto, nas formaes polticas as classes sociais estoimbricadas a um jogo de determinaes com posies variveis nos aparelhosde estado emanados da formao econmica institucionalizada emorganizaes diversamente hierarquizadas. Nas formaes polticas as classes sociais se apresentam de formadual e oposta, ou seja, uma dominante detentora do poder do estado e outra dedominados que povoam os aparelhos de estado. Na sociedade o poder a capacidade de determinadas classessociais disporem de aparelhos de estado para conduzir ou reprimir segundoseus interesses as atividades dos entes humanos em sociedade. Com respeitoao poder todo aparelho de estado se confunde com o aparelho social que um sistema organizado de pessoas e de meios materiais institucionalizados ouno. Propriedade e poder so relaes idnticas e se confundem nasociedade e particularmente na instncia poltica com vistas s classes sociais.A propriedade fundamenta o poder que a sustenta.Instncia ideolgica/psicossocial(II). Esta instncia se verifica nocorte transversal do ente humano (EH) com a sociedade (EH/S). Todo serhumano um animal poltico salvo aqueles que so idiotas, na acepoetimolgica da palavra e no na acepo vulgar-preconceituosa. Os enteshumanos so dotados de conhecimento reflexivo, desejam, falam, pensam,escrevem, comunicam-se, doam sentidos as coisas e a natureza, sopossuidores de polegar opositor, em cada uma das mos, alm de serembpedes com coluna vertical ereta e com tele-encfalo altamente desenvolvido.As formaes ideolgicas-(FI) explicitam as relaes ou vnculos queunem toda vida ideolgica ou psicossocial as constries da economia e dapoltica. Est imbricada ao sistema de classes em que se reduzem todas asestruturas sociais.De forma sumria as formaes ideolgicas apresentam-se natipologia como: teocrticas (religiosas), cidados, raciais, jurdicas, coloniais,nazi-fascistas, comunistas, liberais, neoliberais, socialistas, etc. 11 12. Consubstanciam naquilo que se identifica como aparelhosideolgicos (AI), isto , nas imbricaes do real ao social e no existem comotais, isto , situam-se nas entranhas das formaes econmicas e misturadasno concreto das formaes ideolgicas. Materializam-se, em geral, emaparelhos ideolgicos de: estado, religies (igrejas), escolas, publicidade,imprensa (falada, escrita e televisa), artes, lazeres, cincias, assistenciais,associaes, clubes, partidos polticos, corporaes e sindicatos. Suasexpresses categoriais explicitam-se em: embrionrios, religiosos, escolares,governados, pblicos, de pertena, de clientela, de adeso, etc.Do ponto de vista das classes sociais a instncia ideolgica se projetana forma dual contraditria de reinantes ou dominantes e de mantenedores oudominados que no so intemporais.As instncias, acima citadas, conformam o que se chama discursosocial e hegemonia inerente a qualquer sociedade e no servem de base alinguagem e a superestrutura da sociedade. O discurso social fala da ptria oudas prprias formas da integrao/identificao da massa ou do povo de umadada sociedade. Ele elucida a formao das: tribos, cles, etnias, naes,castas e as identificaes das classes sociais. de fato um sistema de valoresque leva a hegemonia, ou seja, a uma ideologia dominante. Sistemas mundiais. O conhecimento e a sociedade so construeshistricas. No se confundem com o universo natural, com o planeta e menosainda, com as concepes do mundo. Da assegurar-se que a terra na suabiosfera contempla vrios mundos e sociedades. O prprio conceito desistemas mundiais , portanto, uma demarcao para aferir os efeitos dosmodos de produo e das seguintes formaes: econmica, poltica, social eideolgica. Os sistemas mundiais so as articulaes intercontinentais ouinternacionais com as difuses da revoluo demogrfica induzidas pelosmodos de produo que levam a partilha do mundo entre algumas potnciasque caracterizaram e caracterizam as seguintes formas no sistema mundial:antigo, mercantilista, mercantilista-colonialista, imperialista-monopolista,imperialista em crise, neo-imperialista ou sistema mundo do capitalismo quetende a ser superado por outro modo de produo ainda no identificado. Historicamente, o sistema mundo do capitalismo tem seu inicio com aRevoluo Francesa (1789-1799), passando pelas Guerras Napolenicas(1848-1870 quando Napoleo sonha em transformar a economia mundocapitalista no sistema mundo do capitalismo cujo contra ponto foi a criao dosestados nacionais). Em seguida a Revoluo Russa de 1917 abala-se osalicerceis da formao do sistema e, no psguerra, vive-se a chamada GuerraFria (1949-1998) passando pela Revoluo Mundial das Desiluses de 1968 apartir da qual aquela tendncia passa a consolidar-se para o que hoje sechama de globalismo.12 13. II. VELHOS E NOVOS PARADIGMAS DASCINCIASO objetivo aqui situar o ledor no paradigma cartesiano,(reducionista, mecanicista e determinista) e seu processo de superao por umnovo paradigma que pode ser chamado de holstico, ecolgico ousistmico. Para tanto, em termos sinticos, busca-se a historicidade da visodo mundo pelos entes humanos e radical mudana do pensamento linear parao pensar complexo.Grosso modo, pode afirmar-se que at os anos dos grandesdescobrimentos ou invases (1492 a 1500) a viso do mundo era criacionistaorgnica, isto , se vivenciava a natureza pela interdependncia dosfenmenos naturais e espirituais em termos de relaes orgnicas, ondeprevalecia a subordinao das necessidades individuais s da comunidade. AIgreja fundamentada na filosofia de Aristteles e na Teologia de Toms deAquino estabeleceu a estrutura conceitual do conhecimento durante toda achamada Idade Mdia. Aquela viso tinha por finalidade apenas o significadodas coisas e no exercia quaisquer predies ou controles dos fenmenosnaturais. Seu foco era as questes testas voltadas para a alma humana e amoral.Igualmente, em pleno cisma da Igreja Catlica Apostlica Romana,nasce e cresce o hedonista Francis Bacon ferrenho crtico de Aristteles,Plato, escolsticos e alquimistas e reformula, por completo, a induoaristotlica dando a mesma uma grande amplitude e eficcia. Dessa maneiraBacon, em contraponto ao Organon aristotlico, expe em sua obra Novumorganum um novo mtodo de investigao da natureza a partir das Tbuasda investigao que bem caracteriza a sua teoria da induo e seuempirismo.Em rplica a Plato, Bacon escreve a Nova Atlntida em cuja utopiaa cincia deixa de ser um exerccio de gabinete ou atividade contemplativapara se transformar em um cotidiano de rdua luta com a natureza.A partir desses escritos, Bacon redefine a viso orgnica do mundo,colocando o conhecimento em um novo plano cientfico cuja divisa mxima foisaber poder. Este princpio lhe permitiu construir um vasto, eficaz evirtuoso sistema de idias para o seu mtodo do emprico de buscar a verdademesmo violentando a natureza.Em pleno processo da acumulao primitiva do capital e do capitalismomercantil j em transio para o renascimento surge no, continente europeu,um grande pensador, Ren Descartes (Cartesius), que revoluciona o mundodo pensamento e da cincia com a criao do mtodo cartesiano com basena metafsica e na mecnica. Seu mtodo leva a laicizao do saber, isto ,a universalizao do conhecimento. Ao desenvolver o princpio da causalidadeDescartes, anuncia o advento de um mundo racional e positivo sobre o qual oente humano proclama seu reinado sobre as potencialidades da natureza. Natentativa de organizar o mundo em um domnio da natureza Descartes, tentaintegr-la em um universo de mquinas que fundamenta a idia cartesiana.Dessa forma, Descartes desenvolve o tema da empresa inflectida na caa aolucro e a mecanizao das relaes humanas e da natureza fundamentando aforma de pensar cartesiana. O seu penso logo existo remete o pensar13 14. filsofico a uma ordem natural inerente progresso do conhecimento, agora,alicerado na matemtica e na geometria cartesiana, ou seja, s se consideraverdadeiro o que for evidente e intuitvel com clareza e preciso. Sua filosofiaracional proclama a universalidade do bom senso. A filosofia cartesiana seexplicita na mquina capaz de produzir todos os fenmenos do universoinclusive o corpo humano.Sua magistral obra est explicita nos seus seguintes escritos:Discurso do mtodoMeditaesObjees e respostasAs paixes da almaCartas.Ainda, no renascimento ou iluminismo surgem dois grandes sbiosGalileu Galilei e Kepler que conceberam a idia de lei natural em toda suaamplitude e profundidade, sem, entretanto, ser aplicada em outros fenmenosalm do movimento dos corpos em queda livre e as rbitas dos planetas.A partir de 1666 vem luz fsica e a mecnica celeste de IsaacNewton que matematiza e experimenta um mtodo para a cincia de forma aunir e superar o empirismo de Francis Bacon e o racionalismo de RenDescartes. Isaac Newton (matemtico, fsico, filosofo e telogo) desenvolveu omtodo matemtico das flexes com o clculo diferencial e integral, crioua teoria sobre a natureza da luz e as primeiras idias sobre a gravitaouniversal, enunciaram as leis e princpios da fsica com nfase asistematizao da mecnica de Galileu e astronomia de Kepler. Dessa formacriou a metodologia da pesquisa cientfica da natureza, que consiste naanlise indutiva seguida da sntese. Foi ainda criador da teoria do tempo edo espao absolutos.Vale dizer que os pensadores aqui, sinteticamente, apresentadosforam os grandes formuladores dos paradigmas cartesianos (reducionista,mecanicista e determinista) das cincias e que somente a partir dos meadosdo sculo XX, comearam a serem superados com o desenvolvimento dateoria da relatividade e da fsica quntica.Com os pensamentos de Darwin, Hegel, Marx, Engels, Freud,Einstein, Heisenberg, Planck, Bohr, Chew, Rutenford, Broglie,Schrodinger, Pauli, Dirac, Sartre, Bell, Habermas, Prigogine, Maturana,Varela, Bateson, Monod, Margulis, Grof, Lovelock, Capra e outros, d-seo incio da superao dos paradigmas cartesianos por um outro que pode serchamado de holstico, ecolgico ou sistmico que pode ser explcito peloscritrios de: Mudana da parte para o todo - Tal critrio, nesse novo paradigma,objetiva apreender as propriedades das partes a partir do todo. Aspartes so vistas como um padro em um emaranhado de relaesinseparveis em forma de uma teia Mudana de estrutura para processo - No diagnstico e prognsticotentar-se- apreender a realidade na dinmica da teia, isto , asestruturas sero vistas como manifestao de um processo subjacente eno a partir de estruturas fundamentais Mudana da objetividade real para um enfoque epistmico, ou seja,a compreenso do processo de conhecimento na descrio dos 14 15. fenmenos naturais. Dessa forma a objetividade do real passa a conteruma dependncia do observador humano e do seu processo deconhecimento Mudana de construo para rede como metfora doconhecimento. Com tal critrio tenta-se fugir das chamadas leis eprincpios fundamentais para uma metfora em rede ou reticular. Namedida em que a realidade percebida como uma rede de relaes ouinterfaces, passando as descries a forma de uma rede interconexados fenmenos observados. Dessa maneira, o enfoque reticular ou emrede no suporta hierarquias ou alicerces Mudana de descries verdadeiras para descries aproximadas - um critrio de novo paradigma que no aceita a certeza absoluta efinal. Reconhece que os conceitos, as teorias, as descobertas cientficase as inovaes tecnolgicas so limitados e aproximados. Entende quea prpria realidade no pode ter uma compreenso completa, ou seja,sua apreenso depende da maior ou menor aderncia do modelo ouenfoque que a apreende. O ente humano lida apenas com descrieslimitadas e aproximadas da realidade. A partir dos novos paradigmas importante compreender o novocdigo da poca da revoluo ps-industrial, da informao ou doconhecimento que se sustentam nas seguintes categorias: a) Interatividade que se constitui de vasta rede de aparelhoseletrnicos interativos onde deslocado o poder das redes de televiso para osusurios na medida em que estes podem modificar as imagens com totalliberdade e, portanto, atenuar ou erradicar a passividade do telespectador. Estimbricada ao desenvolvimento da telemtica b) Mobilidade caracterstica da comunicao em linha imediata dequalquer lugar para qualquer parte do planeta ou situao de trnsito ou lugarfixo. O imediatismo da comunicao mvel ou fixa, inserta nesta categoria,permite a efetividade da converso ou transferncia de informao de um meiopara outro c) Conversibilidade ou conectividade que tem a capacidade detransformar a mobilidade de um sistema de aparelho para outroindependentemente de uma marca ou pas de origem. A conversibilidade tambm um elo fundamental da rede interativa e sua mobilidade; d) Ubiqidade consiste na sistemtica disseminao dos sistemas decomunicao em rede pelo mundo e por todas as classes e estratos sociaisdos pases hegemnicos e perifricos. Esta categoria responsvel, hoje, peladiviso da populao mundial em "inforrica e infopobre, ou seja, deincluso/excluso digital. e) Globalidade/mundialidade aponta para as ilaes de troca onde seexplicitam os fenmenos polticos de mundializao versus fragmentao.Tambm, d-se o scio-econmico de excluso versus incluso, ou a criaode um sistema mundo onde, ainda, no se visualiza o novo rumo do existentemodo de produo capitalista ou de sua possvel superao ou negaohistrica, por outro modo de produo que no se sabe qual . No cenrio de mudanas paradigmticas e de globalizao aeducao do futuro demanda uma reconceitualizao e reencantamento dos 15 16. discentes to profundas que abalam os alicerces das questes oramentrio-financeira, tamanho das classes nas organizaes educacionais, formao,salrios do corpo docente, conflitos curriculares, avaliaes e ementas insertasnos planos pedaggicos e andraggicos. Como transformar a educao em umsistema de alta opo em termos de compatibilizar o ensino desfocado edesencontrado com a realidade evolvente e mutante o cerne da questoeducacional em rede. Vislumbra-se a tendncia de as empresas venderem conhecimentos,com apoio das novas tecnologias da informao, com vistas a adequar oensino ou adaptar a educao s novas realidades indicando novos caminhosque conduzem ao sucesso e orientam o ensino s demandas educacionais dofuturo. O cdigo da revoluo da informao e do conhecimento subverte ovelho cdigo do industrialismo que foi consubstanciado nas seguintescategorias: padronizao; especializao; sincronizao; concentrao;maximizao e centralizao. nesse cenrio de superao de um cdigo por outro que a educaose projeta combinando o aprendizado com trabalho, com a luta poltica, comservios comunal-associativos, com turismo e lazer, etc. Aponta para um totalou completo reexame educacional tanto nos pases cntricos como nosperifricos com vistas ao humanismo concreto como utopia a ser realizada. Edgar Morin em seu livro Os sete saberes necessrios educaodo futuro" trata das seguintes questes, aqui, sinticamente, apresentadas:a) Aprender a ser, a fazer, a viver juntos e a conhecer (produzir conhecimento)b) Viso transdisciplinar da educao como processo de construo doconhecimento comum a todas as especialidades compreendendoprincipalmente: As linguagens para superar as diferenas de conceito e enfoque sobre o mesmo objeto que as especialidades introduzem no processo do conhecimento O erro e a iluso, isto , fazer conhecer o que conhecer ou, ainda, conhecimento do conhecimento para saber que sabe O erro e a iluso que so diretamente condicionados por caractersticas cerebrais, mentais e culturais do conhecimento humanoc) Princpios do conhecimento pertinente a:Aprender problemas globais e neles inserir conhecimentosparciais e locaisSaber que o conhecimento fragmentado impede a operao dainterface entre as partes e a totalidadeEnsinar mtodos que permitam estabelecer as relaes mtuase as influncias recprocas entre as partes e o todo em ummundo complexod) Identidade terrena com as percepes:Do destino planetrio do ente humano (geneticamente modificado ouno) 16 17. Das comunicaes imediatas entre todos os pases e continentesDo destino de vida e de morte compartilhado de forma planetriae) Incertezas e inesperados nas percepes da vida e do mundo, ou seja: Preparar as mentes para esperar o inesperado para poder enfrent-los Pensar estratgias que permitam enfrentar os imprevisto ou incertezas Ensinar a enfrentar as incertezas, isto , "navegar em mares de incertezas em meio a arquiplagos de certezas"f) Compreenso mtua entre os humanos para uma frente vital quanto a: Reforma das mentalidades para novas percepes da vida e do mundo Compreenso da necessidade de sair do estado brbaro da incompreenso politizando os problemas concretos Estudo da incompreenso a partir de suas razes, modalidades e efeitos para a erradicao do racismo, da xenofobia, do desprezo e da excluso socialg) tica e antropotica com vistas a perceber que o ser humano temnecessariamente a condio de indivduo-sociedade-espcie, isto : Os humanos serem simultaneamente indivduos, parte da sociedade e parte da espcie A humanidade ser vista e desenvolvida como comunidade planetria A conscincia traduzir a vontade de realizar a cidadania terrena e planetria com vistas antropoltica. O paradigma Cartesiano-Newtoniano. Uma Sntese. A todecantada civilizao tecnolgica est em crise. A tcnica, o tecnicismo e a altatecnologia, associadas a uma forma de viver moderna, igualmente tcnica, mascada vez mais estereotipada, pragmtica e menos humana, est apontandopara a falcia de mais uma promessa: por nos meios de produo ou noextremo desenvolvimento material a chave para a felicidade humana (hoje,tudo isso tem separado cada vez mais os humanos dos humanos e oshumanos da natureza, e, tambm, o humano de si mesmo). Esse paradigma se caracteriza por idealizar uma realidade, ou melhor,uma concepo/viso de mundo mecnica, determinista, material e composta,ou seja, de mquina constituda por peas menores que se conectam de modopreciso. Essa concepo de mundo teve um grande impacto no s na Fsica,mas muito mais, plas suas conseqncias filosficas em: Biologia, Medicina,Psicologia, Economia, Filosofia e Poltica. A extrema fragmentao dasespecializaes, a codificao da natureza, a nfase no racionalismo, a friaobjetividade, o desvinculamento dos valores humanos superiores, a abordagemmercantil competitiva na explorao da natureza, a ideologia do consumismodesenfreado, as diversas exploraes com fins de se obter qualquer vantagemem cima de outros seres vivos, etc. Tudo isso tm na sociedade atual suafundamentao filosfica numa pretensa viso cientfica. Essa viso de umuniverso mecanicista, reducionista e determinista numa concepo17 18. neodarwinista da supremacia de umas ditas classes sociais, polticas eprofissionais por sobre outras, reedio aprimorada de um discurso fascista-racista j usado pelos nazistas h algum tempo atrs. A custa de quererdisciplinar e embelezar o mundo o nazismo hitleriano cometeu atrocidades egenocdios incalculveis. O fascnio por uma esttica de um mundo belo eracialmente puro levou o nazi-fascismo buscar esse propsito mesmo que paraisso tivesse que destruir o prprio mundo em uma guerra moderna comobjetivos antigos. O paradigma Holstico. Um Sumrio. O extremo sentimento de mal-estar que muitas pessoas sentem diante dos complexos e trgicos problemasda atualidade tm levado a uma busca de um dilogo entre os vrios ncleosdo saber e da atividade humana. Por exemplo, a ONU, a OMS, a UNESCO, aUNCTAD e a FAO, como grandes organizaes internacionais, buscam umamaneira conjunta de solucionarem muitos dos atuais problemas humanos, semfalar nos movimentos de encontro interdisciplinares e a busca pela aocooperativa em todos os mbitos, a medicina psicossomtica e homeoptica ea abordagem holstica em psicoterapia, etc. a essa busca de um sentido deconjunto, de conexes, de uma viso do TODO, que se d o nome holismo. Desde que Descartes cristalizou, de modo definitivo, a idia da divisoda cincia em humana e exata (ou melhor, em Res cogitans e Res extensa,o que viria a se refletir em nossa diviso em corpo e mente, etc.) tem-se vistotoda uma vasta gama de atitudes e comportamentos compatveis com a idiadominante do universo como um sistema mecnico casualmente emergido deum caldo de matria de modo fortuito. O desagrado ao modelo cartesiano e da sua conseqente viso demundo foi expresso de maneira clara por vrios grandes cientistas em nossosculo, como Albert Einstein, Werner Heisenberg, Niels Bohr e tantosoutros. Enquanto, o mecanicismo cientifico v e reduz o universo como umaimensa mquina determinstica, o holismo, sem negar as caractersticasmecnicas que se apresentam na natureza, percebe o universo mais comouma rede de conexes e de inter-relaes dinmicas e orgnicas mesmo queem seus sentidos complementares hajam contradies no antagnicas. Sabe-se que a incrvel dinmica do mercado das tecnologias e dosconhecimentos humanos impe desafios. preciso mudar sempre, estaraberto s idias novas sempre. necessrio rever constantemente osconceitos e crenas, e estar atentos e prontos a reavaliar os conhecimentossempre abertos a aprender mais. Esse o desafio. No se pode confundir oreal com a cpia ou com o virtual. O fato que em todas as partes do mundo, todos os dias, pessoasreagem a propostas de mudanas que causam incertezas. Elas sempre sotraduzidas nos crebros humanos como perigo. Todos os dias, ao redor doglobo, pessoas repelem novas idias, empresas rejeitam boas solues epropostas, apenas porque no esto de acordo com as expectativas dosconhecimentos anteriores das pessoas que tomam as decises. Essaspessoas tm, em suas mentes, padres j desenvolvidos de como funciona omercado, ou a linha de produo, e assim, no conseguem enxergar nenhumasoluo ou proposta que no obedeam a esses padres, esses paradigmas. 18 19. No dicionrio, paradigma significa padro, modelo. Paradigmas somodelos que se concebe de como funciona ou concebida alguma coisa. Estpresente em tudo na vida; em nossas atividades particulares, no trabalho, nasociedade. Por exemplo. William Bridges, autor do best seller Job shifting (Omundo sem empregos) diz que as empresas do futuro, mesmo as grandes, noestaro baseadas em um conglomerado de empregos, mas sim em duasredes: uma de pessoas interdependentes (no-empregados) e outra deinformaes.Para ver atravs dos paradigmas, preciso ter em mente ainda outroconceito: os paradigmas cegam, no deixam ver solues que fujam ao padroconhecido. Por isso, a soluo costuma vir de gente de fora, de pessoas queno estavam envolvidas com os padres antigos. s vezes, de pessoas noespecialistas. Por isso, ao apresentar-se uma proposta nova, afaste docaminho aquelas pessoas que dizem isto no funciona. Elas vo atrapalharos que esto buscando novos paradigmas. Quando Henry Ford quisdesenvolver o motor V-8, teve como resposta dos especialistas de que nofuncionaria. Buscou, ento, gente nova, engenheiros novos sem os velhosparadigmas. Isto no significa que os conhecimentos dos mais experientesdevam ser desprezados. Mas tambm, que no se deve desprezar a viso dosmais novos. Idntico procedimento se deu com Thomas Edison no somenteno invento da lmpada incandescente, mas no do telegrafo e outras invenes.Os cientistas gostam de pensar que contribuem para a marchaconstante do progresso. Cada nova descoberta corrige deficincias, trazaperfeioamentos ao conhecimento e torna a verdade cada vez mais clara.Eles voltam seus olhos para a histria da cincia e observam um contnuodesenvolvimento, convenientemente assinalado pelas grandes descobertas ecriaes.Essa viso, entretanto, ilusria, segundo o historiador de cinciaThomas Kuhn, em seu livro The struture of scientific revolutions (1962). Acincia no uma transio suave do erro verdade, sim uma srie decrises ou revolues, expressas como mudanas de paradigmas.Kuhn define paradigma como uma srie de suposies, mtodos eproblemas tpicos, que determinam para uma comunidade cientfica quais soas questes importantes, e qual a melhor maneira de respond-las. Os estudosde Kuhn revelaram duas coisas: que os paradigmas so persistentes e que umderruba o outro de uma s tacada e no com pequenos golpes. O progressocientfico est mais para uma srie de transformaes revolucionrias do quepara um crescimento orgnico.As idias fundamentais sobre paradigmas: O hbito o maior inimigo do novo Novos modelos s so propostos nos limites da situao atual O novo s acontece se houver fora para superar os obstculos que viro S enxerga-se o novo afastando-se da regra e do comportamento atual.Apresentam-se, a seguir, alguns princpios da teoria dacomplexidade para enfatizar as mudanas ou a transposio de paradigmas.Certamente, essa teoria ocupa cada vez mais espaos com a revoluo doconhecimento e da informao. Mais ainda, com a fsica quntica e gestao19 20. de novas fontes de energia (biomassa, elica, solar) e da economia dohidrognio com vistas substituio dos combustveis fsseis, redistribuiono somente do lucro, mas tambm, do poder entre os humanos que vivem noplaneta. A complexidade necessariamente supera o conhecimentodisciplinarizado.Fala-se, no mais dos processos de produo na organizao daempresa convencional, mecnica e complicada, do sistema mundo docapitalismo, mas de uma empresa viva que se autorecria por ser capaz deaprender e pensar. Isso se d a partir das famlias que nela esto insertas,portanto, de uma empresa ou organizao to complexa como a vida ou comoa sociedade humana.Para maior inteligibilidade de como funcionam essas vises dacomplexidade ou apreenses em rede, nos processos scio-econmicos e nasorganizaes reticulares apresentam-se, sinoticamente, os princpios bsicosou caractersticas da teoria da complexidade e o holismo com vistas contextualizao e apreenso da cincia, particularmente, da economiapoltica.Dinmica. Com a observao dos campos de foras contrrias(impulsoras e restritivas) que pressupem o devir e o fazer novo imbricados ascategorias de: atividade, criatividade, objetividade, historicidade e agilidade.Compreende as chamadas estruturas dissipativas para a criatividadepossvel. o modo inovador do vir a ser. A dinmica da cincia est no fato deque enquanto mais paradigmtica ela for, menos cientifica ser.No-linear. Esse princpio do pensar complexo embora aceite quetoda interveno ou criao tecnolgica seja linear, na medida em que fazparte da realidade, igualmente, em se tratando de totalidades complexas, adecomposio daspartes desconstri o todo e impraticvel a partir das partes reconstrurem otodo. preciso entender, tambm, que na parte de um organismo vivo estcontido o todo. A no-linearidade implica equilbrio e desequilbrio que,geralmente, leva substituio do velho pelo novo. Tudo est conectado.Reconstrutiva. Essa caracterstica do pensar complexo doa sentido aproduzir-se algo para alm de si mesmo. A luz pode ser vista como matria eonda dependendo do ponto de vista de quem a observam. Apenas na lgicaformal linear 2+2 so iguais a 4, haja vista que se leva em conta que o primeiro2 so dois euros e, o segundo, so dois reais seus somatrios jamais sero 4.Muito do que parece igual esconde incomensurveis diferenas e vice-versa. Areconstrutividade sinaliza sentidos de: autonomia; aprendizagem, reconstruoe reformao. A vida no significa uma matria nova, mas certamente, umanova modalidade de organizao da matria.Processo dialtico evolutivo. O computador no aprende, logo, nosabe errar. mquina reversvel, sofisticada, complicada, mas no complexa.O crebro humano possui habilidades reconstrutivas e seletivas queultrapassam todas as lgicas reversveis. , portanto, irreversvel e complexo.A vida no foi criada, ela mesma se reconstri. autocriativa. Dizia Herclitoem 2000 a.C. que: vive-se com a morte e morre-se com a vida. Essaassertiva aponta ou compe o desafio dialtico do conhecimento sobre ocosmo e sobre a vida.Irreversibilidade. Nada se repete. Qualquer depois diferente do antes. nolinearidade. impossvel voltar ao passado ou ir ao futuro permanecendo o 20 21. mesmo. A irreversibilidade sinaliza o carter evolutivo e histrico da natureza.O tempo-espao so dimenses irreversveis. Toda e qualquer realidade estmuito alm do que aparenta e que se pode verificar. O mximo que se podefazer construir um modelo de aderncia realidade. Aquilo que aparece real muita das vezes virtual ou cpia. A natureza no doa sentido e no temsentido em si, apenas age ou reage por causa e efeito. Intensidade de fenmenos complexos. O que bem explicita essefato o chamado efeito borboleta, ou seja, aquelas que esvoaam em umcontinente causam um ciclone em outro ou o, tambm conhecido efeitodomin. Demanda relao de causa e efeito e ambivalncia em suacontextualizao. Sabe-se, hoje, que o mundo da complexidade o mundo dasincertezas. No caso do direito pode-se aventar que a justia cega, no porser injusta e imparcial, mas porque voltada para o que se quer ver. Essemesmo fenmeno pode ter referncia a mais valia e alienao do trabalho. Ambigidade/ambivalnciadosfenmenos complexos.Ambigidade refere-se estrutura catica, isto , ordem e desordem.Ambivalncia diz respeito processualidade dos fenmenos. o eterno vir aser. Argumentar questionar, penetrar no campo de foras que constitui adinmica. A ambivalncia subentende a existncia e a simultaneidade de idiascom a mesma intensidade sobre algo ou coisa que se opem mutuamente. Porisso a ambivalncia a tendncia do construtivo no destrutivo e vice-versa comvistas inovao e a criatividade. o que se conhece como crise. Sob a alegao que a inteligncia humana ser no-linear Pedro Demo,em seu livro Complexidade e aprendizagem, cita de Hofstardter o seguintetexto: ningum sabe por onde passa a linha divisria entre o comportamentono inteligente e o comportamento inteligente; na verdade, admitir a existnciade uma linha divisria ntida provavelmente uma tolice. Mas, certamente, socapacidades essenciais para a inteligncia:Responder a situaes de maneira muito flexvelTirar vantagens de circunstncias fortuitasDar sentido a mensagens ambguas ou contraditriasReconhecer a importncia relativa de elementos de uma situaoEncontrar similaridades entre situaes, apesar das diferenasque possam separ-lasEncontrar diferenas entre situaes, apesar das que possamuni-lasSintetizar novos conceitos, tomando conceitos anteriores ereorden-los de maneiras novasFormular idias que constituem novidades.Sobre o pensar complexo e sistmico a aluna Mirella Ferraz, junto comAristfanes Jnior, contextualizou o tema resumindo-o nos seguintesprincpios: Tudo est ligado a tudo O mundo natural constitudo de opostos ao mesmo tempo antagnicos e complementares Toda ao implica uma retro alimentao (feedback) Toda retro alimentao resulta em novas aes Vive-se em crculos sistmicos e dinmicos de retro alimentao e no em linhas estticas de causa e efeito imediato 21 22. H que se ter responsabilidade em tudo que se influenciaA retro alimentao pode surgir bem longe da ao inicial, em termos detempo e espaoTodo sistema reage segundo a sua estruturaA estrutura de um sistema muda continuamente, mas no a suaorganizaoOs resultados nem sempre so proporcionais aos esforos iniciaisOs sistemas funcionam melhor por meio de suas ligaes mais frgeisUma parte s pode ser definida como tal em relao a um todoNunca se pode fazer uma coisa isoladaNo h fenmeno de causa nica no mundo naturalAs propriedades emergentes de um sistema no so redutveis aos seuscomponentes impossvel pensar num sistema sem pensar em seu ambiente oucontextoOs sistemas no podem ser reduzidos ao meio ambiente e vice-versa. No final de suas apresentaes, em sala de aula, foram enfticos emafirmar que, nas suas bases de conhecimento o pensar complexo mostrou que: Pequenas aes podem levar a grandes resultados (efeitos: borboleta e domin) Nem sempre se aprende pela experincia ou repetio O autoconhecimento se dar com ajuda do outro Solues imediatistas podem provocar problemas ainda maiores do que aquele que se tenta resolver Toda ao produz efeitos colaterais Solues bvias em geral causam mais mal do que bem possvel pensar em termos de conexes, e no de eventos isolados O imediatismo e a inflexibilidade so os primeiros passos para o subdesenvolvimento, seja ele pessoal, cultural e grupal.22 23. PARADIGMAS23 24. OUTROS CONCEITOS SOCIOLGICOS IMPORTANTES Ainda, nessa viso prvia dos paradigmas nas cincias, para criaode uma base de conhecimento, faz-se meno conceitualizao econtextualizao de termos usuais, no cotidiano das pessoas, e que muitocontribuem para uma conscincia crtica da realidade brasileira. Brasileiro. Etimologicamente, contrabandista de pau-brasil tornou-seo gentlico, no Brasil, por excluso social, haja vista que, na lngua portuguesa,o sufixo eiro um sufixo de atividade (pedra=pedreiro, ferro=ferreiro,maconha=maconheiro, etc.) e no de gentlico. No caso concreto do Brasil ogentlico devia ter sido brasils, para os homens e, brasilesa, para as mulheres.Igualmente, por falta de uma identidade para os cafuzos, curibcos,mamelucos, caboclos, etc. (que deram origem ao povo brasileiro), osportugueses de alm mar, por discriminao social e, pejorativamente, osapelidaram de brasileiros que, na poca eram conhecidos os contrabandista dopau brasil. Sociodiversidade. Etimologicamente, scio aquele que compartilha,associa ou participa em conjunto de algo e, diversidade, a qualidade do queno igual ou semelhante, ou seja, aquilo que diferente ou distinto. Asociodiversidade a qualidade de mestiagem de diferentes pessoas comculturas, religies, raas, estamentos sociais e etnias diversificadas e queconvivem de forma no antagnicas. O Brasil por ser detentor de um povonovo, (Darcy Ribeiro) uma das maiores e bem sucedidas nao em termosde sociodiversidade (semelhante a Cuba) e tolerncia social. Chega-se aoextremo de, em um mesmo local, coexistirem e conviverem status sociais deindigentes e lumpens com grandes burgueses ou status sociais de alta renda. Excluso social. Fenmeno causado pelo metabolismo do capital nosistema mundo capitalista, ora vigente e que exclui incomensurvel nmero depessoas dos processos de trabalho e de produo e circulao dos bens eservios ofertados pelas empresas ou unidades de produo e de circulao demercadorias. Ela gera, tambm, em nvel mundial, resistncias com vistas aoseu inverso, ou seja, a incluso social e que batem de frente com as forasmotrizes do metabolismo do capital (lucro e poder) na expectativa de umaantropoltica. Enquanto a incluso social trata da ao de inserir, envolver ouintroduzir os entes humanos no sistema mundo do capitalismo, a exclusosocial, prpria do metabolismo do capital, a ao de descartar os sereshumanos dos processos de trabalho transformando-os em coisas. Priva-os deser do sistema e de sua cidadania. Embora, a excluso social no signifiquepobreza vale lembrar que a maioria da populao brasileira, est inserta em umdos mais aberrantes e ignbeis processos de pobreza. Nele apenas 15% sodo pas e do mundo e os 85% restantes apenas esto no territrio sob o mantoda mais irracional e perversa concentrao de renda, e da riqueza. O Brasil,segundo dados da ONU, s perde em concentrao de renda, no mundo, parao mais miservel pas do planeta, segundos dados de IDH da ONU que SerraLeoa no Continente da frica. A excluso social, no Brasil, tende, tambm,para a excluso digital, ou seja, no sistema tecnolgico da informao, viasatlites, e da nanotecnologia sob a tica da fsica subatmica. Esta, inclusivemuda a viso do mundo e do cosmo descartando o pensamento linear e aviso criacionista da vida no planeta. 24 25. Racismo e sexismo. Qualquer bom dicionrio explicita que o racismoconfigura um conjunto de teorias e crenas com vistas discriminao entre asraas e entre as etnias e o sexismo a atitude de se discriminar pessoas comfundamento no gnero, ou melhor, dizendo, na forma de comportamento sexualde um ser humano. Do ponto de vista da economia poltica o racismo tem afinalidade de manter as pessoas dentro do sistema econmico-social comoinferiores e que podem e devem ser explorados economicamente. Isso se dcom os migrantes e imigrantes nos pases cntricos no processo incessante deacumulao de capital e, por isso, so vistos como atrasados, baderneiros oubrbaros. Para tristeza dos antropolticos os cientistas polticos e sociais vmtransformando o racismo em uma questo bsica de legislao formal em vezde contextualizar as razes dos privilgios, dele oriundos, que permeiam associedades e que dizem respeitos a todas as suas instituies e organizaesinclusas nelas a do saber. Esquece-se que a luta contra o racismo indivisvele que deve ser extipardo em quaisquer das formas em que se apresente. Osexismo a maneira pela qual o sistema mundo capitalista discrimina o gnerofeminino nos processos de produo e, conseqentemente, no processoincessante de acumulao de capital onde as mulheres quase sempre tmremunerao mais baixa que os homens para a mesma atividade. O racismo eo sexismo so, sem dvida, as formas pelas qual o neocolonialismo impera nosistema mundo do capitalismo. Universalismo e particularismo. No se pode deixar de trazer, paracontextualizaes, os conceitos de universalismo e de particularismo sob oponto de vista das cincias sociais, em particular, da economia poltica. Oconceito mais amplo de universalismo aquele que o apresenta como doutrinaou crena que afirma que todos os humanos esto destinados a salvaoeterna em virtude da bondade divina. Outro aquele inspirado pelo iluminismoque s reconhecem como legado universal aquilo que patrimnio de todos.J do ponto de vista de determinados segmentos das cincias sociaisuniversalismo supostamente a viso que se tem de existirem leis, normas,valores ou verdades que se aplicam indistintamente a pessoas, grupos ousistemas histricos no tempo e no espao. Essa concepo muito utilizada,pelos defensores do sistema mundo capitalista para perpetuar o processoincessante de acumulao de capital quando coloca como universal aquelesvalores que so criados ou observados, primeiramente, pelo centrohegemnico do sistema de acumulao ou de potncia imperial. De um ponto de vista da economia poltica e da sociologia os conceitosacima citados levam a crena de existirem pelo menos trs variedades deuniversalismo, isto : o religioso, o humanista-cientfico e o imperialista.Da os universalismos se prestarem para oprimir as pessoas que, em troca, serefugiam em particularismo como bem explica Wallerstein. Osparticularismos, por definio, negam os universalismos. Da existirem,tambm, mltiplos particularismos, ou seja, aqueles reinvidicados pelos atuaisderrotados nas corridas do universalismo. Aqueles dos grupos em declniossejam eles: raa, classe social, etnia, lngua e religio. Aqueles oriundos dosgrupos persistentes situados no fundo da escala, independentemente de comosejam definidos sejam eles prias ou no do sistema mundo capitalista queso os negros, os ciganos, os harijan, os burakumin, os ndios, os aborgines eos pigmeus. Aqueles formados por esnobes esgotados que se orgulham dasua elevada cultura e mesmo pregam a vulgaridade das massas, ou melhor, 25 26. traduzindo das pessoas comuns e, por fim, aqueles constitudos pelas elitesdominantes. Notvel que, segundo Wallerstein, tanto os universalismosquanto os particularismos so governados pela lei aristotlica do terceiroexcludo e so, em geral, focos centrais das lutas polticas. Para tanto, valecitar a assertiva de Wallerstein universalismo e particularismo so definidoscomo antinomia crtica que podemos usar para analisar toda ao social; todostemos de escolher, de uma vez por toda, entre dar prioridade a um ou outro.Isto tem sido til, para os vencedores e nada til para os derrotados. Novos mapas geopolticos da globalizao/mundializao e daintegrao Sul-americana. Sob esse prisma os Textos, de um modo geral,remetem o leitor para o tema em epgrafe, chegando a contextualizar possveiscenrios para o presente sculo. Discorre sobre o caos estrutural do sistemamundo do capitalismo e sua possvel ruptura ou substituio. Procura, ainda,mostrar a insero do Brasil no chamado mundo globalizado. Discutem-se asgrandes contradies do sistema mundo capitalista, em particular, aquelaexistente entre o capital mudializado versus trabalho local e descartvel..Com respeito integrao dos pases da Amrica do Sul, FIGUEROA,de forma explcita leva o leitor a concluir, acreditar e ter esperana que aintegrao dos pases da Amrica do Sul deve processar-se a partir dosocial e no pelo econmico como se pretende no MERCOSUL ouAMERCOSUL. Claro que o autor desta introduo concorda totalmente com asteses do seu mestre e amigo e, por isso, contextualiza-as em sala de aula e emconferncias. Lamenta no ver os livros do mestre publicados em portugus edivulgados nas universidades brasileiras. Polticas pblicas. Como se sabe poltica vem do grego polis quesignifica cidade, cidadania, cidado, estado. Como cincia, trata do estado, dopoder e do governo em termos de regras, normas, leis e direito. Seu antnimo idiota que, tambm, vem do grego idios que significa nico, singular,privado. O termo tornou-se pejorativo e remetido para pessoa que carece dediscernimento, imbecilizada ou, ainda, vaidosa e estpida. A palavra apoltica,confundida como antnimo , em si, uma poltica de quem assim se julga, namedida em que todo e qualquer ser humano por natureza social, portanto,poltico salvo os autistas e os esquizofrnicos. Estes por serem idiotas (naacepo etimolgica da palavra), vivem em mundos criados por suas mentes.Nas formas como podem ser contextualizados os sentidos de polticas pblicaso leitor pode at no aceitar a prtica da etimologia do termo pblico. Todo equalquer estado capturado ou tomado por classes sociais, muitas das vezes,antagnicas, e, portanto, carece da essncia de pblico que remete oupertence ao povo, a uma coletividade. Como o estado capturado por classespatrimoniais e elitistas, como no Brasil, a essncia do pblico se esvai etransforma-se no seu oposto, isto , no privado. As leis votadas pelo poderlegislativo (que, no Brasil, nada tem de participativo para ser representativo)so interpretadas e julgadas pelo poder judicirio (no Brasil, onisciente,onipotente e onipresente) doam sentido a privatizao do estado pelos trspoderes, em particular, pelo executivo. O estado , no Brasil, possudo por umairrisria minoria de plutocratas, burocratas, meritocratas e cleptocratas(que em conjunto se dizem democratas) e que impem nao, como umtodo, as suas vontades. Na prtica a moral ditada pela minoria elitista quecapturou e controla o estado, com seus respectivos poderes, doam sentido aconstruo de um pas nanico ou de uma nao para outras de excludos e26 27. prostitudos, ou seja, possudos por outros, em vez de um Brasil Grande deIncludos que configure uma nao para si e que faa jus a ter polticaspblicas que doem sentido a cidadania do seu povo. Terrorismo e violncia. De um ponto de vista crtico das classessociais despossudas e oprimidas, no sistema mundo do capitalismo, oconceito de violncia pode e deve ser contextualizado a partir da violnciainstituda pelo estado nacional contra seu povo e que o obriga a praticar acontra-violncia ou criminalidade, hoje, sem controle, que se vive no Brasil e,tambm, no mundo. O estado e o governo brasileiro praticam contra apopulao do pas uma violncia de tal monta que obriga as massasdespossudas e oprimidas (poltica, econmica e socialmente) viverem umaautntica guerra civil disfarada, camuflada e mantida pelo prprio estado epelo governo. Vale esclarecer que, em nenhum momento, se deve confundir oestado com o governo sob pena de no se entender a presente crise poltica.Mesmo, as crises passadas onde os poderes das elites civis e militarescostumavam resolv-las pelas armas impondo suas medocres vontades smassas. Esse fato se deu desde a invaso dos europeus no continente sul-americano e, muito em particular, no territrio que, hoje, se chama Brasil. Adominao, pela medocre elite, j tem 500 anos onde se muda apenas aforma. Quanto ao terrorismo que se vivencia, em nvel mundial, tambm, podeser contextualizado a luz do conceito de contra-terrorismo na medida em quea anlise parta dos oprimidos e vencidos pelas aes unilaterais do terror deestado praticado pelos Estados Unidos com ou sem apoio da Inglaterra, daItlia, do Japo, do Canad e da Austrlia que conformam os pases maisbeligerantes do mundo. Que falem os vietnamitas, coreanos, somalis, srvios,kosovares, bsnios, iraquianos, afeganes, palestinos e muitos outros povossubmetidos aos horrores do terrorismo de estado. Tambm, Israel com suapoltica genocida contra os palestinos um bom exemplo de terrorismo deestado. Na Amrica do Sul, a Colmbia, por ter 40% do seu territrio comoterra de ningum, serve de cavalo de tria para os interesses invasores dosEstados Unidos na Amaznia, principalmente, a brasileira. O Paraguai facilita apresena dos norte-americanos, na trplice fronteira, com vistas a garantir paraos Estados Unidos, via ONU e Empresas Transnacionais posse e controledas maiores jazidas de guas doces subterrneas do planeta que oconhecido aqfero Guarani. Na prtica, as aes terroristas ou as de contra-terror, praticadas em todo o mundo, por distintos povos, so sem dvida, umcontra-terrorismo ao terror de estado praticado pelos Estados Unidos e seusscios beligerantes do G7 e da OTAN contra a vontade dos povos por elesoprimidos. No se tem dvida, que o fim do terrorismo de estado, tambm,levar ao fim o terrorismo ou aes contra-terror praticadas por organizaesocultas, sem cara e sem territrio, que usam inclusive seres humanos bombaspara seus fins. Meritocracia. Significa etimologicamente o predomnio numasociedade, na organizao, no grupo no estado a ocupao daqueles que tmmais mritos, isto , os mais bem dotados, os mais trabalhadores, os maismeritosos pessoalmente. Contrape-se ao conceito do homem medocre, ouseja, do homem mdio. Na prtica, os sistemas meritocrtico,institucionalizados nas sociedades, ajudam apenas a uns poucos (muitas dasvezes medocres) obterem acesso a posies que no merecem. De um modogeral, permite os muitos obterem status e posies na base de quem indica 27 28. ou de outros atributos como nepotismo (nada meritrio) sob o manto de teremobtidos por mrito. na prtica, do sistema mundo do capitalismo, uma formapara-facista de discriminao que leva ao racismo-sexismo acima conceituado.Para concluir, esta viso prvia dos paradigmas convm lembrar que osistema mundo capitalista passa pelos seguintes dilemas:a) Acumulao incessante de capital em declnio e sob ajustes debaixar os custos de produo, descobrir novos produtos e encontrar novoscompradoresb) Legitimao poltica em declnio cujos ajustes esto nas lutas declasses, na participao poltica em eleies e na redistribuio de impostoscada vez mais crescentes pelos estados nacionaisc) Agenda cultural indefinida caracterizada por ajustes entreindividualismo versus hedonismo econmico, universalismos versus racismo-sexismo e multiculturalismo versus transgresses das fronteiras culturais.Note-se que os dilemas supracitados se do ou esto insertos nosseguintes clivares do sistema mundo do capitalismo: a) TRADE onde a Unio Europia, os Estados Unidos e o Japobuscam harmonizar suas contradies no mbito dos conflitos de maiscompetio e monopolizao de mercado, dentro do sistema mundo docapitalismo e entre os estados nacionais na busca do processo incessante deacumulao de capital ou perseguio ao lucro e poder a custa de tudo e detodos em desenfreado consumismo b) CONFLITO NORTE-SUL. No Norte alm da trade esto todos ospases desenvolvidos da OCDE sob a hegemonia do G7 e, no Sul, os pasestampes, os pases entrepostos e os pases espectros (no dizer de Rufin) almdas terras de ningum do norte da frica, da Colmbia e do Haiti. O Brasil, nofrum da OMC, lidera o G20 em contra posio ao G7 e a OCDE. Desseconflito fazem parte, tambm, as instituies internacionais opressoras dospases pobres como so exemplos o FMI, o BIRD, a OMC e a prpria ONUcujo Conselho de Segurana manipulado pelos Estados Unidos como pashegemnico c) CONFLITO DAVOS-PORTO ALEGRE. De um lado est o FrumEconmico Mundial (FEM) formado pelos mais renomados capitalistas domundo e de representantes dos estados nacionais, criado em 1971 em Davos,na Sua. O FEM conhecido popularmente como o esprito de Davos. Dooutro lado o Frum Social Mundial (FSM), criado em 2001 na cidade de PortoAlegre, no Brasil, e que em janeiro de 2010 estava em sua dcima edio emPorto Alegre. Saliente-se que o FSM rene mais de 250.000 participantes na buscade uma nova ordem mundial em um cenrio de antropoltica. Em contraposioao FEM o FSM conhecido como o esprito de Porto AlegreO QUE VEM A SER MODELO EM COMUNICAO?A resposta a esta questo pode-se, grosso modo, afirmar-se quemodelo em comunicao, com vistas publicidade e a propaganda, sefundamenta em construo e reconstruo metodolgica para investigao de 28 29. propaganda e discursos: produzidos e em produo como explicitaes deinterpretaes metodolgicas. Busca assemelhar-se ao discurso cientficoentendido como uma aventura cognitiva, ou seja, a narrativa da busca querealiza o sujeito discursivo, de um objeto de valor, no caso, de certo saber(Greimais, citado por Lopes, Maria Immaculata in Pesquisa emcomunicao).Segundo, ainda, Lopes, os componentes do modelo metodolgico tmas seguintes instncias da pesquisa: epistemolgica, terica, metdica etcnica. No obstante, o que vem a caracterizar um modelo em comunicaoso as atividades que objetivam: a) Nas instncias metodolgicas: vigilncia epistemolgica, quadrosde referncia terica, quadros de anlise metdica e construo de dados datcnica b) Nas operaes metodolgicas: ruptura epistemolgica,construo de objeto cientfico, formulao terica do objeto, explicitaoconceitual, exposio, causao, observao, seleo e operacionalizao. Os componentes sintagmticos do modelo metodolgico emcomunicao (relao entre unidades da lngua que se encontra na cadeia dafala e no podem se substituir mutuamente ou sucesso dos elementos deuma mensagem) so expressos em:a) Fases metodolgicas compreendendo: definio do objeto comsua respectiva teorizao, observao a partir de tcnicas de investigao,descrio com vistas as suas tcnicas e mtodos e interpretaob) Operaes metodolgicas com foco: no problema, no quadrotcnico de referncias, nas hipteses, nas amostragens, nas tcnicas decoleta, nas anlises descritivas e interpretativas e, fora da interpretao, nasconcluses e na bibliografia. Wolf, Mauro em seu livro Teorias da comunicao trata dos seguintesmodelos nas teorias comunicativas:a) Modelo comunicativo onde a transferncia da informaoefetua-se da fonte do destinatrio e que segundo Shannon, (citado por Wolf),obedece ao seguinte esquema: 29 30. cFonte deDestinatrioinformaoMensagemMensagem SinalSinal TransmissorCaptadoReceptor Fonte derudo Esse modelo, nas palavras da dileta aluna Thalita Brayner deBarros, nos diz que: uma fonte emissora, que vista como detentora do poderde deciso, seleciona uma de entre um conjunto de mensagens que soformados por signos, essa mensagem transmitida mediante a emisso desinais ou estmulos fsicos (ondas sonoras no ar, ondas de luz, impulsoseletrnicos ou toques), atravs de um canal eletrnico ou mecnico. Os sinaisso recebidos por um mecanismo receptor, que tambm os decodifica oudecifra, isto , reconstri os signos a que correspondem os sinais. Assim, amensagem recebida pelo destinatrio. Interferncias fsicas podem ocorrerdurante a transmisso, chamadas genericamente de rudos, que podem fazercom que a mensagem nem sempre se transmita fielmente. Distoro do somou interferncias numa linha telefnica so exemplos de rudo que ocorredentro do canal, porm, o rudo pode ser qualquer coisa que torna o finalpretendido mais difcil de decodificar com exatido. A sobrecarga dos canais,tambm, conspira contra uma transmisso fiel. Em troca, a redundncia e arepetio reforam a fidelidade da transmisso.b) Modelo semitico-informacional que tem um valor heurstico(arte de inventar, descobrir, criar fatos) muito relevante na comunicao namedida em que indispensvel englobar tanto na estratgia da anlise quantonos mecanismos comunicativos com vistas determinao dos efeitosmacrossociais. Esquematicamente, tem o seguinte diagrama: 30 31. Canal (Fonte) Mensagem Mensagem DestinatrioMensagem Emissor emitida como recebida recebida significante que como como veicula certosignificante significado significado Cdigo CdigoSub-cdigosSub-cdigos EcoFabbri e outros, 1965Do ponto de vista da estudiosa aluna Keury Karoline como a semitica voltada para o campo informacional essa teoria comeou a desenvolver-se. Os fatores semnticos foram introduzidos atravs do conceito de cdigo. Com isso, a questo da decodificao, a forma com que o pblico interpreta a mensagem atravs da comunicao de massa. O espao entre a mensagem e o significado dessa mensagem que atribuda pelo destinatrio tornou-se mais complexo. Entrando tanto do ponto de vista semitico quanto sociolgico, justificando a interpretao feita pelo destinatrio. Ou seja, o grau de compartilhamento das competncias relativas aos vrios nveis, que criam significao da mensagem, leva a mediao entre o indivduo e a comunicao de massa.c) Modelo semitico-textual apresenta um instrumento mais adequado para interpretao de problemas especficos da comunicao de massa. Sua relao comunicativa se d no entorno do conjunto de prticas textuais, ou seja, na assimetria dos papis do emissor e do receptor. Insere-se no paradigma saber-fazer versus saber-reconhecer na articulao entre emissor e receptor derivados do modelo semitico-informacional acima esquematizado. No dizer de Keury, o modelo semitico-textual preocupa-se com algumas caractersticas que so especficas da comunicao de massa, ou seja, a mensagem passou a no ser o objeto principal de estudo, mas sim a relao comunicativa que construda em torno de conjuntos de prticas textuais ... na dinmica que existe entre o emissor e o destinatrio, ou seja, liga a estrutura e expe os percursos interpretativos que o receptor tem que atualizar. No se preocupa s com a mensagem, mas com o entendimento da mesma por parte do destinatrio.A aplicada aluna Flvia Neuma, tambm em exerccio em sala de aula, fez meno, de forma muito sintica, aos seguintes modelos funcionalistas dos norte-americanos: Lasswell: apresenta funes de vigilncia (informativa funo 31 32. de alarme); de correlao das partes da sociedade (integrao) e transmisso de herana cultural (educativa). Wright: apresenta uma estrutura conceitual que prev funes e disfunes dos meios, sendo que essas funes podem ser latentes ou manifestadas. Lazarsfeld e Merton: apresenta outras funes como a atribuio de status (estabilizar e dar coeso hierarquia da sociedade); a execuo de normas sociais (normalizao) e o efeito macrotizante (que seria uma disfuno).Note-se que para os funcionalistas, acima citados, o sistema social entendido como um organismo cujas partes desempenham funes deintegrao e de manuteno dos sistemas aos quais os modelos aderem comointerpretao da realidade. Por isso ela adverte que a natureza organsmica daabordagem funcionalista toma como estrutura o organismo do ser vivocomposto de partes, e no qual cada parte cumpre seu papel e gera o todo,tornando esse todo funcional ou no. Conclui Flvia, que os modelos tmcomo centro de preocupao o equilbrio da sociedade, na perspectiva dofuncionamento do sistema social no seu conjunto e de seus componentes. Emtese os funcionalistas em seus modelos lineares formulam as seguintesperguntas: Quem? (comunicador) Diz o qu? (mensagem) Em que canal? Aquem? (audincia) Com que efeito? Thalita em sua pesquisa sobre modelos de comunicao, comoexerccio da disciplina, discorreu sobre o modelo de Westley e Maclean daseguinte maneira: Esse um modelo gerado especificamente para a comunicaohumana de massa de categoria mais ou menos mecanicista. O modelo deWestley e Maclean funciona da forma seguinte: A e B so o comunicador e oreceptor; podem ser indivduos, ou governo e o povo, X faz parte de seuambiente social e encontra-se mais prximo de A do que de B. C a funoeditorial-comunicativa, isto , o processo de decidir o qu e como comunicar.Um exemplo prtico desse modelo ; vamos dizer que A um reprter queenvia uma histria a C, a redao do seu jornal. Os processos editoriais e depublicao (que esto contidos em C) trabalham ento essa histria etransmitem-na a B, o pblico. Neste modelo, B no tem qualquer experinciadireta ou imediata de X, visto que no existe uma relao direta com A, porque antes da mensagem chegar a B ela passa por C. Segundo Westley e Maclean, os mass media aumentam o meioambiente social com que B precisa de se relacionar e fornecem, ao mesmo32 33. tempo, os meios atravz dos quais essa relao ou orientao opera. Nessemodelo A e C desempenham papis dominantes e B est a servio deles.Embora a necessidade de informao e de orientao de B tenha aumentadona sociedade de massa, os meios para satisfazer essa necessidade foramrestringidos, tendo o mass media como o nico meio disponvel. Dessa formaB torna-se totalmente dependente dos mass media. Porm importanteressaltar que esse modelo no leva em conta a relao entre o mass media eos outros meios que usamos para nos orientarmos ao nosso meio ambientesocial. Esses tipos de modelos tratam de relacionar a parte fsica dacomunicao com os processos mentais das pessoas que se comunicam.Neles existem um esforo no sentido da humanizao dos modelosmecanicistas.Ainda, em sua pesquisa, a aluna Thalita, apresenta os modelospsicolgicos em comunicao tanto de Berlo como o de Hovland que sereproduz na ntegra de como foi escrito e apresentado em aula.O modelo de Berlo supe que a comunicao um processo e temuma estrutura cujos elementos esto relacionados em forma dinmica einfluentes. Ele utiliza os elementos bsicos de Shannon e Weaver (fonte,mensagem, meios e receptor). Alm dos rudos que podem afetar afidelidade da mensagem, Berlo indica alguns fatores da fonte e no receptorque tambm podem afetar a fidelidade. Esses fatores so:A experincia: referem capacidade analtica da fonte saber seuspropsitos e a sua capacidade para codificar as mensagens expressandosua inteno. Se destaca particularmente o domnio da linguagem, e ahabilidade verbal da fonte para falar e escrever bem. A fidelidade dacomunicao aumentar na medida em que a fonte possui as capacidadescomunicativas necessrias para codificar com exatido suas mensagens eexpressar assim seus propsitos.As atitudes: a fidelidade da comunicao afetada por trs tipos deatitudes que apresenta a fonte: a atitude em direo a si mesmo ouautopercepo; a atitude em direo ao tema que trata ou mensagem, e aatitude em direo ao receptor. Quanto mais positivas essas atitudes maioressero a fidelidade, desde que a fonte mostre confiana em si e valorize suamensagem que foi passada ao receptor. Ao perceber uma atitude positiva naparte da fonte em direo a ele, tender a aceitar a mensagem enviada.O conhecimento: refere-se ao nvel de conhecimento da fonte tanto arespeito do tema da mensagem como no processo de comunicao. Oconhecimento do processo de comunicao afetaria a conduta dacomunicao de maneira que quanto maior o nvel de conhecimento maio afidelidadeO sistema sociocultural: refere-se situao da fonte num contextocultural e social determinado. Esta posio condicionar os papis quedesempenham suas expectativas, seus prestgios, etc. Tudo isso tem impactona forma em que a fonte comunica. Em termos gerais, a fidelidade da 33 34. comunicao ser maior se os contextos socioculturais da fonte e o receptorso semelhantes.J o modelo de Hovland, segundo ela, tem como intenoorganizar os elementos e variveis de mudana de atitude produzida pelacomunicao social. No seu modelo, o comunicador tem como objetivomudar a atitude do receptor. Ele pode usar trs fontes de troca:Poder: a fora, o controle de recompensas e castigos. Isto causasubmisso mas s dura enquanto apresenta a fora quando a mudana nose internaliza.Atraente: ser bonito fisicamente, amvel, parecido com quem quermudar os valores e as crenas, de modo que o receptor se identifique. E,tambm, deve ser familiar. Isso resulta em um atrativo mas no se internaliza Credibilidade: quando vemos uma pessoa entendedora, que sabesobre ele e que fala a uma pessoa honesta. A confiana e a experinciainfluenciam muito, tambm, o estado ou o prestgio. Isso causa internalizaoem longo prazo.Modelo de comunicao e mudana de atitude de Hovland Pelo seu trabalho pode-se deduzir que os efeitos na mudana de atitude deuma pessoa dependem de diversas circunstncias, relacionado s fontes queemitem e sua credibilidade, com a natureza da mensagem e sua capacidadecomunicativa, ao mesmo tempo, com as caractersticas do receptor(afinidade/ oposio com a fonte, nvel de formao, etc). Por causa disso,para conseguir que os estmulos alcancem a resposta da mudana de atitude,o processo da comunicao persuasiva deve ter em mente as circunstnciasdos atores e do cenrio. Como as audincias no so semelhantes, a34 35. mensagem, sua definio retrica e complexidade, dependero em cada caso,do tipo de receptor e de seu ambiente, para que os efeitos da mudana deatitude possam ser verificados.Para Hovland no h causalidade entre o que a mdia diz e o pblicofaz h sim todo um contexto social, cultural, situacional e temporal.35 36. III. SINOPSE DAS PRINCIPAIS CINCIASSOCIAIS. Para maior e melhor inteligibilidade do que so cincias sociais valeapenas refletir sobre o que cincia e seus eptetos? Por cincia entende-se o conhecimento ou saber atento de um oumais ramos do conhecimento de forma contnua de suas leis, da reflexo e daexperincia insertas em um processo racional de descoberta, de criao, e detcnica usado pelo ser humano para relacionar-se: consigo mesmo, com anatureza e com o cosmo. Para tanto, sistematiza o conhecimento ou o saberque se adquire via repetio, observao, identificao, pesquisa eformulaes lgicas, metdicas, tcnicas e racionais. Por seu complexoconceito, a cincia dotada de grande epitetismo como por exemplos:humanas, sociais, polticas, abstratas, concretas, puras, aplicadas, biolgicas,econmicas, exatas, morais, normativas, etc. No caso especfico da conceituao das cincias sociais pode-sedizer que so aquelas cincias humanas ou disciplinas, que tratam dosaspectos do ser humano no somente como indivduo, mas principalmente,como: ser social (sociologia), poltico (pelo campo pblico e do poder), tico(pelo campo privado), econmico (pela economia poltica e o processo deproduo), antropolgico (pelo campo de ser humano), histrico (pelaevoluo e pelas civilizaes), paleontolgico (pelas formas de vidapassadas), biolgico (por ser vivo e animal), filosfico (por pensar a vida, arazo de ser, a alienao e a conscincia), ecolgico (por ser da biosfera),psicolgico (pela mente e emoes), mitolgico (pelos mitos, signos erituais), etc. Note-se, tambm, que todas as cincias sociais, as tcnicas, etodas as aes e atividades humanas cientficas ou no, esto insertas natrama da cultura. Feita essa introduo sobre o que cincia, seus eptetos e cinciassociais procede-se a seguir, de forma sintica, a descrio do objeto dasprincipais cincias sociais e, em algumas delas, o que dizem seus principaispensadores.SOCIOLOGIA a cincia que tem como objeto o estudo cientfico da organizao edo funcionamento das sociedades humanas e das leis fundamentais que regemas relaes sociais, as instituies, etc., assim como, a anlise dedeterminados comportamentos sociais. Os campos de interesse da sociologia resumem-se em:Anlise sociolgica da cultura e sociedade, assim como, da perspectivasociolgica e do mtodo cientficoUnidades fundamentais da vida social tais como: atos e ralaes sociais,personalidades do indivduo, grupos quanto a castas, classes, etnias,raas e religiosidades, comunidades, associaes organizaes epopulaesInstituies sociais bsicas, como por exemplos: famlia, parentesco,atividades polticas e econmicas, jurdicas, religiosas, educacionais,cientficas, diversionais e estticas 36 37. Processos sociais fundamentais tais como: diferenciao, estratificao, cooperao, acomodao assimilao, conflitos sociais, comunicaes, socializao, doutrinao, avaliao social divergncia e controle social, integraes e mudanas sociais.Os grandes pensadores da sociologia so: Augusto Comte (1798-1857). Foi ele o primeiro grande pensadore sistematizador dessa cincia e deu-lhe o nome de sociologia. Tratou-a emduas partes principais: a sociologia da esttica social que consiste nainvestigao das leis de ao e reao de diferentes partes do sistema social ea sociologia da dinmica social que localiza as sociedades globais como aunidade de anlise e como amostra de como se desenvolvem e mudam com otempo. Comte estava convencido do fato de as sociedades passarem pordeterminados estgios fixos de desenvolvimento e progrediam para a perfeiosempre crescente. Foi tambm, o criador da corrente de pensamentoconhecida como positivismo. provvel que os dizeres da bandeira do BrasilOrdem e Progresso sejam devido ao positivismo de Augusto Comte. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).Fundadores do materialismo histrico contribuem para a sociologia salientandoas relaes de produo decorrentes dos modos de produo como fator detransformao da sociedade e da organizao social com bases nas classessociais. So tambm os criadores da teoria das lutas de classes. Segundo elesna produo social da sua existncia, os homens travam relaesdeterminadas, necessrias, independentes de sua vontade; estas relaes deproduo correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das suasforas produtivas materiais. O conjunto dessas relaes forma a estruturaeconmica da sociedade, a fundao real sobre a qual se levanta um edifciojurdico e poltico, e a que correspondem formas determinadas da conscinciasocial. O modo de produo de vida material domina em geral odesenvolvimento da vida social, poltica e intelectual. Para ambos pensadoresno bastam a constatao de que a conscincia social existe mas entender asrelaes sociais entre os humanos e concluem: no a conscincia doshomens que determina a sua existncia,, pelo contrrio, a sua existnciasocial que determina a sua conscincia. Para Marx e Engels a sociedadedivide-se em infra-estrutura e superestrutura. A primeira diz respeito a estruturaeconmica, formada das relaes de produo e foras produtivas e, asegunda, divide-se em dois nveis: a estrutura jurdico-politica e a estruturaideolgica (filosofia, arte, religio, etc.). So os autores do clssico Manifestodo partido comunista de 1847 nos umbrais da Revoluo Mundial de 1848. Hebert Spencer. (1820-1903). Foi o autor do primeiro estudosistemtico da sociologia, publicado em 1877 em trs volumes, com o ttulo dePrincpios de sociologia. Spencer via na sociologia os objetos de controle decoeres, controle social, e os campos da famlia, poltica, religio, trabalhoe indstria, via tambm, na sociedade global a sua unidade de anlise.Pregava que a sociologia deve comparar sociedades de diferentes tipos esociedades de diferentes estgios. mile Durkheim. (1858-1917). Este grande pensador alemo noque pese no ter tratado do objeto da sociologia afirmou, em sua vasta obra,que na realidade, existem tantos domnios da sociologia, tantas cinciassociais especficas, quantas so as variedades de fatos sociais. Afirmava que37 38. as sociedades eram unidades importantes de anlise sociolgica e, portanto, asociologia a cincia das sociedades, particularmente, em seus aspectoscomparativos. Por isso, divulgou que a sociologia comparativa no um ramoespecfico da sociologia; a prpria sociologia. Max Weber. (1864-1920). Tratou na sociologia o mtodo dacompreenso e a discusso das vicissitudes da objetividade e da neutralidadedos julgamentos de valor na cincia social. Segundo Weber a sociologia uma cincia que procura a compreenso interpretativa da ao social, a fim dechegar a uma explicao causal de seu curso e suas conseqncias. sabidoque Weber via o ato social e a relao social como objetos especficos dasociologia.Alm desses pioneiros da sociologia, ela deve o seu desenvolvimentoa outros grandes pensadores como so exemplos: Ferdinand Tonnies,Gabriel Tarde, Charles Cooley, George Simmel, Vilfredo Pareto, PiritinSorokin, Talcott Parsons, Robert Merton e Immanuel Wallerstein, entremuitos outros.No Brasil os nomes que mais se destacam na sociologia so: EmlioWillems, Romano Barreto, Gilberto Freyre, Fernando de Azevedo, Delgadode Carvalho, Carneiro Leo, Tristo de Atade, Luiz Aguiar da Costa Pinto,Florestan Fernandes, Antnio Cndido, Gioconda Mussolini, OctvioIanni, Hiroshi Saito, Opheline Rabello, Guerreiro Ramos, Caio Prado Jr.,Celso Furtado, lvaro Vieira Pinto, Paul Singer, Darcy Ribeiro, MiltonSantos, Hlio Jaguaribe, Theotnio dos Santos, Isaura Pereira de Queiroze outros. POLTICA O pior da atual crise do sistema mundo do capitalismo que passa ater aspectos histricos altamente indesejveis tais como: ter carter universal;ser de mbito global; ter escala temporal prolongada ou permanente; ter seumodo de evoluo rastejante e ser estrutural afetando a totalidade dassociedades e a vida humana no planeta. Contextualizando o conceito de poltica os alunos Carolina Burgo eDiego Morais, em exerccio em sala de aula, o apresentaram como reunio devrios domnios das cincias sociais, dentre os quais: O poder entendidocomo a faculdade de se exercer sobre o ente humano tal dominao, que seconsegue obter dele atos ou comportamentos que ele no teria naturalmente. Apermanncia do poder numa sociedade complexa d-se atravs do estado.Este um conjunto de instituies polticas, jurdicas militares, administrativas,econmicas que organiza uma sociedade num determinado territrio.Pressupe a institucionalizao do poder que deixa de estar incorporado numapessoa para se definir como espao pblico. Deste modo, pode-se afirmar que todo estado uma repblica (respblica), isto , uma coisa pblica. A repblica a essncia de qualquerconstituio poltica fundamentado no direito e que supe a igualdade e aliberdade de toda sociedade, perante a lei, bem como a participao de todosna conscincia poltica. A sociedade humana um agrupamento complexo deindividualidades, estruturadas por ligaes recprocas de grande dinamismo,regidas por instituies do estado e imersas em valores e crenas que cercamo sujeito.38 39. As crenas caracterizam-se como uma adeso incerta, por oposioao saber ou f, as idias, pensamentos, afirmaes, teorias, dogmas. Nessesentido, a crena um efeito da vontade que adere, refuta ou questiona idias.As crenas so presses na sociedade complexa, concentradas em forma decoaes. Estas se definem pelo ato de constranger, forar, moldar, fazer aderiro sujeito a uma idia, e pressupe em si uma condio prpria liberdade.As leis, as crenas, a violncia, a riqueza, o capital e o conhecimento,so uns metabolismos de coao e auxiliam na manuteno da soberania deum estado. A soberania a legitimao do exerccio do poder, sendo, portanto,inalienvel ao estado