GESTÃO DEMOCRÁTICA: UMA MEDIDA DE INTERVENÇÃO NA … · 2014. 4. 22. · GESTÃO DEMOCRÁTICA:...
Transcript of GESTÃO DEMOCRÁTICA: UMA MEDIDA DE INTERVENÇÃO NA … · 2014. 4. 22. · GESTÃO DEMOCRÁTICA:...
GESTÃO DEMOCRÁTICA: UMA MEDIDA DE INTERVENÇÃO NA INDISCIPLINA ESCOLAR
Dionice Regina Mecking Staudt1
Dr. Paulo Humberto Porto (UNIOESTE)2
RESUMO
O presente artigo pretende relatar e apresentar o estudo, a pesquisa e a análise elaborados a partir de um questionário sobre Gestão Escolar e Indisciplina. O Questionário foi aplicado tendo como objetivo envolver toda a comunidade escolar para juntos encontrarmos estratégias para combater a indisciplina que, hoje, é apontada por diversos educadores como uma das causas que dificultam o ensino-aprendizagem. Por se tratar de um problema controvertido, far-se-á uma reflexão acerca da qual pretende-se demonstrar a importância da gestão compartilhada com todos os segmentos organizados na escola. Fazer com que os envolvidos percebam, cada qual, a importância que exercem no ato de se amenizar tal problema, bem como fazê-los exercer a democracia deve ser a essência da sala de aula e da escola. Nesse sentido, estudar o tema indisciplina, cuja origem se dá fora da escola, assim como as possibilidades de eliminá-lo por meio de práticas democráticas, torna-se imprescindível a todos os educadores comprometidos com a escola e a educação enquanto instrumento de humanização.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho. Indisciplina. Gestão democrática.
DEMOCRATIC ADMINISTRATION: A MEASURE OF INTERVENTION IN SCHOOL INDISCIPLINE
ABSTRACT
This article aims to report and present the study, research and analysis developed from a questionnaire on School Management and indiscipline. The questionnaire was applied aiming to involve the whole school staff to find strategies to fight against indiscipline that, today, is considered by many educators as one of the causes that make difficult the teaching-learning process. Considering it is a controversial issue, will be made be a reflection about what which is intended to demonstrate the 1 Professora de Letras e Pedagogia do Colégio Estadual Dom Manoel Könner - Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante – do município de Santa Terezinha de Itaipu, Paraná. Graduada no curso de Letras Português/Inglês pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras ‘Imaculada Conceição’, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Pós-graduada em Letras pela Faculdade de Ciências e Letras Imaculada Conceição, em Santa Maria, e Pós-graduada em Pedagogia pela União Dinâmica de Faculdade Cataratas. Participante do programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2010-2012 – Gestão Escolar, vinculado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de Foz do Iguaçu.2 Professor do curso de Pedagogia da UNIOESTE. Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas.
importance of shared management with all arranged staff in the school. Managing to staff involved understand, every one, the importance of exercise in the act to alleviate this problem and get them exercising democracy should be the essence of the classroom and school. Accordingly, to study discipline, whose origin is given out of school, as well as the possibility of eliminating it through democratic practices, it becomes indispensable to all educators committed to the school and education as an instrument of humanization.
KEYWORDS: Work. Indiscipline. Democratic administration.
INTRODUÇÃO
Ao assistirmos reportagens sobre educação ou ao ouvirmos professores de
diferentes escolas públicas nos deparamos com uma queixa que é unânime: o
problema da indisciplina, que é apontada como uma das causas do baixo
desempenho escolar.
Por ser a indisciplina um tema abrangente e polêmico, ele envolveu toda a
comunidade escolar do Colégio Estadual Dom Manoel Könner, em Santa Terezinha
de Itaipu. Neste artigo mostraremos que todo o colégio se mobilizou e fez uso da
gestão democrática para o enfrentamento de tal problema.
Para o levantamento das questões utilizamos a metodologia da abordagem
pesquisa-ação. Segundo Thiollent (2002 p. 7) este tipo de pesquisa “supõe uma
forma de ação planejada de caráter social, educacional, técnico ou outro”. Conforme
Thiollent nesta forma de pesquisa o pesquisador conseguirá responder com maior
eficácia as questões levantadas e, como consequências, buscará uma ação
transformadora para as questões propostas.
Durante a pesquisa aplicamos questionários aos alunos dos segundos e
nonos anos do período matutino, aos professores, aos pais das turmas pesquisadas,
à direção, à equipe pedagógica, aos agentes I e II, ao Conselho Escolar e à APMF.
Também realizamos a discussão do projeto com professores por meio do grupo de
trabalho em rede (GTR). O resultado da pesquisa foi baseado nas respostas e na
bibliografia pesquisada.
Buscamos ouvir todas as partes envolvidas com o colégio e, a partir desta
observação, pudemos verificar que a Gestão Democrática pode ajudar nos
problemas da indisciplina escolar, dialogando, investigando pois, quando todos se
envolvem em um projeto, do qual todos fazem parte, todos trabalham para que ele
dê certo.
Paulo Freire (1996) afirma que não há relação de verticalidade entre aluno e
professor onde um é o sujeito (professor) e o objeto (aluno). Para Freire a pedagogia
é dialógica, pois ambos são sujeitos do conhecimento, de modo que acontece o
“aprender ensinando e o ensinar aprendendo” (FREIRE, 1996, p.124).
A participação da família é essencial para a resolução dos conflitos que se
enfrenta na educação. Por esta razão, devemos pensar em projetos e estratégias
que possam cativar a família a participar da vida escolar de seus filhos.
Não é possível encontrar “receitas mágicas”. Educar é entender que os
direitos significam prática de vida em todas as áreas de convívio social do sujeito: na
família, na escola, no trabalho, na comunidade, na igreja e no conjunto da
sociedade. É preciso, portanto, trabalhar com a formação de hábitos, atitudes e
valores baseados nos princípios de respeito ao outro, de alteridade, de
solidariedade, em todos os níveis e modalidades de ensino.
A partir dessas concepções, acreditamos ser relevante a utilização de uma
prática pedagógica que priorize o diálogo, o debate, a participação, a
problematização e a crítica. Desta forma, o aluno será sujeito ativo e produtor de seu
conhecimento; o professor será mediador entre o conhecimento e os estudantes e a
escola o espaço de exercício permanente de direitos humanos e democracia.
1 A INDISCIPLINA
A indisciplina é considerada a ausência de disciplina. No conceito da
primeira está a compreensão da segunda:
Disciplina representa a maneira de agir do indivíduo, no sentido de cooperação, bem como de respeito e acatamento às normas de convívio de uma comunidade. Em sentido didático, representa a maneira de agir do educando, no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e respeito pelos colegas. (NERECI, 1989, p. 253).
Lajonquiére (1996), vai mais além em sua definição:
Aluno disciplinado é aquele que se encaixa no molde, uma criança ideal, e o indisciplinado é, ao contrário, aquele cuja imagem aparece inconstitucionalmente fora de foco. Ao primeiro se reversa tudo, ao segundo seu reverso narcísico o império arbitrário da quase lei da (psico) pedagogia hegemônica. (LAJONQUIÉRE, 1996, p. 31).
A escola deve estar preparada para enfrentar os problemas que, com o
passar dos anos, tornam-se maiores. Atualmente a escola, devido à democratização
do ensino, recebe alunos de diversas classes sociais e muitos desses encontram-se
em situação de risco. Desta forma, podemos dizer que a escola é um local de
conflito e que tais conflitos, muitas vezes, geram a indisciplina. Por esta razão, é de
grande importância que haja a articulação entre professores, equipe pedagógica,
gestores, alunos, funcionários, pais de alunos e comunidade local visando
esclarecer as causas e consequências dos conflitos que se manifestam no ambiente
escolar e acerca deles fazer constantes reflexões.
A família é a primeira instituição social com a qual as crianças e
adolescentes têm contato. É dela a responsabilidade de educar os filhos e mostrar-
lhes os limites. Delors (2005) argumenta:
Os meios de vida, de estudo, por onde circulam os aprendizes são tão importantes quanto as atividades educacionais que abrigam. Sua influência deve-se ao fato de que eles são desigualmente motivadores, diferentemente estimulantes e mais ou menos propícios a aprendizagens significativas. A cultura oculta da instituição, da família e da sociedade é igualmente um fator de ensino (DELORS, 2005, p. 196).
São inúmeros os conflitos vivenciados no entorno familiar e que trazem
consequências às crianças, pois podem ocasionar alguns traumas que serão
expressados de alguma forma na vida familiar como também fora dela, sobretudo na
escola, e que interferirão no seu futuro. Alguns dos fatores relacionados a tais
conflitos são: o alcoolismo, prostituição, agressões em família, falta de diálogo etc.
A indisciplina analisada sob esta ótica é provocada por muitas causas
relacionadas à sociedade que sofre transformações morais, religiosas, políticas,
socioeconômicas etc. Nesse contexto, Vasconcellos (2000), argumenta:
Há uma crise de objetivos e limites. Há uma desorientação geral hoje na sociedade: quer se superar o velho, mas não se sabe bem como é o novo. Há crise de racionalidade, crise de projetos sociais, das utopias, do sentido para viver, crise da autoridade em nível mundial, mudança no sentido de valores. Constatamos que as agências produtoras de sentido (partido, igreja, família, escola, ciência) estão em crise. E há crise da disciplina no contexto da Pós-Modernidade. (VASCONCELLOS, 2000, p. 25).
Professores não conseguem dialogar com seus alunos, fixar normas em
comum acordos, ser flexível no momento oportuno, embora reconheçam que o aluno
deve ser mais crítico, mais participativo, e portanto que os conteúdos devam ser
reais, vivos, dinâmicos, de acordo com as realidades culturais locais e universais,
não desvinculando-os da realidade. Os professores reconhecem também que a
metodologia de ensino deve ser ativa, construída por meio de diálogos, com
confrontos e situações que levem a transformações da sociedade. Entretanto, esta é
uma tarefa árdua aos professores dado o contexto e o momento histórico no qual
estão inseridos. A sociedade atual é caracterizada por famílias desestruturadas que
sofrem com o desemprego, fome, desigualdade social, falta de condições dignas de
sobrevivência, que convivem com situações violentas na família e no bairro, que
sofrem por serem vítimas de bullyng, com a dependência de drogas, com a
permissividade sem limites, com a violência doméstica.
Delors (2004) afirma que o século XXI tem como seu maior desafio a
reconstrução das comunidades humanas. Neste contexto Gincaterino (2007) diz que
A solidariedade e o novo espírito comunitário podem ressurgir naturalmente com o princípio orgânico e organizador de vida, como alternativas à exclusão e à desvitalizarão do tecido social. Nesse quadro, as instâncias básicas e estáveis de socialização como a família e a escola são reconvocadas a reassumir o seu papel nuclear na implantação dos alicerces duradouros da sociedade do futuro (GIANCATERINO, 2004, p. 66-67).
Em relação ao ambiente escolar, deve-se pontuar que é na relação
professor-aluno que se concretiza o processo transmissão-assimilação do
conhecimento. É necessário levar em conta vários fatores que influenciam positiva
ou negativamente a aprendizagem dos alunos, como seu contexto de vida, a
metodologia utilizada pelo professor, os instrumentos de avaliação, as relações que
se estabelecem em sala de aula etc. Wallon (1975), enfatiza:
É pelo ensino que se ligará ao meio ambiente. O ensino procurará os seus motivos, as provas da sua utilidade, as possibilidades de as aplicar por conta do professor que ordenará e dirigirá a atividade das crianças segundo as matérias que precisam aprender. Em todas as épocas, a educação dirige-se ao futuro das crianças. O grande estimulante deve ser a alegria do amanhã. Ele tende a alargar eternamente o seu horizonte, misturando-as com círculos cada vez mais amplos da sociedade e a fazê-las atingir o nível mais elevado que torna sucessivamente possível cada etapa do seu desenvolvimento. Assim, juntam-se os dois pólos entres os quais ela não tinha parado de oscilar: a cultura da pessoa e sua integração em uma coletividade capaz de lhe assegurar a sua plena realização. (WALLON, 1975, p. 240).
É bastante comum vermos que os professores reivindicam arduamente que
os alunos tenham mais limites e que os pais participem mais do processo de
escolarização de seus filhos, de modo que a estrutura escolar não mais pode ser
pensada dissociada do ambiente familiar, pois as duas completam-se.
Vasconcellos (1993), levanta outra questão de grande importância, que é o
comprometimento dos educadores na construção do conhecimento:
O descompromisso, o comodismo, a desorganização enquanto categorias profissionais são fatores que contribuem para a indisciplina. Um professor não compromissado com sua função de educador dificilmente conseguirá dar coerência à realidade no conhecimento que propõe a construir. A desorganização e o comodismo impedem que o educador perceba a indisciplina como um desafio pedagógico, mas sim como um obstáculo. Entende que deve somente dar aulas como sempre deu, e os alunos que acompanhem. Procura culpar a família, a escola, o sistema, recusando-se a fazer uma autocrítica. Julga o aluno como um ser sem controle de emoções. (VASCONCELLOS, 1993, p. 21).
Karling (1991, p. 99) destaca o bom relacionamento do professor com seus
alunos como fator fundamental no processo educativo: “Os alunos têm natureza,
personalidade própria são gente e como tal querem ser tratados”.
Para Zavaschi (1998a), aos pais compete, dentre inúmeras outras funções,
limitar os horários, jogos, programas, interagir com seus filhos para que tenham a
oportunidade de conversar e serem explícitos em suas diretrizes educacionais.
Anteriormente, disciplina evocava silenciamento, obediência, resignação.
Hoje, porém, pode significar movimento, força afirmativa, vontade de transpor
obstáculos. Conforme Guimarães:
Importante é que o aluno experimente o obstáculo, que sinta o difícil – só assim verá a necessidade de adequar-se, de limitar-se aos processos que a matéria sugere. Deste modo, o obstáculo é formativo, como é para o artista. Sem o obstáculo, sem o difícil, a necessidade de disciplina não se manifesta e toda possibilidade de compreensão é frustrada. (GUIMARÃES, 1982, p. 38).
Segundo Aquino (1996, p. 53) “é presumível, portanto, que uma nova
espécie de disciplina possa despontar em relações orientadas desta maneira.
Aquela que denota tenacidade, perseverança, obstinação, vontade de saber”.
Para que haja interação e aprendizagem é importante que o docente esteja
em constante diálogo com seus alunos, propondo e negociando estratégias de
ensino, de avaliação e sendo flexível nos momentos necessários. Snyders (1993)
afirma que:O aluno, por sua vez, faz a experiência de que a cultura que lhe é proposta
esclarece o sentido do que ele pensa e faz, do que ele pensava e fazia. Mudanças de atitudes que só são possíveis por mudanças de conteúdos ensinados. (SNYDERS, 1993, p. 143).
A indisciplina tem, a cada dia, se intensificado dentro e fora das escolas.
Vemos, desta forma, a necessidade de construir um projeto político-pedagógico
coerente com esta realidade com a qual se depara a comunidade escolar. Segundo
Snyders (1993) também é importante criar no ambiente escolar:
Uma cultura que leve o aluno a se compreender melhor, a se sondar melhor. É como se o autor apreendesse e sentisse melhor que ele ou o que se passa nele; a cultura encontra palavras adequadas para exprimir o que ele gostaria de dizer. Os homens necessitam de um porta-voz, um Édipo que lhes explique seus próprios enigmas, pois nossos sentimentos e nossas experiências são com tanta frequência indecisos, em contradição uns com os outros - e é justamente aí que temos necessidade de orientação. (SNYDERS, 1993, p. 143).
A escola deve procurar conhecer e respeitar a vivência de cada aluno,
diagnosticando as dificuldades e buscando conjuntamente soluções; enfim, investir
na socialização que possui os educandos é uma medida que pode vir a melhorar o
convívio entre educador e educando em sala de aula e também nos possibilitar
saber o porquê de determinadas condutas e, consequentemente, como agir em
determinadas situações. Conforme Rebelo (2000):
A escola tem que ter autonomia e utilizá-la na construção de um currículo que atenda a realidade local na qual ela se insere, pois dessa forma estará contribuindo para a democratização do acesso e permanência do aluno e não com a exclusão dele da escola e, posteriormente da sociedade. (REBELO, 2000, p. 79).
Aquino (2003) nos propõe pensar acerca das mudanças ocorridas na escola,
o que a descaracterizou, pois passam a ser atribuídas aos professores várias
incumbências as quais não lhes competem, ou ao menos não lhes são
exclusivamente de sua competência. Conforme Aquino “em vez de educadores,
convertem-se eles a pregadores de bons costumes e/ou fiscalizadores da conduta
alheia e a sala de aula se vê transmutada em um grande reformatório dos hábitos
inadequados do alunado e, especialmente, da má índole de alguns”. (AQUINO,
2003, p. 34).
Professores, pedagogos, coordenadores, comunidade escolar e, sobretudo,
os pais devem juntos encontrar meios para amenizar o problema da indisciplina e de
outros problemas encontrados na escola. O pedagogo, por meio de um
planejamento de ações a serem desenvolvidas junto com o corpo docente pode
estabelecer momentos de reflexão, considerando vários aspectos, como sugere
Franco (2003, p. 169-173): qual a concepção de disciplina dos professores; a
relação professor-aluno e sua proposta em sala de aula. A partir da concepção de
disciplina que o professor possui se desencadearão suas ações em sala de aula.
Atitudes como autoritarismo e liberalidade devem de igual forma ser questionadas e
analisadas. A falta de planejamento, de conhecimento amplo sobre o conteúdo
ministrado e das metodologias adequadas podem ocasionar a indisciplina na sala de
aula.
Como mencionado por Franco (2003), o pedagogo pode proporcionar um
trabalho junto aos professores, como por exemplo:
Momentos de estudo de textos de autores que discutam a problemática da indisciplina na escola, práticas pedagógicas, adolescência, etc. É de fundamental importância que as reflexões sejam pautadas em estudos, procurando superar o senso comum, os “chavões” e a visão estereotipada comum entre o corpo docente acerca dos temas acima citados. Momentos de análise e reflexão de situações concretas, vivenciadas pelos professores em sala de aula, procurando buscar alternativas para a intermediação de situações de conflito, bem como de propostas e de posturas e ações em grupo, tendo como referências os estudos dos textos trabalhados anteriormente.Troca de experiências bem-sucedidas em situações de relacionamento interpessoal em sala de aula, como também diferentes faixas etárias e conteúdos. (FRANCO, 2003, p. 174).
A atuação do pedagogo é muito importante junto ao corpo docente.
Infelizmente, muitas vezes este profissional sente-se desvalorizado, mas como
aponta Saviani (1985, p. 27) o pedagogo é “aquele que possibilita o acesso à
cultura, organizando o processo de formação cultural. É, pois, aquele que domina as
formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do
patrimônio cultural acumulado pela humanidade”.
O trabalho do pedagogo precisa ser revisto nas diferentes perspectivas e
concepções teóricas, ideológicas e políticas. Este trabalhador da educação
desenvolve um trabalho que não está imune às determinações das relações sociais
e produtivas, que objetiva valorizar cada vez mais o capital, mesmo nos espaços
educativos, mesmo que os Projetos Políticos-pedagógicos teorizem contrariamente
esta ideia. Também compete ao pedagogo discernir Ato de Indisciplina de Ato
Infracional.
Observa-se que, em muitos casos, os atos indisciplinares são vistos pelos
professores e gestores como atos infracionais por não conhecerem e/ou não
compreenderem suas diferenças. Os atos infracionais que ocorrem no ambiente
escolar têm menor incidência, e os casos de indisciplina acontecem quase que
diariamente.
Quando os professores relatam acerca de quais são os problemas
disciplinares que mais interferem no andamento de suas aulas vimos que, na
maioria das vezes, eles não apontam problemas referentes à disciplina escolar, mas
sim, às problemáticas sociais como uso de drogas, marginalidade, patologias de
personalidade etc. São estes problemas de grande complexidade, os quais a escola
não pode enfrentar sozinha, devendo, pois, contar com a ajuda de outros agentes e
instituições, ou seja, com a rede de proteção à criança e ao adolescente.
A indefensibilidade e o estresse de que padece o professor e que, em boa
medida, justificam o elevado índice de baixas por doença, frequentemente
depressões, revelada por estatísticas comparativas entre diversos grupos
profissionais, estão relacionados diretamente com a experiência da disciplina na sala
de aula e na escola, em particular durante os primeiros anos de exercício
profissional; contudo, quando a problemática persiste, e o professor não consegue
enfrentá-la de maneira eficaz, pode ser motivo de abandono do exercício
profissional. (HUBERMAN, apud GOTZENS, 2008, p. 29).
As condições adversas como, por exemplo, salas numerosas, salários
baixos, prédios inadequados, falta de material didático, troca constante de
professores, indisciplina dos alunos, falta de participação dos pais, não deve servir
de desculpa para o não enfrentamento do problema e sim, de estímulo para uma
ação conjunta, reivindicando uma educação de qualidade para todos como reza a
Lei. Precisamos buscar uma nova disciplina dentro da escola, não mais aquela
obtida por meio de castigos, punições, exclusões e sim a verdadeira disciplina cujo
objetivo, segundo Vasconcellos (2006), é o de:
Conseguir o autogoverno dos sujeitos participantes do processo educativo, e dessa forma as necessárias condições para o trabalho coletivo em sala de aula (e na escola), onde haja o desenvolvimento da autonomia e da solidariedade, ou seja, as condições para uma aprendizagem significativa, crítica, criativa e duradoura. (VASCONCELLOS, 2006, p. 49).
3 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
Na Lei n° 9394/1996 a Gestão Democrática enquanto princípio é citada no
artigo 3°, inciso VIII: "Gestão Democrática de ensino público, na forma desta lei e da
legislação do sistema de ensino". Sobre os princípios norteadores da Gestão
Democrática nas escolas públicas da educação básica, a LDB dispõe:
Artigo 14 – os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades, e conforme os seguintes princípios:I – Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político pedagógico da escola.II – Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Portanto, conforme aponta Dourado (2006), nem o Projeto Político
Pedagógico na escola pode ser desenvolvido sem o envolvimento dos profissionais
da educação, nem o Conselho Escolar pode prescindir dos professores e dos
funcionários. (DOURADO, 2006 p. 35-36). Segundo Dourado:
A construção da Gestão Democrática passa por alguns princípios fundamentais: a participação política; a gratuidade do ensino; a universalização da educação básica; a coordenação; planejamento e a descentralização dos processos de decisão e de execução e o fortalecimento das unidades escolares; a operação dos conselhos municipais de educação, enquanto instância de consulta, articulação com a sociedade e deliberação em matérias educacionais; o financiamento da educação; a elaboração coletiva de diretrizes gerais; definindo uma base comum para a ação e a formação dos trabalhadores em educação e a exigência de planos de carreira que propiciem condições dignas de trabalho. (DOURADO, 2006, p. 47).
Pensar a democratização na e da escola implica criar mecanismos de
participação como a construção do Projeto Político Pedagógico, Conselho Escolar,
Grêmio Estudantil, a luta pela progressiva autonomia da escola, a discussão de
novas formas de organização do trabalho na escola.
Nesta interação, deve-se pontuar a importância do papel do gestor
democrático e da família. Segundo Paro (1986), um componente que parece muito
generalizado em nossa cultura e que se mostrou como argumento bastante
recorrente nas entrevistas realizadas para explicar a fraca participação da população
na escola é o de que a população se mostra naturalmente avessa a todo tipo de
participação. Termos ou expressões como desinteresse, comodismo. passividade,
conformismo, apatia, desesperança e falta de vontade foram constantemente
utilizadas, segundo Paro, para retratar a (falta de) disposição dos usuários em
participar da escola.
Assim, cabe ao gestor democrático, equipe pedagógica, professores,
coordenadores etc., mostrar aos pais o quanto é importante a sua participação na
vida de seus filhos, pois, infelizmente, ainda existem pais que acham que a missão
de educar é única e exclusiva da escola. A fim de se incentivar a participação dos
pais na escola deve-se promover reuniões atrativas, palestras, jogos e organizar
para seus filhos concursos de dança, de teatro, de poesia etc. a fim de instigá-los a
ter uma maior participação no ambiente escolar.
Pensar em democracia é pensar em escola aberta e disposta a discutir seus
problemas com a comunidade. Conforme pontua Oliveira (1997):
Melhorar a qualidade da educação vai muito além da promoção de reformas curriculares, implica, antes de tudo, criar novas formas de organização do trabalho na escola, que não apenas se contraponham às formas contemporâneas de organização e exercício do poder, mas que constituam alternativas práticas possíveis de se desenvolverem e se generalizarem pautadas não pelas hieraquias de comando, mas por laços de solidariedade, que consubstanciam formas coletivas de trabalho, instituindo uma lógica inovadora do âmbito das relações sociais. (OLIVEIRA, 1997, p. 44).
A gestão democrática é concretizada principalmente em sala de aula,
ambiente em que o Projeto Político Pedagógico se concretiza e é posto em ação,
como menciona Ferreira (2006):
[...] fazendo-se em ação na sala de aula, por conter “gérmen” o espírito e conteúdo do projeto político pedagógico que expressa os compromissos e o norte da escola por meio da gestão de ensino, da gestão da classe, da gestão das relações, da gestão do processo de aquisição do conhecimento (FERREIRA, p. 2006, p. 1348).
A gestão democrática vai além da questão administrativa e burocrática; ela
atinge a todos os que participam do cotidiano escolar, sempre havendo a
necessidade de envolvimento, compromisso e diálogo a respeito das dificuldades e
objetivos almejado, que devem ser decididos conjuntamente. De acordo com
Gracindo (2007):
Se a finalidade última da educação é a formação de cidadãos, então, a qualidade da educação precisa estar voltada para esse fim e necessita sustentar-se em um tipo de gestão que propicie o exercício da cidadania, promovendo a participação de todos os segmentos que compõe a escola, além da comunidade local externa ou seja, deve se sustentar na gestão
democrática. (GRACINDO, 2007, p. 45).
A gestão democrática enfatiza a importância do diálogo e do respeito,
mesmo que exista divergência de ideias, e surge da participação coletiva
envolvendo toda comunidade escolar e seus agentes colaboradores. Paro (1997)
enfatiza que:
A instalação de uma estrutura político-administrativa adequada à participação nas tomadas de decisão de todos os setores que aí tem presença, em especial seus usuários, eivada de mecanismos institucionais que viabilizem e incentivem: processos eletivos para escolha dos dirigentes escolares; conselhos de escola formados pelo vários segmentos da unidade escolar ( pais, alunos, professores, funcionários) e com efetiva função política de direção de escola; grêmio estudantil, associação de pais, professores e funcionários, como fóruns de constante discussão dos múltiplos interesses, bem como outros recursos institucionais que facilitem o permanente acesso de todos os interessados aos assuntos que dizem respeito à escola. (PARO, 1997, p. 79-80).
Cabe aqui citarmos Paulo Freire quando nos diz que a educação é uma
forma de intervir no mundo: “Outro saber que não posso duvidar um momento
sequer na minha prática educativa-crítica é o de que, como experiência
especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo”.
(FREIRE, 2002, p. 110).
Sabemos que o educando é um ser individual e dotado de diversas linhas de
raciocínio, cada uma desenvolvida em um tempo de seu desenvolvimento, as quais
devem ser respeitadas e estimuladas em sua totalidade para que ele possa atuar em
uma sociedade sabendo fazer suas próprias escolhas e, consequentemente, criar
sua própria história.
Em entrevista concedida à revista Nova Escola-Gestão Escolar (2010),
Dayan argumenta que:
[...] as instituições de ensino, como as conhecemos, precisam se reinventar e se tornar verdadeiramente democráticas, inclusive para resolver os problemas da indisciplina. Uma gestão participativa acredita e investe em mudanças nas salas de aula e no relacionamento entre professores, funcionários e gestores. Afinal, a escola é um espaço que educa também por meio da maneira como ela mesma funciona. Não se pode ensinar cidadania sem respeitar os princípios da democracia.(DAYAN, 2010, p. 20).
Já Freire (2002) afirma que é necessário ao professor, para cumprir com
decência a sua profissão:
Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas da minha atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o ensino dos conteúdos é o meu testemunho ético ao ensiná-los. É a decência com que faço. (FREIRE, p. 116).
Enfim, ainda que diante de tantos problemas, faz-se necessário buscar
práticas educacionais que priorizem a democracia na escola e na sociedade.
Conforme Paro (1993):
A luta pela democratização da escola situa-se, assim, no bojo da própria luta pela democratização da sociedade que, no limite, coincide com a transformação social, ou seja, com a revolução enquanto processo prolongado de transformação estrutural da sociedade. (PARO, p.167).
4 ANALISANDO DADOS DO COLÉGIO INVESTIGADO
Analisando-se as respostas dos pesquisados, percebe-se que a questão da
indisciplina, presente em sala de aula, é também fator de preocupação, e até de
angústia, dos envolvidos no processo. Pode-se afirmar isso com base nas respostas
dadas nos questionamentos aplicados. Por meio de tais questionários,
questionamos acerca de quais os fatores que contribuem para a indisciplina em sala
de aula. O questionário foi aplicado a 90 estudantes, sendo estes de duas turmas do
nono ano do Ensino Fundamental e duas turmas do segundo ano do Ensino Médio.
Dos 90 alunos que preencheram o questionário proposto, 75 afirmam que a
desmotivação e o desinteresse são os fatores que mais geram indisciplina na sala
de aula. O segundo fator apontado pelos alunos como o responsável pela
indisciplina em sala é o elevado número de alunos em classe. Este fator foi
apontado por 25 entrevistados. Já a falta de preparo dos professores para ministrar
aulas aparece de forma significativa, sendo citada por 67 alunos. Também aparece
como aspecto relevante a falta de diálogo entre professores e alunos, tendo sido
esta causa apontada em 25 questionários.
O distanciamento entre a família e a escola foram citados em 18
questionários. A violência e a falta de amparo legal para as questões indisciplinares
são citados também, porém, de forma quase que insignificante, sendo citados por
somente 23 alunos. O distanciamento da família no ensino-aprendizagem e a falta
de amparo legal foram assinalados por 18 estudantes do Ensino Fundamental e por
17 estudantes do Ensino Médio.
Pode-se reafirmar, com base nas respostas obtidas por meio do questionário
aplicado aos estudantes, que o maior problema na visão dos alunos é a questão da
indisciplina propriamente dita, ou seja, a organização e/ou a motivação para os
estudos precisa ser encarada e assumida pelo próprio aluno.
Percebe-se, ainda, que os alunos têm clareza sobre a interferência da
indisciplina em seu desempenho em sala de aula, pois apenas seis alunos do
Ensino Fundamental e sete do Ensino Médio afirmam que a defasagem de
aprendizagem não é fator que intervém na indisciplina. Todos os demais, portanto,
reconhecem a interferência que a indisciplina produz sobre o ensino-aprendizado.
Ao serem questionados sobre o que é a indisciplina e/ou o que são atitudes
indisciplinares, as respostas foram voltadas à falta de educação e à falta de respeito
para com os colegas, professores e demais profissionais da educação. O respeito foi
citado por 37 alunos do Ensino Fundamental e por 24 alunos do Ensino Médio.
Muitos estudantes apontam para a necessidade de haver o respeito para com o
próximo para que ocorra a disciplina na sala de aula, disciplina esta necessária para
que os professores administrem aulas e os alunos tenham o direito de adquirir novos
conhecimentos.
Além da falta de respeito, foram citados o desinteresse, a bagunça, a falta
de autoridade do professor, o vandalismo e também, em alguns questionários, os
estudantes afirmam que os professores devem se preparar melhor para adentrarem
em sala de aula. Alguns estudantes afirmam que para que haja disciplina nas salas
de aula é necessário que tenham mais interesse pelas aulas e que lhes sejam
atribuídos mais limites que, por sua vez, devem ser dados pelos pais. Outros
estudantes afirmam ainda que os professores devem dialogar e ter maior “interação”
com pais e alunos e a família, esta deve fazer-se mais presente no entorno escolar.
No que se refere ao cumprimento das leis, se elas são eficientes ou não,
percebe-se que muitos atos de indisciplina são cometidos devido à falta de
penalidades e sansões para os envolvidos. Nota-se que no dia a dia da escola,
muitas vezes, atos infracionais são tratados como casos de desrespeito e/ou
indisciplina devido à falta de clareza das autoridades competentes (professores,
funcionários, diretores) sobre quais encaminhamentos deveriam ser tomados.
Alguns alunos sugeriram que haja a seleção de turmas, de modo que estas
fossem classificadas entre: disciplinados/estudiosos e indisciplinados. Comentam
também que os professores devem preparar melhor suas aulas para torná-las mais
interessantes e motivadas a fim de que sejam mais prazerosas.
Em relação à participação de todos na gestão escolar, 36 alunos
posicionaram-se favoravelmente à gestão compartilhada e 12 se posicionaram
contrários a ela. A maioria dos estudantes diz que, por meio da participação de
todos, haveria uma diversidade maior de ideias, podendo, desta forma, melhorar o
ambiente escolar; de modo que conclui-se que através da gestão compartilhada a
disciplina escolar seria melhor pois quando se participa da construção das normas
tem-se maior facilidade de respeitá-las e cumpri-las.
Entre os que não acreditam na viabilidade da gestão compartilhada, a
justificativa é de que nem todos tem o mesmo “nível” cultural e que nem todos são
dotados do mesmo discernimento, para saber o que é melhor para a escola.
Percebe-se que muitos até opinam, no entanto, seguem o que foi pré-estabelecido
pelos adultos, reproduzem o que ouvem e assimilam como verdade.
A grande maioria dos participantes da pesquisa compreendem o que é uma
gestão democrática, apesar de alguns não acreditarem na viabilidade desta forma
de gerenciamento, tal como podemos observar nesta firmação de um estudante do
Ensino Médio que participou da pesquisa: “No final das contas, nem todos possuem
o nível de cultura ou mesmo inteligência para tomar decisões essenciais para a
escola, por mais horrível que isso pareça”. Observamos que, para este estudante, é
necessário ter cultura e/ou inteligência para se tomar certas atitudes diante dos
fatos.
Acerca da intervenção da gestão democrática na indisciplina, dos 90 alunos
que participaram da pesquisa apenas nove dizem que a gestão compartilhada e/ou
democrática não interfere na questão da indisciplina. Percebe-se, com isso, que a
grande maioria dos alunos acredita que a construção de uma disciplina eficaz se
dará com a colaboração e participação de todos os envolvidos no processo. Para um
dos estudantes “as decisões tomadas em conjunto poderão trazer melhores
resultados [...]. Porque se todos estiverem envolvidos para o bem da escola, vai ter
disciplina e organização”.
Aplicou-se o questionário também para a direção do colégio, da qual obteve-
se o retorno de dois questionários. Com relação aos fatores que contribuem para a
indisciplina em sala de aula, ambos apontaram como sendo as suas principais
causas: o número excessivo de alunos em sala de aula, o distanciamento da família
no processo de ensino-aprendizagem, alunos com defasagem de aprendizagem,
casos de alunos desmotivados e desinteressados, a violência social e a falta de
amparo legal para penalizar os alunos infratores e/ou indisciplinados.
Levantou-se, além disso, a hipótese de que, devido ao trabalho dos pais, os
filhos ficam sozinhos ou com os avós, tornando-se displicentes e, por conseguinte,
sendo indisciplinados na escola devido à falta de limites e um maior
acompanhamento da família em suas vidas. Também sugeriram que haja leis mais
rígidas tanto para pais ausentes como para alunos indisciplinados. Para a direção do
colégio se todos os segmentos envolvidos participarem com afinco, os problemas
encontrados serão solucionados com maior facilidade.
A pesquisa envolveu ainda a Equipe Pedagógica, da qual seis profissionais
responderam aos questionamentos realizados. Dentre eles, dois concordam que o
número de alunos em sala é excessivo. Dentre os fatores geradores de indisciplina o
distanciamento da família foi apontado por quatro participantes da Equipe
Pedagógica; alunos com defasagem de aprendizagem foi apontado por três
participantes; alunos desmotivados e desinteressados foram apontados por quatro
participantes; a violência social foi mencionada por dois participantes; a falta de
amparo legal para as punições foi apontada por dois participantes; a falta de diálogo
entre professor e aluno foi apontada por quatro participantes e o despreparo de
professores foi mencionado por dois dos participantes da Equipe Pedagógica.
Os pedagogos que participaram da pesquisa afirmam que a indisciplina é o
elemento que mais prejudica o andamento das aulas, que provoca brigas e
discussões entre colegas, o desrespeito para com os professores e entre colegas.
Para os pedagogos, professores, direção, equipe pedagógica e os pais devem ter
maior firmeza na hora de orientar alunos indisciplinados. Enfatizam também a
importância de se ter aulas mais atrativas e cativantes. Em relação aos pais, os
pedagogos destacam que eles devem acompanhar de perto o desenvolvimento e a
vida escolar dos filhos, pois a escola necessita compartilhar a gestão, de modo a
envolver e responsabilizar todos os envolvidos.
Participar de uma gestão compartilhada, porém, é ter vez e voz. Uma boa
gestão da educação exercerá influência decisiva sobre a possibilidade de acesso às
oportunidades sociais na sociedade, de modo que a organização do trabalho
pedagógico na escola e sua gestão revelam seu caráter excludente ou includente.
A Associação de Pais, Mestres e Funcionários - APMF - sugere que para se
ter maior disciplina é necessário que o professor esforce-se para manter a
serenidade e ter domínio de conteúdo para ministrar suas aulas. Também afirma
que, se tivesse maior apoio familiar, maior cobrança da disciplina dos alunos,
acompanhamento psicológico e maior diálogo com os pais, os casos de indisciplina
seriam reduzidos.
A APMF, bem como, os agentes educacionais I e II salientam que o apoio
dos governantes é fundamental, pois é preciso que estejam cientes da importância
de se ter escolas integrais para que os jovens estejam na escola. Compete ao
governo, seja ele da esfera municipal, estadual ou federal, contratar agentes
educacionais, incentivar a capacitação dos professores a fim de que estes estejam
melhor preparados, viabilizar a presença de psicólogos, da patrulha escolar,
contratar um maior número de professores e ampliar as estruturas físicas a fim de
que a escola possa reduzir o número de alunos em sala. Destacam ainda que, no
intuito de conduzir as aulas nos parâmetros de disciplina idealizada, é importante
também ouvir os alunos indisciplinados e dar a eles a chance de se posicionarem
para que não se sintam marginalizados pela sociedade escolar.
Dos 90 questionamentos que foram encaminhados aos pais, obteve-se o
retorno de apenas 21 deles. Percebe-se, desta forma, que a família se ausenta dos
assuntos referentes à escola. Dentre os que deram retorno, observa-se que os
maiores problemas que acarretam a indisciplina, segundo os pais, são decorrentes
de fatores sociais, de famílias desestruturadas e da falta de religiosidade. Muitos
deles afirmam que a internet contribui para a falta de compromisso do aluno.
Os pais que responderam ao questionário sugerem que haja maior diálogo
entre escola e comunidade, redução do número de alunos na sala de aula, adoção
de regras claras e organização de um ambiente onde haja a cooperação entre
professores e alunos. Afirmam, ainda, que é dever da família auxiliar a escola a
superar os seus problemas. Os pais salientam também a importância de que todos
tenham acesso às decisões, que o Conselho Escolar consulte e fiscalize mais para
que, assim, possa ser analisado todo o processo da gestão escolar. A gestão
democrática, na visão dos pais, é a forma como se pode ensinar democracia aos
alunos.
Já o Conselho Escolar, órgão representativo da comunidade escolar, sugere
que para a construção de uma disciplina é necessário ações pedagógicas que
possibilitem conhecer e acompanhar a vida escolar do aluno através da valorização
da escola por parte de pais e alunos. Os membros do conselho escolar afirmam que:
Todos precisam saber o que está acontecendo na escola e dar opinião sobre questões que influenciam no cotidiano escolar, pois todos têm experiências para trocar e buscar uma educação de qualidade [...] Na escola temos o resultado de diversas manifestações sociais, possibilitando o acompanhamento da família e da comunidade e esta participação é dever de todos.
Para o Conselho Escolar, a decisão de uma pessoa que detém um cargo
pode interferir em toda a organização do ambiente escolar e, por este motivo,
acreditam que a gestão deva ser compartilhada, de modo que todas as questões
devem ser discutidas entre todos os envolvidos para buscar novas soluções que
viabilizem a melhoria do processo ensino-aprendizagem, e também da indisciplina.
Os professores que responderam ao questionário, por sua vez, dizem que os
fatores de indisciplina são diversos; porém, destacam que o número de alunos em
sala de aula é excessivo, pois, havendo um menor número, poderiam atender de
forma individualizada e, assim, melhorar a convivência entre o professor e o aluno.
Afirmam ainda que muitos alunos têm pouca perspectiva para o futuro e o
desconhecimento da importância da educação faz com que muitos tornem-se
indisciplinados.
Para os 20 professores que responderam ao questionário, a falta de respeito
e de limites são apontados como as principais causas da indisciplina e enfatizam
que a indisciplina na escola é reflexo da ausência de limites e educação em suas
casas. Segundo os professores, deve haver maior cobrança aos estudantes por
parte de seus pais, assim como deve também haver maior cobrança da escola aos
pais, para que estes acompanhem mais de perto a vida escolar dos filhos, o que
resultaria uma maior valorização da educação por parte de todos. Também
destacam que há necessidade de se construir os regulamentos que regem o
ambiente escolar e a sala de aula em conjunto com os estudantes, para que cada
um conheça e respeite as normas que eles próprios auxiliaram na elaboração.
Planejar bem as aulas, com atividades diversificadas e de interesse dos alunos,
também foi sugerido pelos professores como meio de conseguir-se melhor disciplina
em sala de aula.
Os professores que responderam ao questionário solicitam a presença da
direção e da equipe pedagógica nas salas de aula, amparando mais os professores,
orientando os alunos e exigindo deles maior comprometimento e realizando reuniões
frequentes com os pais. Para eles, essas seriam ações de grande valia na execução
do fazer escolar, bem como que haja a punição com maior rigor para alunos
indisciplinados e que sejam chamados os pais na escola para que tomem ciência de
ações indisciplinares.
Quanto à gestão participativa, todos os 20 professores acreditam que esse
seja o caminho que deverá ser seguido, pois, se ações isoladas não geram
soluções, deve-se então buscar ações conjuntas, de modo que as decisões tomadas
em consonância com todas as esferas hão de garantir melhor disciplina e,
consequentemente, melhor aprendizagem.
A valorização da gestão autodeterminada e autônoma, capaz de prestar
contas de sua responsabilidade, sustenta-se no desenvolvimento da capacidade da
escola de se auto avaliar e de assumir iniciativas orientadoras das dimensões e
aspectos em que melhorias são necessárias e o que deixa de funcionar precisa ser
imediatamente assumido, de modo a garantir melhor cumprimento das
responsabilidades sócio educacionais.
Por fim, afirmam que uma escola que não é capaz de interagir com sua
comunidade, não ouve pais, alunos, professores e funcionários, deixa brechas para
que ocorra a indisciplina. O grande desafio que se propõem é melhorar a disciplina
em sala de aula, bem como formar cidadãos plenos de conhecimento e
responsabilidade para que possam ver, no exercício da cidadania, a única forma de
reverte-se a situação da educação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na pesquisa realizada no Colégio Estadual Dom Manoel Könner vimos que
vários fatores foram citados como causadores da indisciplina escolar, e também
possíveis soluções foram apontadas nesta pesquisa. Observamos que a maioria dos
questionados sabem conceituar a gestão democrática e estão cientes da sua
importância dentro do processo de ensino-aprendizagem. Com esta pesquisa foi
enfatizado pelos participantes que sozinha a escola logrará atingir uma educação no
nível desejado, de modo que a presença da família na escola é fator essencial para
a resolução de tantos conflitos enfrentados hoje pela educação. Por isso, é
necessário pensar em projetos, estratégias que possam cativar a família a participar
da vida escolar de seus filhos.
É necessário que reconheçamos que estamos interagindo com alunos que
apresentam pensamentos, comportamentos e atitudes diferentes se comparado aos
alunos de tempos atrás, ou seja, com os quais a escola estava habituada a lidar. Em
relação aos professores novos, aos alunos idealizados e aos que são, de fato,
encontrados nas salas de aulas, há grandes diferenças. Devemos estar preparados
para um novo momento, momento este que exige que seja repensada a prática
pedagógica e que esta se torne condizente com as crianças e adolescentes que se
encontram hoje no ambiente escolar.
Espera-se que a escola possa desenvolver um ensino-aprendizagem que
venha ao encontro das expectativas dos nossos educandos, dando-lhes bases
necessárias para continuarem seus estudos e, consequentemente, possam estar
inseridos no contexto social, político e econômico do nosso país.
É importante repensar a teoria e a prática dentro do contexto escolar
também no sentido de priorizar a presença de todos os envolvidos na comunidade
escolar a fim de que sejam divididas as responsabilidades no interior da escola.
Gestão Democrática torna-se, assim, sinônimo de participação de todos os
envolvidos no processo de escolarização.
A escola pública deverá contribuir efetivamente para reivindicar os interesses
coletivos de igualdade e justiça social, fazendo com que as Instâncias Colegiadas
exerçam com competência e democracia as funções a elas determinadas através de
seus representantes. Vejamos, então, quais são as competências de algumas das
Instâncias Colegiadas que compõem a gestão escolar:
• Conselho Escolar: é o órgão máximo de decisão no interior da escola.
Tem a finalidade de promover a articulação entre os vários segmentos do
colégio, a fim de garantir a eficiência e a qualidade de seu funcionamento;
• Associação de Pais, Mestres e Funcionários: órgão de representação dos
pais, professores e funcionários e tem por objetivo colaborar na assistência do
educando, no aprimoramento do ensino e na integração família-colégio-
comunidade;
• Grêmio Estudantil: é o órgão que representa o corpo discente,
defendendo os interesses individuais e coletivos dos alunos, como também
incentivando a cultura literária, artística e desportiva.
O Projeto Político Pedagógico deve ser construído com a participação de
todos, de modo que as decisões devem ser de responsabilidade do gestor, equipe
pedagógica, coordenação, professores, alunos, pais e funcionários.
Com o ingresso nas escolas públicas das camadas sociais menos
favorecidas e a ida da classe média para a rede privada, a escola, que continua
trabalhando com os conteúdos e estratégias da mesma maneira para outra clientela,
perdeu a sua “competência” disciplinar. Diante disso, nos questionamos se a forma
como a escola está trabalhando ou se a mudança de nível social do púbico ao qual
ela atende se configurariam como causas da indisciplina escolar.
Por fim, vimos que a Gestão Democrática e participativa pode vir a
apresentar resultados que contribuam para transformar a escola em um espaço
fecundo para a construção do conhecimento. Esta interação é determinante na
construção da escola cidadã, onde todos são chamados ao envolvimento e a busca
da superação das dificuldades apresentadas, criando novas possibilidades de uma
boa educação que tenha os objetivos sociais, culturais e políticos.
Para que a ação educativa seja significativa é necessário que haja um
objetivo explícito por parte daqueles que idealizam e executam o processo de
ensino-aprendizado. Por vezes, na sistematização da prática pedagógica se ensina
o “conteúdo pelo conteúdo”, sem que o aluno perceba a utilização social do mesmo.
Para Vasquez (2007, p. 242). “O conhecimento verdadeiro é útil na medida em que,
com base nele, o homem pode transformar a realidade.”
Enfim, pudemos observar por meio desta pesquisa que nem todos os
problemas serão resolvidos pela escola, e que ela é sempre uma representação,
mais ou menos fiel, da sociedade na qual está inserida e da qual os seus alunos
fazem parte. A questão da disciplina perpassa por uma sociedade mais justa e
solidária e não pertence apenas à escola. Em relação à vinda da classe
trabalhadora, é necessário compreender-se que esta deve ser uma luta por uma
escola realmente gratuita e de qualidade, isto é, sendo necessário receber a classe
trabalhadora de forma a socializar com competência o conhecimento clássico e
universal que deve ser direito de todos, independentemente da classe social a qual
pertença.
REFERÊNCIA
AGUIAR, Márcia Ângela da S. Aguiar; FERREIRA, Laura Syria Carapeto (orgs). Para onde vão a orientação e a supervisão educacional? 5ª ed. São Paulo: Editora Papirus, 2002.
AQUINO, Júlio R. Groppo. A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento. In: Indisciplina na Escola: alternativas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. p. 39-55.
_____. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São Paulo: Moderna, 2003.
_____. Autoridade e autonomia na escola alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999.
_____. Indisciplina na escola alternativa teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.
ARROYO, Miguel. Imagens quebradas- Trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2004.
BRASIL/LDBEN nº 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, MEC, 1996.
BASTOS, Baptista João (org). Gestão Democrática. 2a ed. Rio de Janeiro: DP & A Sepé, 2001.
CANDAU, Vera M. et al. Escola e Violência. 2a ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. 9a ed. São Paulo: Cortez, Brasília; MEC, UNESCO, 2004.
_____. (org) Educação para o séc. XXI. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2005.
DESLANDES, Suely Ferreira. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 28ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
DOURADO, Luis Fernandes. Gestão da Educação Escolar. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação à Distância, 2006.
ENGUITA, Mariano. A Face Oculta da Escola: Educação e trabalho no Capitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia no Brasil: a Gestão Democrática da educação com Gérmen da Formação. In: Educ. soc. Campinas: Vol. 27. Nº97, p. 1341-1358, set/dez 2006.
Disponível em: <www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 15 fev. 2011.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org). Gestão Demócratica da educação: atuais tendências, novos desafios. 2a ed. São Paulo. Cortez, 2000.
FILHO, Octacílio Sacerdote. Ato de Indisciplina e Ato Infracional. Ensaio, Faxinal do Céu, PR.
FRANCO, Francisco Carlos. A indisciplina na escola e a coordenação pedagógica. In: O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, "saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra S.A, 1996.
_____. A pedagogia da Autonomia, saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A. 2002.
GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E. Autonomia da Escola: princípio e propostas. Cortez, 2004.
GIANCATERINO, Roberto. Escola, professor, aluno. Os participantes do processo educacional. São Paulo: Madras, 2007.
GOTZENS, Concepción. Trad. Fátima Murad. A disciplina escolar. 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão Democrática nos sistemas e na escola. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
JUSTEN, Chloris Casagrande, O Estatuto da criança e do adolescente e a Instituição Escolar. Promoção Secretaria do Estado de Educação e Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência.
KARLING A.A. A didática necessária. São Paulo: Ibrasa,1991.
LAJONQUIÉRE, L. A criança “sua” (in) disciplina e a psicanálise. In AQUINO, Julio Gropa (org). Indisciplina na escola. São Paulo: Summus,1996.
LÖWY, M. Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista. 14a ed. São Paulo: Cortez, 2000.
LÜCK, Heloisa, et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 4a edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
NERECI, I. Didática: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1989.
OLIVEIRA, Dalila Andrade de. Gestão Democrática da educação: desafios contemporâneos. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
PARRAT-DAYAN, Silva. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo: Contexto, 2008.
PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1998._____. Administração Escolar: introdução crítica. São Paulo: Cortez, 1986.
_____. Escritos sobre a Educação. 1a Ed. São Paulo: Xamâ, 2001.
_____. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Ática, 1997.
REBELO, Rosana Aparecida Argento. Indisciplina Escolar: causas e sujeitos: a educação problematizadora como proposta real de superação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
Revista Nova Escola. Gestão Escolar. Indisciplina se combate com democracia. São Paulo: no. 12, p.20. Fev-março, 2011.
SÁNCHEZ, Vásques Adolfo. Filosofia da Práxis. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
SAVIANI, Demerval. Sentido da Pedagogia e papel do pedagogo. In: Revista da Ande, São Paulo, nº 09, p. 27-28, 1985.
SILVA, Nelson Pedro. Ética, indisciplina & violência nas escolas. Nelson Pedro Silva. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004.
SNYDERS, Georges. Alunos Felizes: reflexão sobre a alegria na escola a partir de textos literários. Paz e Terra, 1993.
_____. A Alegria na Escola. São Paulo: Editora Manole Ltda., 1988.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. 11a ed. São Paulo: Cortez, 2002.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. (In) Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 16ª ed. São Paulo: Libertad editora, 2006. (Cadernos Pedagógicos da Libertad, v.4).
_____. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. Disponível em http://www.ermariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_28_p227-252_c.pdf>. Acesso em: 2011.
_____. Disciplina. São Paulo: Libertad, 1993.
_____. Superação da lógica classificatória e excludente da avaliação: do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem. 3a ed. São Paulo: Libertad, 2000.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro; RESENDE Lúcia Maria Gonçalves de. (orgs). Escola: espaço do projeto Político Pedagógico. 2 a edição, Campinas: Papirus, 2000.
WALLON, H. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Estampa, 1975.
ZAVASCHI, M. S. A televisão e a violência: impacto sobre a criança e o adolescente. Porto Alegre, 1998a.
_____. Uma força a ser utilizada. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psiq/vio_forc.html, 1998>. Acesso em: 18 fev. 2011.