Folheto1

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Dia Escolar da Não Violência e da Paz 30 de Janeiro BE/CRE - 2011 Prémio Nobel da Paz 2010 Liu Xiaobo «Eu não tenho inimigos, nem odeio ninguém. Nem os polícias que me vigiaram, prenderam e me interrogaram, nem os advogados que me pro- cessaram, nem os juízes que me condenaram, são meus inimigos. Embora eu não possa acei- tar a vigilância, prisão, processos ou condena- ção, respeito as suas profissões e as suas perso- nalidades. O ódio corrói a consciência e sabedo- ria das pessoas; a mentalidade de hostilidade pode envenenar o espírito de uma nação, incitar a uma vida violenta e a conflitos de morte, des- trói a tolerância e humanidade de uma socieda- de, e bloqueia o progresso de uma nação na sen- da da liberdade e democracia. Contudo, eu tenho esperança de conseguir transcender as minhas vicissitudes […] de denunciar a hostilidade do regime com a melhor das intenções, e de acabar com o ódio através do amor. Eu não me sinto culpado por seguir os meus direitos constitucionais e o direito de liberdade de expressão, e por exercer em pleno a minha responsabilidade social como cidadão chinês. Mesmo que esteja acusado por causa disso, não tenho queixas. A reforma política da China deve ser gradual, pacífica, ordenada e controlável, e deve ser inte- ractiva, desde cima a baixo e de baixo a cima. […] Por isso oponho-me a sistemas de governo que sejam ditaduras ou monopólios. Isto não é inci- tar à subversão do poder do Estado. Oposição não é equivalente a subversão.» Tel: 234793774 Fax: 234792643 http://www.esvagos.edu.pt/ Avenida Padre Alírio de Mello 3840-404 VAGOS As interrogações de Liu Xiaobo Escola Secundária de Vagos

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Page 1: Folheto1

Dia Escolar da

Não Violência

e da Paz

30 de Janeiro

BE/CRE - 2011

Prémio Nobel da Paz

2010

Liu Xiaobo

«Eu não tenho inimigos,

nem odeio ninguém. Nem

os polícias que me vigiaram, prenderam e me

interrogaram, nem os advogados que me pro-

cessaram, nem os juízes que me condenaram,

são meus inimigos. Embora eu não possa acei-

tar a vigilância, prisão, processos ou condena-

ção, respeito as suas profissões e as suas perso-

nalidades. O ódio corrói a consciência e sabedo-

ria das pessoas; a mentalidade de hostilidade

pode envenenar o espírito de uma nação, incitar

a uma vida violenta e a conflitos de morte, des-

trói a tolerância e humanidade de uma socieda-

de, e bloqueia o progresso de uma nação na sen-

da da liberdade e democracia.

Contudo, eu tenho esperança de conseguir

transcender as minhas vicissitudes […] de

denunciar a hostilidade do regime com a melhor

das intenções, e de acabar com o ódio através

do amor.

Eu não me sinto culpado por seguir os meus

direitos constitucionais e o direito de liberdade

de expressão, e por exercer em pleno a minha

responsabilidade social como cidadão chinês.

Mesmo que esteja acusado por causa disso, não

tenho queixas.

A reforma política da China deve ser gradual,

pacífica, ordenada e controlável, e deve ser inte-

ractiva, desde cima a baixo e de baixo a cima.

[…]

Por isso oponho-me a sistemas de governo que

sejam ditaduras ou monopólios. Isto não é inci-

tar à subversão do poder do Estado. Oposição

não é equivalente a subversão.»

Tel: 234793774

Fax: 234792643 http://www.esvagos.edu.pt/

Avenida Padre Alírio de Mello

3840-404 VAGOS

As interrogações

de Liu Xiaobo

Escola Secundária de Vagos

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Liu Xiaobo nasceu em Changchun, na província de Jilin, em 1955, numa famí-lia de intelectuais, a 28 de dezembro de 1955. É um crítico literário, escri-tor, professor, intelectual e activista pelos direitos humanos e por reformas na República Popular da China.

Anos 80 – Liu Xiaobo tornou-se conhe-cido no meio académico após escrever uma série de teses criticando a filoso-fia de Li Zehou. Finais de 80 – professor convidado em várias universidades fora da China, como as Universidades de Colômbia, Oslo e Havai. Em 1989 – quando os Protestos da

Praça Tian An Men ocorreram, Liu estava fora do país, mas voltou à China para se juntar ao movimento. 10 de Dezembro de 2010 – Entre crí-ticas ao regime chinês e ovações a Liu Xiaobo, repetiram-se na cerimónia de atribuição do Nobel da Paz os apelos à libertação do dissidente e à democrati-zação na China.

Liu tem sido, acima de tudo, crítico do Par-tido Comunista da China e alcançou fama com o Manifesto que o levou de imediato para trás das grades: a Carta de 2008, um documento de apoio aos direitos humanos e às reformas democráticas na China, con-tra a repressão do regime, que recebeu milhares de assinaturas pelo mundo fora.

Liu Xiaobo foi nomeado Prémio Nobel da

Paz de 2010, distinguido pela sua luta pela

liberdade, uma notícia muito censurada na

China. Por se encontrar preso em Pequim e

impedido de se fazer representar na ceri-

mónia de entrega do prémio Nobel da Paz,

deixou a sua cadeira vazia em Oslo a 10 de

Outubro de 2010, onde o comité norueguês

colocou a medalha e o diploma que o aca-

démico chinês receberia se estivesse pre-

sente.

Retalhos da Vida de um Nobel da Paz

Biografia Activista Político Poeta «A poesia é por vezes excessivamente direc-ta, sendo mera reprodução de um lamento, de uma atitude. A poesia, segundo os princí-pios pelos quais a concebo, deve ser mais do que isso. Deve ser a busca por aquilo que esta ínsito, aquilo que os olhos não vêem mas o coração sente, a invenção de uma lingua-gem que adivinha todas as compreensões do mundo. »

Liu Xiaobo

UM PEQUENO RATO NA PRISÃO para a pequena Xia um pequeno rato passa através das barras de ferro, anda para trás e para a frente no parapeito da janela, os muros sem casca vigiam-no, os mosquitos cheios de sangue vigiam-no, ele até desenha a lua do seu céu, a sombra de prata que desencoraja a beleza como se esta voasse um homem muito nobre o rato esta noite, não come nem bebe nem range os dentes quando olha fixamente com olhos cintilantes e dissimulados passeando ao luar.

Liu Xiaobo