Filosofos pré-socraticos

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................. 3 2 DESENVOLVIMENTO............................................4 2.1 Contexto Histórico......................................4 2.2 Vida e obra.............................................5 2.2.1 Tales de Mileto.....................................5 2.2.2 Anaximandro......................................... 6 2.2.3 Anaxímenes.......................................... 7 2.2.4 Xenófones........................................... 8 2.2.5 Heráclito........................................... 9 2.2.6 Pitágoras.......................................... 10 2.2.7 Parmênides......................................... 12 2.2.8 Zenão de Eléia.....................................12 2.2.9 Melisso de Samos...................................13 2.2.10 Anaxágoras de Clazômena...........................15 2.2.11 Empédocles de Agrigento...........................16 2.2.12 Leucipo........................................... 17 2.2.13 Demócrito......................................... 18 2.3 Princípios filosóficos e principais teorias............20 2.3.1 Escola Jônica......................................20 2.3.2 Escola Eleata......................................21 2.3.3 Escola Pitagórica..................................22 2.3.4 Escola de Pluralidade ou Jônica Posterior..........25 3 CONCLUSÃO................................................. 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................27

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................3

2 DESENVOLVIMENTO........................................................................................................42.1 Contexto Histórico............................................................................................................42.2 Vida e obra........................................................................................................................5

2.2.1 Tales de Mileto..........................................................................................................52.2.2 Anaximandro..............................................................................................................62.2.3 Anaxímenes................................................................................................................72.2.4 Xenófones..................................................................................................................82.2.5 Heráclito.....................................................................................................................92.2.6 Pitágoras...................................................................................................................102.2.7 Parmênides...............................................................................................................122.2.8 Zenão de Eléia..........................................................................................................122.2.9 Melisso de Samos....................................................................................................132.2.10 Anaxágoras de Clazômena.....................................................................................152.2.11 Empédocles de Agrigento......................................................................................162.2.12 Leucipo..................................................................................................................172.2.13 Demócrito..............................................................................................................18

2.3 Princípios filosóficos e principais teorias.......................................................................202.3.1 Escola Jônica............................................................................................................202.3.2 Escola Eleata............................................................................................................212.3.3 Escola Pitagórica......................................................................................................222.3.4 Escola de Pluralidade ou Jônica Posterior...............................................................25

3 CONCLUSÃO......................................................................................................................26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................27

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho objetiva esclarecer abordagens a respeito dos filósofos pré-

socráticos, que a princípio foram nomeados desta maneira por que surgiram antes de Sócrates,

porém, isto não é totalmente verídico. Na verdade, os pré-socráticos foram assim batizados

mais por sua forma de pensar do que pelo período histórico em que viveram. Embora seja

verdade que a grande maioria dos filósofos pré-socráticos viveram antes de Sócrates, alguns

deles foram contemporâneos a ele e alguns vieram após sua morte.

A diferença entre os pré-socráticos e os filósofos que viriam depois é o enfoque de

sua filosofia, ou seja, os pré-socráticos se concentravam em explicar qual é a origem de todas

as coisas, qual era o princípio explicativo e causador das mesmas.

Esse princípio explicativo, era o elemento primordial (arqhé). Pelo fato de sua filosofia se

focar completamente na natureza, os pré-socráticos também eram chamados de naturalistas ou

filósofos da natureza.

Para Tales, o princípio explicativo de todas as coisas era a água. Anaximandro por

sua vez dizia ser o apeíron (o ilimitado) tal elemento primordial, já Anaxímenes pensava que

a origem de todas as coisas teria de ser o ar (pneuma), enfim, cada filósofo tinha uma visão

própria a respeito da arqué. Heráclito de Éfeso, considerado introdutor da dialética (da Escola

Jônica) tomou o fogo como elemento primordial. Além disso baseava-se no fato de que tudo

no Universo está em constante mudança, em movimento, para justificar seu pensamento, ou

seja, era um defensor do mobilismo, corrente que entrou em choque com o monismo

defendido pelo filósofo Parmênides (da Escola Italiana), considerado o pensador do Ser, além

de inaugurar a metafísica. Zenão se destacou entre os filósofos pré-socráticos, principalmente

devido aos paradoxos.

Conhecer a história dos filósofos pré-socráticos, ou seja, sua origem, sua vida e

obra, bem como suas Escolas, principais teorias e correntes por eles defendidas, é sem dúvida

essencial para que se possa conhecer um pouco mais a respeito da filosofia; uma forma de

pensamento que nasce na Grécia e está presente até hoje em nossas discussões cotidianas. Na

filosofia tudo pode ser posto em questão, a discussão por sua vez está sempre em aberto, a fim

de que se aperfeiçoe a atitude crítica.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Os filósofos pré-socráticos, também chamados naturalistas ou filósofos da physis,

foram responsáveis pelo surgimento da primeira corrente de pensamento da história, ou seja, o

surgimento da filosofia, com destaque ao desenvolvimento do pensamento filosófico-

científico, que promoveu a ruptura com o pensamento mítico-religioso (que apelava ao

mistério, ao sobrenatural, à magia), visto que a sociedade grega começava a sofrer

transformações significativas, tornando-se importante as atividades políticas e as trocas

comerciais . O período também é caracterizado pelo surgimento das cidades-estados ou pólis,

pela emigração e pela fundação de colônias gregas em outras regiões. Em Atenas ressalta-se o

governo de Sólon, que aboliu a escravidão por dívida e libertou todos os devedores.

Realizaram-se as reformas que implementaram a democracia ateniense (escravista);

contribuiu para tal, o governo de Clístenes, que deu continuação às reformas de Sólon. Essas

reformas deram direito à participação política por todos os cidadãos, lembrando que o

conceito de cidadão era bastante restrito.

O período pré-socrático, iniciou-se por volta do século VI a.C e estendeu-se por

dois séculos aproximadamente, terminando nos fins do século V a.C. Tal período surge fora

da Grécia (propriamente dita), ou seja, brotou das colônias gregas da Ásia Menor, Jônia

(colônia fundada na costa asiática da Grécia por antigos micênicos, que ali se refugiaram das

invasões dóricas) e Itália Meridional, da Sicília. Tales de Mileto é considerado o primeiro

filósofo, e o pensamento filosófico surgiu não nas cidades do continente grego como Atenas,

que terá seu período áureo posteriormente, Esparta, Tebas ou Micenas, mas nas colônias

gregas do Mediterrâneo oriental, no mar jônico, no que hoje é a península da Anatólia na

Turquia. Os pré-socráticos se originaram em Mileto, Éfeso, Samos, Clazômena, Crotona,

Tarento, Eléia, Agrigento e Trácia.

Dentre essas colônias, se destacaram Mileto e Éfeso, que foram importantes

portos e entrepostos comerciais. As colônias gregas do mar Jônico eram então cidades

cosmopolitas onde predominava o pluralismo cultural, com a existência de várias línguas,

tradições, mitos e cultos. O contato comercial e cultural muito intenso com outros povos,

nesse período, trouxe ao mundo grego uma variedade de idéias que passaram a ser

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confrontadas com o pensamento tradicional. Isso envolveu a entrada de novas concepções

religiosas, políticas, filosóficas, científicas. O aparecimento de uma classe econômica

poderosa, através do comércio, enfraqueceu a antiga aristocracia. O fato de cada povo ter sua

maneira de enxergar o mundo, assim como os valores e tradições, também pode ter

contribuído para que o pensamento mítico-religioso fosse perdendo progressivamente a sua

importância, dando espaço às novas idéias defendias pelo pré-socráticos.

São chamados também de filósofos da natureza, pois investigaram questões

pertinentes a esta; para eles, a explicação do mundo de nossa experiência estaria nele próprio

e não em algum lugar inatingível, abstrato. Romperam assim, com a visão mítica e religiosa

da natureza que prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar. O legado

desses primeiros filósofos que nos chega aos dias de hoje são apenas fragmentos de suas obras

e doxografia (em que apresenta o pensamento de um filósofo, nas palavras de outro).

Para fins didáticos enfoca-se principalmente na divisão do período pré-socrático

em escolas, do que em suas fases de desenvolvimento. As escolas são determinadas bastante

pela diferença de região, mas também pela diretriz doutrinária. No Oriente grego as escolas

são mais empiristas ou racionalistas moderadas, já as do Ocidente (ou Itália), são mais

racionalistas, como também racionalistas radicais. A divisão pelos autores é importante na

filosofia pré-socrática, por causa do caráter fragmentário das informações e dúvida sobre

muitas de suas idéias. Passou desta forma, a organizar os filósofos pré-socráticos,

distribuindo-os pela seqüência cronológica e suas respectivas escolas.

2.2 VIDA E OBRA

2.2.1 TALES DE MILETO

Nenhum escrito de Tales sobrevive, nem há fontes contemporâneas a seu respeito.

As realizações que lhe são atribuídas baseiam-se em referências tardias ou em lendas

mantidas pela tradição. Segundo Heródoto, Tales foi um estadista de visão que advogou a

federação das cidades jônicas da região do Egeu. Segundo Aristóteles, foi ele o primeiro a

afirmar que a água era a substância fundamental do universo e de toda a matéria.

Considerado o primeiro filósofo grego, Tales nasceu por volta de 625 a.C. em

Mileto, onde teria, como um dos sete sábios, fundado a escola que conserva o nome de sua

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cidade natal. Já se pretendeu ver, na escola de Mileto, quer dizer, em Tales, Anaximandro e

Anaxímenes, a expressão mais autêntica do espírito jônico, ao qual se oporiam os eleatas,

representantes do espírito dórico. A nova concepção de mundo dos milésios denominou-se

logos, palavra grega que significa razão, palavra ou discurso. As características do logos, que

o contrapõem ao pensamento mítico, são a imanência (oposta à transcendência), o naturalismo

e o abandono do antropomorfismo. Esboçou-se assim a primeira tentativa de explicar

racionalmente o universo, sem recorrer a entidades sobrenaturais.

Os filósofos da escola de Mileto eram homens de saber prático, acostumados a

viajar, dedicados à política e ao trabalho intelectual. A partir de fatos particulares,

conceituaram a realidade como um todo organizado e animado. Diante da multiplicidade e da

mutabilidade das aparências, buscavam um princípio unificador imutável, ao qual chamaram

arké -- origem, substrato e causa de todas as coisas. Em geometria, atribui-se a Tales a

invenção de cinco teoremas. Diz-se também que ele usou seus conhecimentos geométricos

para medir as pirâmides egípcias e para calcular a distância entre navios no mar e a costa.

Referências como essas, ainda que às vezes possam não corresponder à verdade, ilustram

todavia a reputação que o cercava.

Tales teria sido um precursor do pensamento científico ao substituir a explicação

mítica da origem do universo pela explicação física de sua cosmologia baseada na água. Para

ele, a água era o princípio formador da matéria porque o que é quente precisa da umidade para

viver, o morto se resseca, todos os germes são úmidos e os alimentos estão cheios de seiva. É

natural que as coisas se nutram daquilo de que provêm. A água é o princípio da natureza

úmida, que entretém todas as coisas, e a terra repousa sobre a água.

As combinações se fazem pela mistura e pela mudança dos elementos, e o mundo

é um só. A esfera do céu está dividida em cinco círculos, ou zonas: ártica, trópico de verão,

equador, trópico de inverno e antártica. Primeiro astrônomo a explicar o eclipse do Sol, ao

verificar que a Lua é iluminada por esse astro, Tales de Mileto, segundo o historiador grego

Diógenes Laércio, morreu com 78 anos durante a 58ª Olimpíada (548-545 a.C.).

2.2.2 ANAXIMANDRO

Filósofo grego pré-socrático, Anaximandro de Mileto é considerado o fundador da

astronomia e o primeiro pensador a desenvolver uma cosmologia, ou visão filosófica

sistemática do mundo.

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Nascido em Mileto no ano 610 a.C., foi discípulo de Tales, o fundador da "escola

de Mileto". Teria escrito tratados sobre geografia, astronomia e cosmologia, que perduraram

por vários séculos. Racionalista que prezava a simetria, utilizou proporções geométricas e

matemáticas na tentativa de mapear o céu, abrindo o caminho para astrônomos posteriores.

Em sua teoria, o mundo derivava de uma substância imponderável, denominada apeiron

(ilimitado), matéria eterna e indestrutível, que precedeu a "separação" em contrários, como

quente e frio, seco e úmido, representando assim a unidade primordial por trás da aparente

diversidade dos fenômenos. Todos os elementos antagônicos estavam contidos no apeiron,

que não tinha princípio porque não tinha fim.

São-lhe atribuídas a descoberta da obliqüidade da eclíptica, e a invenção do

quadrante solar e dos mapas geográficos. Antecipou a teoria evolucionista, com hipóteses

sobre a transformação de espécies inferiores em superiores. Afirmava que a Terra permanecia

em sua posição sem suporte no centro do universo porque não tinha motivo para se mover em

nenhuma direção, mantendo-se em repouso.

De seus numerosos trabalhos, só subsistiu a frase que considera o surgimento de

substâncias individuais (água, fogo) como uma "injustiça" para a qual os deuses exigiam uma

"reparação"; por isso, nem o frio nem o calor são permanentes. Anaximandro de Mileto teria

morrido por volta de 546 a.C.

2.2.3 ANAXÍMENES

Filósofo grego pré-socrático, Anaxímenes de Mileto considerava o aer o princípio

constitutivo de todas as coisas e, com sua teoria sobre condensação e rarefação, contribuiu

para o avanço do pensamento científico.

Anaxímenes nasceu e viveu em Mileto no século VI a.C. e, com Tales e

Anaximandro, formou o trio de pensadores tradicionalmente considerados os primeiros

filósofos do mundo ocidental. De seus tratados só subsistiram citações em obras de autores

subseqüentes, daí os conflitos na interpretação de suas idéias.

Para ele, o aer (ar) era o elemento primordial, de que todas as coisas resultavam e

a que retornavam, por um duplo movimento de condensação e rarefação. Os graus de

condensação correspondiam às densidades de diversos tipos de matéria. Quando distribuído

mais uniformemente, o aer era o ar atmosférico invisível. Pela condensação, tornava-se

visível, a princípio como névoa ou nuvem, em seguida como água e depois como matéria

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sólida -- terra e pedras. Se fosse mais rarefeito, transformava-se em fogo. As aparentes

diferenças qualitativas em substância seriam devidas a meras diferenças quantitativas.

Observador sagaz, descreveu o brilho fosforescente de um remo ao tocar a água e

afirmou que o arco-íris não era uma deusa, mas o efeito dos raios de sol sobre um ar mais

denso.

2.2.4 XENÓFONES

Xenófanes escreveu em versos sua oposição às idéias de Tales, Anaximandro e

Anaxímenes. Chegaram até nós diversos de seus versos e de suas idéias filosóficas. Delas

podemos destacar seu combate ao antropomorfismo (atribuir aos deuses formas e sentimentos

humanos) que ele expressa especialmente contra os poemas de Homero e Hesíodo. Ele dizia

que se os animais tivessem o dom da pintura eles iriam pintar seus deuses com formas

animais. "Homero e Hesíodo atribuíram aos deuses tudo aquilo que para os homens é objeto

de vergonha e baixeza: roubar, praticar adultério e enganar-se...  os mortais consideram que os

deuses nasceram, e que possuem roupas, vozes e corpos como os seus...  os Etíopes acreditam

que seus deuses possuem narizes achatados e que são negros; e os Trácios que os seus deuses

possuem olhos azuis e cabelo vermelho... mas se os bois, cavalos e leões tivessem mãos e

soubessem desenhar... os cavalos desenhariam figuras de deuses semelhantes a cavalos, os

bois semelhantes a bois." Ele queria com isso mostrar que o verdadeiro deus é único, absoluto

e tem pouca semelhança com os homens, com seus pensamentos ou com as diversas

representações feitas dele. Esse deus único é diretamente ligado ao cosmos, ele tudo vê, pensa

e ouve e com a força do seu pensamento faz tudo vibrar, ele está sempre no mesmo lugar e

não se move pois não é próprio de um deus estar hora em um lugar e depois noutro.

Xenófanes era de Colofão mas viajou por diversos lugares das colônias gregas

itálicas. Ele recitava seus poemas como um filósofo andarilho, além de criticar o

antropomorfismo ele defendia a sabedoria e os prazeres vividos socialmente mas sem

excessos. Ele era um pensador independente e acreditava que da terra é que surgiam as coisas.

A terra é o princípio das coisas que são feitas de terra e água, inclusive o homem.

Moralmente o filósofo destaca como superiores os valores da inteligência e da

sabedoria sobre os valores da força física, que era muito valorizada pelos gregos da época e

tinha no atleta o seu representante. Para Xenófanes o que torna melhor os homens e as cidades

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(polis) em que eles vivem é a força da inteligência e da sabedoria. Tudo vem da terra e para

ela volta.

2.2.5 HERÁCLITO

Os modernos historiadores do pensamento grego costumam tratar Heráclito como

o primeiro filósofo a propor uma visão dialética do mundo. No século XIX, Hegel apontou-o

como um precursor de suas próprias concepções.

Heráclito nasceu em Éfeso, por volta de 540 a.C. Ridicularizava os cultos e ritos

de seu povo e, por ter um estilo de difícil compreensão, foi cognominado "o obscuro". Da

obra que lhe é atribuída, restam apenas alguns fragmentos do livro Peri physeos (Da

natureza), que se dividiria em três partes: o universo, a política e a teologia.

As histórias da filosofia apresentam Heráclito como um dos pensadores pré-

socráticos, de posições opostas às de Parmênides. Se este era o filósofo do ser, Heráclito era o

do vir-a-ser, do devir. Para ele, tudo está em contínuo movimento, tudo flui. Ninguém se

banha duas vezes no mesmo rio, porque tanto a água como o homem mudam

incessantemente. Na interpretação de pensadores do século XX, no entanto, não há efetiva

oposição entre Heráclito e Parmênides, já que o primeiro fala do cosmo em mudança

incessante, ao passo que o segundo se refere ao ser supracósmico, o princípio supremo

subtraído à mudança, que coincide com o logos de Heráclito.

Todas as coisas constituem o um, que, submetido a uma tensão dialética interna,

desabrocha por sua vez no múltiplo, que se reduz à unidade. Calor e frio, bem e mal, noite e

dia são simultaneamente múltiplos e unos, pois constituem metades indissociáveis de uma

mesma realidade. A guerra, entendida como pura dinamicidade, é mãe e rainha de todas as

coisas. A oposição entre contrários define-se como a própria força criadora do real.

Segundo o critério e o método filosófico da escola jônica, Heráclito buscava um

princípio único, o arkhé, de que todas as coisas foram feitas. Essa substância fundamental, em

sua obra, era o fogo, definido como mobilidade e inquietação. O próprio ar transforma-se em

outros elementos e estes, em mudanças sucessivas, chegam ao fogo. Tais mudanças, porém,

não se fazem ao acaso. A marcha e a ordem dos acontecimentos são guiadas pelo logos,

essência racional do Universo, expressa pelo fogo. Do ponto de vista ético, a virtude consiste

na subordinação do indivíduo a essa razão universal. O mal, segundo Heráclito, está em que

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muitos querem viver como se fossem seu próprio logos, isto é, o centro dos acontecimentos.

Heráclito morreu em Éfeso por volta de 480 a.C.

2.2.6 PITÁGORAS

Deve-se ao filósofo e matemático grego Pitágoras a criação da chamada

irmandade pitagórica, de natureza essencialmente religiosa, cujos princípios teóricos

influenciaram o pensamento de Platão e Aristóteles. Sua reflexão também foi determinante

para a evolução geral da matemática e da filosofia ocidental.

Pitágoras nasceu na ilha de Samos, na Anatólia, por volta de 580 a.C. Deixou a

terra natal por aversão à tirania de Polícrates, senhor de Samos. Interessado em ciência e

filosofia, viajou, ao que parece, pelo Egito, Fenícia, Babilônia, Índia e Pérsia, e visitou

santuários gregos. Por volta do ano 530 a.C., emigrou para Crotona, colônia grega do sul da

península itálica. Fundou uma comunidade ao mesmo tempo religiosa e filosófica, de

tendências aristocráticas, que visava à reforma social e política da região. A confraria parece

ter tido atuação decisiva na derrota que Crotona impôs a Sibaris em 510 a.C. Com o triunfo

das idéias democráticas, porém, Pitágoras e seus partidários passaram a ser perseguidos.

A influência deixada por Pitágoras foi uma das maiores que registra a história do

pensamento antigo, embora ele mesmo não tenha deixado nenhuma obra escrita. Sua doutrina

tornou-se conhecida por intermédio de seus discípulos. Constituiu um movimento de reforma

do orfismo, que, por sua vez, era uma modificação do culto a Dioniso. A obscuridade que

cerca o pitagorismo deve-se, provavelmente, ao caráter religioso e secreto da irmandade,

assim como ao fato de seus adeptos considerarem dever piedoso atribuir todas as conquistas

alcançadas ao mestre e fundador. Como crença religiosa fundamental, Pitágoras ensinava a

transmigração das almas e a abstenção de várias práticas, inclusive a de comer carne, talvez

por acreditar na possibilidade da reencarnação da alma humana em animais.

Ligada a uma forma peculiar de misticismo estava a matemática que, como

argumentação dedutivo-demonstrativa, começou com Pitágoras. Os pitagóricos interessavam-

se pelo estudo das propriedades dos números e chegaram a fundar uma mística numérica. O

filósofo teve a originalidade de propor algo imaterial -- o número -- como princípio de

explicação das coisas e do mundo. Para a linguagem pitagórica, "número" é sinônimo de

harmonia, pois, apesar de sua homogeneidade e invariabilidade, pode expressar as relações

que se encontram em permanente processo de mutação. Se o número -- considerado como

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essência das coisas -- é constituído da soma de pares e ímpares, as coisas também encerram

noções opostas, como as de limitado e ilimitado, donde serem vistas como conciliação de

opostos, ou seja, como harmonia. Os pitagóricos, porém, valorizavam mais o limitado que o

ilimitado e associavam ao primeiro desses conceitos os números pares e ao segundo, os

números ímpares.

O caráter dualista das coisas era superado pela tese segundo a qual todas as

antíteses observadas no universo acabam por dar lugar a uma grande unidade harmônica, da

mesma forma que as séries de números pares e ímpares -- antitéticos -- brotam do "uno"

primitivo. Nesse sentido, todas as coisas seriam harmoniosamente compostas de pequenas

partículas ordenadas em figuras numéricas.

Os pitagóricos observaram também que havia uma relação entre a altura dos sons

e o comprimento das cordas da lira. Da associação do número à música e à mística surgiram

os termos matemáticos "média harmônica" e "progressão harmônica". Acreditavam que em

todo o universo deve haver essa harmonia, responsável por sua existência e manutenção. O

corpo humano com saúde, por exemplo, é uma harmonia que, quando rompida, deve ser

restabelecida pela medicina.

A maior descoberta de Pitágoras ou de seus discípulos imediatos deu-se no

domínio da geometria e se refere às relações entre os lados do triângulo retângulo. O teorema

chamado de Pitágoras demonstra que a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da

hipotenusa. Os egípcios já sabiam que um triângulo cujos lados são 3, 4 e 5 têm ângulo reto,

mas os pitagóricos chegaram à proposição geral. A teoria dos números ligada à idéia de

harmonia não estimulava a pesquisa científica tal como é entendida na atualidade, mas

encerra o grande mérito de admitir que as leis que regem o universo podem ser expressas em

termos matemáticos.

A observação dos astros sugeriu-lhes a idéia de que uma ordem domina o

universo. Evidências disso estariam na sucessão de dias e noites, no alternar-se das estações e

no movimento circular e perfeito das estrelas. Em razão disso, o mundo poderia ser chamado

de kósmos, termo que contém as idéias de ordem, de correspondência e de beleza. Para a

cosmovisão dos pitagóricos, a Terra é esférica, estrela entre as estrelas que se movem ao redor

de um fogo central. Suas distâncias do fogo central coincidem com intervalos musicais, de

modo que no universo ressoa uma harmonia das esferas. Alguns pitagóricos falaram da

rotação da Terra sobre seu eixo.

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A irmandade pitagórica foi desfeita por uma conspiração que pôs fim a sua hegemonia em

grande parte do sul da Itália, a Magna Grécia. Alguns discípulos emigraram e o próprio

Pitágoras foi desterrado para Metaponto, onde morreu por volta do ano 500 a.C

2.2.7 PARMÊNIDES

Identificando o real com o racional e fazendo do princípio de identidade a

premissa fundamental da razão, Parmênides inaugurou o pensamento metafísico que,

sistematizado no platonismo, entende como ilusório o mundo dos sentidos.

Parmênides nasceu em Eléia, na Magna Grécia (sul da Itália), por volta de 515 a.C. É possível

que tenha sido discípulo de Xenófanes de Cólofon. Foi talvez legislador em Eléia, onde teria

também fundado uma escola semelhante aos institutos pitagóricos, para o ensino da dialética.

Sua única obra conhecida é um longo poema filosófico em duas partes e 150 versos, chamado

Da natureza ou Sobre a verdade, do qual só restam fragmentos.

Assim como outros pensadores pré-socráticos, Parmênides enfrentou uma questão

central: a busca de um princípio, ou arké, subjacente a todas as coisas, e a determinação de

um traço de união entre esse princípio e a realidade do mundo físico, em constante mutação.

Para Parmênides, tudo o que existe constitui uma única realidade: o ser, que ele identifica com

o pensamento, uma vez que só se pode pensar sobre aquilo que existe. Esse ser é incriado,

imóvel, imutável, homogêneo e esférico, ou seja, fechado em si mesmo. Não pode, portanto,

mudar; o aparente movimento das coisas não seria senão um engano dos sentidos. Nesse

aspecto, Parmênides se opunha radicalmente a Heráclito, filósofo pré-socrático para quem a

mudança era o princípio fundamental da realidade. Admirado por Aristóteles e por Platão, que

deu seu nome a um dos Diálogos, Parmênides formulou pela primeira vez o princípio de

identidade, ou da não-contradição, segundo o qual o ser é e o não-ser não é, base de toda a

lógica posterior. Não se conhece a data de sua morte, mas se sabe que aos 65 anos,

acompanhado de seu discípulo Zenão, teria ido a Atenas, onde possivelmente conheceu

Sócrates ainda moço.

2.2.8 ZENÃO DE ELÉIA

Reconhecido por Aristóteles como criador da dialética, Zenão de Eléia enunciou

paradoxos que foram decisivos para a evolução do pensamento lógico, base de todo o

conhecimento científico.

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Zenão nasceu por volta de 495 a.C. na colônia de Eléia, na Magna Grécia (sul da

Itália). Pertenceu à escola eleática fundada por Parmênides, de quem foi amigo e discípulo. A

grande tarefa que se propôs foi a de demonstrar as teorias do mestre, opondo aos que a

combatiam argumentos estritamente lógicos e formais. Parmênides distinguia o conhecimento

racional do conhecimento sensível: por ser o sensível mutável e contraditório, o ser e a

verdade são dados do pensamento, cujo objeto é o ser idêntico a si mesmo.

A dialética de Zenão consistia em admitir as proposições dos adversários para

demonstrar, por redução ao absurdo, a contradição implícita nas conseqüências do que fora

afirmado. Seus paradoxos procuraram demonstrar a inconsistência da idéia de multiplicidade

das coisas no tempo e no espaço, em defesa da tese de Parmênides, segundo a qual o ser é uno

e indivisível. Como o mestre, afirmou a identidade entre ser e pensamento: só existe o que é

suscetível de ser pensado. Daí a célebre tese sobre a inexistência do movimento: como não é

inteligível, o movimento não existe, ou seja, é uma ilusão dos sentidos. As idéias de Zenão

encontraram eco na filosofia platônica. Zenão de Eléia morreu por volta de 430 a.C.

2.2.9 MELISSO DE SAMOS

Da vida particular de Melisso pouco mais se conhece do que as resumidas

informações provenientes de Diógenes Laércio: "Melisso, filho de Itaigeno, de Samos, foi

discípulo de Parmênides. Além disto, esteve em relações com Heráclito, o qual o contatou

com os efésios, que não o conheciam. Como Demócrito, foi introduzido em Ábdera por

Hipócrates" (D. L., IX, 24).

Não se colhe dali em que circunstancias tomou contato com a escola de

Parmênides de Eléia, situado no Ocidente. Já a este tempo circulavam, sobretudo em Atenas,

os discípulos de diferentes doutrinas. Na vizinha Mégara não demoraria a se estabelecer a

escola socrática menor de Euclides, defensora também da unidade do ser. Informa também

Suídas, que Melisso era do tempo de Zenão e Empédocles; eram estes do Ocidente, mas com

trânsito por Atenas.

Cronologicamente, Melisso está situado no final do período pré-socrático, um

pouco mais velho que o mesmo Sócrates "De acordo com Apolodoro, ele floresceu na 84ª.

Olimpíada 444 - 440 a. C." (D. Laércio, IX, 24). O mesmo informa Suídas. Então já era

falecido de longo tempo Parmênides e ainda era vivo Zenão. Neste tempo ocorrem também

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acontecimentos políticos, em que primeiramente os atenienses de Péricles tentam conquistar,

Samos, devendo Melisso ter tido participação na vida política e militar de sua ilha.

Sobre Melisso temos hoje alguns fragmentos do seu livro Sobre a Natureza ou

Sobre o Ser. Ele, como Zenão, aprofundou e defendeu as teorias de Parmênides. Melisso

escreve de forma clara é dedutivamente rigoroso em seus argumentos. Ele sistematizou e

escreveu basicamente sobre as doutrinas e preocupações dos Eleatas, mas também modificou

em alguns pontos as teorias destes. Essas correções acabaram tendo um peso notável na

história da reflexão sobre o ser.

Para Melisso o ser deveria ser infinito - Parmênides dizia que o ser devia ser

finito. Melisso defende o ser infinito porque ele não pode ter limites nem no tempo nem no

espaço. Se o ser fosse finito ele teria que fazer limite com o vazio, o vazio é um não-ser e é

impossível que o ser seja limitado pelo não-ser. O ser além de ser infinito é uno porque se

fossem dois, um deveria fazer limite com o outro e fazer limite significa limitar e o ser não

pode ser limitado por outra coisa, mesmo outro ser. O ser não pode ter sido gerado pois se

tivesse sido gerado ou se pudesse ter fim o ser seria finito no tempo, o ser seria limitado pelo

tempo. O ser não pode ter vindo do nada nem pode acabar no nada, não pode ter início nem

fim, ele vai além do tempo, nele o presente o passado e o futuro coincidem. O ser sempre foi é

e sempre será.

O ser é também incorpóreo, mas esse incorpóreo não quer dizer que ele seja

imaterial, ele tem que ser incorpóreo porque não pode ter uma forma e os corpos têm forma.

Se o ser tivesse uma forma ele teria que ser limitado pois a forma tem limites e o ser não pode

ter limites. Aqui Melisso novamente modifica a teoria de Parmênides, pois este acreditava que

o ser era como uma esfera. O ser de Melisso não pode ter a aparência corpórea de uma esfera

porque mesmo a esfera põe limite no ser e o ser é ilimitado. O ser é pleno e qualquer forma de

vazio e nada não existem.

Melisso além de defender a unidade do ser defende também a imobilidade do ser

contra a ilusão do mundo sensível que se apresenta como múltiplo e em constante movimento.

O conhecimento sensível é falso e a prova disso é que ele demonstra ao mesmo tempo a coisa

e a sua modificação mas se as coisas fossem verdadeiras elas não modificariam.

O ser não pode ter forma, não é composto de partes, se apresenta infinito no

espaço e no tempo, é sempre idêntico a si mesmo. Os atributos fundamentais do ser são,

portanto unidade, completude e imobilidade.

A propósito da natureza inalterável do ser ele desenvolveu o argumento do cabelo

segundo o qual se o ser fosse modificado em dez mil anos mesmo que de um só cabelo ele

14

teria se autodestruído porque ele teria se tornado outro na eternidade, mesmo que seja em

pequena medida.

SENTENÇAS

“Se nada é, que coisa podemos dizer disso, como se fosse alguma coisa”;

“Sempre foi aquilo que sempre será. Porque se tivesse não sido seria necessário que antes de

nascer fosse nada. Mas se era nada, do nada não poderia ter nascido”;

“Mas como sempre foi assim se torna necessário que seja sempre infinito em grandeza”;

“Aquilo que teve princípio e fim não é nem eterno nem infinito”.

2.2.10 ANAXÁGORAS DE CLAZÔMENA

Além de ter elaborado teorias de indiscutível profundidade, Anaxágoras exerceu

notável influência sobre a filosofia grega posterior a ele, tendo introduzido em Atenas as

concepções desenvolvidas pelos pensadores das colônias helênicas.

Nascido em Clazômenas por volta do ano 500 a.C., na juventude Anaxágoras foi

para a capital da Ática, onde logo se tornou a figura principal do grupo de intelectuais

reunidos em torno de Péricles, governante da cidade. Sua obra, cuja interpretação, em parte

por causa da escassez de fragmentos, é muito controvertida, pode ser situada na confluência

entre a tradição milésia e o pensamento de Parmênides. Com os filósofos de Mileto,

sustentava que a experiência sensorial põe o ser humano em contato com uma realidade

cambiante, cuja constituição última ele pretendia encontrar. Com Parmênides, afirmava que

só o ser é e o não-ser não é, porque ao ser, enquanto totalidade, não se pode acrescentar nem

tirar nada.

Considerava, em conseqüência, que "nada vem à existência nem é destruído, tudo

é resultado da mistura e da divisão". A cambiante pluralidade do real é simplesmente o

produto de ordenações e reordenações sucessivas, já não dos quatro elementos tradicionais --

água, terra, fogo e ar --, mas sim de "sementes", ou "homeomerias", das quais há tantos tipos

quantas classes de coisas existem. Nada pode chegar a ser aquilo que não é ou deixar de ser o

que é: "como poderia chegar a ser carne aquilo que não é carne ou pêlo aquilo que não é

pêlo?".

15

Anaxágoras, contudo, defendeu também a idéia de que, junto à matéria, existe um

princípio ordenador, um nous ou "inteligência", como causa do movimento. Por isso foi

chamado de o primeiro dualista. Platão saudou com entusiasmo essa inovação, mas criticou o

filósofo de Clazômenas por fazer uso insuficiente dela. Segundo interpretava Platão,

Anaxágoras recorria a essa tese apenas para explicar a origem do movimento no universo,

produzido esse movimento, o universo ficava abandonado a forças mecânicas. Não é claro

que as coisas se passassem assim, nem se o nous era concebido como algo plenamente

imaterial ou se, ao contrário, tinha uma certa materialidade, mesmo que sutil. De fato, as

opiniões científicas de Anaxágoras, que se chocaram com as concepções religiosas da época,

lhe custaram ser julgado por ateísmo. Graças à ajuda de Péricles, conseguiu refugiar-se em

Lâmpsaco, onde morreu por volta de 428 a.C.

2.2.11 EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO

Visto na antiguidade como profeta e mago, Empédocles também foi político,

orador e poeta. Diz a lenda que encerrou sua brilhante carreira atirando-se na cratera do

vulcão Etna, para dar aos seguidores uma demonstração convincente de divindade.

Empédocles nasceu em Agrigento, Sicília, então parte da Magna Grécia, por volta

de 490 a.C. Continuador da tradição dos jônicos, desenvolveu uma interpretação do universo

em que todos os fenômenos da natureza eram entendidos como resultado da mistura de quatro

elementos: água, fogo, ar e terra. Esses princípios, também chamados "raízes", seriam

eternamente subsistentes, jamais engendrados, e de sua união ou separação nasceriam e

pereceriam todas as coisas. Os quatro elementos se uniriam sob a força do amor e se

separariam sob o influxo do ódio. Os mananciais e os vulcões seriam provas da existência de

água e fogo no interior da Terra.

Segundo Empédocles, no poema Katharmoi (As purificações), do qual resta

somente uma centena de versos, a intervenção do ódio está na origem de todas as coisas e dos

seres individuais, que se vão diversificando até a separação total e o domínio absoluto do mal.

Entretanto, o princípio do amor voltará a triunfar, unificando e misturando tudo até a

configuração de uma só coisa, Sphairos, a esfera perfeita, na qual o mundo presente tem

princípio e fim. No mundo atual há seres individuais e, portanto, ódio e injustiça, o que exige

um processo de purificação que só terminará quando o amor triunfar. Mas esse triunfo é ainda

relativo: a evolução dos mundos é um processo no qual se manifesta um domínio alternado do

16

amor e do ódio, do bem e do mal. Apesar da lenda, supõe-se que a morte de Empédocles

tenha ocorrido no Peloponeso, Grécia, por volta de 430 a.C.

2.2.12 LEUCIPO

Leucipo de Ábdera nascido entre 490 e 460, falecido em 420 a.e.c. é o primeiro

filósofo da escola atomista. É dito de Ábdera, talvez porque ali houvesse nascido, mas

sobretudo porque ali floresceu. A informação vem de Diógenes Laércio. Este deu também

outras possíveis procedências, como se lê em seu breve texto : "Leucipo, de Eleia, mas outros

dizem de Ábdera, e outros de Mileto" (D. L., IX, 30).

O situamento de Leucipo entre 490 e 460 - 420 a.e.c., no quadro geral dos

filósofos de seu tempo, ainda que parcamente conhecido, se consegue estabelecer através da

convergência de várias pequenas informações. Dado uma vez como discípulo de Zenão (este

nascido cerca de 490 a.e.c., e como anterior a Demócrito (este nascido cerca de 460 a.e.c.,

infere-se tranquilamente que Leucipo teria nascido entre 490 e 460 a.e.c., o que significa na

década de 470 a.e.c.

Diógenes Laércio, acrescentou ao informe sobre o nascimento: "Ele foi discípulo

de Zenão" (D. L., IX, 30).

Mais adiante, o mesmo Diógenes Laércio, já situado no texto sobre Demócrito:

"... Magos e caldeus foram os mestres de Demócrito... sendo criança... Mais tarde recebeu

lições de Leucipo" (D. L., IX 34).

Voltando Diógenes a mencionar uma terceira vez a, ainda que passageiramente, a

Leucipo, - desta vez ao escrever sobre Epicuro, - declara que este contestava o saber de

Leucipo: "Negava o título de filósofo a Leucipo, mestre de Demócrito, como dizem

Apolodoro e outros autores" (D. L., X,13).

De qualquer maneira, esta afirmação denota haver deixado Leucipo elementos que

o fizessem ser conhecido e discutido.

Qualificado por Aristóteles como companheiro de Demócrito, esta condição

afasta qualquer dúvida com referência ao relacionamento de Leucipo com o referido

Demócrito e a cidade de Ábdera, ainda que pudesse ter vindo de outra parte, como de Eléia ou

de Mileto. Não deixa de haver sentido no relacionamento com outras cidades, porque

efetivamente o atomismo é influenciado pelo imutabilismo eleático e pela física jônica.

Importante é a mencionada informação vinda de Aristóteles, que situa Leucipo em primeiro

17

lugar, atribuindo a Demócrito a posição de companheiro, ou adepto (é como se pode traduzir.

"Leucipo e seu companheiro (ou adepto) Demócrito..." (Metafísica, 985b 4).

Esta maneira muito simples de se referir aos atomistas, para a seguir tratar

globalmente da doutrina atomista, significa a aceitação de que Leucipo não era figura

insignificante. Em mais lugares cita Aristóteles a ambos os atomistas, com alternância:

"Leucipo e Demócrito..." (Da geração e corrupção 324, 35); "Demócrito e Leucipo..."

(Ibidem, 314a 21).

A mesma alternância se repete em Do céu. Simplício, comentador de Aristóteles,

também conexiona a Leucipo com a escola eleática. Em Clemente de Alexandria igualmente

se encontra a informação que relaciona Leucipo a Zenão, e com isso à escola eleática,

mencionando inclusive a todos os seus representantes, desde o início: "Xenófanes tem por

ouvinte Parmênides, ao qual sucederam Zenão, depois Leucipo, depois Demócrito" (Strômata,

64).

Praticamente se sabe apenas isto da vida pessoal do fundador do atomismo,

colocado em relacionamento, de um lado com a escola de Elea, e de outro com Demócrito de

Ábdera, de quem teria sido companheiro mais velho.

Sobre as obras de Leucipo as informações são muito fragmentárias e mal

documentadas. Escreveu um livro, cujo título é retomado por Demócrito para um seu outro

texto, o que fez confundir provavelmente as informações.

Tácio Aquiles séc. III a.e.c., em seu Introdução aos ‘Fenômenos’ de Arato, I, 13

(Diels-Kranz 67 B 1) atribui a Demócrito livro com o título "Grande sistema cósmico",

traduzível também por Grande ordem do mundo.

No Papiro Herculano 1788 (Diels-Kranz 67 B 1a) se acusa a Demócrito de haver

plagiado a obra de Leucipo. Com referência ao Grande sistema cósmico (= Mégas

diákosmos), Teofrasto discorda de alguns autores e o atribui a Leucipo. Sobre o espírito é

citado por Aécio (I, 24, 4; DK 67 B 2), como obra de Leucipo, ao transcrever uma frase . Esta

obra é interpretável como sendo apenas a citação de parte da primeira.

2.2.13 DEMÓCRITO

Depois de séculos de esquecimento, a teoria do atomismo, formulada no século V

a.C. por Demócrito, recuperou a importância em virtude das interpretações mecanicistas do

mundo surgidas no século XVII.

18

Acredita-se que Demócrito tenha nascido por volta de 460 a.C., em Abdera, na

Trácia. Foi discípulo de Leucipo de Mileto, que teria esboçado a teoria atomista. Sua obra, da

qual só restam fragmentos, insere-se no contexto dos filósofos pré-socráticos, preocupados

sobretudo com a descoberta do arké ou princípio gerador das coisas.

Para explicar as mudanças da natureza, Heráclito havia afirmado que tudo é

movimento, enquanto Parmênides dizia que o ser é uno e imutável e que o movimento é

ilusão. Tentando resolver esse dilema, Demócrito considerou que toda a realidade se

compunha de dois únicos elementos: o vácuo ou não-ser e os átomos. Afirmava que o arké

são os "átomos", palavra grega que designa aquilo que é indivisível. Os átomos, segundo

Demócrito, são materiais eternos e sem causa, cujas propriedades são tamanho, forma,

impenetrabilidade e movimento. Essas partículas se movem continuamente no vácuo e,

segundo sua forma e tamanho, constituem os diferentes corpos físicos: sólidos, gasosos etc.

Todos os fenômenos e mudanças de estado, como a morte, não passam de combinações e

separações de átomos.

Demócrito explicava a sensação argumentando que os corpos emitiam imagens

muito tênues que impressionavam a alma, também material, por meio dos sentidos. A partir

desse conhecimento sensorial o homem se elevaria até o racional. Demócrito, portanto,

oferece uma explicação totalmente material e mecanicista do mundo. Portanto, sua ética é

antes de tudo prática e se encaminha para o bem comum. O homem deve aspirar à epitimia,

ou tranqüilidade de espírito, livre de temores e emoções, e sua busca precisa ser garantida por

leis justas de convivência. Demócrito morreu por volta de 370 a.C

19

2.3 PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS E PRINCIPAIS TEORIAS

2.3.1 ESCOLA JÔNICA

A Escola Jônica teve sua origem em Mileto, cidade da costa da Ásia Menor.

Mileto era um centro mercantil, e devido a isso, estava em contato constante com as antigas

civilizações orientais.

No inicio do séc. VIII a.C. Mileto era uma cidade próspera e independente. Nesse

período Tales celebrizou-se como o primeiro filósofo.

Depois da conquista persa de toda a Ásia Menor, em 548 a.C., Mileto ainda era

uma cidade próspera, porém em 494 a.C., quando Mileto foi o centro de uma revolução contra

o domínio da Pérsia, ela foi destruída.

A destruição de Mileto resultou na perda de todos os documentos de sua história.

Quase nada restou para reconstruir a história de sua cultura e de suas relações com as demais

cidades gregas de em torno do Mediterrâneo.

O primeiro problema filosófico enfrentado pela Escola Jônica foi saber qual é a

origem, o princípio, qual a substância primordial (a arché, em grego) de tudo que existe. Foi a

primeira vez que o homem buscou explicação da natureza dentro da própria natureza.

Segundo Tales de Mileto, 640 a.C., a Terra seria um disco circular flutuando num

oceano, que seria o princípio de todas as coisas. Todas as substâncias seriam diferentes

formas do elemento água: vapor, terra, água. Os corpos celestes seriam “exalações aquosas''

em estado incandescente, fenômenos passageiros, tal como os fenômenos meteorológicos.

Anaximandro, 611 - 545 a.C., cria outra concepção de Cosmos. Segundo ele,

mundo teria se originado de uma matéria de extensão infinita, uma substância não tangível

aos sentidos, algo abstrato, compreensível apenas pela mente, o a-peiron. Segundo sua

concepção, o Mundo retornaria periodicamente a tal estado intangível, de modo que muitos

mundos já teriam existido e muitos viriam a existir. A Terra teria forma cilíndrica achatada,

de topo plano, em equilíbrio no centro do universo. Diversos “céus” de forma

esférica circundariam a Terra, envolvendo a atmosfera “como a casca a uma arvore” e

possuindo uma natureza incandescente como a do fogo. Acima da Terra haveria camadas

esféricas concêntricas, com a mais distante correspondendo ao sol e a mais próxima às

estrelas. Partindo da observação de que o fogo sobe, presumiu que as camadas superiores

seriam cada vez mais quentes. Ao redor da Terra existiriam círculos de Fogo, envoltos por um

20

tubo de espesso vapor que os encobriria. O sol corresponderia a uma abertura desta nuvem

por onde se veria uma pequena porção do fogo. Os eclipses corresponderiam a um

fechamento temporário da abertura. Os outros astros seriam fenômenos semelhantes.

Observando a existência de fósseis marinhos e conchas em regiões então secas,

concluiu que a vida provinha do mar e que, devido à constante evaporação, os oceanos

secariam completamente um dia.

Segundo o filósofo Anaxímenes, sec. VII a.C., as estrelas estariam pregadas numa

esfera de cristal e o firmamento giraria em torno da Terra. O elemento primário seria o ar, de

onde tudo se originaria por condensações ou rarefações. Os astros teriam a forma de discos

planos, sustentados pelo atrito com o ar. O calor do Sol proviria de seu atrito com o ar.

Na escola Jônica, os céus teriam se originado, de um modo ou outro, a partir da

Terra, sendo, portanto fenômenos indistinguíveis dos meteorológicos. Um aspecto importante

dessa escola é a idéia de que o céu seja formado por uma matéria semelhante à da Terra,

subentendendo-se que os fenômenos terrestres ou celestes obedeceriam essencialmente às

mesmas leis.

Os filósofos da escola Jônica abandonavam as explicações mitológicas que eram

dadas anteriormente ao surgimento da filosofia. Com eles houve a passagem do saber mítico

para o pensamento racional, filosófico. Os pensadores jônios podem ser vistos como

precursores da ciência moderna e que não há razão para duvidar que Tales foi o primeiro ser

humano a merecer legitimamente ser considerado um cientista.

2.3.2 ESCOLA ELEATA

A escola Eleática desenvolveu-se paralelamente à Pitagórica. Os seus respectivos

fundadores vieram da Jônia, sendo Xenófanes, natural de Colófon, e Pitágoras, de Samos.

Parmênides e Zenão os dois mais notáveis representantes da escola Eleática, nasceram na

Eleia, cidade-estado situada na região ao sul da Itália.

O pensamento de Parmênides, representante mais expressivo da escola Eleática, é

conhecido a partir de um poema a ele atribuído e do qual restaram alguns fragmentos. Ele

afirma que a única coisa eterna é o ser, que as mudanças são ilusórias. Conhecer o ser é

conhecer a verdade. Parmênides considera que o movimento existe apenas no mundo sensível,

21

e no mundo inteligível o ser é imóvel. O seguinte fragmento é atribuído a ele: "o ser é, e o não

ser, não é"

Zenão de Eléia foi discípulo de Parmênides. Era um árduo defensor da

impossibilidade do movimento. O método utilizado por Zenão foi o de rejeitar as teorias

contrárias as de Parmênides, mostrando o absurdo que eram essas teorias.

Quanto ao movimento, Zenão utiliza uma formulação lógica para negação do

movimento ao afirmar que para um objeto se mover de um ponto a outro, deveria percorrer

primeiro a metade do percurso, depois, a metade da outra metade, e depois a metade da

metade da metade e assim por diante, de forma que sempre restaria uma metade a ser

cumprida, significando o não-movimento.

Outro argumento é o da flecha que não poderia jamais alcançar o alvo, porque está

parada e não em movimento, pois a flecha ocupa um lugar no espaço em cada instante do

tempo, e pois, na soma dos instantes, também está parada.

2.3.3 ESCOLA PITAGÓRICA

Os pitagóricos, com seu ponto de partida em Crotona, sul da Itália, difundiram-se

vastamente. Trata-se da escola filosófica grega mais influenciada exteriormente pelas

religiões orientais, e que por isso mais se aproximou das filosofias dogmáticas regidas pela

autoridade.

O pitagorismo influenciou ao futuro platonismo, ao cristianismo e ainda foi

invocado por sociedades secretas que atravessaram o tempo até alcançarem os dias de hoje.

As chamadas doutrinas pitagóricas, nem todas são do mesmo Pitágoras. Os

discípulos e historiadores atribuíram-nas ao mestre, quando na verdade se devem ao grupo.

Entre outros se destacaram Filolaos, notório matemático e Hicetas, que já ensinava o

movimento da terra em torno de seu próprio eixo.

A comunidade pitagórica apresenta aspectos inovadores para o Ocidente. Hoje há

quem fale em analogias com a sociedade maçônica. Esta, na busca de remotas origens, refere-

se também aos pitagóricos.

Todas as modalidades religiosas do Ocidente resultam, em última instância, do

evolver transformante de formas orientais. As futuras ordens religiosas cristãs também virão

do Oriente. Seria, porém, Pitágoras o primeiro a fazer uma tal transposição para o Ocidente.

22

As doutrinas pitagóricas são inteletualistas, espiritualistas, metafísicas, ao mesmo

tempo em que vêem no universo um corpo ígneo, situado no centro, girando em torno do seu

próprio eixo.

O saber é considerado elemento de perfeição. Dali a tendência da escola, de

transferir as preocupações ascéticas para a do estudo. Progrediram consequentemente as

ciências, como da filosofia, da matemática, da astronomia. O mesmo transformismo ocorreria

de futuro em alguns setores das ordens cristãs, todavia muito mais vagarosamente, enquanto

outros mantinham a perfeição apenas na rigidez das práticas ascéticas de purificação.

Os métodos pedagógicos do aprendizado são passivos, com exaltação do mestre.

O silêncio era imposto 5 anos aos discípulos, sendo depois facultado dialogar com o mestre. É

possível tratar-se de um reflexo das convicções orientais da "inspiração" das grandes

doutrinas e que por isso dariam ao mestre uma posição excepcional; o mesmo se dará com o

dogmatismo cristão.

Mantinha-se segredo das doutrinas dentro do grupo; outros negam ter havido

segredo doutrinário, mas apenas o das questões de comunidade.  

A mundivisão pitagórica é dualista. Todas as coisas se compõem de elementos

contrários: limitado - ilimitado; par - ímpar; unidade - pluralidade; direito -esquerdo; macho -

fêmea; repouso - movimento; reto - curvo; luz - escuridão; bem -mal; quadrado - oblongo.

É significativa a advertência para o caráter binarista da natureza e do ser em geral,

aspecto que modernamente será explorado por alguns filósofos.

Dentre estas oposições advertidas pelos pitagóricos é significativa a oposição

entre bem e mal, porque, sobretudo este dualismo orienta a mundivisão pitagórica. Este

dualismo do bem e do mal, bem como o dualismo irredutível matéria e espírito, não é original

no mesmo pitagorismo, porquanto já era advertido nas práticas do dualismo da religião persa,

de onde a recebeu Orfeu (e dali orfismo).

A matéria é má e o espírito é  bom. Não podem misturar-se, senão por castigo, em

vista da dor que a matéria provoca ao espírito. Mas o sofrimento é purificador. Dali resulta a

doutrina geral do pitagorismo: os espíritos vêm de fora, para cumprirem penalidade em

função a alguma delito cometido, do qual se purificam no sofrimento. Finalmente retornam ao

mundo exterior, ou seja, ao céu. Repetem-se as reencarnações até completar a purificação. Tal

doutrina, que se funda em equívocos psicológicos, se repete através dos tempos, tanto na

filosofia, especialmente na de Platão, como na religião, quase sempre nas tradicionais

A doutrina dos números, interpretada como arquétipos, é peculiar aos pitagóricos,

e deve ser de uma fase posterior à Pitágoras, criada por seus discípulos. A realidade total é

23

composta de matéria e números; estes são como que paradigmas, que dão forma às coisas.

Não se entendem apenas no sentido aritmético, mas também como formas geométricas,

harmonia e ordem.

Encontra-se também aqui em embrião, tal como já  em Anaximandro, a teoria do

hilemorfismo (hilematéria e formé = forma), de Platão e Aristóteles. Em Platão os paradigmas

ou arquétipos, em vez de números, são idéias reais; situadas num mundo exterior, servem de

modelos arquétipos às formas que o Demiurgo aplica à matéria. Tais influências as teria tido

Platão ao visitar os pitagóricos na Itália, como ainda pela presença dos mesmos na Grécia

continental.

De outra parte, não se sabe ao certo o sentido que os pitagóricos davam aos seus

números. Não era seguramente na acepção gráfica (na época escritos com letras). Os números

são concebidos como unidades, linhas, formas.

Todavia neste plano há duas maneiras de conceituar os números pitagóricos. A

interpretação paradigmática é a de que cada unidade concreta teria a sua unidade arquétipa

exterior; este é o sentido que também possuem as idéias reais de Platão, que simplesmente

teria substituído a noção dimensional de número pela idéia exemplar em geral. A outra

interpretação seria a não paradigmática; os números seriam as unidades concretas,

combinadas diretamente com a matéria; não haveria a dualidade entre o número paradigma e

o número concretizado.  

É insegura a versão que atribui a Pitágoras a autoria do nome de filósofo, para não

denominar-se sofós (= sábio). O fragmento 35 de Heráclito é uma versão mais antiga (Os

homens amantes da sabedoria = philosophus).

Igualmente antiga é a narrativa de Heródoto (Hist. I, 30) que introduz o nome no diálogo

havido entre Creso e Solon; dizia o rei ao sábio - "ouvi que percorreste muitos países como

filósofo = hòs philosopheon".

A atribuição a Pitágoras veio através de Heráclides Pôntico (cujo texto já está

perdido e que foi citado por Cícero e Diógenes Laércio. De Cícero: "Todos os que se

dedicavam ao estudo pela contemplação das coisas, eram tidos e nomeados sábios (= sofói); e

este nome deles se manteve até a época de Pitágoras, o qual interrogado pelo príncipe Leonte

com o qual dissertara doutamente e copiosamente, em que principalmente se apoiava,

respondeu: que nenhuma arte ele sabia; mas que era filósofo ou amante da sabedoria ou

estudioso") (Cicero., Tusculanae disputationes, L.5, c.3 § 8-9).

24

2.3.4 ESCOLA DE PLURALIDADE OU JÔNICA POSTERIOR

Distingue- se da antiga não só por ser cronologicamente depois senão

principalmente por imprimir outra orientação aos estudos cosmológicos, encarando o universo

no seu aspecto dinâmico, e procurando resolver o problema do movimento e da transformação

humana.

Caracteriza- se sobretudo por pensadores que, tendo sofrido a influência de seus

predecessores, muitas vezes mais de uma tendência, desenvolveram suas teorias a partir de

tais influências combinando frequentemente aspectos de diferentes Escolas e valorizando uma

concepção do mundo natural como múltiplo e dinâmico.

Trata-se da segunda fase do pensamento pré-socrático, denominada por vezes de

pluralista, a qual inclui os seguintes filósofos:

Anaxágoras de Clazômena;

Escola atomista: Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera;

Empédocles de Agrigento.

25

3 CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CD-ROM BARSA - Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda – São Paulo: 2000.

http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=14; acesso em 11 de abril de 2010;

http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=16; acesso em 11 de abril de 2010;

http://www.templodeapolo.net/Civilizacoes/grecia/filosofia/presocraticos/filosofia_presocraticos_leucipo.html; acesso em 11 de abril de 2010;

http://www.templodeapolo.net/civilizacoes/grecia/filosofia/presocraticos/filosofia_presocraticos_jonios.html; acesso em 12 de abril de 2010;

http://plato.if.usp.br/1-2003/fmt0405d/apostila/helen8/node5.html; acesso em 12 de abril de 2010;

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_eleática; acesso em 12 de abril de 2010;

http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y042.htm#BM2216y053; acesso em 12 de abril de 2010;

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia - Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

REAGLE,Giovanni; ANTISERI,Dário. História da filosofia - vol. I - São Paulo: Paulus, 1990.

27