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FACULDADE MERIDIONAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO JULIANO LIMA DA SILVA BIM E DESIGN SCIENCE RESEARCH: PLUG-INS DE DESEMPENHO COMO FERRAMENTAS PARA CUSTOMIZAÇÃO DO PROCESSO DE PROJETO EM ARQUITETURA Passo Fundo 2018

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FACULDADE MERIDIONAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ARQUITETURA E URBANISMO

MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

JULIANO LIMA DA SILVA

BIM E DESIGN SCIENCE RESEARCH: PLUG-INS DE

DESEMPENHO COMO FERRAMENTAS PARA

CUSTOMIZAÇÃO DO PROCESSO DE PROJETO EM

ARQUITETURA

Passo Fundo

2018

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Juliano Lima da Silva

BIM E DESIGN SCIENCE RESEARCH: PLUG-INS DE

DESEMPENHO COMO FERRAMENTAS PARA

CUSTOMIZAÇÃO DO PROCESSO DE PROJETO EM

ARQUITETURA

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Arquitetura e

Urbanismo da Faculdade Meridional,

na área de concentração Projeto de

Arquitetura e Urbanismo e linha de

pesquisa em Tecnologia, Projeto e

Gestão do Ambiente Construído, como

requisito parcial para obtenção do grau

de Mestre em Arquitetura e Urbanismo,

sob orientação da Dra. Andréa

Quadrado Mussi e coorientação da Dra.

Thaísa Leal da Silva.

Passo Fundo

2018

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CIP – Catalogação na Publicação

S586p SILVA, Juliano Lima da

BIM e Design Science Research: plug-ins de desempenho como ferramentas para customização do processo de projeto em arquitetura / Juliano Lima da Silva. – 2018.

235 f.: il.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade IMED,

Passo Fundo, 2018. Orientador: Prof. Dr. Andréa Quadrado Mussi. Orientador: Profa. Dra. Thaísa Leal da Silva. 1. Arquitetura – Representação gráfica. 2. BIM. 3. Arquitetura – Programação.

I. MUSSI, Andréa Quadrado, orientadora. II. SILVA, Thaísa Leal da, orientadora. II. Título.

CDU: 72.012(035)

Catalogação: Bibliotecária Angela Saadi Machado - CRB 10/1857

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Dedico este trabalho à minha

mãe e rainha, Elisabete.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais Elisabete e Isaias pela vida e estrutura. À minha avó Hilda e

minhas irmãs Vanessa e Andressa por sempre me apoiarem e defenderem.

À minha namorada e colega de mestrado Paola Zardo pelo amor e paciência, e aos

amigos Maurício Kunz, Paola Pol Saraiva e Bruna Dal Agnol que me acompanharam

durante estes anos.

À orientadora Dra. Andréa Quadrado Mussi, coorientadora Dra. Thaísa Leal da

Silva, aos professores Dr. Lauro Ribeiro, Dra. Caliane Almeida e demais professores

do PPGARQ IMED, às professoras Dra. Elvira Lantelme e Dra. Luciana Fernandes do

PPGEC IMED, e ao professor Dr. Zacarias Chamberlain do PPGENG UPF, pelos

conhecimentos transmitidos.

Às comunidades online, canais e fóruns: Autodesk App Store, DynamoBIM,

OnDynamo, San Francisco Dynamo User Group, Philadelphia Dynamo User Group,

DynamoThoughts, Food4Rhino, Hydrashare, ProRUBIM, Solyd Treinamentos e

Github, pela disponibilidade de conteúdo e auxílio na resolução de dúvidas

encontradas.

Aos profissionais Tiago Campestrini, Anne Save de Beaurecueil, Ricardo Freitas,

Thiago Almeida, Mostapha Roudsari, Andreas Dieckmann, Milos Dimcic, Alexey

Lobanov e muitos outros, por palestras, dicas e disseminação de suas técnicas.

Agradecimentos ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

(PPGARQ) da Escola Politécnica da Faculdade Meridional (IMED), ao Programa de

Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP) e à

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio

financeiro e bolsas que possibilitaram esta pesquisa.

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"The way I see it, our fates appear to

be intertwined.

In a land brimming with Hollows,

could that really be mere chance?

So, what do you say? Why not help

one another on this lonely journey?"

-Solaire of Astora

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RESUMO

A programação na arquitetura e engenharia é uma maneira interdisciplinar de

customizar soluções, ultrapassar limitações de plataformas e ampliar a capacidade de

tomada de decisão durante o processo de projeto a partir de uma abordagem de

gerenciamento de informações. No presente trabalho, busca-se compreender o papel

da programação em soluções customizadas e o fenômeno de desenvolvimento de

ferramentas por arquitetos e engenheiros a partir das extensões de VPL (Visual

Programming Languages). Como uma maneira de estudar este cenário, foi proposta a

criação de plug-ins em um software BIM (Building Information Modelling) como uma

forma de emular a situação do projetista que desenvolve suas próprias ferramentas,

com foco em uma temática específica: o atendimento de requisitos da Norma de

Desempenho Brasileira. O método utilizado para direcionar a pesquisa é o Design

Science Research, abordagem prescritiva voltada para o desenvolvimento de

artefatos vinculados a problemas específicos, que coloca o pesquisador como

principal ator em processos de desenvolvimento e avaliação das soluções

construídas. Os resultados são demonstrados pela estruturação, desenvolvimento e

posterior avaliação de dois plug-ins programados no Dynamo para o software BIM

Revit: um para a estimativa do desempenho acústico de vedações verticais, e outro

para o desempenho lumínico de iluminação natural no interior de ambientes. As

conclusões apresentam uma reflexão acerca da experiência, com considerações sobre

o potencial da programação para projetistas na adequação às particularidades de

uma grande variedade de possíveis cenários específicos, podendo tornar a

programação um fator interdisciplinar de grande importância para o futuro da

profissão.

Palavras-chave: Metodologia de Projeto, Design Science Research, BIM, Programação,

Dynamo, Norma de Desempenho.

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ABSTRACT

Programming in architecture and engineering is an interdisciplinary way of

customizing solutions, overcoming platform limitations, and expanding decision-

making capability during design process from an information management

approach. In the present work, the aim is to understand the role of programming in

customized solutions and the phenomenon of tools development by architects and

engineers by the use of VPL (Visual Programming Languages) extensions. As a way

of studying this scenario, the creation of plug-ins in a BIM (Building Information

Modeling) software is proposed as a way to emulate the situation of the designer

who develops his own tools, focusing on a specific theme: meeting the requirements

of the Brazilian Performance Standard. The method used to conduct the research is

Design Science Research, a prescriptive approach focused on the development of

artifacts linked to specific problems, which places the researcher as the main actor in

processes of development and evaluation of constructed solutions. The results are

demonstrated by design, development and subsequent evaluation of two plug-ins

programmed in Dynamo for the BIM software Revit: one for estimating the acoustic

performance of walls, and another for the estimation of internal illuminance of

rooms. The conclusions present a reflection about the experience, with considerations

about the potential of programming for designers to adapt to particularities of a great

variety of possible specific scenarios, being able to make programming an

interdisciplinary factor of great importance for the future of the profession.

Keywords: Design Methodology, Design Science Research, BIM, Programming, Dynamo,

Performance Standard.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Definições sobre o termo BIM ............................................................................ 31

Figura 2 - Curva de McLeamy ............................................................................................. 32

Figura 3 - Ciclo de vida das edificações ............................................................................. 33

Figura 4 - Campos de atividade do BIM ............................................................................ 35

Figura 5 - Estágios de maturidade de projetos em BIM ................................................... 36

Figura 6 - Modelo de porta e seus parâmetros no ambiente de edição de famílias do

Revit ......................................................................................................................................... 40

Figura 7 – Consistência dos parâmetros de área e volume de uma parede com

elementos vinculados ............................................................................................................ 40

Figura 8 - Diferentes LOD de modelos BIM ...................................................................... 41

Figura 9 - Ciclo de interoperabilidade entre arquitetura e estrutura ............................. 42

Figura 10 - Colaboração entre partes interessadas no processo tradicional e BIM ...... 45

Figura 11 - Detecção de interferências entre elementos estruturais e de sistemas

prediais .................................................................................................................................... 46

Figura 12 - Progamação de elementos no Generative Components .............................. 49

Figura 13 - Importando geometria programada como elementos BIM no Archicad .. 50

Figura 14 - Parametrização de um elemento de pilar no Dynamo e sua visualização

no Revit ................................................................................................................................... 51

Figura 15 – Operações em painél com programação no Marionette .............................. 51

Figura 16 - Localização do Dynamo na interface do Revit .............................................. 53

Figura 17 - Anatomia básica de um nodo .......................................................................... 53

Figura 18 - Funcionamento de wires ligando informações aos nodes ........................... 54

Figura 19 – Exemplos de inputs possíveis na interface do Dynamo .............................. 55

Figura 20 - Importando informações de parâmetros de uma parede do Revit ............ 55

Figura 21 - Funcionamento de sequências, listas e operações matemáticas ................. 56

Figura 22 - Funcionamento de condicionantes lógicos por 3 maneiras: node If,

fórmula, e Code Block ............................................................................................................. 57

Figura 23 - Convertendo de visual para DesignScript textual ......................................... 58

Figura 24 - Estruturação interna de um node customizado do pacote Lunchbox ....... 59

Figura 25 - Estruturação interna de um node Python Script ............................................ 60

Figura 26 - Rotina para composição de estrutura utilizando componentes adaptivos

.................................................................................................................................................. 61

Figura 27 - Botões de interface no Revit criados a partir da programação do Dyno

Browser ................................................................................................................................... 61

Figura 28 - Edição de parâmetros preset e resultados da execução de uma rotina pelo

Revit ......................................................................................................................................... 62

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Figura 29 - Exemplos de interfaces configuráveis no Data-Shapes ................................ 64

Figura 30 - Componentes do Ladybug Tools .................................................................... 65

Figura 31 - Coleção de funcionalidades do pacote Ladybug .......................................... 66

Figura 32 - Coleção de funcionalidades do pacote Honeybee ........................................ 66

Figura 33 - Aplicação de Ladybug Tools no Dynamo para estudos de painéis solares

.................................................................................................................................................. 67

Figura 34 - Quadro de exigências de desempenho ........................................................... 75

Figura 35 - Etapas da pesquisa ............................................................................................ 92

Figura 36 - Esquema básico de desenvolvimento de plug-ins ........................................ 97

Figura 37 - Esquema de funcionamento geral dos plug-ins ............................................ 98

Figura 38 - Índices de redução sonora individuais e do sistema .................................. 103

Figura 39 - Criação de Shared Parameters para acústica no Revit ............................... 105

Figura 40 - Fluxograma da função (1) Calcular Rw ........................................................ 107

Figura 41 - Fluxograma da função (2) Verificar Desempenho ...................................... 109

Figura 42 - Fluxograma da função (3) Reset para o plug-in de desempenho acústico

................................................................................................................................................ 110

Figura 43 - Fluxograma da função (4) Ajuda para o plug-in de desempenho acústico

................................................................................................................................................ 111

Figura 44 – Parâmetros registrados nas propriedades dos elementos ......................... 112

Figura 45 – Vista de planta baixa com famílias de parede e esquadrias cadastradas 112

Figura 46 - Código em Python para organização de listas e instâncias de paredes ... 113

Figura 47 - Ambiente Dynamo e definição de intersecções entre planos e geometria

de janelas ............................................................................................................................... 114

Figura 48 - Janela para definição do valor médio de Rw ............................................... 115

Figura 49 - Configurações de condicionantes para os filtros criados (desempenho

acústico)................................................................................................................................. 115

Figura 50 - Configurações de visibilidade para os filtros criados (desempenho

acústico)................................................................................................................................. 115

Figura 51 - Resultados do cálculo e verificação de modelos ......................................... 116

Figura 52 - Janela de opções da função (4) Ajuda ........................................................... 117

Figura 53 - Aba de funções de desempenho e ícones para desempenho acústico ..... 117

Figura 54 - Navegador do Dyno Browser e as rotinas configuradas ........................... 118

Figura 55 - Arquivo de texto do Dyno Browser e sua configuração ............................ 118

Figura 56 – Pasta contendo rotinas do plug-in para acústica e suas respectivas

imagens de ícone .................................................................................................................. 119

Figura 57 - Criação de Shared Parameters para iluminação no Revit ......................... 121

Figura 58 - Fluxograma da função (1) Gerar Grid .......................................................... 123

Figura 59 - Fluxograma das funções (2) Análise Lux e (3) Análise FLD ..................... 125

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Figura 60 - Fluxograma da função (4) Reset para o plug-in de desempenho lumínico

................................................................................................................................................ 126

Figura 61 - Fluxograma da função (5) Ajuda para o plug-in de desempenho lumínico

................................................................................................................................................ 126

Figura 62 - Janela de opções de input para a função (1) Gerar Grid ............................ 128

Figura 63 - Malha de elementos genéricos dentro de um ambiente ............................ 128

Figura 64 - Traçado das trajetórias do sol, vista superior e tridimensional ................ 129

Figura 65 - Preenchimento da malha com os resultados para iluminância ................ 129

Figura 66 - Configurações de condicionantes para os filtros criados (desempenho

lumínico) ............................................................................................................................... 130

Figura 67 - Configurações de visibilidade para os filtros criados (desempenho

lumínico) ............................................................................................................................... 130

Figura 68 - Modelagem 3D de ambientes com diferentes configurações de aberturas

................................................................................................................................................ 131

Figura 69 - Resultados da análise para os ambientes em vista de planta baixa ......... 132

Figura 70 - Projeto exemplo para análise de desempenho lumínico ........................... 133

Figura 71 - Resultados da análise de iluminância no projeto exemplo em diferentes

horários ................................................................................................................................. 133

Figura 72 - Customização das escalas de cor para uma escala de desempenho no

projeto exemplo ................................................................................................................... 134

Figura 73 - Janela de opções da função (5) Ajuda ........................................................... 135

Figura 74 - Aba de funções de desempenho e ícones para desempenho lumínico.... 135

Figura 75 - Quadro de respostas para a função (1) Calcular Rw .................................. 140

Figura 76 - Quadro de respostas para a função (2) Verificar desempenho ................. 140

Figura 77 - Quadro de respostas para a função (3) Reset no plug-in para desempenho

acústico .................................................................................................................................. 141

Figura 78 - Quadro de respostas para a função (4) Ajuda no plug-in para

desempenho acústico .......................................................................................................... 141

Figura 79 - Quadro de respostas para a função (1) Gerar Grid ..................................... 143

Figura 80 - Quadro de respostas para a função (2) Análise Lux ................................... 144

Figura 81 - Quadro de respostas para a função (3) Análise FLD .................................. 144

Figura 82 - Quadro de respostas para a função (4) Reset para o plug-in de

desempenho lumínico ......................................................................................................... 145

Figura 83 - Quadro de respostas para a função (5) Ajuda para o plug-in de

desempenho lumínico ......................................................................................................... 145

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores indicativos do índice de redução sonora ponderado para alguns

sistemas de paredes ............................................................................................................. 106

Tabela 2 - Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes ..................... 108

Tabela 3 - Índice de redução sonora ponderado para fachadas ................................... 109

Tabela 4 - Captura de informações necessárias no plug-in de desempenho lumínico

................................................................................................................................................ 122

Tabela 5 - Níveis de iluminância para iluminação natural ............................................ 124

Tabela 6 - Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação ................. 124

Tabela 7 - Questionamentos para avaliação do plug-in de desempenho acústico .... 137

Tabela 8 - Questionamentos para avaliação do plug-in de desempenho lumínico ... 137

Tabela 9 - Avaliação dos plug-ins por aspectos de uso específicos.............................. 138

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEC - Arquitetura, Engenharia e Construção

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

API - Application Programming Interface

BDA – Building Design Advisor

BIM - Building Information Modeling

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method

BSI - British Standards Institution

CAD - Computer-Aided Design

CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CFD - Computational Fluid Dynamics

EPW - Energy Plus Weather file

FLD - Fator de Luz Diurna

IAI - International Alliance for Interoperability

IFC - Industry Foundation Classes

IPD – Integrated Project Delivery

ISO - International Organization for Standardization

ITA - Instituição Técnica Avaliadora

LEED - Leadership in Energy and Environmental Design

LOD - Level of Development

MEP - Mechanical, Electrical and Plumbing

TPL - Textual Programming Language

viDCO – virtually integrated Design, Construction and Operation

VPL - Visual Programming Language

VUP - Vida Útil de Produto

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 16

2. BUILDING INFORMATION MODELING ........................................ 30

2.1 Parametrização ........................................................................................................ 38

2.2 Interoperabilidade ................................................................................................. 41

2.3 Colaboração ............................................................................................................. 44

3. PROGRAMAÇÃO VISUAL EM SOFTWARES BIM ........................ 47

3.1 Dynamo .................................................................................................................... 52

3.1.1 Dyno Browser...................................................................................................... 61

3.1.2 Data-shapes ......................................................................................................... 63

3.1.3 Ladybug e Honeybee ......................................................................................... 65

4. PERFORMANCE DAS EDIFICAÇÕES ............................................... 68

4.1 BIM aplicado à performance ................................................................................ 68

4.2 Norma de Desempenho Brasileira ...................................................................... 74

4.3 BIM e a Norma de Desempenho ......................................................................... 78

5. DESIGN SCIENCE RESEARCH ............................................................ 81

5.1 O paradigma Design Science ............................................................................... 81

5.2 O método Design Science Research ................................................................... 84

5.2.1 Artefatos ............................................................................................................... 85

5.2.2 Rigor e Relevância .............................................................................................. 87

5.2.3 Classes de problemas e generalização ............................................................ 90

5.3 Etapas da pesquisa ................................................................................................. 91

5.3.1 Definições para o desenvolvimento dos artefatos ....................................... 95

5.3.2 Definições para a avaliação de artefatos ........................................................ 99

6. PLUG-INS DESENVOLVIDOS ........................................................... 102

6.1 Plug-in I: desempenho acústico de vedações verticais ................................ 102

6.1.1 Projeto do Plug-in I .......................................................................................... 104

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6.1.2 Funcionamento e desenvolvimento do Plug-in I ....................................... 111

6.2 Plug-in II: desempenho lumínico de ambientes internos ............................ 119

6.2.1 Projeto do Plug-in II ........................................................................................ 121

6.2.2 Funcionamento e desenvolvimento do Plug-in II...................................... 127

7. AVALIAÇÃO DOS PLUG-INS ............................................................ 136

7.1 Questionário para avaliação ............................................................................... 136

7.2 Experiência de entrevista .................................................................................... 138

7.2.1 Discussões e feedback – Plug-in I ................................................................. 139

7.2.2 Discussões e feedback – Plug-in II ............................................................... 142

7.3 Considerações finais sobre a avaliação ............................................................ 146

8. CONCLUSÕES ........................................................................................ 147

8.1 Diretrizes para o desenvolvimento de plug-ins em software BIM ............ 149

8.2 Generalização para classe de problemas ......................................................... 153

8.3 Reflexões e posicionamento sobre a experiência ........................................... 155

8.4 Trabalhos futuros e recomendações ................................................................. 158

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 160

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho se refere à temática de metodologias de projeto, no âmbito da

customização de processos, por meio da apresentação da programação em softwares

BIM (Building Information Modeling) como um aspecto emergente para os

profissionais projetistas, por meio da criação de soluções voltadas para problemas

específicos da área em que atuam. Para caracterizar este contexto e os desafios dos

profissionais perante esta abordagem, este capítulo inicialmente descreve o cenário

de inovações e novas tecnologias. Então, é apresentado como a programação de

ferramentas pelos próprios projetistas pode influenciar este contexto.

Em seguida, é apresentada a estratégia de condução da pesquisa, onde é proposto o

desenvolvimento de ferramentas por meio de programação e o método escolhido

para alcançar os objetivos – Design Science Research. Então, é apresentada a

delimitação de um tema específico para possibilitar ao pesquisador emular o cenário

descrito por meio da programação. Por fim, a estruturação do trabalho e organização

dos capítulos é apresentada.

Projetar edificações é uma atividade interdisciplinar, que envolve conhecimentos

advindos de uma diversidade de áreas – desde concepção, aspectos espaciais e de

ocupação humana, durabilidade e resistência estrutural, soluções em sistemas

prediais elétricos, hidráulicos e de climatização, bem como o comportamento das

edificações em termos de conforto, qualidade e desempenho dos sistemas

construtivos. Tais aspectos são manifestados pelos profissionais envolvidos no

processo de projeto por meio de sua capacidade de tomar decisões e, nestas

situações, sistemas computacionais podem complementar as atividades humanas,

tornando disponíveis as informações necessárias e, possibilitando realizar escolhas

informadas e de maneira tempestiva (EASTMAN, 1981).

Dentre as tecnologias, destacam-se os softwares CAD (Computer-Aided Design),

introduzidos nos escritórios de arquitetura no final do século 20, fazendo com que as

atividades de desenho em papel aos poucos fossem substituídas pelos softwares, os

quais proporcionavam maior produtividade nos processos de trabalho. Embora isto

tenha causado uma redução no número de profissionais desenhistas, tal fato

possibilitou ao campo de arquitetura uma nova interface – a inclusão de conceitos de

tecnologia da informação, o que amplificou o potencial de complexidades no

ambiente projetual (CELANI et al., 2015).

Com este avanço das tecnologias no ambiente de projeto, houve também o

surgimento de novas competências para os profissionais de arquitetura e engenharia

civil, possibilitando a utilização de diversas ferramentas computacionais para dar

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suporte ao desenvolvimento de projetos, visando o aumento da confiabilidade das

informações de uma construção. Tais competências agregaram ao mérito destas

profissões e se tornaram mais aparentes conforme os níveis de informações dos

projetos aumentaram (GARBER, 2009).

Para Celani et al. (2015), assim como a inovação tecnológica fez com que a maneira

como arquitetos trabalhavam em relação ao desenho em papel evoluísse, com

softwares CAD substituindo atividades manuais e repetitivas, algo semelhante

poderá acontecer conforme a evolução do contexto tecnológico requerer uma nova

gama de competências de seus profissionais.

Em um cenário cada vez mais competitivo, o setor AEC (Arquitetura, Engenharia e

Construção) está requisitando uma quantidade cada vez maior de informações

relativas às soluções de custo, performance e gerenciamento, que remetem à

interdisciplinaridade projetual. Os projetistas precisam abraçar as novas abordagens,

ou correm o risco de terem seu papel severamente diminuído ou substituído por

profissionais com as novas competências exigidas pelo mercado (HOLZER, 2015).

Além disso, conforme o número de soluções inovadoras aumenta, também aumenta

a necessidade de associar decisões de projeto à nova complexidade introduzida,

dificultando a aplicação de métodos ou ferramentas simplificadas. Como

profissionais, arquitetos e engenheiros agregam valor aos projetos por suas decisões

e, portanto, devem interpretar a vasta informação disponível, aplicando-a de maneira

eficiente em seus processos (PITTMAN, 2003).

Neste sentido, o problema de gerenciamento de informações é agravado quando as

decisões envolvem, além de aspectos quantitativos, aspectos qualitativos de difícil

inserção no ambiente computacional, que exigem a capacidade do projetista além da

automatização dos processos (PAPAMICHAEL, 1998). Pois, enquanto que a predição

de fatores como a performance das edificações pode ser automatizada por meios

computacionais, a avaliação das escolhas qualitativas de projeto torna-se mais

complicada, a não ser que seja em respeito a um único critério. Assim, segundo

Papamichael (1998), é esta necessidade de adaptar um projeto a soluções multi-

critérios, de variadas naturezas e complexidades, que torna o papel do projetista

imprescindível, mesmo em uma era digital, onde os computadores otimizam muitas

das suas atividades.

Esta necessidade de melhorar o gerenciamento das informações de diversas

naturezas em projetos foi um dos motivos que levou à ascenção do BIM, modificando

radicalmente o paradigma no qual os arquitetos e engenheiros estavam inseridos na

medida em que seus processos de projeto se tornaram mais colaborativos, integrados

e interdisciplinares (GARBER, 2009). Desse modo, para incluir informações

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qualitativas diretamente nos projetos, novos parâmetros podem ser criados a partir

das propriedades iniciais de elementos BIM, possibilitando flexibilizar o uso da

informação para uma diversidade de finalidades, o que a torna expansível para

muitos contextos (SHELDEN, 2009). É possível incorporar informações ao modelo

para incluir até mesmo aspectos estéticos, socioculturais, políticos e históricos –

desde que os bancos de dados originários possuam abundância de correlações

(massive data) e regras bem definidas (OTTCHEN, 2009). Desta maneira, atividades

não rotineiras também podem ser automatizadas até certo ponto, se a informação

disponível ao projetista for suficiente (CELANI et al., 2015).

Imagina-se um cenário onde todos os projetistas possam compartilhar as informações

de suas instâncias de projeto em um mesmo ambiente. Um modelo tridimensional

dotado de informações precisas, inteligentes e interconectadas entre as disciplinas,

onde os profissionais podem ter acesso a informações relevantes a seu projeto no

momento em que precisam, de modo que trabalhem de forma coordenada. Tal

cenário é alcançável por meio da implementação do BIM nos processos de projeto.

Pois, enquanto que as informações acionáveis de um desenho feito em software de

desenho 2D dependem exclusivamente da interpretação dos projetos, em modelos

BIM é possível incluir informações semânticas ricas em dados, que vão além das

dimensões de formas arquitetônicas, para agregar conhecimento acerca de

performance, função e custo – aspectos que compõem uma edificação real

(PITTMAN, 2003).

Porém, para que isto continue acontecendo e evoluindo, é necessária uma mudança

no paradigma de desenvolvimento projetual, rever e transformar os processos de

projeto já estabelecidos e industrializar a produção destes (BUILDINGSMART, 2017).

Assim, as escolhas de materiais e soluções tecnológicas passam a ter um aspecto

privilegiado: a análise de aspectos de produção, comportamento e viabilidade

econômica muito antes de sua implementação (OTTCHEN, 2009), reduzindo as

incertezas e riscos em relação a custo, prazo e performance de materiais por meio da

transparência das propriedades de seus objetos, tornando possível antecipar as

causas e efeitos das decisões tomadas (GAUCHAT, 2009).

Além disso, com a utilização do BIM, profissionais passaram a compreender novas

possibilidades em seus processos de projeto, deixando de utilizar ferramentas

computacionais de desenho 2D apenas para gerar documentação, mas também para

realizar análises e simulações em ambientes 3D, explorando múltiplas alternativas de

projeto para suplementar suas decisões. Uma mudança também está ocorrendo em

relação às habilidades necessárias para avaliar tais alternativas: enquanto que por

vezes o sucesso de uma solução de projeto é ancorado somente na experiência e

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intuição de grandes projetistas, a abundância de informações e ferramentas permite

que um grau maior de flexibilidade e precisão possa ser conquistado, desde que as

informações inseridas sejam fiéis e coerentes (KEOUGH; HAUCK, 2017).

As perspectivas baseadas no uso de informações do modelo se estendem pelo ciclo

de vida da edificação ao longo do tempo (simulações 4D e outras dimensões). Estas

possibilidades de interação aliadas às capacidades paramétricas e generativas de

muitas das ferramentas BIM, permitem que projetistas desafiem a maneira

tradicional de projetar e construir (GARBER, 2009).

A concepção de projetos também pode ser potencializada pelo uso destes softwares.

A janela de possibilidades para o arquiteto explorar diferentes alternativas é algo

abordado no design paramétrico, performativo, generativo e evolutivo das

edificações, exigindo, contudo, um maior grau de abstração e uma série de outras

competências relacionadas à tecnologia da informação para que possam ser

utilizadas efetivamente (CELANI et al., 2015). Com isto, novas tecnologias

possibilitam não somente amplificar a criatividade de arquitetos, mas integrá-la a

outras disciplinas nas etapas iniciais (GARBER, 2009).

Com isto, alguns autores vêm reimaginando o papel dos profissionais arquitetos e

engenheiros do futuro. Segundo Holzer (2015), as consequências do avanço do BIM e

Design Paramétrico alteram profundamente o papel do arquiteto e engenheiro, pois

modificaram a maneira como projetos são pensados, desenvolvidos e

compartilhados. Isto está evidenciando o uso da computação nos projetos, que se

estende além do mero uso das ferramentas para representação gráfica (GARBER,

2009).

Para Keough e Hauck (2017), os projetistas do futuro terão um escopo muito maior

de alternativas para soluções de projeto, e terão a necessidade de implementar a

computação intensivamente em seus processos – por meio da otimização,

gerenciamento de informações, design generativo e adaptivo.

Conforme Pittman (2003), o desafio do projetista do futuro é desenvolver

ferramentas que possibilitem o consumo de informações de forma interoperável e

digital – em detrimento da impressão em papel ou mera geração de documentos.

Para tal, são necessários mecanismos que possibilitem a análise dos aspectos de

performance, função e custo de seus projetos – ferramentas integradas inseridas no

paradigma de projeto do BIM.

Uma grande preocupação de projetistas é de que os computadores irão substituir

suas habilidades ou torná-las obsoletas. Contudo, a computação na arquitetura ainda

possui um grande foco no aspecto da produtividade de geração de documentação e

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gerenciamento de informações – atividades que não envolvem, ou pouco influenciam

na criatividade artística dos profissionais (CELANI et al., 2015).

Os autores reforçam que, as etapas de cálculo, simulações térmicas, lumínicas e

acústicas, verificações de desempenho e normatização (code checking) são

automatizáveis pois envolvem características de componentes e materiais, relações

semânticas entre tais componentes e, principalmente, regras ou etapas bem definidas,

diferentemente da concepção, que dificilmente é programável.

Diante destas situações, Gauchat (2009) defende que, embora inicialmente se pense

que o projetista que utiliza software de desenho 2D meramente será substituído pelo

projetista que utiliza BIM, a crescente complexidade de projetos e a necessidade de

inovar, projetar eficientemente e economizar no setor AEC tornará o projetista BIM

um profissional que precisa de sólida interdisciplinariedade, habilidade e poder para

tomar decisões.

Por ampliar a possibilidade de agregar valor à construção, o BIM pode modificar

radicalmente a profissão dos arquitetos e engenheiros na medida em que aumenta

sua responsabilidade e poder de desenvolver soluções inovadoras no ambiente de

projeto (GAUCHAT, 2009). Tais responsabilidades adquiridas colocam o arquiteto ou

engenheiro como um profissional novamente no centro dos processos, pois toda

informação acerca da edificação é contida nos modelos de informação (GARBER,

2009).

Este cenário é de muito mais impacto no design, construtibilidade e custo das

edificações (PITTMAN, 2003). Portanto, com uma importância muitas vezes maior

que a tradicionalmente percebida – do projetista que apenas desenha, elevando as

profissões para um novo patamar – do projetista que ativamente soluciona e toma

decisões significativas, reiteradas pela abundante quantidade de informação e

ferramentas sofisticadas de simulação.

Contudo, conforme a complexidade e a abundância de informações de múltiplas

disciplinas são inseridas em modelos BIM, se faz necessário desenvolver novas

soluções que tratem tais informações de forma adequada e as considerem,

efetivamente, no processo de projeto de engenheiros e arquitetos (GARBER, 2009).

Surgem novamente, competências para que estas profissões atuem de maneira ótima.

Dentre tais competências, Holzer (2015) destaca o Scripting ou Programação, como

algo que ainda possui um papel que está sendo descoberto na arquitetura.

Em relação a esta competência interdisciplinar entre a arquitetura e a tecnologia da

informação, alguns escritórios renomados na área de arquitetura têm investido em

contratar programadores, visando desenvolver soluções específicas para seus

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problemas de concepção projetual, exemplos disto são: Arup, Foster & Partners e

Zaha Hadid (CELANI et al., 2015).

Contudo, há uma grande lacuna entre o projetista que simplesmente sabe utilizar

ferramentas e softwares comerciais – necessitando apenas de treinamento, e o

projetista que possui conhecimento interdisciplinar entre arquitetura e computação,

ou tecnologia de informação (CELANI et al., 2015).

Além disso, a programação em softwares de arquitetura por vezes não é realizada

por arquitetos e sim por profissionais exclusivamente de áreas da computação ou

afins. Aish (2003) acredita em uma lacuna neste contexto e questiona: “existe um

encontro entre as mentes dos projetistas criativos que utilizam os sistemas CAD e os

engenheiros de software que os desenvolveram?” (tradução nossa, AISH, 2003, p.

338).

Para responder esta pergunta, em outra pesquisa, Aish (2013a) relata que a história

do CAD está atualmente passando por algo chamado de era Design Computation,

onde se busca ultrapassar limitações de plataformas e amplificar potenciais de

softwares a partir do aproveitamento da programação em projetos – que se manifesta

por meio da otimização, gerenciamento de dados, design generativo e evolutivo,

desenvolvido pelos próprios projetistas.

Nesta nova realidade, “o papel do arquiteto deve ser reconceituado daquele de um

gênio romântico ou um guru tecnológico, para um estrategista multidisciplinar”

(tradução nossa, OTTCHEN, 2009, p.25).

Para Whitehead, (2003, p.148), a figura do arquiteto programador é um desafio: “a

maioria dos projetistas já pensa programaticamente, mas não possui nem o tempo

nem inclinação para aprender habilidades de programação, não possuindo as

maneiras de expressar ou explorar estes padrões de pensamento”. Confome o autor,

na medida em que os projetos se tornam mais complexos, únicos e ricos em

informação, cada vez mais se torna necessário empregar tais competências.

Para elucidar este contexto, é necessário conhecer a funções da programação na

arquitetura. Leitão, Santos e Lopes (2012) conceituam que programação na

arquitetura pode ser entendida como a representação de processos algorítmicos que

expressam conceitos arquitetônicos ou resolvem problemas de natureza

arquitetônica. A programação pode facilitar a criação de formas complexas, cuja

definição seria muito difícil, trabalhosa ou impossível utilizando apenas

funcionalidades básicas (AISH, 2013b). Além disso, o projetista pode deixar que os

algoritmos realizem o trabalho “braçal” de efetuar verificações quantitativas,

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utilizando as informações disponibilizadas para ampliar aspectos de criatividade

(OTTCHEN, 2009).

Contudo, mais do que isto, softwares de arquitetura devem possibilitar o processo

exploratório de design – a criação e manipulação de relações geométricas e a

interpretação dos impactos decorrentes, facilitando o processo de tomada de decisão,

ao passo em que amplificam as habilidades intelectuais do usuário (AISH, 2003).

Para o cenário de projetos, inovações na automatização e integração não significam

que os projetos serão totalmente automatizados, mas sim que possibilitarão aos

projetistas dedicar mais tempo e ter mais liberdade para atuar nas decisões

importantes – soluções projetuais, em detrimento das atividades operacionais e de

baixo impacto.

Em relação às demandas de programação de projetistas, Aish (2003) relata que

muitos dos softwares CAD possuem interfaces focadas apenas na geração de

documentação gráfica, não atendendo à exploração da criação e customização de

maneira integrada. O autor afirma que os recursos para tal exploração existem,

escondidos nas linhas de comando e funções internas dos softwares, “para um

projetista com habilidades de programação, isto proporciona um recurso

extremamente poderoso” (tradução nossa, AISH, 2003, p. 340). Para Garber (2009),

muitas das características generativas e scripts de programação dos softwares BIM

são despercebidos ou não utilizados por muitos projetistas, sendo necessário trazer o

foco do processo de projeto para a exploração de soluções alternativas ao invés da

mera representação gráfica ou documental das escolhas (AISH, 2013a, 2013b).

Considerando que a computação está fortemente inserida no cotidiano profissional

do projetista, Aish (2003) destaca que a presença de interfaces de programação em

softwares CAD é primordial para possibilitar o processo de projeto exploratório.

Além disso, a competência de projetistas em programar se torna necessária para

atingir o completo potencial de uso de suas ferramentas de trabalho, pois abre portas

para numerosas interações e refinamentos nos modelos.

Contudo, muitos dos problemas específicos de projetistas não são contemplados

apenas nas interfaces básicas de suas plataformas, onde muitas das funcionalidades

acabam por ser demasiadamente conservadoras (FERREIRA; LEITÃO, 2015). Além

disto, funcionam como uma “caixa preta” com funcionalidades restritas, impedindo

que o usuário interaja com a informação em situações de maior complexidade devido

a limitações inerentes e/ou necessidades de inputs muito específicos (AISH; MARSH,

2011). Isto reforça a necessidade pela busca por soluções customizadas – e

programadas pelos próprios projetistas.

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Nesta situação, surge a figura do projetista programador, um arquiteto, engenheiro

ou designer, com competências relacionadas ao uso de softwares para modelagem de

informação, capaz de atuar diretamente sobre seus problemas de projeto através da

implementação de códigos de programação e da utilização de ferramentas

customizadas. Desagregando-se e tornando-se mais independente de softwares

comerciais, de grandes plataformas, e de software houses, as quais possuem soluções

direcionadas, muitas vezes criadas por profissionais da computação que não são das

áreas de engenharia ou arquitetura.

Para Mackey e Roudsari (2018), o problema das grandes empresas de software

comercial se estende ainda mais: muitas destas preferem adicionar funcionalidades

que imitem as de seus concorrentes ao invés de construir pontes de

interoperabilidade com eles, o que prejudica o projetista muito mais do que ajuda. Os

autores pontuam que a programação é uma maneira de colocar o poder de realizar

tal interoperabilidade ao alcance do próprio projetista – ressaltando ainda mais sua

crescente responsabilidade, conforme descrito anteriormente.

Para tornar isto possível, muitas das plataformas BIM para modelagem arquitetônica

como o Revit contam com um API (Application Programming Interface), onde é

possível interagir com as funcionalidades internas da plataforma por meio da criação

de plug-ins e extensões. Contudo, por utilizar linguagens de programação textuais

(como C#), programar pela API pode se tornar uma tarefa árdua e que consome

muito tempo para arquitetos e engenheiros iniciantes em programação (FERREIRA;

LEITÃO, 2015).

O desafio é encorajar praticantes de arquitetura, engenharia e design com pouco

conhecimento acerca de programação a programar, visto que este novo paradigma é

encarado como uma barreira de abstração (AISH, 2013b).

Com estes problemas, visando as novas competências dos projetistas futuros e sua

independência, é necessário atribuir ao arquiteto ou engenheiro a função de criador

de suas próprias soluções, respeitando seu progresso e aprendizado sobre

programação. Alternativas estão presentes nas ferramentas da era Design Computation

(AISH, 2013a) por meio dos softwares que operam utilizando VPL (Visual

Programming Language). São softwares classificados como extensões das grandes

plataformas de modelagem e softwares BIM, que permitem a parametrização da

informação advinda de modelos, possibilitando a criação de geometrias complexas e

o gerenciamento avançado de informações. Alguns exemplos de tais softwares são

GenerativeComponents, Dynamo, Grasshopper e Marionette (BENTLEY, 2018;

DYNAMO, 2018a; GRASSHOPPER, 2018; VECTORWORKS, 2018).

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Nas VPLs, os programas são formados por componentes ou nodos que se interligam

por fios, levando diferentes formas de informação de um nodo a outro linearmente,

cada nodo contém um código de programação textual interno, que inicialmente não é

visível para o usuário. Já nas TPLs (Textual Programming Language), as rotinas são

compostas por uma sequência de caracteres com significados semânticos e que

realizam o encadeamento lógico por meio do texto conhecido como script ou código

(LEITÃO; SANTOS; LOPES, 2012).

Os softwares de VPL se tornaram uma alternativa muito atrativa para os projetistas,

pois possuem uma interface simples, intuitiva, de fácil aprendizado e não requerem,

inicialmente, muito conhecimento acerca de programação (FERREIRA; LEITÃO,

2015). Além destas vantagens, possibilitam ao projetista obter um feedback visual

imediato da programação realizada e interatividade para definir e regular

parâmetros. Tais motivos levaram as extensões de VPL como Grasshopper a se

tornarem muito mais populares que as interfaces de programação textual (LEITÃO;

SANTOS; LOPES, 2012).

O processo BIM também amplia o potencial destas extensões de programação pois

permite que parâmetros de materiais oriundos de aspectos de desempenho e

produção sejam incorporados nas rotinas (AISH; MARSH, 2011), possivelmente

efetuando análises muito mais complexas do que apenas manipulações de forma

presentes em softwares que não estejam inseridos no processo BIM e realizem

somente manipulações geométricas.

Dentre as extensões de VPL que operam no processo BIM está o Dynamo, que

permite a usuários ter acesso a opções de manipulação da informação de forma

flexível e em etapas cada vez mais iniciais de projeto (HOLZER, 2015). Usuários de

Dynamo podem operá-lo para criar suas próprias regras de gerenciamento de

informações e virtualmente construir diversos utilitários para alavancar a avaliação

do modelo e etapas do processo de projeto como um todo por meio de rotinas de

programação que podem ser editadas, reconfiguradas e reaproveitadas em diversas

construções, reduzindo a dependência a outros softwares (SEGHIER et al., 2017).

Aish (2013b) ressalta que, embora extensões como Grasshopper e Dynamo fossem

atrativas para projetistas com pouca ou nenhuma experiência em programação,

softwares robustos programados em VPL possuiam problemas de escalabilidade –

tornavam-se de difícil manutenção conforme sua complexidade e não atendiam as

necessidades de programadores mais experientes. Neste sentido, o DesignScript –

uma linguagem de programação textual previamente existente, foi inserida nas

extensões VPL de softwares CAD, e foi criada como uma maneira de mitigar

algumas das limitações de programação inicialmente encontradas por meio da

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inserção de conceitos de TPL nas interfaces de VPL (AISH; MARSH, 2011; AISH et

al., 2012; LEITÃO; SANTOS; LOPES, 2012).

A intenção por trás da implementação do DesignScript foi ultrapassar as barreiras de

aprendizado de projetistas novatos em programação por meio da integração entre

programação visual e textual (AISH; MENDOZA, 2016).

O DesignScript permite que projetistas, em diversos níveis de conhecimento acerca de

programação visual e/ou textual, utilizem os componentes para criar seus próprios

programas para manipular a modelagem (AISH et al., 2012). Isto torna o projetista

ainda mais independente dos softwares comerciais na medida em que possibilita que

resolva muitos de seus entraves e particularidades por conta própria, não

necessitando esperar que os grandes desenvolvedores criem funcionalidades

específicas na interface das plataformas.

A presença de nodos ou componentes para linguagens textuais como C# ou Python

presentes nas extensões possibilita mitigar o problema de escalabilidade (AISH,

2013b). Tais opções também são conhecidas como componentes híbridos e permitem

que o usuário inicie seu aprendizado sobre TPL enquanto utiliza a extensão de VPL

(LEITÃO; SANTOS; LOPES, 2012).

Aish e Mendoza (2016) ressaltam que as programações visual e textual podem se

complementar, em variados graus de intensidade e complexidade, ao longo do

aprendizado do projetista em relação à criação de suas soluções. Conforme as rotinas

desenvolvidas se tornam mais complexas, Ferreira e Leitão (2015) defendem o uso de

linguagens de programação textual concomitantemente com as visuais através dos

componentes híbridos.

Para Aish (2013a), o principal mérito das extensões de VPL é a origem de um

ambiente onde projetistas e desenvolvedores podem compartilhar ideias em

comunidade, para solucionar problemas de variadas espécies, a partir da criação de

suas próprias soluções: “antes de projetar, vou primeiro construir minhas

ferramentas”(tradução nossa, AISH, 2013a, p.49).

Este cenário fomenta a criação das comunidades de projetistas programadores,

fóruns virtuais onde os membros discutem e produzem suas soluções customizadas,

auxiliando uns aos outros no processo de aprendizado e criação de rotinas de

programação, por vezes disponibilizando-as para que outros testem e avaliem seus

códigos. Alguns exemplos de tais fórums são o DynamoBIM, Food4Rhino, Ladybug,

Hydra entre outros (DYNAMO, 2018b; FOOD4RHINO, 2018; HYDRA, 2018;

LADYBUG, 2018).

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Por muitas destas extensões serem de código aberto, é permitido que usuários

avançados contribuam com o sistema por meio da definição de novos nodes

componentes, que por sua vez podem ser utilizados e avaliados pelos outros

usuários (AISH; MENDOZA, 2016).

A divisão de funções em componentes ou nodos transforma as extensões VPL em

verdadeiras “caixas de ferramentas” (MACKEY; ROUDSARI, 2018), permitindo que

as soluções criadas por usuários sejam altamente customizáveis e compartilháveis.

Muitas das extensões VPL são softwares de código aberto e, portanto, encorajam tal

comportamento.

Membros da comunidade com diversos níveis de habilidade em programação

podem, então, se ajudar tanto no aprendizado das extensões VPL como no

desenvolvimento de suas “caixas de ferramentas” (MACKEY; ROUDSARI, 2018).

Além disso, como tais extensões são de código aberto, usuários avançados podem

contribuir para a construção de componentes já existentes, que eventualmente serão

atualizados e utilizados pela comunidade, gerando um ciclo virtuoso: “permitir que

todos visualizem o código fonte de uma ferramenta é um convite para se tornar

mestre da mesma” (tradução nossa, MACKEY; ROUDSARI, 2018, p. 101).

Segundo Aish (2003, p. 347):

[...] o software apenas atinge a conclusão completa através de seu uso e

extensões adicionadas por usuários criativos [...] a melhor marca do sucesso

são as extensões que o desenvolvedor original não antecipou, aquelas que

refinam ou ampliam a abstração subjacente.

Compreender este fenômeno de criação de ferramentas únicas e de mudança do

papel do arquiteto é de relevância tanto para o cenário profissional, pois envolve um

novo paradigma de desenvolvimento de projeto – uma nova maneira de solucionar e

tomar decisão nos processos, como para o cenário acadêmico, pois pode impactar a

educação e a formação de novos projetistas na era digital – em relação à competência

de programar e à formação de arquitetos e engenheiros multidisciplinares.

Para a compreensão do fenômeno, é necessário um posicionamento crítico acerca

destas atividades. Como uma maneira de estudar o modo como este processo de

criação de ferramentas está acontecendo, propõe-se uma pesquisa de caráter

exploratório e construtivo, utilizando-se do método Design Science Research.

Design Science Research é um método de pesquisa voltado para a criação de artefatos

como uma maneira de operacionalizar prescrições para problemas específicos

(DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR., 2015). Tal método envolve etapas de

desenvolvimento e avaliação dos artefatos, ferramentas funcionais que podem ser

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validadas e estudadas visando explorar e gerar avanço no âmbito das teorias

(MARCH; SMITH, 1995).

O método abordado possibilita que o material resultante de uma pesquisa de caráter

prático gere discussões acerca da experiência, em termos de melhoria de um

ambiente ou cenário, buscando um vínculo teórico a partir da experiência

(HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009). Após a resolução de casos específicos,

o pesquisador pode gerar conhecimentos que podem ser transferidos a domínios

similares, com base na reflexão sobre o aprendizado e análise dos casos, através da

generalização para uma classe de problemas (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR.,

2015; VAN AKEN, 2004).

Assim, no presente trabalho, busca-se emular o cenário do projetista programador,

por meio do desenvolvimento de instanciações do problema, na forma de

programação de plug-ins para uma plataforma BIM. Mecanismos para avaliação dos

plug-ins desenvolvidos foram então definidos por meio de técnicas abordadas na

bibliografia, e uma contribuição teórica acerca da experiência pode ser feita em

relação ao cenário apresentado neste capítulo introdutório, visando compreender o

fenômeno da criação de ferramentas de programação pelos próprios arquitetos e

engenheiros. Além disso, um artefato na forma de diretrizes ou guidelines pode ser

prescrito, de modo a elucidar o processo de desenvolvimento de ferramentas.

A classe de problemas, definida por meio de revisão bibliográfica (LACERDA et al.,

2013), é o “suporte à tomada de decisão”, presente nos projetos arquitetônicos como

uma diversidade de possíveis aspectos a serem interpretados e implementados na

forma de soluções projetuais. Como existem amplas oportunidades a serem

estudadas com programação na arquitetura, se fez necessário delimitar o tema

específico para o desenvolvimento dos plug-ins.

Para a delimitação, foi feito um survey preliminar ao início da pesquisa, envolvendo

profissionais usuários de ferramentas BIM, com conhecimento acerca de plug-ins ou

extensões de plataformas (SILVA et al., 2017a). O survey foi realizado com o intuito

de caracterizar o processo de projeto dos profissionais e identificar possíveis entraves

na adequação a normativas ou certificações, através da análise de integração de BIM

com aspectos específicos de performance das edificações, direcionando o

desenvolvimento dos plug-ins propostos.

A partir do survey, foi publicado um artigo em periódico internacional referente aos

resultados do estudo preliminar, que auxiliou na escolha do tema (SILVA et al.,

2017a). O artigo está disponível no Apêndice A, com as questões utilizadas no survey

no Apêndice B.

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Conforme o direcionamento da experiência de delimitação do tema, foi definido

como instância para aplicação do método o desenvolvimento de plug-ins voltados

para o atendimento à Norma de Desempenho Brasileira.

A Norma de Desempenho das Edificações Habitacionais - NBR 15.575 (ABNT, 2013a,

2013b, 2013c, 2013d, 2013e, 2013f), em vigor desde 2013, representa grandes

mudanças em relação à tomada de decisões de projeto, pois introduziu uma gama de

novas necessidades tecnológicas, estabelecendo padrões mínimos que devem ser

atingidos por meio das escolhas de sistemas construtivos. Projetistas precisam se

adequar às novidades para especificar as soluções apropriadas, o que exige uma

organização de dados da edificação e uma consciência acerca dos processos

envolvidos na comprovação do desempenho.

Além disso, a Norma de Desempenho tem se tornado um assunto muito recorrente

na indústria da construção, aumentando ainda mais as exigências de projeto e

introduzindo complexidade nos processos. A dificuldade de se implementar estes

conceitos no processo de projeto é uma das motivações para direcionar os esforços na

abordagem BIM, cuja lógica processual alicerçada em dados ligados a modelos da

construção pode trazer a organização necessária para que uma edificação atenda aos

seus requisitos.

A escolha de programar ferramentas voltadas para a Norma de Desempenho foi feita

para compreender o processo de criação de ferramentas diretamente pelo

pesquisador, possibilitando explorar problemas específicos de projeto por meio de

codechecking e avaliar como tal abordagem pode ser viável em outras situações.

Assim, torna-se possível estruturar um arcabouço teórico sobre o cenário

inicialmente apresentado e, portanto, uma reflexão e contribuição acadêmica

alinhada com a metodologia proposta.

Em relação à plataforma e extensão VPL utilizadas para a programação,

respectivamente, foram escolhidos Autodesk Revit e Dynamo, devido à presença de

comunidades de usuários já estabelecidas, na forma de fórums e bancos de dados

virtuais, que permitem o contato com outros projetistas programadores, o que

possivelmente reforça o processo de emulação do cenário descrito de forma

adequada.

A partir das justificativas, o objetivo geral do presente trabalho é: compreender o

fenômeno do uso da programação pelo projetista do futuro por meio do

desenvolvimento de programação em um software BIM.

Para alcançar isto, três objetivos específicos são elencados: (1) prescrever

ferramentas como instanciações do problema principal, voltadas para o atendimento

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da Norma de Desempenho em projetos; (2) avaliar a aplicabilidade das ferramentas

desenvolvidas; (3) explorar diretrizes para o desenvolvimento de programação e

possíveis situações onde ferramentas semelhantes às desenvolvidas poderiam ser

aplicadas.

A estrutura do trabalho está organizada com os capítulos seguintes (2, 3 e 4) focados

na revisão bibliográfica: Building Information Modeling; Programação em Softwares

BIM; e Performance das Edificações, de forma a apresentar conceitos fundamentais,

elucidar mais aprofundadamente nuances do cenário descrito e analisar alguns

trabalhos já desenvolvidos nestas temáticas.

Então, é apresentado o Capítulo 5 – Design Science Research, voltado para a

metodologia onde fundamentos e as etapas do método são descritos, visando

esclarecer o caminho tomado para a condução do trabalho.

As duas ferramentas de programação desenvolvidas para atendimento à Norma de

Desempenho são apresentadas no Capítulo 6 – Plug-ins Desenvolvidos, onde

soluções propostas em cada uma das instanciações (desempenho acústico e lumínico)

são apresentadas, bem como o projeto, fluxogramas e descrição das funcionalidades

de cada solução.

O Capítulo 7 – Avaliação dos Plug-ins aborda a construção de um mecanismo de

avaliação das ferramentas e uma aplicação inicial deste, como uma maneira de obter

feedback qualitativo acerca do uso das ferramentas desenvolvidas.

Por fim, no Capítulo 8 – Conclusão, são apresentadas contribuições teóricas através

de diretrizes para o desenvolvimento das ferramentas, reflexões acerca do que foi

compreendido na experiência, a generalização das instanciações para a classe de

problemas inicialmente descrita e considerações finais para estudos futuros.

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2. BUILDING INFORMATION MODELING

A área de projetos do setor de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) é

formada por uma diversidade de profissionais com diferentes especialidades:

arquitetura; estruturas; instalações e execução de obras. Durante o processo de

projeto tradicional, com o uso de softwares de desenho 2D de forma sequencial ao

longo dos processos de projeto, caracteriza-se a fragmentação das informações e o

isolamento das disciplinas pelas partes envolvidas. Nestas situações, a informação é

trocada por etapas entre os projetistas meramente por meio da documentação 2D de

projeto do empreendimento, o que abre espaço para diferentes interpretações,

consequentemente possibilitando que erros de projeto passem despercebidos ao

longo das etapas subsequentes (FERREIRA; SANTOS, 2007).

Segundo Ferreira e Santos (2007), o detalhamento tradicional de projetos alicerçado

na representação 2D não deveria ser a principal maneira de analisar e conceber

projetos, mas apenas uma forma de formalizar documentação. O modelo de projeto

tradicional carece de informações precisas devido ao uso de simbolismo, presença de

ambiguidades, soluções incompletas e omissão de dados importantes. Isto ocasiona

erros que podem se propagar ao longo do tempo, tornando-se visíveis apenas na

etapa de execução ou operação; falhas de projeto que geram custos adicionais e

prazos extrapolados, introduzindo variáveis não previstas, informações errôneas e

incontroláveis que podem comprometer a qualidade da edificação.

Esta situação, aliada à cultura artesanal de construção, fazem com que o cenário da

indústria da AEC, quando comparado a outros setores, tenha baixa eficiência de

gestão de recursos, complicações de coordenação entre projetistas e dificuldade na

implementação de inovações nas etapas de projeto. Circunstâncias nocivas para o

desenvolvimento do setor quando se vislumbra a crescente expectativa dos

consumidores e o aumento dos níveis de complexidade dos projetos de arquitetura

(EASTMAN et al., 2008). Tais problemas são oriundos, dentre outros aspectos, do

caráter documental do processo de projeto tradicional, onde há um esforço

considerável de tempo e aumento de custos para manutenção de informações

(FERREIRA; SANTOS, 2007).

Kumar (2015) ressalta que falhas no setor da construção civil podem ser classificadas

em 3 categorias: práticas fracas de organização e gerenciamento de projeto; objetivos

de projeto mal definidos ou inexistentes e; planejamento ineficiente de projeto. O

autor relata que estas causas são responsáveis por uma parcela expressiva de cerca

de 71% das falhas, todas relacionadas à ausência de informações de qualidade no

desenvolvimento do projeto.

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Em tal cenário, a modelagem de processos torna-se uma maneira de entender e

controlar as atividades, de modo que haja estimativa de tempo, custo, prazo e

recursos durante as etapas projetuais. A identificação de necessidades, explicitação e

racionalização de processos, aliada à automatização de atividades e ao estímulo à

colaboração são práticas que visam melhorar a qualidade dos empreendimentos.

Em relação a trabalhos que abordam as potencialidades da implementação de BIM

no processo de projeto em detrimento à representação 2D, Li et al. (2014) apontam

benefícios que vão desde o levantamento automático de quantitativos, até a precisão

do planejamento, transparência de etapas, e melhoria na tomada de decisão. Os

autores enfatizam, em um estudo de caso, os esforços de retrabalho que foram

evitados por meio da transferência do modo de trabalho, de plantas 2D para uma

modelagem de informação tridimensional.

Frente a tais considerações, o Building Information Modeling é apontado como uma

alternativa aos processos tradicionais referidos, introduzindo melhorias na

representação por meio da tecnologia CAD 3D paramétrica – para remover

inconsistências oriundas do processo tradicional e documental; um maior controle

das informações de projeto nas etapas iniciais – de modo a prever e reduzir o

impacto das falhas; e potencializando a coordenação de disciplinas de projeto – de

modo a inserir a colaboração entre as partes interessadas conforme o avanço de

etapas de empreendimentos (EASTMAN et al., 2008).

Em relação à definição de BIM, Succar (2009) relata que o termo possui conotações

interligadas (Figura 1), relativas à: modelagem, formação, apresentação e/ou escopo

de um conjunto organizado de dados significativos e acionáveis; ligados a uma

edificação, estrutura, espaço fechado ou ambiente construído; com os objetivos de

construir virtualmente, estender as análises, explorar as possibilidades, estudar

cenários simulados, detectar colisões, calcular custos relacionados, avaliar

construtibilidade, planejar a demolição, administrar e manter.

Figura 1 - Definições sobre o termo BIM

Fonte: Traduzido e adaptado de Succar (2009).

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Estes conceitos podem ser ilustrados em relação aos processos definidos como

tradicionais por meio da interpretação da curva de McLeamy (Figura 2). Conforme as

oportunidades e a capacidade de impactar custos de obra e performance diminuem

ao longo do ciclo de vida do produto, o custo de mudanças inesperadas relacionadas

às decisões de projeto aumenta. Por manter sua ênfase nas etapas iniciais – focando

no detalhamento e antecipação de problemas por meio de análises da modelagem, o

BIM busca trabalhar abaixo da curva (1), onde, nos processos de projeto aproveita-se

ao máximo as capacidades da modelagem para o estudo de alternativas, simulações e

planejamento, e não meramente para a geração de documentação (CBIC, 2016).

Figura 2 - Curva de McLeamy

Fonte: Adaptado de Fundamentos BIM (CBIC, 2016).

Há, contudo, uma ressalva: a curva de McLeamy não retrata as mudanças nos

processos advindas do BIM, e realiza uma comparação tomando como base as etapas

de processos baseados em documentação. Os processos com o uso de BIM mudaram,

com inclusão de novas etapas. Portanto, a curva representa uma aproximação, visto

que pode existir ainda a situação da ocorrência de partes dos dois workflows de

forma paralela e não excludentes.

Por outro lado, a implementação de uma lógica processual voltada para as fases

iniciais busca utilizar o próprio projeto como articulador do diálogo e da integração

entre projetistas, gerando feedback e fomentando o fluxo de informações nas etapas

projetuais futuras. Isto permite que as análises de custo e impacto das decisões

tomadas nas fases de projeto sejam dotadas de contextos ricos (EASTMAN et al.,

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2008), para que possam ser utilizadas ativamente nas situações subsequentes de

execução e operação, dando suporte à atuação de outros profissionais envolvidos e

consolidando o processo integrado.

Quanto à abrangência do uso de BIM no ciclo de vida das edificações (Figura 3), o

potencial pode ser observado pela inclusão de novas dimensões de complexidade

nos processos, desde a vinculação de partes de um modelo em relação ao tempo para

execução de tarefas para construção (4D) até o custo incorporado nestes períodos,

por materiais e mão de obra (5D) (LI, 2016). Embora as dimensões BIM mais

conhecidas sejam 4D e 5D, alguns autores apontam para outros possíveis conceitos

onde se agregam camadas de informação nos modelos, gerando conceitos 6D, 7D, e

assim por diante (SANHUDO, 2016). Isto pode ocorrer quando são acrescidos

contextos como sustentabilidade e certificações (JALAEI; JRADE, 2014); gestão de

infraestrutura e manutenção (KENSEK, 2015); conforto e eficiência energética

(GERRISH et al., 2017); segurança (ZHANG et al., 2013), entre muitas outras, desde

que a informação possa ser aproveitada não apenas durante o desenvolvimento dos

projetos, mas também na fabricação de componentes, na execução e na operação.

Figura 3 - Ciclo de vida das edificações

Fonte: Adaptado de Advenser (2018).

Além disso, durante estas etapas, um dos destaques do BIM durante o

desenvolvimento dos projetos é a compatibilização e coordenação técnica de

disciplinas. Conforme Korman, Simonian e Speidel (2010), a interação entre

disciplinas de arquitetura, estrutura e sistemas prediais – MEP (Mechanical, Electrical

and Plumbing) pode antecipar muitos problemas de projeto antes que estes alcancem

a realização em obra e onde seu custo pode ser muito maior. Em tal cenário, o

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potencial da modelagem tridimensional BIM antecipa processos construtivos

virtualmente por um modelo interconectado aos diferentes projetos, oferecendo

também opções de otimização em termos de posicionamento e desempenho de

elementos da modelagem (GOES, 2011).

Quanto à implementação de BIM na execução de empreendimentos, destaca-se o

trabalho de Biotto, Formoso, e Isatto (2015), que, ao utilizarem o software

Navisworks, demonstram as potencialidades da tecnologia por meio da

sincronização de cronogramas de obra com modelagens de informação (BIM 4D) em

estudos de caso. O estudo apresenta benefícios no processo de planejamento da

execução, antecipando não apenas conflitos espaciais, mas também logísticos, dando

suporte e rapidez na tomada de decisão e promovendo a coordenação do layout de

obra com abastecimento de materiais, ampliando a eficiência da sequência de

produção.

Contudo, para organizar todos estes conceitos, processos e evolução tecnológica em

um arcabouço teórico compreensível, Succar (2009) define conceitualmente BIM

como uma integração entre produtos e processos e não apenas o uso de tecnologias e

ferramentas. Em seu trabalho de destaque para a área, o autor divide este arcabouço

em três áreas: Campos, Estágios e Lentes.

Em relação aos Campos, Succar (2009) destaca 3 diferentes ambientes interligados

(Figura 4), porém, distintos conforme a função dos players envolvidos, seus produtos

e seus requisitos para que funcionem. São eles: Tecnologias, Políticas e Processos.

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Figura 4 - Campos de atividade do BIM

Fonte: Succar (2009).

Em relação ao campo da Tecnologia, o autor se refere ao grupo de pessoas que

desenvolvem softwares e equipamentos voltados para aumentar a produtividade,

eficiência e rentabilidade de setores da construção. São as empresas de software

comercial e desenvolvedores, que tem como produto novas ferramentas e sistemas

que serão utilizadas pelo campo dos Processos.

O campo das Políticas está relacionado ao conjunto de pessoas voltadas para

preparar novos praticantes, desenvolver pesquisa em BIM e definir contratos e regras

no âmbito do uso de BIM. São os centros de pesquisa, instituições educacionais e

órgãos reguladores, tendo como produto a geração de conhecimento, boas práticas

ou novas normativas e regulamentações que direcionarão o campo dos Processos.

Quanto ao campo dos Processos, Succar (2009) cita o grupo de pessoas que projeta,

executa, utiliza, gerencia e mantém a construção através do uso dos produtos do

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campo da Tecnologia, de acordo com as disposições do campo das Políticas. São os

engenheiros, arquitetos, construtores, clientes e outras partes interessadas, que têm

como produto a própria edificação.

Em relação à segunda dimensão conceitual proposta por Succar (2009), os Estágios de

Maturidade, mensura-se o avanço gradativo e sequencial da implementação de BIM

em organizações por meio da evolução de sua maneira de projetar. O autor descreve

este conceito através de 3 estágios do BIM (Figura 5), acrescidos por um estágio Pré-

BIM e o estágio Pós-BIM (também referido como IPD – Integrated Project Delivery, nD

Modeling, ou viDCO – virtually integrated Design, Construction and Operation

(SUCCAR et al., 2014)).

Figura 5 - Estágios de maturidade de projetos em BIM

Fonte: Succar (2009).

O Pré-BIM é caracterizado pelo processo de projeto tradicional descrito ao início

deste capítulo, onde a documentação 2D ainda é a principal maneira de expressar e

detalhar a edificação, apresentando fluxos de trabalho sequenciais e fragmentados,

com baixo ou inexistente nível de interoperabilidade entre disciplinas.

O Estágio BIM 1 é caracterizado pela Modelagem Baseada em Objetos, onde os

projetistas utilizam softwares BIM para modelar uma ou mais disciplinas (por

exemplo, modelo de arquitetura), visando, principalmente, automatizar a geração e

coordenação de documentação 2D e utilizar o modelo 3D para visualização. Neste

estágio, o processo colaborativo ainda é similar ao Pré-BIM, com poucas relações

entre modelos e pouca influência dos processos de projeto, relações contratuais e

comportamento organizacional existente (SUCCAR, 2009).

No Estágio BIM 2, surge a Colaboração Baseada em Modelos, onde os projetistas

ativamente buscam utilizar modelos BIM de diferentes disciplinas para dar suporte

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uns aos outros e coordenar os processos. Nesta etapa, ocorre a integração de novas

camadas de complexidade do BIM como análises de prazo (4D) e estimativas de

custo ao longo do tempo do processo (5D). Além disso, Succar (2009) destaca que

ocorrem mudanças na maneira de contratar serviços e na cultura organizacional, que

se intensificam devido ao fluxo de trabalho e os novos produtos gerados, com foco na

criação de modelos em detrimento da geração de documentação.

O Estágio BIM 3 – Integração Baseada em Redes, é composto pela adoção de modelos

semanticamente ricos, com informações de múltiplos contextos, mantidos por meio

de uma colaboração que perdura durante todo o ciclo de vida da edificação. Novas

dimensões de análise são implementadas em etapas cada vez mais iniciais do

processo, cobrindo aspectos de projeto, execução e operação de forma simultânea,

incorporando também aspectos relacionados à sustentabilidade, custo do ciclo de

vida, lean construction, segurança, manutenção e outras. Segundo o autor, é necessária

uma profunda reformulação das relações contratuais, envolvendo ativamente

também outras partes interessadas no processo, como fabricantes e

regulamentadores.

O Estágio Pós-BIM é apresentado por Succar (2009) como uma visão de longo prazo

do amadurecimento dos processos, caracterizado por ser um amálgama dos campos

de Tecnologia, Processos e Políticas. Neste estágio, há a integração de pessoas,

sistemas, estruturas de negócio e melhores práticas, utilizando o potencial de todos

os participantes não apenas para projetar, mas para otimizar os resultados,

minimizar desperdícios e falhas nas etapas estabelecidas.

Para que as organizações atinjam maior maturidade e alcancem os Estágios BIM

avançados, os Campos BIM também devem se desenvolver – algo que ocorre

individualmente e de forma heterogênea. Para poder analisar este cenário nas

organizações, Succar (2009) descreve as Lentes, o terceiro componente de seu

arcabouço teórico. As Lentes servem como mecanismos para destacar ou filtrar certos

aspectos de um Campo ou Estágio BIM, em diferentes escalas de detalhamento, por

exemplo, atribuições de cada parte interessada em determinado processo, fluxos de

informações interorganizacionais, gerenciamento de processos intraorganizacionais e

competências necessárias para executar certas tarefas (SUCCAR; SHER; WILLIAMS,

2013). Isto permite que o observador – projetista ou pesquisador, identifique as

relações, competências e requisitos necessários para o aprimoramento em áreas

específicas, para que a implementação de BIM nos Campos de Tecnologia, Processos

e Políticas possa ser operacionalizada e maturada para avaliar e alcançar novos

Estágios. Um exemplo disso é a necessidade de avanços no Campo de Políticas (por

normas claras, políticas encorajadoras, pesquisas inovadoras, padronizações) e nas

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Tecnologias (por softwares avançados, de alta interoperabilidade, com funções

robustas), para que o Campo de Processos (um escritório de arquitetura e

engenharia) possa atingir um novo nível de colaboração e a inclusão de novas

análises da edificação em seus processos.

Além dos tópicos levantados e do arcabouço teórico apresentado, para elucidar

algumas nuances da temática, se faz necessário o aprofundamento em características

e premissas específicas do processo BIM. Eastman et al. (2008) ressaltam três pilares

conceituais do BIM: (1) design paramétrico ou parametrização; (2) interoperabilidade

e (3) colaboração.

2.1 Parametrização

No contexto de softwares BIM, Eastman et al. (2008) definem a necessidade de

parametrização de dados como maneira de manter a consistência e relevância das

informações da modelagem em pranchas de desenho. No processo de projeto

tradicional as informações das edificações são focadas em linhas avulsas e

desconexas, enquanto isso, no processo BIM obrigatoriamente é necessário a prática

de projeto em 3D, por meio da modelagem de objetos paramétricos interligados,

inteligentes e inseridos em contextos lógicos de informação – uma abordagem

centrada no modelo.

Embora o propósito mais aparente de modelos virtuais seja a visualização das

características geométricas, Eastman defendeu, em 1981, em um de seus primeiros

trabalhos, que um dos aspectos não explorados seria compreender as propriedades

dos elementos de uma edificação por meio de atributos e especificações – parâmetros

que definem e categorizam seu papel no projeto, não só para racionalizar a escolha

de materiais, mas também para garantir que sejam construíveis – uma proposta de

modelo interativo (EASTMAN, 1981).

Papamichael et al. (1996) descreveram algo semelhante ao proposto por Eastman

(1981) em relação à representação de componentes de uma edificação – objetos

(paredes, esquadrias, pisos, forros) que possuem parâmetros (transmitância,

refletância, etc.) organizados em relações com outros objetos (regras semânticas). Os

autores defendem que esta abordagem de representação orientada a objetos permite,

além da flexibilização da criação dos modelos, abarcar informações através de

múltiplos softwares, apresentando informações consistentes, que podem ser

acionadas e modificadas por estes para outros contextos além da consistência

geométrica (PAPAMICHAEL et al., 1996).

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Eastman (1981) também criticou o sistema automatizado de projetos 2D da época por

não serem dotados de informações interconectadas, ressaltando que conjuntos de

linhas organizadas em uma planta baixa por si só não formam uma parede, mas um

conjunto de elementos virtuais, de camadas sólidas, com informações acerca de seu

comportamento, materiais e dimensões, aliada à integridade semântica e consistência

em relação às esquadrias e outras paredes, pode remeter a um componente de parede

(EASTMAN, 1981). Além disso, o autor ressalta que o sistema de projeto

automatizado (desenho 2D) não foi inicialmente concebido para ser interativo, visto

que a quantidade de retrabalho e reorganização de informações necessárias a serem

feitas quando há uma mudança de projeto são vastas.

No processo de projeto, o autor defendia que o projetista precisaria ter controle total

acerca das relações semânticas em elementos, desde o rigor das dimensões e

características até o desenvolvimento de mecanismos que atualizam as informações

geométricas e não geométricas em todas as instâncias e vistas de um modelo quando

uma mudança é feita, tornando o processo de projeto fluído e dotado de flexibilidade

(EASTMAN, 1981).

Anos depois, no BIM Handbook (EASTMAN et al., 2008) tais conceitos são

reapresentados com a evolução da computação, desde o refinamento de modelos, da

maneira como a parametrização foi sendo inserida no design computacional, os

graus de complexidade e detalhamento dos modelos, até a concretização dos

conceitos do BIM.

Nos dias de hoje, estas definições podem ser facilmente percebidas por meio da

exploração da modelagem de elementos em um software BIM para arquitetura. Na

Figura 6, é possível perceber que uma simples porta contém uma diversidade de

informações necessárias para ser efetivamente interpretada no software, e não apenas

representada por linhas, como ocorre nos softwares de desenho 2D. São apresentadas

desde dimensões de espessuras dos componentes, até tipos de materiais, distâncias

de espaçamentos e linhas de referência, que permitem vincular o elemento de porta a

um Host – neste caso, uma parede, adaptando inclusive, a largura dos batentes

conforme a espessura da parede de forma automática.

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Figura 6 - Modelo de porta e seus parâmetros no ambiente de edição de famílias do Revit

Fonte: Autor (2018).

As relações semânticas também podem ser observadas a partir da consistência dos

dados advinda da interação entre elementos BIM. Na Figura 7, foi modelado um

elemento de parede por camadas no software Revit, que automaticamente calculou

os parâmetros de área e volume da camada de alvenaria. Então, foi adicionado um

elemento de porta, que detecta que a parede é um Host e, portanto, ao ser

posicionada, subtrai a área e volume de sua abertura da área e volume da parede, de

forma automática. Em um terceiro momento, foram adicionados um pilar e uma viga

e, por meio dos comandos Trim e Cut, é possível observar que novamente, a área e

volume da parede de alvenaria são reduzidos. Esta abordagem permite uma clareza

muito maior tanto na geração de documentação, como na precisão dos quantitativos,

uma vez que a consistência das informações está atrelada à qualidade ou nível de

desenvolvimento da modelagem.

Figura 7 – Consistência dos parâmetros de área e volume de uma parede com elementos vinculados

Fonte: Autor (2018).

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Em relação ao nível de desenvolvimento, segundo Eastman et al. (2008), é algo que

está diretamente relacionado à necessidade de informações em determinado

momento em um projeto. O LOD (Level of Development) é estabelecido como a

correlação entre o modelo e o estágio de desenvolvimento do produto, definindo que

características e que tipo de informação um modelo BIM de uma edificação precisa

ter em seus diferentes estágios, permitindo que o modelo seja utilizado para cada vez

mais finalidades (BIMFORUM, 2017). O LOD pode partir de representações mais

genéricas, com o uso de modelos de massa, até modelos para produção,

detalhamento e projeto as built (Figura 8).

Figura 8 - Diferentes LOD de modelos BIM

Fonte: BIMetica (2018).

Com estas propriedades, as decisões de projeto podem ser feitas em quase qualquer

ordem, controladas pelas relações de integridade semântica no modelo, com efeitos

de tais decisões propagados para as etapas subsequentes de projeto, podendo ser

retroagidas e suas consequências reavaliadas (EASTMAN et al., 2008). As

plataformas BIM são capazes de gerar plantas, fachadas e detalhamentos da

edificação com precisão e clareza, o que, quando aliado ao levantamento de

quantitativos automático, pode agilizar muito o processo de projeto na medida em

que reduz erros e retrabalho oriundos do processo de desenho 2D (AUTODESK,

2017a).

2.2 Interoperabilidade

A segunda característica da tecnologia BIM apresentada por Eastman et al. (2008) – a

interoperabilidade – está ligada à capacidade de conversão e comunicação dos

modelos de informação entre as diferentes plataformas de forma transparente e com

manutenção de dados, com o objetivo de facilitar e automatizar processos na medida

em que elimina a necessidade de copiar manualmente informações de um software

para uso em outro.

Utilizar tabelas, croquis, esboços ou calculadoras externalizadas ao modelo de

informação torna-se impraticável conforme o nível de complexidade dos projetos

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cresce. Quando se considera o modelo interativo proposto por Eastman (1981),

colocar tais informações em um ambiente virtual intercomunicável torna-se

imprescindível para a flexibilidade do projeto e a colaboração entre as partes

interessadas.

É natural que um projeto passe por diferentes softwares no processo BIM e, ao passo

em que mais softwares BIM são desenvolvidos, se faz necessário tornar o intercâmbio

de informações mais consistente por meio de padrões, o que gera um desafio para a

interoperabilidade, principalmente de plataforma para plataforma (EASTMAN et al.,

2008). Um exemplo disto são modelos de arquitetura desenvolvidos no Revit e

abertos em outro software como Archicad ou Bentley, que necessitam manter

intactos muitos dos atributos originais.

Neste cenário, surgem duas variáveis importantes: as ferramentas complementares,

na forma de plug-ins, extensões, e softwares utilitátios; e a padronização por meio de

formatos abertos. Em relação aos softwares complementares, um exemplo é

apresentado na Figura 9, onde é demonstrado um fluxo de interoperabilidade por

meio do plug-in Scia (NEMETSCHEK, 2018), que importa um modelo do software

Revit, possibilitando análise estrutural e dimensionamento de elementos de aço.

Então, o modelo atualizado com pilares, vigas e outros elementos ajustados conforme

o cálculo é exportado de volta ao Revit, permitindo a continuidade do fluxo de

trabalho com menor perda de informações. O tópico dos plugins voltará a ser

abordado pela perspectiva da programação no próximo capítulo deste trabalho.

Figura 9 - Ciclo de interoperabilidade entre arquitetura e estrutura

Fonte: Nemetschek (2018).

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Em relação à padronização por formatos abertos, um esforço recorrente está sendo

feito pela buildingSMART, anteriormente chamada de IAI (International Alliance for

Interoperability), instituição composta por um consórcio de empresas norte-

americanas. A buildingSMART busca, através de formatos de modelagem

padronizados e abertos – IFC, IFD, IDM, entre outros, integrar a coordenação e

gerenciamento de informações entre os vários softwares BIM presentes no mercado,

de modo a amplificar a qualidade, comunicação e produtividade de projetos BIM

(BUILDINGSMART, 2017). A premissa destes formatos é de que grandes plataformas

possam, opcionalmente, converter a geometria e os dados do modelo BIM

livremente, para que deixem de ser exclusivos às especificidades de apenas um

software ou rede de softwares de uma empresa, permitindo maiores chances de

colaboração.

O IFC – Industry Foundation Classes, formato atualmente mais avançado de

interoperabilidade BIM, é responsável por tratar as informações por meio de um

modelo de dados orientado a objetos. O IFD é um formato similar, porém, orientado

às bibliotecas de componentes. Por fim, o IDM determina quais informações são

relevantes para cada projetista que deseja acessar a modelagem por meio de

hierarquias e permissões. (BUILDINGSMART, 2017)

Em relação à padronização por meio de normas voltadas para o BIM no Brasil,

atualmente, duas normas técnicas apresentam um esforço para inserção da

modelagem de informação no contexto padronizado: NBR ISO 12006-2 – Construção

de edificação – Organização de informação da construção (ABNT, 2010) e NBR 15965

– Sistema de classificação da informação da construção (ABNT, 2011). Tais esforços

são importantes para criar condições de aplicação e de criação de tecnologias

voltadas ao setor de produção de projetos, bem como para auxiliar na influência

brasileira acerca de interoperabilidade e assuntos internacionais do processo BIM.

Outro esforço voltado para regular BIM no Brasil foi o Decreto de 5 de junho de 2017

(BRASIL, 2017), documento federal que instituiu o Comitê de Implementação do

Building Information Modeling, de caráter temporário, voltado para a disseminação do

BIM. Após a criação do comitê, este decreto foi revogado pelo Decreto nº 9377 de 17

de maio de 2018 (BRASIL, 2018), que instituiu a Estratégia BIM BR – Estratégia

Nacional de Disseminação do Building Information Modeling no Brasil, visando

propiciar o investimento em BIM no país. Dentre alguns dos objetivos do decreto

estão a coordenação do setor público para adoção do BIM; propor atos normativos

para estabelecer compras e contratações públicas com o uso de BIM; desenvolver

normas técnicas, guias e protocolos; e incentivo à concorrência no mercado por meio

de padrões neutros de interoperabilidade.

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2.3 Colaboração

Por fim, a terceira característica apontada por Eastman et al. (2008) está ligada ao

processo colaborativo de projeto, focado na presença do gerente ou coordenador do

modelo, profissional encarregado das regras de comunicação entre projetistas BIM,

da definição de padrões de informação, checagem de interferências e

compatibilização de modelagens. Tais atribuições e cenários de coordenação de

projetos são explicitados também por Garbini e Brandão (2014), que definem os

coordenadores como um ou mais profissionais que, além das atribuições citadas,

planejam e implantam a tecnologia BIM.

Como destacado anteriormente, por projetar ser uma atividade multidisciplinar,

informações de diversas instâncias podem estar inseridas nos componentes do

modelo e apresentadas conforme as especialidades de diferentes projetistas – por

exemplo: um revestimento cerâmico que contém informações relativas a

propriedades estéticas, acabamento e brilho para o profissional de interiores; peso e

espessura do sistema de revestimento para cálculo de carregamento para o

profissional de estruturas; custos e produtividade de serviço para o profissional de

gerenciamento de obras; características térmicas, de acústica e refletividade para o

profissional de análise de performances e assim por diante.

Isto implica em definir a hierarquia de relações do modelo e as permissões dadas a

cada projetista na manipulação do mesmo: mudanças geométricas no projeto

arquitetônico impactarão mudanças no lançamento e dimensionamento da estrutura

e posicionamento de sistemas prediais, fazendo com que informações de diversos

profissionais necessitem estar consistentes e atualizadas em seus modelos

(EASTMAN et al., 2008). Devido ao fato de que as informações não geométricas são

relacionadas aos parâmetros inerentes dos elementos BIM, como custos e materiais

empregados, alterações nestes valores também modificarão outros aspectos de

projeto, como orçamento e análises do comportamento da edificação por simulações,

portanto, também pode impactar as decisões dos envolvidos.

Em meio a esta riqueza de informações em diferentes contextos, cada vez mais se

intensifica a necessidade da coordenação técnica de projetos, que pode ser dada por

meio do Coordenador de Projetos, profissional que busca o aumento da troca de

informações entre projetistas, com atribuição de direcionar fatores técnicos como

escopo, tempo, integração, qualidade, comunicação e custos na equipe de projeto

(GARBINI; BRANDÃO, 2014). O objetivo principal da coordenação é a transparência

de comunicação entre membros de um projeto, buscando, por meio da integração de

especialidades (Figura 10), produzir soluções ou atender padrões de qualidade

(GARBINI; BRANDÃO, 2014; TZORTZOPOULOS, 1999).

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Figura 10 - Colaboração entre partes interessadas no processo tradicional e BIM

Fonte: Adaptado de BibLus-Net (2018).

Desta forma, a adoção da tecnologia BIM em seus diferentes níveis permite agregar

um maior grau de qualidade e transparência nos projetos de edificações. Assim,

pode-se desafiar as culturas já estabelecidas em escritórios e empresas construtoras,

pois insere-se efetivamente conceitos de cooperação, interdependência e integração

no campo dos processos, o que permite uma evolução gradativa nos estágios de

maturidade (SUCCAR; SHER; WILLIAMS, 2013).

Uma das maneiras de trabalhar colaborativamente é através de um modelo federado,

composto por modelos de arquitetura, estruturas, instalações prediais e outras

disciplinas (EASTMAN et al., 2008). O modelo de tais informações compartilhadas

possibilita aos projetistas de cada área contribuir aditivamente nos processos de

tomada de decisão, cientes das particularidades dos outros. Nestas situações,

softwares de visualização e ferramentas de detecção de interferências como a opção

Clash Detection (AUTODESK, 2017a) possibilitam prever possíveis problemas nos

modelos, gerando um feedback visual quando ocorre um conflito entre duas

disciplinas, que pode ser transmitido à equipe para adequação.

Para exemplificar isto, na Figura 11, são apresentados resultados de um dos trabalhos

realizados pelo autor (SILVA et al., 2017b), mostrando o uso da opção Clash Detection

no software Navisworks. Foram cruzadas as informações entre elementos estruturais

e de sistemas prediais, o que permite encontrar, por exemplo, elementos de calhas e

tubulações em conflito com pilares na horizontal (A, B); viga ocupando espaço

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destinado ao reservatório (C); diversas tubulações de água atravessando vigas (D); e

tubulação atravessando pilar na vertical (E).

Figura 11 - Detecção de interferências entre elementos estruturais e de sistemas prediais

Fonte: Silva et al. (2017b).

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3. PROGRAMAÇÃO VISUAL EM SOFTWARES BIM

Este capítulo é dedicado à fundamentação de alguns conceitos da programação na

tecnologia BIM. Caracteriza-se pelo uso de aplicações externas às plataformas

principais, ferramentas conhecidas como plug-ins e extensões, que utilizam a própria

programação do software BIM para manipular diferentes funções do ambiente de

projeto, possuindo propósitos definidos e focados em adicionar versatilidade a

comandos já existentes. Profissionais que utilizam BIM podem utilizar plug-ins para

atingir metas particulares durante seus processos de projeto, bem como para

aumentar sua produtividade, deixando com que as aplicações executem tarefas

repetitivas e braçais, ou para que realizem cálculos e comandos em sequência por

meio de rotinas de programação, entre outros usos.

O potencial de customizar um software já existente para necessidades específicas de

projeto está na maior quantidade de alternativas acrescidas e no intuito de superar

limites inerentes da plataforma (AISH, 2013a). Dentre as possibilidades adicionadas

pelo uso de ferramentas externas está a integração e compartilhamento de

informações de modelos BIM entre softwares. Tais ferramentas visam facilitar e

subsidiar a interação dos modelos, dando suporte também ao gerenciamento de

projetos e encorajando o desenvolvimento holístico (RUSCHEL et al., 2013).

Conforme Whitehead (2003), a customização de softwares na forma de utilidades tem

um papel importante no projeto, na medida em que possibilita interagir com as

funções por trás das interfaces de sistemas CAD, gerando projetos programáveis e

adaptáveis.

Neste contexto, Janssen (2015) destaca que o potencial das ferramentas de

programação pode ser ampliado quando estão em processos BIM ao invés da simples

modelagem 3D, devido às oportunidades de uso das informações além da geometria.

Alguns autores reforçam este argumento (FERREIRA; LEITÃO, 2015; KHAJA; SEO;

MCARTHUR, 2016; SEGHIER et al., 2017) e destacam que, embora seja útil para

desenvolver geometrias complexas na arquitetura, o verdadeiro papel da

programação no BIM está na transferência de informações não geométricas, por meio

do gerenciamento de regras e listas de dados. A programação de softwares BIM

deixa de manipular apenas a forma e passa a gerenciar dados dotados de contextos

interligados de maneira mais ampla (FERREIRA; LEITÃO, 2015).

Em relação a alguns trabalhos nesta temática, Khaja, Seo e McArthur (2016)

desenvolveram um estudo voltado para o processamento de informações de bancos

de dados em softwares como o Excel, e avaliaram o potencial da ferramenta para

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transferir levantamentos das planilhas para o modelo BIM, automatizando processos

de preenchimento de parâmetros ou pareamento de informações.

Li (2016) demonstra através da programação, por meio de plug-ins de

interoperabilidade das plataformas Revit e Navisworks, uma possibilidade de

integração de dados de custo e prazo para avaliação e planejamento da construção

nas etapas iniciais de projeto. No trabalho, o autor desenvolve um modelo de

correlação de bancos de dados, automatizando o processo de estimativas e

possibilitando inserção de novas perspectivas de gerenciamento e tomada de decisão

de forma precoce no processo de projeto.

Singh, Sawhney e Borrmann (2017) realizaram um trabalho mostrando o potencial do

uso da programação para a redução de inconsistências na modelagem e do tempo de

desenvolvimento de projetos por meio de regras programadas. Os autores pontuam

que o uso da ferramenta faz com que os projetistas envolvidos dediquem mais tempo

na compreensão do funcionamento de seu modelo, nas relações matemáticas

envolvidas e nas propriedades dos elementos, tornando a manipulação do modelo

melhor orientada às informações realmente necessárias, em detrimento de atividades

que não agreguem valor.

Em relação ao desenvolvimento de ferramentas, Ottchen (2009) destaca a

importância da interoperabilidade, e relata que esta deve ser o foco nas ferramentas

projetuais, de modo que as informações do modelo possam expandir as possíveis

escolhas de um projeto e não limitá-las a especificidades de plataforma ou projetos

únicos. Nesta linha de pensamento, segundo Mackey e Roudsari (2018), um dos

grandes problemas do uso de plataformas é a integração entre diferentes softwares e

a necessidade de soluções específicas para situações únicas de projeto:

“oportunidades perdidas são um resultado direto do nosso pensamento de projeto

formado por ferramentas pouco integradas” (tradução nossa, MACKEY; ROUDSARI,

2018, p. 101). Neste sentido, esforços estão sendo feitos para aumentar a

interoperabilidade entre as linguagens de programação textual nos programas CAD,

como o software Rosetta, que permite que um código seja interoperável em

diferentes plataformas (FERREIRA; LEITÃO, 2015).

Contudo, conforme pontuado na introdução, as extensões de VPL também

possibilitam a criação de pontes de interoperabilidade entre softwares, ao mesmo

tempo em que tornam o processo de desenvolvimento de programação algo

interativo, de fácil aprendizado e acessível a usuários com pouco conhecimento

acerca de TPL (Textual Programming Languages), levando em conta a

interoperabilidade e a interdisciplinaridade necessária nos processos (SEGHIER et

al., 2017). A transição gradual e complementação do VPL pelo TPL também pode ser

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feita por meio dos componentes híbridos (AISH, 2013b), conforme será discutido

mais adiante neste capítulo. A seguir, algumas extensões ou plug-ins de

programação visual vinculados a softwares BIM são apresentadas:

GenerativeComponents, Grasshopper, Dynamo e Marionette (BENTLEY, 2018;

DYNAMO, 2018b; GRASSHOPPER, 2018; VECTORWORKS, 2018).

A ferramenta de programação visual mais antiga é o GenerativeComponents para o

software AECOsim, da Bentley Systems (BENTLEY, 2018). No passado, seu

paradigma de programação não era atrelado à uma interface visual, adotando uma

visão simbólica ao invés dos nodes e wires. A extensão, atualmente, permite o controle

de objetos paramétricos por meio de programação de rotinas, com o foco na

exploração de diferentes alternativas de forma ágil e a integração com a plataforma

para facilitar processos de simulação, projeto e fabricação de produtos a partir de

funções básicas do AECOsim. Na Figura 12, é possível notar que a ferramenta opera

com interfaces de visualização da forma e de controle das rotinas de programação

simultaneamente, o que permite o feedback instantâneo das alterações em parâmetros.

Figura 12 - Progamação de elementos no Generative Components

Fonte: Bentley (2018).

Uma das principais ferramentas de programação visual do mercado é o Grasshopper,

que possui seu funcionamento atrelado ao software de modelagem Rhinoceros 3D,

da McNeel & Associates na forma de um plug-in de edição de algoritmos

(GRASSHOPPER, 2018; RHINO3D, 2018). Rhinoceros pode ser potencializado com o

Grasshopper para geração de formas de alta complexidade, design generativo e

evolutivo, fabricação digital, e diversas outras aplicações nas áreas de análise de

eficiência energética e sustentabilidade em edificações (ROUDSARI et al., 2013).

Recentemente, foi integrado a um software BIM por meio de sua conexão com o

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ArchiCAD (GRAPHISOFT, 2017; SEGHIER et al., 2017), o que permite estender as

funções já conhecidas e difundidas efetivamente para dentro de processos BIM. Na

Figura 13, é mostrada a tela de programação – com os componentes (nodes e wires)

que guiam os dados através de um fluxo e compõe a rotina; a tela do Rhinoceros 3D –

com o modelo resultante programado; e a tela de modelagem do ArchiCAD – onde

as formas criadas foram importadas para dentro do contexto BIM.

Figura 13 - Importando geometria programada como elementos BIM no Archicad

Fonte: Graphisoft (2017).

Outra extensão de VPL inserida em um software BIM é o Dynamo para Autodesk

Revit, que possui funcionamento muito semelhante ao plug-in Grasshopper

(DYNAMO, 2018a), com uma interface de programação visual (onde os nodes são

criados e conectados) e interface de vista 3D (background onde o resultado das

operações programadas é representado). Por meio da interface de programação,

relações entre variáveis paramétricas são formadas para criação dos algoritmos ou

rotinas, possibilitando a exploração de propriedades de modelos conectados

diretamente ao software BIM e potencializando o uso de parâmetros ligados aos

componentes (DYNAMO, 2018a). Na Figura 14, verifica-se um exemplo de criação de

um componente de pilar para Revit por meio da parametrização completa de suas

dimensões, com a tela de organização de rotinas à esquerda, a forma resultante ao

centro, e sua inserção como elemento BIM no ambiente do Revit à direita. Devido ao

fato de que o Dynamo foi a ferramenta escolhida para o desenvolvimento da pequisa,

seu comportamento e funcionalidades serão aprofundados mais adiante neste

capítulo.

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Figura 14 - Parametrização de um elemento de pilar no Dynamo e sua visualização no Revit

Fonte: Dynamo Gallery (DYNAMO, 2018a).

O Marionette (Figura 15) é mais uma alternativa de VPL, que opera na plataforma

BIM Vectorworks. Segundo os desenvolvedores, permite orquestrar e ditar projetos

de formas e customizações dentro do Vectorworks sem necessitar conhecimentos

profundos de programação (VECTORWORKS, 2018).

Figura 15 – Operações em painél com programação no Marionette

Fonte: adaptado de Vectorworks (2018).

Um aspecto interessante e em comum nas quatro ferramentas é a presença de

comunidades ativas de usuário que produzem, avaliam e submetem conteúdo, na

forma de rotinas, pacotes de novas funções, projetos, coleções de imagens de

destaque, ou discussões acerca da programação visual e seu potencial para

exploração do design. Algumas destas comunidades são o Food4Rhino

(FOOD4RHINO, 2018); fórum DynamoBIM (DYNAMO, 2018b); a seção User Projects

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do GenerativeComponents (BENTLEY, 2018); e o Marionette Training Center

(VECTORWORKS, 2018).

Após a apresentação das ferramentas de forma geral, nas seções seguintes deste

capítulo é abordada a ferramenta de programação visual utilizada para a pesquisa: a

extensão Dynamo para Revit, com a descrição de seu funcionamento, bem como

alguns dos principais pacotes de programação utilizados.

3.1 Dynamo

Dynamo é uma ferramenta de programação que permite ao usuário visualizar o

comportamento de seus scripts, constituindo-se em um ambiente de VPL ligado à

plataforma Revit, que possibilita ao usuário extrair e administrar fluxos de

informação paramétrica por meio de nodes e wires que constituem rotinas

(DYNAMO, 2018c). Por ser baseado em uma VPL, Dynamo não exige conhecimentos

típicos de linguagens de programação textual para funcionar, o que flexibiliza a

criação de ferramentas para Revit por projetistas com certa facilidade.

A plataforma também permite manipular funções de quaisquer plataformas da

Autodesk que possuam um API (Application Programming Interface), o que permite

estender a programação para outros estágios do BIM com o uso de recursos dos

outros programas. Apesar de estar ligado a uma plataforma comercial, o código fonte

da ferramenta é aberto e seu desenvolvimento pode ser acompanhado no Git-hub

(GITHUB, 2018a), onde usuários desenvolvedores estendem as funcionalidades

existentes do Dynamo e apresentam documentação acerca das novidades.

Além do GitHub, existem diversas comunidades e fórums de usuários de Dynamo

que, além de auxiliar novos usuários no aprendizado da ferramenta, produzem

novas funcionalidades para a extensão na forma de Custom Nodes e Packages

(DYNAMO, 2018b; DYNAMONODES, 2017). São pacotes de funções que podem ser

livremente implementadas em rotinas para amplificar suas potencialidades. Tais

funções adicionais podem ser baixadas diretamente pela interface do Dynamo, por

meio dos menus “Packages” e então “Search for a Package” ou “Manage Packages”, o que

possibilita verificar atualizações nas composições facilmente. Seu funcionamento será

discutido mais adiante.

Em relação ao seu acesso no Revit, Dynamo está localizado na aba “Manage” (Figura

16), sendo disponível atualmente para as versões Revit 2016, 2017, 2018 e 2019. Além

disto, possui uma versão standalone, que opera sem ser necessário abrir o Revit,

porém, com muitas limitações acerca de funções utilizáveis; e a versão Dynamo

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Studio, que além das funções originais, possui acesso a serviços na nuvem e sistemas

mais avançados para geometria (DYNAMO, 2018a).

Figura 16 - Localização do Dynamo na interface do Revit

Fonte: Autor (2018).

O funcionamento do fluxo de informações no Dynamo depende dos Nodes, objetos de

programação visual que performam operações únicas, como realizar um cálculo,

processar informação, selecionar ou consultar um elemento BIM, entre muitos outros.

A anatomia de um node é apresentada na Figura 17, onde é destacado o nome do node

(1) – para identificação; seu corpo (2) – que representa seu estado de atividade atual;

suas portas de input e output (3) – para inserção de informações e seus resultados; o

ícone de Lacing (4) – que controla a maneira como listas são interpretadas; e a opção

Default Value (5) – que permite algumas pré-configurações (DYNAMO, 2018a). O node

apresentado na figura, por exemplo, possui o nome Point.ByCoordinates, e necessita

de 3 valores de coordenadas (inputs) para criar um ponto no espaço tridimensional

(output).

Figura 17 - Anatomia básica de um nodo

Fonte: Dynamo Primer (DYNAMO, 2018c).

As informações dos nodes precisam ser ligadas em um fluxo de informação, o que é

feito pelos wires, conexões de dados que levam os outputs para nodes subsequentes,

tornando-se novos inputs. Na Figura 18, um node de criação de ponto por

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coordenadas e um Integer Slider permitirá a criação de uma geometria de círculo

parametrizada pelo raio.

Figura 18 - Funcionamento de wires ligando informações aos nodes

Fonte: Autor (2018).

Utilizando uma configuração lógica organizada de funcionalidades de nodes, é

possível programar rotinas completas, também conhecidas como workflows ou graphs,

utilizando operações booleanas, com números inteiros ou reais, e palavras. Estas

rotinas naturalmente também precisam de inputs oriundos de elementos do projeto

BIM sendo manipulado e, para isso, Dynamo conta com uma vasta biblioteca de

nodos voltados para a seleção de elementos, categorias de materiais e famílias, entre

outros. Além disso, estes inputs podem utilizar não somente as geometrias e

parâmetros dos elementos BIM, mas também funcionalidades oriundas do próprio

Revit – vistas de projeto, filtros de visibilidade, tabelas de schedules, quantitativos

levantados, entre outros, possibilitando diversos pontos de partida para criação das

rotinas. Alguns nodes que capturam informações do modelo ou de configurações do

Revit são apresentados na Figura 19.

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Figura 19 – Exemplos de inputs possíveis na interface do Dynamo

Fonte: adaptado de Dynamo Primer (DYNAMO, 2018c).

Assim, o controle das informações do modelo torna-se facilmente acessível pelo

usuário programador. No exemplo da Figura 20, um elemento de parede do Revit é

consultado, com sua geometria e parâmetros expostos pelos nodes Element.Geometry e

Element.Parameters. Nesta situação, a geometria e os dados internos da parede podem

subsequentemente ser utilizados em operações seguintes.

Figura 20 - Importando informações de parâmetros de uma parede do Revit

Fonte: Autor (2018).

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Uma das maneiras de manipular informação dentro do Dynamo é por meio de listas,

que permitem que uma série de interações seja computada simultaneamente, regrada

pelo Lacing imposto no node – permitindo que listas com quantidades diferentes de

componentes sejam tratadas adequadamente. Na Figura 21, algumas operações com

sequências e multiplicação são demonstradas, assim como seus resultados na forma

de listas, visualizadas pelos nodes do tipo Watch. As listas podem então fornecer

informações de inputs de diversas naturezas – elementos, números, palavras e muitos

outros, de forma seletiva e precisa.

Figura 21 - Funcionamento de sequências, listas e operações matemáticas

Fonte: Sanhudo (2016).

Outra maneira de manipular as informações nas rotinas é por meio de

condicionantes lógicos, que permitem verificar a informação conforme uma regra

antes que esta prossiga no fluxo. Na Figura 22, três maneiras simples de realizar uma

verificação são apresentadas: por meio de um node If vinculado a uma operação

booleana; por meio do node “Formula”, onde uma equação é verificada; e por meio de

um Code Block com programação textual, emitindo uma resposta customizada com

concatenação de palavras.

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Figura 22 - Funcionamento de condicionantes lógicos por 3 maneiras: node If, fórmula, e Code Block

Fonte: Autor (2018).

O Code Block apresentado no terceiro exemplo da Figura 22 consta no uso de

DesignScript para executar uma operação que também pode ser realizada apenas com

nodes comuns. DesignScript é a linguagem de programação textual presente

internamente nos nodes do Dynamo e em outros softwares que operam VPL voltados

para arquitetura e engenharia (AISH, 2013b). Conforme também ressaltado no

capítulo introdutório, um dos problemas da programação visual é a escalabilidade:

problemas relacionados à manutenção de programas em VPL quando aumenta-se a

complexidade e a extensão da rotina, o que dificulta e torna trabalhoso o

desenvolvimento ao longo do tempo (LEITÃO; SANTOS; LOPES, 2012).

O Code Block contendo DesignScript constitui-se em um elemento híbrido e, portanto,

uma possível solução para o problema de escalabilidade, pois permite que a

programação visual seja complementada, gradativamente, pela programação textual,

dotada de concisão e recursos mais arrojados (LEITÃO; SANTOS; LOPES, 2012),

permitindo, por exemplo, substituir vários nodes de VPL por apenas um de TPL.

Uma forma de realizar este processo de transição do visual para o textual é através

da opção “Node to Code” no Dynamo, o que faz com que um grupo de nodes

selecionados seja convertido em um Code Block de DesignScript, possivelmente

reduzindo o tamanho da rotina e, portanto, facilitando sua manutenção enquanto

conserva as funcionalidades originais. Na Figura 23, é apresentado um código em

VPL para criação de geometrias, composto por 5 nodes que se transformam em

apenas um, contendo 5 linhas de programação que interpretam os inputs exatamente

da mesma forma.

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Figura 23 - Convertendo de visual para DesignScript textual

Fonte: adaptado de Dynamo Primer (DYNAMO, 2018c).

Outra maneira de simplificar ou compactar uma rotina é através de um Custom Node,

um node editável composto por vários outros que, quando aberto, apresenta o

ambiente de edição de nodes do Dynamo, que por sua vez permite a modificação de

inputs e outputs, bem como a visualização da programação visual ou textual que o

compõe (DYNAMO, 2018c). O objetivo da criação dos Custom Nodes é possibilitar, de

forma organizada, o uso de funções extensas que utilizem muitos nodes ou que

necessitem ser repetidas por diversas vezes em uma rotina. Além disso, a criação de

um Custom Node serve como uma maneira de criar funções inovadoras, e

compartilhar conteúdo com a comunidade de usuários: conforme são programados

nodes que ampliam o potencial de programação do Dynamo, estes podem ser

publicados na forma de pacotes que podem ser baixados – caracterizando os Custom

Packages ou simplesmente pacotes – conjuntos organizados de Custom Nodes

desenvolvidos sob um tema ou funções determinadas.

Para exemplificar isto, na Figura 24 é apresentado o Custom Node “Room Element

Collector”, do pacote Lunchbox. A funcionalidade deste node em específico é ampliar

as opções de seleção de ambientes no Revit, fornecendo uma série de possíveis

outputs que dificilmente são programados e organizados utilizando apenas funções

básicas do Dynamo. Ao abrir o Custom Node pelo Dynamo, é possível verificar sua

programação interna, composta por um node de Python Script e diversos nodes de

organização de listas.

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Figura 24 - Estruturação interna de um node customizado do pacote Lunchbox

Fonte: Autor (2018).

O uso do node Python Script se caracteriza em mais uma maneira de inserir

programação textual no Dynamo e, portanto, é mais um componente híbrido na

extensão. Python é uma linguagem textual orientada a objetos, de código aberto,

suportada por muitas extensões e plug-ins que operam com VPL, servindo como

uma opção para usuários mais avançados, permitindo ultrapassar muitas das

limitações inerentes de ferramentas como o Dynamo e Grasshopper (MACKEY;

ROUDSARI, 2018). Outra possibilidade é a de trazer funções de bibliotecas de outros

softwares como o Navisworks para dentro do ambiente de programação,

possibilitando uma maior interoperabilidade com estes (AUTODESK, 2017a;

DYNAMO, 2018c; DYNAMONODES, 2018). Assim como o DesignScript, também

possibilita tornar o código da rotina mais conciso, organizado e compacto.

Na Figura 25, o node de Python Script utilizado no Room Element Collector é aberto, o

que possibilita verificar o código utilizado para realizar parte das funções, por meio

da linguagem Python.

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Figura 25 - Estruturação interna de um node Python Script

Fonte: Autor (2018).

Com todas estas possibilidades de captura de informações, manipulação de listas,

criação de regras, customização e importação de componentes criados pelas

comunidades, bem como as múltiplas maneiras de programar, é possível criar uma

grande diversidade de ferramentas, permitindo que usuários com diferentes graus de

conhecimento acerca de VPL e TPL definam rotinas para atingir seus objetivos de

automatização de projeto. Na Figura 26, é apresentada uma composição de um

usuário da comunidade do Dynamo, um workflow de que permite notar algumas das

potencialidades elencadas. Foram vinculados elementos BIM de famílias adaptivas –

condicionadas a parâmetros externos como, por exemplo, abertura ou inclinação das

peças vinculadas ao posicionamento solar, para desenvolver a geometria da fachada.

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Figura 26 - Rotina para composição de estrutura utilizando componentes adaptivos

Fonte: Dynamo Gallery (DYNAMO, 2018a).

Após a apresentação destes conceitos acerca do Dynamo, se faz necessário detalhar

alguns dos aplicativos e principais pacotes da comunidade empregados na pesquisa.

As seções seguintes são dedicadas à apresentação do organizador de rotinas Dyno

Browser, utilizado para viabilizar o acesso aos plug-ins; e os Custom Packages de

destaque: Data-Shapes (DATA-SHAPES, 2017) e Ladybug (LADYBUG, 2018), que

possibilitaram ampliar o potencial da programação desenvolvida.

3.1.1 Dyno Browser

Em um esforço para possibilitar a difusão de rotinas do Dynamo para profissionais

com poucos conhecimentos de programação, Alexey Lobanov desenvolveu o Dyno

Browser, um plug-in para Revit que busca organizar, gerenciar e rodar rotinas do

Dynamo sem que este precise ser aberto no Revit (PRORUBIM, 2017). Dyno Browser

está vinculado à interface da plataforma Revit e permite, dentre outras funções, a

criação de botões em abas customizadas (Figura 27), o controle da execução de

múltiplas rotinas e a consolidação de suítes de ferramentas programadas no

Dynamo.

Figura 27 - Botões de interface no Revit criados a partir da programação do Dyno Browser

Fonte: Manual de uso do Dyno Browser (PRORUBIM, 2017).

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As rotinas do Dynamo podem ser organizadas em pastas e pré-configuradas com

alguns valores, chamados de presets – opções que permitem a mudança de inputs

como valores, palavras, operações booleanas e algumas outras opções sem abrir o

Dynamo (PRORUBIM, 2017). Assim, conforme um botão é clicado em uma das abas

das rotinas configuradas, as funcionalidades programadas da mesma são executadas,

e se algum preset for configurado, sua informação será inserida antes da execução.

Isto permite agilizar os fluxos de trabalho por meio de um acesso rápido e de fácil

uso, pois rotinas prontas e de funcionamento estável podem ser utilizadas repetida e

interativamente, facilitando tarefas braçais e que consomem tempo, e automatizando

fluxos de informação para potencializar o gerenciamento de dados.

O monitoramento das rotinas executadas é possível devido a uma janela dedicada

para a interface do Dyno Browser no Revit (Figura 28), o que permite a visualização

de relatórios de tempo de execução, avisos e erros encontrados – possibilitando atuar

também na otimização do processamento e correção de erros da programação

desenvolvida. Além disso, é possível editar os valores dos parâmetros presets da

rotina, agilizando parcialmente a modificação de inputs.

Figura 28 - Edição de parâmetros preset e resultados da execução de uma rotina pelo Revit

Fonte: Manual de uso do Dyno Browser (PRORUBIM, 2017).

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A Autodesk desenvolveu ferramenta semelhante – o Dynamo Player, incluído no

Revit 2018, cujas funções principais também estão relacionadas à organização e

execução de rotinas do Dynamo diretamente pelo Revit (AUTODESK, 2017b).

Contudo, seu desenvolvimento ainda está em andamento e, até a data deste trabalho,

não permite, por exemplo, a construção de uma aba de ferramentas própria

efetivamente integrada à plataforma.

A importância do Dyno Browser para a presente pesquisa é sua capacidade de tornar

a interface amigável, automatizada e conectada ao Revit, permitindo que as rotinas

de programação desenvolvidas no Dynamo possam se constituir em plug-ins

intuitivos e que possibilitem articular e atingir os objetivos propostos.

3.1.2 Data-shapes

Um dos problemas da manipulação de dados através do Dynamo é a falta de uma

interface estruturada para inputs do usuário. As informações dadas na programação

interna de rotinas feitas apenas com os nodes básicos oferecem pouca customização

em relação às janelas pop-up, o que complica a criação de soluções de programação

direcionadas a um usuário final que não possui entendimento das funcionalidades

do Dynamo.

Pensando nestes entraves, o membro Mostafa El Ayoubi, da comunidade de usuários

do Dynamo, desenvolveu através de extensos códigos com linguagem Python, o

pacote Data-Shapes (DATA-SHAPES, 2017), um conjunto de nodes voltados para

criação de janelas e flexibilização de inputs do projetista, de modo a aumentar a

facilidade de uso de plug-ins criados no Dynamo.

O funcionamento dos nodes Data-Shapes permite a criação de caixas de texto,

checkboxes, menus dropdown, botões de busca por arquivos e pastas, e outras

funções, conforme exemplificado na Figura 29. Isto é feito por meio de janelas pop-up,

que podem ser apresentadas ao usuário antes que as funções de rotinas do Dynamo

sejam executadas (DATA-SHAPES, 2017).

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Figura 29 - Exemplos de interfaces configuráveis no Data-Shapes

Fonte: adaptado de Data-Shapes (2017).

Assim, é possível delegar ao usuário o papel de informar algum parâmetro, definir

os limites de regras, escolher a maneira como o programa irá realizar algum cálculo

ou verificação – por meio de condicionantes, entre muitas outras aplicações. Nesta

situação, o input ficará vinculado à decisão do usuário no momento de execução da

rotina, e não mais na manipulação de valores, palavras e operações booleanas dentro

do ambiente de programação do Dynamo, o que reforça a facilidade no uso.

O principal potencial deste pacote na presente pesquisa está em direcionar o

processamento de rotinas conforme a tomada de decisão do usuário a partir da

flexibilização dos inputs por meio de janelas de interface. Isto possibilita ampliar a

importação de informações externas, seguir fluxogramas de múltiplos caminhos, e

levar em conta preferências e limitantes declarados pelo usuário. Estes aspectos serão

abordados mais adiante neste trabalho.

Quando utilizado juntamente ao Dyno Browser, é possível construir uma série de

ferramentas que, além de integradas à interface do Revit sem necessitar abrir o

Dynamo, permitem ao usuário informar alguns parâmetros, importar arquivos, e

estabelecer o comportamento desejado na rotina – de forma semelhante aos presets

descritos no item 3.1.1, porém, com a adição de janelas pop-up e maior possibilidade

de captura de parâmetros.

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3.1.3 Ladybug e Honeybee

Ladybug Tools é um conjunto de ferramentas desenvolvido originalmente por

Mostapha Sadeghipour Roudsari, inicialmente para o plug-in Grasshopper para

Rhinoceros3D (GRASSHOPPER, 2018). É de formato aberto, utiliza a linguagem

Python de programação e suas funcionalidades recentemente vêm sendo adaptadas e

transportadas para o Dynamo pela equipe de desenvolvedores.

Consiste em funções voltadas para o projeto de edificações sustentáveis ou

ambientalmente conscientes por meio da simulação e verificação da performance de

ambientes. O Ladybug Tools funciona em conjunto com softwares de referência na

área de desempenho, como o EnergyPlus (ENERGYPLUS, 2017) e Radiance

(RADIANCE, 2017), funcionando no intercâmbio de informações e na

operacionalização de funções destes softwares no ambiente de modelagem 3D ou

BIM (LADYBUG, 2018).

Atualmente, o Ladybug Tools conta com 4 principais ferramentas (Figura 30):

Ladybug – a ferramenta que dá nome ao grupo, para análises de dados climáticos e

produção de visualizações interativas; Honeybee – para criação, execução, e

visualização de simulações de luz natural, também possuindo opções envolvendo

modelos energéticos e para conforto térmico; Butterfly – ferramenta de simulações de

CFD (Computational Fluid Dynamics), envolvendo análises de ventilação; e Dragonfly

– utilizado na escala do urbano, para análise de fenômenos climáticos como ilhas de

calor, precipitação, entre outras. Outra ferramenta em desenvolvimento, atualmente

no estágio alpha, é o Dynosaur, exclusivo para Dynamo, voltado para a extração de

parâmetros geométricos e não geométricos no interior de ambientes do Revit – algo

que ainda é feito com as funções básicas do Dynamo, de forma não otimizada

(GITHUB, 2018b).

Figura 30 - Componentes do Ladybug Tools

Fonte: Ladybug (2018).

No presente trabalho, as ferramentas mais utilizadas são o próprio Ladybug e o

Honeybee. Embora seu uso será detalhado mais adiante neste trabalho, é importante

ressaltar suas principais funções. Ladybug manipula arquivos de informações

climáticas no formato .EPW (Energy Plus Weather), e possibilita uma variedade de

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outputs gráficos por meio de estudos solares, ray-tracing, análises horárias e muitas

outras (Figura 31), para dar suporte aos processos de projeto. O Honeybee é utilizado

para interpretar as informações climáticas e, por meio de análises de iluminação

natural, providenciar relatórios preenchidos com cores vinculadas aos resultados das

simulações, entre outras funções (Figura 32). Conforme Roudsari et al. (2013), Viola e

Roudsari (2013), o potencial em utilizar Ladybug e Honeybee em ferramentas de VPL

está tanto no feedback instantâneo conforme as alterações do usuário, como no alto

grau de customização de ferramentas próprias, o que permite direcionar a

programação para atingir os objetivos mais específicos do projetista – no caso deste

trabalho, o atendimento de alguns requisitos da Norma de Desempenho.

Figura 31 - Coleção de funcionalidades do pacote Ladybug

Fonte: Ladybug (2018).

Figura 32 - Coleção de funcionalidades do pacote Honeybee

Fonte: Ladybug (2018).

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No Dynamo, Ladybug e Honeybee estão disponíveis como Custom Packages,

utilizando nodes de importação de arquivos, traçado da trajetória solar conforme

informações climáticas (.epw), criação de grids de análise em ambientes (Rooms) do

Revit, análise de iluminância por meio de Ray-tracing, entre muitos outros. Embora

muitas de suas funcionalidades ainda são limitadas e estão sendo adaptadas da

versão do Grasshopper, seu potencial pode ser aumentado na medida em que os

nodes possibilitem capturar e manipular informações presentes apenas nos softwares

BIM e não apenas na modelagem tridimensional (GRAPHISOFT, 2017; LADYBUG,

2018).

Em relação à comunidade de usuários, destaca-se o Hydrashare, repositório online

de rotinas de programação que exemplificam alguns usos do Ladybug Tools, tanto

para Grasshopper, como para Dynamo, disponibilizando as rotinas e pacotes

necessários para execução de diversas operações (HYDRA, 2018). Na Figura 33, um

exemplo de análise horária de luz solar foi publicado e sua rotina é disponibilizada,

juntamente com vídeos demonstrativos, destacando o uso de Ladybug Tools em

painéis solares no Dynamo.

Figura 33 - Aplicação de Ladybug Tools no Dynamo para estudos de painéis solares

Fonte: Hydra (2018).

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4. PERFORMANCE DAS EDIFICAÇÕES

Visando apresentar contextualização acerca do tema específico para o

desenvolvimento dos artefatos do presente trabalho, este capítulo apresenta revisão

bibliográfica acerca de alguns dos principais conceitos a serem discutidos, com

trabalhos acadêmicos onde foram pesquisadas possíveis interações e sinergias entre

conceitos de performance e desempenho das edificações em relação às ferramentas

BIM, considerando também as mudanças nos processos de projeto e os avanços

tecnológicos.

4.1 BIM aplicado à performance

No processo de projeto, melhorias relacionadas à performance podem ser percebidas,

dentre outras maneiras, através de padronização de processos, como atendimento

aos padrões de desempenho e pela verificação, simulação e processamento

matemático de informações relativas ao comportamento dinâmico da edificação. Em

relação à bibliografia que contempla tanto a performance das edificações, como o

contexto de programação no qual esta pesquisa se concentra, destacam-se os

trabalhos a seguir.

Conforme Hensen e Lamberts (2011), performance pode ser definida como um

conjunto de aspectos relacionados ao conforto, desempenho e análise de sistemas

construtivos por óticas da temperatura, acústica, iluminação, impacto ambiental,

durabilidade, consumo de energia, construtibilidade, manutenção, entre outras.

Segundo os autores, o potencial da interpretação destes aspectos está em sua

simulação e manipulação, de modo que o projeto possa ser adequado conforme

resultados de predições em diferentes cenários. Tais abordagens servem como um

background em potencial para o BIM e suas perspectivas multidimensionais – onde

novas camadas de complexidade de análise podem caracterizar novos processos ao

longo do ciclo de vida da edificação (BIM 6D, 7D e assim por diante) (SANHUDO,

2016).

Tal perspectiva do processo de projeto exige que informações relativas ao

comportamento da edificação sejam acionáveis logo nas etapas iniciais. Por vezes, a

simulação de tal comportamento só é realizada após a conclusão de etapas de escolha

de forma, materiais e soluções técnicas, não sendo de fato integrada no processo de

projeto – uma situação que, nos processos tradicionais, pode resultar em

modificações próximas à execução dos empreendimentos, onde o custo para definir

soluções e atender a performance desejada é muito superior (SCHLUETER;

THESSELING, 2009).

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Este conjunto de decisões tecnológicas a serem tomadas nos projetos de arquitetura,

priorizando a performance de seus sistemas é abordado por Negendahl (2015), Shi e

Yang (2013) como performance-driven architecture, cuja ênfase de projeto se dá por

meio da otimização abrangente e integrada de diversos indicadores de desempenho

das edificações. Tal conceito toma uma visão holística acerca da performance

ecológica e ambiental dos empreendimentos, visando compreender o

comportamento dos sistemas para realizar decisões conscientes, mas não

abandonando a forma, estética e função das edificações.

Em um esforço para facilitar decisões informadas desde as fases iniciais do projeto de

edificações, até as etapas de detalhamento e especificação de sistemas, Papamichael

(1998) propôs o BDA – Building Design Avisor, um software de uso concorrente de

múltiplas ferramentas de simulação e seus respectivos bancos de dados, para tornar

os resultados quantitativos de tais simulações acionáveis durante as etapas de projeto

por meio de julgamento multi-critérios – conforto, custo, estética, impacto ambiental,

entre outros (PAPAMICHAEL, 1998). O BDA foi descontinuado alguns anos depois,

devido às limitações relacionadas ao seu ambiente de modelagem e restrições de

processamento dos computadores da época.

Em outro estudo, Papamichael et al. (1996) relatam que, para possibilitar a tomada de

decisões que contemplem a complexa gama de variáveis apresentada no

comportamento de uma edificação, se faz necessário inserir a computação no design,

para dar suporte às decisões, considerando estratégias energeticamente eficientes ao

longo do processo de projeto, onde os projetistas podem avaliar diferentes contextos

e simular diferentes soluções para seus problemas.

Para os autores (PAPAMICHAEL et al., 1996), o uso de softwares de simulação

possibilita contribuir para o processo de projeto por meio de decisões mais

informadas acerca do que está sendo implementado na edificação em termos de

materiais e sistemas, o que pode ser traduzido em projetos com maior nível de

qualidade das construções.

Contudo, um dos principais problemas levantados pelos autores em relação às

ferramentas de simulações é que muitas delas foram feitas direcionadas para uso

acadêmico em detrimento da aplicação em cenários profissionais. Muitos dos

softwares de análise e simulação de critérios de edificações foram originalmente

desenvolvidos por pesquisadores, com ampla experiência na área, o que infelizmente

faz com que as ferramentas exijam alto nível de abstração e conhecimento para

interpretação de seus resultados (PAPAMICHAEL, 1998). Enquanto que os inputs

requerem uma preparação de arquivos que exige muito tempo do projetista, os

outputs são por vezes apresentados em tabelas com informações de difícil

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interpretação, revisão e implementação em projetos reais. Tais problemas são

apontados como um dos motivos pelos quais tais ferramentas eram – e em alguns

casos, ainda são – pouco utilizadas pela comunidade de projetistas (PAPAMICHAEL

et al., 1996).

A introdução das plataformas paramétricas modificou o design voltado para a

performance de maneira disruptiva. Com os avanços da modelagem computacional,

design generativo, adaptativo, e otimização multi-critérios substituindo os modelos

físicos simplificados, é possível executar estes processos de maneira mais próxima às

etapas de concepção da edificação, agregando melhorias que podem ser verificadas

com grande precisão ao longo do ciclos de vida (VIOLA; ROUDSARI, 2013).

Ainda que a importância do projeto voltado para eficiência e sustentabilidade tenha

crescido na indústria da construção, análises de energia e desempenho não estão

totalmente integradas aos processos de projeto BIM, com tais etapas usualmente

sendo feitas apenas depois que o projeto arquitetônico foi completado (SCHLUETER;

THESSELING, 2009).

Como uma alternativa para direcionar as informações de performance para um

ambiente onde estas sejam efetivamente utilizadas ou verificadas em simulações,

alguns autores desenvolveram extensões, plug-ins ou programas complementares às

plataformas, de modo a possibilitar uma maior integração da etapa de tomada de

decisão nos processos. Em tal cenário, plug-ins podem aumentar a viabilidade de

realizar avaliações de diferentes soluções tecnológicas nas fases iniciais do projeto,

possibilitando que projetistas foquem em atingir menores impactos ao longo do ciclo

de vida das edificações através de maior atenção ao desempenho e eficiência

energética em seus projetos (JALAEI; JRADE, 2014).

Embora a customização de software seja uma prática comum em áreas como

engenharia mecânica e design, é algo que ainda está em desenvolvimento na

arquitetura, considerando as crescentes necessidades de otimização dos processos de

projeto e melhorias na avaliação da performance (MATCHA; QUASTEN, 2009).

Por outra perspectiva, o crescente interesse em projetos sustentáveis, amplificado por

certificações ambientais como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e

BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), têm se

tornado uma maneira de manifestar a eficiência dos sistemas construtivos e de

planejar processos e tomada de decisões tecnológicas, alterando processos de projeto

na medida em que levam em consideração impactos ambientais e influências das

escolhas de sistema construtivo ao longo do ciclo de vida (JALAEI; JRADE, 2014).

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Neste sentido, Wu (2010) propôs, através de plug-ins desenvolvidos pelo Revit API,

uma estruturação de bancos de dados capazes de avaliar requerimentos para a

certificação ambiental LEED. No trabalho, o pesquisador utilizou um sistema de

detecção de sintaxe e contexto para avaliar como cada aspecto da certificação poderia

ser integrado no ambiente BIM, de modo a facilitar e automatizar processo de

submissão e obtenção de créditos dos requisitos, possibilitando às partes envolvidas

tomar um posicionamento estratégico gerencial conforme suas metas de certificação.

Plug-ins também podem ser utilizados para facilitar análises de sustentabilidade

aliadas ao manejo de custos e prazos para projetos de construção. Enquanto tais

tarefas por vezes são complicadas pela grande quantidade de alternativas de

sistemas construtivos, aliado ao cenário mutável dos processos de projeto e tomada

de decisão, uma ferramenta externa pode, por exemplo, auxiliar na sincronização de

bancos de dados e automatização de processos. Por meio da relação entre

características conhecidas do modelo com outros softwares ou servidores que

contenham informações referenciais para a tarefa a ser realizada, é possível agilizar

tomadas de decisão e obter um maior leque de soluções alternativas para problemas

específicos (LI, 2016).

Focar em áreas específicas de certificação tem sido uma maneira para guiar o

desenvolvimento de plug-ins na bibliografia recente, com aplicações voltadas para

áreas como manejo de águas de chuva (SANHUDO, 2016), uso operacional de

energia, emissões de carbono (STADEL et al., 2011) e materiais sustentáveis

(ZHANG; CHEN; KANG, 2015), possibilitando decisões estratégicas e informadas

nos processos de certificação.

Sanhudo (2016) utilizou rotinas da extensão do Revit, Dynamo, para desenvolver um

plug-in voltado para o manejo de águas de chuva, visando atender segmentos

específicos da certificação LEED. O autor demonstra as potencialidades atingidas por

meio da programação para atingir novos patamares de automatização e melhoria nos

processos de escolha em edificações sustentáveis, por meio do cálculo e verificação

de requisitos em situações dificilmente verificáveis apenas com os recursos básicos

de plataformas BIM.

Zhang, Chen e Kang (2015) desenvolveram plug-ins para monitorar aspectos de

performance de edificações, também tomando como base os requisitos da certificação

LEED, porém, com foco nas etapas de execução. Os autores utilizaram uma interface

onde parâmetros compartilhados de materiais sustentáveis são inseridos no ambiente

de projeto, auxiliando na tomada de decisão para atingir requisitos da certificação

enquanto o projeto está nas etapas iniciais.

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Similarmente, Stadel et al. (2011) avaliaram as potencialidades da programação

voltada para sustentabilidade na plataforma Revit, com ênfase na integração de

dados de emissão de carbono pelas soluções adotadas em projeto. O estudo mostrou

que plug-ins e extensões relacionados à eficiência energética também podem dar

enfoque ao estudo de análises de impacto ambiental já nas etapas iniciais de projeto.

Tal situação é também estudada por Jalaei e Jrade (2014), que destacam que plug-ins

podem aumentar a viabilidade de comparação de diferentes soluções de projeto

sustentável em momentos precoces. Isto possibilita a arquitetos uma maior

amplitude de visão e consciência sobre escolhas tecnológicas e consequentemente um

projeto com menores impactos e sistemas mais eficientes.

Por uma ótica de requisitos de desempenho em relação à segurança da edificação,

Zhang et al. (2013) apresentaram algoritmos para verificar, de forma automatizada,

riscos de queda de altura durante a execução de obras, por meio de informações

geométricas e semânticas nos modelos BIM. Uma plataforma de análise foi

programada para percorrer modelos e checar no cronograma de atividades

vinculado se haveria ocorrência de tarefas sem a conclusão de instalações de

segurança ou vedações. Tal abordagem também permitiu antecipar que tipos de

ações corretivas deveriam ser empregadas em cada caso.

No Brasil, Brigitte e Ruschel (2016) recentemente realizaram um trabalho

investigativo acerca das ferramentas computacionais direcionadas à análise de

desempenho das edificações nas etapas iniciais de projeto. Por meio da identificação

de parâmetros necessários para simulações de desempenho térmico, acústico e

lumínico, consumo de água, materiais e acessibilidade, as autoras propõem diretrizes

para o processo de projeto, propondo uma sequência de execução das análises e

simulações em modelagens BIM, considerando as diferentes ferramentas disponíveis.

Consoante a estas inovações, os processos BIM vêm se adequando muito bem aos

novos desafios da sustentabilidade e da eficiência energética nas edificações.

Modelos inteligentes ricos em informação, processos mais flexíveis e atentos ao

contexto de performance possibilitam incluir estratégias no ambiente de projeto,

identificando oportunidades de melhoria da qualidade das edificações através da

modelagem. Contudo, é notável a necessidade de customização e adaptação de

plataformas já existentes para que a inclusão destas novas estratégias seja efetiva.

No sentido de avaliar a possibilidade de integração entre plataformas BIM e alguns

softwares comerciais de simulação de desempenho, Kirkegaard e Kamari (2017)

publicaram um relatório que agrupa estudos sobre o tema, com foco no interior de

edificações. O relatório contempla aspectos de conforto acústico, térmico e luminoso,

bem como umidade, ventilação e consumo de energia, buscando investigar se

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algumas ferramentas de simulação do mercado podem ser integradas ao software

BIM de arquitetura Revit.

Conforme resultados do estudo, muitos dos softwares de simulação analisados não

possuem sólida interoperabilidade com modelos BIM, por vezes transportando

apenas geometria, por vezes com trânsito da informação limitado a máscaras de

desenho 2D, e não informações de parâmetros como materiais, o que impossibilita a

completa implementação no processo BIM.

Um dos grandes problemas foi a necessidade de reinserir parâmetros não-

geométricos, o que acaba por eliminar o potencial da plataforma BIM para as

simulações – utilizando apenas a casca geométrica das dimensões da edificação, visto

que há considerável retrabalho e perda de informações. Outro ponto é que a grande

quantidade de informações a serem inseridas para a simulação desencoraja a

realização das análises em etapas iniciais do projeto, o que é contraprodutivo do

ponto de vista processual com a abordagem BIM (KIRKEGAARD; KAMARI, 2017).

Conforme os autores (KIRKEGAARRD; KAMARI, 2017), dentre alguns dos softwares

ou extensões levantadas no estudo que oferecem um grau maior de integração com

as plataformas BIM, destacam-se: Green Building Studio – ferramenta que pode ser

utilizada para efetuar simulações paralelamente ao desenvolvimento do modelo

BIM, continuamente dando suporte às decisões durante o projeto; e o Insight 360 –

um plug-in para Revit que possibilita simular aspectos de eficiência energética como

aquecimento e resfriamento, bem como iluminação diretamente no modelo

(AUTODESK, 2018).

Os autores concluem o estudo ressaltando que, para as ferramentas de análise de

performance serem úteis e sobreviver às constantes melhorias de softwares BIM,

precisam desenvolver interoperabilidade com estes (KIRKEGAARD; KAMARI,

2017). Outro grande desafio é a capacidade de vincular as simulações diretamente no

modelo BIM, onde o impacto das mudanças pode ser observado através de seu

robusto corpo de informações e possibilitar a exploração do design (AISH, 2013a)

durante o desenvolvimento dos projetos.

Embora existam diversas ferramentas de simulação disponíveis no mercado, a

possibilidade de vincular informações além da geometria da edificação ainda é um

desafio. Contudo, este desafio pode ser amenizado conforme usuários de

ferramentas de programação desenvolvem pontes de interoperabilidade por meio de

soluções customizadas, ou ainda, criam suas próprias aplicações com base em

softwares referenciais ou certificados (MACKEY; ROUDSARI, 2018).

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4.2 Norma de Desempenho Brasileira

No Brasil, a Norma de Desempenho NBR 15.575/2013 (ABNT, 2013a), em vigor desde

julho de 2013, recentemente tranformou o setor de Arquitetura, Engenharia e

Construção, fazendo com que fornecedores e projetistas necessitem se adaptar a

novos processos de produção. Arquitetos e engenheiros revisitam seus projetos para

atender especificações relacionadas a sistemas construtivos, levando em consideração

aspectos como conforto, segurança e durabilidade, para garantir a satisfação do

usuário durante o uso da edificação.

Tais requisitos de qualidade demandam um maior detalhamento das informações

associadas à edificação e melhorias nos processos de tomada de decisão – uma série

de mudanças que altera os processos de projeto já estabelecidos na medida em que

insere prerrogativas a serem atendidas e aumenta a complexidade das análises.

Em relação a sua estrutura, a Norma de Desempenho é organizada conforme

modelos internacionais de normalização de desempenho (CBIC, 2013). É um

documento dividido em seis partes, sendo a primeira relativa a Requisitos Gerais e as

outras cinco por meio da separação de sistemas construtivos da edificação:

• NBR 15575-1: Requisitos gerais

• NBR 15575-2: Requisitos para os sistemas estruturais

• NBR 15575-3: Requisitos para os sistemas de pisos

• NBR 15575-4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas

• NBR 15575-5: Requisitos para sistemas de coberturas

• NBR 15575-6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários

O foco geral da Norma de Desempenho está em atender as exigências de usuários,

classificadas nas categorias de Segurança, Habitabilidade e Sustentabilidade (Figura

34), por meio da qualidade dos sistemas construtivos e seu comportamento durante a

operação da edificação. Isto é feito por meio de requisitos (qualitativos), critérios

(quantitativos e premissas) e métodos de avaliação, inputados aos sistemas para

atendimento aos níveis de desempenho Mínimo, Intermediário ou Superior.

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Figura 34 - Quadro de exigências de desempenho

Segurança Habitabilidade Sustentabilidade

Segurança

estrutural; Contra

fogo; no Uso e

Operação.

Estanqueidade; Desempenho térmico; acústico;

lumínico; Saúde, higiene e qualidade do ar;

Funcionalidade e Acessibilidade; Conforto

Tátil e Antropodinâmico.

Durabilidade;

Manutenibilidade;

Impacto Ambiental

Fonte: adaptado de NBR 15575-1 (ABNT,2013a).

Contudo, o objetivo da Norma de Desempenho é estabelecer estes requisitos,

critérios e métodos voltados ao desempenho independentemente dos materiais,

métodos construtivos empregados e formas de dimensionamento nas soluções

projetuais. Isto incentiva o desenvolvimento tecnológico do setor, ao passo em que

permite a inserção de novas tecnologias na construção, e direciona a melhoria dos

sistemas construtivos já consagrados (SOUZA; KERN; TUTIKIAN, 2018).

Enquanto que outras normas técnicas são voltadas para a prescrição de

características como dimensões e propriedades de produtos, a Norma de

Desempenho apenas estabelece o comportamento necessário no uso. Desta forma, a

Norma de Desempenho possibilita a criação de um ambiente de inovação

tecnológica, pois direciona fornecedores a atenderem seus critérios específicos e,

conscientiza projetistas acerca do impacto de suas escolhas no uso.

Este cenário, aliado ao amadurecimento da indústria da construção, juntamente com

a chegada de novos processos como o BIM, possibilita que o setor evolua como um

todo, partindo da premissa de que haverá o refinamento tecnológico necessário tanto

nos processos de produção como nos processos de projeto.

Em relação a sua aplicabilidade, embora normas técnicas não possuam força de lei,

seu atendimento é obrigatório, principalmente devido ao Código de Defesa do

Consumidor (Lei nº 8078/1990) – que proíbe a fornecedores colocar no mercado

produtos em desacordo com as normas; e à Lei das Licitações (Lei nº 8666/1993) – que

obriga o atendimento às normas em contratações com órgãos públicos.

Quanto a seu histórico e origens, por meio de um projeto de um método de avaliação

de sistemas construtivos inovadores, financiado pela Caixa Econômica Federal, em

2010 foi publicada a NBR 15575/2010 – Edifícios habitacionais de até cinco

pavimentos – Desempenho. Este documento foi reavaliado e após passar por

diversas discussões e revisões junto à indústria de construção, devido a seus

impactos em toda a cadeia produtiva, tornou-se a atual norma em vigor NBR

15575/2013 – Edificações habitacionais – Desempenho.

Há uma tendência mundial para desenvolvimento e adaptação de normativas de

desempenho, com muitos avanços em países estrangeiros que visam tanto a melhoria

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dos sistemas construtivos tradicionais como a inovação tecnológica (SOUZA; KERN;

TUTIKIAN, 2018). Segundo os autores, os primeiros esforços para implementação de

normativas voltadas para o desempenho na construção começaram nos Estados

Unidos, em 1925, com relatórios intitulados “Práticas recomendadas para arranjo de

códigos de construção”.

Ao longo da história destacam-se outros implementos, como a comissão CIB W60 –

The performance concept in building, de 1967; as normas ISO 6240/1980 – Performance

standards in buildings: contentes and presentation; ISO 6241/1984 – Performance standards

in buildings: principles for their preparation and factors to be considered; e ISO 7162/1992 –

Performance standards in buildings: contents and format of standards for evaluation of

performance considered; o eurocode EN 1990/2002 – Basis of structural design. Também

destaca-se nos Estados Unidos, o ICC Performance code for buildings and facilities, desde

1994; no Canadá, o Objective-based building code, desde 2005; e na Espanha, o Código

Técnico de la Edificación (CTE), criado em 2006, entre muitos outros (SOUZA; KERN;

TUTIKIAN, 2018).

Em relação às novas competências e responsabilidades imputadas aos agentes

envolvidos, Souza, Kern e Tutikian (2018) relatam que, devido ao fato de que o

desempenho dos sistemas construtivos depende de diversos fatores como materiais

empregados e suas ligações; técnicas construtivas utilizadas; e capacitação da mão de

obra executiva, o processo de atendimento à Norma de Desempenho é algo que

necessita de forte colaboração entre os envolvidos na cadeia produtiva de projeto e

execução da edificação.

CBIC (2013) lançou o Guia Orientativo para Atendimento à Norma em um esforço

para disseminação de critérios normativos, contendo exemplos de disposições

construtivas e informações de referência para projetistas. Tal esforço busca

apresentar a norma às partes interessadas, como uma maneira de compreender a

qualidade das edificações habitacionais por meio do conhecimento de suas

incumbências e responsabilidades, visando o amadurecimento e melhoria da relação

de consumo no mercado da construção como um todo.

Em relação às responsabilidades imputadas a cada agente, enquanto que

fornecedores devem caracterizar o desempenho e comprovar seu atendimento à

normativa em seus produtos; os projetistas devem estabelecer a VUP (Vida Útil de

Produto) de suas soluções, e especificar os tipos de materiais, produtos e processos

envolvidos nas decisões tecnológicas; os construtores devem identificar riscos,

providenciar estudos técnicos, comprovar o atendimento de seus sistemas e exigir

dos fornecedores o atendimento dos materiais (ABNT, 2013a). Estas novas

responsabilidades implicam em mudanças tanto no processo de projeto, como na

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produção, na cadeia de fornecedores e na fiscalização (SOUZA; KERN; TUTIKIAN,

2018).

Além das responsabilidades dos atores da cadeia de projeto e produção, o próprio

usuário possui uma responsabilidade relacionada ao uso da edificação: deve seguir

as recomendações de operação e manutenção dispostas no documento Manual do

Proprietário (documento que deve ser disponibilizado pelo construtor), onde são

especificadas as manutenções corretivas e preventivas dos sistemas empregados, de

modo que estes possam manter seu desempenho ao longo da vida útil projetada

(ABNT, 2013a).

Em relação aos principais desafios na adaptação de processos de projeto e construção

devido à NBR 15.575/2013, Souza, Kern e Tutikian (2018) levantaram em um estudo

recente alguns dos principais impactos encontrados no atendimento ao desempenho

em um empreendimento habitacional. Destacam-se: a necessidade da presença de

um laboratório ou ITA (Instituição Técnica Avaliadora) acompanhando os processos

de ensaio e execução; a necessidade de adotar novas composições de sistemas

construtivos (como blocos cerâmicos estruturais, por vezes com camadas de areia

entre paredes) e com estes, novos procedimentos de trabalho relacionados; maior

detalhamento e especificações nos projetos; investimento de materiais e insumos para

ensaios em laboratório e em obra; e a intensificação de simulações computacionais

durante o processo de projeto.

Além disso, os autores (SOUZA; KERN; TUTIKIAN, 2018) relatam que foi necessário

consultar normas internacionais quando parâmetros como Vida Útil de Projeto não

possuíam registros nacionais.

Alguns desafios voltados para o processo de projeto e atendimento aos requisitos são

levantados por Cotta e Andery (2018): a falta de conhecimento técnico em

construtoras e escritórios de projeto; ausência de informações e especificações de

desempenho em materiais de fabricantes; e a falta de integração entre as interfaces

técnicas (arquitetura e engenharia) e o setor imobiliário e incorporação.

Para os autores (COTTA; ANDERY, 2018), para que as empresas do setor de projeto e

execução de edificações encarem estes desafios, se faz necessária uma mudança

cultural profunda nas empresas, instrumentalizar o processo de projeto por meio de

ferramentas que cubram os aspectos tecnológicos e requisitos da Norma de

Desempenho, desde planilhas, documentos, checklists e fluxogramas processuais.

Além disso, o atendimento efetivo da Norma de Desempenho requer mecanismos de

gestão de qualidade e o rigor na escolha de materiais (SILVA JÚNIOR; MITIDIERI

FILHO, 2015).

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4.3 BIM e a Norma de Desempenho

Devido ao fato de que a Norma de Desempenho trouxe uma série de novas

informações e condicionantes a serem interpretadas no ambiente de projeto, alguns

autores (COSTA; ILHA, 2017; NARDELLI; OLIVEIRA, 2013; SILVA; ARANTES,

2016; SILVA JÚNIOR; MITIDIERI FILHO, 2015) realizaram pesquisas que apontam

para um potencial de integração e sinergia existente entre a NBR 15.575/2013 e os

processos e ferramentas BIM.

Silva e Arantes (2016) realizaram um estudo buscando identificar possibilidades de

automatização do atendimento a requisitos da Norma de Desempenho por meio da

inserção de regras no software BIM Solibri Model Checker – um programa que

percorre a geometria e informação de modelos BIM, analisando e identificando

possíveis irregularidades ou violações, conforme condicionantes determinadas pelo

usuário (EASTMAN et al., 2008), tais condicionantes podem ser, por exemplo:

valores de parâmetros de famílias, dimensões mínimas ou relações obrigatórias entre

elementos.

Para os autores (SILVA; ARANTES, 2018), o Solibri Model Checker possui algumas

limitações, visto que suas regras não podem ser profundamente customizadas pelo

usuário, necessitando-se o uso de templates. Além disso, muitos dos conceitos da

norma requerem atenção humana (tomada de decisão), ou são implícitos, subjetivos

e não quantificáveis, podendo ainda remeter a outras normas normativas, o que

complica a parametrização e consequentemente a verificação automática de modelos

conforme os critérios.

Devido a isso, de um levantamento de 113 requisitos diretamente relacionados ao

projeto, o estudo mostrou que apenas cerca de 22 deles (19%) teriam potencial de ser

automatizados total ou parcialmente com o Solibri Model Checker, necessitando

inclusive, de combinações complexas de várias regras dos templates disponíveis

(SILVA; ARANTES, 2016).

Por uma ótica semelhante, Silva Júnior e Mitidiéri Filho (2015) realizaram um

levantamento acerca do uso do software BIM para arquitetura Revit, para fins de

identificação e organização dos requisitos. De um total de 93 requisitos considerados

pelos autores, 28 (30%) poderiam ser inclusos diretamente nos modelos BIM como

parâmetros compartilhados, podendo ser verificados por outras ferramentas ou

apenas explicitados por meio de tags. Os autores destacam que colocar especificações

de materiais e sistemas diretamente no modelo BIM poderia facilitar o processo de

escolha dos projetistas e auxiliar na geração de documentação consistente.

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Com uma abordagem de organização de dados semelhante, e com o intuito de tornar

as informações de desempenho organizadas e acessíveis diretamente no modelo BIM,

Costa e Ilha (2017) propuseram a criação de uma biblioteca de componentes para

instalações hidrossanitárias, contendo parâmetros pertinentes às exigências da

Norma de Desempenho.

Um dos problemas é de que os fabricantes de tais produtos não disponibilizam

informações suficientes em seus catálogos ou páginas de internet, o que complica o

processo para o projetista que necessita escolher qual solução irá adotar (COSTA;

ILHA, 2017), e possivelmente, dificulta ainda mais para o desenvolvedor de

conteúdo como famílias de elementos BIM, que precisa trabalhar com a escassez de

dados referenciais para criar seus modelos customizados.

Costa e Ilha (2017) visitaram repositórios de modelos BIM, buscando saber se

informações de desempenho haviam sido incorporadas em elementos de hidrômetro,

bacia sanitária, chuveiro, lavatório e caixa sifonada, nesta situação, outro problema

encontrado pelos autores foi a ausência destas informações nos diversos repositórios

pesquisados.

Nardelli e Oliveira (2013) também constataram que muitos dos parâmetros

relacionados a desempenho de elementos construtivos dificilmente estão presentes

nas bibliotecas de elementos BIM, o que também limita o uso da modelagem para

fins de simulação e verificação destes aspectos, pois são informações que precisam

ser adicionadas manualmente e mesmo assim, não possuem um software ou

aplicação inserida no processo BIM que seja específica para utilizá-los efetivamente.

Os autores ressaltam que, algo que atualmente acontece em outros países é a inclusão

de parâmetros pontuais nos elementos BIM, pelos próprios fornecedores de

materiais, informações voltadas para campos específicos da indústria local, como por

exemplo: parâmetros de classificação de resistência ao fogo e propriedades

relacionadas à segurança (NARDELLI; OLIVEIRA, 2013).

No Brasil, partindo da premissa de que os fornecedores precisam conhecer e

disponibilizar as informações de desempenho, iniciativas são feitas por alguns

fabricantes como Pauluzzi, Saint-Gobain e Portobello (PAULUZZI, 2018;

PORTOBELLO, 2018; SAINT-GOBAIN, 2018), que estão realizando um esforço para

disponibilizar sua biblioteca de produtos para softwares como o Revit, para que

projetistas tenham acesso a algumas informações do comportamento esperado de

suas soluções durante a modelagem.

Contudo, a utilidade de muitos dos parâmetros colocados nos componentes ainda

precisa ser consolidada por ferramentas que efetivamente os utilizem em cálculos,

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verificações ou geração de relatórios. Um modelo com informações que jamais serão

utilizadas, apenas aumentam o tamanho dos arquivos e não geram benefícios. É

necessário utilizar o processo BIM para colocar estas informações em um contexto e

prepará-las para serem verificadas, simuladas ou documentadas, ou correm o risco

de tornarem-se apenas mais um dado avulso, o qual não compõe o processamento

efetivo de informação.

Outro ponto é que, por mais que alguns processos de projeto possam ser

completamente automatizados com a tecnologia BIM, esta deve ser utilizada em prol

da exploração de alternativas (AISH, 2013), de modo a dar informações e suporte ao

projetista durante sua tomada de decisão, e não simplesmente realizar o trabalho por

ele, visto que muitas das informações requerem conhecimento técnico, interpretação

e julgamento, o que limita a efetividade de um code-checking em uma norma

diretamente relacionada à qualidade e escolhas de projeto.

Contemplando estas situações, neste trabalho é proposta a programação de

ferramentas visando esta integração e efetivo uso das informações para verificar e

simular cenários de desempenho. No capítulo seguinte, é apresentado o método

utilizado para direcionar o desenvolvimento de tal programação.

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5. DESIGN SCIENCE RESEARCH

Este capítulo trata do método utilizado para a pesquisa, descrevendo conceitos

fundamentais do Design Science Research, desde a contextualização do paradigma

Design Science, alicerçado nas definições de Simon (1996), até a determinação das

etapas metodológicas e o detalhamento dos procedimentos utilizados para gerar os

produtos do trabalho. Para tal, utilizou-se como principal referência o livro Design

Science Research – A Method for Science and Technology Advancement, de Dresch,

Lacerda e Antunes Jr. (2015).

Para adoção deste método, foi realizada uma revisão bibliográfica para descrevê-lo –

apresentada nos itens 5.1 e 5.2. Então, a presente pesquisa é situada no método a

partir do item 5.3, que descreve as atividades de desenvolvimento e avaliação, bem

como as definições para cada etapa.

5.1 O paradigma Design Science

Van Aken (2004) define paradigma de pesquisa não somente como um conjunto de

hábitos científicos, mas como a combinação das perguntas realizadas, os métodos

que possibilitam respondê-las e a natureza dos produtos gerados.

Design consiste na aplicação de mudanças a um sistema, visando transformar

situações para atingir melhorias (SIMON, 1996). Enquanto que nos paradigmas das

ciências naturais e sociais o foco é voltado para a geração de conhecimento a partir de

algo que já é conhecido – por meio da compreensão de fenômenos, Design Science

busca o conhecimento acerca de sistemas artificiais, que ainda não existem (SIMON,

1996), ou ainda, métodos para desenvolver objetos e sistemas inovadores, para

modificar o existente e atingir maior performance – uma abordagem científica

prescritiva (MARCH; SMITH, 1995).

O argumento de Simon (1996) é de que, a prescrição ou o design de uma solução para

um problema também é uma forma de conhecimento, e de que conhecimento

puramente descritivo acerca do comportamento de fenômenos não é suficiente para

preencher muitas das lacunas de um tema, sendo necessário pensar na maneira como

tais aspectos deveriam ser – maneiras aprimoradas de criar, e não apenas como

atualmente são.

As pesquisas de caráter natural possuem um objetivo marcantemente descritivo,

onde exploram e descrevem seus temas para compreender e predizer fenômenos e

sua complexidade com base na observação (VAN AKEN, 2004), buscando realizar

descobertas acerca de seu comportamento e justificar suas teorias. Com uma

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abordagem similar, ciências sociais buscam descrever, compreender e refletir sobre

as ações do ser humano, por diversas perspectivas. Tais pesquisas descritivas

também são chamadas de comportamentais (HEVNER et al., 2004) ou explanatórias

(VAN AKEN, 2004).

Nas ciências explanatórias ou descritivas, o fenômeno a ser estudado deve existir

antes de o conhecimento ser produzido, ao passo que, nas ciências exploratórias ou

prescritivas, onde o Design Science está inserido, o fenômeno deve inicialmente ser

criado artificialmente, e seu processo avaliado, para que se possa produzir o

conhecimento (SIMON, 1996).

Pela ótica do foco da pesquisa, enquanto que nas ciências naturais e sociais existe

uma ênfase na descoberta e justificação de fenômenos pela compreensão e

explanação, Design Science consiste em um paradigma para construção e avaliação de

artefatos voltados às necessidades identificadas em um cenário ou organização

(HEVNER et al., 2004), para atingir objetivos humanos de caráter prático (MARCH;

SMITH, 1995). No Design Science, o conhecimento é produto dos artefatos que

manipulam os fenômenos e não da descrição ou explicação de tais fenômenos

(VAISHNAVI; KUECHLER, 2007).

O produto da pesquisa no âmbito do Design Science também difere em relação às

pesquisas descritivas. No paradigma do Design Science, o principal interesse está na

criação destes artefatos, com a preocupação voltada para o aprimoramento de

situações práticas reais (HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009), a melhoria da

performance no uso (VAISHNAVI; KUECHLER, 2007) e no desenvolvimento de

sistemas (MARCH; SMITH, 1995).

Quanto ao posicionamento do pesquisador no âmbito do Design Science, este não está

satisfeito apenas com explicar e predizer os fenômenos (VAN AKEN, 2004), mas sim

com moldar artificialmente situações e cenários, assumindo um papel ativo na

produção de conhecimento através da exploração do design (SIMON, 1996). O

pesquisador está interessado em desenvolver, em caráter prático e tecnológico,

prescrições para um problema que se manifesta na forma dos artefatos

(HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009). A busca por conhecimento acadêmico

nas pesquisas descritivas coloca o pesquisador como um observador, analista ou

crítico dos fenômenos (KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1993) e não como um

desenvolvedor, agente ou player principal (VAN AKEN, 2004) das mudanças no meio

prático.

Pesquisa teórica produzida por acadêmicos por vezes não coincidem com os

interesses práticos, se distanciando muito das reais necessidades de comunidades e

organizações (HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009; KASANEN; LUKKA;

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SIITONEN, 1993). Holmström, Ketokivi e Hameri (2009) defendem que, uma

pesquisa voltada para o desenvolvimento de soluções, por meio da inserção destes

novos métodos ou artefatos, pode auxiliar na redução da lacuna entre teoria e

prática, prescrevendo maneiras de abordar problemas reais e caracterizando-se como

uma maneira de alavancar a relevância da pesquisa proposta (DRESCH; LACERDA;

ANTUNES JR., 2015).

A abordagem de pesquisa Design Science pode ser imediatamente relevante do ponto

de vista prático, em virtude de seu foco na criação de soluções inovadoras voltadas

para problemas específicos. Contudo, o desafio está em tornar tal conhecimento

relevante no ponto de vista teórico, por meio da exploração de suas contribuições

para o cenário acadêmico (HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009).

Holmström, Ketokivi e Hameri (2009) e Van Aken (2004), afirmam que a relevância

da pesquisa pode ser aumentada com o uso complementar de características de

ambos os paradigmas, defendendo a integração das características das ciências

descritivas e prescritivas. Hevner et al. (2004) complementam tal posicionamento

ressaltando que não são abordagens mutualmente excludentes, mas sim que

possuem um grau de interdependência e sinergia. Os autores (HOLMSTRÖM;

KETOKIVI; HAMERI, 2009) exemplificam tal situação: na pesquisa

prescritiva/exploratória, novas teorias e artefatos são produzidos visando resolver

problemas específicos com base em fundamentos teóricos, ao passo que, na pesquisa

descritiva/explanatória, tais construções são verificadas em diferentes contextos,

reforçando seu mérito e apontando suas lacunas, fomentando a criação e

transformação de novos artefatos, e assim por diante. March e Smith (1995) reforçam

tal ideia ao declarar que o desenvolvimento de artefatos prescritivos pode também

auxiliar na compreensão e descrição de fenômenos por pesquisadores descritivos,

podendo inclusive servir como objeto de estudo destes.

Alguns autores (HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009; VAN AKEN, 2004)

caracterízam as áreas de engenharia, medicina e arquitetura como áreas permeadas

pelo Design Science, devido ao fato de que são inerentemente voltadas para as

ciências de criação de situações artificiais e simuladas, onde o conhecimento ocupa

um campo intermediário entre teoria descritiva e a aplicação propriamente dita,

híbrido entre a explanação e a prescrição.

Segundo Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015), pesquisadores podem avançar o

conhecimento científico ao mesmo tempo que dão suporte à resolução de problemas

de outros profissionais ou de organizações, por meio do uso de uma pesquisa

aplicada, de caráter prático, e voltada para o uso de seus resultados em situações

reais, um dos métodos inseridos no paradigma é o Design Science Research.

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5.2 O método Design Science Research

Design Science Research é um método inserido no paradigma do Design Science para

operacionalizar uma pesquisa ou estudo que tenha como princípio prescrição de

soluções para problemas específicos (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR., 2015). A

missão do Design Science Research é desenvolver conhecimento válido e confiável

para a projetação de artefatos voltados à resolução de tais problemas, ou para

melhoria da performance de entidades já existentes (VAN AKEN, 2004), estendendo

limites humanos e organizacionais por meio de desenvolvimentos inovadores

(HEVNER et al., 2004; LUKKA, 2003).

No âmbito do Design Science Research, a partir do princípio de que os problemas de

profissionais possuem natureza única e específica, o ator praticante deve ser capaz de

projetar seus próprios sistemas e intervenções, com base em sua própria experiência,

criatividade e entendimento do cenário em que atua (VAN AKEN, 2004).

Descrições similares do método também são apresentadas na bibliografia sob o nome

de Pesquisa Construtiva, onde os artefatos são chamados de construções

(KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1993; LUKKA, 2003).

Design Science Research possui destaques em aplicações nas áreas de TI – tecnologia

de informação (MARCH; SMITH, 1995), SI – sistemas de informação (HEVNER et al.,

2004), gerenciamento e contabilidade (KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1993;

LUKKA, 2003), engenharia de produção (LACERDA et al., 2013) e até mesmo na

construção civil – lean construction (ROCHA et al., 2012). Em tais cenários, aparece

como uma abordagem inerentemente voltada para reduzir a lacuna entre prática

profissional e pesquisa (HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009; KASANEN;

LUKKA; SIITONEN, 1993; LUKKA, 2003).

A abordagem construtiva significa resolver problemas por meio da construção de

modelos, diagramas, planos e organização – aparatos voltados para a prescrição de

soluções para problemas explícitos e práticos (LUKKA, 2003). Como possíveis

exemplos de artefatos resultantes de uma pesquisa construtiva estão os softwares,

ferramentas e sistemas de informação (HEVNER et al., 2004), bem como algoritmos

matemáticos, inteligência artificial e até mesmo produtos comerciais (KASANEN;

LUKKA; SIITONEN, 1993). Contudo, é necessário que tais artefatos tenham forte

relação com conhecimento teórico da área onde estão inseridos e potencial de

contribuição acadêmica (HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009). Tal

posicionamento é reforçado por Hevner et al. (2004), que afirmam que artefatos são

por vezes objetos de estudo das pesquisas descritivas e, portanto, necessitam ter um

vínculo e fundamentação com conhecimento teórico (HEVNER et al., 2004).

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De acordo com Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015), em relação à abordagem do

método científico do Design Science Research, possui momentos de caráter indutivo,

dedutivo ou abdutivo ao longo de suas etapas (detalhadas no item 5.3.4). Enquanto a

abordagem indutiva determina leis e teorias a partir de fatos conhecidos por meio de

observação dos fenômenos (de onde vêm), a abordagem dedutiva propõe explicações

e predições quanto ao comportamento de outros fenômenos com base em tais leis e

teorias levantadas (como devem ser). Por outra ótica, a abordagem abdutiva consiste

em estudar fatos e propor teorias para explicá-los. É o processo de criação de

hipóteses acerca de um fenômeno ou situação (sugestão de como podem ser). O

método abdutivo se faz necessário quando o pesquisador busca elencar possíveis

soluções para resolver o problema que está sendo estudado (DRESCH; LACERDA;

ANTUNES JR., 2015). Na presente pesquisa, é utilizado o método indutivo – para a

caracterização do fenômeno estudado, e abdutivo – para o levantamento de

alternativas para compreensão do mesmo.

Para Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015), Design Science Research como um método

difere do estudo de caso e da pesquisa-ação tanto no paradigma de pesquisa (pois

está no Design Science e não no Natural/Social Sciences), quanto nos objetivos

(prescritivos por meio dos artefatos e não descritivos), modo de avaliação dos

resultados (aplicações, simulações e experimentos ao invés de comparações), papel

do pesquisador (construtor/avaliador ao invés de observador), potencial de

generalização do conhecimento, base empírica e entre outros aspectos.

Em relação aos objetivos de pesquisas com o método Design Science Research, estes

são direcionados ao processo de criação dos artefatos (DRESCH; LACERDA;

ANTUNES JR., 2015; MARCH; SMITH, 1995), bem como para investigar o

comportamento do artefato desenvolvido por meio de técnicas de avaliação

(HEVNER et al., 2004).

Diante de tais colocações, se faz necessária a elucidação do conceito de artefatos,

rigor e relevância da pesquisa, e generalização para classes de problemas. A

justificativa e alinhamento de tais conceitos com o presente trabalho são

apresentados a seguir, conforme cada título.

5.2.1 Artefatos

Artefatos (MARCH; SMITH, 1995), também interpretados como construções

(KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1993) ou soluções práticas (HOLMSTRÖM;

KETOKIVI; HAMERI, 2009) são o elemento central e principal produto do método,

são contribuições de caráter prático, inovador (LUKKA, 2003) e tecnológico, que

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visam atender um propósito específico, tendo seu caráter e ambiente definidos, bem

como seus mecanismos de avaliação.

March e Smith (1995) apontam que os produtos do Design Science Research são

classificados em quatro tipos: (1) Construtos, conceituações acerca do domínio do

problema e de suas soluções; (2) Modelos, conjunto de proposições ou afirmações de

caráter descritivo que demonstram relações entre construtos; (3) Método, conjunto de

passos ou diretrizes usadas para explicitar a realização de uma tarefa; e (4)

Instanciação ou implementação, a realização do artefato em seu ambiente,

operacionalizando construtos, modelos e métodos.

Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015) sugerem um quinto tipo de artefato chamado

Design Propositions: são as contribuições teóricas, na forma de generalização do

conhecimento para a classe de problema, onde o conhecimento sobre a criação de um

conjunto de soluções é discutido acerca de sua possibilidade de aplicação em muitas

outras situações similares, desde que as particularidades de tais situações sejam

respeitadas.

Conceitos similares são apresentados por Van Aken (2004), que descreve Regras

Tecnológicas como produtos típicos do paradigma Design Science, parcelas de

conhecimento geral que vinculam um artefato com um resultado desejado em

determinado campo de aplicação, também necessitando ser avaliadas, como os

outros artefatos.

Diante de tais considerações, é necessário pontuar as instanciações. Embora

Construtos e Modelos estejam intrinsecamente envolvidos pela abordagem utilizada

por meio da introdução, revisão de bibliografia, métodos e discussões, o foco

metodológico se dará nas instanciações (ou implementações), apresentadas a partir

do Capítulo 6 – Plug-ins desenvolvidos. Alinhando com as considerações de March e

Smith (1995), as instanciações por vezes podem preceder a completa articulação do

artefato principal – que pode vir na forma de Construtos, Modelos e/ou Métodos,

pois são uma maneira de operacionalizar tais classes de artefatos.

A partir desta definição, ao passo em que as instanciações representam o artefato

realizado, interpreta-se que o artefato central deste trabalho é do tipo Método, pois

representa uma resposta ao problema inicialmente delimitado, apresentando uma

prescrição sobre como desenvolver ferramentas, suportado pela evidência

experimental destas – as instanciações na forma de plug-ins desenvolvidos para os

problemas específicos.

Para Lacerda et al. (2013, p. 8), "as instanciações podem se referir a um determinado

artefato ou à articulação de diversos artefatos para a produção de um resultado em

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um contexto específico” – no caso do presente trabalho, dentro do cenário de

desenvolvimento de ferramentas de programação para tomada de decisão durante o

projeto arquitetônico, a criação de ferramentas voltadas para o atendimento à Norma

de Desempenho Brasileira. Embora os plug-ins não sejam o artefato principal do

trabalho, mas sim experimentos para compreender melhor as dificuldades do

processo de criação de ferramentas, interpreta-se que são fundamentais para

consolidação do artefato Método – as diretrizes ou guidelines, apresentadas no

Capítulo 8 – Conclusões.

Instanciações (ou implementações) demonstram a viabilidade e efetividade das

artefatos do tipo Método por meio da aplicação prática e instrumental destes, bem

como na viabilidade dos processos empregados na construção do artefato (HEVNER

et al., 2004; MARCH; SMITH, 1995). Isto têm como resultado ferramentas funcionais

que podem ser avaliadas e estudadas para o avanço no âmbito das teorias, podendo

ser utilizadas para compreender um cenário ou ambiente (MARCH; SMITH, 1995).

Lukka (2003) defende que o material empírico resultante da pesquisa tem potencial

de interação com tais teorias em seus diversos níveis – desde a ilustração ou teste de

alternativas até o refinamento ou criação de novas proposições. Artefatos também

podem alavancar a criação de outras ferramentas por meio do aprendizado de

soluções anteriores, não sendo isentos das leis naturais ou das colocações de teorias

descritivas já existentes, sendo sujeitos ao rigor e relevância nos seus processos

(HEVNER et al., 2004).

5.2.2 Rigor e Relevância

March e Smith (1995) autores da área de tecnologia de informação, destacam que, por

vezes, pesquisas voltadas para o desenvolvimento e melhoria de sistemas podem ter

maior relevância profissional que abordagens científicas que apenas tentam entender

e descrever tais construções.

Contudo, Holmström, Ketokivi e Hameri (2009) ressaltam que, embora soluções

práticas advindas da pesquisa possam ter resultados impressionantes e louváveis

quando auxiliam empresas ou profissionais a economizar capital e melhorar seus

processos internos, o vínculo com o conhecimento já estabelecido não pode ser

abandonado, visto que a pesquisa propriamente dita não deve ser uma consultoria e

sim uma forma de produzir conhecimento: “contribuições teóricas não são

mensuradas em dólares, são mensuradas em termos da visão inovadora e

compreensão que oferecem” (tradução nossa, HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI,

2009).

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Contudo, para que uma solução gerada seja satisfatória para o cenário acadêmico e

relevante para o cenário profissional, ela deve ter impacto tanto no conhecimento

teórico por meio de suas contribuições embasadas no rigor, quanto na prática por

meio da sua efetividade nas situações reais (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR.,

2015).

Além disso, rigor e relevância são necessários para reduzir a lacuna entre teoria e

prática do paradigma de pesquisa Design Science (MARCH; SMITH, 1995). Para isso,

a aplicação de Design Science Research deve seguir procedimentos adequados para

manter a confiabilidade dos resultados de pesquisa (HEVNER et al., 2004).

Os autores (HEVNER et al., 2004) propõem uma série de requisitos gerais para o

andamento de uma pesquisa utilizando o método Design Science Research: (1) criação

de um artefato inovador; (2) presença de um problema específico e relevante; (3)

avaliação da utilidade, qualidade e eficácia do artefato; (4) contribuições teóricas

claras e relevantes; (5) rigor científico no desenvolvimento e avaliação; (6) processos e

ambiente de pesquisa definidos; e (7) comunicação da pesquisa para profissionais e

acadêmicos.

Por meio da presente pesquisa, busca-se justificar o antendimento de tais requisitos

através da: (1) criação de plug-ins para software BIM; (2) o tema específico da

resolução de problemas ligados à Norma de Desempenho; (3) criação de mecanismos

de avaliação e feedback; (4) reflexões e estabelecimento de vínculo teórico com o

cenário descrito; (5) uso de etapas metodológicas embasadas em bibliografia; (6)

compreensão do tema geral – projetista programador e competências emergentes; e

(7) submissões de artigos em periódicos e congressos de destaque.

Por uma ótica similar, Lukka (2003) aponta alguns critérios que caracterizam uma

pesquisa como construtiva: (1) a presença de um problema real; (2) a produção de

uma inovação voltada para a resolução de tal problema; (3) o teste da aplicabilidade

prática de tal solução – avaliação; (4) aprendizado experiencial por meio do

envolvimento do pesquisador com o tema; (5) vínculo com conhecimento teórico; e

(6) reflexão acerca das descobertas empíricas e seu impacto na teoria.

Em relação ao andamento e maturidade de pesquisa, Holmström, Ketokivi e Hameri

(2009) detalham em seu trabalho quatro fases1 de uma pesquisa com Design Science

Research, de modo a manter o rigor e relevância, enfatizando o alcance do

1 Tais fases não são as etapas metodológicas ou sequência de procedimentos do método, mas sim uma

classificação acerca do alcance da pesquisa em termos de definição de teorias.

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desenvolvimento cognitivo e teórico ao longo do tempo, de maneira ampla. São elas:

(A) Incubação da solução: onde ocorre a exploração de problemas e o

desenvolvimento inicial de uma solução por abdução, sendo esta detalhada

suficientemente para ser aplicada em um cenário; (B) Refinamento da solução: onde

se determina o que funciona e não funciona, no âmbito da solução, por meio de

melhorias, implementação ou avaliação, resultando também em padrões de design

que necessitam ser avaliados em outros cenários; (C) Explanação I – Teoria

Substantiva: que consiste na generalização das descobertas na forma de contribuição

teórica, agindo como uma teoria de escopo limitado (mid-range) a um determinado

contexto (o ambiente onde o artefato foi criado), nesta etapa, o pesquisador justifica a

solução específica e defende sua utilidade teórica pelo sua introdução em outros

contextos; (D) Explanação II – Teoria Formal: onde a pesquisa atinge níveis de

generalização e abstração teórica amplos, com seu significado incorporado na lógica

da própria teoria, sendo afastado da necessidade de comprovação empírica de suas

soluções.

Em relação às fases de desenvolvimento de pesquisa com Design Science Research

apontadas por Holmström, Ketokivi e Hameri (2009), para o presente trabalho, as

etapas alcançadas se estendem até (A) Incubação da solução, e parcialmente (B)

Refinamento da solução, devido ao fato de que, embora a exploração e

desenvolvimento inicial tenham sido feitos, e os experimentos avaliados, estes não

foram submetidos à avaliação em outros contextos além do cenário específico

escolhido. Há, porém, contribuição teórica do estudo por meio do desenvolvimento

de prescrição na forma de diretrizes para o desenvolvimento de ferramentas, bem

como pela exploração e generalização da classe de problemas (item 5.2.3) para outros

cenários, o que inclui alguns dos conceitos discutidos na fase (C) Explanação I –

Teoria Substantiva.

Conforme os autores (HOLMSTRÖM; KETOKIVI; HAMERI, 2009), perseguir o nível

de desenvolvimento na fase (C) é de interesse para uma pesquisa em Design Science

Research devido ao fato de que possibilita fortalecer os vínculos teóricos a partir das

soluções práticas desenvolvidas. No presente caso, isto significa utilizar os

experimentos desenvolvidos (plug-ins) para compreender o cenário descrito no

capítulo introdutório e apresentar um artefato na forma de diretrizes de

desenvolvimento de ferramentas, bem como o posicionamento crítico quanto às

atividades.

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5.2.3 Classes de problemas e generalização

Artefatos gerados para responder a um problema são únicos e específicos em seu

contexto isolado, contudo, as origens do problema abordado possuem raízes mais

amplas. No universo de problemas a serem solucionados, existem características

semelhantes entre eles, que permitem a organização de tais similaridades em uma

Classe de Problema – o que permite a generalização de soluções em contextos

diferentes, mas relacionados (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR., 2015).

Lacerda et al. (2013, p. 7) definem um conceito acerca das classes de problemas: "a

organização de um conjunto de problemas, práticos ou teóricos, que contenha

artefatos avaliados, ou não, úteis para a ação nas organizações”. Tais classes de

problemas possuem o propósito de tornar os artefatos e suas soluções não apenas

respostas pontuais ou ocasionais para os problemas específicos em contextos

particulares (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR., 2015; LACERDA et al., 2013).

Kasanen, Lukka e Siitonen (1993) reforçam tal conceito, destacando que o material da

pesquisa deve ter um grau de generalização, ou seja, a solução funcional produzida

para o problema gerencial é passiva de reaplicação em cenários ou organizações de

mesmo tipo. Os autores complementam a importância do tópico tomando esta

questão por outra perspectiva, argumentando que, “após projetar uma construção

gerencial que funciona, pode-se começar a considerar quais são as características

mais gerais que são reveladas pela criação de uma nova realidade” (tradução nossa,

KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1993, p. 260).

Após a resolução de casos específicos, o pesquisador pode gerar conhecimentos que

podem ser transferidos a estes domínios similares com base na reflexão sobre o

aprendizado e análise dos casos (VAN AKEN, 2004), propagando uma contribuição

teórica não apenas específica ao problema mas para sua classe de problemas.

Conforme Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015), as classes de problemas são

idenficadas por meio da revisão bibliográfica e definição dos possíveis artefatos

existentes no cenário de pesquisa, acerca do tema a qual se pretende desenvolver as

soluções. Em relação à denominação da classe de problemas do presente trabalho, foi

classificada como o Suporte à Tomada de Decisão, com base nos levantamentos

bibliográficos da introdução e dos trabalhos relacionados apresentados nas temáticas

específicas dos Capítulos 2, 3 e 4.

Em relação à generalização para a classe de problema do trabalho, foi delineado que

permite que o processo de desenvolvimento e avaliação dos artefatos (plug-ins)

possa ser replicado em outros temas além da Norma de Desempenho, ou seja, o

desenvolvimento de plug-ins ou ferramentas de apoio à decisão pode ter sua

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aplicação generalizável se a maneira de responder o problema é devidamente

explicitada e possua mecanismos de avaliação definidos.

Diante dos fundamentos apresentados nos itens anteriores deste capítulo, justifica-se

a adoção do Design Science Research como método para este trabalho por uma série de

razões: devido ao enquadramento com o paradigma de pesquisa, com foco na

prescrição de uma solução e não apenas na ilustração do fenômeno; devido ao papel

do pesquisador – que deixa de ser observador do desconhecido e passa a ser

explorador; devido aos produtos da pesquisa, onde se busca criação de um artefato

voltado para a melhoria de processos em contextos específicos – diretrizes para o

desenvolvimento de plug-ins, tomando como evidência instanciações voltadas à

Norma de Desempenho; e principalmente, devido ao fato de que tal método

possibilita ter relevância tanto no cenário acadêmico – por meio das contribuições

teóricas, generalizações para classe de problemas e reflexões acerca dos avanços

tecnológicos na AEC, como no cenário profissional – por meio do desenvolvimento e

exploração de métodos e ferramentas voltadas para soluções práticas.

5.3 Etapas da pesquisa

Pela perspectiva de March e Smith (1995), Design Science Research pode ser dividido

em duas macro etapas: (1) Construção, onde se desenvolve os artefatos para

demonstrar a viabilidade de atuação deste como uma solução ao problema proposto

(o artefato funciona?); e (2) Avaliação, onde o progresso alcançado deve ser

mensurado (quão bem o artefato funciona?) a partir da elaboração de métricas

específicas que verifiquem por que e como o artefato se comporta em seu ambiente

ou contexto.

Por uma ótica mais detalhada, Kasanen, Lukka e Siitonen (1993) e Lukka (2003)

relatam que a abordagem construtiva possui etapas que variam de caso a caso.

Contudo, os autores direcionam algumas etapas necessárias: (1) encontrar um

problema de relevância prática, mas que também possui potencial de pesquisa; (2)

obter compreensão do tópico; (3) inovar ou construir uma idéia de solução; (4)

demonstrar que tal solução funciona; (5) mostrar as conexões teóricas e contribuição

de pesquisa do conceito da solução; (6) examinar o escopo de aplicabilidade da

solução.

Sob a luz de tais conceitos, Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015) sugerem um

detalhamento maior das etapas de condução do Design Science Research, etapas que

são seguidas no andamento da presente pesquisa, conforme delineado na Figura 35 e

então discutido na sequência.

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Figura 35 - Etapas da pesquisa

Fonte: adaptado de Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015).

1ª Etapa – Identificação do problema: inicia-se a pesquisa evidenciando a situação

problemática, descrevendo o cenário que se pretende prescrever as alternativas de

solução, caracterizando as principais contribuições e os atores que se interessam pelo

fenômeno. Os resultados desta etapa estão permeados pelo capítulo de Introdução

do presente trabalho.

2ª e 3ª Etapas – Conscientização do problema e Revisão Bibliográfica: nestas etapas

ocorre a compreensão aprofundada do problema a partir da busca pelas informações

de temáticas relacionadas. Embora Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015) sugiram o

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uso de uma revisão sistemática de bibliografia, optou-se por uma revisão

aprofundada nos tópicos principais do trabalho – BIM e Programação em softwares

BIM, bem como o tópico específico pelo qual é pretendido abordar o problema –

Desempenho das Edificações. Nesta etapa já são pensadas maneiras de como é

possível abordar o problema por meio de aplicações específicas, considerando

também as funções dos artefatos, por meio do entendimento do cenário. Tais

conceitos foram abordados nos Capítulos 2, 3 e 4 do presente trabalho.

4ª Etapa – Identificação dos artefatos e configuração da classe de problemas:

consiste na busca por artefatos já existentes e a investigação acerca do tipo de

problema que buscam resolver, bem como suas limitações. Devido ao fato de que o

tema abordado é de grande amplitude e com uma variedade de possíveis aplicações,

é necessário delimitar a classe de problemas. Como maneira de emular o cenário

introdutório descrito e explicitar como ele pode ocorrer, escolheu-se a Norma de

Desempenho como cenário específico, por sua relevância no âmbito dos projetos

(descrita no Capítulo 4). Além disso, as instanciações identificadas na forma de plug-

ins e extensões para softwares BIM foram classificadas e agrupados por uma

pesquisa preliminar (survey mencionado no capítulo introdutório, presente no

Apêndice A e B), tal abordagem permitiu elencar possíveis soluções para a classe de

problema – Suporte à Tomada de Decisão, no âmbito da especificação escolhida – o

atendimento à Norma de Desempenho em projetos. Considerações quanto às

instanciações e a importância da classe de problemas foram feitas nos items 5.2.1 e

5.2.3 do presente capítulo.

5ª Etapa – Proposição dos artefatos para resolver problemas específicos: processo

exploratório e criativo que utiliza da abdução para elencar soluções consideradas

satisfatórias. Nesta etapa, dentre as possíveis alternativas, no âmbito do

desenvolvimento das ferramentas para atendimento à norma, definiu-se, de acordo

com a descrição dos problemas específicos nos items 6.1 e 6.2, pela criação

experimental de dois plug-ins para um software BIM, com focos direcionados com

base nos resultados do survey. Estes dois experimentos servem como uma evidência

para construção das diretrizes de desenvolvimento e constituem-se, portanto, em

artefatos na forma de instanciações destas diretrizes.

6ª Etapa – Projeto dos artefatos: nesta etapa, dos artefatos elencados nas fases

anteriores, são definidas as métricas, premissas e critérios para aceitação do nível de

desenvolvimento – que tipo de solução é satisfatória, bem como suas limitações e

relações com o ambiente externo – de que maneira os artefatos solucionam os

problemas específicos e como poderão emular o cenário descrito ao início do

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trabalho. Justifica-se a escolha das ferramentas para desenvolvê-las (item 5.3.1) e

explicita-se sua composição (itens 6.1.1 e 6.2.1).

7ª Etapa – Desenvolvimento dos artefatos: consiste na criação das ferramentas

conforme o que foi definido em seus projetos, pelo meio escolhido – programação

(item 5.3.1), de modo a atingir a funcionalidade das instanciações em um estado

piloto. Os resultados do desenvolvimento das instanciações estão nos itens 6.1.2 e

6.2.2.

8ª Etapa – Avaliação dos artefatos: com os artefatos do tipo instanciação

funcionando, é necessário construir um mecanismo de avaliação e explicitar a forma

como podem ser testados, de acordo com métodos (item 5.3.2), de modo a ter feedback

qualitativo acerca de suas características (utilidade, funcionalidade, usabilidade) em

relação à solução do problema específico. Os resultados da avaliação dos plug-ins

estão apresentados ao longo do Capítulo 7 deste trabalho.

9ª, 10ª e 11ª Etapas – Explicitação das aprendizagens; Conclusões; Generalização

para classe de problemas: neste grupo de etapas é feita uma contribuição teórica

para o cenário inicialmente descrito por meio da reflexão e síntese das experiências,

explicitando como os resultados atingidos podem servir de referência em outros

trabalhos e em que outros cenários a abordagem pode ser replicada com base nos

aspectos gerais das ferramentas desenvolvidas – justificativa para a classe de

problemas. Nesta etapa também é apresentado o artefato do tipo Método – as

diretrizes de desenvolvimento de ferramentas, a partir da experiência de criação e

avaliação de suas instanciações. Tais colocações estão localizadas na seção final do

trabalho, no Capítulo 8.

12ª Etapa – Comunicação dos resultados: esta etapa é atendida pela apresentação da

pesquisa desenvolvida por meio das publicações em periódicos e congressos

relacionados aos temas abordados, sendo continuada também em trabalhos futuros

que sigam a abordagem.

Um aspecto adicional pontuado por Simon (1996) é de que a natureza do paradigma

Design Science é dotada de ciclos de desenvolvimento, onde se gera alternativas de

design, e as testa conforme os requisitos inicialmente impostos ou limitações

encontradas, retornando para uma nova geração de artefatos, e assim por diante.

Outros autores (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR., 2015; VAISHNAVI;

KUECHLER, 2007) ressaltam tais ciclos no Design Science Research, destacando que é

possível retornar a uma etapa metodológica anterior para reformular a questão

problema ou aprimorar os artefatos. Devido ao fator do tempo para desenvolvimento

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desta dissertação, os artefatos estão no ciclo piloto, e tais aspectos poderão apenas ser

contemplados em produções acadêmicas futuras.

Devido ao fato de que os produtos resultantes de muitas das etapas estão inseridos

na forma de discussões e considerações ao longo do texto do trabalho, o

detalhamento metodológico a seguir tem ênfase no alcance dos produtos das etapas

(7) Desenvolvimento dos artefatos e (8) Avaliação dos artefatos.

5.3.1 Definições para o desenvolvimento dos artefatos

O presente tópico visa dar detalhes adicionais para metodologia do processo

essencialmente criativo (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JR., 2015) de

desenvolvimento dos artefatos (presente nas etapas 5, 6 e 7). Como pontuado

anteriormente (item 5.2.1), com base nos tipos de contribuição de March e Smith

(1995), os artefatos desenvolvidos neste trabalho são do tipo instanciação, pois

remetem a uma articulação da questão problema apresentada no início do trabalho,

por meio de uma abordagem específica – o atendimento à Norma de Desempenho,

com uma classe de problema definida – a tomada de decisão de projetistas.

Devido ao fato de que duas ferramentas foram desenvolvidas, para compreensão

mais adequada de etapas do método de desenvolvimento e para facilitar a leitura

deste trabalho, partes do método foram propositalmente reestruturadas para o início

do Capítulo 6. Assim, os procedimentos relativos à identificação do problema

específico em cada instância (desempenho acústico e lumínico), bem como as

definições do projeto de cada plug-in (fluxogramas, referências da norma e

definições de funcionamento) ficam organizadas separadamente e seguidas pelos

respectivos resultados, referentes aos procedimentos para cada plug-in.

Em relação à plataforma e ferramentas nas quais foram programados os plug-ins,

decidiu-se pelo software BIM para arquitetura Autodesk Revit, versão 2018.3,

utilizando a extensão de programação visual Dynamo, versão 1.3.2.2480. Em relação

aos pacotes componentes customizados do Dynamo, foram utilizados os seguintes:

• archi-lab.net (versão 2018.0.8)

• bimorphNodes (versão 2.2.60)

• Clockwork for Dynamo 1.x (versão 1.31.1)

• Data-Shapes (versão 2018.1.20)

• Honeybee (versão 0.1.7)

• Ladybug (versão 0.2.0)

• Rhythm (versão 2018.3.21)

• spring nodes (versão 132.2.3)

• SteamNodes (versão 1.2.4)

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• Prorubim Dyno (versão 1.0.0)

Além disso, foi utilizada a extensão Dyno Browser, versão 0.6.6.1613 para criação de

interfaces e pré-configuração de inputs, bem como o uso da linguagem de

programação textual Python para refinamento e otimização do código (PYTHON,

2018).

A decisão pela extensão Dynamo foi tomada com base em alguns motivos:

primeiramente devido à maior facilidade de aprendizado das ferramentas baseadas

em VPL quando comparadas a TPL em relação ao tempo disponível para o trabalho.

Além disso, pela identificação das comunidades ativas de usuários que programam,

discutem e submetem suas soluções próprias aos repositórios e fóruns, que

possibilitam ao pesquisador estar inserido ativamente no cenário descrito no capítulo

introdutório, o por consequência permite relacionar a pesquisa com o cenário de

mudanças e inovações.

Em relação ao desenvolvimento das instanciações, conforme Dresch, Lacerda e

Antunes Jr. (2015), durante tal processo, o pesquisador pode definir as Heurísticas de

Construção, organizações internas do artefato, definidas como os requisitos para o

funcionamento adequado do mesmo, levando em conta o ambiente externo. Nesta

etapa, mecanismos internos, métricas, premissas e critérios para satisfação da solução

devem ser expostos. No caso deste trabalho, tais conceitos são apresentados a partir

do Capítulo 6 por esquemas, equações, tabelas e fluxogramas (organização interna),

de modo a direcionar as funções de cada uma das ferramentas desenvolvidas para

atender a Norma de Desempenho (ambiente externo).

Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015) também sintetizam o processo de construção de

artefatos pela ótica de suas propriedades ou camadas de desenvolvimento, são elas:

(1) Viabilidade, onde se verifica se o que foi delimitado como prescrição para o

problema específico pode realmente ser feito com os meios disponíveis,

considerando os requisitos para sua implementação inicial; (2) Valor, que consiste em

explicitar por que o artefato é benéfico para seus usuários, bem como justificar por

que tal artefato foi escolhido para ser criado e não outros, no âmbito do tema

específico; (3) Representação, onde se discute quais as maneiras apropriadas de

comunicar os conceitos e funções do artefato para seus possíveis usuários

(interfaces); e (4) Construção, onde o processo é formalizado, e que neste trabalho,

consiste no uso das ferramentas (Revit, Dynamo) e técnicas (programação) para

produzir os artefatos em seu estado piloto e torná-los funcionais, passíveis de serem

avaliados.

Em relação ao cenário de problemas oriundos dos processos de projeto tradicionais e

da falta de adequação de componentes BIM a normativas brasileiras, destaca-se a

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lacuna de plug-ins voltados para análises de performance das edificações (SILVA et

al., 2017a), bem como a desconectividade de tais informações a dados de referência

para projetistas, sendo estas algumas das motivações para o desenvolvimento dos

artefatos direcionados para esta temática.

Buscou-se identificar alguns problemas característicos do processo de projeto, que

sejam relacionados ao atendimento à Norma de Desempenho. Para isso, alternativas

baseadas na programação de funcionalidades em plataformas BIM foram levantadas

– desenvolvimento de plug-ins, de modo a possibilitar a qualificação dos processos

de projeto voltados para o desempenho, conforme a Figura 36.

Figura 36 - Esquema básico de desenvolvimento de plug-ins

Fonte: Autor (2018).

A plataforma Autodesk Revit foi escolhida como o software BIM a ser programado

devido a sua comunidade de usuários já estabelecida e suas possibilidades de

customização (AUTODESK, 2017c). Além disso, como muitas das avaliações de

desempenho precisam ser comprovadas por meio de projetos documentados, a

iniciativa desta etapa metodológica parte da premissa de que informações dos

modelos BIM possam ser manipuladas por programação para verificar, calcular ou

simular o desempenho de sistemas construtivos em uma edificação, diretamente do

ambiente de arquitetura BIM pelo Revit.

Dynamo foi escolhido como a maneira de desenvolver os plug-ins, pois possibilita a

manipulação de dados do modelo de arquitetura, bem como a automatização de

processos onde haja a necessidade de interações e repetição, que utilize parâmetros

compartilhados ou que envolvam design paramétrico de modo geral.

Contudo, é necessário definir critérios de problemas de projeto que utilizem tais

potenciais de programação. Com isso, situações de projeto que facilmente podem ser

resolvidas no próprio Revit, por cálculos simples, por planilhas no Excel ou que já

possuam um software próprio não são desejadas. São almejadas situações onde os

plug-ins realizem tarefas que dificilmente possam ser realizadas utilizando apenas

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funções básicas do Revit, que utilizem a complexidade de dados de famílias e

encadeamento lógico, ou ainda, que proporcionem funcionalidades interativas com o

usuário, que possibilitem auxiliar nos processos de escolha de soluções tecnológicas

de sistemas construtivos enquanto o projetista realiza a modelagem de arquitetura –

possibilitanto ter feedback acerca do desempenho da edificação já nas etapas iniciais.

Desta maneira, o funcionamento geral desejado (Figura 37) baseia-se no uso da

modelagem de arquitetura para extração de informações geométricas e parâmetros,

dados que são manipulados internamente por meio da extensão Dynamo e seus

pacotes de funções, na forma de rotinas de programação. Então, após o

processamento, informações relativas a cálculos, verificações e simulações,

relacionadas às estimativas de desempenho da edificação, são apresentadas ao

usuário, por meio de listas, tabelas, e filtros de vista de elementos BIM, podendo ser

utilizados em vistas ou pranchas do Revit para gerar documentação de desempenho

da edificação.

Tal processo precisa ser dado por meio de uma interface de fácil uso, de modo que

projetistas com conhecimento acerca da NBR 15.575 possam usar os plug-ins para

alavancar seus processos de projeto. A intermediação entre as rotinas de

programação e a inserção de inputs pelo usuário é dada no organizador de rotinas

Dyno Browser, aliado ao pacote de funções de interface Data-Shapes. Assim, um

segundo usuário não necessita abrir a extensão Dynamo, ou ter conhecimentos

avançados de programação, para executar as análises de desempenho.

Figura 37 - Esquema de funcionamento geral dos plug-ins

Fonte: Autor (2018).

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Dois plug-ins foram propostos: um para a estimativa do desempenho acústico de

vedações verticais (apresentado no item 6.1 deste trabalho), e outro para a estimativa

de níveis de iluminância natural no interior de ambientes (item 6.2). Ambas as

ferramentas são ligadas a dados de referência da NBR 15.575 para suas interações,

resgatando as premissas de melhoria do processo de tomada de decisões de projeto

voltadas para a performance das edificações.

5.3.2 Definições para a avaliação de artefatos

Este tópico tem por objetivo detalhar o método de avaliação das ferramentas

desenvolvidas. Kasanen, Lukka e Siitonen (1993) afirmam que os mecanismos de

avaliação são necessários para que as soluções propostas possam ser colocadas em

prática e para que sua relevância seja explicitada e demonstrada por sua

implementação, através de métodos de avaliação. A importância da etapa de

avaliação está no fato de que esta resultar na identificação de pontos fracos nas

características do artefato, tipicamente direcionando esforços futuros de pesquisa

(HEVNER et al., 2004).

Devido ao fato de que duas ferramentas foram avaliadas, para compreensão mais

adequada de etapas do método de avaliação e para facilitar a leitura deste trabalho,

partes do método foram propositalmente reestruturadas para o início do Capítulo 7.

Isto se deve ao fato de que partes dos resultados de desenvolvimento precisam ser

apresentadas ao leitor antes da etapa de avaliação para sua adequada compreensão.

Assim, os procedimentos relativos à estruturação de questões em cada instância

(desempenho acústico e lumínico), ficam organizadas seguidas pelos respectivos

resultados de avaliação, referentes aos procedimentos para cada plug-in.

Hevner et al. (2004) e March e Smith (1995), afirmam que a avaliação geralmente tem

caráter empírico, e pode contemplar aspectos como completude, utilidade,

funcionalidade, simplicidade, eficiência, compreensão, precisão, desempenho,

confiabilidade e usabilidade do artefato desenvolvido, entre outros.

Conforme Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015), durante a experimentação de

artefatos, ocorre a definição das Heurísticas de Contingência, que define limitações

do artefato, suas condições de uso e situações em que será útil – caracterização do

ambiente externo do artefato, ou ainda, contexto no qual pode ser aplicado. Tais

considerações são feitas no Capítulo 7, para os dois artefatos desenvolvidos.

Hevner et al. (2004) realizaram um levantamento acerca de alguns métodos de

avaliação de artefatos. Para este trabalho, propõe-se a forma de avaliação Black Box,

descrito por Khan (2011) como testes feitos por terceiros sem conhecimento da

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estruturação interna da ferramenta, de modo a verificar seus aspectos de

funcionalidade pelo uso.

Em relação ao Black Box, pela perspectiva do desenvolvimento de programas, Khan

(2011) aponta que, diferentemente da análise de estrutura interna de ferramentas, a

abordagem permite ao desenvolvedor ter informações a partir de um terceiro sem

conhecimento acerca de como a ferramenta foi programada, conhecendo apenas os

Inputs necessários e Outputs esperados. Devido a estas características, esta

abordagem permite menor tendenciosidade em relação ao avaliador da ferramenta.

Buscando-se obter feedback qualitativo de profissionais, Khan (2011) descreve uma

série de possíveis procedimentos para realização dos testes Black Box. Dentre os

quais, foram levados em consideração, e adaptados para este trabalho o Cause-Effect

Graph – que consiste no estabelecimento de relações esperadas entre estes Inputs

necessários e Outputs desejados, possibilitando avaliar se o comportamento da

ferramenta é equivalente ao projetado; e o State Transitioning Testing – que consiste na

exploração livre da interface por meio do uso de funções do programa em ordens

diversas, coerentes e incoerentes, podendo ocasionar situações não previstas (bugs e

inconveniências) durante o uso das ferramentas (KHAN, 2011).

Em relação à realização prática da avaliação Black Box, definiu-se que profissionais

são convidados individualmente para uma sessão de demonstração de duração de

aproximadamente 1 hora. Os profissionais são apresentados aos plug-ins, com

descrição das funcionalidades propostas e premissas de como estes possibilitam

flexibilizar o processo de tomada de decisão nos projetos. As funções dos plug-ins

são então detalhadas pelo apresentador em relação a seus Inputs necessários e

Outputs esperados, na sequência sendo executadas em projetos exemplo, onde

modificações podem ser feitas nos parâmetros geométricos e de materiais e seu

impacto avaliado na composição dos sistemas construtivos.

Ao final da etapa de demonstração é feita uma entrevista estruturada por um roteiro

ou questionário, onde o profissional responde questões acerca do funcionamento

esperado do programa em cada uma de suas funcionalidades, sugere alterações e

aponta erros encontrados. Esta etapa é registrada pela gravação em áudio da

entrevista, que então é transcrita para o questionário, possibilitando a confecção de

relatórios acerca da funcionalidade das ferramentas, de modo a dar feedback

qualitativo sobre a experiência de demonstração.

O critério para a escolha de profissionais é: projetistas ou pesquisadores das áreas de

arquitetura ou engenharia civil, com conhecimento avançado comprovado por títulos

ou experiência profissional, acerca dos processos de atendimento à Norma de

Desempenho – no âmbito dos requisitos de desempenho acústico e/ou desempenho

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lumínico, e que tenham contato com ferramentas computacionais de verificação ou

simulação de edificações.

Mais do que elucidar maneiras de aprimorar aspectos de uso dos artefatos

desenvolvidos e apresentar uma solução mais satisfatória, as avaliações propostas

foram estruturadas de modo que se torne um mecanismo gerador de feedback, e que

também possua meios de ser replicada e discutida em outras instâncias – projetos

reais de edificações ou futuros usuários avaliadores. Outra preocupação é não focar

apenas no desenvolvimento do artefato, mas sim na demonstração de que tal artefato

pode ser efetivamente utilizado para resolver problemas reais.

Em relação a outras maneiras de avaliar os artefatos, para Van Aken (2004), além da

avaliação metodológica, a efetividade do produto da pesquisa também pode ser

verificada em seu cenário proposto pela acumulação de implementações ou estudos

de caso. Tal abordagem, contudo, não poderá ser seguida no presente estudo devido

ao tempo para desenvolvimento do trabalho.

Acredita-se que, a partir da submissão das ferramentas ao mecanismo de testes

escolhido, avalia-se adequadamente aspectos potenciais de usabilidade,

versatilidade, utilidade e funcionalidade dos artefatos instanciações, possibilitando

discussões acerca de como estes atendem à solução dos problemas específicos

inicialmente propostos, bem como se possuem características que podem ser

generalizáveis em outros cenários.

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6. PLUG-INS DESENVOLVIDOS

Este capítulo trata do dos resultados referentes ao desenvolvimento dos artefatos do

tipo instanciação, na forma de plug-ins para o software BIM escolhido. É dividida em

três momentos para cada temática específica: (1) primeiramente é apresentada uma

breve revisão bibliográfica para contextualização; (2) então, são apresentados os

projetos dos plug-ins, com fluxogramas de programação e ligação com as

informações de referência da Norma de Desempenho – tabelas, equações e requisitos;

(3) por fim, é apresentado o funcionamento de cada plug-in por meio da

demonstração de seu uso e como é feito o atendimento aos requisitos da Norma de

Desempenho.

6.1 Plug-in I: desempenho acústico de vedações verticais

Devido ao aumento nos critérios de qualidade de construções habitacionais, em

relação à amenidade acústica de ambientes e conforto dos habitantes, uma pressão

cada vez mais expressiva vem se estabelecendo nos processos de projeto de modo a

garantir o bem-estar dos usuários. Neste sentido, arquitetos e engenheiros necessitam

tomar decisões técnicas cruciais relacionadas a isolamento interno de ambientes para

proporcionar e garantir uma performance acústica adequada em seus projetos.

Uma série de aspectos de sistemas construtivos das edificações habitacionais tornam-

se indispensáveis nas decisões tecnológicas, aspectos que muitas vezes podem ser

mensurados, simulados e otimizados por meio de softwares específicos (ARJUNAN

et al., 2014; KIM; KIM, 2007).

Dentre as exigências da Norma de Desempenho está o desempenho acústico de

paredes de geminação entre ambientes de unidades autônomas e entre áreas

privativas ou comuns nas edificações multifamiliares, sendo necessários ensaios a

campo e em laboratório para verificação do desempenho em relação ao ruído aéreo

de sistemas construtivos.

Alternativas para facilitar e acelerar a predição de desempenho acústico de

ambientes internos e seu atendimento a normativas vem sendo estudados com o uso

de softwares de verificação e de simulação (TAKAHASHI, 2016). Neste contexto,

plug-ins e ferramentas para plataformas BIM emergiram como uma alternativa para

manipular e atingir melhorias de projeto de maneira rápida nas fases iniciais de

projeto (WU; CLAYTON, 2013).

Nestas situações, as esquadrias possuem um papel considerável no isolamento

acústico de paredes, servindo como um elemento de controle de ruído advindo do

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exterior das edificações (KIM; KIM, 2007). Há uma importância na qualidade dos

produtos e da execução da esquadria para assegurar seu desempenho, bem como dos

materiais que compõe camadas da parede em que está instalada, um conjunto que

caracteriza sistemas construtivos e suas especificações dimensionais.

Devido ao fato de que a Norma de Desempenho não avalia elementos

individualmente, mas sim elementos que operam em um sistema (Figura 38), esta

seção apresenta uma proposta de plug-in para Revit que visa estimar o valor do

índice de redução sonora ponderado (RW) de sistemas de paredes de vedação

contando com suas esquadrias, considerando as diferentes possibilidades

dimensionais e de diferentes especificações relacionadas a portas e janelas.

Figura 38 - Índices de redução sonora individuais e do sistema

Fonte: Autor (2018).

Embora o plug-in proposto vise auxiliar no atendimento da Norma de Desempenho

Brasileira – Edificações Habitacionais (ABNT, 2013a), sua programação pode ser

customizada para se adaptar a outras normativas de abrangência internacional de

órgãos como BSI (British Standards Institution) e ISO (International Organization for

Standardization) (BSEN 12354-1, 2000; BSEN ISO 10140, 2010; BSEN ISO 717-1, 2006),

devido ao fato de que a metodologia envolvida é similar e baseada no isolamento de

ruído aéreo de paredes de vedação entre ambientes de uma edificação habitacional.

A ferramenta apresentada neste capítulo da pesquisa possui uma abordagem de

verificação do desempenho, possuindo a intenção de complementar e facilitar

estimativas relacionadas ao impacto de esquadrias como portas e janelas no

desempenho acústico de paredes de vedação, em uma diversidade de possíveis

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sistemas construtivos em projetos, buscando a exploração de alternativas durante a

tomada de decisão.

Ao invés de realizar cálculos com tabelas e uso de dados oriundos de documentação

fragmentada, a proposta de desenvolvimento desta ferramenta busca a disrupção de

processos de projeto tradicionais voltados para performance, utilizando informações

inerentes dos modelos BIM para coletar informações atualizadas de propriedades

geométricas e de parâmetros relacionados à acústica de diferentes materiais

diretamente do modelo tridimensional – uma abordagem focada na modelagem e

não na documentação de projetos (EASTMAN et al., 2008). Embora Revit não possua

nativamente propriedades acústicas em suas funcionalidades, isto pode ser

adicionado por meio de programação.

Contudo, a ferramenta proposta não visa substituir softwares especializados de

simulação, com pesquisas mais aprofundadas almejadas em casos onde é necessária

uma maior precisão ou rigor técnico acerca da estimativa do índice de redução

sonora em sistemas construtivos (ARJUNAN et al., 2014; TAKAHASHI, 2016).

Através de rotinas de trabalho criadas no Dynamo, é proposta a manipulação de

dados extraidos de elementos BIM de um projeto para modificar o processo de

estimativa de desempenho acústico. Um conjunto de funcionalidades é apresentado,

visando calcular o índice de redução sonora (variável RW) de cada instância de

parede, porta e janela da modelagem, em determinada vista, planta ou fachada no

projeto da edificação.

6.1.1 Projeto do Plug-in I

Para manipular parâmetros de família de elementos do Revit e incluir propriedades

acústicas, é necessário criar um arquivo de Shared Parameters no Revit (Figura 39),

com dois principais parâmetros: RW – índice de redução sonora (parâmetro numérico,

comum a todas as paredes, janelas e portas), e RWsistema – índice de redução sonora

ponderado (parâmetro numérico, presente apenas em paredes).

Estes parâmetros têm a função de possibilitar a inserção de informações nos

elementos BIM para que a função de cálculo, aliada a informações geométricas como

área e dimensões de paredes e esquadrias, registrando os valores encontrados

diretamente nas paredes e esquadrias.

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Figura 39 - Criação de Shared Parameters para acústica no Revit

Fonte: Autor (2018).

Então, de modo a possibilitar o uso da ferramenta para calcular e registrar

estimativas de desempenho são propostas as seguintes funcionalidades: (1) Calcular

RW – que define o valor do índice de redução sonora nas instâncias de parede e

esquadria conforme dados geométricos e de material do modelo; (2) Verificar

Desempenho – compara os valores obtidos no cálculo anterior com um valor de

desempenho desejado, preenchendo elementos na vista do Revit com escala de cores

de acordo com a conformidade com os requisitos normativos; (3) Reset – função que

reinicia os filtros de visualização do Revit na vista, removendo as cores geradas pela

verificação; e (4) Ajuda – que apresenta ao usuário informações suplementares na

forma de tabelas que apresentam critérios da norma.

Para a função principal do plug-in – (1) Calcular RW, ao executar a rotina, todos os

elementos da vista atual de projeto do Revit (planta baixa, corte, fachada ou 3D) são

selecionados e filtrados, apresentando todas as instâncias de parede, porta e janela na

vista. Então, um banco de dados com listas de tipos de famílias, valores de índice de

redução sonora e características de materiais é definido no algoritmo.

Tais listas de valores são pareadas com as instâncias de elementos do Revit

selecionados na etapa anterior e os valores de parâmetros são inseridos conforme o

tipo de família correspondente em cada instância na vista de projeto. Os parâmetros

do banco de dados seguem os valores apresentados na Norma NBR 15575-4 (ABNT,

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2013d) e no Guia de Atendimento à Norma de Desempenho (CBIC, 2013), conforme

Tabela 1, mas podendo ser expandidos para abranger outros sistemas construtivos

customizados.

Tabela 1 - Valores indicativos do índice de redução sonora ponderado para alguns sistemas de paredes

Tipo de parede Largura do

bloco/tijolo (cm)

Revestimento Massa aprox.

(kg/m²)

Rw

(dBa)

Blocos vazados de

concreto

9 Argamassa 1,5 cm em

cada face

180 41

11,5 210 42

14 230 45

Blocos vazados de

cerâmica

9 Argamassa 1,5 cm em

cada face

120 38

11,5 150 40

14 180 42

Tijolos maciços de

barro cozido

11 Argamassa 2,0 cm em

cada face

260 45

15 320 47

11+11 * 450 52

Paredes maciças de

concreto armado

5 Sem revestimento 120 38

10 240 45

12 290 47

Drywall 2 chapas + lã de

vidro

Sem revestimento 22 41

4 chapas 44 45

4 chapas + lã de

vidro

46 49

* Parede dupla 11+11 cm, espaço interno de 4 cm preenchido com lã de rocha 70kg/m³

Fonte: Adaptado de Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2013).

Alternativamente, é possível definir que o cálculo do RW de cada uma das paredes

utilize a fórmula de cálculo pela Lei das Massas (CBIC, 2013), possibilitando a

inserção de sistemas construtivos customizados conforme a massa do material

constituinte. Se isto ocorrer, a função busca o parâmetro de densidade dos materiais

componentes de cada camada da parede e sua respectiva espessura, retornando um

valor de RW conforme a fórmula:

𝑅𝑤 ≅ 12 + 5,3𝑀1

3 dB(A)

Onde: M = massa da parede em kg/m²

Na sequência, um novo filtro é definido para detectar propriedades de paredes do

tipo hospedeiro – que contenham esquadrias (janelas ou portas) anexadas, tais

paredes passam por uma equação para determinar o índice de redução sonora

ponderado, levando em consideração as áreas dos elementos hospedeiros presentes,

para ponderar o valor de RW dos sistemas construtivos (RW,Equiv) em cada ocorrência

na vista de projeto.

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𝑅𝑤,𝐸𝑞𝑢𝑖𝑣 = 10 ∗ 𝑙𝑜𝑔𝑆𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

∑ 𝑆𝑖 ∗ 10−𝑅𝑤 𝑖

10𝑖=𝑛𝑖=0

Onde: RW,Equiv = Índice de redução sonora ponderado equivalente, em dB

Stotal = área total da parede (área da parte cega + área dos caixilhos) em m²

Si = área de cada componente individual da vedação (alvenaria, janela, porta etc) em m²

RWi = índice de redução sonora ponderado de cada componente (em dB).

Outras paredes na vista (paredes restantes, sem janelas ou portas anexadas) têm seu

valor de RWsistema definido como o mesmo de seu RW originalmente determinado –

na etapa de definição pela tabela ou configurado e calculado pela Lei das Massas.

Por fim, os valores RW e RWsistema calculados são registrados nos parâmetros dos

elementos, possibilitando aos projetistas avaliar o desempenho acústico calculado

das paredes de vedação diretamente no modelo BIM. Um resumo do ciclo destas

operações é apresentado no fluxograma da Figura 40.

Figura 40 - Fluxograma da função (1) Calcular Rw

Fonte: Autor (2018).

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Na sequência, através da funcionalidade (2) Verificar desempenho, o usuário avalia

se quaisquer instâncias de parede em conjunto com portas e janelas atende aos

requerimentos mínimo, intermediário ou superior da NBR 15.575.

Para isto, é necessário que o usuário informe ao software qual é o nível de

desempenho desejado a ser analisado, por meio da inserção de uma margem de

valores (valor médio, +5 dB, -5 dB) diretamente na interface do software. Então,

conforme a tipologia de ambientes da edificação, elementos de parede da vista atual

são coletados e, considerando a situação de paredes entre ambientes ou parede de

fachada, podem ser registrados valores em conformidade com as disposições da

Tabela 2 e Tabela 3.

Tabela 2 - Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes

Elemento Dn,Tw

(dB)

Nível de

Desempenho

Parede entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação),

nas situações onde não haja ambiente dormitório

40 a 44 Mínimo

45 a 49 Intermediário

>= 50 Superior

Parede entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação),

no caso de pelo menos um dos ambientes ser dormitório

45 a 49 Mínimo

50 a 55 Intermediário

>= 55 Superior

Parede cega de dormitórios entre uma unidade habitacional e áreas

comuns de trânsito eventual, tais como corredores e escadaria nos

pavimentos

40 a 44 Mínimo

45 a 49 Intermediário

>= 50 Superior

Parede cega de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas

comuns de trânsito eventual, tais como corredores e escadaria dos

pavimentos

30 a 34 Mínimo

35 a 39 Intermediário

>= 40 Superior

Parede cega entre uma unidade habitacional e áreas comuns de

permanência de pessoas, atividades de lazer e atividades esportivas, tais

como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos,

banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas

45 a 49 Mínimo

50 a 54 Intermediário

>= 55 Superior

Conjunto de paredes e portas de unidades distintas separadas pelo hall

(valor entre as unidades)

40 a 44 Mínimo

45 a 49 Intermediário

>= 50 Superior

Fonte: Adaptado de NBR 15.575-4 (ABNT, 2013b) e Câmara Brasileira da Indústria da Construção

(CBIC, 2013).

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Tabela 3 - Índice de redução sonora ponderado para fachadas

Classe de

Ruído Localização da habitação

Rw*

(dB)

Nível de

desempenho

I Habitação localizada distante de fontes de ruído intenso

de quaisquer naturezas

>=25 Mínimo

>=30 Intermediário

>=35 Superior

II Habitação localizada em áreas sujeitas a situações de

ruído não enquadráveis nas classes I e III

>=30 Mínimo

>=35 Intermediário

>=40 Superior

III

Habitação sujeita a ruído intenso de meios de transporte e

de outras naturezas, desde que esteja de acordo com a

legislação

>=35 Mínimo

>=40 Intermediário

>=45 Superior

(*) valores aproximados / ordem de grandeza para potencial atendimento na situação real de campo

Fonte: Adaptado de NBR 15.575-4 (ABNT, 2013b) e Câmara Brasileira da Indústria da Construção

(CBIC, 2013).

Por meio de uma escala de cores aplicada com filtros no Revit, a rotina então

preenche os elementos de parede na vista atual de projeto, conforme o resultado da

comparação entre o valor calculado e o valor desejado de desempenho. Isto

possibilita aos projetistas verificar se o desempenho acústico dos sistemas de parede

e esquadria está atendendo os níveis de desempenho determinados. Um fluxograma

para esta funcionalidade é apresentado na Figura 41.

Figura 41 - Fluxograma da função (2) Verificar Desempenho

Fonte: Autor (2018).

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De modo que os processos descritos sejam reversíveis e facilmente refeitos, a função

(3) Reset (Figura 42), realiza a reinicialização dos filtros da vista atual, removendo

quaisquer escalas de cores inputada nos elementos de parede. Para isto, basta que os

filtros criados pela função anterior sejam apagados. Esta função possibilita que o

usuário crie situações de desempenho desejado diferentes, para avaliar se certas

composições de paredes atendem os critérios em cenários variados, possibilitando

novos cálculos e verificações desde o início e também facilitando processos de

geração de documentação.

Figura 42 - Fluxograma da função (3) Reset para o plug-in de desempenho acústico

Fonte: Autor (2018).

Por fim, para suplementar o processo de escolha do desempenho desejado e para

consultar dados referenciais da normativa, é proposta a função (4) Ajuda (Figura 43).

Por meio de uma interface, o usuário pode ter acesso a informações das Tabela 2 e

Tabela 3, apresentando dados referentes aos valores necessários para os níveis

Mínimo, Intermediário ou Superior diretamente pelo Revit, por meio de janelas pop-

up a serem mostradas conforme escolha do usuário.

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Figura 43 - Fluxograma da função (4) Ajuda para o plug-in de desempenho acústico

Fonte: Autor (2018).

6.1.2 Funcionamento e desenvolvimento do Plug-in I

A programação das funções do plug-in está disponível na íntegra no Apêndice C.

Os principais resultados da ferramenta desenvolvida podem ser observados por

meio de aplicação prática do algoritmo durante seu uso no Revit, esta seção

apresenta as funcionalidades e lógica de programação envolvida. Os parâmetros de

performance acústica (RW e RWsistema) são inseridos em paredes, portas e janelas no

Revit, por meio da customização de Shared Parameters, acompanhando os critérios do

projeto.

O algoritmo da função (1) Calcular Rw preenche tais parâmetros com informações de

acordo com o banco de dados de índices de redução sonora cadastrado de sistemas

construtivos padrão, considerando as diferentes composições de parede e esquadrias

anexadas no modelo BIM, e definindo o valor de RW de portas, janelas e paredes na

vista atual conforme seus respectivos sistemas construtivos. Esta informação aparece

diretamente nas propriedades dos elementos (Figura 44).

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Figura 44 – Parâmetros registrados nas propriedades dos elementos

Fonte: Autor (2018).

Para demonstração, algumas configurações de parede e esquadrias foram criadas

como famílias do Revit (Figura 45). As famílias cadastradas seguem as disposições da

Tabela 1 - Valores indicativos do índice de redução sonora ponderado para alguns

sistemas de paredes, a qual foi apresentada no item anterior (6.1.1) deste trabalho.

Para melhor visualização, RW e RWsistema de famílias são apresentados como objetos

de Anotação do Revit, remetendo aos valores encontrados em cada conjunto parede e

esquadrias.

Figura 45 – Vista de planta baixa com famílias de parede e esquadrias cadastradas

Fonte: Autor (2018).

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Conforme o projeto da ferramenta, a partir dos parâmetros de área de cada instância

de parede, janela e porta na vista atual, o algoritmo detecta elementos de parede do

tipo hospedeiro (Host Walls) e suas respectivas janelas e portas (Hosted Elements),

calculando o índice de redução sonora, identificado como RWsistema.

Nesta etapa, um código em Python (Figura 46) foi implementado para facilitar a

relação entre o banco de dados de famílias cadastrado e os respectivos valores de Rw,

considerando as múltiplas possibilidades existentes em um modelo, de modo a

reduzir a quantidade de funções do Dynamo a serem criadas para executar

operações de verificação lógica entre listas e possivelmente reduzir tempos de

processamento.

Figura 46 - Código em Python para organização de listas e instâncias de paredes

Fonte: Autor (2018).

Durante o desenvolvimento da ferramenta, um problema relevante foi solucionado

por meio de programação: por vezes o parâmetro interno de área de elementos de

janelas e portas do Revit erroneamente retorna a soma de todas as áreas de superfície

em sua composição. Utilizando funções do Dynamo como ‘bounding box’ e

‘intersecção com o plano Z’ conforme a orientação de cada parede, foi possível

registrar a área real de janelas e portas, corrigindo o parâmetro de área necessário no

cálculo de RW, como demonstrado na Figura 47.

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Figura 47 - Ambiente Dynamo e definição de intersecções entre planos e geometria de janelas

Fonte: Autor (2018).

Esta medida também foi necessária para cobrir uma maior quantidade de elementos

de famílias a serem importadas no modelo BIM – devido ao fato de que muitas

famílias são feitas por usuários e podem não possuir parâmetros específicos bem

denominados como altura e largura (podendo inclusive ser referenciados em outras

línguas e na escala imperial, complicando ainda mais tal situação). Isto

possivelmente tornará o plug-in mais adaptável a diferentes particularidades de

famílias de portas e janelas a serem importadas e calculadas no modelo.

Em relação ao preenchimento dos elementos com escala de cores, o potencial de uso

do plug-in está na possibilidade de auxiliar profissionais da AEC na otimização da

performance acústica de seus projetos ao facilitar a compreensão do impacto de

diferentes escolhas de materiais de paredes e esquadrias durante suas decisões. O

plug-in, portanto, é apresentado como uma alternativa aos métodos tradicionais de

análise de performance, complementando outros softwares.

Ao executar a função (2) Verificar desempenho, uma janela é aberta (Figura 48) para

que o usuário defina o valor médio de Rw desejado. Desta forma, o algoritmo

interpreta este input e cria uma série de filtros de vista na interface do Revit,

configurados com condicionantes em uma margem de -5 dB e +5 dB do valor

estipulado para alterar a representação de cores de elementos de parede (Figura 49).

Os filtros podem ser customizados pelo usuário conforme sua cor e linhas (Figura

50).

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115

Figura 48 - Janela para definição do valor médio de Rw

Fonte: Autor (2018).

Figura 49 - Configurações de condicionantes para os filtros criados (desempenho acústico)

Fonte: Autor (2018).

Figura 50 - Configurações de visibilidade para os filtros criados (desempenho acústico)

Fonte: Autor (2018).

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A Figura 51 demonstra algumas possibilidades de utilizar esta ferramenta,

apresentando um resultado de execução das funções (1) Calcular Rw e (2) Verificar

desempenho, em uma vista de planta baixa, com diferentes tipos de sistemas

construtivos de paredes (alvenaria, concreto e drywall), com múltiplas dimensões,

bem como famílias de janelas e portas em quantidades variáveis por parede – em

resumo, um conjunto de possíveis situações que espelham a complexidade de

projetos reais, onde a diversificação de sistemas construtivos impacta o desempenho

acústico e possibilita a tomada de decisões de projeto otimizada para as soluções

tecnológicas a serem empregadas.

Figura 51 - Resultados do cálculo e verificação de modelos

Fonte: Autor (2018).

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Em relação à função (4) Ajuda, o usuário é apresentado à janela da Figura 52,

podendo escolher uma das opções de dados referenciais. Ao confirmar a opção, um

arquivo de imagem contendo a tabela correspondente é apresentado ao usuário

diretamente pelo Revit, conforme as Tabela 2 e Tabela 3, apresentadas no item

anterior (6.1.1).

Figura 52 - Janela de opções da função (4) Ajuda

Fonte: Autor (2018).

Quanto à maneira como as funcionalidades estão apresentadas no Revit: a

organização é feita por meio de botões incluídos pela programação do Dyno

Browser, apresentadas no Revit por uma aba específica (jDesempenho) em sua

interface, representando as rotinas configuradas no Dynamo (Figura 53). Toda vez

que um botão for clicado pelo usuário, além da execução da rotina sem a necessidade

de abrir a extensão Dynamo, a definição de critérios antes que a função a seja

executada, quando aplicável, se torna possível por meio das janelas pop-up criadas

com o o uso do pacote do Dynamo Data-Shapes.

Figura 53 - Aba de funções de desempenho e ícones para desempenho acústico

Fonte: Autor (2018).

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Alternativamente, o usuário também pode utilizar a lista de rotinas do Dyno Browser

(Figura 54), disponível na interface do Revit, com o mesmo efeito, podendo,

adicionalmente, ter informações acerca do tempo de execução das rotinas, possíveis

erros durante os processos, acompanhamento dos resultados parciais de algumas

etapas da programação e a pré-customização ou modificação de algumas variáveis

sem abrir o Dynamo.

Figura 54 - Navegador do Dyno Browser e as rotinas configuradas

Fonte: Autor (2018).

Em relação ao modo como os ícones foram criados na aba do Revit, inicialmente foi

editado o arquivo de texto “buttons.txt”, presente na instalação e acessível nas

configurações da ferramenta Dyno Browser (PRORUBIM, 2017), com um código

curto que representa a ordem e separação das funções dos plug-ins de desempenho

acústico e lumínico (Figura 55).

Figura 55 - Arquivo de texto do Dyno Browser e sua configuração

Fonte: Autor (2018).

Então, na pasta onde estão localizadas as rotinas do Dynamo (Figura 56), estas foram

renomeadas conforme a lista do arquivo de texto, para que este interprete estas

informações de forma ordenada e crie os respectivos botões na aba “jDesempenho”

no Revit. Em relação aos ícones, basta incluir arquivos de imagem no formato .PNG,

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utilizando o mesmo nome da rotina que este representa, para que apareça

corretamente na interface de abas.

Figura 56 – Pasta contendo rotinas do plug-in para acústica e suas respectivas imagens de ícone

Fonte: Autor (2018).

6.2 Plug-in II: desempenho lumínico de ambientes internos

O desempenho lumínico das edificações habitacionais é de grande importância para

o desenvolvimento de projetos energéticamente eficientes e ambientação confortável

ao usuário. A iluminação natural deve ser aproveitada ao máximo como um recurso

disponível durante o dia, sendo complementada pela iluminação artificial à noite.

Critérios de desempenho necessitam ser integrados no projeto arquitetônico para dar

ênfase na performance da edificação nas etapas iniciais, de modo a explorar os

potenciais de melhorar conforto, produtivididade, qualidade de vida e até mesmo a

saúde dos usuários (DAVOODI, 2016).

Ferramentas computacionais relacionadas ao desempenho lumínico utilizando novas

tecnologias vem sendo abordadas na literatura recente, com análises em softwares

como EnergyPlus (ENERGYPLUS, 2017), Daysim (DAYSIM, 2017), Ecotect

(AUTODESK, 2016), Radiance (RADIANCE, 2017) e outros. Tais ferramentas visam

oferecer dados relevantes aos projetistas para que possam fazer decisões conscientes

acerca do conforto lumínico e eficiência energética de seus projetos (DAVOODI,

2016), viabilizando a análise de diversos cenários de posicionamento, aberturas e

orientação solar, apresentando alternativas de possíveis soluções com agilidade e

redução de erros humanos (FELIPPE et al., 2015).

Por outra ótica, a NBR 15.575-1: Edificações Habitacionais – Desempenho (ABNT,

2013a) reforça esta necessidade de incorporar propriedades de eficiência e conforto

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120

nas residências. Quanto ao desempenho lumínico, a Norma de Desempenho

estabelece níveis de iluminância e fator de luz diurna para edificações habitacionais

que devem ser atendidos por meio dos projetos contando unicamente com a

iluminação natural, considerando o tipo de atividade a ser exercida na habitação.

Tais aspectos envolvem intensamente propriedades de sistemas construtivos,

esquadrias e dimensionamento de ambientes, um conjunto de informações que traz

diversidade de soluções tecnológicas no ambiente de projeto. Em suas disposições é

destacado que a medição do desempenho lumínico de ambientes deve seguir a

metodologia de um algoritmo para verificação da iluminância geral para os níveis de

desempenho mínimo, intermediário ou superior, variáveis conforme o ambiente

analisado. Tal algoritmo a ser empregado nas análises de iluminâncias internas é

disposto na NBR 15.215: Iluminação natural – Parte 3 : Procedimento de cálculo para

a determinação da iluminação natural em ambientes internos (ABNT, 2004).

A metodologia do cálculo de iluminâncias internas apresentada na NBR 15.215-3 é

também abordada no trabalho de Souza (1997), que realizou medições, propôs

processos e simulações em modelos reduzidos, de modo a estimar os valores de

desempenho lumínico no interior de habitações. Os experimentos do estudo se

destacaram, com estimativas de valores próximas do real, sendo replicadas até o dia

de hoje com sua facilidade de aplicação e possibilidade de uso em diversos projetos

(SOUZA, 1997).

Contudo, a metodologia descrita envolve o uso de máscaras, ábacos e desenhos

geométricos planificados, que complicam a adequação do procedimento às novas

tecnologias, tridimensionais e paramétricas. Com isso, é necessário buscar

alternativas para simular e estimar os níveis de iluminância nos ambientes internos,

abordando novas ferramentas, de modo a integrar este processo a metodologias e

processos inovadores como o BIM. Para isso, são também propostos estudos

comparativos de modo a aferir a precisão e analisar a possibilidade de uso de novas

ferramentas que atinjam resultados semelhantes.

No contexto apresentado, o objetivo desta seção é propor uma programação de plug-

in para a plataforma BIM Autodesk Revit, para auxiliar projetistas no cálculo de

desempenho lumínico natural de ambientes, visando a melhoria e adequação de seus

projetos de acordo com os requisitos da NBR 15.575, verificando a possibilidade de

uso de novas tecnologias para calcular iluminâncias internas e de representa-las no

projeto de arquitetura.

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121

6.2.1 Projeto do Plug-in II

Assim como feito no plug-in para desempenho acústico, é necessário criar alguns

parâmetros no Revit por meio da opção Shared Parameters (Figura 57). Os dois

parâmetros são de caráter numérico: Lux – iluminância nas superfícies; e FLD – Fator

de Luz Diurna (%).

Figura 57 - Criação de Shared Parameters para iluminação no Revit

Fonte: Autor (2018).

Dentre as funcionalidades propostas estão: (1) Gerar Grid – que cria uma malha no

interior de ambientes para possibilitar análises; (2) Análise de Iluminâncias Internas –

para determinação da iluminância de ambientes internos, por meio de uma escala de

cores, conforme geometria de seu espaço e aberturas; (3) Análise de Fator de Luz

Diurna – para determinação do FLD de ambientes internos, por meio de uma escala

de cores; (3) Reset - função que apaga os resultados anteriores, removendo as malhas

geradas pela análise; e (4) Ajuda – função suplementar que apresenta algumas

tabelas de referência ao usuário.

Durante a função inicial do plug-in – (1) Gerar Grid, o usuário deve inserir algumas

informações: que ambientes irão ser analisados – por meio da seleção de elementos

do tipo “Room” no Revit; informar dados do período a ser analisado (dia, mês e

horário); bem como a importar um arquivo de informações climáticas do software

EnergyPlus (extensão .epw) – contendo dados do local onde a edificação está

localizada, entre diversos outros parâmetros (ENERGYPLUS, 2017).

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122

Com estas informações, é possível criar um ambiente de simulação conforme os

critérios descritos pela Norma de Desempenho em seu item 13.2.2 – Método de

Avaliação (ABNT, 2013a), que exige a contemplação de algumas condições de

simulação. A Tabela 4 apresenta como tais informações são capturadas na

programação pelo Dynamo.

Tabela 4 - Captura de informações necessárias no plug-in de desempenho lumínico

Condições Captura no Dynamo

Períodos da manhã (9h30min) e tarde

(15h30min)

Input do usuário na

interface

Dias 23 de abril e 23 de outubro Input do usuário na

interface

Latitude e longitude da obra Importação de arquivo

.epw

Nebulosidade 50% Parâmetro existente nos

arquivos .epw

Simulações para o centro dos

ambientes

Centro do elemento “room”

no Revit

Altura de análise de 0,75m acima do

nível do piso

Offset do elemento de piso

no Revit

Fonte: condições adaptadas de item 13.2.2 da NBR 15.575-1 (ABNT, 2013a).

Ao confirmar a opção, os elementos de ambientes – Rooms – da vista atual de projeto

são coletados. Informações relativas às paredes que compõe cada ambiente, bem

como as aberturas (janelas) de tais paredes são adicionadas na programação. Por

meio de algumas funções do Honeybee, os ambientes previamente selecionados são

subdivididos em uma malha ortogonal com linhas espaçadas a cada 0,50 m no eixo

geométrico, criado a uma distância 0,75 m do piso dos mesmos.

Na sequência, conforme a selação do horário, dia e mês determinado, o modelo do

céu e a trajetória do sol, na determinada localidade, é traçado no ambiente do Revit.

A partir de uma das funções do Ladybug e Honeybee, que realiza análise de

iluminância ou FLD externalizada pelo software Radiance (RADIANCE, 2017), o

conjunto de geometrias de ambientes, paredes e aberturas é processado por meio de

Ray-tracing, tendo como resultado uma lista de valores de incidência de raios solares

em superfícies, que então é convertida para a unidade de iluminância lux ou fator de

luz diurna (%).

Tal lista de valores é então pareada às superfícies criadas pela malha na etapa

anterior, criando uma série de elementos genéricos no Revit, superfícies que

compõem uma malha dotada de informações de iluminância ou %FLD, conforme o

tipo de análise selecionada pelo usuário. O resumo do processo descrito é

apresentado na Figura 58.

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123

Figura 58 - Fluxograma da função (1) Gerar Grid

Fonte: Autor (2018).

Com os elementos genéricos criados no ambiente do Revit e seus parâmetros

preenchidos, o usuário pode utilizar as funções (2) Análise Lux e (3) Análise FLD

para realizar a verificação do desempenho. Através destas funções, são criados filtros

por uma escala de cores de vista que atua apenas nos elementos genéricos criados na

malha. Os filtros são então aplicados em cada uma das superfícies analisadas,

preenchendo a malha dos ambientes conforme a iluminância (lux) ou o fator de luz

diurna (FLD) em cada segmento.

Isto permite a verificação com os requisitos da Norma de Desempenho, que

estabelece níveis de iluminamento e de fator de luz diurna para atendimento

Mínimo, Intermediário ou Superior conforme o tipo de ambiente analisado, conforme

Tabela 5 e Tabela 6.

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Tabela 5 - Níveis de iluminância para iluminação natural

Ambientes/Nível de Desempenho

Iluminamento geral para os níveis de

desempenho (lux)

Mínimo* Intermediário Superior

Sala de Estar, Dormitório, Copa/cozinha, Área de Serviço >=60 >=90 >=120

Banheiro, Corredor ou escada interna à unidade,

Corredor de uso comum (prédios), Escadaria de uso

comum (prédios), Garagens e estacionamentos

Não

requerido >=30 >=45

*Valores mínimos obrigatórios, conforme Critério 13.2.1 da NBR 15.575-1 (ABNT, 2013a)

Nota 1 – Para os edifícios multipiso são permitidos para as dependências situadas no pavimento

térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos

valores especificados na tabela acima (diferênça máxima de 20% em qualquer dependência).

Nota 2 – Os critérios desta tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação

natural.

Nota 3 – Deve-se verificar e atender as condições mínimas requeridas pela legislação local.

Fonte: Adaptado de NBR 15.575-4 (ABNT, 2013b) e Câmara Brasileira da Indústria da Construção

(CBIC, 2013).

Tabela 6 - Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação

Dependência

FLD (%) para os níveis de

desempenho

Mínimo* Intermediário Superior

Sala de estar, Dormitório, Copa/cozinha, Área de serviço > 0,50% >= 0,65% >= 0,75%

Banheiro, Corredor ou escada interna à unidade, Corredor

de uso comum (prédios), Escadaria de uso comum

(prédios), Garagens e estacionamentos

Não

requerido >= 0,25% >= 0,35%

*Valores mínimos obrigatórios, conforme Critério 13.2.3 da NBR 15.575-1 (ABNT, 2013a)

Nota 1 – Para os edifícios multipiso, são permitidos para as dependências situadas no pavimento

térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos

valores especificados na tabela acima (diferênça máxima de 20% em qualquer dependência).

Nota 2 – Os critérios desta tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação

natural.

Fonte: Adaptado de NBR 15.575-4 (ABNT, 2013b) e Câmara Brasileira da Indústria da Construção

(CBIC, 2013).

Além disso, o procedimento permite que os projetistas visualizem de forma gráfica o

desempenho lumínico em cada ambiente, tornando flexível o processo de

posicionamento de aberturas, escolha e dimensionamento de materiais e orientação

solar da edificação, através da mudança destas variáveis diretamente na modelagem

de arquitetura pelo Revit e pela geração e análise de malhas. Um fluxograma geral de

funcionamento de (2) Análise Lux e (3) Análise FLD é apresentado na Figura 59.

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Figura 59 - Fluxograma das funções (2) Análise Lux e (3) Análise FLD

Fonte: Autor (2018).

Assim como no plug-in de desempenho acústico, o uso dos filtros pode ser feito

livremente pelo usuário para compor documentação de comprovação de

desempenho pelo Revit, utilizando os ambientes analisados, por meio da construção

de cenários variados utilizando diferentes orientações, aberturas, datas, horários ou

composições de ambientes. Para facilitar este processo de geração de diversas

análises, também é necessário o comando (4) Reset, que possibilita, além da

reinicialização dos filtros da vista atual, a exclusão dos elementos genéricos de malha

criados por análises anteriores (Figura 60).

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Figura 60 - Fluxograma da função (4) Reset para o plug-in de desempenho lumínico

Fonte: Autor (2018).

Por fim, também é proposta a função (5) Ajuda, que, similarmente ao realizado no

plug-in de desempenho acústico, apresenta o conteúdo das Tabela 5 e Tabela 6 ao

usuário, por meio de pop-ups (Figura 61).

Figura 61 - Fluxograma da função (5) Ajuda para o plug-in de desempenho lumínico

Fonte: Autor (2018).

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6.2.2 Funcionamento e desenvolvimento do Plug-in II

A programação das funções do plug-in está disponível na íntegra no Apêndice C.

A ferramenta proposta, assim como o plug-in de desempenho acústico, é

programada através da extensão Dynamo e funciona por meio de botões na interface

do Revit, através do Dyno Browser. Dentre os diversos pacotes de funções utilizados

no ambiente Dynamo, destacam-se Ladybug e Honeybee (LADYBUG, 2018), pacotes

originários do plug-in Grasshopper para Rhino 3D, mas que recentemente estão

sendo adaptados para a plataforma BIM. Ladybug e Honeybee oferecem soluções

voltadas para análises energéticas, que possibilitam o uso de funções para a eficiência

e design paramétrico orientado ao desempenho (ROUDSARI et al., 2013). Assim, o

plug-in programado é uma adaptação de um conjunto de ferramentas já existentes,

customizadas para serem inseridas no contexto da Norma de Desempenho Brasileira.

Assim como para o plug-in acústico, os resultados podem ser demonstrados por

meio do uso da ferramenta. Para tal, e para apresentar como o processo de

atendimento ao desempenho pode ser feito, foram criados alguns ambientes no Revit

para análise.

Inicialmente, ao executar a função (1) Gerar Grid, o usuário é apresentado aos inputs

descritos no projeto do plug-in. Uma janela pop-up é criada (Figura 62) onde é

necessária a busca por um arquivo .epw contendo a localização da edificação, bem

como dados de dia, mês, horário e tipo de análise (Iluminância ou Fator de Luz

Diurna). Os ambientes a serem analisados também podem ser escolhidos e

confirmados no Revit por meio de um botão que permite apenas a seleção de

elementos BIM do tipo “Room”. Esta série de parâmetros então é gravada no

algoritmo, e em conjunto com informações de paredes e de aberturas, possibilita a

geração do grid, criando uma série de elementos genéricos numerados dentro de

cada ambiente analisado (Figura 63). Os elementos genéricos são superfícies

espaçadas a cada 0,5m, posicionadas a uma altura de 0,75m do piso.

Ao confirmar a escolha dos parâmetros, paralelamente também é possível observar o

traçado da trajetória do sol no ambiente de modelagem conforme o que foi

configurado (Figura 64). Este traçado é independente e não utiliza de quaisquer

configurações prévias no ambiente do Revit (estudos solares ou caminho do sol), pois

está vinculado à programação e às informações do arquivo de informações climáticas

selecionado.

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Figura 62 - Janela de opções de input para a função (1) Gerar Grid

Fonte: Autor (2018).

Figura 63 - Malha de elementos genéricos dentro de um ambiente

Fonte: Autor (2018).

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Figura 64 - Traçado das trajetórias do sol, vista superior e tridimensional

Fonte: Autor (2018).

Com o grid definido, o usuário pode executar as funções (2) Análise Lux e (3) Análise

FLD, para preencher os elementos genéricos com uma escala de cores. A partir da

análise do grid, são realizadas operações internamente na programação por meio de

componentes do Dynamo que externalizam os cálculos por Ray-Tracing para o

software Radiance, que é aberto em uma janela de prompt de comandos, capturando

as informações geométricas e climáticas e gerando uma lista de valores resultantes da

interação escolhida – iluminância ou FLD.

Os resultados desta lista de valores são então pareados com cada geometria gerada

no Grid, assim, cada respectivo elemento genérico possui um valor definido no

parâmetro Lux ou FLD. O que permite que as funções (2) e (3) do plug-in apenas

criem filtros de vista para preencher os elementos com cores (Figura 65).

Figura 65 - Preenchimento da malha com os resultados para iluminância

Fonte: Autor (2018).

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Assim como no plug-in para desempenho acústico, os filtros de vista são criados

especificamente para uma categoria de elementos, neste caso, para o tipo Generic

Models (Figura 66). Uma série de filtros é criada a partir de intervalos, utilizando

condicionantes para detectar os valores dos parâmetros. O usuário também pode

editar as cores utilizadas e seus intervalos no Revit se assim desejar por meio da

edição das configurações de visibilidade (Figura 67).

Figura 66 - Configurações de condicionantes para os filtros criados (desempenho lumínico)

Fonte: Autor (2018).

Figura 67 - Configurações de visibilidade para os filtros criados (desempenho lumínico)

Fonte: Autor (2018).

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Com as funções de geração de grids e preenchimento com escala de cores é possível

verificar se certas composições de ambientes atendem ao desempenho estipulado na

normativa por meio do uso de, por exemplo, funções de anotação do Revit, que

resgatam o valor de um parâmetro e possibilitam ao usuário explicitar esta

informação diretamente no ambiente do projeto.

Para demonstrar o funcionamento do plug-in em situações diversas, foram criados

alguns ambientes no Revit (Figura 68), com dimensões de área 24m² (6m x 4m), pé

direito de 3m, fachada de aberturas apontada para o norte, e com o arquivo climático

da cidade de Passo Fundo/RS. Foram adicionadas algumas configurações de

posicionamento de janelas, para avaliar a diferença que este parâmetro tem na

estimativa do desempenho lumínico.

Figura 68 - Modelagem 3D de ambientes com diferentes configurações de aberturas

Fonte: Autor (2018).

Devido ao fato de que a Norma de Desempenho estipula que o período de análise

deve ser feito nos dias 23 de abril e 23 de outubro, nas horas 9:30 e 15:30, foi

calculada a iluminância por em cada ponto e a geração de grids nas 4 situações, com

os respectivos componentes genéricos preenchidos por uma escala de cores

correspondente ao valor encontrado (Figura 69). O valor apresentado abaixo de cada

ambiente corresponde à iluminância no centro deste, em diferentes configurações de

aberturas.

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Figura 69 - Resultados da análise para os ambientes em vista de planta baixa

Fonte: Autor (2018).

Esta abordagem permite ao projetista flexibilizar seus processos enquanto

compreende o comportamento do desempenho lumínico de seus projetos, pois

permite que tenha um feedback visual acerca da efetividade de suas soluções

diretamente no Revit, ao mesmo tempo em que projeta e explora alternativas de

aberturas e dimensionamento de ambientes no software BIM. Além de possibilitar a

verificação da iluminância de diferentes configurações de cada ambiente, em cada

situação exigida pela norma, possibilita suplementar a geração de relatórios ou

documentação de desempenho, que demonstrem que os ambientes analisados estão

atendendo os requisitos.

Para demonstrar a flexibilidade da customização dos dados pela programação, foi

modelado um projeto simples de uma edificação (Figura 70). É possível realizar as

análises em mais de um ambiente simultaneamente, independente da forma ou

dimensões que o compõe, e em horários além dos especificados na Norma de

Desempenho (Figura 71). Além disso, através da edição das condicionantes dos

filtros na interface do Revit, é possível customizar as análises para, por exemplo,

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representar cores nos intervalos de níveis de desempenho ao invés de iluminância

(Figura 72).

Figura 70 - Projeto exemplo para análise de desempenho lumínico

Fonte: Autor (2018).

Figura 71 - Resultados da análise de iluminância no projeto exemplo em diferentes horários

Fonte: Autor (2018).

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Figura 72 - Customização das escalas de cor para uma escala de desempenho no projeto exemplo

Fonte: Autor (2018).

Em relação às funcionalidades restantes, assim como o plug-in de desempenho

acústico, a ferramenta conta com botões de (4) Reset e (5) Ajuda. O reset possui a

opção adicional de deletar os elementos do grid além dos filtros aplicados na vista,

permitindo a geração de novas malhas de análise para outros cenários.

A função (5) Ajuda conta com tabelas de referência para atendimento ao

desempenho lumínico no interior de ambientes considerando a iluminância ou o

fator de luz diurna, conforme as Tabela 5 e Tabela 6, apresentadas no item 6.2.1. Ao

ser executada, esta função apresenta uma pop-up ao usuário para que escolha qual

tabela será consultada (Figura 73).

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Figura 73 - Janela de opções da função (5) Ajuda

Fonte: Autor (2018).

Quanto à apresentação na interface do Revit, a configuração no Dyno Browser ocorre

da mesma maneira que no plug-in de desempenho acústico. É configurando o

arquivo “buttons.txt”, definindo nomes e respectivos ícones para que as rotinas

organizadas na pasta apareçam corretamente na aba de desempenho do Revit e

possam ser utilizadas (Figura 74).

Figura 74 - Aba de funções de desempenho e ícones para desempenho lumínico

Fonte: Autor (2018).

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7. AVALIAÇÃO DOS PLUG-INS

Este capítulo consiste na aplicação dos métodos de avaliação descritos na

metodologia, para isto, é dividido em três momentos: (1) primeiramente, são

detalhados os mecanismos de avaliação por meio dos questionários desenvolvidos

para cada plug-in; (2) então, são apresentadas as partes envolvidas no processo, com

a descrição da experiência por meio das abordagens Black Box com os convidados; (3)

por fim, com discussão acerca do feedback obtido, são explicitados os principais

resultados do ciclo de avaliação dos dois artefatos do tipo instanciação

desenvolvidos, os ajustes necessários e a importância desta etapa no processo

metodológico.

7.1 Questionário para avaliação

Conforme discutido no item 5.3.2 do trabalho, foi utilizado como mecanismo de

avaliação um questionário direcionado a profissionais, conforme os critérios

estabelecidos no método.

No intuito de possibilitar o alinhamento com a abordagem Cause-Effect Graph,

buscou-se organizar as questões conforme cada funcionalidade dos plug-ins, para

que durante experiências de avaliação com profissionais, possam ser identificadas as

características e particularidades de cada função programada e assim, evidenciar se

os artefatos desenvolvidos cumprem as funções planejadas no cenário.

O questionário conta principalmente com perguntas narrativas de resposta livre,

voltadas para o direcionamento de discussão e para levantar possíveis problemas

não descobertos durante a etapa de desenvolvimento. Em cada funcionalidade

desenvolvida, estas perguntas possuem uma base estruturante em comum,

relacionada ao funcionamento básico, como: “A função operou da maneira

pretendida?” e “Alguma opção adicional deveria ser incluída?”, bem como

perguntas mais específicas às funcionalidades, relativas à inserção de inputs, maneira

como as informações estão apresentadas, entre outras.

A lista de perguntas narrativas e as funcionalidades às quais se referem estão

elencadas na Tabela 7 para o plug-in de desempenho acústico e na Tabela 8 para o

plug-in de desempenho lumínico.

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Tabela 7 - Questionamentos para avaliação do plug-in de desempenho acústico

Seção Questionamentos

(1) Calcular

Rw

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. O input de informações é suficiente? Algum parâmetro necessário para o cálculo

não foi considerado?

3. Quanto a inserção e configuração de novos materiais e sistemas construtivos, como

isto poderia ser melhorado?

4. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

(2) Verificar

Desempenho

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. A maneira como a escala de cores é aplicada (variações de um valor definido) é

adequada? Como poderia ser melhorada?

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

4. Avalie o potencial para geração de documentação de desempenho desta função.

(3) Reset 1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

(4) Ajuda

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. As informações apresentadas ao usuário são suficientes?

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Fonte: Autor (2018).

Tabela 8 - Questionamentos para avaliação do plug-in de desempenho lumínico

Seção Questionamentos

(1) Gerar

Grid

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. O input de informações climáticas é suficiente? Alguma informação necessária não

foi considerada? Se sim, qual(is)?

3. O input de informações geométricas e de materiais é suficiente? Algum parâmetro

necessário não foi considerado? Se sim, qual(is)?

4. Quanto a inserção e configuração de dados de entrada, como isto poderia ser

melhorado?

5. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

(2) Análise

Lux

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. A maneira como a escala de cores é aplicada é adequada? Como poderia ser

melhorada?

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

4. Avalie o potencial para geração de documentação de desempenho desta função.

(3) Análise

FLD

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. A maneira como a escala de cores é aplicada é adequada? Como poderia ser

melhorada?

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

4. Avalie o potencial para geração de documentação de desempenho desta função.

(4) Reset 1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

(5) Ajuda

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

2. As informações apresentadas ao usuário são suficientes?

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Fonte: Autor (2018).

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Além disso, algumas questões de avaliação geral dos aspectos foram propostas como

uma maneira adicional de efetuar a avaliação. Foram organizadas com escala Likert

de 5 pontos (Tabela 9), visando expressar um intervalo que corresponda à satisfação

ou concordância em relação a um aspecto.

Tabela 9 - Avaliação dos plug-ins por aspectos de uso específicos

Aspecto avaliado Escala (mín - máx)

Dificuldade no uso (1) Muito fácil – (5) Muito difícil

Design na interface (1) Pouco amigável – (5) Muito

amigável

Performance/Velocidade do

programa (1) Lento - (5) Rápido

Clareza das informações

apresentadas (1) Muito baixa – (5) Muito alta

Potencial para suporte à tomada

de decisão (1) Muito baixo – (5) Muito alto

Capacidade de customização

dos inputs (1) Muito baixa - (5) Muito alta

Versatilidade da ferramenta

para diferentes cenários (1) Pouca - (5) Muita

Fonte: Autor (2018).

Após tais questões, há o espaço para alguns tópicos adicionais: o avaliador pode

também relatar se foram encontrados erros ou bugs durante a experiência; pode

mencionar outras sugestões para o desenvolvimento da ferramenta – que não

tenham sido abordadas nas questões; e sugestões para o questionário de avaliação

em si – para melhorar o próprio mecanismo de avaliação.

A organização de um questionário com estas características permite um grau de

padronização das perguntas que poderá ser reaplicado em outras ferramentas, em

estudos futuros. Além disso, possibilita que este seja encaminhado por meio de

formulários online ou realizado pessoalmente, como foi o caso do presente estudo.

7.2 Experiência de entrevista

O processo de aplicação do questionário foi feito por meio de entrevistas realizadas

no mês de maio de 2018, nas dependências da Faculdade Meridional Campus Passo

Fundo, após a completude da etapa de desenvolvimento das ferramentas projetadas.

Seguindo os critérios metodológicos, foi necessário contatar profissionais com

experiência em relação às temáticas específicas – desempenho acústico e desempenho

lumínico. Para possibilitar ao menos um processo completo de avaliação dos plug-ins

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com o mecanismo desenvolvido, em dois momentos separados, foi convidada para

responder o questionário do plug-in de desempenho acústico, a prof. Dra. Elvira

Lantelme, e para o plug-in de desempenho lumínico, a prof. Dra. Luciana Fernandes,

ambas docentes do PPGEC IMED (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

da Faculdade Meridional).

Cada experiência de avaliação durou aproximadamente um período de uma hora,

seguindo as definições metodológicas, com demonstração e explicitação do

funcionamento esperado de cada funcionalidade programada (Cause-Effect Graph),

seguido pela exploração da interface e testes em diferentes cenários (State-

Transitioning Test) de modo a possibilitar que a abordagem Black Box seja utilizada na

pesquisa a partir de usuários sem conhecimento acerca da programação interna ou

estruturação das rotinas dos artefatos (KHAN, 2011).

Após a experiência de demonstração e exploração da interface, foi realizado o

preenchimento do questionário da respectiva disciplina, por meio de uma entrevista

cujo áudio dos relatos de cada avaliadora foi gravado. A transcrição do áudio foi

então feita, enviando as respostas relatadas para um formulário online, onde foram

sintetizados os principais tópicos relatados em cada funcionalidade dos plug-ins, de

modo a manter a objetividade da apresentação do que foi levantado, conforme o item

seguinte deste capítulo.

7.2.1 Discussões e feedback – Plug-in I

Nesta seção, os principais resultados coletados com a transcrição do áudio gravado

durante as entrevistas são apresentados em relação a cada funcionalidade para

desempenho acústico, e algumas possibilidades de trabalhos futuros são explicitadas.

Em relação à função de cálculo do índice de redução sonora (Figura 75), a discussão

apontou para necessidade de melhorias na organização da maneira como

informações de fabricantes são inseridas. Como no atual estado do plug-in tais

informações são configuradas pelas famílias de paredes e esquadrias, é necessária

uma preparação prévia destes elementos pelo usuário por meio da configuração dos

parâmetros, conforme disposto no item 6.1.2 deste trabalho. Com este relato, versões

subsequentes do plug-in podem ser programadas com novas maneiras de configurar

os dados de fabricante. Analisa-se uma alternativa por meio de interface ou janela

pop-up onde o usuário possa carregar valores ou alterar existentes.

Um aspecto positivo levantado foi a boa integração com funções já existentes do

Revit, como ferramentas de dividir e unir paredes, configurações de camadas e a aba

de anotações, que permite expressar o valor dos parâmetros.

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Figura 75 - Quadro de respostas para a função (1) Calcular Rw

Respostas ACS – (1) Calcular Rw

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Operou da maneira pretendida.

2. O input de informações é suficiente? Algum parâmetro necessário para o cálculo não foi

considerado?

Todos os parâmetros necessários para calcular foram considerados.

3. Quanto a inserção e configuração de novos materiais e sistemas construtivos, como isto poderia

ser melhorado?

Na organização destas informações. Quando há vários fabricantes, com várias características de

materiais, deve-se pensar em como isso pode ser organizado.

4. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Os valores das medições são expressos com precisão de duas casas após a vírgula, o que é

desnecessário para decibel.

Fonte: Autor (2018).

Em relação à função de verificação dos valores de índice de redução sonora (Figura

76), destacou-se a necessidade de alteração no valor de desempenho referencial

quando a função é acionada. A pré-configuração deste valor para o nível Mínimo ao

invés do Intermediário tornaria a ferramenta mais intuitiva, pois o usuário

inicialmente seria direcionado ao simples atendimento da norma, ao invés de estar

submetido a este acrescido da margem do nível Intermediário.

Figura 76 - Quadro de respostas para a função (2) Verificar desempenho

Respostas ACS – (2) Verificar desempenho

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Funcionou.

2. A maneira como a escala de cores é aplicada (variações de um valor definido) é adequada? Como

poderia ser melhorada?

A maneira como as cores são distribuídas na escala é adequada, porém, o valor alvo inserido pelo

usuário deveria ser modificado do médio (intermediário) para o valor mínimo. Além disso, ser pré-

configurado para esta opção desde o início.

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Pensando na questão visual, a opção de ativar e desativar os tags e cotas, pois uma coisa é o projetista

tomando decisões durante o projeto, outra é apresentar para o cliente. Uma função para esconder

informações desnecessárias ajudaria nisso, criando uma instância exclusiva para acústica no Revit, que

facilmente poderia ser retornada para o projeto de arquitetura.

4. Avalie o potencial para geração de documentação de desempenho desta funcionalidade.

A função é eficiente e muito importante para automatizar a documentação.

Fonte: Autor (2018).

Em relação à função Reset (Figura 77), durante a apresentação, notou-se que esta

também apaga os valores existentes nas famílias, o que pode tornar o processo de

cálculo de diferentes alternativas algo repetitivo e que poderia ser melhorado, com

isso, foi sugerido ocultar as informações, ao invés de apagá-las. Embora o Revit conte

com algumas funções para esconder certos elementos nas vistas, o uso desta opção

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pode se tornar trabalhoso quando há muitos elementos e diferentes filtros a serem

aplicados, portanto, analisa-se a possibilidade de programar rotinas que manipulem

a visibilidade de elementos na vista do Revit.

Figura 77 - Quadro de respostas para a função (3) Reset no plug-in para desempenho acústico

Respostas ACS – (3) Reset

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Funcionou.

2. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Como discutido antes, apenas ocultar e não deletar permanentemente as informações.

Fonte: Autor (2018).

A função de ajuda (Figura 78) foi criticada por apresentar informações insuficientes e,

portanto, haveria espaço para muitas melhorias. Como o pacote de configurações de

interfaces Data-shapes para Dynamo (discutido no Capítulo 3) possibilita o

carregamento de arquivos, imagens, pdfs, links para websites e outros, muitas das

sugestões poderiam ser facilmente incorporadas por meio da inclusão de

informações que possam ser apresentadas para o usuário por quaisquer das maneiras

citadas.

Figura 78 - Quadro de respostas para a função (4) Ajuda no plug-in para desempenho acústico

Respostas ACS – (4) Ajuda

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Funcionou.

2. As informações apresentadas ao usuário são suficientes?

A função atualmente está muito simples. Consultar tabelas não é tão interessante para o usuário, a não

ser para quem estiver começando a estudar a norma, como estudantes, com um fim didático.

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Colocar outras informações: uma sequência de como operar o plug-in, um manual de ajuda de como

usar as funções, explicação acerca das cores usadas, como avaliar o Rw, como configurar novos

materiais.

Fonte: Autor (2018).

Após a realização da parte narrativa do questionário, foram apresentadas as

perguntas de escala Likert, referidas aos aspectos gerais do plug-in. Contudo, não é

possível realizar uma avaliação quantitativa eficaz de tais aspectos com apenas um

respondente, portanto, até o presente estudo, esta seção do questionário possui

caráter complementar e só poderá ser aplicada como avaliação em trabalhos futuros,

com maior quantidade de avaliadores.

Segundo a avaliadora, utilizando a escala Likert de 5 pontos, onde o índice 1 é a pior

classificação e o índice 5 é a melhor, o plug-in é de fácil uso (índice 5); possui uma

interface amigável (índice 4); funciona de maneira rápida (índice 5); conta com

informações muito claras (índice 5); e de alto potencial para o suporte à tomada de

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decisão (índice 4). Contudo, possui baixa capacidade de customização dos inputs

(índice 2), sobretudo em relação aos materiais de fabricantes; e sua versatilidade em

diferentes cenários é incerta pois necessita de aplicação em projetos reais (índice 3).

Em relação a erros ou bugs durante a avaliação, ocorreram apenas problemas

relacionados à plataforma Revit e não à programação do plug-in.

Como sugestão para o formulário de questões, a avaliadora relata que seria

interessante submeter os plug-ins à avaliação por projetistas que estejam realizando

processos de comprovação de desempenho, para permitir que utilizem a ferramenta

e possam dar outras sugestões advindas do tempo de uso. Contudo, ressalta que, o

uso do plug-in torna-se limitado, devido ao fato de que a transição entre ferramentas

de desenho 2D para BIM ainda está presente nos processos de projeto de muitos

profissionais, algo que se torna mais complicado quando se inclui a necessidade de

encontrar profissionais com conhecimentos de programação.

7.2.2 Discussões e feedback – Plug-in II

Assim como na seção anterior, são apresentados os principais resultados coletados

com a transcrição do áudio gravado durante as entrevistas em relação às funções do

plug-in de desempenho lumínico, com algumas possibilidades de trabalhos futuros.

Em relação à função de geração do grid nos ambientes (Figura 79), a avaliadora

afirma que, embora tenha funcionado adequadamente em relação aos inputs

climáticos, possui algumas melhorias necessárias na interface. Além disso, não

contemplou a inserção de configurações físicas e óticas de materiais. Como uma

alternativa para adicionar estas propriedades, analisa-se a manipulação de

parâmetros de superfícies já presentes nos materiais do Revit. Contudo, tais inclusões

também estão sujeitas a atualizações dos pacotes Ladybug e Honeybee para Dynamo,

que continuamente adicionam novas possibilidades para os programadores na

configuração de tais parâmetros e podem, portanto, levar a maneiras mais adequadas

de programar isto.

Outra crítica foi o tempo necessário para execução da função, que necessitava de um

período entre 2 e 4 minutos para cada interação e, portanto, limitava o potencial da

ferramenta para analisar diversos cenários de forma rápida. Em relação a isto, cabe o

refinamento do algoritmo ao longo do tempo em desenvolvimentos futuros, visando

otimizar a programação. Como uma maneira de possibilitar agilizar as análises, a

avaliadora sugeriu adicionar uma opção que calcule a iluminância ou fator de luz

diurna apenas no ponto central do ambiente analisado, possibilitando assim, uma

avaliação preliminar rápida. Além disso, sugeriu programar a criação de objetos de

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anotação do Revit já no centro de tais ambientes, indicando o horário e dia analisado,

o tipo de análise, o valor encontrado e se atende ao desempenho Mínimo.

Figura 79 - Quadro de respostas para a função (1) Gerar Grid

Respostas LUM – (1) Gerar Grid

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Funcionou.

2. O input de informações climáticas é suficiente? Alguma informação necessária não foi

considerada? Se sim, qual(is)?

O input é suficiente, pois depende da qualidade e interpretação do arquivo EPW.

3. O input de informações geométricas e de materiais é suficiente? Algum parâmetro necessário não

foi considerado? Se sim, qual(is)?

Não está tão detalhado como a norma exige devido ao espaçamento do grid em relação às paredes do

ambiente. É preciso respeitar os 50 cm de distância dos cantos, pois, dependendo da geometria, em

ambientes pequenos pode haver diferença. Recomenda-se verificar se a forma como o plug-in cria a

malha gera diferença nos resultados.

Não foi incluso nenhum tipo de input de materiais, sendo os parâmetros necessários a considerar:

materiais opacos e transparentes, fatores físicos e óticos que influenciem na iluminação interna, cores

de superfícies. Recomenda-se olhar o manual de softwares semelhantes como o DaySIM.

4. Quanto a inserção e configuração de dados de entrada, como isto poderia ser melhorado?

Ao invés dos sliders, utilizar uma ferramenta de calendário para que o usuário defina o dia e mês, ou

um campo de texto.

Possibilitar escolher diretamente o solstício de verão ou inverno, e o equinócio de outono ou

primavera, semelhante a como foi feito com os horários da norma – botões de rádio ou checkbox.

5. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Uma opção de realizar o cálculo somente no ponto central dos ambientes.

Colocar elementos de legenda já no momento de geração do grid.

Configurações de brise para poder visualizar como este iria influenciar no sombreamento, entre

outros.

Fonte: Autor (2018).

Na função de análise de iluminâncias (Figura 80), foram ressaltados aspectos

estéticos como espaçamento dos grids e a escolha das cores. Estes podem ser

configurados diretamente no Dynamo, possibilitando que em trabalhos futuros,

sejam criados grids com mais componentes e intervalos de filtros de vista melhor

definidos, sem consequências para o funcionamento correto da ferramenta. A opção

de criação de escala de cores automatizada também foi levantada, pois atualmente

não é criada na programação, necessitando ser feita separadamente, e por ser um

elemento de relatório que auxilia na clareza das infomações apresentadas.

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Figura 80 - Quadro de respostas para a função (2) Análise Lux

Respostas LUM – (2) Análise Lux

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Funcionou.

2. A maneira como a escala de cores é aplicada é adequada? Como poderia ser melhorada?

A escala de cores poderia ter mais divisões, ser mais refinada, com um grid menor.

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

A opção de criar um elemento de escala de cores correspondente à análise, automaticamente no Revit.

4. Avalie o potencial para geração de documentação de desempenho desta funcionalidade.

Possibilita gerar alguns relatórios de desempenho de forma automatizada.

Fonte: Autor (2018).

A função de análise do fator de luz diurna (Figura 81) infelizmente não funcionou

nos ambientes selecionados durante o processo avaliativo, com os valores

aparecendo zerados no grid gerado. Contudo, foi mostrado um exemplo em um

arquivo do Revit onde foi explicada a maneira como os valores são calculados. Cabe

revisar a programação em estudos futuros para possibilitar a avaliação adequada

desta função em específico. As sugestões para a função foram semelhantes às da

função anterior.

Figura 81 - Quadro de respostas para a função (3) Análise FLD

Respostas LUM – (3) Análise FLD

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Não funcionou, os valores do parâmetro ficaram zerados após a geração do grid.

2. A maneira como a escala de cores é aplicada é adequada? Como poderia ser melhorada?

Como funciona de forma semelhante, idem às sugestões da função anterior.

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Idem às sugestões da função anterior. Corrigir texto, de “Fator de luz diária” para “Fator de luz

diurna” na interface.

4. Avalie o potencial para geração de documentação de desempenho desta funcionalidade.

Não foi possível avaliar.

Fonte: Autor (2018).

Para a função Reset (Figura 82), de forma semelhante ao ocorrido na avaliação do

plug-in de desempenho acústico, a avaliadora sugeriu que, ao invés das informações

geradas serem apagadas, poderiam apenas ser ocultadas, para que possam ser

revisitadas em um momento futuro pelo usuário. Uma alternativa pensada para

tornar isto possível com a programação é através da manipulação dos layers de

visibilidade do Revit, possibilitando que diversas análises de iluminância ou FLD

sejam sobrepostas e verificadas simultaneamente ocultando elementos de

determinados horários – algo que, na programação atual, só é possível copiando

elementos de ambientes no Revit e realizando análises separadas.

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Figura 82 - Quadro de respostas para a função (4) Reset para o plug-in de desempenho lumínico

Respostas LUM – (4) Reset

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Funcionou.

2. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Ao invés de apagar completamente a geometria do grid, apagar apenas os valores deste ou ocultar os

elementos, visto que, segundo a explicação, a geração de geometria é o que leva mais tempo.

Fonte: Autor (2018).

Em relação à função de ajuda (Figura 83), também foi destacada a simplicidade das

informações atualmente apresentadas, sendo possível adicionar um manual de uso,

informações didáticas acerca de conceitos como iluminância e FLD, outras

informações de referencial normativo além das duas tabelas, e o contato com o

desenvolvedor.

Figura 83 - Quadro de respostas para a função (5) Ajuda para o plug-in de desempenho lumínico

Respostas LUM – (5) Ajuda

1. A função operou da maneira pretendida? Se não, por quê?

Funcionou.

2. As informações apresentadas ao usuário são suficientes?

Não. É importante também colocar os conceitos por trás das análises. Definir FLD e iluminância, como

as análises são feitas, e apresentar referências bibliográficas para outros trabalhos. Colocar tabelas

retiradas da norma ao invés do catálogo CBIC.

3. Alguma opção adicional deveria ser incluída nesta funcionalidade? Se sim, qual?

Uma opção que mostre o passo-a-passo de como usar a ferramenta seria interessante.

Colocar publicações próprias e uma aba de “Sobre” para os plug-ins, para que alunos, pesquisadores e

projetistas possam entrar em contato com o desenvolvedor.

Fonte: Autor (2018).

Quanto aos aspectos avaliados em escala Likert de 5 pontos, sendo o índice 1 a pior

classificação e o índice 5 a melhor, a avaliadora classificou o plug-in como de fácil

uso (índice 4); com design da interface amigável, apesar de melhorias necessárias (4);

operando com velocidade das funções consideravelmente lenta (índice 1),

demorando vários minutos para análise. Em relação à clareza das informações,

indiferente (índice 3); com potencial para suporte à decisão bom (índice 4), devido às

representações visuais e cores. A capacidade de customização dos inputs foi

considerada baixa (índice 2), devido ao fato de que as propriedades físicas e óticas

dos materiais não foram contempladas.

Em relação à versatilidade da ferramenta para aplicação em diversos cenários, foi

classificada como alta (5). A avaliadora ressaltou que a ferramenta tem potencial para

temáticas como etiquetagem de eficiência energética e certificações, seria possível

atrelar outras informações ao mecanismo da programação, como pontuação de

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créditos para LEED, sombreamento, outros tipos de análises horárias e geração de

relatórios automatizados.

Em relação ao formulário de avaliação, a avaliadora sugeriu condicionar o envio do

questionário aos conhecimentos do entrevistado, estabelecendo previamente que

perguntas serão enviadas conforme as atribuições do respondente – projetista ou

pesquisador.

7.3 Considerações finais sobre a avaliação

A avaliação, de modo geral, foi muito benéfica para levantar sugestões e maneiras de

como melhorar os plug-ins, podendo utilizar do conhecimento específico e

experiência de profissionais para aperfeiçoar o desenvolvimento dos plug-ins. Isto

ressalta a importância da interdisciplinaridade também na programação, pois

permite que o projetista que desenvolve suas próprias ferramentas busque caminhos

alternativos pela ótica do usuário ou do especialista.

A avaliação dos plug-ins também possui grande importância do ponto de vista

metodológico, pois permite verificar se os artefatos do tipo instanciação projetados

estão se comportando da maneira como foram pensados, possibilitando a criação de

mecanismos adaptáveis às diferentes particularidades de cada artefato para

compreender se o que foi programado está realmente atendendo seus objetivos

iniciais.

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8. CONCLUSÕES

Neste capítulo final, são apresentadas as principais discussões sobre a experiência da

pesquisa. Inicialmente são resgatados os objetivos e são apontadas as contribuições e

percepções gerais sobre a condução do trabalho no desenvolvimento e avaliação dos

artefatos do tipo instanciação. Então, nos sub-items subsequentes, são apresentados:

(8.1) Diretrizes para o desenvolvimento de plug-ins em software BIM – onde o

artefato consolidado da pesquisa é descrito; (8.2) Generalização para classe de

problemas – onde são apontadas similaridades do emprego do método em outros

possíveis cenários; (8.3) Reflexões e posicionamento – onde é apresentada a opinião e

posicionamento crítico acerca da experiência de programar, das ferramentas

utilizadas e da Norma de Desempenho; e (8.4) Recomendações para trabalhos

futuros.

Os processos de projeto em arquitetura e engenharia requerem cada vez mais

informações interdisciplinares na tomada de decisão. Embora muitas ferramentas

possibilitem automatizar etapas dos projetos por meio dos softwares, a informação

precisa estar contextualizada e ser efetivamente usada em simulações, verificações e

análises, de modo a impactar a tomada de decisão do projetista. O uso da

programação em softwares BIM permite que esta não seja dedicada apenas à geração

de formas arquitetônicas, mas também ao gerenciamento de dados e relações

semânticas do modelo.

Neste trabalho foi apresentada uma pesquisa voltada à compreensão do cenário de

inovação na arquitetura e engenharia por meio do desenvolvimento de soluções

customizadas a partir da programação pelos projetistas. Para emular o cenário e

atender o objetivo, foram desenvolvidos dois plug-ins para o software BIM Revit, no

intuito de possibilitar ampliar as funções da plataforma em relação a um problema

específico: o atendimento de requisitos da Norma de Desempenho Brasileira.

A partir da experiência de programação pelo pesquisador, foi possível romper

algumas das barreiras de abstração das plataformas e das funcionalidades básicas

para atender os requisitos estipulados. Assim, como principais resultados, tem-se o

desenvolvimento e avaliação das ferramentas: plug-in para estimativa de

desempenho acústico de vedações verticais; e para estimativa da iluminância natural

no interior de ambientes de uma edificação.

No cenário acadêmico, este trabalho contribuiu também para pesquisas voltadas à

metodologia de projeto, e que utilizem o método Design Science Research.

Adicionalmente, contribuindo para estudos relacionados à BIM, e ao uso da

programação como uma competência para o futuro da profissão, bem como para

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pesquisas relacionadas à Norma de Desempenho Brasileira – nas temáticas de

desempenho acústico e lumínico.

Em relação ao cenário profissional, na prática projetual, as contribuições foram

apresentadas na forma da publicação das duas ferramentas funcionais, as quais

poderão ser utilizadas para alavancar o processo de comprovação de desempenho

por meio da análise de projetos em softwares BIM – na verificação e simulação de

requisitos.

Em relação às percepções gerais do método Design Science Research, concluiu-se que

este permitiu estruturar uma pesquisa de caráter prático para que esta possua

vínculos com conhecimento teórico, através da definição das etapas de condução da

pesquisa.

O desenvolvimento das ferramentas para atendimento aos requisitos, embora algo

desafiador, possibilitou ao pesquisador passar pelos processos de aprendizado e

reflexão de um projetista, buscando resolver problemas específicos e, inicialmente,

inacessíveis pelas funções básicas das ferramentas disponíveis. Foi um processo que

envolveu, dentre outros aspectos, a colaboração com outros programadores por meio

dos fóruns e repositórios online, a disponibilidade de material e documentação sobre

funções do Dynamo e Revit, e a disponibilidade de tempo dedicado para

experimentação e aplicação do conhecimento adquirido no desenvolvimento dos

plug-ins. O emprego da programação permitiu conhecer o contexto dos requisitos os

quais se buscou automatizar: desde a maneira como são calculadas as variáveis até o

sequenciamento lógico necessário para transformá-las em subsídios para tomada de

decisões. Informações que não são facilmente absorvidas apenas por meio de leitura

de normas ou do uso de uma planilha de cálculo pronta.

A necessidade de programar uma ferramenta induz o projetista e/ou pesquisador a

compreender profundamente como se dão os processos de verificações e simulações.

Analisa-se o motivo de certas informações serem necessárias em cada etapa, e qual

sua finalidade, assim, é possível também ter uma opinião sobre a maneira como as

regras são impostas e refletir acerca das arbitrariedades de normas e regulações de

projetos.

Em relação à etapa de avaliação das ferramentas, foi feito uma aplicação inicial com

dois profissionais pesquisadores, com conhecimento das áreas específicas,

adicionando a perspectiva de especialistas e sua visão de como melhorar um

processo. Assim, além da busca pelo conhecimento específico para solucionar o

problema durante a etapa de desenvolvimento, houve a busca por possíveis

melhorias nas ferramentas – atributos que não foram inicialmente considerados. Em

relação aos outputs esperados, as rotinas funcionaram da maneira como foram

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descritas, na maioria das situações, porém, com espaço para muitas melhorias e

correções, que não seriam detectadas se não fosse realizada a avaliação.

8.1 Diretrizes para o desenvolvimento de plug-ins em software BIM

As diretrizes para o desenvolvimento de plug-ins podem ser interpretadas como o

artefato central da pesquisa, que somente foi identificável após a experiência de

desenvolvimento e avaliação de suas instanciações – na forma da programação dos

plug-ins. Representando, assim, o entendimento do autor com base nos experimentos

realizados.

Tais diretrizes são guidelines para auxiliar projetistas e pesquisadores na

compreensão do processo de criação de ferramentas para problemas específicos, e

apresentam-se na forma de uma série de procedimentos sugeridos para a

consolidação de ferramentas customizadas em software BIM, seguidos por

questionamentos direcionadores. Em outras palavras, as diretrizes propostas nesse

trabalho consistem na descrição ou esboço de um método para o desenvolvimento de

plug-ins em softwares BIM, as quais estão descritas abaixo:

1. Definir um software BIM e obter amplo conhecimento acerca de suas

funções básicas: primeiramente, é necessário identificar funcionalidades já

existentes de um software BIM – Revit, ArchiCAD, AECOsim, Vectorworks e

outros. Para isso, é necessário aprender sobre como o ambiente do software

opera e de que maneiras pode ser programado. Analisando questões como:

• Qual software BIM será customizado?

• O que o software já realiza e não precisa ser programado?

• Como as funções básicas podem ser combinadas?

2. Encontrar um problema que possui potencial para ser automatizado no

software BIM: consiste em encontrar particularidades de projeto que

necessitem de automatização; verificar a presença de um processo que não

pode ser atendido simplesmente nas funcionalidades básicas, ou que seja

severamente limitado se não for implementada a programação, ou que possua

um potencial ainda não descoberto. No presente estudo, foi utilizado um

survey para direcionar a criação de plug-ins para a Norma de Desempenho.

• O que precisa ser automatizado, ou que decisões de projeto necessitam

de suporte?

• Quais as particularidades do processo que não são atendidas pelas

funcionalidades básicas?

• O problema envolve um processo moroso, trabalhoso ou pouco

integrado com outras ferramentas?

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3. Examinar a necessidade de programação: a partir do problema identificado, o

projetista deve realizar uma reflexão crítica sobre a real necessidade e

relevância de programar a ferramenta. Deve também verificar ferramentas

semelhantes e repositórios de plug-ins, identificando o que já existe e o que

ainda pode ser melhorado ou desenvolvido.

• É algo que necessita obrigatoriamente de inserção no âmbito de BIM,

ou poderia ser feito em softwares simplificados?

• Existem plug-ins ou outros softwares que já realizam a tarefa?

• As soluções existentes são suficientes para as particularidades?

• As soluções existentes são integradas no processo BIM?

• A ferramenta pretendida irá auxiliar na automatização do processo ou

no suporte à tomada de decisão?

4. Obter conhecimento acerca da extensão de programação visual do software

BIM: com a decisão de programar uma ferramenta para um software BIM é

necessário dedicar tempo para aprender a respectiva extensão de VPL:

Grasshopper para ArchiCAD, GenerativeComponents para AECOsim,

Marionette para Vectorworks, ou Dynamo para Revit. Recomenda-se buscar

materiais em repositórios online, participar de discussões em comunidades de

desenvolvedores e experimentar com as funções iniciais e funções

customizadas (Custom Packages) da extensão escolhida.

• Quais são as possibilidades acrescentadas pela extensão de VPL?

• Como as barreiras de funções básicas podem ser ultrapassadas?

• Quais são as comunidades de usuário que fomentam o aprendizado

sobre a extensão VPL?

5. Examinar a viabilidade de programação: após adquirir conhecimentos iniciais

sobre o que a extensão de VPL pode fazer, é recomendado pesquisar o que já

foi feito em áreas relacionadas ao tema do problema, para adquirir um

repertório de como as soluções são criadas com a extensão VPL. Nesta etapa,

também é necessária uma segunda reflexão crítica acerca de se é possível

programar a solução para o problema. Sugere-se realizar um levantamento

sobre informações referenciais como tabelas, equações e classificações.

• A extensão de VPL escolhida possui funcionalidades suficientes para o

problema?

• O processo a ser programado está documentado em referências como

normas ou regulamentos?

• As regras e variáveis do problema são objetivas e de clara

interpretação?

6. Projetar funcionalidades da ferramenta e definir métricas: consiste em

elencar funções e definir fluxogramas de funcionamento pretendido para as

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ferramentas, expor que informações devem ser inseridas inicialmente,

organizar as equações ou passos necessários para que haja um resultado

explícito ao final da execução de cada função. Outro ponto é a definição de

métricas que demonstrem que o plug-in a ser programado contribui na

resolução do problema. É necessário também ter um amplo conhecimento

acerca do encadeamento lógico do problema e das diversas facetas

relacionadas à sua teoria. Nesta etapa, também deve ser definido se o plug-in

irá ser apenas utilizado pelo projetista/pesquisador, ou se seu uso será

estendido para outras pessoas.

• Quais os objetivos da ferramenta?

• Como a ferramenta efetivamente auxiliará na automatização ou tomada

de decisão? Como isto é mensurado?

• Como a ferramenta está integrada no processo BIM?

• Quais são os inputs e outputs de cada uma das funções?

• Qual o desempenho desejado para a ferramenta ou plug-in? Ou ainda,

o que irá determinar que a solução foi satisfatória?

• O plug-in será de uso pessoal do programador ou será disponibilizado

para outras pessoas? Se sim, quais as definições iniciais relativas à

interface de usuário?

7. Programar a primeira versão da ferramenta: a partir do projeto das

funcionalidades, este processo essencialmente criativo consiste na criação das

primeiras rotinas em um estágio inicial. Durante o desenvolvimento da

ferramenta, recomenda-se também iniciar o aprendizado gradativo sobre TPL

para possibilitar a interpretação de códigos desenvolvidos por outros

programadores.

• Como o projeto será implementado por meio de programação?

• Existem Custom Packages ou similares que podem auxiliar na

programação de rotinas do plug-in?

8. Implementar a solução em um ambiente controlado: consiste em um período

de avaliação do plug-in ou ferramenta pelo próprio programador, de modo a

verificar erros na estruturação interna e apontar melhorias imediatas para

atender o projeto de funcionalidades. Isto pode ser feito por meio da inserção

de inputs conhecidos, cujo resultado pode ser facilmente verificado ou

antecipado. Pode ser realizada concomitantemente à etapa de programação.

• O que não foi previsto no projeto das funcionalidades e precisa ser

melhorado?

• O projeto está sendo respeitado nas funcionalidades? O que foi alterado

e por quê?

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• A solução é satisfatória conforme as métricas inicialmente

estabelecidas? Os resultados são precisos em relação ao que foi

programado?

9. Desenvolver uma interface de usuário: conforme definido no projeto das

funcionalidades, consiste em propiciar a utilização do plug-in pelo próprio

programador ou por terceiros, que podem ser projetistas ou partes

interessadas no processo BIM, sem conhecimento do funcionamento interno.

Recomenda-se utilizar organizadores de rotinas como o Dyno Browser,

Dynamo Player ou similares – conforme o software BIM escolhido.

• Quais as necessidades de interface de uma ferramenta destinada

apenas a uso particular?

• Outros projetistas irão utilizar a ferramenta desenvolvida? Se sim,

possuem conhecimento acerca do funcionamento da interface VPL?

• Que informações facilitarão o uso da ferramenta por terceiros sem

conhecimento de sua estruturação interna?

10. Avaliar a ferramenta junto a profissionais com conhecimento sobre o tema

do problema: recomenda-se desenvolver mecanismos de avaliação para cada

funcionalidade, como exemplificado no questionário de avaliação da presente

pesquisa (Capítulo 7). Isto é necessário para evidenciar feedback, a partir de um

terceiro, evidenciando se as funções projetadas estão atendendo seu propósito.

• Quem pode avaliar a ferramenta? É necessário o conhecimento em

programação para avaliá-la?

• Como será feita a avaliação da ferramenta em relação às métricas

inicialmente estabelecidas?

• De que forma serão registrados os resultados da avaliação para que

possam ser incorporados no futuro?

11. Ponderar sobre a aplicabilidade da solução: após a primeira experiência de

desenvolvimento e avaliação, é necessário elencar oportunidades de melhoria,

levantar problemas a serem corrigidos, novas funções a serem incorporadas,

entre outros fatores. Após esta etapa, o projetista/pesquisador deve ponderar

sobre o futuro do desenvolvimento da ferramenta e, se julgar necessário,

retornar a uma etapa anterior e iniciar um novo ciclo de criação.

• No estado atual, a ferramenta atingiu os objetivos propostos no projeto?

• Se sim, como a ferramenta pode ser divulgada?

• Quais as melhorias necessárias em relação à interface?

É importante ressaltar que as diretrizes propostas não foram incorporadas apenas no

desenvolvimento da pesquisa atual, mas se estenderam indiretamente às outras

disciplinas do mestrado em Arquitetura e Urbanismo. Programar ferramentas para

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temas específicos foi gradativamente tornando-se parte da abordagem do

pesquisador para solucionar problemas, com aplicações também nas áreas de

climatologia, estudos solares, fabricação digital e prototipagem, layout de parques,

orçamentos, instalações elétricas e hidráulicas, bem como para avaliação pós

ocupação – onde foi desenvolvida uma ferramenta para integrar variáveis de

satisfação de usuários no modelo BIM.

Isto permite pensar na possibilidade de implementação das diretrizes no âmbito do

ensino: ponderar sobre a possibilidade de aproveitamento destas para a criação de

“caixas de ferramentas” desenvolvidas pelos próprios alunos, com base em uma

necessidade específica identificada em determinada disciplina. Isto permite analisar

o desenvolvimento da competência emergente de programar a partir da solução de

problemas.

8.2 Generalização para classe de problemas

Conforme o delineamento metodológico, após a experiência de desenvolvimento e

avaliação dos plug-ins, é necessário refletir sobre a aplicabilidade do que foi feito em

outros cenários. Ao longo do trabalho, é apresentado um cenário amplo de criação de

soluções pelos projetistas para uma diversidade de situações que foram solucionadas

com programação. Nesta seção, busca-se refletir, a partir do que foi delimitado pelo

tema específico, se existem características semelhantes com a classe de problemas

definida – tomada de decisão em projetos, que tornam possível a identificação e

reaplicação de tais similaridades em outros cenários.

Primeiramente, foi necessário identificar uma oportunidade na temática específica: a

identificação de um problema de relevância que não pode ser facilmente resolvido

com um software já existente, ou por maneiras simplificadas como planilhas de

cálculo ou funções básicas das plataformas. Isto é necessário para dar ênfase na

importância de algo ser programado.

Em relação às necessidades para reaplicação da experiência, é imprescindível a

presença de parâmetros disponíveis e regras bem definidas para viabilizar sua

programação no software BIM. Se os parâmetros não estiverem inicialmente

disponíveis, mas existirem maneiras de calculá-los, com base na interdependência ou

equivalência de outros parâmetros presentes, o processo ainda é possível.

Alguns exemplos de estudos envolvendo criação de ferramentas para finalidades

semelhantes à abordada nesta pesquisa foram apresentados nos Capítulos 3 e 4,

durante a revisão bibliográfica. Analisa-se a oportunidade de emprego da

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programação visual para resolver problemas de natureza similar: que possuam

parâmetros e regras definidos, ou um referencial a ser atingido.

Assim como foram desenvolvidas ferramentas para auxiliar na tomada de decisão

perante os requisitos de desempenho acústico e lumínico da Norma de Desempenho

Brasileira, poderiam ter sido programadas funcionalidades voltadas para, por

exemplo, requisitos de acessibilidade, resistência ao fogo, conforto térmico e impacto

ambiental. Bem como para outras formas de regras, por exemplo, o atendimento de

requisitos de uma certificação ambiental, o cumprimento de uma legislação

municipal ou estadual, o dimensionamento condicionado de elementos, e outras

normas específicas.

Para os outros requisitos do desempenho, conforme pontuado no Capítulo 4, o foco

necessário está na criação de ferramentas que possibilitem a articulação de

informações de fabricantes, ou a caracterização de sistemas construtivos, para

possibilitar a geração de documentação por meio de verificações e estimativas.

Nas certificações ambientais, como muitos dos requisitos são verificações do que está

definido em projeto, dados quantitativos podem ser automatizados, e parte dos

qualitativos pode ser elucidada por meio de conjuntos de regras. A programação de

requisitos em um software BIM permite, além de auxiliar na tomada de decisão,

possibilita implantar estratégias para atendimento de créditos da certificação

ambiental conforme o que é almejado pelas partes interessadas.

Em relação à automatização de um modelo conforme requisitos de legislação

municipal ou estadual de edificações – por exemplo, um código de obras, é possível

programar a verificação controlada de um modelo BIM, realizar cálculo de áreas de

janelas, dimensões mínimas, espaçamentos e outras regras, potencializando novas

maneiras de pensar a composição inicial da edificação, para flexibilizar os processos

de definição de ambientes, aberturas e outras situações.

Para o dimensionamento condicionado de componentes, há também a presença de

componentes BIM adaptivos - famílias de objetos que se adaptam a parâmetros

inseridos, assim, é possível condicionar a forma ou o comportamento dos

componentes BIM a uma série de regras. Um exemplo disso é o posicionamento

automatizado de painéis solares, que pode ser programado conforme a orientação

solar, ou brises móveis que se adaptam às condições climáticas, rotacionando ou

movimentando seus componentes conforme a radiação solar.

Quanto à adequação em relação a outras normativas, analisa-se potencial do uso da

programação para cálculo estrutural e otimização de seções. Como as informações de

combinações de carregamento e vento são acessíveis por meio do uso de softwares, é

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possível programar rotinas para automatizar cálculos relativos ao dimensionamento

de estruturas de concreto, aço e madeira, permitindo a definição de elementos

estruturais como treliças ou estruturas complexas de fachada a partir de algoritmos

generativos, form-finding, design evolutivo, entre outros aspectos.

Conclui-se que, desde que as particularidades de tais situações sejam respeitadas, e

de que os parâmetros envolvidos estejam disponíveis ou possam ser capturados

pelos algoritmos de programação visual, é possível ao projetista e/ou pesquisador

desenvolver uma vasta gama de ferramentas voltadas para ampliar a tomada de

decisão do projetista, tendo como consequência, a automatização de muitos

processos a partir de informações referenciais e regras.

8.3 Reflexões e posicionamento sobre a experiência

A competência de programar qualifica o projetista, acrescenta habilidades

compatíveis com as suas novas responsabilidades na era digital e o coloca como o

tomador de decisão, no centro dos processos de informação, permitindo

gradativamente que este liberte-se das limitações de plataformas fechadas e de

softwares comerciais que não atendem todas suas necessidades. Esta circunstância

permite refletir acerca do papel da programação no futuro da profissão do arquiteto

ou engenheiro.

Diante disto, imagina-se o que precisa acontecer, ou alguns dos principais aspectos,

para que a situação do projetista programador se desenvolva. Para isso, alguns

tópicos podem ser levantados:

• A importância das extensões de código aberto, gratuitas e facilmente

acessíveis por estudantes ou pesquisadores, configurando um ambiente que

permita capturar informações com confiabilidade;

• A presença de um problema relevante a ser resolvido, que evidencie a

fragilidade das funcionalidades básicas e desperte insatisfação com as

ferramentas disponíveis para o projetista atualmente;

• A própria criatividade do projetista em pensar o funcionamento de uma

solução, aliada a inspirações de implementações que deram certo;

• Experiência ou conhecimento prévio interdisciplinar, do tema específico do

problema a ser solucionado, e sobre programação, ou ainda, tempo para

aprender esta habilidade;

• E principalmente, a presença de uma comunidade de usuários online,

projetistas em diversos graus de conhecimento acerca de programação VPL e

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TPL nos softwares BIM, que compartilham suas soluções, atendem às dúvidas

e fomentam o aprendizado dos interessados;

Algumas circunstâncias externas também podem ser levantadas para aumentar o

potencial da programação em softwares BIM por projetistas, conforme as definições

dos Campos BIM (SUCCAR, 2009) apresentados no Capítulo 2. No Campo da

Tecnologia, imagina-se a presença de plataformas robustas e interoperáveis, com

vastas bibliotecas de funcionalidades que podem ser manipuladas por programação,

permitindo remover limitações das próprias extensões VPL e ampliar as situações em

que podem ser usadas.

Em relação ao Campo das Políticas, no ensino, analisa-se a inserção de disciplinas

voltadas para tecnologia no currículo de cursos de arquitetura e engenharia, que

iniciem o processo e demonstrem a importância e potencial de programar soluções

próprias para alunos; nas normas e regulamentos, a presença de regras claras e

transparentes, para que a programação possa ser feita adequadamente e não sejam

encontradas barreiras de subjetividade em requisitos ou critérios.

No Campo dos Processos, analisa-se a necessidade de problemas que necessitem de

programação para serem resolvidos, ou ainda, uma demanda de situações que

necessitem ser otimizadas nos processos BIM.

Além destes tópicos levantados e circunstâncias descritas para propiciar o cenário de

programação de ferramentas, também podem ser feitas reflexões acerca da extensão

utilizada – Dynamo, e o tema programado – a Norma de Desempenho, conforme

disposto a seguir.

Em relação ao Dynamo, o fato de que este está vinculado a uma plataforma BIM

permite realizar rotinas manipulando diversas informações do modelo, porém, este

vínculo também compromete em parte a interoperabilidade de seu código de

programação com outras ferramentas de VPL, o que representa uma limitação nas

próprias extensões de programação.

Contudo, isto pode ser mitigado por componentes híbridos – que permitem que

códigos como Python e o DesignScript sejam transportados para outros softwares e,

portanto, as ferramentas desenvolvidas podem ser funcionais em múltiplas

plataformas. Um exemplo da ocorrência disto foram os pacotes Ladybug, que

originalmente foram desenvolvidos para Grasshopper, mas recentemente vêm sendo

integrados no Dynamo, devido ao fato de que seus componentes foram programados

em Python.

Outra limitação importante é de que a extensão Dynamo ainda está sendo refinada,

com frequentes atualizações. Um dos principais problemas é a lentidão e falta de

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otimização de algumas das funcionalidades, o que desencoraja seu uso quando há

uma grande quantidade de elementos a serem processados e muitas operações

sequenciais envolvendo elementos BIM. No presente trabalho, isto foi mitigado pela

organização das rotinas em funcionalidades separadas – a exemplo do plug-in de

desempenho lumínico que, primeiro gera o grid a ser analisado, e depois preenche o

mesmo com cores. Por outra perspectiva, por vezes os usuários desenvolvedores de

pacotes customizados preocupam-se em gerar múltiplos outputs a partir de um único

input, o que pode contribuir para tornar o processamento de uma rotina mais lento,

uma vez que muitos dos outputs gerados não são utilizados efetivamente nas rotinas.

Isto leva à importância de criar custom nodes com finalidades bem definidas, em

detrimento de um node que faz múltiplas tarefas, visando a otimização das

ferramentas.

Reconhece-se que esta situação pode ser melhorada com o avanço das extensões,

contudo, é importante, como usuário das mesmas, apontar e discutir suas

fragilidades para que suas eventuais melhorias possam ser percebidas. No

desenvolvimento dos plug-ins do presente trabalho foi utilizado o Dynamo na versão

1.3.2.2480, e na data de término deste estudo foi lançada a versão 2.0, que,

possivelmente, resolveu alguns dos entraves e limitações, e trouxe novas funções.

A discussão da evolução das ferramentas também pode se estender para o Dyno

Browser, que, de forma similar, constantemente recebe novas funcionalidades e

melhorias. Conclui-se que é necessário respeitar o tempo para amadurecimento dos

softwares, e isso não significa que não possam ser experimentados no estado em que

se encontram.

Em relação à Norma de Desempenho, o trabalho mostrou que a programação em

softwares BIM possibilita integrações com a mesma, por meio da verificação de

requisitos, sobretudo no gerenciamento de informações de sistemas construtivos e no

atendimento dos níveis de desempenho.

Conforme destacado ao final do Capítulo 4, o preenchimento de parâmetros apenas

para fins de organização de informações não é suficiente para justificar o uso de BIM

para integrar o atendimento ao desempenho. É necessário utilizar BIM para avaliar,

verificar e simular situações de projeto, utilizando a abundância de informação para

efetivamente tomar decisões e não apenas como um banco de dados estático. Isto foi

apresentado por meio da demonstração dos plug-ins, que efetivamente utilizam os

parâmetros de desempenho em verificações e simulações.

Outro ponto a ser considerado é que não se pode esperar que o software realize todas

as atividades automaticamente, e sim utilizá-lo para direcionar as escolhas, que ainda

necessitam ser confirmadas pelo projetista.

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Por fim, como ressaltado ao início deste capítulo, programar ferramentas

direcionadas possibilita a análise profunda das variáveis envolvidas, e assim,

verificam-se possíveis arbitrariedades na definição dos requisitos da Norma de

Desempenho, como margens de valores de desempenho. Analisa-se a real

efetividade de alguns dos requisitos da norma nas situações reais, e se estes

realmente são representativos no ambiente de projeto.

Um exemplo disto são os requisitos de desempenho lumínico contando apenas com

iluminação natural, explicitados neste trabalho pelo desenvolvimento do plug-in

para cálculo de iluminâncias internas. A norma define parâmetros como horários

específicos, nebulosidade, e uma análise no centro dos ambientes, questiona-se se

suas particularidades remetem à uma realidade representativa e influenciam

efetivamente na qualidade do desempenho lumínico – por meio da garantia de

ambientes bem iluminados quando, por exemplo, se tem ambientes com formas

irregulares, onde o centro do ambiente não é definido da mesma maneira.

Assim, conclui-se que o processo de programação das ferramentas permite também a

reflexão acerca da efetividade de documentos de referência como normas, e sua

aplicação nos projetos – que deve ser voltada a atender de forma eficaz a qualidade

de uma edificação em operação, e não apenas para cumprir com os valores de uma

faixa arbitrária de níveis de desempenho.

8.4 Trabalhos futuros e recomendações

Em pesquisas futuras, pretende-se continuar utilizando a abordagem da

programação para solução de problemas, sendo desenvolvidas outras ferramentas.

Os plug-ins desenvolvidos nesta pesquisa poderão ser calibrados conforme sugestões

da avaliação, e os resultados da pesquisa submetidos em congressos e periódicos. As

rotinas desenvolvidas poderão ser eventualmente compartilhadas nas comunidades

online para disseminar o conhecimento adquirido e técnicas empregadas.

Por fim, pretende-se intensificar o uso de TPL, notadamente Python, de modo a

acessar informações de bibliotecas de softwares além do Revit, como por exemplo, o

Navisworks. Isto permitirá ampliar o gerenciamento da informação para, em estudos

futuros, abranger novas dimensões do BIM, bem como para verificar oportunidades

de criação de pontes de interoperabilidade entre softwares.

Para pesquisadores e profissionais programadores, recomenda-se construir

ferramentas versáteis, com potencial para diferentes projetos e enfoque em soluções

que se adaptem a múltiplos cenários, em detrimento de soluções específicas para

uma única edificação. Recomenda-se também a adaptação constante às novidades

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tanto na programação – onde muitos dos softwares e extensões utilizadas na

pesquisa são atualizados frequentemente; como no contexto do BIM em geral – por

trabalhos acadêmicos e atenção à novas regulamentações que padronizem e

direcionem o uso da informação nos projetos.

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APÊNDICE A

Artigo do survey para delimitação do tema

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APÊNDICE B

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APÊNDICE C

1. Plug-in de desempenho acústico – Calcular Rw

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2. Plug-in de desempenho acústico – Verificar Desempenho

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3. Plug-in de desempenho acústico – Reset

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4. Plug-in de desempenho acústico – Ajuda

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5. Plug-in de desempenho lumínico – Gerar Grid

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6. Plug-in de desempenho lumínico – Análise LUX

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7. Plug-in de desempenho lumínico – Análise FLD

OBS: mesma

programação do

item 6, apenas com

valores da escala e

alguns nomes de

parâmetros

modificados

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8. Plug-in de desempenho lumínico – Reset

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9. Plug-in de desempenho lumínico – Ajuda

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