Exercicio I Luana-Marinho
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Universidade de Brasília
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Departamento de Economia
Prof.: Dr. Moisés de Andrade Resende Filho
Disciplina: Espaço Regional Urbano e Meio Ambiente
Aluna: Luana Marinho 10/0034314
Atividade I
Questionário a partir da tradução do capítulo 1 de HEIJMAN, W.J.M.; SCHIPPER, R.A.
Space and economics: an introduction to regional economics. Wageningen Academic
Publishers, 2010, por Moisés de Andrade Resende Filho.
1.1)
a) A economia é a ciência que tem como objeto os princípios que regulam a produção e
a circulação de bens em serviços, num contexto de recursos naturais limitados,
negligenciando o espaço. Já a economia regional ou espacial é uma especialidade da
economia voltada à alocação, à distribuição das atividades econômicas no espaço,
dividindo-se, pois, em dois subtipos, de acordo com a escala espacial de análise. Caso o
estudo se restrinja ao nível da localização propriamente dita dos agentes econômicos, em
uma dada unidade espacial, fala-se em economia regional com enfoque micro. De outro
modo, caso a análise abarque a distribuição das atividades econômicas em níveis de escala
maiores, isto é, entre unidades espaciais, tais como estados, microrregiões, municípios
etc, desde que dentro de um mesmo país1, fala-se em economia regional com enfoque
macro ou de região.
A economia regional também pode ser subdivida em duas outras correntes ou
abordagens, a depender do método lógico-racional conclusivo. A abordagem
mainstream neoclássica trata dos estudos que fazem uso do método dedutivo. Já a
abordagem institucional, por sua vez, trata das análises que fazem uso do método
indutivo, partindo-se da consideração de casos particulares até se chegar a níveis mais
gerais e abstratos.
b) Segundo Heijman e Schipper, a economia regional institucional, ou seja, aquela que
se vale do método indutivo, aproximar-se-ia melhor da geografia humana, em sua
abordagem econômica. Isto se justificaria pelo fato de a geografia econômica também
tratar da produção econômica em um dado espaço físico, só que de modo indutivo, e
mais qualitativo e descritivo que a economia. Por outro lado, a economia regional de
abordagem neoclássica (dedutiva) é a que melhor se ajustaria como subcampo da
economia.
c) A Ciência Regional é área do conhecimento interdisciplinar: abarca todas as
disciplinas que têm como objeto de estudo o uso do espaço, como por exemplo a
urbanização, a antropologia urbana, a sociologia rural, a economia regional etc.
1 De acordo com Heijman e Schipper, a economia regional difere da economia internacional por dois aspectos: 1) a segunda trata de relações econômicas entre países, incluindo temas macroeconômicos e 2) a primeira se limita a temas microeconômicos.
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1.2)
a/b) Por espaço pode-se entender a porção física, geográfica, bidimensional – isto é,
parametrizada por um par de coordenadas - onde os seres humanos se relacionam entre si
e, de modo dialético, com a própria porção geográfica em questão. Quando este par de
coordenadas se traduz em uma combinação única e possível, tem-se uma localização.
c) Quando o espaço, finito, escasso, for composto por distintas localizações, as quais são
evidentemente também limitadas, e que podem ser exploradas economicamente de
distintas formas, para diferentes fins, tem-se o espaço econômico. Nesse caso, a terra tem
utilidade exploratória/produtiva e pode gerar renda, razão pela qual possui um preço a
que os agentes econômicos estão dispostos a pagar. Claramente, o espaço considerado na
economia regional é o espaço econômico.
d) Espaço topológico é o espaço econômico abstraído de sua dimensão física, ou seja,
localizações, rotas, fronteiras. Nele é apenas considerada a rede de relações travadas entre
os agentes econômicos, e, por esse motivo, é chamado também de “economic network”.
1.3)
a) A teoria (do uso) da terra de von Thünen está exposta em sua obra de 1826, intitulada
“O Estado Isolado em Relação à Agricultura e à Economia Comercial”. Tal teoria consiste
em um modelo simplificado, baseado em seis pressupostos, quais sejam: 1) Estado
isolado (sem relações econômicas internacionais); 2) um centro de mercado (nacional)
isolado (não havendo, pois, concorrência entre centros); 3) uniformidade de estradas e
vias para escoamento da produção; 4) região agrícola homogênea topograficamente
(plana); 5) região agrícola isotrópica (qualidade e fertilidade homogênea do solo) e 6)
produtos homogêneos (preço definido para um dado produto). A partir de tais
pressupostos, von Thünen, chega à conclusão de que a renda de locação (ou situacional)
da terra, por hectare, equivalia à receita líquida total por hectare subtraída dos
custos totais de transporte da produção até o centro do mercado, também por
hectare, para o cultivo de um dado produto. Tal assertiva pode ser representada pela
seguinte equação:
𝑅𝑖(𝑎) = (𝑝𝑖𝑞𝑖 − 𝑘𝑖𝑞𝑖) − 𝑡𝑖𝑞𝑖𝑎 ∶ 𝑖 = 1,2,3 …
𝑅𝑖(𝑎) =𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎_𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑖
ℎ𝑒𝑐𝑡𝑎𝑟𝑒−
𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜_𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒𝑖
ℎ𝑒𝑐𝑡𝑎𝑟𝑒
Onde:
𝑎: distância da localidade até o centro de mercado, em unidade de medida de espaço;
𝑖: produto cultivado;
𝑅𝑖(𝑎): renda da terra do produto i, por hectare, em função de a;
𝑝𝑖: preço de venda do produto i, por hectare;
𝑞𝑖: produtividade ou quantidade do produto i, em unidades de medida de peso por hectare;
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𝑘𝑖: custo de produção de i, pela mesma unidade de medida de peso;
𝑡𝑖: custo do frete, por peso e por distância percorrida
Assim, vê-se que a renda da terra segue a forma de uma função linear decrescente, em
função da cultura i e da distância a. Deste modo, admitida a hipótese comportamental do
homo economicus, o cultivo seria mais incitado quando 𝑎 → 0, isto é, quanto mais
próximo o produtor estiver do centro de mercado, já que deste modo 𝑅𝑖(𝑎) → 𝑅𝑖(0) =
max (𝑅𝑖) = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎/ℎ𝑒𝑐𝑡𝑎𝑟𝑒. Já quando a é tal que o custo de transporte se
iguala à receita líquida, a renda da terra torna-se nula e o uso da terra para o cultivo do
produto i deixa de ser estimulante para valores iguais ou superiores a tal a.
b) Por valor de aluguel da terra, entende-se o valor pago por unidade de área ao
proprietário da terra, para se ter o direito de explorá-la economicamente por certo período.
Já por preço da terra é o valor presente ou atual do fluxo de renda gerado a partir do
aluguel da terra. Segundo o modelo de von Thünen e admitindo-se a condição de
equilíbrio (lucro igual a zero) no mercado de terra, a renda locacional da terra é igual ao
seu valor, seu preço de aluguel. Dito de outro modo, sob o ponto de vista do proprietário,
a renda locacional da terra é igual ao seu custo de oportunidade.
1.4)
a) A Teoria da Localização foi desenvolvida por Alfred Weber no início do século XX,
contexto no qual o setor industrial se desenvolvia e gradualmente adquiria proeminência
na economia alemã: motivo pelo qual o pensador não se voltou às localizações agrícolas,
mas às das indústrias em solo urbano. Apresentada no livro “A Teoria Pura da
Localização da Empresa”, a teoria afirma que cada empresa, buscando maximizar seus
ganhos, ideava se instalar em uma localização tal que seu custo de transporte fosse
minimizado. Contudo, Alfred Weber também admitia que este princípio poderia ser
recusado, caso o custo de trabalho (embutido no custo de produção) em lugares
alternativos, mais afastados, fosse baixo de modo a compensar o aumento no custo de
transporte. Esta teoria, segundo Heijman e Schipper, explicariam parcialmente a
instalação de transnacionais em países emergentes, nos mais se encontra mão de obra
ampla, desqualificada e barata.
b) A aglomeração, na teoria de Alfred Weber, pode ser compreendida como a tendência
de as empresas de se concentrarem em um dado espaço físico, pelo fato de se
beneficiarem de várias formas, tais como: uso de uma infraestrutura desenvolvida, atração
de fornecedores, vantagem competitiva, atração de pólos de conhecimento científico,
mais força no lobby político etc. Um exemplo clássico de aglomeração seria o Vale do
Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Outro exemplo, brasileiro, seria o DAIA (Distrito
Agroindustrial de Anápolis), contando com quase 100 empresas de médio e grande porte.
Uma consequência direta e inevitável da produção concentrada em determinados
conglomerados, sem regulação estatal, é o desenvolvimento socioeconômico desigual do
país.
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c) Em sentido oposto, a desaglomeração ocorre pelo fato de que o aumento na
concentração de empresas produz suas próprias forças dissociativas. Os preços da região
e o salário se tornam tão elevados que algumas empresas se vêem forçadas a se deslocar
para regiões mais afastadas, onde os custos são moderados.