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10 Sensibilidade impressa em barro KIMI NII

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Revista da Construtora EVEN, Direçao de Arte e diagramaçao, Junho 2008. Projeto realizado na J3P PROPAGANDA.

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A Evenmag é uma publicação trimestral da J3P Propaganda, em parceria com a Even Construtora, que tem como objetivo prin-cipal levar aos clientes entretenimento, novidades e informação. Sua distribuição é gratuita, direcionada aos clientes Even. A Evenmag não necessariamente concorda com os conceitos e opiniões emitidos nas reportagens ou com qualquer conteúdo publicitário e comercial, que são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes. SAC EVEN: Rua James Joule, 92 - São Paulo - SPTel.: (11) 3466-3836 | e-mail: [email protected]

Índice

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Décima EdiçãoTodos os Bolos 88

BrasileirosBrasileiros & Japoneses48

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EXPEDIENTE PROJETO GRÁFICO: J3P Propaganda - Tel.: 11 - 2182-9500 / DIRETOR DE PRODUÇÃO: Leandro Pereira e Giuliano Pereira / DIRETOR DE CRIAÇÃO: Fábio Pereira DIRETOR DE ARTE: Cesar Rodrigues / DIRETOR DE CONTA: Alice Bergamin, Giuliano Pereira / EDITORA: Vera Severo / JORNALISTA RESPONSÁVEL: Lígia Prestes, MTB 48470 CONSELHO EDITORIAL: Paulo Otávio G. De Moura e Fanny Terepins / COLABORADORES EVEN: William Rahhal / COLABORADORES: Denise Fernandes, Fábio de Barros, José Sabino, Maria Cristina Keating e Namiko Kitaura / FOTÓGRAFO: Paulo Brenta / CAPA: BROMÉLIA / FOTO CAPA: Paulo Brenta / REVISÃO: Helder Lange Tiso / COMERCIALIZAÇÃO: J3P Propaganda - Tel.: 11 - 2182-9500

40 Novos Rumos

44 Nossa História

66 Novas Parcerias

72 Blog em Revista

Meio AmbienteA complexidade e o exotismo das orquídeas

Bairro em FocoBeleza no Campo

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Estilo EvenPrivilégio e exclusividadeno Sophistic

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Kimi NiiSensibilidade

impressa em barro 20

74 Jeito Even de morar

92 Novos Negócios

104 Obra em Foco

110 Guia Even

Cidade em FocoKoi por Titifreak

CulturaOuro do Brasil

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A equipe da Evenmag quer ouvir você.

Mande suas sugestões, críticas e comentários para nós através do

e-mail: [email protected]

Em comemoração ao centenário da imigração japonesa, homenageamos nesta

edição o povo que veio um dia para o Brasil atrás de um suposto tesouro

que “cresceria nas árvores” – o café. Ao contrário do esperado, os imigrantes

encontraram uma vida árdua que demandou muita luta e resignação. No entanto,

graças à disciplina e persistência, muitos prosperaram e por aqui ficaram, com

enorme contribuições para a agricultura brasileira. Uma paixão japonesa, as

orquídeas têm seus segredos desvendados pelo botânico Fábio de Barros e, como

a associação com a agricultura é apenas um detalhe, entrevistamos artistas

cuja sensibilidade transborda nos mais variados materiais, desde a sensualidade

orgânica das peças que Kimi Nii imprime no barro ao desenho dos mangás do

jovem Fábio Yabu, passando pela costura invisível e a presença marcante de Jum

Nakao, tudo bem temperado pela excelente cozinha japonesa do baiano Lika.

Uma das coisas boas na vida é conseguir enxergar, na banalidade do cotidiano,

o palco de uma história que mereça ser contada. Para contar sobre o bairro

mais japonês do Brasil, Paulo Brenta fotografou outra paixão japonesa, uma

impressionante carpa em um belo grafite de Titifreak no bairro da Liberdade. Ao

sabor da integração entre raças e culturas, visitamos ainda o Campo Belo, onde um

ikebana foi montado passo-a-passo pela florista Valéria Dressano, especialmente

para nossos leitores. A Even também aposta no conhecimento como uma das

peças fundamentais para o desenvolvimento da cultura e por isso patrocina o

programa de rádio Letras & Leituras, no qual a jornalista Mona Dorf transmite

informações preciosas sobre literatura.

E como também se saboreia o saber, para festejar nossa décima edição nada

melhor do que saborear e conhecer as origens do pan de ro, um dos mais famosos

bolos do Japão – o nosso velho conhecido pão-de-ló. Itadakimasu*

* Uma frase em japonês que significa “eu recebo humildemente esta comida”. Essa polida expressão agradece a

quem quer que tenha trabalhado na preparação da refeição.

um laço entre

a integração entre dois povos com quase nada em comum.

Brasil e Japão:

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Quem vem de Moema para o Brooklin vai encontrar, entre

as duas regiões, um bairro muito charmoso, arborizado

e tranqüilo. Nem parece São Paulo. Delimitado por

quatro grandes avenidas – Jornalista Roberto Marinho

(antiga Águas Espraiadas), Washington Luiz, Bandeirantes e

Santo Amaro – possui excelente infra-estrutura e facilidade

de locomoção para chegar a qualquer um dos cantos da

cidade. Cercado por nobres vizinhos como o Brooklin

Paulista e o Novo, o aeroporto de Congonhas, a Vila Helena,

o Jardim Novo Mundo e Moema, o bairro tem sua história

diretamente ligada ao antigo município de Santo Amaro,

que teve seus primeiros registros no século XVI e que foi

anexado à capital paulistana na década de 30.

Uma localização privilegiadaPossui clima mais ameno, devido aos ventos vindos da Serra

do Mar e que sopram na região. O terreno pouco acidentado

e cortado por largas ruas e calçadas arborizadas – que dão

à região um ar de parque – é um convite às caminhadas.

São muitas as espécies de árvores plantadas ao longo das

calçadas, como sibipirunas, ipês, pau-ferros, tipuanas,

figueiras e muitas outras mais. Completamente livre de

indústrias, a região é permeada por três ruas comerciais

no campoBem arborizado e próximo aos principais centros comerciais de São Paulo,

o Campo Belo é um bairro que ainda se recorda de um passado não muito

distante, quando o bonde ainda serpenteava em meio às chácaras. Por Lígia Prestes e Vera Severo | Fotos Paulo Brenta

onde se alojam a maioria dos serviços que abastecem os

moradores: a avenida Dr. Vereador José Diniz e as ruas Dr.

Jesuíno Maciel e Vieira de Moraes. Um simples passeio pelo

bairro já é o suficiente para perceber que o crescimento

imobiliário já chegou e que o metro quadrado é um dos

mais valorizados da cidade. E isso não é por acaso: no

final de 2006, uma pesquisa feita pelo jornal O Estado

de São Paulo, revelou que o Campo Belo foi considerado

pelos entrevistados o melhor bairro para se viver na Zona

Sul de São Paulo e, conseqüentemente, um dos que mais

cresceram. Embora concentre características de um bairro

exclusivamente residencial, o Campo Belo está ladeado

pelos principais eixos empresariais da capital paulista: a

avenida Berrini, a Vila Olímpia, o Itaim Bibi, a Chácara Santo

Antônio e a Marginal Pinheiros. A tudo isso ainda acrescente

a constante reurbanização da Av. Roberto Marinho.

Outra grande qualidade do Campo Belo é a visível reur-

banização que a região vem recebendo. A começar pelas

Pontes Estaiadas, que além de oferecerem opção para o

tráfego são importante marco arquitetônico da cidade,

ditando o padrão de desenvolvimento urbano da região. A

obra, desenvolvida pela Empresa Municipal de Urbanização

(Emurb), tem um desenho exclusivo, com duas pontes

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estaiadas em curva que se cruzam em um só mastro – um

desafio de engenharia, arquitetura e urbanismo. Além disso,

a região consta do Plano Diretor da cidade como uma zona

onde prédios de altura superior aos limites permitidos

poderão ser levantados em troca de financiamento de obras

públicas no local. Também está em pauta a desocupação da

favela Jardim Edith, que fica à beira da Luiz Carlos Berrini

e Roberto Marinho.

UMA PAISAGEM BUCÓLICAAs origens do Campo Belo remetem a uma grande proprie-

dade rural, a fazenda “Sítio da Traição”, que ficava em uma

ampla planície compreendida entre o centro da cidade e a

já formada vila de Santo Amaro, onde moravam imigrantes

europeus – principalmente germânicos – desde o século XIX.

Como as terras da fazenda eram pobres para a agricultura,

lá se criavam burros para o transporte de carga nos difíceis

terrenos que ligavam a cidade a Santos. Dois córregos

atravessavam o local, o da Traição, hoje canalizado sob a

Avenida dos Bandeirantes, e o da Água Espraiada. Os terrenos

da fazenda alternavam-se em regiões de várzea com campos

de vegetação rala, povoada por capim – paisagens que foram

descritas como belas pelos viajantes da estrada de ferro São

Paulo-Santo Amaro. Diz a lenda que as exclamações desses

viajantes “que belos campos!” teriam determinado o nome

do bairro. Essas terras pertenceram à família Vieira de Morais,

que foi responsável pelos primeiros loteamentos da região

emprestando seu nome a uma das principais ruas do bairro.

A linha de trem que primeiro atravessou esses campos

ligava a Liberdade a Santo Amaro e foi sucedida em 1913

pelos bondes elétricos que trafegaram pela região até

1968, deixando muitas saudades nos antigos moradores.

Esses meios de transporte, sem dúvida, levaram o progresso

à região, ainda um tímido núcleo residencial na década

de 20 junto à parada de Piraquara, parte integrante do

Brooklin Paulista. Na década seguinte, um novo núcleo

nessas terras foi oficialmente reconhecido como Campo

Belo, bem como o município de Santo Amaro anexado à

cidade de São Paulo. Por causa do período entre-guerras,

as primeiras famílias que ali se estabeleceram eram em

geral estrangeiras, na maioria alemãs, em busca de um

bairro com clima ameno e onde ainda predominavam as

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chácaras para recreio. Na região ao longo da linha do

bonde construíram casas de estilo europeu, onde residiram

as famílias de maior poder aquisitivo.

Um loteamento com propriedades mais modestas começou

após a inauguração do aeroporto de Congonhas em 1936.

Apesar de mais simples, as construções eram sólidas e

dispunham de hortas e quintais com criação de pequenos

animais para sustento das famílias. Era uma vida pacata,

todos se conheciam e se respeitavam. Os últimos vestígios

dessas pequenas chácaras, que marcaram a fisionomia da

região, ainda podiam ser vistos no final dos anos 60, na

Rua Zacarias de Góes.

UM LIVRO SÓ PARA ELEO atraente bairro tem sua história relatada em um livro que

fala exclusivamente sobre ele. O Campo Belo – Monografia

de um Bairro, de autoria de Sérgio e Maria Aparecida Weber,

foi editado pela Estação Liberdade e tem mais de 350

páginas. Ao contrário dos demais livros sobre bairros, além

da história da região, o livro é recheado de sentimentos

colhidos através de inúmeras entrevistas.

O grande progresso da época, a chegada do trem a vapor

em 14 de março de 1886 e detalhes sobre as famílias

tradicionais são alguns capítulos do livro. O Campo Belo,

por exemplo, foi um dos berços do Grupo Vicunha, quando

Sam Rabinovich fundou, em 1948, a Fiação e Tecelagem

Campo Belo, responsável pela introdução no Brasil dos

blends, misturas de fibras naturais, artificiais e sintéticas,

além de contribuir de forma decisiva para inúmeros avanços

na tinturaria de tecidos. Mais tarde, as famílias Rabinovich

e Steinbruch se uniram para formar o que hoje se tornou o

Grupo Vicunha, uma das mais poderosas indústrias têxteis

do País. O livro ainda traz curiosidades variadas como

aquelas sobre mudanças de nomes de ruas, como a atual

Rua Gil Eanes que até 1931 chamava-se Adolf Hitler, quando

o ditador alemão ainda não tinha colocado em prática seus

planos mirabolantes. A Rua Conceição Marcondes Silva se

chamava Conde Zeppelin e a Sampaio de Barros já teve o

nome do importante filósofo alemão Friedrich von Schiller.

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QUASE UMA HOLLYWOOD Os Weber, em seu livro, mencionam também que São Paulo

quase foi a capital do cinema nacional, pois o Campo Belo

era para ter sido a Hollywood brasileira. O que hoje é o prédio

moderno do Hipermercado Extra da Avenida Washington

Luís foi um imponente estúdio cinematográfico – a Cia.

Americana – um galpão de filmagem com um pé-direito de

18 metros. A construção, realizada em 1936, pertencia a

um grupo de empresários de São Paulo que tinha a idéia

fixa de transformar a cidade paulista em um pólo do cinema

brasileiro. Graças aos enormes desperdícios de dinheiro, a

aventura milionária acabou rapidamente. Seis anos após

sua criação, a companhia entregou o estúdio e todos os

equipamentos – todos importados da Alemanha e dos EUA

– para a Caixa Econômica Federal para pagar as dívidas

da empresa. Mas, enquanto existiu, produziu centenas de

documentários, curtas e longas-metragens. O primeiro longa

foi A Eterna Esperança, que conta a história de uma jovem

americana que fazia um pouso forçado no agreste do Ceará.

Acredita-se que essa companhia – criada para competir com

os estúdios cinematográficos cariocas Cinédia e Atlântida

– era a Vera Cruz, fundada em São Bernardo do Campo em

1949. Mas a verdade é que a Vera Cruz nasceu após alocar

as dependências da já falida Cia. Americana e só depois se

transferiu para São Bernardo.

HABITANTES ILUSTRESDois imóveis no Campo Belo estão prestes a serem tombados

pelo patrimônio histórico. Os dois pertenceram à Villanova

Artigas, um dos maiores arquitetos brasileiros, cuja obra está

ligada ao movimento arquitetônico conhecido como Escola

paulista. Construídos no mesmo terreno, hoje pertencem

a seus filhos. O mais novo, projetado em 1949, apresenta

nítidas influências do suíço Le Corbusier e foi considerado

pela prefeitura como bem de interesse cultural. A casa

mais antiga abriga atualmente uma simpática floricultura

e, em seu jardim, impera majestosa uma enorme figueira

benjamina, também tombada como exemplar de vegetação

significativa da cidade.

Em 2003, os paulistanos elegeram alguns “patrimônios

afetivos” na cidade e um deles se encontra no bairro. É a

residência da artista plástica Tomie Ohtake, projetada por

seu filho Ruy – uma casa que espelha o conceito japonês

de convivência, nas palavras de sua nora Marcy. Tomie é

uma personalidade no bairro e, nas poucas vezes que sai

à rua, é solicitada a dar autógrafos, como se fosse uma

celebridade da TV. Tomie está no Brasil há mais de setenta

anos, fala português fluentemente, mas guarda um sotaque

nipônico. À Folha de São Paulo, afirmou que “o melhor lugar

do mundo é minha casa. Não tem praia, montanha, nada

que se iguale a ela”.

Figueira benjamina protegida pelo patrimônio como Vegetação Significativa da cidade, no

jardim da antiga casa do arquiteto Villanova Artigas, em processo de tombamento.

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A BOA GASTRONOMIA DO BAIRROCombinando com o clima aconchegante do bairro do

Campo Belo, em uma rua tranqüila e arborizada está o

Florina, um dos melhores e únicos restaurantes dedicado

à gastronomia suíça. Em uma casa térrea e bem intimista,

há mesas em um lindo terraço que faz par com um belo

jardim para as noites quentes. Nos dias frios, a casa ganha

ainda mais charme e aconchego com o calor da lareira

que convida os clientes a experimentar seus deliciosos

fondues, a especialidade da casa. Cozinheira de mão cheia,

Rosalie Häfeli, 71 anos, é chef de cozinha do Florina e

divide o comando da casa com as filhas Cristina e Mônica,

que cuidam pessoalmente da administração e operação do

negócio. Já as receitas tipicamente suíças vão muito além

do salsichão branco e do chucrute, trazendo pratos com

carne de caça e receitas leves à base de peixes. Uma delas

é o Emincé de Veau Zurichois, isca de vitela ao molho

de cogumelos silvestres com batata rösti. Há criações

interessantes como o Kassler à l’Orange, uma influência

alemã recriada por Rosalie, que o tornou leve pelo delicado

molho de laranja. As opções de fondue são muitas, como

o Fondue de Fromage, de queijo Emmental e Gruyère ou o

Fondue Chinoise, de carne cortada em lâminas finas em

bouillon de legumes com molhos variados.

Os bares também são algumas das estrelas do Campo Belo.

Com um sotaque germânico, o Platz, dos mesmos donos do

Florina e do frigorífico Berna, traz entre suas especialidades

pratos que levam salsichões variados, tábuas de frios e

canapés feitos com pasta de queijo, rosbife e blumenauer.

O cardápio ainda tem sanduíches na baguete, massas,

sobremesas e petiscos tradicionais como costelinha de

porco, bolinhos de arroz e de queijo. Para acompanhar,

cervejas alemãs e brasileiras, ou ainda chope e caipiroska

de frutas vermelhas.

Um dos charmes do Platz é a mudança na decoração que

acontece a cada mês, com peças trazidas de viagens

pelos sócios e presentes de clientes, compondo um clima

confortável e pessoal. Outra sugestão nessa área é o bar

Memorial, localizado numa antiga galeria. O bar não fica

restrito ao salão principal e à varanda.

Há também uma ampla área (ao todo são 200 lugares) ao

ar-livre e um salão isolado, onde funciona a Forneria, que

prima pela decoração luxuosa, com estilo lounge. Do forno

à lenha saem petiscos, sanduíches e pizzas. Com dois

endereços no bairro, o Bar do Peixe pode ser considerado

uma versão paulistana dos botequins informais de Santos

ou do Guarujá. Apesar do ambiente de visual modesto,

suas porções de peixes e frutos do mar fazem um tremendo

sucesso. Os peixes são preparados fritos, à moda praiana.

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Empanados apenas com farinha de trigo, chegam à mesa

crocantes e sequinhos. Um dos mais antigos do bairro, o

Leporace, é o tradicional bar da esquina que se apóia na

infalível dobradinha cerveja gelada e petiscos assados na

churrasqueira. O ambiente é simples e informal e o cardápio

serve diversos tipos de grelhados, com destaque para o

frango atropelado, assado sem osso.

Duas deliciosas rotisserias disputam a preferência dos

clientes. Uma delas, a Sweet Cake, apresenta um cardápio

variadíssimo, composto por doces e salgados. Bolos, tortas

doces e salgadas, massas, saladas e antepastos dispostos

nas vitrines são, verdadeiramente, um convite irresistível.

Em um pequeno salão lateral, pode-se matar o desejo

instantaneamente, mas a grande pedida é levar os quitutes

para casa. Há quem considere as quiches e as tortas salgadas

as melhores da cidade. O mais difícil é escolher um dos

sabores; dos mais tradicionais aos mais inusitados, como

a de escarola com atum e tomate seco, a de bacalhau ou a

de frango com curry, maçã e uvas passas, entre outras. Para

evitar o impasse, também colocam à disposição tortinhas e

salgados individuais.

A Tatini Rosticceria é uma rotisseria de características

inéditas, pois prepara pratos na hora com massas frescas

de fabricação própria. Além delas, também servem pratos

requintados à base de carnes e aves, com opções de saladas,

quiches e antipastos. É uma casa aconchegante onde se

pode degustar um bom prato em um ambiente simpático e

aconchegante, ou levá-lo para casa. As donas do lugar, as

irmãs Andrea e Paola, são herdeiras da famosa gastronomia

“Mario Tatini” e souberam temperar cada prato com a

dosagem certa de tradição e qualidade.

O café-da-manhã mais badalado do bairro é o da Bagueteria

Toulouse, padaria com uma enorme variedade de pães que

também recebe para o almoço com pratos rápidos e de

qualidade. As mesinhas na calçada, protegidas por toldos,

também são um convite para o chá da tarde. No happy

hour, todos esses clientes se misturam em animadas rodas

de bate-papo. Para finalizar, um dos endereços mais antigos

e conhecidos do Campo Belo, a Confeitaria Cristina, fundada

em 1972 pelo Sr. Hans, um austríaco que conquistou o

diploma de “mestre-confeiteiro” em sua pátria. Fiel ao

receituário austro-húngaro, a casa oferece a tradição da

clássica doceira européia de doces leves, com menor teor de

açúcar, em que sobressalta o fino sabor da matéria-prima,

aliada à moderna “pâtisserie”, em que se valoriza a baixa

caloria e o cuidado com a saúde. Não percam.

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Serviço:Bagueteria Toulouse

Rua Gabrielle D’annunzio, 1241 – Fone: 5531-0572.

Bar do Peixe

Rua Paiaguás, 129 | Fone: 5042-4737

Rua Cristóvão Pereira, 1406 | Fone: 5042-0112.

Bar Memorial

Rua República do Iraque, 1326 | Fones: 5052-7468 e 5542-4667.

Confeitaria Cristina

Rua Vieira de Moraes, 837 | Fones: 5044-5400 e 5561-2354.

Leporace

Rua Édson, 1362 | Fone: 5044-0948.

Florina

Rua Cristóvão Pereira, 1220 | Fone: 5041-5740.

Platz

Rua Cristóvão Pereira, 1252 | Fone: 5531-4036.

Sweet Cake

Rua Barão de Jaceguai, 1209 | Fones: 5533-7873 e 5041-5829.

Tatini Rosticceria – Rua João de Souza Dias, 307 | Fones 5535-0237 e 5535-5039.

Mãos de FadaDizem que as fadas habitam as florestas, mas provavelmente

elas se reúnem durante o dia no Campo Belo. Ou talvez tenham

se mudado para lá. Pode ser que a influência estrangeira no

bairro tenha contribuído. O fato é que o Campo Belo reúne

um impressionante número de estabelecimentos onde todos

os instrumentos necessários para executar os mais diversos

trabalhos manuais podem ser adquiridos. É possível também

aprender nos cursos oferecidos, que vão desde os trabalhos

de agulha até os mais elaborados artesanatos. Entre

laçadas, as alunas – mulheres em sua maioria – passam

horas submersas em bordados, tricôs, crochês e labirintos

de retalhos que, costurados um a um – patchworks –, se

transformam em obras de arte em tecido. Num alegre clima

de camaradagem, colchas, meias, casacos, bolsas, bonecas

e bichos de tecido vão sendo confeccionados pelas fadas em

tranqüilas salas de costura, enquanto a cidade ferve lá fora.

Como trabalhos manuais não são apenas os que utilizam

linhas e agulhas, a Casa do Restaurador oferece cursos

com outras técnicas artísticas, como pintura, desenho e

restauração, além de um vasto repertório para todos os tipos

de artesanato, envolvendo desde maquetes, marchetaria e

arte com reciclagem, até o gerenciamento para transformar

seu hobby em negócio. Essa casa, na verdade, se define

também como um centro cultural, possuindo salas de aula,

cafeteria e uma loja com um fantástico suprimento de

materiais e literatura para os cursos especializados. A sala

dedicada ao scrapbooking (a arte de se customizar álbuns

de fotografias) – uma atividade que atualmente empolga a

juventude e a criançada – é fascinante.

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Rua Conde de Porto Alegre

Rua João Álvares Soares

Even no Campo Belo

Rua Zacarias de Góis

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impressa em BarrosensiBilidade

Reconhecida por sua obra em cerâmica, livre e desprendida de influências fixas, Kimi Nii

é uma das grandes artistas de seu tempo. De forma artesanal e com poucos ajudantes, ela

transmite em suas peças a grande bagagem cultural que adquiriu ao longo do tempo.

Por Lígia Prestes | Fotos Paulo Brenta

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Com tendências construtivistas e orgânicas, a artista plástica japonesa

Kimi Nii se expressa através do barro explorando as potencialidades

da matéria e respeitando seus limites. Descartando técnicas moder-

nas em cerâmica de alta temperatura, desenvolve estruturas habilmente

calculadas que, apesar de baseadas em parâmetros geométricos, deixam

transparecer a sensibilidade delicada da artista.

Kimi, conte um pouco sobre sua origem japonesa.

Meu pai veio para cá e conheceu minha mãe, que era nissei. Casaram-se

e, já com dois filhos, foram morar em Hiroshima, no Japão. Quando minha

mãe ficou grávida de meu irmão foram para uma cidade mais tranqüila,

nas montanhas próximas de Hiroshima. Quando meu irmão tinha apenas

uma semana, minha mãe contou que percebeu aviões norte-americanos

sobrevoando a região e, da janela da casa ao olhar para o horizonte,

avistou um clarão e ouviu um estrondo, seguidos pela visão terrível do

cogumelo gigante de fumaça. Todos nossos parentes da cidade morreram

e nossa casa ficou completamente destruída. Depois de algum tempo,

quando tudo estava mais calmo, meus pais voltaram para Hiroshima e

reconstruíram a casa. E eu já nasci em Hiroshima. Meu pai tinha uma

pequena construtora – ele era arquiteto – mas acabou falindo por causa da

guerra. Então minha mãe, que já queria um motivo para voltar ao Brasil,

acabou convencendo meu pai que aqui seria o melhor lugar para ter novas

oportunidades. Eu tinha nove anos de idade.

E como foi que você se descobriu artista?

Quando cheguei do Japão tive que começar todos os estudos novamente.

Acabei sempre ficando atrasada no colégio. Comecei no primário e fiz a

primeira e segunda séries em apenas um ano. Daí, da terceira série em

diante, já comecei a fazer normalmente até entrar no ginásio, e ao invés

do colegial normal, fiz um curso de dietética, algo parecido com nutrição

hoje. Quando estava no último ano desse colegial técnico, descobri que

aquilo não tinha nada a ver comigo. Foi daí que fui para o outro lado e

fui fazer desenho industrial na FAAP. Eu gosto muito de arquitetura, mas

acho que escolhi o desenho industrial porque era uma profissão que usava

muito da arte e criatividade. Eu queria mesmo era ser artista plástica, mas

tinha medo. Mas eu sabia que eu tinha um dom ligado à arte e que esse

era o meu ponto forte. Eu sabia isso desde criança quando ainda estava

no Japão. Nas escolas japonesas, as aulas de artes são tão importantes no

currículo escolar quanto matemática ou ciências sociais. Sempre me dava

bem em artes, então eu sabia que era boa nisso.

Page 22: EVENMAG10

Você tinha um ambiente artístico em casa?

Tinha, pois meu pai e minha irmã também pintavam por prazer, como um hobby.

Eu lembro que meu pai tinha alguns livros sobre arte e que me levava para bienais,

ficava horas parado em frente a quadros, contemplando. Eu não entendia por que

ficava tanto tempo ali, mas acho que isso ficou dentro de mim de alguma forma.

Então foi uma boa influência?

Acho que sim. Na época eu não dava muita importância, mas hoje reconheço que

sim. Meu pai não era um homem das finanças – nunca soube ganhar dinheiro –, mas

era trabalhador. Eu achei muito impressionante minha mãe contar que logo depois da

guerra fizeram uma pesquisa com os japoneses que diziam o seguinte: “O que vocês

acham que devíamos fazer agora que estamos nesse fundo de poço?”. O resultado

da pesquisa foi: “Nós precisamos trabalhar muito”. Aqui no Brasil, provavelmente a

resposta seria que o governo precisa fazer alguma coisa. Essa coisa de participar com

o trabalho é algo do povo japonês.

Como foi que escolheu a cerâmica?

Bom, me formei como designer e no começo trabalhei com programação visual.

A arte que eu admirava e queria seguir era a que continha as idéias da escola

Bauhaus, estava na Finlândia, na Dinamarca. Na minha época esse movimento ainda

era incipiente e, quando chegou aqui, já tinha algum enfeite. Era difícil encontrar

alguma coisa bonita com a qual eu me identificasse. Então eu entrei nessa onda de

estudar a cultura japonesa e fazer tear, cerâmica e pintar. Foi quando a cerâmica

praticamente caiu do céu na minha vida. Eu estava andando na Praça da República

quando encontrei uma barraquinha de cerâmica de alta temperatura de um japonês

e fiquei vidrada, porque naquela época não se via isso por aí. E pensei: “Nossa, eu

quero fazer isso!”. Perguntei para ele quem fazia esse tipo de cerâmica e que pudesse

me dar aula. Ele se ofereceu e na mesma semana eu comecei. Foi uma realização,

um encontro. Paixão à primeira vista. Eu já estava acostumada a criar por causa da

profissão e com a cerâmica foi a mesma coisa, só que em três dimensões.

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E a cultura japonesa, quanto dela está presente na

sua obra?

Eu acho a cultura japonesa muito bonita, mas só fui

perceber isso depois de mais crescida. Quando eu cheguei

aqui e meus pais decidiram ficar, pensei: “Bom, como eu

estou aqui, quero me adaptar ao Brasil”. Eu tinha essa

consciência, apesar de ser criança e tudo isso aconteceu

bem naturalmente. Mas foi só depois que eu já tinha

terminado a faculdade que comecei a perceber como a

cultura japonesa é linda. Foi então que comecei a fazer

alguns cursos japoneses, como o da cerimônia do chá. Mas o

que quero mesmo é ir mais profundo no zen budismo porque

essa filosofia influenciou toda a maneira de ser, de viver

e de toda a cultura do Japão. Ela é relacionada à idéia do

essencial, do mínimo e do simples e combina perfeitamente

com a natureza do japonês. Para mim, o raciocínio é mais

lógico e ao mesmo tempo esteticamente lindo. Atualmente

acho que há uma influência japonesa no mundo todo. E para

mim foi muito fácil lidar com a cultura japonesa, porque

de certa forma ela estava em mim. Quando comecei a fazer

cerâmica, pouquíssimas pessoas faziam. E fazia a minha

cerâmica com uma técnica japonesa, mas com influência

do design europeu. No começo eu ficava triste porque as

pessoas me copiavam muito, mas agora penso que, de certa

forma, eu lancei um estilo de fazer cerâmica. Acabamento

sem esmalte do lado de fora era algo que não existia. É até

um pouco pretensioso dizer isso, mas acho que foi mesmo o

que acabou acontecendo.

Como você desenvolve suas peças?

Em geral eu começo desenhando. Depois penso qual será

o processo. Penso as medidas, se eu quero que as peças

se encaixem, imagino o tamanho e desenho tudo como se

eu realmente estivesse projetando um objeto. Enquanto

o torneiro está fazendo a peça, eu vou verificando se

as medidas e as idéias que eu tive são executáveis. Vou

adaptando conforme estou vendo a peça se desenvolver e

acompanho até chegar à forma que eu imaginei. Depois vou

montando a peça e colando, um trabalho muito parecido

com o de estilista. Até tirar a peça do forno, não sei se ela

vai dar certo ou não. Há peças em que se trabalha mais de

um mês e quando se tira do forno está toda craquelada; daí

é trabalho perdido. Também enfrento esse tipo de problema

com a cor. O vermelho, por exemplo, é muito difícil de ser

alcançado e às vezes, quando sai do forno, fica verde. É tudo

feito empiricamente, vou misturando e vendo se saiu muito

fosco ou muito brilhante. Vou adaptando alguns elementos

até chegar naquilo que eu quero. Há químicos especializados

em cerâmica para realizar com precisão a cor. É só aprender,

mas eu tenho um pouco de preguiça (risos).

Seu trabalho é solitário?

Hoje, colabora comigo um rapaz que entrou sem saber

nada e que aprendeu tudo comigo. No começo eu fazia

tudo sozinha: amassava o barro, fazia a peça, dava o

acabamento, colocava no forno, tirava, colocava esmalte,

e não dava conta. Além desse rapaz, e uma menina que é

sua ajudante, também trabalham comigo um torneiro e uma

secretária que ajuda com as vendas. Antes eu nem tinha

uma tabela de preços e quando as pessoas vinham comprar

eu não sabia exatamente o valor e ficava calculando na

hora quanto aquela peça valia. Com tudo isso aumentei um

pouco a minha produção, que ainda é limitada.

E você faz cerâmica utilitária além de decorativa?

Faço, porque eu tenho prazer de desenhar vasos utilitários,

pois é a aplicação do que eu aprendi na faculdade. Dou aula

na FAAP para turmas de desenho industrial de produtos

cerâmicos. E além de ensinar a eles a dar função às peças,

também os incentivo a criar e executar a peça pensando no

processo. Eu queria muito que os alunos soubessem criar,

porque é muito triste o que se passa aqui no Brasil, onde tudo

se copia. É mais uma questão ética. É muito fácil você esperar

alguém que é muito criativo criar algo e depois copiar.

“Eu lembro que meu pai tinha alguns livros

sobre arte e que me levava para bienais,

ficava horas parado em frente a quadros,

contemplando. Eu não entendia por que

ficava tanto tempo ali, mas acho que isso

ficou dentro de mim de alguma forma.”

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Brasileira ou japonesa?

Acho que sou uma japonesa brasileira. Porque eu gosto de

ser mais à vontade. E me sinto mais à vontade com gente

brasileira do que japonesa. Na verdade sou meio escrachada.

Sou mais brasileira do que japonesa. Ao mesmo tempo

admiro o jeito japonês nas pessoas: educadas, recatadas.

Estou indo para o Japão agora e tenho medo de que as

pessoas lá me interpretem mal, porque eu não sei mais dos

protocolos do país. Espero que eu me comporte por lá.

É possível notar que as suas obras têm algumas

características, variando desde as formas geométricas

até as mais orgânicas. Você acha que isso é seu lado

brasileiro?

Acho que tudo influencia. Porque tudo que fazemos na

arte, pelo menos no meu caso, não tem nada de racional.

Quando vou construir uma peça não penso: “agora vou ser

racional, agora vou ser orgânica”. Eu faço o que quero, o que

estou sentindo naquela hora. Claro que já fiquei durante um

tempo com uma tendência, como a geometria. Eu pensava

na racionalidade das plantas. Observava o quanto elas

são geométricas, racionais e perfeitas. Então resolvi que

queria construir isso, interpretar a construção da natureza.

Observei que as folhas vão crescendo de um lado e depois

para o outro, criando uma progressão geométrica. Fiquei

maravilhada com isso. Mas atualmente estou talhando umas

coisas um pouco diferentes.

Você voltaria a morar no Japão?

Pois é, sabe que eu não tenho nenhuma vontade de morar

lá? A melhor coisa que existe, em minha opinião, é morar

no Brasil e ter dinheiro para ir para onde quiser. Assim você,

depois de uma longa viagem, chega a essa terra. O Brasil

tem um calor humano que eu gosto muito e me identifico.

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ouro doBrasil

O Museu do Café do Brasil, em Santos,

recupera a história do produto – que tornou

São Paulo um dos estados mais ricos do País – e

neste ano homenageia os imigrantes japoneses

que vieram em busca do “ouro do Brasil”.

Por Lígia Prestes | Fotos Paulo Brenta

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Os negociantes que chegavam ao porto de Santos a

partir de 7 de setembro de 1922 podiam avistar, ainda

do mar, a soberania cafeeira paulista. O edifício da

Bolsa Oficial do Café foi instituído oficialmente em 1914 e

tinha o pleno objetivo de homenagear a cidade, pois era a

maior praça de café do mundo. “Para a época, um edifício

de quatro andares, com cinco elevadores e com todo este

requinte, era só para mostrar o quanto São Paulo era rica”,

analisa Marjorie Medeiros, diretora do Museu. Todo esse

aparato confirmou a supremacia da Bolsa Oficial de Café,

pois a maioria dos países só confiava e aceitava comprar o

café que fosse negociado e chancelado por ela.

Considerado um dos mais belos edifícios de Santos, é

resultado de um projeto francês, inspirado no renascimento

italiano, e que venceu o Salão de Arquitetura de Paris.

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A execução das obras começou em 1920 e a sua inauguração

– ainda incompleto por falta de verbas – aconteceu em

1922 como parte das comemorações do centenário da

Independência. “Além da Bolsa Oficial do Café, a abertura

da nova exposição do Museu Nacional (hoje Museu do

Ipiranga), a Casa da Maioridade na Serra Velha e a Praça Rui

Barbosa e da Independência – ambas em Santos – fizeram

parte da comemoração do centenário”, conta a diretora.

A construção monumental é em estilo neoclássico, com três

fachadas independentes, cada qual voltada para uma rua.

Com mais de duzentas portas e janelas, em cerca de seis mil

metros de área construída, a obra é marcada pela diversidade

de origem do material de construção, com cimento e ferros

da Inglaterra, telhas e pisos da França, mármores da Itália,

Espanha e Grécia e ladrilhos da Alemanha. O interior do

prédio também é luxuoso e requintado, da mesma forma

executado com materiais estrangeiros. “Podemos dizer que

esse prédio foi construído praticamente com o dinheiro do

café”, afirma Majorie. A mesma riqueza que proporcionou

grandes mudanças urbanas e arquitetônicas na cidade de

São Paulo. Ainda hoje, os visitantes se surpreendem com o

requinte e a qualidade dos materiais empregados, sobretudo

no grande salão onde no passado funcionou o Pregão. Nesse

salão, Benedito Calixto criou, no teto, um impressionante

vitral – A visão de Anhangüera. Três imensos painéis, do

mesmo pintor, enfeitam a parede do fundo: o maior, central,

tem 153 figuras, representando, de forma onírica, a Elevação

de Santos a Vila, com a parte real nítida e o sonho do

progresso futuro, esfumaçado.

Page 34: EVENMAG10

De acordo com a historiadora Ana Lanna, além de difundir a

riqueza do café, a obra também foi realizada com a intenção

de atrair capital e trabalhadores para São Paulo. “Fica

patente nas suas intenções o projeto de cidade e de nação

que a elite cafeeira formulara 80 anos antes da edificação

desse monumento: a construção de uma nação e seu povo

com suporte no capital internacional e nos trabalhadores

brancos europeus, que aqui viriam para com suas noções de

progresso e civilidade formar o povo brasileiro, amortecendo

os efeitos de 400 anos de escravidão”.

A Bolsa Oficial de Café e Mercadorias teve seu auge entre

1917 1929 e, quando sofreu os efeitos da crise econômica

mundial iniciada com a quebra da Bolsa de Nova Iorque,

que levou à queda gradual de suas atividades. O último

pregão aconteceu na década de 1950, quando os negócios

do café foram transferidos para a capital paulista. O prédio

foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1981 e, até 1986,

quando a Bolsa foi desativada, funcionou para a divulgação

da cotação do café no mercado internacional.

Depois de dez anos fechado, foi restaurado em 1998 e

concedido à Associação dos Amigos dos Cafés do Brasil a

permissão de uso, com o propósito bem definido de ser

instituído o Museu do Café, para guardar e comunicar a

memória de um dos principais produtos nacionais. “Mário

Covas cedeu o prédio – que ainda é do estado – para abrigar

o museu. Ele achava um absurdo uma cidade que tinha se

desenvolvido graças ao café não ter um museu para tal”,

conta a diretora.

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Page 35: EVENMAG10

O projeto museológico tem como objetivo apresentar aos

visitantes a memória do comércio de café. A primeira

iniciativa implementada foi a Cafeteria, que se tornou a

principal atração turística do centro histórico santista. “De

1998 até 2005, a única parte a que os visitantes tinham

acesso era a sala do Pregão, pois estávamos em processo

de adaptação e captação de acervo”, conta Marjorie.

Recentemente, retomaram-se as exposições permanentes e

temporárias, a mostra do acervo – ainda em captação –, o

Centro de Preparação de Café e ainda uma sala de vídeo,

onde os visitantes assistem a filmes sobre café.

A mostra permanente conta com três módulos, relacionando

o café com o trabalho, com as rotas e com o porto de

Santos. “Na exposição sobre as novas rotas, retratamos o

aparecimento das ferrovias, pois foi graças ao café que elas

surgiram. Na de Santos e o porto, fazemos uma homenagem

ao trabalhador portuário, que ganhava por saco carregado.

Temos uma réplica de um escritório de café e fotos mostrando

o quanto essa região era deteriorada”, explica Marjorie.

Homenagem aos japonesesComo não poderia ser diferente, o museu homenageia os cem

anos da imigração japonesa ao Brasil com duas mostras. A

primeira, chamada O Café e a Imigração Japonesa no Brasil,

ficou exposta até meados de maio e tratava da trajetória

dos primeiros japoneses que chegaram ao Brasil em 1908

a bordo do navio Kasato Maru, para trabalhar na lavoura

de café. “Nessa exposição, através de fotos, mostramos

a tradição japonesa bem como a viagem e a chegada dos

imigrantes”, explica Marjorie. “Também relatamos a total

falta de conhecimento dos japoneses sobre o café.

Page 36: EVENMAG10

A idéia inicial (do acordo Brasil-Japão) era a de trazer

agricultores, mas por causa da guerra veio gente de todos

os ofícios”, conta a diretora. O tratado do Brasil para

receber os japoneses não se limitava apenas à mão-de-obra.

Segundo Marjorie, quando o navio Kasato Maru retornou

ao Japão, estava carregado de sacas de café. “A produção

cafeeira tinha o claro objetivo de expandir seu comércio

e ampliar novos horizontes, pois São Paulo precisava

escoar essa mercadoria”, completa. Também mostrou como

o Japão, tradicionalmente identificado pelo consumo de

chá, foi mudando seus hábitos para o café, chegando a

ser hoje o quarto maior país consumidor no mundo. “Além

de exigente consumidor, o mercado japonês vem inovando

e desenvolvendo novos modos de beber e de vender o

produto, sendo o precursor da exploração de nichos de cafés

diferenciados oferecidos ao consumidor e na montagem de

cafeterias”, explica a diretora.

A próxima mostra, que acontece no começo de junho, é uma

continuação da primeira e tem como objetivo mostrar as

fazendas de café para onde os japoneses foram, a adaptação

sócio-cultural e a contribuição do japonês à agricultura

brasileira. “Nessa exposição vamos mostrar os diferentes

tipos de fertilizantes que os japoneses usaram e até

conseguimos uma réplica de uma colheitadeira de café – a

primeira não-manual da lavoura cafeeira”, adianta Marjorie.

Serviço:Museu dos Cafés do Brasil

Rua XV de Novembro, 95 – Centro – Santos

Tel.: (13) 3219-5585

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Page 37: EVENMAG10

aromas e saBores.café: um mundo de

O piloto Charles Lindbergh, após cruzar o Atlântico a

bordo do seu pequeno monomotor, Spirit of Saint

Louis, e pousar em Paris, foi indagado sobre o que

desejava beber. Depois de um extenuante vôo de 33 horas

e meia, a resposta – surpreendente na terra dos famosos

vinhos e do champagne – foi: “café quente, por favor!”.

De fato, saborear um bom café é uma experiência sensorial

absolutamente reconfortante. Por vezes, marcante e

nostálgica. Entre as memórias mais notáveis de minha

infância, está a farta cozinha da casa de minha avó, no

interior paulista. Em meio ao fascínio do fogão à lenha e de

iguarias como deliciosos biscoitos de polvilho, bolinhos de

chuva e bolo de fubá, havia o infalível cafezinho da tarde. O

penetrante aroma exalado na preparação da bebida – feita

no típico coador de pano – envolvia todo o ambiente. Bons

tempos em que as crianças de minha geração aprendiam

a apreciar café bebericando em pires, “para esfriar mais

rápido”. Claro, uma heresia em termos de degustação, mas

com enorme valor para nos iniciar ao sabor de uma das

bebidas mais admiradas em todo o planeta.

De fato, mais popular que a nicotina e o álcool, a cafeína –

substância psicoativa do café – é a única droga que adultos

dão regularmente às crianças. A ciência mostra que, longe

de ser um vício, em doses moderadas de até quatro xícaras

por dia, o café é muito saudável. O bom costume parece

que antecede ao nascimento dos bebês: dados científicos

demonstram que a maioria dos bebês do mundo nasce com

vestígios de cafeína – que vence a barreira placentária –

ingerida pela mãe em um singelo café expresso.

Em minha cidade natal, Altinópolis, uma pequena e

venturosa cidade do interior paulista, na Alta Mogiana, a

economia ainda é profundamente influenciada pelo cultivo

de café de elevada qualidade. Parte expressiva da produção

é diretamente exportada para os EUA e Europa, após passar

por rígido controle de qualidade, analisada em laboratórios

e auditada por organismos certificadores. De fato, a alta

qualidade, consistência dos blends, competência no

fornecimento e preocupação permanentes com o cliente são

aptidões que a indústria cafeeira do Brasil oferece aos seus

consumidores em todo o mundo. A rigor, o café do Brasil

é de altíssima qualidade, mas ainda precisa fortalecer sua

imagem internacional, notadamente se comparado a outros

países que trabalham de modo mais vigoroso o marketing

do produto.

Originário do norte da África, o café tem o duplo poder de

combater a fadiga física e aumentar o estado de alerta.

De certo modo, a cafeína deu grande impulso ao mundo

moderno. Turbinados por cafeína, operários das fábricas da

revolução industrial não adormeciam sobre as máquinas.

Com as atividades tresloucadas do mundo moderno, cada

vez mais fazemos uso do café como hábito.

Mais do que modismo, hoje há no Brasil e no mundo o

crescimento de um vigoroso mercado de apreciadores de café de

alta qualidade. Redes de cafeterias se alastram por diferentes

países e a redução de preços de equipamentos domésticos

possibilita torrar, moer e preparar um excelente café expresso

em casa. E claro, cafés premium são comercializados em bons

supermercados e a cada dia conquistam novos consumidores.

Por José Sabino

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Page 38: EVENMAG10

cultural, em parte devemos isso ao cultivo do café e à

cultura do cafezinho com um bom papo. Sem dúvida, um

agradável convite para a harmoniosa e tolerante convivência

no mundo atual.

CAFÉ EXPRESSO - DICAS DE PREPAROExpresso é um café peculiar, preparado sob pressão, em doses

individuais para ser saboreado no momento da extração. É

a maneira de beber café que revela a combinação dos mais

intensos aromas e sabores.

Para prepará-lo, é melhor utilizar grãos frescos, de alta

qualidade (café premium), com aroma e sabor intensos,

moídos adequadamente e comprimidos de forma correta,

em que a água passa sob pressão.

As máquinas devem permitir a operação com pressão de

15 bares e temperatura entre 90 e 92º C, num tempo que

varia de 25 a 30 segundos. Estas são condições ideais para

a obtenção de um café expresso excelente.

O café expresso é concentrado – 7 gramas de pó para até 50

ml de água – de aroma e sabor intensos com um bom corpo

e persistência no paladar, coberto por um denso creme cor

de avelã (cor caramelo) em toda superfície da xícara.

O café expresso deve ser preparado de preferência com grãos

recém torrados. De forma ideal, o café deve ser moído um

pouco antes da preparação.

A torra do expresso é mais clara (média para clara). Assim,

os óleos aromáticos são preservados. Grãos muito torrados

tornam-se oleosos, perdendo aroma e sabor e deixando o

expresso mais amargo.

Coffea arabica é a designação da espécie que é mais rica

em sabor e que domina os cafezais mais nobres do Brasil,

localizados sobretudo ao norte de São Paulo e ao sul de

Minas Gerais. Cafés dessas regiões são de gosto suave,

aromático e achocolatado. A procedência da plantação é

determinante para a qualidade do café, pois ela indicará

a fazenda, o clima, o solo e a região da qual se originou.

Assim, é admissível que, de modo similar aos vinhos, hoje é

possível determinar boas regiões de produção cafeeira.

A ocupação do interior paulista por seus desbravadores

transformou profundamente o Cerrado e a Mata Atlântica do

Planalto. Parte marcante da história do estado foi desenhada

pelos Barões do Café, que ergueram verdadeiros impérios

baseados na lavoura de imensos cafezais, plantados nas

áreas antes ocupadas pela vegetação natural. Suntuosas

fazendas se estabeleceram no período áureo do café, no final

do século XIX e início do século XX, em um vasto corredor

formado pelas cidades de Ribeirão Preto e Campinas. A terra

roxa do interior paulista possibilitaria uma produtividade

muito maior que aquela encontrada no Vale do Paraíba. Todo

um grupo de fazendeiros fez fortuna com o café. Formava-

se aí o embrião da elite paulista. Ricos e influentes, esses

fazendeiros delinearam a economia e a política daquela

época no País. Capitalizada pela florescente cultura do

café, a aristocracia paulista investiria em ferrovias para

escoar a produção: após a pioneira estrada de ferro Santos-

Jundiaí, surgiria a Mogiana, a Paulista e, posteriormente, a

Araraquarense.

A propaganda da vicejante cultura atrairia os imigrantes

europeus. Entre as décadas de 1870 e 1920, os trens desciam

para o porto de Santos com café e subiam a Serra do Mar

com imigrantes. Em um primeiro momento, em substituição

à mão-de-obra escrava, vieram europeus, sobretudo os

italianos. No início do século XX vieram também os japoneses

para trabalhar nas lavouras de café, que se expandiam para

o oeste do estado.

Tal qual a revolução industrial da Inglaterra, é possível dizer

que – de certo modo – o café influenciou profundamente a

cultura do Brasil. Se somos o que somos, um país composto

de diferentes partes do mundo, uma genuína amálgama

“De certo modo, a cafeína deu grande impulso

ao mundo moderno. Turbinados por cafeína,

operários das fábricas da revolução industrial

não adormeciam sobre as máquinas.”

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Page 39: EVENMAG10

A primeira providência para o expresso perfeito é encontrar

a moagem ideal do pó. A moagem aconselhada é a média.

Se ela for muito grossa, a água passa mais rápido pelo filtro

e a bebida fica fraca, sem a formação do creme. Se for muito

fina, a água demora mais a sair, deixando a bebida amarga

e manchas brancas no creme. Além disso, o pó deve ser

comprimido adequadamente (tamping).

O CREME DO CAFÉA espessa e rica camada de creme serve para manutenção

da temperatura e preservação do aroma do expresso antes

de ser consumido. Nestas condições, o expresso retém uma

porção de açúcar durante alguns segundos.

O creme permanece na xícara por um longo período. Ele

marca e adere à parede da xícara. O creme espesso e

duradouro é o sinal mais importante de que o expresso foi

bem tirado. O preparador deve estar sempre atento. Se o

creme não se formou é porque a moagem está grossa, o

tempo de extração foi curto e o café não foi bem tirado

(ficará muito fraco).

Se bem tirado, o expresso tem creme espesso, com cor

homogênea e retém uma porção de açúcar (teste do açúcar)

durante alguns segundos.

O CAFÉ EXPRESSO EM NÚMEROS 50 ml de água (expresso normal) ou 30 ml de água (curto);

7 gramas de café; entre 90 e 92º de temperatura para a

água; 15 bares de pressão para a máquina do café expresso;

30 segundos de tempo para infusão da bebida.

Para ir mais fundo no mundo dos cafés:www.abic.com.br

www.cafeterrabrasil.com.br

www.cafeeirasantacruz.com.br

LivroPaschoal, Luís Norberto, 2006. Aroma de Café: Guia Prático para Apreciadores

de Café. Fundação Educar D. Paschoal. Campinas. 160 p.

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Page 40: EVENMAG10

composições em florArranjos florais orquestrados por floristas são como obras de arte:

criativas e sensoriais.

Por Lígia Prestes | Fotos Paulo Brenta

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novo

rum

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Page 41: EVENMAG10

Transformar uma das maiores belezas da natureza – as

flores – em obras de arte ainda mais belas do que em

suas condições naturais. Exteriorizar a sensibilidade

do artista para fazer par com a decoração do ambiente e

atrair olhares admiradores. O trabalho de um florista é mais

complexo do que se pensa e envolve mais do que apenas

a capacidade da pessoa em criar e ornar flores e vasos.

Além disso, começa e termina em suas mãos. “O trabalho

de uma florista não é só o de arrumar flores, literalmente.

Eu faço todo o processo, desde o contato com o cliente e a

análise do ambiente onde será colocado o arranjo até sua

confecção, incluindo a compra das flores e dos recipientes.

No caso de empresas, por exemplo, tenho que conhecer

o tipo de ambiente, qual espaço terei para trabalhar, etc.

Além de tudo, também é preciso conhecer a natureza, pois

só assim se terá uma afinidade com o material”, explica

Valéria Dressano, uma geógrafa de formação que enveredou

para a carreira de florista. “Trabalhei com geografia durante

muitos anos. Como desde muito nova gostava de flores, fui

fazer um curso de ikebana; mas jamais imaginei que um dia

eu poderia trabalhar com isso. Era simplesmente um hobby;

eu gostava de flor e queria aprender uma técnica para fazer

os meus arranjos. Então comecei a presentear os amigos, os

amigos começaram a pedir para presentear outros amigos e

a coisa foi indo. Quando vi, tive que fazer uma opção por

esse trabalho”, relembra.

O trabalho com flores requer também um senso estético bem

apurado. “É necessário ter inicialmente um olhar estético

que depois vai sendo apurado ao longo do tempo. Quanto

mais você mexe com as flores, mais descobre os diferentes

padrões de textura, de cor e de forma. É um universo muito

rico. Quanto mais conhecimento, mais apurado é seu senso de

estética”, conta. Mas, mesmo assim, isso não é o suficiente.

Valéria alerta que outras sensibilidades são obrigatórias

para o trabalho de um florista. “Também é preciso ter uma

visão espacial para saber se o local em que o arranjo vai

ser colocado vai comportá-lo de forma harmônica. O vaso

também desempenha esse papel. Antes de montar o arranjo,

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é preciso tê-lo definido na cabeça para ver se combina com

o vaso escolhido. Tudo isso tem que estar em harmonia,

com proporção”, complementa Valéria. “As flores têm que

estar presente, mas não podem atrapalhar. Elas têm que

compor o ambiente”, completa.

Apesar de todos esses atributos, Valéria acredita que a

profissão de florista vai além de cursos ou aprendizados

em salas de aula. “Tem gente que é florista e nunca fez

curso. Tem o dom, gosta do material com que trabalha,

tem bom gosto. Esse é um tipo de profissão que permite

vários tipos de atuação. Não é como um engenheiro que

tem que fazer cálculos precisos. É uma profissão criativa.

Se a pessoa tem bom gosto, aproximação com a estética

e a espacialidade, ela pode ser florista sim. Sem cursos”,

acredita a profissional.

Variados também são os campos nos quais um florista pode

desempenhar seu trabalho. Além de empresas e eventos,

o profissional também pode ser um consultor semanal de

arranjos residenciais, fazendo também um trabalho de

manutenção. “Outro ramo do florista é o que chamamos de

manutenção de flores, tanto em casas como em empresas.

Vamos todas as semanas e fazemos a troca das flores. Na

maioria das vezes trocamos o vaso também, pois não dá

para dissociar as flores de onde elas vão ser colocadas. O

arranjo como um todo é a associação dos vasos com as

flores. E trocamos tudo para o cliente ter uma sensação de

que aquela semana é diferente da anterior. Quem quer algo

quinzenal, é melhor trabalhar com plantas que estejam na

terra, pois a oscilação da temperatura durante a semana

pode ser vital para a flor”, explica Valéria.

Para ela a inspiração não é algo que deve ser procurada,

mas sim um sentimento nato. “Eu não sei de onde vem essa

inspiração, apenas sei que ela vem. Muitas vezes, quando

tenho que fazer um arranjo pressionada pelo tempo, percebo

que minha criatividade floresce mais. É aí que brota a minha

inspiração. Também quando não tenho material suficiente

para algum arranjo, vem a criatividade”, salienta. “Você tem

que estar presente no arranjo, pois ele é a manifestação

externa de algum sentimento seu”.

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novo

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As diferentes técnicasApesar de ser uma arte bastante livre, a construção de

arranjos florais pode ser feita a partir de técnicas. Uma

delas, a arte ikebana, foi a fonte do início de Valéria que,

ao longo do tempo, foi agregando diversas outras formas de

executar seu trabalho. “Trago para as minhas criações um

pouco das técnicas da ikebana, principalmente com arranjos

simples e não muito cheios. Há técnicas em que entra a

questão da proporção, principalmente na ikebana, onde se

trabalha muito com simetria para dar beleza e destaque a

cada um dos elementos. Dentro da ikebana há vários estilos.

Eu não sigo uma técnica específica, sou influenciada por

diversas formas”, afirma Valéria.

O termo ikebana começou a ser utilizado no século XVII e

chegou no Japão vindo da Índia e China. Com a difusão do

Chadô (Cerimônia do Chá), foi criado um estilo de arranjo

próprio para os ambientes em que a cerimônia era realizada.

Esse estilo passou a ser conhecido simplesmente por hana,

que significa flor. A partir do século XVIII foram dados nomes

específicos para cada estilo de arranjo e o nome ikebana

se tornou o mais comum. O estilo de vida japonês sempre

esteve intimamente ligado à natureza e isso, com certeza,

contribuiu para um rápido desenvolvimento da ikebana. As

primeiras manifestações de arranjos de flores eram bem

livres e naturais, sem qualquer regra definida. “Os japoneses

acreditavam que para se invocar os deuses era necessário

determinar um local para recebê-los, e este era indicado

por uma flor ou uma árvore disposta, preferencialmente,

de forma perpendicular à sua base. Segundo a crença, os

deuses se guiavam por esses símbolos e ali se instalavam”,

explica Valéria, que afirma que aprender a fazer ikebana é

mais do que aprender a fazer um arranjo floral, pois esta

é também aliada a um conceito filosófico e religioso.

“Você não aprende só a fazer arranjos. Há um conceito de

natureza. Ikebana significa dar vida às flores. Nós achamos

que vamos tirar a flor de uma planta e matá-la, mas na

verdade vamos trazê-la para dentro de nosso ambiente e,

talvez, fazer com que dure mais do que se estivesse em um

jardim”, acrescenta.

Serviço:Dressano Flores

R. João Álvares Soares, 1104 • Campo Belo

Tel.: (11) 3476-4929 | 5542-2677 • site: www.valeriadressano.com.br

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Com a abolição da escravidão em 1888, em pleno

surto da produção cafeeira em São Paulo, as lavouras

paulistas tiveram um grave problema para resolver: a

falta de mão-de-obra. Em um país como o Brasil, que na

época apresentava uma verdadeira escassez de trabalhadores

braçais, o fim da escravidão de fato foi o motivo que

faria muitos fazendeiros perderem o sono. A partir de

então, muitas soluções começaram a ser idealizadas e

a contratação de trabalhadores estrangeiros tornou-se

uma proposta bastante razoável. Muitas investidas foram

feitas neste sentido, ora pelos próprios cafeicultores, que

precisavam suprir a escassez de mão-de-obra, ora pelo

governo, que não poderia se dar ao luxo de deixar seu

principal produto de exportação, o café, ser prejudicado

por falta de trabalhadores. Tamanha foi a procura pela

contratação de imigrantes que, entre 1890 e 1937, entraram

em terras tupiniquins mais de 3.722.000 imigrantes, sendo

a grande maioria deslocada para São Paulo, principal região

da lavoura cafeeira.

OS IMIGRANTES JAPONESESPara o Japão, a emigração era uma necessidade. No início

do século XIX, o país contava com uma área equivalente

a 1/23 do território brasileiro, tinha 1/16 de seu solo

disponível para cultivo e 80% da população rural japonesa

empregada na agricultura. No entanto, com a Revolução

Meiji, em 1868, a economia japonesa, baseada quase

exclusivamente na agricultura, tornou-se manufatureira e

industrial, o que trouxe como conseqüência o desemprego

de milhares de trabalhadores japoneses que se dedicavam

aos trabalhos agrícolas.

Como meio de solucionar o problema, muitos japoneses buscaram

alternativa na emigração para outros países, apesar do grande

sofrimento que seria abandonar o solo de seus antepassados.

Por Denise FernandesBrasil

Foto da exposição O Café e a Imigração Japonesa no Brasil

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A CHEGADA AO BRASIL

enfrentar. Já nas fazendas, os imigrantes foram recebidos

pelo próprio patrão, pelo administrador e pelo fiscal. No

refeitório, forneciam-lhes uma alimentação composta de

arroz e feijão. Em um primeiro momento, ficaram aliviados

de ver que pelo menos parte de sua alimentação seria à base

de arroz, um dos principais alimentos da dieta japonesa. O

que eles não podiam esperar era o modo de como o arroz era

preparado. Os japoneses não compreendiam por que o arroz

era cozido com óleo e muito menos por que os grãos eram

servidos tão duros (já que no Japão o prato é preparado

com tempero e consistência diferentes). Mais assustados

ainda eles ficaram ao encontrar, misturados ao feijão, pés

de porco, ingrediente típico do feijão servido nas fazendas

paulistas e absolutamente estranho aos japoneses. Ainda

sim, preferiam esta refeição à lingüiça que lhes era posta

na marmita levada no trem. À noite, não havia camas para

todos, uma vez que, na maioria das fazendas, cabia aos

colonos providenciá-las. Desta forma, eles acomodavam-se

como era possível: estendiam o futom (acolchoado japonês)

no chão ou improvisavam uma cama com palha e capim.

Logo na primeira noite os japoneses perceberam que a

adaptação não seria tão simples quanto haviam imaginado

ao deixarem seu país. E os problemas não se esgotavam na

comida ou na acomodação: a barreira lingüística foi uma

grande dificuldade enfrentada pelos imigrantes nipônicos,

uma vez que, nas fazendas, tinham que trabalhar com

imigrantes espanhóis, portugueses e italianos, dificuldade

esta que levou muitos japoneses a abandonar as lavouras.

Hoje, cem anos depois, podemos dizer, sem dúvida, que

a japonesa é uma das etnias que compõem nosso tão

heterogêneo País.

Em uma manhã de julho de 1908, atracava no porto de

Santos o vapor Kasato Maru, trazendo os primeiros imigrantes

japoneses para as lavouras cafeeiras paulistas. Pelo fato do

navio ter chegado a São Paulo em pleno período das festas

juninas, muitos japoneses desembarcaram orgulhosos,

pensando que os fogos, balões e bandeirinhas estavam lá

em sua homenagem. Em relação ao navio que trouxe os

imigrantes japoneses, um inspetor de agricultura brasileiro

afirmou elogiosamente que o navio apresentava na 3ª classe

mais asseio e limpeza do que qualquer primeira classe de

transatlântico europeu. Outro fato que causou admiração

em muitos brasileiros foi a vestimenta com a qual chegaram

ao Brasil: roupas tipicamente européias; as mulheres de saia,

cinto, chapéu e luvas brancas; e os homens, botinas, camisas

e gravatas, ornamentos esses que haviam sido comprados no

próprio Japão, antes do embarque para o Brasil.

A adaptação ao novo país, com costumes e culturas tão

diferentes das que estavam acostumados, não foi tarefa

fácil. O relato de um imigrante conta que, na viagem de

trem da hospedaria para as fazendas de café, os imigrantes

levavam marmitas (com lingüiça e um pão) fornecidas pelo

governo. O pão era redondo e grande, mas com uma casca

muito dura, de um tipo que os japoneses nunca tinham

experimentado, de maneira que eles precisavam adicionar

sal no alimento para que pudesse ser comido. Quanto à

lingüiça, não a conheciam, e o cheiro dos temperos como

alho, sal e pimenta do reino, bem como o aspecto, fizeram

com que a maioria não conseguisse engolir e muitos as

jogavam pelas janelas do trem.

Da mesma forma, ao chegar ao local de trabalho, os

japoneses tiveram muitas dificuldades de adaptação para

Foto da exposição O Café e a Imigração Japonesa no Brasil

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O método não é brasileiro, mas foi muito bem adaptado ao

nosso jeitinho. O Kumon, escola de origem japonesa que

completa 50 anos de existência, chegou a terras tupiniquins

em 1977. A primeira unidade foi aberta em Londrina e hoje

já são mais de 1.500 unidades espalhadas por todo o País,

além de ser encontrada em outros 45 países. A princípio

só havia professores japoneses, mas hoje em dia já há

brasileiros ensinando também.

Japoneses – mesmo que em minoria –, nisseis, sanseis

e brasileiros se dividem para disseminar um ensino que

prima pela concentração e disciplina do aluno. O curso,

de estilo livre, conta com aulas de matemática, japonês,

português e inglês e utiliza um material didático específico

às necessidades brasileiras. Desde as crianças com idade

pré-escolar até adultos, todos encontram uma forma de se

desenvolver, já que uma das características do método é o

ensino personalizado.

Kyooko Watanabe, coordenadora responsável por uma das

unidades Kumon em São Paulo, confessa que muitos alunos

brasileiros ainda pecam quando o assunto é organização. “O

método baseia-se na disciplina. Os alunos devem tirar ao

menos 5 minutos por dia para realizar suas tarefas, mesmo

durante as férias. Só que, muitas vezes, deixam tudo para

última hora.

Durante o período escolar, ou universitário, a maioria dos

jovens realmente não desenvolve a disciplina necessária

para os estudos. Marcio Augusto Praça Rivaben, ex-aluno de

portuguêsmatemática no Kumon, afirma que o método da escola é muito

bom, “porque trabalham a mente, com memorização”.

Apesar do curso de matemática ainda ser o mais procurado

nacionalmente, é no de português que se encontra o maior

número de formandos. O curso foca principalmente a leitura

e a interpretação de textos e segundo Selma Shibuya, sansei

que trabalha no escritório matriz, o ensino de português

tem menos estágios que os demais cursos, e essa facilidade

estimula os alunos. A estudante de jornalismo Joana Galdino

cursou 3 anos do curso de português e valorizou muito a

experiência. “Eles trabalham a concentração e a disciplina,

pois têm lições todos os dias; o fato de fazer e refazer as

lições corrigindo seus próprios erros ajuda não só na vida

acadêmica, mas na vida pessoal”. O treinamento contínuo,

a organização e o estímulo ao estudo é típico da cultura

japonesa. É algo transcendental, que passa de geração

para geração. Engana-se quem acha que esses cursos livres

otimizarão notas num passe de mágica ou trarão fluência

em qualquer idioma. Os resultados vêm em longo prazo e

dependem fundamentalmente do interesse, responsabilidade

e paciência de cada aluno.

A coordenadora e professora Kyooko admite que a disciplina

seja uma das melhores justificativas para entender o potencial

dos japoneses, especialmente na área de exatas. Quem sabe,

não seria essa a disciplina que deveria ser adotada entre os

jovens brasileiros, para que o mercado de trabalho refletisse

um pouco mais de eficiência na nossa sociedade.

Por Maria Inez P. Aranha

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Três artistas com reconhecida influência

japonesa, seja genética ou cultural, falam

sobre suas origens e suas profissões.

BrasileirosJaponeses&

JUM NAKAOAssim como todos os japoneses que chegaram ao Brasil no

início do século passado, os avós de Jum Nakao também

vieram por conta da crise que assolava o Japão. “Eles viam o

nosso país como um ‘eldorado’, um lugar onde poderiam fazer

a América. A maioria planejava ganhar dinheiro aqui e retornar

à terra natal, mas grande parte veio e nunca mais voltou. Foi

um denominador comum na história dos imigrantes”.

TRADIÇÃO VERSUS VOCAÇÃOMuito curioso desde a infância, Jum se interessou pelas

novas tecnologias já na adolescência e, como também

tinha inclinações artísticas, quis seguir uma carreira que se

relacionasse com a informática, a eletrônica e a robótica,

pois considerava serem estas os melhores suportes para a

arte do futuro. Por isso, escolheu fazer um colegial técnico,

mas logo verificou que dimensões apenas tecnológicas não

lhe forneceriam a interatividade artística que buscava.

Finalizou o curso e começou a buscar algo mais próximo das

pessoas, alguma coisa que trabalhasse a relação delas com

o mundo de forma concreta. “A idéia que me surgiu foi a de

trabalhar com roupa – afinal, ela é a primeira interface que

existe entre você nu e o exterior, aquilo que te identifica, te

define, praticamente uma segunda pele. E foi aí que comecei

a estudar moda, em uma época que não existia esse tipo de

curso no Brasil”.

Por Lígia Prestes | Fotos Paulo Brenta

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Começou pelos cursos de corte e costura, mas os achou

muito reducionistas, e foi trabalhar com um senhor que fazia

roupa sob medida para entender como realmente se construía

uma roupa, “a relação arquitetônica dos traços da roupa

com quem a veste”, completa. De personalidade inquieta e

investigativa, ainda trabalhou com um joalheiro em busca

do detalhamento para os complementos do vestuário. Foi

então que descobriu o CIT (Coordenação Industrial Têxtil),

que reunia empresas associadas do setor e que ministrava

cursos de moda a seus funcionários. “Liguei para lá e

consegui permissão para assistir a algumas aulas. Gostei

tanto que passei a ir todos os dias, mesmo estagiando em

uma empresa de processamento de dados, para conseguir o

diploma do colegial técnico. Com a minha freqüência diária

– que era proibida, já que não tinha vínculo algum com os

associados –, precisei escrever uma carta ao presidente da

empresa pedindo um estágio, apenas para continuar nas

aulas”. Jum chegou até a oferecer qualquer tipo de trabalho

em troca dessa oportunidade. Acabou por conseguir uma

bolsa, fez todos os cursos disponíveis, fez também vários

contatos importantes e começou a trabalhar na área.

Como primogênito de uma família japonesa, que preserva

todos os hábitos de uma cultura milenar, Jum sentiu-

se na obrigação de assumir todas as responsabilidades

e decisões que a escolha por uma carreira que fugia dos

padrões convencionais acarretaria. “Japonês vai ser

médico, dentista, engenheiro. Mas como eu sempre fui

muito determinado, e meus pais sempre souberam que

em tudo que fazia eu era muito dedicado, eles não se

opuseram. Mas eu também sabia que aquilo ia em sentido

contrário em relação às expectativas deles, então eu assumi

como uma responsabilidade minha bancar os estudos e ir

atrás. Como filho mais velho, eu sentia a obrigação de dar

exemplo para meus irmãos. O importante é você assumir

essa determinação. E o japonês tem muito de não preocupar

os pais, e o filho mais velho mais ainda”.

A PRÓPRIA MARCAEm 1986, Jum e outros estilistas – Walter Rodrigues, Conrado

Segreta, entre outros estilistas novos que trabalhavam para

a indústria – formaram a Cooperativa de Moda, que reunia

novos criadores. Como nessa época ainda não existia a

imprensa especializada em moda, a repercussão foi mínima.

“Apenas dez anos depois, no Phytoervas Fashion, destinado

a novos talentos, pude apresentar um projeto que foi

considerado a revelação do evento, e a partir daí eu comecei

a desfilar em todas as semanas de moda que aconteciam

aqui no Brasil”. Trabalhou até 2002 na Zoomp, quando saiu

para se dedicar à marca própria. “E foi neste ano que eu

decidi entrar no São Paulo Fashion Week, onde aconteceram

os meus últimos desfiles. Desde 96 até 2004 eu tentava ter

uma marca própria e dar corpo a uma idéia de uma forma

comercial. E cada vez mais eu via que aquilo era utópico:

querer ter uma marca. Porque você começa a trabalhar em

um mercado que é chato e nivela tudo por baixo. E se quiser

crescer e sobreviver, terá que se abdicar de tudo em que

acredita. Todo o meu idealismo confrontava uma realidade

de mercado que era emburrecedora. E foi daí que resolvi

romper com o mercado de cartas marcadas; um mercado que

traz as referências de que tudo que é bom é o que vem de

fora (do exterior) e não tem uma estrutura capaz de fazer

com que um trabalho independente floresça”.

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A costura do invisívelO grande feito pelo qual sem dúvida Jum será para sempre

lembrado foi seu desfile de papel no Fashion Week de 2004.

Para demonstrar sua insatisfação com o mercado, Jum, com

uma equipe de artistas, criou vestidos de fábula, inspirados

no século XIX, em papel vegetal, que consumiram 700

horas de trabalho. Para potencializar o lúdico, foram

usadas cabeças de bonecos Playmobil nas modelos, criando

uma suspensão do tempo: passado, presente e futuro se

uniram como num sonho. “Ao final do desfile, as modelos

se enfileiraram na passarela para uma última contemplação

e, subitamente, rasgaram todos os trajes. O choque criou

um questionamento na cabeça das pessoas. Queria mostrar

que o mais importante é o conteúdo, a idéia, não a forma.

Esta forma deveria ser tão valiosa e os pensamentos por

detrás dela tão densos que, mesmo desaparecendo, aquilo

permaneceria na retina imagética das pessoas, deixando

cicatrizes. Quis mostrar que o que vale são princípios e que,

se fosse para abdicar deles, preferiria resistir e manter a

ética, o pensamento. Não quero me corromper. Foi daí que

eu resolvi parar com a moda”.

De fato, o desfile foi tão emblemático que acabou se

tornando um marco para a moda. O Museu da Moda de

Paris, em 2006, mostrou a apresentação como uma das mais

representativas do século e ainda foi considerado o melhor

desfile da década pela própria organização do São Paulo

Fashion Week.

Brasileiro ou Japonês?“Eu sou muito mais brasileiro, aqui eu não tenho barreiras e

fronteiras. No Japão há muitas barreiras culturais e sociais. As

pessoas que fazem as leituras dos meus trabalhos identificam

essa influência, mas é algo decorrente da miscigenação

brasileira. Uma das grandes qualidades do Brasil é esse

hibridismo. As minhas influências são decorrentes desse

diálogo aberto que eu tenho com todas as frentes. Eu não

trabalho só com moda. Para cada projeto eu abro as idéias

para outros profissionais para dar essa variedade. Algo que

é um banco de referência para mim. O que eu faço é para a

percepção humana, independentemente se eu uso papel ou

saco de lixo, moda ou artes plásticas”.

Atualmente Jum faz projetos para óperas, museus – inclusive

o cenário do Hoje é Dia de Maria, da Globo –, direção de

arte para alguns comerciais e tem feito vários workshops

e palestras. Também leciona num curso de pós-graduação

para diretores de criação no Instituto Brasil de Arte e Moda,

instituição criada junto à FAAP, MASP, ABIT (Associação

Brasileira das Indústrias Têxteis) e SENAC. “O meu trabalho

não é restrito à moda, fala um pouco sobre a forma de como

o pensamento se organiza e que a criatividade é necessária

para que você mostre aquilo que as pessoas não enxergam,

ou aquilo que é invisível”.

Saiba mais sobre Jum Nakao:www.jumnakao.com.br

“Queria mostrar que o mais importante é o

conteúdo, a idéia, não a forma. Esta forma

deveria ser tão valiosa e os pensamentos

por detrás dela tão densos que, mesmo

desaparecendo, aquilo permaneceria na retina

imagética das pessoas, deixando cicatrizes.”

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JOSINO DE SOUZABaiano de personalidade marcante, Lika – codinome adotado

para facilitar a pronúncia dos japoneses – é proprietário

de um dos restaurantes orientais mais freqüentados na

Liberdade, bairro eleito como seu pela comunidade japonesa

em São Paulo.

Page 54: EVENMAG10

Dedicação determinanteAo chegar à cidade de São Paulo, ainda muito jovem em

1976, Lika arrumou emprego em um restaurante japonês

e começou lavando verduras. Foi lá que surgiu seu real

interesse pela cultura do Japão. “No começo eu não sabia,

mas depois fui percebendo que eu tinha um pouco da

cultura japonesa – como retribuir um favor sem ser cobrado

– e por isso me esforcei para aprender e ser um excelente

funcionário”. Depois de seis anos, largou o emprego para

tentar outras experiências – consertando geladeiras. Mas

ao cabo de um mês, “(...) quase fiquei louco. Foi neste

momento que eu descobri que eu tinha me apaixonado pela

culinária japonesa e não queria fazer outra coisa na vida”.

Voltou a trabalhar em restaurantes japoneses e em 1989

surgiu a oportunidade de conhecer o Japão, quando se

apaixonou então pelo país.

Um baiano no JapãoEm 1991 voltou para lá e ficou durante dois anos aprendendo

tudo sobre a cozinha, que a princípio achou igual a que

tinha aprendido aqui, mas com muito maior disciplina e

com alguns produtos diferentes. Para ele, o que realmente

diferencia os restaurantes brasileiros dos japoneses é que

aqui quando as pessoas descobrem algo gostoso, comem o

mesmo duas ou três vezes mais do que os outros alimentos.

Já o japonês, se ele gosta de algum alimento, vai também

comer além dele outros que podem não ser tão deliciosos,

mas que são necessários para balancear a sua refeição. “A

refeição japonesa é essencialmente balanceada e saudável

e hoje estamos vivendo uma era onde esse tipo de atitude

é valorizada. Mas tem um porém: para que a comida

japonesa seja saudável, ela deve ser muito bem executada.

Trabalhamos com matéria-prima no seu estado natural, é

preciso conhecer o peixe e saber sua procedência. E quem não

passou pela vivência acha que os peixes são todos iguais”.

Apesar de reconhecer que seu aprendizado durante a estadia

foi muito importante, sua origem baiana não lhe permitiu

conviver com um povo que, em sua opinião, é muito frio nos

relacionamentos. “Quando eu trabalhava na cozinha aqui no

Brasil, não falava porque não entendia a língua deles. Lá eu

não falava porque não existe comunicação, pois a cozinha

trabalha em total silêncio”. Por outro lado, admite que a

disciplina e a dedicação dos japoneses ao trabalho foram

fundamentais em sua formação. “Se eu não tivesse passado

por essa convivência com eles, hoje eu não seria o que sou.

Fui muito influenciado pelos costumes (deles). Tudo que eu

tenho hoje devo ao Japão. E não é fácil lidar com eles, mas

a persistência me trouxe onde estou”.

Experiência bem sucedidaNo retorno ao Brasil, teve dificuldade em achar emprego e

resolveu montar o próprio restaurante em um pequeno espaço

na Rua dos Estudantes, na Liberdade, claro. No restaurante,

serve os tradicionais sushis e sashimis, mas adora oferecer

aos clientes um menu degustação, uma refeição como se

fosse preparada no Japão, com tudo muito bem equilibrado.

“Há quinze anos, ninguém consumia esse tipo de comida.

Hoje tem essa nova onda, que foi sendo adaptada ao paladar

do brasileiro. Mas eu não sou seguidor desta linha. Eu faço

o tradicional e não para agradar o gosto de quem só quer

pratos bonitos e próximos do seu gosto”, conclui Lika.

Conheça o Sushi Lika:Rua dos Estudantes, 170 – Liberdade - Tel.: (11) 3207-743554

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FÁBIO YABU

Embora tenha iniciado os cursos de Publicidade, Propaganda

e Desenho Industrial, foi escrevendo e ilustrando mangás

que Fábio Yabu encontrou sua realização profissional. Um

dos únicos mangakás que tem seu trabalho focado no Brasil,

iniciou carreira em 1998, com a série em quadrinhos Combo

Rangers, que começou na internet e logo virou revista

em quadrinhos e linha de brinquedos. Foram 60 histórias

veiculadas pela internet, pelo site www.comborangers.com.

br, e outras 25 em revista. O site do Combo Rangers atraía uma

média de 15 mil visitantes por dia e foi finalista da categoria

infantil do IBEST por dois anos seguidos. “O trabalho de um

mangaká aqui no Brasil é um pouco complicado, porque

não há mercado nas bancas para publicações nacionais. Na

verdade, eu e mais um ou outro autor somos os únicos a

trabalhar para o mercado nacional. Depois disso só tem o

Maurício de Souza. Os outros mangakás do Brasil trabalham

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para o exterior, para editoras dos Estados Unidos, Japão,

entre outros países”, explica Fábio.

Neto de japoneses fugidos da guerra, Yabu não sabe por

que começou a se apaixonar pelo mangá. “Desde criança eu

gostava de quadrinhos e sentia uma afinidade muito grande

por esse estilo japonês. Eu fui escolhido pelo mangá”, conta

Fábio que não freqüentou nem uma escola de desenho,

sendo totalmente autodidata. “Tentei fazer uma faculdade,

mas não consegui ainda. Comecei o curso de publicidade e

de Desenho Industrial, mas parei ambos na metade”, conta.

Apesar de não ser evidente no seu trabalho, Fábio acredita

que recebeu um pouco da influência japonesa. “A disciplina

e perseverança que permaneceram por séculos eu ainda

tenho no meu trabalho”, confessa.

Segundo ele, o mangá chegou ao Brasil pouco depois dos

anos 90, graças à abertura econômica do Japão aos países

da América. “O mangá veio por tabela. E teve um boom

tão grande que tem revistinha que possui tiragem de dois

milhões de exemplares, praticamente uma revista Veja. E

não é fina não, é um calhamaço de histórias que saem todas

as semanas. O interessante é que os japoneses lêem as

histórias e deixam no metrô, porque não têm onde guardar

em casa. A indústria de mangá no Japão é gigantesca e

antes do milagre econômico japonês, ela era só focada

no mercado interno”, explica. Apesar de várias teorias

acreditarem que o mangá surgiu no Japão feudal, da mesma

forma que as histórias em quadrinhos surgiram com a cultura

rupestre, nas cavernas, Fábio acredita que o mangá teve

seu início com Osamu Tezuka, que revolucionou o desenho

japonês graças à influência ocidental. “Ele criou muitos

elementos que são usados até hoje”, acrescenta Yabu. Ao

contrário do que todo mundo acredita, o mangá é bem mais

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do que uma forma de desenho e sim uma história de um

país. “Muita gente acredita que o mangá é simplesmente

desenhar figuras com o olho grande. Mas eu acho que essa

é a menor das peculiaridades. Se você reparar, o Maurício

de Souza faz a Mônica com olho grande. O mangá tem uma

diferença histórica. Enquanto os americanos compravam

quadrinhos mais para diversão, como uma coisa mais de

entretenimento, no Japão era a única forma de distração.

Nesse pós-guerra, onde o pessoal trabalhava muito o dia

inteiro, as pessoas só tinham a leitura como lazer. E isso fez

com que os mangás fossem desenvolvidos para vários tipos

de público. Outro ponto é que o mangá nunca deu muita

importância para cor. Geralmente é feito em branco e preto

em um papel super barato, às vezes igual ao do jornal. Era

como uma lista telefônica”, analisa.

Fabio Yabu também é autor da série de livros infantis

Princesas do Mar, que vendeu mais de 13 mil exemplares

no País. Essa obra ganhou uma adaptação para a televisão,

que acabou atraindo a atenção de canais abertos e por

assinatura do mundo todo: a animação foi adquirida

por mais de 10 países, entre eles, Austrália, Alemanha,

Itália, França, Áustria, Espanha, Portugal, Cingapura e

Israel. Fábio conta que não sofreu qualquer resistência. “Em

todos os países eu sempre fui muito bem recebido. Acho que

isso aconteceu porque alguns têm culturas muito parecidas

com a brasileira”. Atualmente, Princesas do Mar é exibido na

Alemanha, Austrália (onde é líder de audiência) e no Brasil.

Na América Latina, a animação estreou dia 21 de abril, em

31 países, com exibição no Discovery Kids. Princesas do Mar

é composta por 52 episódios, com duração de 12 minutos

cada, ao custo de produção de US$ 7 milhões.

Atualmente, Yabu é sócio-diretor da Flamma, produtora

especializada em conteúdo infantil. Possui dois blogs:

YabloG!, criado em 2002, no qual comenta sobre atualidades,

séries e mantém uma paródia divertida do BBB8, chamada

“BBBonequinho” (no esquema das fotonovelas, exibe

episódios de uma disputa entre seus bonecos: Super-Homem,

Meninas Super-Poderosas, Jesus, Locke, Moranguinho e

Pikachu são alguns dos participantes); além do Mude o

Mundo, criado em 2007, que discute questões ambientais.

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Falar em orquídeas mexe com os sentimentos e a

imaginação das pessoas. Ao pensar nelas, vêm à

mente flores belíssimas com coloridos exuberantes e

formatos pouco usuais. Mas a palavra orquídea, por sua

etimologia, não é assim tão poética; origina-se da palavra

grega “orkhis”, que significa testículo. Mas o que teriam

aquelas flores vistosas a ver com testículos? Ocorre que o

nome dessa família de plantas, tecnicamente denominada

Orchidaceae (nome latino que se lê “orquidace”), foi

ORQUÍDEAS

a complexidadeexotismo dase o

inspirado por certas orquídeas européias que crescem

no solo e possuem, enterrado junto às raízes, um par de

pequenos órgãos arredondados (tuberóides), parecidos com

“batatinhas”, os quais recordariam dois testículos. Pelo

menos é o que pensou Teofrasto, sábio grego, discípulo de

Platão e Aristóteles, que viveu entre 370 e 285 A.C., a quem

se reputa a utilização do nome “orkhis” para designar estas

plantas. Isso também teve uma conseqüência secundária:

emprestou a essas espécies a fama de serem eficazes no

combate à impotência e a problemas reprodutivos.

As orquídeas são apreciadas especialmente por suas flores

ornamentais, mas há espécies com outros usos. A essência

natural de baunilha e as favas de baunilha, por exemplo, são

retiradas de algumas espécies de orquídeas (Vanilla). Mas

não se engane imaginando que todas as orquídeas possuem

flores vistosas. Existem várias cujas flores são pouco maiores

que uma cabeça de alfinete e as realmente ornamentais são,

em sua maioria, híbridas, produzidas artificialmente pelo

homem – não existem espontaneamente na natureza.

Na verdade, na natureza há quase 30.000 espécies diferentes

de orquídeas, o que já dá uma indicação de quanta variação

pode ser encontrada entre elas, não só no tamanho das

Por Fábio de Barros*

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flores, mas também no aspecto geral da planta e no formato

e colorido das flores. As orquídeas que crescem naturalmente

nos países com clima temperado em geral são terrestres,

ou seja, crescem no solo, como a maioria das plantas. Nas

regiões tropicais e subtropicais, no entanto, predominam

espécies de orquídeas que são epífitas, ou seja, que crescem

presas a árvores ou arbustos, porém sem parasitá-los, pois

utilizam as árvores apenas como suporte para alcançarem

locais mais iluminados dentro da floresta.

Orquídeas já foram consideradas plantas muito raras e,

portanto, caras. Durante o século XIX, viveiristas europeus

– principalmente ingleses, franceses e belgas – contratavam

aventureiros coletores (hoje seriam chamados “mateiros”)

que viajavam aos países tropicais à procura de novas espécies.

Os trópicos das Américas, Ásia e África eram, então, pouco

conhecidos e esses coletores se embrenhavam nas florestas

virgens para cumprir suas missões. Muitos deles perderam

a vida durante a empreitada, por afogamento, doenças,

perseguidos por índios, ou das mais diversas maneiras.

Igualmente, a maioria das primeiras orquídeas tropicais

levadas para a Europa morreu por desconhecimento das

condições sob as quais deveriam ser cultivadas. O objetivo

dos coletores era obter exemplares vivos de plantas ainda

desconhecidas na Europa, os quais alcançavam preços

altíssimos. Com o posterior desenvolvimento de técnicas

que permitiram a propagação de orquídeas por sementes,

a raridade e os preços começaram a cair e plantas híbridas

(obtidas pelo cruzamento de duas espécies diferentes)

puderam ser produzidas. A partir de meados do século

XX, novas técnicas de propagação permitem obter um

número imenso de plantas iguais (clones). É uma técnica

relativamente cara, que só pode ser executada em laboratório.

Mas a quantidade de plantas que podem ser geradas é tão

grande que, hoje, é possível encontrar orquídeas a preços

baixos, o que era impensável até algumas décadas atrás.

Hoje, as pessoas podem comprar orquídeas e, em muitas

casas, já são encontradas orquídeas floridas enfeitando

mesas ou aparadores.

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Page 63: EVENMAG10

Mas como o aspecto ornamental das orquídeas se deve às

flores, o que fazer com a planta depois de terminada a

floração? Muitas pessoas têm optado por plantar a orquídea

nos troncos ou ramos das árvores das ruas. Aqui, deve-se

fazer um parêntese para lembrar que a maioria das orquídeas

ornamentais é epífita e, portanto, cresce sobre árvores e

não diretamente no solo. Essa atitude, além de permitir

que a planta sobreviva, certamente brindará os transeuntes

com um belo espetáculo durante a época de floração. Em

alguns bairros de São Paulo essa “mania” já tem dado sua

contribuição para o embelezamento das ruas.

As flores das orquídeas com seus coloridos inusitados e

formatos exóticos são vistas pelos homens sob um prisma

de beleza plástica e ornamentação, mas na natureza, não

há tal conceito de pura beleza – os atributos dos seres

vivos têm, geralmente, um cunho utilitário ou adaptativo.

Assim, as formas e coloridos das flores das orquídeas são

apenas artifícios destinados à atração dos polinizadores.

Explicando melhor: com raras exceções, toda flor dá origem

a frutos e sementes, necessários na reprodução, mas para

isso, precisa ser polinizada. A polinização consiste em levar

o pólen de uma flor para outra, iniciando o processo de

fertilização que dá origem às sementes. A polinização pode

ocorrer por intermédio de agentes não biológicos, como o

vento, mas costumeiramente depende da ação de animais,

principalmente insetos, que carregam o pólen de uma flor

para outra. Pois bem, voltando à polinização das orquídeas,

os coloridos e formas das flores, assim como eventuais odores

produzidos por elas, nada mais são que artifícios para atrair

os polinizadores. E a polinização das orquídeas constitui um

capítulo muito especial da Botânica, tendo merecido até um

livro específico do “pai da evolução” Charles Darwin. Foi ele

que escreveu certa vez, em relação às orquídeas: “Quanto

mais eu estudo a natureza, mais fico convencido de que os

mecanismos e belas adaptações adquiridos vagarosamente

(...) ocasionalmente variando pouco, mas de muitas maneiras

diferentes, com a preservação daquelas variações benéficas

para o organismo sob as condições complexas e sempre

A orquídea Ophrys tem flores que imitam o corpo das fêmeas de vespas para atrair os machos.

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variáveis da vida, transcendem de maneira incomparável os

mecanismos e adaptações que poderiam ser inventados pela

mais fértil imaginação humana”.

E Darwin estava correto. Os variados mecanismos de

polinização das orquídeas vão muito além do que se poderia

imaginar. Há certas orquídeas cujas flores produzem cheiro

que um ser humano consideraria desagradável, mas que atrai

moscas que promovem a polinização. Há outras cujo pólen,

ao invés de ser simplesmente retirado pelo polinizador, é

lançado sobre ele por um mecanismo de gatilho elástico e

nele se gruda através de uma cola bastante forte. Quando

um polinizador visita uma flor, ele espera encontrar alguma

recompensa, geralmente néctar ou pólen. Grande parte

das flores de orquídeas, no entanto, não produz nenhuma

recompensa e apenas engana o polinizador, fingindo que tem

algo a oferecer. Provavelmente o caso mais extremo dessa

adaptação seja o tipo de polinização denominado “pseudo-

cópula”. Ela ocorre em algumas orquídeas, principalmente

européias, cujo labelo (pétala modificada) imita a fêmea

de certas espécies de vespas. Imita não só a forma, mas

também seu odor, de modo que os machos “cortejam” as

flores pensando que são vespas da sua espécie, e chegam a

copular com o labelo. Durante o processo, retiram o pólen

que será depositado na visita à outra flor.

As orquídeas compõem um mundo complexo e com extremos

de variabilidade: há plantas desde grandes até minúsculas;

flores extremamente coloridas até totalmente verdes; flores

perfumadas até nauseabundas, espécies subterrâneas até

espécies que crescem dependuradas entre os ramos mais

altos das árvores. Justamente por essa variabilidade, talvez

sejam o grupo de plantas com maior número de admiradores

e aficionados, que se reúnem em associações, participam

de exposições e brigam pela pontuação de suas plantas em

julgamentos de qualidade. Poucas plantas podem ter em seu

currículo tal quantidade de atributos.

*Fábio de Barros é pesquisador do Instituto de Botânica.

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O ponto de partida foi o programa da Secretaria da

Cultura de São Paulo de tornar o Brasil um país de

leitores. Com isso na cabeça, a jornalista Mona Dorf

participou de um concurso no qual os participantes teriam

que criar um projeto que incentivasse a leitura através do

rádio ou da internet. Fundindo as duas mídias, ela não

só ganhou o concurso como criou o programa Letras &

Leituras, que atualmente vai ao ar todos os dias às 11h45

na rádio paulistana Eldorado

FM. “Através da leitura você

cresce, se desenvolve como

ser humano, alimenta sua

alma e alivia suas mágoas”,

vislumbra Mona. Viabilizado

primeiramente graças ao

apoio financeiro recebido pelo

Programa de Ação Cultural durante seis meses, o programa

contempla também um site (www.letraseleituras.com.br),

no qual os internautas têm acesso às gravações de todas as

entrevistas realizadas. O grande diferencial desse programa

é o seu formato: uma conversa informal que dura geralmente

dez minutos, uma espécie de talk show. “Quando pensei

no projeto, não queria fazer um programa de entrevistas

com autores, pois algumas pessoas poderiam pensar que

aquilo não seria acessível para elas. A idéia é que as dicas

incentiVo À leituraCom patrocínio da Even, o programa Letras & Leituras comandado pela jornalista

Mona Dorf tem a premissa de difundir o gosto e o prazer pela leitura.

Por Lígia Prestes | Fotos Paulo Brenta

dadas no programa se transformem em um boca-a-boca

de livros, pois quando dez pessoas citam o mesmo livro,

uma outra se convence de que tem que ler aquele livro”,

explica a jornalista. Mona também foge das dicas de leitura

em tom professoral e também das regras de leitura. “No

meu programa, eu trago pessoas simples, anônimas ou

famosas que falam a respeito do que elas lêem. À medida

que a pessoa vai ouvindo, vai se identificando. E o preceito

também é entrevistar pessoas

variadas, para que vários perfis

de leitura sejam alcançados”,

completa. Prova disso foi

um menino de oito anos que

lia tanto que acabou sendo

entrevistado por Mona. “Eu

entrevisto alguns professores

anônimos, pessoas que não são célebres, nem famosos, mas

pessoas importantes, inteligentes, que têm muita coisa pra

dizer e muita indicação de leitura para dar”, diz.

A interatividade do programa é garantida no quadro Secretária

Eletrônica, em que ouvintes deixam uma mensagem falando

sobre livros ou trechos. Mona garante que as mensagens mais

instigantes vão ao ar, pois podem, perfeitamente, agregar

sugestões ao ouvinte-leitor. O entrevistado do dia responde

perguntas sobre obras que marcaram sua trajetória. No

“Eu entrevisto alguns professores

anônimos, pessoas que não são célebres,

nem famosos, mas pessoas importantes,

inteligentes, que têm muita coisa pra dizer

e muita indicação de leitura para dar”

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“Através da leitura você cresce, se desenvolve como ser humano,

alimenta sua alma e alivia suas mágoas”

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quadro Jogo Rápido há um pingue-pongue bem humorado,

indicando livros através de perguntas como: qual o livro

de cabeceira, romance do coração, o que está lendo, o que

pretende ler, e por aí vai.

Com orgulho, Mona diz que já conseguiu cumprir a missão

de difundir o hábito e o gosto pela leitura, mesmo porque

o rádio é uma das mídias com maior alcance e com público

amplo. “Sinto que minha premissa foi efetuada quando

abro a página de comentários do site e vejo as pessoas

dizerem que se encantaram com essa ou aquela dica, ou que

o livro tal a fez feliz. Também recebo muitos comentários

na rua de pessoas que me dizem que só de eu falar sobre tal

obra a incitou a ler aquele livro. Isso tudo é ótimo, porque

eu estou cumprindo a minha missão, estou despertando

a chama da leitura nos ouvintes”, conta. Ainda segundo

ela, esse resultado se deve à emoção e ao tom informal

que o programa tem. “Tento passar as dicas da forma mais

simplória possível, por isso o programa é gravado. Eu edito

e enxugo falas muito longas para dar esse dinamismo ao

programa”, acrescenta.

Para Mona, a falta de hábito de leitura no Brasil não é devido

ao alto valor que o livro chega às livrarias. “Hoje em dia, há

várias bibliotecas onde é possível fazer um cadastro e ter

acesso gratuito. Um dos exemplos – do qual eu até faço parte

– é o projeto da biblioteca do metrô. Você simplesmente se

cadastra, recebe uma carteirinha e pode pegar desde obras

mais clássicas até lançamentos. Há uma vasta gama de livros,

com diversos gêneros. Além disso, temos muito sebo e feiras

de trocas de livros. As pessoas podem não ler por falta de

tempo, ou porque esquecem mesmo, mas porque livro é caro

não é motivo para não se ler”, completa.

UMA PARCERIA IMPORTANTEGraças à parceria feita com a Even, o Letras & Leituras

passou de AM para FM. Além disso, o programa pôde

continuar a ser transmitido, pois a verba recebida pela

Secretaria da Cultura contemplava apenas seis meses de

trabalho. “Pensei na Even porque queria agregar a idéia

de construção de empreendimentos com a construção do

saber, do caminhar para o saber. Livro por livro, leitura

por leitura. Além disso, também sei que a Even oferece

aulas de alfabetização nos canteiros de obra e achei que

o site – onde tem todas as entrevistas e as dicas – seria

um bom auxílio para os professores como uma forma de

orientar a leitura em sala de aula”, explica. “Essa parceria

foi importante em dois sentidos: deu continuidade a esse

projeto vencedor associando a marca à construção do saber,

tijolo por tijolo”, acrescenta.

“Sinto que minha premissa foi efetuada quando

abro a página de comentários do site e vejo as

pessoas dizerem que se encantaram com essa

ou aquela dica, ou que o livro tal a fez feliz.”

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Koi por titifreaKA carpa – Koi em japonês – é respeitada no Japão pela sua habilidade em nadar rio acima e pela sua determinação em superar

obstáculos. Símbolo da bravura e persistência, também representando fertilidade e prosperidade, foi magistralmente grafitada

por Tititfreak e fotografada por Paulo Brenta no bairro da Liberdade, em São Paulo.

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Já começa a beijar o meu pescoço

com sua boca meio gelada meio doce,

já começa a abrir-me seus braços

como se meu namorado fosse,

já começa a beijar a minha mão,

a morder-me devagar os dedos,

já começa a afugentar-me os medos

e dar cetim de pijama aos meus segredos.

Todo ano é assim:

vem ele com seus cajás, suas oferendas, suas quaresmeiras,

vem ele disposto a quebrar meus galhos

e a varrer minhas folhas secas.

Já começa a soprar minha nuca

com sua temperatura de macho,

já começa a acender meu facho

e dar frescor às minhas clareiras.

Já vem ele chegando com sua luz sem fronteiras,

seu discurso sedutor de renovação,

suas palavras coloridas,

e eu estou na sua mão.

Todo ano é assim:

mancomunado com o vento, seu moleque de recados,

esse meu amante sedento alvoroça-me os cabelos,

levanta-me a saia, beija meus pés,

lábios frios e língua quente,

calça minhas meias delicadamente

e muda a seu gosto a moda de minhas gavetas!

É ele agora o dono de meus cadernos,

meu verso, minha tela,

meu jogo e minhas varetas.

Parece Deus, posto que está no céu, na terra,

nas inúmeras paisagens,

na nitidez dos dias, no arcabouço da poesia,

dentro e fora dos meus vestidos,

na minha cama, nos meus sentidos.

Todo ano é assim:

já começa a me amar esse atrevido,

meu charmoso cavalheiro, o belo Outono,

meu preferido.

ele

www.revista.agulha.nom.br/elucin00.html | Elisa Lucinda está em cartaz até 29 de

junho de 2008 em “Parem de falar mal da rotina” no Teatro Imprensa

Tel.: (11) 3241 4203

Por Elisa Lucinda

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1outras idéias

Por Maria Christina KeatingFotos Paulo Brenta

A Evenmag visita agora três apartamentos do Edifício Mar no Condomínio Horizons –

projeto do arquiteto Jonas Birger – com área de 119 m2 e mostra idéias de ambientação

para a área social.

Apartamento da Laisa e MarcoMarco conheceu Henry jogando futebol na quadra do

Condomínio e, quando conheceu o apartamento do colega

de jogo, ficou encantado com a decoração. Perguntou logo

quem havia feito o projeto e foi assim que a arquiteta

Alessandra Braggion, mulher do Henry, e sua sócia

Eliana Toledo, da AE arquitetura, foram contratadas para

desenvolver o projeto do apartamento de Laisa e Marco.

Como eles já haviam começado a decorar sozinhos, o

trabalho das arquitetas foi o de integrar as peças e objetos

já adquiridos ao desenvolvimento do novo projeto.

Escolheram tons brancos, marfins e beges para proporcionar

um ambiente calmo e aconchegante. As duas paredes

laterais do living foram revestidas com palhinha natural,

definindo a linha do projeto.

No espaço do jantar, um painel de espelho assentado sobre

a palhinha reflete a mesa e cadeiras em madeira escurecida.

Uma bancada também espelhada abriga um móvel branco

com portas de correr para guardar louças e talheres, desenho

das arquitetas.

Grandes vasos escuros de cerâmica vietnamita contrastam

com delicadas orquídeas nas laterais do painel. Uma

iluminação sutil nos vasos e dois pontos de spots no forro

rebaixado completam a cena e dão equilíbrio ao conjunto.

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No lado oposto, um grande e confortável sofá, revestido

em couro creme, acomoda a família e amigos para curtir

filmes no home-theater. A TV de plasma está instalada em

um painel de laca branca. Este painel foi adaptado pelas

arquitetas e prolongado até o forro. Integrado ao conjunto,

um rack em madeira abriga outros aparelhos eletrônicos.

Entre as duas paredes laterais há um grande quadro revestido

da mesma palhinha natural e sutilmente iluminado com uma

mangueira por detrás, além de fornecer uma iluminação

intimista. Sobre ele, uma tela de Ilca Braggion.

Um aparador discreto laqueado de branco posicionado atrás

do sofá também é apoio para um toque de verde em pequenas

topiarias, em vasos rústicos, acompanhadas por dois abajures.

Para as portas e janelas que dão para a varanda e para a grande

praça central do condomínio foram confeccionadas cortinas

tipo romanas com xales transparentes nas laterais.

Uma idéia interessante foi a reversão do quarto de serviço para o

living, onde foi instalado o home-office. À bancada em embuia

foi acrescentado um painel em laca branca na parte superior,

arrematado por uma prateleira, completando o espaço.

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Page 78: EVENMAG10

2Apartamento da Cecília, Durval, João, Thiago e mais três cachorros.A família, acostumada a viver num imóvel bem maior, se

adaptou muito bem ao novo apartamento, priorizando um

ambiente único e não setorizado.

Cecília convidou a arquiteta Regina Adorno, de quem é

assistente, para detalhar o projeto.

A grande inovação é o painel de nogueira que reveste toda

parede de mais de 8,00 m de comprimento, que acolhe a

TV e ao mesmo tempo incorpora as portas de correr para a

cozinha e para o escritório, unificando todo ambiente.

O lavabo e o quarto de serviço foram eliminados e revertidos

para o living, dando lugar ao escritório para toda família,

incluindo ainda o piano. As bancadas e estantes em vidro

e alumínio dão o toque contemporâneo, valorizado pela

luminária e cadeira do escritório. Para que o painel ficasse

visualmente solto, Regina usou um módulo de vidro de

50 cm de largura para arrematá-lo. Ao seu lado, a porta,

também em vidro, dá acesso à área íntima.

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A mesa de jantar foi para a varanda, onde há uma chur-

rasqueira e um fogão de vitrocerâmica, e normalmente

as refeições ocorrem lá. Assim, a sala fica liberada para

privilegiar os grandes e confortáveis sofás voltados para o

home-theater. Todos os aparelhos eletrônicos e de controle

da TV estão concentrados na parte interna da mesa de

centro, em laca preta, com a abertura voltada para o sofá.

Os fios saem do painel na parede e passam por baixo do piso

até alcançarem a mesa.

Uma prancha comprida em madeira desliza sobre um móvel

baixo, peça de família, encostado à parede, e também serve

de apoio para objetos e eventualmente para um lanche

rápido dos meninos.

Para a lareira a gás, Regina imaginou uma “peça de resistência”,

para causar impacto. Assim, inspirada em uma pedra lapidada, a

moldura da lareira foi pintada em um tom vivo de amarelo.

O pendente no teto ilumina a leitura no sofá ou na poltrona,

que são acompanhados por uma nostálgica cadeira dos anos

50, revestida em veludo marrom.

A estante em laca branca com nichos quadrados ocupa toda

a parede oposta à lareira e abriga as revistas de decoração,

livros da família e uma linda coleção de toy art, paixão

da Cecília. Gavetas na parte inferior guardam CDs, DVDs e

álbuns de fotos.

Consultores e fornecedores:Projeto Regina Adorno • www.reginaadorno.com.br • tel. 3486-2905

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Page 82: EVENMAG10

3Apartamento do JorgeJorge gosta de altura. Ele é piloto de helicóptero e comprou o

apartamento no último andar, e contratou a arquiteta Juliana Barbosa

Pinto, amiga de longa data, para fazer o projeto de decoração.

Com uma vista magnífica para a Zona Oeste da cidade, com direito

a pôr do sol e ao pico do Jaraguá, o apartamento precisava apenas

ser aconchegante para o rapaz que mora sozinho.

Após a entrega da obra pela construtora, a reforma levou 6 meses

para ser concluída. Os acabamentos da cozinha e dos banheiros

não foram alterados.

As paredes laterais do living são revestidas com espelhos e

lambris, fazendo um jogo alternado: ora um espelho central, como

no espaço do jantar; ora um lambri para receber a TV de plasma

sobre o rack desenhado pela arquiteta.

A parede principal do living foi revestida em pedra mineira, em

paginação canjiquinha, um elemento rústico que contrasta com

o brilho do piso em porcelanato, arrematado por um rodapé em

laca branca com 20 cm de altura. No espaço do jantar, a mesa de

vidro e as cadeiras com encosto em palhinha conferem leveza ao

ambiente, refletido no painel de espelho.

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Lambris em madeira escura arrematam o console em laca

branca, desenho da arquiteta.

O confortável sofá revestido em chenile bege, acompanhado

por duas cadeiras giratórias de fibra natural, dão o toque

de elegância.

Sutilmente, as cortinas em shantung de seda deixam

pressentir a vista deslumbrante de dia ou à noite. Para curtir

a TV, são acionados os forros blackout para proporcionar um

clima perfeito ao home-theater.

O forro foi rebaixado para a instalação de spots com lâmpadas

Consultores e fornecedores:Projeto: Decoradora/paisagista • Juliana Barbosa Pinto • Tel. 8599-9821

E-mail: [email protected]

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da mesa de jantar.

Para completar um espaço tão simpático, Juliana distribuiu

vasos com plantas preservadas.

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Page 86: EVENMAG10

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Foto do living do apartamento decoradoPerspectiva artística da piscina coberta com raia de 25 m

LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Incorporação registrada sob número R2, na matrícula 172.766, do 6º Cartório de Registro de Imóveis da Capital em 16/5/2008. **Referente à unidade 13 da Torre E: entrada de R$ 14.680,00; 30/60/90 dias de R$ 8.560,00; 36 mensais de R$ 590,00; 3 anuais de R$ 7.130,00 (1ª em dez/08); chaves de R$ 23.960,00; financiamento de R$ 320.850,00.

Page 87: EVENMAG10

O maior e mais completo empreendimento do Ipiranga.

Lançamentoipiranga

Mensais a partir de R$ 590,00**

Pacheco e Chaves

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Rua Leais Paulistanos

Rua Tabor

Rua do Fico

Rua dos Sorocabanos

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Dr.

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Av. Prof. Luiz Ignáciode Anhaia Mello

Av.

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Rua Cônego Januário

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Viaduto

Museu doIpiranga

FaculdadeSão Marcos

Clube AtléticoIpiranga

Rua dos Patriotas

Av.

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Croqui de localização sem escala

25.700 m2 de terreno com mais de 50 opções de lazer.

Visite decorados por Débora AguiarRua Tabor, 647 (esquina com a Rua do Manifesto)

Apartamentos de 236, 188 e 140 m2

4 suítes ou 4 dormitórios Condições especiais de pagamento. Não perca.

Informações: 2219-0958 / 3067-0040 • plazamayoripiranga.com.br

Projeto arquitetônico: Jonas Birger

Perspectiva artística da vista aérea da praça central

Foto do living do apartamento decoradoPerspectiva artística da piscina coberta com raia de 25 m

LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Incorporação registrada sob número R2, na matrícula 172.766, do 6º Cartório de Registro de Imóveis da Capital em 16/5/2008. **Referente à unidade 13 da Torre E: entrada de R$ 14.680,00; 30/60/90 dias de R$ 8.560,00; 36 mensais de R$ 590,00; 3 anuais de R$ 7.130,00 (1ª em dez/08); chaves de R$ 23.960,00; financiamento de R$ 320.850,00.

Page 88: EVENMAG10

todos os Bolos

88

déci

ma

ediç

ão

Page 89: EVENMAG10

Assim conta o livro “Fabrico Próprio – o design da paste-

laria semi-industrial portuguesa” que acaba de ser

lançado em Portugal. De autoria do Estúdio Pedrita e

de Frederico Duarte, o livro é dedicado à doçaria portuguesa

e à sua relação com o design. Refletindo a importância da

cultura e sociedade portuguesas, consiste primordialmente

num registro “enciclopédico” de todos os bolos doces

do cotidiano de Portugal. A maioria deles é consumida

habitualmente no Brasil e podem ser facilmente reconhecidos,

apesar de os nomes muitas vezes serem totalmente diferentes.

Nas quase trezentas páginas do livro – também pontuado por

ensaios de profissionais de gastronomia, designers, fotógrafos

e ilustradores, entre outros – encontramos 92 tipos de doces

e suas variantes retratados em escala próxima do real, junto

da respectiva identificação, ingredientes, características

especiais e dados históricos.

E também são muitas as curiosidades descobertas ao saborear

tão delicioso livro; como, por exemplo, sobre os bolos mais

surpreendentes ou excêntricos, os mais desconhecidos, os

mais populares, encontrados de São Paulo a Londres, de

Singapura a Maputo, ou ainda, sobre as relações entre

doçaria e arquitetura. Em comemoração à décima edição da

Evenmag e à imigração japonesa, escolhemos um trecho do

livro para festejar com nossos leitores.

“A amizade entre os povos de Portugal e do Japão teve início

no ano de 1543, quando o primeiro navio ocidental (que

era português) chegou à ilha de Tanegashima. A primeira

impressão que os navegadores, comerciantes e religiosos

portugueses provocaram nas terras do Sol Nascente foi de

surpresa e espanto: as vestes, armas, fisionomia e costumes

destes primeiros europeus que os japoneses conheceram eram

algo completamente novo, nunca visto. Este encontro de

culturas deixou marcas indeléveis no Japão: muitas das coisas

que os portugueses levaram, e os seus nomes – como pan

(pão), kompeito (confeito), karamero (molho de caramelo),

tempura (tempero), entre mais de 100 palavras de uso diário

– fazem ainda hoje parte da vida e cultura japonesas. Uma

dessas novidades que os portugueses levaram para o Oriente

rapidamente se tornou um forte elo entre os dois povos: um

O pão-de-ló, quem diria, nasceu em

Portugal, mas antes de chegar ao Brasil,

transformou-se em uma iguaria japonesa.

Foto Namiko Kitaura

Page 90: EVENMAG10

bolo, pouco doce e muito rico em ovos, que conhecemos hoje

como Pão de Ló, e a que os japoneses chamaram de Kasutera

(Castella). A proveniência do seu nome é disputada por duas

teorias: a primeira defende que tem origem no outro grande

reino ibérico, Castela – do qual Portugal fez parte entre

1580 e 1640. Esta confecção leve e esponjosa teria então

a designação de ‹Pão de Castela› (ainda hoje é chamado

de Pan di Spagna na Itália, Pain d’Espagne na França, ou

Pantespani na Grécia). A segunda teoria associa a palavra

‹Castella› às claras em castelo – o elemento fundamental para

o crescimento e textura deste bolo. Independentemente da

origem do nome, ainda hoje todos os japoneses associam

automaticamente Kasutera a Portugal.

A Castella vem sendo produzida desde o séc. XVI de acordo

com a receita original, à qual, em lgumas variações, são

adicionados ingredientes como o chá verde, chocolate

ou mel, que adorna – e adoça – o topo de cada fatia de

bolo. De acordo com a tradição, a Castella tem origem

na cidade de Nagasaki, no sul do Japão, cidade fundada

pelos portugueses, o que explica ser a única cidade

japonesa sobre colinas. Tal contribuiu para ter resistido,

no bombardeamento atômico de 1945, a uma bomba mais

forte que a de Hiroshima. Ainda hoje, é neste histórico

entreposto português no Extremo Oriente que estão os mais

conhecidos e prestigiados fabricantes de Castella – e um

deles se chama mesmo pan de ro. Logo após a ‹Restauração›

Meiji – uma cadeia de eventos que no fim do séc. XIX pôs

termo ao período Edo (1603-1868) e ao feudalismo, levando

a radicais mudanças na estrutura política e social do país

–, o consumo de Castella constituía um símbolo de riqueza

e de estatuto social. Nesta altura, o Japão se abria ao

exterior, ao Ocidente e começava o seu vigoroso processo

de industrialização e de militarização, que o tornaria uma

potência mundial já em 1905. Um bolo ‹importado› e feito

90

déci

ma

ediç

ão

Page 91: EVENMAG10

com tantos ovos e açúcar, – caros e preciosos ingredientes

– fazia com que seus consumidores fossem olhados com

admiração e respeito. É a partir daí que a Castella se torna

parte integrante da sociedade japonesa: primeiro, um

sofisticado doce apenas disponível a poucos, mas ao longo

do séc. XX, um produto de consumo generalizado por todo

o arquipélago.

A Castella não é feita em casa. Pode ser servida em fatias

precisas de doces paralelepípedos em casas de chá; ou

produzida ‹na hora› em formas circulares e vendida num sem

número de lojinhas de rua, assim como nas sofisticadíssimas

redes de Department Stores. E é nas suas embalagens

que a sensibilidade para o detalhe e o cuidado com a

apresentação, mas também o fascínio dos japoneses pela

cultura popular e televisiva, se fazem sentir. Estas tanto

podem ser elaboradas composições de várias camadas de

finos papéis que envolvem as versões mais requintadas de um

leve bloco de Castella, como vibrantes pacotes de plásticos

simplesmente coloridos, impressos com personagens de

desenhos animados ou de banda desenhada (histórias em

quadrinhos).

A Castella é, também, um presente do Imperador aos seus

convidados. Mas está presente na vida dos japoneses da

mesma forma que os portugueses apreciam a sua pastelaria

semi-industrial: ambos os povos não podem viver sem estes

produtos de consumo tão especiais, que dão doçura ao seu

palato, beleza aos seus olhos e forma às suas culturas.

Embora tão distantes, acreditamos que as nossas culturas

têm ao mesmo tempo muito em comum. E que vale a pena,

por isso, reforçar os laços que nos unem e nos inspiram.”

Serviço:Em tempo: o livro Fabrico Próprio pode ser encomendado pelo

site www.fabricoproprio.net/sales.html.

Page 92: EVENMAG10

Para ampliar ainda mais os seus negócios, a Even

fechou uma parceria com a Magis Incorporação e

Desenvolvimento Imobiliário em Fortaleza. “Escolhemos

essa empresa primeiramente pela qualidade demonstrada

pelo empreendedor da Magis, Deda Studart, que tem um

histórico empresarial de sucesso. Em função da posição

de destaque que Deda e sua família ocupam no cenário

empresarial cearense, sua capacidade de prospectar e

desenvolver negócios na região é um dos principais

fatores que nos chamou a atenção para o estabelecimento

da parceria”, diz Cassiano Damasceno, responsável pelo

desenvolvimento de novos negócios da Even.

A escolha de Fortaleza como nova área de atuação surgiu

em função da configuração que o setor vem tomando, aliada

à crescente disponibilidade de crédito. “Percebemos um

potencial relevante de atender públicos diversos, ampliando

e diversificando cada vez mais nossa área de atuação”,

eVen amplia seus negócios e chega a fortaleza.

completa Cassiano. “O mercado cearense apresenta um

potencial grande de crescimento, em função da demanda

reprimida e disponibilidade de terrenos. Fortaleza hoje é

a 4ª maior cidade brasileira e possui uma taxa histórica de

crescimento populacional médio de 1,76% ”, acrescenta.

A parceria tem o objetivo de atuar com empreendimentos

residenciais e comerciais no estado do Ceará. Toda a

elaboração e desenvolvimento dos Empreendimentos da

parceria serão definidos em conjunto pelas partes. “A parceria

já se iniciou com uma interação muito forte e proveitosa

entre as equipes das duas empresas, desde a prospecção

de novos negócios até a entrega dos apartamentos aos

clientes”, anima-se Cassiano. Com o início de uma parceria

com um landbank diversificado e muito diferenciado, a

Even pretende adquirir novos terrenos. Até o fim do ano,

a empresa pretende lançar três projetos situados entre os

segmentos emergentes e de renda média-alta.

92

novo

s neg

ócio

s

Page 93: EVENMAG10

A linha IndusParquet reúne as melhores matérias-primas, a mais alta tecnologia e um profundo compromisso com a natureza. O resultado é uma linha de produtos que aliam funcionalidade e beleza de maneira única, e são perfeitos para os mais diversos projetos.

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Page 94: EVENMAG10

priVilégio e exclusiVidade nosophistic

Generoso living com lareira.Um ambiente repleto de bom gosto e conforto para a sua família.94

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Page 95: EVENMAG10
Page 96: EVENMAG10

Amplo terraço com total integração à área social.

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Page 97: EVENMAG10

A amplitude da cozinha faz com que a decoração se torne clean e eficiente.

Page 98: EVENMAG10

Sala íntima com integração total aos demais ambientes fazem parte desse projeto.

Suíte e sala íntima com infra-estrutura para ar-condicionado.

98

estil

o ev

en

Page 99: EVENMAG10

Ampla suíte com closet e banho máster com cuba dupla e banheira faz parte dos 370 metros quadrados do apartamento.

Page 100: EVENMAG10

Tudo isso aliado a uma farta gama de lazer comopiscina, sauna,quadra de tênis e muito mais.Visite decorado:SophisticRua Edson x Rua Conde de Porto Alegre100

estil

o ev

en

Page 101: EVENMAG10

Grandes empresas já aderiram a essa causa: rede accor, novotel, demarest e almeida, pinheiro neto, tozzini e Freitas, viena, dixie toGa, cinemark, sabó e muito mais. Graças a esse apoio, a unibes atende a mais de 400 jovens, em 9 cursos proFissionalizantes. e esse trabalho tem Garantido ótimos resultados para os alunos: 60% de empreGabilidade pós-curso, com 90% de eFetivação. mas queremos melhorar ainda mais esses números. e para isso, precisamos da sua ajuda. Faça parte desse projeto, seja você também nosso parceiro.

www.unibes.org.br

Foto ilustrativa

Eug

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Page 102: EVENMAG10

Empreendimentos em São PauloEmpreendimentos em São Paulo

Participação: Tishman Speyer

Participação: JCR Construção Civil. CAMPO BELÍSSIMO • Rua Volta Redonda, 270 • Campo Belo

CONCETTO • Rua Dr. Homem de Melo, 1180 • Perdizes

DUO • Rua Prof. Frederico Herman Junior x Nicolau Gagliard • Alto de Pinheiros

acompanhe o andamento do

seu empreendimentomaio 2008

acompanhe o andamento do

seu empreendimentomaio 2008

102

obra

em

foco

Page 103: EVENMAG10

Para mais informações, acesse www.even.com.br

INSPIRATTO • Rua Mourato Coelho, 716 • Pinheiros

santacruz

VIDA VIVA SANTA CRUZ • Av. do Cursino x Rua Tupanaci, 77 • Santa Cruz

Participação: Concord Incorporações Imobiliárias

BOULEVARD • Rua Dr. Cândido Mota Filho, 81 • Vila São Francisco

ACQUA AZULI • Rua Santa Virginia, 247 • Tatuapé

obra

em

foco

Page 104: EVENMAG10

Participação: Yuny Incorporadora

Participação: M.BIGUCCI Construtora

PLAZA MAYOR • Av. Imperatriz Leopoldina x Rua Mergenthaler • Alto da Lapa

PARTICOLARE • Rua Volta Redonda x Rua Zacarias • Campo Belo

SPAZIO DELL’ ARTE • Rua Lupércio Miranda, 1776 • Santo André

Participação: Tishman Speyer

THE GIFT • Rua Luiz Correa de Melo x Luis Seraphico Júnior • Granja Julieta Participação: Yuny Incorporadora

Empreendimento em Santo AndréEmpreendimento em Santo André

104

obra

em

foco

Page 105: EVENMAG10

Para mais informações, acesse www.even.com.br

IN CITTÁ • Alameda dos Guaiós x Av. Indianópolis • Moema

ESPECIALE • Rua Franco da Rocha, 336 • Perdizes

ILUMINATTO • Rua Francisco Cruz, 284 • Chácara klabin

WINGFIELD • Rua Pinto Gonçalves, 85 • Perdizes

Page 106: EVENMAG10

Para mais informações, acesse www.even.com.br

mooca

VIDA VIVA VILA MARIA • Rua do Imperador, 1585 • Vila Maria

VIDA VIVA MOOCA • Rua Canuto Saraiva, 280 • Mooca

VERTE • Rua Pires da Mota, 979 • Aclimação

VITÁ • Rua Carlos Weber, 87 • Alto da Lapa

106

obra

em

foco

Page 107: EVENMAG10

tatuapé

VIDA VIVA TATUAPÉ • Rua Guaraciba • Tatuapé

Empreendimento em SorocabaEmpreendimento em Sorocaba

CLUB PARK • Rua Ataliba Leonel, 1716 • Santana

L’ ESSENCE • Rua Antônio Perez Hernandes, • Campolim

BREEZE • Rua Jorge Americano x Pres. Antônio Cândido • Alto da Lapa

Page 108: EVENMAG10

Empreendimento em Belo HorizonteEmpreendimento em Belo Horizonte

Empreendimentos em GoiásEmpreendimentos em Goiás

RESERVA DO BOSQUE • Estrada dos Três Rios, 1721 • Freguesia Participação: W3 Engenharia

Participação: BRISA Incorporações

Participação: CAMPOS ConstrutoraTENDENCE • Av. T-15 x Rua 235 • Nova Suíça

LE PARC • Rua 15 x Rua 66 • Jardim Goiás

SPAZIO DELL’ ACQUA • Alameda da Serra, 804 • Vila da Serra

s p as p a z i o d e l l ’ a c q u a

Participação: CAMPOS Construtora

Empreendimento no Rio de JaneiroEmpreendimento no Rio de Janeiro

108

obra

em

foco

Page 109: EVENMAG10

Project1 28.03.08 13:59 Page 1

Page 110: EVENMAG10

guia de empreendimentosguia de empreendimentos

EMPREENDIMENTO BAIRRO TELEFONE VAGA

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Arts Ibirapuera 3057.3437 4 4 4

Boulevard Vila SãoFrancisco

3714.0705 2/3 3/4 1/2

Breeze Alto da Lapa 3831.4684 3/4/5 4 2

CampoBelíssimo

Campo Belo 5044.7295 3/4 4 2/4

Club ParkButantã Butantã 3067.0000 2 4 1

Double Campo Belo 3067.0000 4/6 4 4

Du Champ Campo Belo 3067.0000 4 3/4 3/4

Duo Alto de Pinheiros

3816.1055 4/5 4 4

Especiale Perdizes 3877.0593 4/5 4 4

Gabrielle Campo Belo 3067.0000 4 3/4 3/4

Grand ClubSão José

Vila Ema(12)

3021.01312/3 4 2

Iluminatto ChácaraKlabin

5084.2034 3/4 4 2

In Città PlanaltoPaulista

5072.4840 3/4 4 2

Inspiratto Pinheiros 3037.7568 2/4 4 2/3

L`EssenceCampolim

Campolim(15)

3234.61443/4 3/4 2/3

Magnifique Anália Franco 3067.0000 5/6 4 4

Particolare Campo Belo 5531.2609 5/7 4 4

guia

eve

n

Um guia para facilitar a sua escolhaUm guia para facilitar a sua escolha

110

Page 111: EVENMAG10

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EMPREENDIMENTO BAIRRO TELEFONE VAGA

S

DORM

ITÓR

IOS

SUÍT

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TERR

AÇO

PISC

INA

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DESC

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DE

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MA

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Plaza Mayor Alto da Lapa 3466.3820 2/3/4 2/3 2/3

Plaza Mayor Ipiranga 3067.0000 4 4 3

Reservado Bosque

Freguesia(21)

3526.00002 4 2/3

Signature Moema 3067.0000 4/5/6 4 4

Sophistic Campo Belo 3067.0000 5/6/7 4 4

SPA - Spazio Dell`acqua

Vila da Serra(31)

3541.21113 4 2

Terrazza Mooca Mooca 3067.0000 2 4 2

The Gift GranjaJulieta

3466.3820 4 4 2/4

Up Life Recreio(21)

3526.0003311.1600

1/2 2/3 1

Verte Aclimação 3277.3108 3/4 4 2

Vivre Alto da BoaVista

3067.0000 2 3/4 1/2

Vida VivaButantã Butantã 3766.5368 2 3/4 1

Vida VivaFreguesia do Ó

Freguesiado Ó

3991.2919 1/2 3 1

Vida VivaSão Bernardo Baeta Neves 4122.1501 2 3/4 1

Vida Viva Tatuapé Tatuapé 3067.0000 1/2 3/4 1

Vida VivaVila Maria Vila Maria 3067.0000 1/2 3 1

Villaggio Monticiello Vila da Serra

(31)3264.9049

4 4 4

Vitá Araguaia Freguesia(21)

3526.00001/2 2/3 1

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