ESTUDO SAZONAL DA EFICIÊNCIA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO POR ZONA DE RAÍZES.
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ESTUDO SAZONAL DA EFICIÊNCIA DE TRATAMENTO DE ESGOTO
DOMÉSTICO POR ZONA DE RAÍZES.
Resumo do Projeto
Cerca de 19,5 bilhões de litros de esgoto são gerados por ano, destes apenas
cinco bilhões de litros são tratados (IBGE ,2000), ou seja, 14,5 bilhões de litros
de esgotos são jogados in natura em corpos hídricos ou no solo. A falta do
tratamento do esgoto e sua disposição em corpos d’água resultam em umaumento na incidência de doenças, como diarréia, hepatite infecciosa, febre
tifóide, entre outras. Para minimizar estes problemas o objetivo do projeto é
avaliar a eficiência do tratamento de esgoto doméstico, pelo método de zona
de raízes para posteriormente aplicá-lo em comunidades de baixa renda,
devido à ausência do uso de energia elétrica para o processo de tratamento,
sua construção e manutenção simplificada e sem a necessidade da aplicação
de produtos químicos, apenas requer disponibilidade de área para sua
construção, o torna economicamente viável, além do aspecto paisagístico. O
projeto piloto está situado no município de Embu-Guaçu, em uma casa
particular de veraneio, onde foi dividido em três tanques enterrados com 60 cm
de altura cada e área superficial total de 12 m². Embora o sistema não possua
fluxo constante, pela residência ser de veraneio, os resultados foram
satisfatórios, chegando a uma redução de aproximadamente 46% de DBO,
55% de fosfato e amônia e, praticamente, eliminando os sólidos sedimentáveis.
Palavras-chave: zona de raízes, tratamento de esgoto doméstico, wetlands.
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1. Introdução
Segundo TSUTIYA e SOBRINHO o esgoto doméstico trata-se do despejo do
homem mediante seus hábitos higiênicos e necessidades fisiológicas, sendo
composto por 99,9% de água. A fração restante de 0,1% inclui sólidos
orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, bem como microrganismos
(VON SPERLING, 1996) (Figura 1).
Figura 1- Concentração de sólidos no esgoto doméstico (VON SPERLING,1996).
É nesta pequena fração, 0,1%, onde se encontram os agentes patogênicos e,
conseqüentemente, os problemas relacionados à saúde, causando algumas
doenças como diarréia, cólera, febre tifóide, entre outras, proveniente do
despejo in nature em corpos d’água ou nos solos, que por processo hidrológico
chega ao mesmo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% de todas as
doenças que afetam os países em desenvolvimento provém da água de má
qualidade e que 25 milhões de pessoas no mundo morrem por ano em virtude
de doenças transmitidas pela água, principalmente devido à diarréia e a cólera.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000) apontam
que no Brasil 44,8% da taxa de mortalidade de menores de cinco anos por
1.000 nascidos vivos, está relacionado à condições inadequadas de
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esgotamento sanitário, tendo maior preocupação na área rural, onde apenas
5,3% da população possuem rede coletora de esgoto, enquanto que a
população urbana chega a 57,39%. Mesmo sendo um valor bem significativo
para população urbana, à porcentagem de coleta do esgoto ainda é baixa, uma
vez que coletar, não necessariamente signifique tratar. (PNAD, 2007)
A fração da população mais afetada são as comunidades de baixa renda e as
afastadas dos centros urbanos, onde o saneamento é precário ou não existe, e
seus efluentes são lançados diretamente nos corpos d’água.
Desta maneira é de fundamental importância tratar qualquer efluente, sendo
ele doméstico ou industrial, antes de ser despejado, para evitar danos à saúde
e ao meio ambiente.
Com este descontrole de despejos não tratados, a falta de saneamento e a
população periférica crescendo de maneira desordenada, têm-se os corpos
hídricos cada vez mais poluídos, promovendo gastos elevados com o
tratamento do mesmo para posteriormente o consumo humano ou a busca em
locais mais distantes onde a poluição seja menor. Um exemplo claro é a região
metropolitana de São Paulo, onde a população cresceu sem controle e sem o
devido saneamento, poluindo praticamente 100% dos seus corpos hídricos.
Para que estes cenários não se proliferem, alternativas de tratamento de
efluentes com grande eficiência e baixos custos relacionados à construção,
manutenção e operação estão sendo desenvolvidos e posto em prática.
Um método estudado há mais de 30 anos em relação ao tratamento de
esgoto é o sistema por zona de raízes, ou da palavra inglesa wetlands.
Estes são sistemas onde solo, plantas aquáticas e microrganismos interagem
e promovem a degradação da matéria orgânica e nutrientes. São
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ecossistemas, geralmente de transição entre ambientes terrestres e aquáticos,
regiões encharcadas durante o ano, parciais ou permanentes, nos quais ocorre
a depuração de compostos e nutrientes de forma espontânea, sem que haja
nenhum tipo de controle relacionado à infiltração, vazão ou adição de energia
externa. Estas zonas de raízes naturais são conhecidas como brejos, várzeas,
pântanos, manguezais e banhados. (Figura 2).
Figura 2– Zona de raízes naturais.
O solo interage de várias formas, atuando como suporte físico para as
plantas, dispondo de uma considerável área superficial reativa que pode
complexar íons, ânions e outros componentes e serve como meio de aderência
para a fixação da população microbiana. (Hammer, 1989).
As plantas, denominadas macrófitas, produzem quantidades de carbono
capazes de manter comunidades de microrganismos heterotróficos
indispensáveis na transformação de nutrientes (IWA Specialist Group on Use of
Macrophytes, 2000).
Além destas características naturais de purificação da água, as zonas de
raízes naturais possuem uma rica diversidade em questão de fauna e flora,
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sendo um sítio de alimentação, reprodução e nascimento de diversas espécies
de animais e plantas.
Em função a esta divindade natural e suas características de melhoria naqualidade da água, desenvolveu-se um sistema com estas funções de forma
controlada, denominado zona de raízes construída. Onde são elaborados com
o intuito de obter a mesma função das zonas de raízes naturais, mas em um
ambiente controlado, com uma área impermeabilizada requerida para o
tratamento, evitando assim infiltração de esgoto e contaminação do solo e
lençol freático.
Nos Estados Unidos, em 1973, foi construído o primeiro sistema experimental
americano de tratamento por zonas de raízes, refletindo um maior interesse de
pesquisa e uso desse tipo de tratamento.
Segundo Salati (2003), o projeto pioneiro utilizando Zona de raízes, no Brasil,foi realizado na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) em
Piracicaba - SP, onde foi construído um lago artificial nas proximidades do Rio
Piracicamirim, altamente poluído.
De acordo com a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC,
1985), esse sistema tem base em solos filtrantes, sendo uma tecnologia auto-sustentável e assim sendo utilizado de forma a atender pequenas
comunidades, escolas e residências unifamiliares.
Para Valentim (1999), o tratamento das águas por zona de raízes é o
resultado da união entre os processos físicos, químicos e biológicos que
ocorrem por causa do filtro físico, das comunidades bacterianas e macrófitas.
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Os principais mecanismos de remoção de poluentes nestes sistemas incluem
a sedimentação e filtração (físicos), a precipitação e adsorção (químicos) e o
metabolismo bacteriano (biológico) (FREEMAN e STEINER, 1989).
São utilizados principalmente em nível secundário e terciário no tratamento de
esgotos, pois têm-se a necessidade de eliminar a carga excessiva de sólidos
grosseiros, proveniente do esgoto domésticos, podendo entupir a tubulação
e/ou os leitos filtrantes. Por esta razão algumas formas de pré-tratamento são
requeridas, sendo freqüentemente utilizados os tanques sépticos, filtros de
areia.
Haberl (1999) Apud. Philippi e Sezerino (2004) citam algumas vantagens das
zonas de raízes construídas em relação às estações de tratamento
convencionais como a utilização de processos naturais, construção, operação e
manutenção simplificadas, custo reduzido, sem gasto de energia, não há
adição de produtos químicos e nem produção de lodo, além do aumento da
biodiversidade local e o efeito paisagístico.
Assim como em todos os sistemas, existem desvantagens, sendo elas;
preferência para esgotos domésticos, dependendo do número de contribuintes
são necessárias grandes áreas para a implantação do sistema, alguns tipos de
sistemas podem favorecer a proliferação de organismos patógenos e de
insetos, além da possibilidade da geração de maus odores se não forem
geridos adequadamente (estes dois últimos são mais comuns nos sistemas
superficiais).
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Alguns autores ainda citam a possibilidade da utilização deste tipo de
tratamento em efluentes industriais (SAKADEVAN; BAVOR, 1999) e em
pisciculturas (MICHAEL, 2003).
Os sistemas de zona de raízes construída possuem algumas classificações,
estas de acordo com a direção do fluxo hidráulico, a posição do nível d’água
em relação ao leito, e ao tipo de vegetação utilizado, desta forma temos os
sistemas de fluxo horizontal, podendo subdividir-se em superficial, sub-
superficial e combinado, no primeiro a vegetação pode ser emergente, flutuante
e submersa, já no segundo existe apenas a possibilidade de serem fixas e os
sistemas de fluxo vertical subdividindo-se em ascendente e descendente.
As figuras de 3 a 6, ilustram as classificações dos sistemas construídos.
Figura 3 – Sistema de zona de raízes sub-superficial e superficial (ZANELLA,2008).
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Figura 4 – Tipos de plantas no sistema de fluxo horizontal (Fonte: UFSCAR,2009).
Figura 5 - Representação do sistema por zona de raízes de fluxo verticaldescendente (ZANELLA, 2008).
Figura 6 - Representação do sistema por zona de raízes de fluxo verticalascendente (Adaptado de ZANELLA, 2008).
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A macrófita é o tipo de vegetação mais adequado para utilizar no sistema de
zona de raízes, pois são capazes de se desenvolverem em área
permanentemente saturadas ou submersas. Há uma preferência para as
espécies nativas locais, desde que sua retirada não cause danos ao meio,
devido a sua facilidade de adaptação e crescimento naquele tipo de condições
climáticas.
Pode-se destacar duas funções básicas e essenciais das macrófitas
(Hammer, 1989): as raízes, rizomas e caules podem suportar uma grande
quantidade de microrganismos, aumentando significadamente a área de
contato e aderência para a formação do biofilme na rizosfera: são capazes de
transportar gases atmosféricos, inclusive o oxigênio, da sua parte aérea, folhas,
até as raízes, promovendo assim, condições favoráveis à degradação aeróbia
da matéria orgânica e a transformação de nutrientes.
Quando se deseja mimetizar os alagados naturais, várias espécies vegetais
podem ser utilizadas simultaneamente no mesmo tanque. Dependendo das
espécies implantadas, pode ocorrer à dominância de algumas, mais adaptadas
às condições da instalação, e o desaparecimento ou redução significativa das
demais até o estabelecimento do equilíbrio (ZANELLA, 2008).
As bactérias são os microrganismos mais importantes na decomposição da
matéria orgânica e reciclagem de nutrientes, desempenhando três papéis
básicos: a oxidação da matéria carbonácea, a nitrificação e a desnitrificação
(Philippi e Sezerino, 2004).
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Com relação ao dimensionamento das unidades do tipo zona de raízes
construídos, são inúmeros os elementos e critérios que devem ser levados em
conta.
Inicialmente, necessita-se identificar o objetivo principal da implantação dos
filtros plantados com macrófitas, ou seja, a qual nível de tratamento dos
esgotos o sistema será submetido, nível secundário e/ou terciário.
A partir desta primeira identificação, busca-se junto ás literaturas pertinentes
os modelos de dimensionamento mais aplicáveis a situação local,considerando elementos como as variáveis climáticas (temperatura, índice
pluviométrico, altitude...), as disponibilidades locais de materiais filtrantes, o
espaço territorial disponível, as condições de relevo, o potencial de percolação
do solo ao redor, bem como a profundidade do lençol freático.
O modelo de dimensionamento desenvolvido por Cooper et al. (1996) vemsendo amplamente utilizado na Europa, mais especificamente no Reino Unido,
para a determinação da área requerida para efetuar o tratamento secundário
do esgoto doméstico, apresentado na Equação 1, a seguir.
Equação 1.
Onde:
Ah = área superficial requerida (m²) Q = vazão média afluente
(m³/d)
Co = concentração afluente em termos de DBO5 (mg/L = g/m³)
Ce = concentração efluente em termos de DBO5 (mg/L = g/m³)
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KDBO = usualmente empregado valores de 0,1 para tratamento secundário e
0,3 para terciário (m/d)
Faixas de aplicação encontram-se variando de 1 a 5 m²/pessoa quando osfiltros plantados com macrófitas são empregados como tratamento secundário
(Cooper et al., 1996). Vymazal (1990) indicam valores na ordem de 1,6
m²/pessoa; Sezerino e Philippi (2000) aplicando uma unidade para tratar
efluente de uma residência padrão (5 pessoas), reduziram a área requerida
para valores de 0,8 m²/pessoa sem que a performance de tratamento fosse
afetada significadamente.
Obtida a área superficial necessária para a implantação do sistema é preciso
saber como irá se distribuir pelo terreno, segundo a literatura há uma restrição
neste quesito, obedecendo à relação comprimento:largura de, no mínimo, 2:1,
ou seja, o comprimento tende a ser duas vezes maior que a largura.
Já para a questão da altura do filtro plantado não há indicações claras. Caso
o mesmo seja construído com alturas elevadas estará favorecendo as reações
anaeróbias e, desta forma, como produto final a produção de maus odores,
caso contrário, com alturas muito baixas, não haverá o tempo de contato com o
leito filtrando suficiente para que o efluente possa ser purificado e menor será o
contato de adesão das raízes das macrófitas no sistema limitando o seu
crescimento.
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2. Objetivos
O objetivo deste projeto é avaliar a eficiência do tratamento de esgoto
doméstico pelo sistema de zona de raízes, por análises físico-químicas ebiológicas, em três diferentes casos: o primeiro apenas com leitos filtrantes
(britas de granulometrias diferenciadas), o segundo com os mesmo leitos
filtrantes e com apenas uma espécie de macrófita, a Hedychium coronarium
(popularmente conhecido como lírio do brejo) e o terceiro com leitos filtrantes e
várias espécies de macrófitas e plantas palustres.
3. Metodologia
O sistema piloto esta localizado no município de Embu-Guaçu - SP, como
mostra a Figura 7, em uma residência particular com a autorização do(a)
proprietário(a) para a pesquisa sobre o sistema de zona de raízes.
Figura 7 – localização do município de Embu-Guaçu (Fonte: Google Maps).
O efluente que entra no sistema é gerado na própria residência sendo
composto por água mista, ou seja, mistura de água negra (proveniente de
vasos sanitários) e água cinza (proveniente de pias, chuveiros, tanques).
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Todo o sistema de tratamento de esgoto foi dimensionado para uma família
composta por oito pessoas, tendo em base a equação (Eq. 1) apresentada
anteriormente, desenvolvida por Cooper et al (1996).
Para a sua elaboração foi necessário definir alguns parâmetros, como DBO
(Demanda Bioquímica de Oxigênio) afluente, DBO efluente, estabelecido pela
legislação vigente, e a vazão média do afluente.
Figura 8 – Contribuição per capto de esgoto e lodo fresco por pessoa emrelação ao tipo de residência (Fonte: ABNT-NBR nº 7.229/1993)
Segundo ABNT-NBR nº 7.229/1993 a contribuição de esgoto por pessoa para
um padrão de classe média é de 130L/dia (Figura 8). Como o sistema foidimensionado para atender oito pessoas temos uma vazão de:
Desta forma obtemos uma vazão de 1.040L/dia ou 1,04m³/dia.
Segundo Von Sperling (1996), a DBO média de um esgoto doméstico é de
300 mg/L.
Como anterior ao sistema possui um tanque séptico de câmaras em série
que, segundo ABNT-NBR nº 7.229/1993, possui uma eficiência de remoção de
DBO entre 35% e 60%, temos a concentração de DBO no afluente:
Adotando 50% de eficiência de remoção de DBO para o tanque séptico:
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Equação 2
Sendo:
Cats = Concentração afluente tanque séptico;
Cets = Concentração efluente tanque séptico;
Sendo assim, temos que a concentração de DBO que sai do tanque séptico é
a mesma que entrar no sistema de zona de raízes.
Cets = Co
De acordo com o Decreto 8.468 de 1976, Seção II Art. 18 que trata dos
padrões de emissão, estabelece que a concentração máxima de DBO de cinco
dias, 20ºC, permitida é de 60 mg/L ou, caso o valor ultrapasse este limite, o
sistema de tratamento deverá reduzir o mesmo em no mínimo 80%.
Para adequar-se a esta legislação, pré-estabeleceu-se o valor de DBO
efluente em 60mg/L.
Com os três parâmetros já dispostos, é possível calcular a área superficial
necessária do sistema.
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Adotando uma margem de segurança de 25%.
Os sistemas de zona de raízes podem ser construídos acima ou abaixo da
superfície. Para este estudo o sistema foi construído de forma escavada,
abaixo da superfície, que consiste na escavação do volume necessário do
sistema (área superficial + altura), em seguida a canalização do afluente, da
distribuição e do efluente são instalados, após esta etapa ser concluída os
tanques são impermeabilizados com argamassa composta de cimento e areiana proporção 3:1 e impermeabilizante. Então é pregada uma tela plástica (tela
pinteiro) e logo após passa-se uma segunda mão da mesma argamassa. Na
próxima etapa são preenchidos com os leitos filtrantes e acima destes as
macrófitas. Caso haja uma variação de granulometria dos leitos filtrantes entre
um e outro é preciso colocar uma manta para que os mesmos não se
misturem. . As Figuras 9, 10 e 11 ilustram a construção dos tanques do
sistema.
Figura 9 – Escavação dos tanques e instalação da canalização (Fonte: Acervopessoal).
Figura 10 – Adição dos leitos filtrantes (Fonte: Acervo pessoal).
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Figura 11 – Tanques finalizados (Fonte: Acervo pessoal).
Os três tanques foram construídos com fluxo vertical ascendente. O Tanque
1, pós tanque séptico, contém uma camada de entulho grosso (0,20m) coberto
por entulho médio (0,15m), pedrisco (0,10m) e brita 1 (0,15m). O Tanque 2
possui os leitos filtrantes de entulho grosso (0,20m), entulho médio (0,15m),
pedrisco (0,10m), brita 1 (0,15m) e por cima destes apenas uma espécie de
macrófita, Hedychium coronarium (popularmente conhecida como lírio do
brejo). Já o último tanque, Tanque 3, possui leitos filtrantes, com uma pequena
diferença entre os anteriores, entulho médio (0,20m), entulho fino (0,10m),areia grossa peneirada (0,10m), areia média peneirada (0,10m), brita 1 (0,10m)
e, por fim, diversas espécies de plantas palustres e macrófitas, representado
pelas figura 12 e 13.
Figura 12 – Características do sistema (Fonte: Acervo pessoal).
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Figura 13 - Ilustração do sistema com suas características e imagens do local(Fonte: Acervo pessoal).
Todo o sistema por zona de raízes com capacidade para oito usuários foi
quantificado para demonstrar que é viável a implantação do mesmo (Tabela 1).
Tabela 1 – Orçamento do sistema por zona de raízes
*10 cotovelos - 100 mm / 9 te - 100 mm / 1 junção - 100 mm.
** Cotação referente à Outubro de 2009 para a Cidade de São Paulo.
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Filtros de raízes – Estrutura
Material Quant.Utilizada Preço unit.(R$)**
Preço
total(R$)
Cimento 9 19,5 175,5
Areia 3 m3
5 171
Tela de PVC – tela pinteiro
50metros
2 100
Grampos em
U -Gerdau9 pacotes 6,5 58,5
Filtros de raízes - Camadas filtrantes
Entulhos
P,M,G - - Reciclado
Britas 1,2,3,4 - - Reciclado
Manta dedrenagem
50 m2
3,7 185
*conexões 118,3
Cano 100 mm
pet
22
metros4 88
Total R$ 896,3
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Os entulhos e as britas foram reciclados dos próprios resíduos de construção
da obra da residência.
A espécie de macrófita Hedychium coronarium presente no Tanque 2, foiescolhida pela facilidade de se desenvolver em regiões encharcadas e também
por preferirem locais com grande umidade e mais sombrios, características do
local onde está instalado o sistema. Já no terceiro tanque foram colocados
vários tipos de macrófitas e plantas palustres, pois acredita-se que a eficiência
do tratamento aumentará com essa variação de espécies, devido a capacidade
de absorção dos nutrientes diferenciado de cada uma delas.
Foram totalizadas 12 análises sendo elas coletadas nos dias: 30/08/2010,
20/06/2010, 18/10/2010, 08/11/2010, 28/11/2010, 17/12/2010, 10/01/2011,
02/03/2011, 16/03/2011, 01/04/2011, 01/05/2011 e 16/05/2011.
As retiradas destas estão estrategicamente localizadas (figura 12) antes edepois de cada tanque, desta forma verifica-se com clareza a eficiência de
tratamento.
Das análises feitas escolheram-se alguns parâmetros, (físicos, químicos e
biológicos) que indicam se o tratamento é eficiente e no que o possa influenciá-
lo.
Dentre elas a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido
(OD), Nitrogênio Amoniacal, Nitrato, Fosfato, potencial hidrogeniônico (pH),
Turbidez, Coliformes, Sólidos sedimentáveis, Temperatura máxima e mínima e
Pluviosidade.
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Para a quantificação pluviométrica construiu-se dois pluviômetros
experimentais acumuladores (Figura 14 e 15). O volume acumulado em cada
um representa o intervalo entre as coleta de amostras. A temperatura máxima
e mínima foi quantificada a partir de um termômetro de máxima e mínima e as
análises laboratoriais (DBO, OD, N-Amoniacal, N-nitrato, Fosfato, pH, Turbidez,
Coliformes e Sólidos Sedimentáveis) foram quantificas no laboratório de
Química do Centro Universitário SENAC – Campus Santo Amaro.
Figura 14 – Pluviômetros experimentais(Fonte: Acervo pessoal).
Figura 15 – Pluviômetros instalados (Fonte: Acervo pessoal).
4. Resultados
Como mencionado anteriormente, foram totalizadas 12 coletas e
apresentados, na Tabela 2 e Gráficos de 1 a 10 a seguir, seus valores médios,
com seus respectivos desvio padrão, de cada análise e suas comparações com
os padrões de lançamento do Art. 18 do Decreto 8.468 de 1976, o CONAMA
357 de 2005 e 430 de 2011, onde nestes dois últimos trata-se das condições
naturais de um corpo d’água de classe III.
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Tabela 2 – Média das análises executadas no período de um ano.
Gráfico 1 – Valores médios de Oxigênio Dissolvido nas Amostras 1, 2, 3 e 4no período de um ano de estudo.
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CONAMA 357 e430 – Classe III
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Gráfico 2 – Valores médios de Demanda Bioquímica de Oxigênio nasAmostras 1, 2, 3 e 4 no período de um ano de estudo.
Gráfico 3 – Valores médios de pH nas Amostras 1, 2, 3 e 4 no período de umano de estudo.
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Art. 18 – Decreto8.468/76
Art. 18 –Decreto8.468/76
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Gráfico 4 – Valores médios de Nitrato nas Amostras 1, 2, 3 e 4 no período deum ano de estudo.
Gráfico 5 – Valores médios de Nitrogênio Amoniacal nas Amostras 1, 2, 3 e 4no período de um ano de estudo.
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CONAMA 357 e430 – Classe III(7,5 < pH ≤ 8)
CONAMA 357e 430 – ClasseIII
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Gráfico 6 – Valores médios de Fosfato nas Amostras 1, 2, 3 e 4 no período deum ano de estudo.
Gráfico 7 – Valores médios de Turbidez nas Amostras 1, 2, 3 e 4 no períodode um ano de estudo.
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CONAMA357 e 430 –Classe III
CONAMA357 e 430 –Classe III
100
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Gráfico 9 – Valores médios de Sólidos Dissolvidos nas Amostras 1, 2, 3 e 4no período de um ano de estudo.
Gráfico 9 – Valores médios de Coliformes Totais nas Amostras 1, 2, 3 e 4 noperíodo de um ano de estudo.
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CONAMA357 e 430 –Classe III
Art. 18 –Decreto8.468/76
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Gráfico 10 – Valores médios de Coliformes Fecais nas Amostras 1, 2, 3 e 4 noperíodo de um ano de estudo.
5. Conclusão
Através da análise dos valores médios obtidos e seus respectivos desvios em
um período de Agosto de 2010 à Maio de 2011 há uma melhora em
praticamente todos os parâmetros, chegando a, aproximadamente, 50% de
remoção de DBO, praticamente 99% de sólidos sedimentáveis e próximo de
55% para o fosfato e amônia. O pH permaneceu numa faixa ideal,
aproximadamente 7. Apenas os coliformes (40% de remoção) e turbidez que os
resultados não foram satisfatórios. Quando comparados com os padrões de
lançamento do Art. 18 do Decreto 8.468 de 1976, o CONAMA 357 de 2005 e
CONAMA 430 de 2011 apenas os coliformes, tanto os totais quanto os fecais, e
o fosfato encontraram-se fora dos padrões desejados, limite de 2.500 NMP,
isento e de 0,15 ppm, respectivamento.
Acredita-se que, principalmente, estes três não possuiram bons resultados
pelo fato do sistema estar instalado em uma residência de veraneio, desta
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forma não havendo fluxo contínuo de afluente e assim prejudicando a formação
dos biofilmes.
Houve a elevação da turbidez no último tanque pois à existência de uma
bananeira que ao se desenvolver elimina substâncias influenciando
diretamente neste parâmetro, mas, mesmo assim, em momento algum
ultrapassou os padrões de lançamento estabeleciodos pelo Decreto 8.468/76,
limite máximo de 100 NTU.
O efluente apresentou melhora na qualidade ao passar pelo sistema de
tratamento por zona de raízes, mesmo tendo o problema de não possuir vazão
constante, podendo influenciar nos resultados, o que demostra a interação dos
leitos filtrantes com as macrófitas, onde no primeiro há formação de biofilmes e
assim a degradação da matéria orgânica, além da retenção dos sólidos pelo
processo físico e as macrófitas com o papel de absorver os nutrientes e o
próprio efluente (processo de evapotranspiração) para se desenvolverem.
Pela experiência neste projeto, a introdução da bananeira da espécie
Musaceae (uma das plantas palustres plantadas no tanque 3) no sistema não é
aconselhada pois pode alterar alguns resultados, principalmente a turbidez.
Chega-se a conclusão que o sistema de tratamento por zona de raízes é
eficiente e com baixos custos, uma vez que é necessário apenas investir na
sua implantação, onde que para este estudo o valor total foi de,
aproximadamente, 896,30 reais no tratamento do efluente de oito contribuintes,
ou seja, um pouco mais de 110,001 reais por pessoa, um valor irrisório quando
pensa-se na proteção do meio ambiente.
Devido a isso tem-se um grande potencial para novas pesquisas, além da
implantação em comunidades de baixa renda e comunidades isoladas, pela1 Este valor pode variar de projeto para projeto.
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suas vantagens, a aparência paisagística apreciável e a proteção ao meio
ambiente minimizando o processo de eutrofização dos corpos hídricos
receptores do esgoto sanitário bem como permite a minimização de doenças
de veiculação hídrica tão problemática no Brasil.
6. Referências bibliográficas
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