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    FUNDAO GETLIO VARGASESCOLA DE ADMINISTRAO DE EMPRESAS

    DE SO PAULO

    AMLCAR KEY KIMURA

    IDENTIFICAO DE OPORTUNIDADES PARA A

    INDSTRIA BRASILEIRA DE SEMICONDUTORES

    ATRAVS DAS TEORIAS DE VANTAGEM COMPETITIVA

    E INVESTIMENTO INTERNACIONAL

    SO PAULO

    2005

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    AMLCAR KEY KIMURA

    IDENTIFICAO DE OPORTUNIDADES PARA A

    INDSTRIA BRASILEIRA DE SEMICONDUTORES

    ATRAVS DAS TEORIAS DE VANTAGEM COMPETITIVA

    E INVESTIMENTO INTERNACIONAL

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado

    Profissional em Administrao da EAESP FGV,como requisito para obteno do ttulo de Mestreem Administrao de Empresas.

    rea de Concentrao: Administrao / Estratgia

    Orientador: Professor Fbio Luiz Mariotto

    SO PAULO

    2005

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    Kimura, Amlcar Key.Identificao de oportunidades para a indstria brasileira de semicondutores

    atravs das teorias de vantagem competitiva e investimento internacional / AmilcarKey Kimura. - 2005.

    89 f.Orientador: Fbio Luiz Mariotto.Dissertao (MPA) - Escola de Administrao de Empresas de So Paulo.

    1. Vantagem competitiva. 2. Semicondutores. 3. Indstria eletrnica. 4. Circuitosintegrados. 5. Poltica industrial. 6. Tecnologia. I. Mariotto, Fbio L. II. Dissertao(MPA) Escola de Administrao de Empresas de So Paulo. III. Ttulo.

    CDU 621.313

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    AMLCAR KEY KIMURA

    IDENTIFICAO DE OPORTUNIDADES PARA A

    INDSTRIA BRASILEIRA DE SEMICONDUTORES

    ATRAVS DAS TEORIAS DE VANTAGEM COMPETITIVA

    E INVESTIMENTO INTERNACIONAL

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado Profissional

    em Administrao da EAESP FGV, como requisito paraobteno do ttulo de Mestre em Administrao deEmpresas.

    rea de Concentrao: Administrao / Estratgia

    Data de aprovao:

    ___/___/_____

    Banca examinadora:

    ___________________________________________Professor Fbio Luiz Mariotto (Orientador)EAESP - FGV

    ___________________________________________Professor Jos Carlos BarbieriEAESP - FGV

    ___________________________________________Professor Abraham Sin Oih YuFEA - USP

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    Dedico este trabalho minhaesposa Rose e s minhas filhasMilena e Fernanda.

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    Agradecimentos

    National Semiconductors Corporation que acreditou no meu potencial, patrocinou

    o curso de Mestrado Profissional, e forneceu apoio necessrio para que eu pudesse

    me dedicar nos estudos.

    minha esposa Rose, que me apoiou desde o incio, quando o Mestrado era

    apenas um sonho e eu ainda estava me preparando para realizar os exames TOEFL

    e GMAT, at o esforo final para que eu pudesse concluir a dissertao no prazo

    limite.

    Aos colegas e professores do MPA, com quem tive a oportunidade de estudar e

    amadurecer durante o curso hoje so pessoas que estimo, admiro e considero

    amigos.

    Ao Professor Fbio Luiz Mariotto, que ministrou a disciplina de International

    Management, e foi o meu orientador.

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    RESUMO

    O mercado mundial de semicondutores cresce vigorosamente ao longo de

    dcadas impulsionado pela evoluo tecnolgica, que permitiu semicondutores de

    melhor performance a um custo relativamente menor. Entretanto os gastos com

    fbricas e P&D aumentam junto com a evoluo da tecnologia, obrigando as

    empresas a controlar as mtricas financeiras em busca da lucratividade necessria

    para financiar o desenvolvimento das novas tecnologias. O crescimento do mercado

    motivou vrios pases a fornecerem incentivos para atrair investimentos de

    semicondutores.

    Este trabalho segmenta o mercado de semicondutores de acordo com as

    tecnologias de espessura da pastilha de silcio e utiliza as principais teorias sobre

    vantagem competitiva e investimento internacional, para analisar os incentivos que

    uma empresa de semicondutores teria para estabelecer uma fbrica de difuso de

    waferse uma operao de design houseno Brasil.

    A indstria de semicondutores brasileira est em seu estgio inicial, e existem

    algumas aes do governo juntamente com a iniciativa privada que apresentaram

    resultados positivos, entretanto necessrio reavaliar a efetividade dos incentivos

    oferecidos atualmente.

    Existe a possibilidade do Brasil atrair empreendedores para explorar

    oportunidades em nichos de mercado e assim iniciar a construo de uma cadeia

    completa de desenho, fabricao e utilizao de semicondutores no Brasil. E o papel

    do governo ser fundamental para dar o impulso inicial.

    Palavras-chave: Vantagem Competitiva, Semicondutores, Indstria Eletrnica,

    Circuitos Integrados e Poltica Industrial.

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    ABSTRACT

    Fostered by the technological evolution, the worldwide semiconductor market

    has been growing steadily for the last decades. It has allowed the production of

    better semiconductors at a price relatively lower. However the expenditures in R&D

    and plants increase together with this technical evolution; forcing the companies to

    control the financial metrics in order to generate the necessary profitability to support

    the development of new technologies. Many countries have been motivated by the

    market growth to attract foreign investments in semiconductors by using government

    incentives.

    This essay segments the semiconductor market according to the feature

    dimension technology and uses the most important theories of competitive

    advantage and international investments to study the incentives that one company

    might have to establish foundry and design house activities in Brazil.

    This is an early stage of Brazilian semiconductor industry and the government

    has a very important role as a fosterer. There are some government activities

    together with the private companies that already brought positive results. However it

    will be necessary to reevaluate the effectiveness of the current offered incentives.

    There is possibility to attract entrepreneurs to take advantage of opportunities

    inside some market niches and therefore initiate the construction of a thorough

    design, production and use of semiconductors chain in Brazil. Nevertheless the

    goverment role is crucial to give the initial step.

    Key-words: Competitive Advantage, Semiconductors, Electronic Industry, Integrated

    Circuits, Industrial Policy

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    QUADROS

    Quadro 1 - Principais tipos de semicondutores ......................................................... 18

    Quadro 2 - Tecnologias de espessura da pastilha de silcio ................................... 19

    Quadro 3 - Principais processos da cadeia produtiva de semicondutores ........... 21

    Quadro 4 - Resumo dos processos da cadeira produtiva de semicondutores..... 23

    Quadro 5 - Principais aplicaes dos semicondutores............................................. 26

    Quadro 6 - Exemplo da Lei de Moore ......................................................................... 29

    Quadro 7 - Investimentos de uma fbrica de 90nm.................................................. 30

    Quadro 8 - Gastos com P&D das empresas de semicondutores com aes

    negociadas em bolsa de valores ............................................................. 35

    Quadro 9 - Lucro lquido das empresas de semicondutores com aes

    negociadas em bolsa de valores ............................................................. 37

    Quadro 10 - Exemplo de incentivos oferecidos por alguns pases........................... 57

    Quadro 11 - Posicionamento do Brasil em relao s Tecnologias Novas ............62

    Quadro 12 - Posicionamento do Brasil em relao s Tecnologias Plenas ........... 63

    Quadro 13 - Posicionamento do Brasil em relao s Tecnologias Maduras ........ 65

    Quadro 14 - Possibilidades do Brasil em relao s tecnologias .............................66

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    GRFICOS

    Grfico 1

    - Mercado Mundial de Semicondutores (1982 at 2008) ....................... 24

    Grfico 2 - Correlao entre os mercados de semicondutores e sistemas

    eletrnicos.................................................................................................... 25

    Grfico 3 - Elasticidade do mercado de semicondutores ........................................ 26

    Grfico 4 - Evoluo do nmero de transistores dentro de um circuito

    integrado ...................................................................................................... 28

    Grfico 5

    - Custo de desenvolvimento do hardwarede um circuito integrado..... 32

    Grfico 6 - Custo total de um circuito integrado ........................................................ 34

    Grfico 7 - Exemplo de risco nas tecnologias de 0,25m e 90nm......................... 40

    Grfico 8 - Custo de desenvolvimento de um circuito integrado e custo do

    processo de design in................................................................................ 43

    Grfico 9 - Consumo de semicondutores no Brasil (Nacional vs Importado).......83

    Grfico 10

    - Fabricantes locais de semicondutores.................................................... 84

    Grfico 11 - Participao das empresas fabless.........................................................86

    Grfico 12 - Mercado do segmento de servios de Foundry....................................88

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    SUMRIO

    1. INTRODUO..................................................................................................................12

    1.1.LIMITAODOTRABALHO ................................................................................... 14

    1.2.METODOLOGIA ........................................................................................................ 14

    2. A INDSTRIA DE SEMICONDUTORES..................................................................... 16

    2.1.DEFINIES ............................................................................................................. 16

    2.2.TIPOSDESEMICONDUTORES ............................................................................17

    2.3.PRINCIPAIS PROCESSOS ..................................................................................... 20

    2.4.MERCADODESEMICONDUTORES.................................................................... 23

    2.5.EVOLUOTECNOLGICA.................................................................................. 27

    2.6. INVESTIMENTOSEMFBRICASEDEPRECIAO........................................ 29

    2.7. INVESTIMENTOSEMP&D..................................................................................... 31

    3. BUSCA DE UM MODELO DE NEGCIOS SUSTENTVEL.................................. 36

    3.1.MERCADODEALTORISCOEALTORETORNO .............................................. 36

    3.2.BUSCADALUCRATIVIDADE................................................................................. 38

    3.3.PORQUEINVESTIREFORAROBSOLESCNCIA?...................................... 39

    3.4.GERENCIAMENTODOSRISCOS......................................................................... 40

    3.5.PARCERIA PARATERACESSOSNOVASTECNOLOGIAS ........................41

    4. PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE VANTAGEM COMPETITIVA E

    INVESTIMENTO INTERNACIONAL............................................................................. 44

    4.1.TEORIA DAVANTAGEMABSOLUTASMITH(1776) ...................................... 44

    4.2.TEORIA DAVANTAGEMCOMPARATIVARICARDO(1819) ........................45

    4.3. TEORIA DOSFATORESDEINTENSIDADEEPROPORCIONALIDADE

    HECKSCHER(1933)EOHLIN(1949). .................................................................. 45

    4.4.TEORIA DASOBREPOSIODEPRODUTOSLINDER (1961). ................ 46

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    4.5.TEORIA DOCICLODEPRODUTOVERNON(1966) ...................................... 47

    4.6. TEORIA DAS FONTES DE VANTAGEM COMPETITIVA NO

    TRANSFERVEIS BUCKLEYECASSON(1976),EDUNNING(1977).........48

    4.7. TEORIA DOS MERCADOS IMPERFEITOS HELPMAN E KRUGMAN

    (1985) .......................................................................................................................... 48

    4.8.VANTAGEMCOMPETITIVADASNAESPORTER(1990) ....................... 49

    4.9.OUTROS.....................................................................................................................50

    5. AS OPORTUNIDADES PARA O BRASIL .................................................................. 52

    6. CONCLUSO ...................................................................................................................74

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICA ............................................................................... 81

    APNDICE A O BRASIL TINHA FBRICAS NO PASSADO. O QUE HOUVE?. 83

    APNDICE B PROGRAMA NACIONAL DE MICROELETRNICA.......................85

    APNDICE C EMPRESAS FABLESS.......................................................................... 86

    APNDICE D FOUNDRY VENDORS............................................................................ 88

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    1. INTRODUO

    Durante a elaborao deste trabalho, conversei com vrios profissionais das

    reas de semicondutores, da indstria de sistemas eletrnicos, de institutos de

    ensino e pesquisa e de rgos do governo. Onde perguntei a todos quais eram as

    possibilidades do Brasil sediar uma fbrica de difuso de semicondutores para

    produo de circuitos integrados em larga escala. E todas as respostas foram

    unnimes: - As chances do Brasil atrair tal investimento muito remota! O Brasil

    tem uma srie de problemas que fica muito difcil imaginar que algum investidor

    colocaria bilhes de dlares para montar uma fbrica de semicondutores no Brasil.

    Todos os entrevistados citavam o governo como o principal responsvel pelosproblemas existentes: falta estabilidade poltica e econmica, excesso de burocracia

    para importao e exportao, dificuldade para o governo controlar o gray market,

    excesso de imposto sobre a cadeia produtiva, altas taxas de juros, entre outros

    argumentos. E com tantos problemas ficava muito difcil imaginar que o Brasil teria

    condies de receber tal investimento. Parecia que a nica forma de atrair

    investidores seria atravs de incentivos governamentais que necessitariam ser

    suficientemente grande para compensar todos os problemas existentes.

    Por um lado esta concluso est correta, os problemas do Brasil so muitos e

    no h expectativa de soluo no curto prazo. Mas focar somente nos problemas

    resulta em um forte sentimento de descrena sobre o pas e no ajuda a entender os

    reais motivos do Brasil no receber investimentos em semicondutores.

    O objetivo deste trabalho analisar as principais caractersticas da indstria

    de semicondutores para verificar se o Brasil tem condies de oferecer vantagenscompetitivas para fbricas de difuso de waferse operaes de desenho de circuitos

    integrados A questo dos investimentos em semicondutores tem um alto grau de

    complexidade e, apesar de permitir anlise por diferentes pontos de vista, irei

    analisar esta questo pelo ponto de vista das teorias de vantagem competitiva e

    investimento internacional.

    No Captulo 2 sero levantadas as principais caractersticas da indstria de

    semicondutores, onde veremos que o mercado mundial de semicondutores crescevigorosamente ao longo de dcadas impulsionado pela evoluo tecnolgica, que

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    permitiu semicondutores de melhor performance a um custo relativamente menor.

    Entretanto os gastos com fbricas e P&D aumentam junto com a evoluo da

    tecnologia e poucas empresas de semicondutores conseguiro acompanhar o ritmo

    de investimentos necessrios.

    O Captulo 3 mostra os ganhos e as perdas elevadas que esta indstria

    apresenta em tempos de expanso e retrao, e a preocupao das empresas em

    controlar as mtricas financeiras em busca da lucratividade necessria para financiar

    o desenvolvimento das novas tecnologias. Veremos que os riscos tambm crescem

    junto com a evoluo tecnolgica, e como as empresas esto gerenciando estes

    riscos.

    No Captulo 4 ser feita uma reviso bibliogrfica sobre os principais estudos

    sobre vantagem competitiva e investimento internacional, onde veremos que existe

    uma evoluo destas teorias, onde cada autor complementa as teorias anteriores

    com informaes adicionais e pontos de vista diferente.

    No Captulo 5 analisaremos os principais fatores determinantes de vantagem

    competitiva: mo-de-obra qualificada; conhecimentos cientficos; mercado interno,

    disponibilidade de capital e cadeia produtiva. Alm destes, h ainda os incentivos

    governamentais e os problemas existentes no Brasil que podem influenciar nas

    decises de investimento. Para facilitar o estudo das possibilidades, o mercado ser

    segmentado de acordo com as tecnologias de espessura da pastilha de silcio, e o

    comportamento de cada segmento ser explicado com o auxlio da teoria do ciclo de

    produto de Vernon (1966). Este estudo mostrar que as atuais condies do Brasil

    no oferecem vantagem competitiva para a indstria de semicondutores; que os

    incentivos oferecidos pelo governo no atendem as necessidades desta indstria e;

    que as empresas iro optar por internalizar as informaes e conhecimentos que

    so fontes de vantagem competitiva nas localidades onde possam ter maior controle

    sobre o fluxo de informaes.

    Desta forma as possibilidades do Brasil se restringem em 1) atrair

    investimento isolados das tecnologias tradicionais que so transferidas

    constantemente entre os pases, 2) atrair investimentos nas atividades de desenho

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    de CI que procuram localidades que tenham baixo custo dos fatores de produo e

    3) utilizar as tecnologias antigas para construo de uma cadeia produtiva no Brasil.

    Novos empreendedores tero um papel importante no processo de criao deuma cadeia completa de desenho, produo e uso de semicondutores no Brasil.

    Entretanto veremos que existem dificuldades iniciais para serem superadas e os

    atuais incentivos ainda no esto beneficiando os empreendedores. Desta forma o

    papel do governo fundamental para estabelecer os incentivos adequados, e

    realizar investimento de recursos prprios em atividades de semicondutores.

    1.1. LIMITAO DO TRABALHO

    Os segmentos dos circuitos discretos e dos circuitos integrados bipolares

    no sero analisados neste trabalho, pois estes segmentos representam uma

    pequena parcela do mercado de semicondutores e apresentam um modelo de

    negcios mais simples, onde a maior vantagem competitiva deste segmento o

    custo dos fatores de produo.

    O escopo deste trabalho ser restrito anlise da tecnologia de espessura

    da pastilha de silcio apesar de haver uma grande quantidade de tecnologias

    utilizadas na fabricao dos semicondutores pois esta tecnologia o principal

    determinante da velocidade, do consumo de energia, do nvel de integrao e

    miniaturizao, e do custo dos circuitos integrados.

    1.2. METODOLOGIA

    As informaes contidas neste trabalho foram coletadas de fontes primrias e

    secundrias. As fontes primrias so os sites oficiais das empresas de

    semicondutores, os relatrios anuais aos acionistas e, opinio de profissionais que

    atuam nesta indstria. As fontes secundrias so os Press Releases, publicaes

    em jornais e revistas e, dados estatsticos sobre o mercado de semicondutores

    publicados pelas principais instituies de pesquisas estatsticas como IC InsightsInc; Databeans; In-Stat MDR; IBS Inc; I Supply Corp; e Semico Research.

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    Os dados coletados auxiliaram no levantamento das principais caractersticas

    da indstria de semicondutores e o mercado foi segmentado de acordo com as

    tecnologias de espessura da pastilha de silcio.

    Para analisar a questo central foi feita uma reviso bibliogrfica dos

    principais autores e trabalhos sobre vantagem competitiva e investimento

    internacional. Esta reviso serviu de base para fazer o levantamento das

    possibilidades do Brasil atrair investimentos em semicondutores.

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    2. AINDSTRIADESEMICONDUTORES

    2.1. DEFINIES

    Por se tratar de um conceito extremamente tcnico, semicondutor uma

    palavra difcil de ser conceituada. Alguns autores focam nas caractersticas fsicas

    do material, outros no comportamento, e outros na sua utilizao.

    A importncia e o interesse sobre os semicondutores aumentaram nos ltimos

    anos devido ao impacto que os componentes derivados dos semicondutores tm

    sobre a evoluo tecnolgica de toda a indstria eletrnica e, portanto, mais

    importante que o conceito de semicondutor, a sua aplicao direta e a suaimportncia sobre as economias nacionais.

    semicondutor sm (semi + condutor):Cada uma das substncias slidas como o

    germnio, o silcio, etc., cuja fraca condutividade eltrica no nem metlica nem

    eletroltica (Moderno Dicionrio da Lngua Portuguesa, MICHAELIS, 1998);

    semicondutor (). [De semi + condutor.] S.m. Fs. Condutor eltrico, cuja

    resistividade decresce com a temperatura, e em que a conduo de carga pode

    efetuar-se por eltrons ou por ons ou por buracos (Novo Dicionrio da Lngua

    Portuguesa, AURLIO, 1998);

    semicondutor // adj. s.m.FS CONDdiz-se de ou substncia com resistividade entre a

    de um condutor e a de um isolante, e que pode variar segundo as condies fsicas a

    que est submetida [A conduo ocorre pelo movimento dos portadores de carga,

    eltrons, buracos ou ons. So exemplos de semicondutores o silcio e o germnio.]

    ETIM semi + condutor; ver duz- (Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa,

    HOUAISS et al., 2001)

    semicondutor s.m. Material que conduz a eletricidade imperfeitamente e cuja

    resistividade decresce com o aumento da temperatura (GRANDE ENCICLOPDIA

    LAROUSSE CULTURAL, 1998)

    semicondutor Uma substncia que fica a meio caminho entre os condutores e os

    no condutores (ou isolantes) em termos de capacidade de conduzir eletricidade. A

    resistncia dos materiais semicondutores varia entre moderada e alta, dependendo

    das impurezas (dopantes) acrescentadas durante a sua fabricao. (MICROSOFT

    PRESS, 1993)

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    semicondutor. Semicondutores so corpos slidos cuja condutividade eltrica se

    situa entre a dos metais e a dos isolantes. Sua resistividade depende fortemente da

    presena de impurezas e da temperatura [...] Algumas propriedades dos

    semicondutores, inclusive suas aplicaes, so conhecidas h bastante tempo, mass com o advento da teoria quntica e seu emprego na fsica do estado slido se

    conseguiu uma compreenso mais detalhada das caractersticas desses materiais. A

    principal motivao para esse desenvolvimento surgiu com o aperfeioamento dos

    transistores [...] So exemplos de semicondutores: o germnio, o silcio, o estanho

    alfa, o antimonieto de ndio, o arseniato de glio, o arseniato de ndio, o antimonieto

    de alumnio, o fosfato de glio e diversas ligas de composio varivel, envolvendo

    os elementos acima e outros [...] A introduo de uma impureza em quantidade

    muito pequena (um tomo de impureza para 108tomos de corpo puro) altera a suacondutividade. (ENCICLOPDIA BARSA, 1990).

    2.2. TIPOS DE SEMICONDUTORES

    possvel segmentar o mercado de semicondutores de acordo com a

    complexidade, a funcionalidade, a aplicao, as caractersticas internas, a tecnologia

    de fabricao, entre outros. Para facilitar a anlise das possibilidades do Brasil

    receber investimentos em semicondutores, o mercado ser segmentado de acordo

    com as tecnologias de fabricao e tecnologias de espessura da pastilha de silcio.

    Pois esta diviso nos permite utilizar a teoria do ciclo de produto (VERNON, 1966)

    para analisar o comportamento de cada um dos segmentos.

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    O quadro abaixo descreve os principais tipos de semicondutores.

    - Standard Linear (U$13 bi) - MOS Logic (U$ 46 bi) - Digi tal Bipolar (U$ 0,2 bi)

    - ASIC (U$20 bi) - MOS Memory (U$ 44 bi)- MOS Micro (U$ 54 bi)

    CI's Analgicos CI's Digitais Outros

    SemicondutoresU$ 211 bilhes

    100%

    U$ 177 bilhes U$ 33 bilhesCircuitos Discretos

    16%

    U$ 0,2 bilhes

    84%

    U$ 33 bilhes U$ 144 bilhes

    Circuitos Integrados

    Quadro 1 - Principais tipos de semicondutoresFonte: preparado pelo autor1

    Os segmentos dos circuitos integrados analgicos e digitais sero o foco

    deste trabalho, pois alm de serem responsveis por 84% do mercado de

    semicondutores, estes segmentos apresentam um modelo de negcios mais

    atraente e uma cadeia produtiva mais complexa. Concentrando as principais

    evolues tecnolgicas. Os segmentos dos circuitos discretos e circuitos

    integrados bipolares2 no sero focos deste trabalho, pois apresentam um

    modelo mais simples, e a maior vantagem competitiva destes segmentos est

    baseado nos baixos custos de produo.

    Os segmentos dos circuitos integrados digitais e analgicos podem ser

    classificados de acordo com a tecnologia de espessura da pastilha de silcio

    utilizada. Esta tecnologia tem grande influncia sobre as principais caractersticasdos circuitos integrados: velocidade, consumo de energia, nvel de integrao e

    custo, mas existe o trade off entre estes benefcios com os altos custos para se

    desenvolver uma nova tecnologia (como veremos adiante).

    1dados coletados de IC Insights Inc. Market Summary by Device Type. 2004; e IC Insights Inc. GlobalIC Industry Outlook and Cycles. 2004

    2No ano de 1980 os circuitos integrados bipolares eram responsveis por 42% do mercado mundialde semicondutores, mas com a evoluo tecnolgica dos componentes MOS, os circuitos bipolaresesto praticamente obsoletos (IC INSIGHTS INC, 2004)

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    PRINCIPAIS

    TECNOLOGIAS

    COMENTRIOS

    30nm, 45nm e 65nm Tecnologias em desenvolvimento. Podem serreproduzidas em laboratrio, mas ainda no tmviabilidade comercial

    90nm e 0,13m Tecnologias que atingiram viabilidade comercialh pouco tempo.

    Ainda necessita melhoria no processo produtivopara aumentar a produtividade e o aproveitamentoda rea til da pastilha de silcio.

    A tecnologia de 0,13m est ganhando escala deproduo e a de 90nm ainda est em fase inicial

    0,15m, 0,18m,0,25m e 0,35m

    Processo tecnolgico estvel com grande escalade produo.

    Alguns projetos esto migrando destastecnologias para as tecnologias mais avanas embusca de melhor performance.

    Outros projetos esto migrando das tecnologiasmais antigas para esta tecnologia, tambm paramelhorar performance.

    CI Digital

    Acima de 0,35m Tecnologia madura. Os projetos destastecnologias esto migrando para as tecnologiasmais modernas para melhorar competitividade.

    0,35m e 0,50m

    (com especialidades)

    Alguns fabricantes conseguiram obtercomponentes de alta performance atravs damelhoria das tecnologias antigas.

    0,35m e 0,50m Tecnologias tradicionais com grande escala deproduo.

    Atende adequadamente s aplicaes que nonecessitam de performance.

    CIAnalgico

    Acima de 0,50m Tecnologia madura. Os projetos destastecnologias esto migrando para as tecnologiasmais modernas para melhorar competitividade.

    Quadro 2 - Tecnologias de espessura da pastilha de silcioFonte: preparado pelo autor3

    3Dados coletados de diversas fontes

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    20

    esperado um crescimento baixo da tecnologia de 90nm nos prximos anos,

    pois existe um grande desafio para se melhorar a produtividade, o aproveitamento

    da rea til da pastilha de silcio, o processo de desenho dos novos circuitos

    integrados, alm dos altos investimentos que so necessrios por esta tecnologia

    (como ser visto adiante).

    A tecnologia de 0,13m est comeando a ganhar escala de produo.

    Somente agora os fabricantes esto conseguindo obter elevados nveis de

    produtividade e de aproveitamento da rea til da pastilha de silcio, resultando em

    uma queda nos custos finais do wafer. Desta forma ser possvel atender as

    necessidades de custo e desempenho de vrias aplicaes adicionais, o que

    resultar no aumento do volume da utilizao desta tecnologia nos prximos anos.

    O volume das tecnologias de 0,15m e 0,18m de espessura de wafer

    continuaro aumentando em 2004, pois haver migrao dos projetos que utilizam

    as tecnologias de 0,25m e 0,35m para 0,18m e 0,15m. Estas tecnologias tm a

    vantagem de utilizar equipamentos e fbricas totalmente depreciadas, o que resulta

    em um custo de waferrelativamente baixo 4.

    2.3. PRINCIPAIS PROCESSOS

    O diagrama abaixo ilustrar os principais processos da cadeia produtiva de

    semicondutores. Os processos: Fornecedores, Marketing & Vendas e Utilizao do

    CI no sero abordados neste trabalho. Eles sero utilizados somente para ilustrar

    as interaes dos processos de Pesquisa & Desenvolvimento e Produo.

    4IBS Inc,Foundry Market Trends and Strategy, 2003.

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    Fornecedores Pesquisa&Desenvolvimento Marketing&Vendas Utilizao do CI

    Desenho Design-in Desenvolv.

    Equipa- de novos Cis Produtosmentos Finais

    DesenvolvimentoInsumos novas tecnolo iasQumicos Difuso

    MatriaPrima Produ o

    ProduoOutros Difuso Encapsu- Vendas Produtos

    do Wafer lamento Finais

    CADEIA PRODUTIVA DE SEMICONDUTORES

    Quadro 3 - Principais processos da cadeia produtiva de semicondutoresFonte: Preparado pelo autor

    O processo de Pesquisa & Desenvolvimento dividido em 2 sub processos:

    A atividade de Desenho de novo CI realizada por design house (interna ou

    externa) que utiliza blocos lgicos e elementos eletrnicos para desenvolver novos

    circuitos integrados com a funcionalidade requisitada pelos clientes. Os novos

    projetos podem ser resultado de combinao de blocos lgicos pertencentes sbibliotecas existentes ou desenvolvimentos complexos que necessitam criar novos

    blocos lgicos e grande interao com clientes e laboratrios.

    O Desenvolvimento de Novas Tecnologias de Difuso uma atividade

    bastante complexa, que necessita de muito investimento durante prazos longos. Por

    exemplo: para o domnio do processo de difuso de wafersutilizando tecnologia de

    90nm, uma empresa ter que investir mais de 10 anos em pesquisas at obter

    resultados economicamente viveis. Atualmente existem novas tecnologias que j

    podem ser reproduzidas em laboratrio (por exemplo, as tecnologias de 65nm, 45nm

    e 30nm de espessura), mas ainda no so viveis economicamente.

    O processo de Produoest dividido em dois sub processos: A Difuso de

    wafers a atividade de produzir as pastilhas de silcio em larga escala a partir da

    matria prima pura. Uma pastilha de silcio puro exposta a uma seqncia de

    reaes fsicas e qumicas que so aplicadas por camadas (ou layers). Para se obterum bom aproveitamento da rea til da pastilha de silcio necessrio que o

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    processo de difuso seja feita em um ambiente livre de quaisquer impurezas 5.

    uma atividade que necessita grande investimento em instalaes e equipamentos.

    Por exemplo, para a construo de uma nova fbrica de difuso utilizando a

    tecnologia de 90nm so necessrios trs bilhes de dlares de investimento inicial,

    com durao de trs a quatro anos, at que se inicie a produo.

    O Encapsulamento a ltima etapa no processo de fabricao de um circuito

    integrado. Nesta etapa o prestador de servios de encapsulamento recebe o wafer

    gravado. Separa o waferem pastilhas de silcio individuais. Conecta os terminais da

    pastilha de silcio com os terminais do circuito integrado. E adiciona uma camada de

    epxi para proteg-la fisicamente. a parte mais simples do processo de produo

    de um circuito integrado e muito sensvel a custo.

    O processo de Marketing & Vendas est dividido em dois sub processos:

    Design-ine Vendas. Para algumas famlias de produtos, como os processadores e

    ASIC (Application Specific Integrated Circuit), o Design-in o processo mais

    importante. Neste processo um IC Vendorir trabalhar em conjunto com os clientes

    para desenvolver os produtos finais. um processo de alto risco, pois uma empresa

    pode investir bastante recursos durante anos sem ter a garantia de retorno. Uma vezfinalizado com sucesso, um Vendorpoder ter seus circuitos integrados utilizados

    at o final da vida til do produto final. A Venda conseqncia direta do Design-in.

    Se obtiver sucesso no Design-inter benefcio das vendas, se no for bem sucedido

    no Design-inficar sem as vendas.

    O processo de Utilizao do CI est dividido em dois sub processos: O

    Desenvolvimento de Produtos Finais uma atividade realizada pelos consumidores

    de circuitos integrados, nesta fase que se define o sucesso ou fracasso das

    atividades de design-in. A Produo dos Produtos Finais resultado direto do

    Desenvolvimento de Produtos Finais e utiliza como matria prima, entre outros

    materiais, os circuitos integrados. uma atividade que agrega pouco valor, e similar

    ao processo de encapsulamento, muito sensvel a custos.

    5Sala Limpa: Ambiente totalmente controlado e livre de quaisquer impurezas.

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    Pesquisa & Desenvolvimento- Desenho de novos CI's- Desenvolvimento de novas

    tecnologias de difusoProduo

    - Difuso do Wafer- Encapsulamento

    Marketing/Vendas- Design Win- Vendas

    Utilizao do CI- Desenvolvimento dos produtos finais- Produo dos produtos finais

    Mdio/Alto Baixo Alto Baixo

    InvestimentoProcesso

    NvelTecnolgico Necessrio

    Retorno Risco

    Muito Alto Muito Alto Muito Alto Muito Alto

    AltoBaixo Mdio Baixo MdioAlto Alto Alto

    Alto Alto Muito Alto Muito AltoBaixo Baixo Baixo Baixo

    AltoAlto Alto AltoMdioBaixo Mdio Baixo

    Quadro 4 - Resumo dos processos da cadeira produtiva de semicondutores

    Fonte: Preparado pelo autor

    2.4. MERCADO DE SEMICONDUTORES

    O ramo industrial de semicondutores relativamente jovem, em 1982 o

    mercado mundial era de apenas 15 bilhes de dlares. No perodo de 1982 at

    2004 a indstria apresentou uma surpreendente taxa de crescimento mdio de 13%

    ao ano. Estima-se que o mercado mundial de semicondutor alcance o valor de 211

    bilhes de dlares em 2004 e continue crescendo a uma taxa mdia de 10% ao ano

    at 2008. Alcanando 311 bilhes de dlares em 2008 (ver grfico a seguir).

    Estas altas taxas de crescimento e a influncia que a indstria de

    semicondutores tem sobre a competitividade e o desenvolvimento de outros ramos

    industriais est motivando vrios pases a fornecerem incentivos governamentais

    para atrair investimentos em semicondutores.

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    Grfico 1 - Mercado Mundial de Semicondutores (1982 at 2008)Fonte: IC Insights Inc, 2004, p.2.196, Traduo Nossa

    Antigamente um sistema eletrnico utilizava vrios elementos circuitos

    integrados, circuitos discretos, componentes passivos, componentes

    eletromecnicos, entre outros onde cada elemento era responsvel por realizar

    apenas uma funo especfica dentro do sistema eletrnico. Hoje a evoluo da

    tecnologia dos semicondutores possibilitou a integrao de quase todas as

    funcionalidades em um nico circuito integrado. Segundo IC Insights Inc 7 os

    semicondutores eram responsveis por 8% dos custos dos sistemas eletrnicos em

    1984, e hoje representa 20%. A tendncia que os semicondutores atinjam a

    porcentagem de 25% no ano de 2008. Veja correlao entre as taxas de

    crescimento do mercado de semicondutores com as taxas de crescimento do

    mercado de sistemas eletrnicos no grfico a seguir.

    6IC Insights Inc. Global IC Industry Outlook and Cycles. 20047IC Insights Inc. Global IC Industry Outlook and Cycles. 2004

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    Grfico 2 - Correlao entre os mercados de semicondutores e sistemas eletrnicosFonte: IC Insights Inc, 2004, p.2.148, traduo nossa

    A elasticidade destes mercados tambm s um fator fundamental para a

    compreenso do comportamento destes mercados. O grfico a seguir mostra que a

    cada variao positiva de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas eletrnicos

    cresce 7% e o mercado de semicondutores cresce 30%. E a cada variao negativa

    de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas eletrnicos decresce 21% e o

    mercado de semicondutores decresce 45%.

    8IC Insights Inc. Global IC Industry Outlook and Cycles. 2004

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    Grfico 3 - Elasticidade do mercado de semicondutoresFonte: IC Insights, Inc, 2004, p.2.23, traduo nossa

    Presenciamos nos ltimos anos um grande aumento no nmero de aquisies

    e fuses de empresas. Este movimento pode ser visto em grande intensidade nos

    principais mercados consumidores de semicondutores: os sistemas computacionais,

    os sistemas de comunicao, e os sistemas eletrnicos de consumo (Ver quadro a

    seguir).

    APLICAO PARTICIPAOSistemas Computacionais 45%Sistemas de comunicao 24%

    Sistemas eletrnicos de consumo 22%Outros 9%

    Quadro 5 - Principais aplicaes dos semicondutoresFonte: Preparado pelo autor9

    9Dados coletados de IBS Inc, 2003

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    Alm da concentrao do mercado consumidor de semicondutores em

    poucos clientes, houve a reduo do nmero de projetos devido utilizao de

    plataformas globais que servem de base para vrios produtos ao redor do mundo, e

    o aumento da vida til dos projetos. Antigamente existiam vrias oportunidades

    diferentes dentro de cada cliente, e hoje se limita ao desenvolvimento de poucas

    plataformas.

    2.5. EVOLUO TECNOLGICA

    No incio, o semicondutor servia apenas para substituir as vlvulas. Realizava

    exatamente as mesmas funes, s que de forma mais eficiente. No era

    incorporada nenhuma funcionalidade adicional ao sistema.

    Com o avano tecnolgico, o semicondutor comeou a substituir sistemas

    eletrnicos e mecnicos completos, alm de fornecer funcionalidades adicionais ao

    sistema.

    O sucesso dos circuitos integrados foi gerado pela habilidade dos fabricantes

    de continuar oferecendo mais pelo mesmo dinheiro, ou seja, a habilidade de

    melhorar a performance e adicionar novas funcionalidades ao mesmo tempo em que

    se reduzia o seu custo relativo. Existe uma teoria que foi formulada na dcada de 60

    pelo Dr. Gordon Moore10para medir a evoluo tecnolgica dos circuitos integrados.

    De acordo com Dr. Moore, desde a descoberta do CI, o nmero de componentes

    dentro dele estava dobrando a cada ano. Era esperado que esta tendnciapermanecesse at o incio da dcada de 70 quando o nmero de componentes

    passaria a dobrar aps um perodo de 18 a 24 meses, e a partir do meio dcada de

    70 o crescimento encerraria. Esta teoria foi nomeada de Lei de Moore. Na poca

    todos ficaram espantados com a ousadia da Lei de Moore em predizer que tal

    crescimento vertiginoso continuaria por mais 5 a 10 anos. Mas a teoria de Dr. Moore

    estava certa com exceo de apenas um ponto. O crescimento no encerraria. A

    evoluo da densidade dos componentes dentro de um circuito integrado no10Dr Moore era Diretor de P&D da Fairchild Semiconductors

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    reduziu no meio da dcada de 70 como previsto. Ela continua dobrando a cada 18 a

    24 meses desde aquela poca at hoje.

    Grfico 4 - Evoluo do nmero de transistores dentro de um circuito integradoFonte: IC Insights, Inc, 2004, p.14.3, traduo nossa

    O grfico acima mostra a proximidade do crescimento da densidade11 das

    memrias DRAM, das memrias Flash, dos microprocessadores e do ASIC em

    relao Lei de Moore. O nmero de transistores dentro de uma memria DRAM

    est crescendo a uma taxa mdia de 47% ao ano desde 1970 at hoje. Uma nova

    gerao de memria DRAM geralmente tem 4 vezes a densidade da gerao

    anterior, e a introduo de novas geraes ocorre a cada 3 ou 4 anos12.

    11A Densidade medida pelo nmero de transistores dentro de um circuito integrado12IC Insights Inc. Technology Trends. 2004.

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    Apesar do grande avano tecnolgico dos circuitos integrados, os preos dos

    circuitos integrados permanecem praticamente constantes. No quadro abaixo temos

    dados de 1992 at 2003. Houve um avano significativo na performance dos

    circuitos integrados para computadores pessoais, e os preos tiveram apenas 2%.

    Densidade de MemriaVelocidade do processadorNmero de transistoresProcesso de difuso

    Aumento mdio dos preos 2%

    256X42X46X

    1992 2003 Evoluo256MB2.8GHz

    55M0,18 - 0,13

    1MB66MHz1.2M

    1.0 - 0,8m 5X

    EXEMPLO DA LEI DE MOORE - COMPUTADORES PESSOAIS

    Quadro 6 - Exemplo da Lei de MooreFonte: IC Insights, Adaptao e Traduo nossa

    O mercado de semicondutores apresentou elevadas taxas de crescimento

    devido a este grande avano tecnolgico, pois a cada nova gerao de produtos

    havia mais clientes interessados em aproveitar os benefcios da nova gerao, e

    pagando praticamente o mesmo preo das geraes anteriores.

    Entretanto este rpido crescimento significa que a cada nova gerao resulta

    na obsolescncia da gerao anterior, gerando uma situao bastante crtica para

    as empresas de semicondutores, pois os Vendorstm apenas uma janela de 3 ou 4

    anos para recuperar os investimentos.

    2.6. INVESTIMENTOS EM FBRICAS E DEPRECIAO

    Os custos para construo de uma fbrica de difuso de semicondutores

    aumentam na medida em que se utilizam tecnologias avanadas. Uma nova fbrica

    de difuso de wafersque utiliza a tecnologia de 90nm custar de 3 bilhes de dlares

    em investimentos iniciais e leva 3 anos para sua construo. Tambm sero

    necessrios mais 1 bilho de dlares de investimentos ao longo de 1 ano at que a

    fbrica atinja plena capacidade produtiva. Com o aumento dos custos para instalar

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    uma nova fbrica, poucos empresas conseguiro ter instalaes prprias para as

    tecnologias de difuso mais avanadas13.

    Uma empresa de semicondutores com faturamento de 4 a 8 bilhes dedlares por ano, que investe 15% de seu faturamento na construo, manuteno e

    modernizao das fbricas, no conseguir justificar os investimentos necessrios

    para construo de uma nova fbrica de 90nm. Ela conseguir apenas construir uma

    fbrica piloto para controlar o processo de produo e auxiliar no processo de

    desenho de novos circuitos integrados.

    Atividade Investimento Prazo

    Pesquisa e Desenvolvimento U$ 5 bilhes +10 anos

    Construo das instalaes civis eequipamentos

    U$ 3 bilhes 3 anos

    Incio de produo U$ 1 bilho 1 ano

    Custo operacional U$ 600 milhes 1 ano

    Depreciao U$ 400 milhes 1 ano

    Quadro 7 - Investimentos de uma fbrica de 90nmFonte: Preparado pelo autor14

    O custo total de uma fbrica de difuso de circuitos integrados bastante

    elevado. No caso da tecnologia de 90nm temos os seguintes custos: 5 bilhes de

    dlares em pesquisa e desenvolvimento (10 anos at estabilizar o processo e torn-la economicamente vivel); 3 bilhes de dlares para construo das instalaes

    civis e equipamentos (3 anos); 1 bilho de dlares para ramp upda produo (1 ano

    at a fbrica atingir plena capacidade produtiva); 400 milhes de dlares anuais de

    depreciao e; 600 milhes de dlares anuais de custos operacionais.

    O investimento para modernizar uma linha de produo tambm elevado,

    por exemplo: a migrao de uma linha de produo de 200mm para 300mm 15pode

    13IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.14Dados coletados de IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.

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    custar meio bilho de dlares16. As tecnologias de 200mm e 300mm tm grande

    influencia no preo final de um circuito integrado, pois quanto maior o dimetro do

    wafer, mais circuitos integrados podem ser produzidos no mesmo lote. Segundo IC

    Insights Inc.17 a Texas Instruments conseguiu obter 30% de reduo nos custos

    utilizando a tecnologia de 300mm. Entretanto implementar wafers de dimetros

    maiores tambm tem seus desafios: 1) investimentos em P&D e equipamentos so

    altos; 2) o custo de mscara muito maior; 3) a produtividade de waferspor hora

    menor e; 4) o aproveitamento da rea til da pastilha de silcio menor. Portanto em

    mdio prazo, a produo de 300mm ficar limitado a servir apenas os produtos

    commodities de alto volume tais como memrias DRAM e Flash ou para os circuitos

    integrados que necessitem de grandes reas de wafer. J existem estudos comwafersde 450mm, mas no esperado que haja grande evoluo antes de 2010.

    2.7. INVESTIMENTOS EM P&D

    O custo para desenvolver novos circuitos integrados cresce juntamente com a

    evoluo da tecnologia de difuso. Veja os exemplos abaixo:

    a) os investimentos para se desenvolver uma nova arquitetura de processador

    de 32 bits pode custar de 50 a 200 milhes de dlares;

    b) os investimentos para se desenvolver uma nova arquitetura de processador

    de 64 bits pode chegar at 1 bilho de dlares;

    c) os investimentos da Intel para criar a arquitetura do Intanium custou mais de

    2 bilhes de dlares.

    15Tecnologias de dimetro do wafer16IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.17IC Insights Inc. Technology Trends. 2004

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    Grfico 5 - Custo de desenvolvimento do hardwarede um circuito integrado

    Fonte: IBS Inc, 2003, p.2.9, traduo nossa

    Os grficos 5 e 6 mostram a composio dos custos de desenvolvimento de

    novos circuitos integrados. O custo cresce exponencialmente para as tecnologias

    mais avanadas devido necessidade de gerenciar uma complexidade maior de

    elementos, do aumento do custo de mscara e prototipagem e, do aumento do custo

    de verificao do projeto.

    Alm da capacitao de gerenciar uma complexidade maior de elementos

    para desenvolver os circuitos integrados, tambm necessrio investir na

    capacitao para obter exatido da execuo dos projetos. Pois, devido aos altos

    custos de mscara e prototipagem, os projetos que no funcionam de acordo com o

    esperado geram grande prejuzo18.

    18IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.

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    A utilizao de ASIC trouxe algumas vantagens em relao ao

    posicionamento junto aos clientes, entretanto resultou no aumento dos custos para

    desenvolver novos produtos. Geralmente um ASIC projetado exclusivamente para

    atender as necessidades especficas de um nico cliente / aplicao e no se

    consegue aproveit-lo para outros clientes / aplicaes, aumentado os custos de

    NRE (Non Recurrent Engineering). Uma forma de reduzir os custos utilizar a

    abordagem de circuitos ASSP (Application Specific Standard Product). O ASSP

    desenvolvido utilizando a mesma metodologia do ASIC, mas classificado como

    standard products,pois pode ser vendido para mais de um cliente. Existe um grande

    nmero de clientes que iro optar por no avanar para as tecnologias mais

    avanadas a fim de evitar os custos elevados destas tecnologias. E o mercado deASIC ir perder espao para os circuitos integrados ASSP1920.

    Hoje existem arquiteturas mistas onde as funcionalidades padres so

    implementadas atravs de hardware, que podem ser reaproveitadas em vrios

    projetos, e, as funcionalidades especficas so implementadas atravs de software

    (ver grfico 6).

    19

    Enquanto o mercado total de semicondutores ir crescer a uma taxa de 9% ao ano, o mercado deASIC ir crescer apenas 4% ao ano.

    20IC Insights Inc.ASIC and SOC Market Overview. 2004.

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    Grfico 6 - Custo total de um circuito integradoFonte: IBS, Inc, 2003, p. 2.9, traduo nossa.

    Segundo IBS Inc21, no passado as empresas investiam em torno de 10 a 15%

    do faturamento em P&D. Atualmente os investimentos com P&D variam de 15% a

    20%. Analisando o quadro abaixo, que mostra os investimentos de P&D realizados

    pelas empresas que tm aes negociadas em bolsa de valores, constatamos que

    no ano de 2000 a mdia dos investimentos foi de 13%. E nos anos seguintes esta

    mdia subiu para 18%.

    21IBS Inc. Factors for Success in the System IC Business. 2003.

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    35

    Actel

    2000

    8,38315% 20%

    2003

    6,3578,201 19% 18%9,419

    9%6,833

    12%26% 62% 63%8%

    51%218323366 16%

    23%

    11% 12% 15%

    28% 27% 25%15%

    21%1,673

    30%21%

    15%

    39%

    18%5%1,408

    28%

    18%

    15%

    5,226 20%

    650

    819 801150

    1,412271

    775

    1,3696% 6%

    962 1,508608

    46%22% 54% 51% 26%839

    18% 21% 20%1,472

    14% 17%

    16%946 1,077 1,38816%15% 24% 29% 21%1,782

    134

    23%

    20% 64% 124% 131%

    20% 813

    112

    P&D16%

    P&D26%

    Receita

    37%

    10%

    P&D27%

    Receita146

    27%

    28%

    3,208

    27%

    P&D29%

    30%

    16%

    Receita

    Altera

    Receita

    18%

    2001 2002

    Agere System712839

    226 1465,1041,377 13%

    0.27 30%2,038

    Analog Devices 3,049

    3723,892

    AMCC4,644AMD

    24%26%

    1,898

    244 882,697 3,085

    2,106

    3,255 1,871

    BroadcomConexant

    ATI

    5%

    Atmel11%

    23%2,0131,290

    13%

    22%33,726

    1,194 1,2671,096 1,083

    15%

    43%

    37%

    15%26,764IntelIntersil

    14% 33%

    12% 14%24%

    713 14%

    LSI Logic

    Infineon

    2,004 625

    Linear Technology1,785

    72314%

    1,781

    Lattice

    1,288

    Fairchild

    CypressESS Technology 10%

    Micron1,203

    26,5394,386

    887 10%

    1,477MaximMarvell

    2,738

    NVIDIA

    303 9%

    NEC ElectronicsNational

    16%

    2,380

    6,876

    568

    12%PMC Sierra

    273 10%

    25%

    17%5,1601,583

    20%

    15%

    6,2471,801

    238541 921

    27%

    14% 24%295658

    229

    1,640769

    25%29%

    1,189

    5,530

    495

    223

    28,533

    15%

    13% 558

    23%

    1,817

    6,318

    1,111

    576

    1,124

    1,632

    505

    1,909

    144 24% 32%

    6,590 2,7887% 18%

    289

    695602

    7,81311,875

    UMC

    STMicroeletronics

    12%517

    1,559

    Texas Instruments

    TSMC

    13%

    6%VitesseXilinx

    20% 65%18%

    SanDisk

    6,615 12% 15% 6,145 13%735 1,369

    19%

    7%3,183 1,939

    1,149 19%159258

    13%1,843 3,7255,328 3% 9% 4,654 2,37670%1617%

    95%1,246

    2,850 20%

    16% 17%

    6%5,560

    Quadro 8 - Gastos com P&D das empresas de semicondutores com aesnegociadas em bolsa de valoresFonte: IBS Inc. 200322. Adaptao e traduo nossa.

    22IBS Inc. Factors for Success in the System IC Business. 2003

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    36

    3. BUSCADEUMMODELODENEGCIOSSUSTENTVEL

    3.1. MERCADO DE ALTO RISCO E ALTO RETORNO

    Este ramo industrial apresenta retornos elevados quando o mercado est em

    expanso, e grande prejuzo quando o mercado est em retrao. Vimos no grfico

    4 que a cada variao positiva de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas

    eletrnicos cresce 7% e o mercado de semicondutores cresce 30%. E a cada

    variao negativa de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas eletrnicos

    decresce 21% e o mercado de semicondutores decresce 45%.

    O ano de 2000 foi um ano de expanso e a margem de lucro lquido mdia

    das empresas listadas no quadro abaixo foi de 22%. Entretanto no ano de 2001 o

    mercado foi fortemente afetado pelas conseqncias do ataque terrorista ao World

    Trade Centere pelo estouro da bolha de tecnologia23; e a margem de lucro lquido

    mdia das empresas foi de 19% de prejuzo.

    23Expresso dada a crise do mercado de aes das empresas de tecnologia no ano de 2001.

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    37

    2,376

    LquidoReceita

    Lucro LucroLquido

    Receita

    4%134

    159 -496% 161Vitesse 517 11% 258-5% 1,939 11%

    -129%-96%UMC 3,183 48% 1,843TSMC 5,328 39% 3,725Texas Instruments 11,875 26% 8,201

    STMicroeletronics 7,813 19% 6,357

    PMC Sierra 695 11%SanDisk 602 50%

    NVIDIA 735 14% 1,369NEC Electronics 6,615 5% 5,160National 2,380 31% 1,583Micron 6,590 23% 2,788Maxim 1,477 29% 1,203Marvell 144 -163% 289LSI Logic 2,738 9% 1,785Linear Technology 887 46% 723Lattice 568 30% 295Intersil

    713 9% 576

    Intel 33,726 31% 26,539Infineon 6,876 17% 4,386Fairchild 1,781 15% 1,408ESS Technology 303 16% 271Cypress 1,288 22% 819

    -63% 962Conexant 2,004 -22% 839

    946Atmel 2,013 13% 1,472

    3,892Analog Devices 3,049 25% 1,898

    2000 2001 2002 2003

    21%

    1,3882,106

    1,194

    -173%

    0%1,871

    146

    -544%813

    3,255

    3,085

    LucroReceita

    Lquido Lquido

    -153% 2,038146 -3%

    -14%

    13% 18%-465%

    -14%3%

    15%

    6081,508

    -5%36% 839AMCC 372 -60% 244AMD 4,644

    226-3%

    ATI 1,290 11%

    Broadcom 1,096

    Actel 18%Agere System 5,104

    -1521%

    -3% 8,383

    -144%

    1,083625

    -81%

    558 39% 658

    1,412

    223

    -56% 1,817

    4%

    505

    10%5% 1,077

    273-50% 775

    1,782

    28%

    112712

    -80%

    -5%

    15%

    88

    -3%

    2,697

    -18%-32%

    42%

    -1%

    -285%

    -2%

    -16%

    207%-89%

    1,267

    1,369150801

    495

    28,5335,530

    238 -10%

    6,833 2%

    5,560 9,419 10%22%

    26%2,850 34% 3,208

    -30%7%

    6,318541

    -24% 5,226 -14%5% 26,764 12%

    -3%

    Receita

    Altera 1,377

    9%

    1,189

    921 17%

    1,8016,247

    12%

    40%26%

    -14% 5%7691,640

    -7%

    0%

    -48%8%

    14%0%

    -54%

    9%-9%

    -78%

    16%

    6%-34%

    -14%

    650

    -45%

    -37% 229 -77%

    18%

    1,909

    1,111

    323366

    12% 4,654

    28%-40%

    -1% -1%-8% 6,145

    1,6731,632

    7%

    -4%13%

    1% 4%5%13% 4%

    -198% 218

    Lucro

    Quadro 9 - Lucro lquido das empresas de semicondutores com aes negociadasem bolsa de valoresFonte: IBS Inc. 200324. Adaptao e traduo nossa.

    Algumas empresas, como Broadcom, PMC-Sierra, Vitesse e AMCC,

    apostaram no crescimento do segmento de mercado de circuitos integrados digitaispara redes de comunicao de dados. E foram buscar a tecnologia necessria para

    participar deste mercado atravs da aquisio de outras empresas. Era comum

    encontrar empresas comprando start ups,com faturamento inferior a 10 milhes de

    dlares, por 500 milhes de dlares e at 2 bilhes de dlares, somente para

    adquirir os projetos e arquiteturas de circuitos integrados digital para redes de

    comunicao de dados25. Estas empresas subestimaram as dificuldades deste

    24IBS Inc. Factors for Success in the System IC Business. 200325IBS Inc. Processor Trend. 2002

  • 7/26/2019 Estudo Brasil Semic

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    38

    mercado, e foram surpreendidos pelas conseqncias do ataque terrorista de 11 de

    setembro, que resultou no cancelamento de vrios projetos que estavam

    trabalhando junto aos seus clientes26; e se frustraram na tentativa de obter uma

    parcela do segmento de circuitos integrados digitais para redes de comunicao de

    dados. E foram obrigados a absorver prejuzos enormes (Broadcom 285% de

    prejuzo em 2001; PMC-Sierra 198% de prejuzo em 2001; Vitesse 96%, 496% e

    129% de prejuzo nos anos de 2001, 2002 e 2003; AMCC 60%, 1.521%, 544%,

    456% de prejuzo nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003; entre outros).

    Por outro lado algumas empresa apresentaram uma grande lucratividade

    neste mesmo cenrio. Onde podemos citar a Linear Tecnology e a Intel que

    apresentaram margens de lucro lquido mdia superiores 40% e 20%,

    respectivamente.

    3.2. BUSCA DA LUCRATIVIDADE

    O aumento dos custos das novas tecnologias ir alterar o ambiente de

    negcios deste ramo industrial nos prximos anos. Haver uma clara preocupao

    das empresas de semicondutores em controlar as mtricas financeiras em busca de

    lucratividade para obter recursos para financiar os investimentos exigidos pelas

    novas tecnologias.

    Desta forma uma empresa de semicondutores deve desenvolver um modelo

    de negcios que fornea uma lucratividade adequada no mnimo 40% de margem

    bruta para cobrir os custos de desenvolvimento de novos produtos e os

    investimentos em novas tecnologias. esperado que os custos continuem

    aumentando na medida em que se aumenta a complexidade do CI e se utiliza

    tecnologias mais avanadas, e talvez seja necessrio uma margem bruta de no

    mnimo 50% de margem bruta para financiar os novos produtos e futuras

    tecnologias. Estas empresas devem ter acesso a recursos apropriados (financeiros,

    tcnicos e mercadolgicos) para atuar de forma efetiva dentro de seus mercados, e

    26In-Stat MDR. Network Processors: Not just for Routers Anymore. 2002.

  • 7/26/2019 Estudo Brasil Semic

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    39

    aquelas que tiverem dificuldades, tero que optar por fazer parcerias para

    desenvolver as novas tecnologias em conjunto com outras empresas27.

    A lucratividade influenciada principalmente pelas barreiras competitivasimpostas pelas patentes de Propriedade Intelectual. A tecnologia de difuso utilizada

    um fator importante para competitividade, mas tem pouca influencia sobre a

    lucratividade. Isto explica o fato de Vendors de CI Analgico, que trabalham com

    projetos complexos nas tecnologias antigas, conseguirem maior lucratividade do que

    os Vendorsde CI Digital, que trabalham com as tecnologias mais avanadas.

    Outra forma de aumentar a lucratividade atravs da transferncia de parte

    da complexidade da aplicao dos sistemas eletrnicos para dentro dos circuitos

    integrados.

    Geralmente os lderes dos segmentos de mercado conseguem obter maior

    lucratividade. E apresentam bons resultados mesmo nos perodos de crise. Este o

    caso da Intel lder no mercado de processadores; TSMC e UMC lderes no mercado

    de Foundry Vendor;Linear Technology, Maxim e Analog Devices lderes no mercado

    de Analgicos de alta performance e; Altera lder no mercado de lgicas FPGA.

    3.3. POR QUE INVESTIR E FORAR OBSOLESCNCIA?

    Um fabricante de semicondutores poderia optar por esperar o mximo antes

    de lanar uma nova gerao de produtos. Desta forma seria possvel reduzir as

    necessidades de altos investimentos e poderia tentar maximizar o retorno sobre os

    investimentos realizados nas geraes anteriores. Mas esta deciso no to

    simples assim, pois na medida em que se prolonga a vida de uma gerao de

    circuitos integrados a demanda cai acentuadamente. Se no houver evoluo

    tecnolgica, a maioria dos usurios de sistemas eletrnicos no necessitariam trocar

    seus aparelhos freqentemente, e haveria uma forte queda na demanda logo aps a

    disseminao inicial.

    27IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.

  • 7/26/2019 Estudo Brasil Semic

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    40

    Portanto, mesmo que os usurios no necessitem de mais performance ou

    features adicionais, as empresas tm que manter um forte ritmo de evoluo

    tecnolgica, para que os usurios troquem seus aparelhos eletrnicos.

    Os clientes das empresas de semicondutores investem muito dinheiro para

    desenvolver novos produtos; e existe a tendncia de realizar apenas pequenas

    melhorias incrementais para evitar os altos custos e riscos de desenvolver um novo

    produto. Desta forma necessrio uma grande melhora na performance do

    semicondutor, de pelo menos 10 vezes (20 vezes no caso de microprocessadores),

    para convencer os clientes em modificar suas atuais plataformas / arquiteturas.28

    3.4. GERENCIAMENTO DOS RISCOS

    Os riscos aumentam na medida em que se evolui para as tecnologias de

    difuso de wafersmais avanadas, pois nas novas tecnologias: 1)haver uma maior

    complexidade de elementos; 2) aumentar os custos de desenvolvimento e; 3)

    reduzir o portflio de produtos.

    Grfico 7 - Exemplo de risco nas tecnologias de 0,25m e 90nm

    Fonte: IBS, Inc., 2003, p.2.1528IBS Inc. Processor Trend. 2002.

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    41

    O custo de desenvolvimento de CI na tecnologia de 0,25um era baixo, e no

    era necessrio um faturamento elevado por produto para garantir o retornos sobre o

    investimento. Desta forma as empresas conseguem ter vrios produtos em seu

    portflio e diluir os riscos de um novo produto entre os vrios outros produtos de seu

    portflio. Entretanto na tecnologia de 90nm o custo para desenvolver um novo

    produto bem mais alto, e poucos produtos conseguem obter o faturamento

    necessrio para cobrir os investimentos, resultando na reduo do portflio de

    produtos. Logo os riscos aumentam significativamente nesta tecnologia, devido ao

    prprio aumento da complexidade da nova tecnologia, e, devido a dificuldade dediluir os riscos de um novo produto em um portflio reduzido29.

    3.5. PARCERIA PARA TER ACESSO S NOVAS TECNOLOGIAS

    Segundo a IBS Inc30somente a Intel, Samsung entre outras 3 ou 4 empresas

    tero capacidade financeira para realizar os investimentos necessrios para ter

    fbricas prprias para produzir CIs na tecnologia de 45nm. O aumento dos custos

    das novas tecnologias far com que poucas empresas tenham acesso as novas

    tecnologias. Desta forma a maioria das empresas ter que fazer parcerias para

    reduzir os custos de desenvolvimento e ter acesso as novas tecnologias.

    Atualmente existe alguns casos de sucesso. Como por exemplo, a parceria

    entre a ST Microeletronics, Philips e Motorola. Ou a parceria entre LSI Logic, Agere

    Systems, National, Motorola e Altera. A IBM tambm colaborou no desenvolvimentode processos junto com a Toshiba, Sony, Infineon, Chartered e AMD. A Chartered e

    a IBM assinaram um acordo para desenvolvimento e manufatura das tecnologias de

    90nm e 65nm, que pode ser estendido para tecnologia de 45nm.31.

    Os clientes consumidores de circuitos integrados esto reduzindo cada vez

    mais os recursos das reas que no esto diretamente relacionadas com as

    29IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.30IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.31IC Insights Inc. Leading IC Supplier and Foundries. 2004

  • 7/26/2019 Estudo Brasil Semic

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    42

    atividades de marketing e P&D. A produo est sendo terceirizada para as

    empresas especializadas na montagem de placas, o controle de estoque e

    relacionamento com os fornecedores fica sob responsabilidade de empresas

    especializadas em logsticas de materiais, e at as atividades de vendas e ps-

    venda so repassadas para os distribuidores e representantes, e vrios clientes

    esto reduzindo, inclusive, os recursos nas reas de engenharia de

    desenvolvimento de novos produtos, repassando parte da responsabilidade para os

    fornecedores.

    Este movimento positivo para as empresa de semicondutores, pois permite

    incorporar funcionalidades adicionais nos circuitos integrados e trabalhar com

    margens de lucro maiores. Mas por outro lado resulta no aumento da complexidade

    e custos do processo de venda, onde se faz necessrio desenvolver circuitos

    integrados customizados exclusivamente para atender a necessidade de apenas um

    cliente / aplicao. Entretanto o alto custo das novas tecnologias obriga as empresas

    de semicondutores a avaliar minuciosamente os riscos e as receitas potenciais dos

    novos produtos antes de comprometer em tais atividade32(ver grfico a seguir).

    32IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business.2003.

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    Grfico 8 - Custo de desenvolvimento de um circuito integrado e custo do processode design inFonte: IBS Inc, 2003, p.2.12, traduo nossa.

    Hoje muitos Vendorsde pequeno porte tm projetos inovadores que poderiam

    ter boa aceitao do mercado, mas devido ao custo total (desenvolvimento do CI +

    desing in) fica muito difcil para estes Vendorsobterem a capacidade financeira para

    suportar os riscos envolvendo tais investimentos. Sendo obrigado a atuar em nichos

    de mercado33.

    33IBS Inc. Processors Trend. 2002.

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    44

    4. PRINCIPAISTEORIASSOBREVANTAGEMCOMPETITIVAEINVESTIMENTO

    INTERNACIONAL.

    Neste captulo foi feito o levantamento das principais teorias sobre vantagemcompetitiva e investimento internacional. Existe uma evoluo nestas teorias, onde

    cada autor complementa as teorias anteriores com informaes adicionais e pontos

    de vista diferentes.

    4.1. TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA SMITH (1776)

    No livro The Wealth of Nations, Adam Smith (1776) analisou os processos

    produtivos antes e depois da Revoluo Industrial. Onde constatou que antes da

    Revoluo Industrial um trabalhador realizava todas as etapas do processo de

    produo sozinho e, se produzia apenas um pequeno volume, suficiente para

    atender suas prprias necessidades pessoais. Aps Revoluo Industrial, foi

    introduzido o conceito de diviso do trabalho, e os trabalhadores tornaram-se

    especializados na produo de apenas uma etapa do processo produtivo. E uma

    fbrica necessitaria de vrios trabalhadores especializados, cada um

    desempenhando uma funo diferente. Os trabalhadores organizados conseguiam

    produzir um excedente de produo que era explorado pelo dono do capital.

    Outro conceito importante elaborado por Adam Smith foi a vantagem

    absoluta. Um pas teria vantagem absoluta caso tivesse abundncia de recursos

    naturais e / ou de mo de obra. Desta forma as empresas que estivessem

    localizadas em um pas que tivesse vantagem absoluta teriam condies de produzir

    de forma mais eficiente que os outros pases e conseqentemente seus produtos

    teriam maiores possibilidades de obter sucesso no mercado internacional.

    Adam Smith sugeriu que, cada pas deveria especializar apenas na produo

    de bens que era possvel produzir com vantagem absoluta, pois uma nao seria

    capaz de exportar somente se ela fosse capaz de produzir ao menor custo do

    mundo.

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    45

    4.2. TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA RICARDO (1819)

    No Livro On the Principles of Political Economy and Taxation, David Ricardo

    (1819) concluiu que um pas poderia possuir vantagem absoluta na produo devrios produtos. Mas, quando comparado com outros pases, este pas poderia ser

    mais eficiente na produo de alguns destes produtos e menos eficiente na

    produo do outros. Desta forma este pas teria o menor preo de produo apenas

    para os produtos que tivessem vantagem comparativa. O sucesso dos pases no

    seria resultado das vantagens absolutas, mas sim das vantagens comparativas.

    Um pas conseguiria melhorar ainda mais o aproveitamento de seus recursos

    atravs da especializao da produo dos bens que tiver maior vantagem

    comparativa e comprar os demais produtos de outros pases. Ou seja, um pas

    poderia importar um artigo, mesmo que tivesse vantagem sobre os outros pases, e,

    mesmo se produzisse internamente a baixo custo, caso este pas tenha uma

    vantagem comparativa ainda maior na produo de outros artigos. Tal comrcio

    forneceria ganho para ambos pases.

    Segundo esta teoria, as foras do mercado direcionariam os recurso de um

    pas para as indstrias que tivessem maior vantagem comparativa.

    4.3. TEORIA DOS FATORES DE INTENSIDADE E PROPORCIONALIDADE

    HECKSCHER (1933) E OHLIN (1949).

    A teoria de Heckscher e Ohlin considera que se existirem apenas dois fatores

    de produo: por exemplo, trabalho e o capital. O fator de intensidadeseria obtido

    atravs da comparao entre estes dois fatores de produo. Dado os produtos X e

    Y, onde para produzir X necessrio 4 unidades de trabalho e 1 de capital. E para

    produzir Y necessrio 4 unidades de trabalho e 2 de capital. Logo X, apesar de

    utilizar a mesma quantidade de mo-de-obra, classificado como intensivo de mo-

    de-obra, e Y classificado como intensivo de capital.

    De acordo com esta teoria a tecnologia pode ser transferida entre os pases e ,

    portanto no haveria diferena de produtividade entre os pases. Os fatores de

    produo (terra, mo-de-obra, recursos naturais e capital), por sua vez, no podem

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    46

    ser transferidos entre os pases, e portanto a disponibilidade e os custos dos fatores

    de produo de cada pas seriam os fatores determinantes das vantagens

    competitivas. E a abundncia dos fatores de produo, no trazem por si s, uma

    vantagem competitiva, pois uma indstria somente teria vantagem competitiva se

    fizer uso intensivo destes fatores abundantes.

    Os pases deveriam produzir e exportar somente produtos que tenham

    vantagem competitiva e importar os demais produtos de outros pases.

    Ou seja, os pases com mo-de-obra abundante a barata deveriam se

    especializar na produo e exportao de bens intensivos em mo-de-obra. Os

    pases que tm grande disponibilidade de matria-prima ou terra cultivvel deveriam

    se especializar na produo e exportao dos produtos que dependem destes

    recursos. E um pas abundante em capital deveria se especializar na produo de

    bens intensivos em capital.

    4.4. TEORIA DA SOBREPOSIO DE PRODUTOS LINDER (1961).

    Linder (1961) analisa a questo da competitividade e dos investimentos

    internacionais atravs das caractersticas do mercado consumidor interno de cada

    pas. Uma empresa tem possibilidade de conhecer as preferncias dos

    consumidores que esto no mercado interno melhor do que as preferncias dos

    consumidores que esto nos mercados externos.

    Haver sobreposio de produtos caso dois pases tenham mercados interno

    com preferncias similares, e neste caso uma empresa ter maior facilidade de

    vender seus produtos para os mercados externos que tenham sobreposio de

    produtos. E no haver sobreposio de produtos caso dois pases tenham

    mercados interno com preferncias diferentes, e neste caso uma empresa ter maior

    dificuldade de vender seus produtos para mercados externos que no tenham

    sobreposio de produtos.

    A renda per capita tem um papel importante, pois ela determina a sofisticao

    dos mercados. E pases com renda per capita similar tm maior probabilidade de ter

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    sobreposiode produtos, e em pases com renda per capita diferente tm menor

    probabilidade de ter sobreposio de produtos.

    4.5. TEORIA DO CICLO DE PRODUTO VERNON (1966)

    De acordo com Vernon (1966), na medida em que um produto avana em seu

    ciclo de vida, as exigncias por conhecimento / mo-de-obra especializada e custos

    dos fatores de produo / mo-de-obra de baixo custo vo se alterando.

    Estgio I: Produto Novo: As inovaes tecnolgicas necessitam de grandes

    investimentos de capital e mo-de-obra especializada. Geralmente a empresa

    inovadora se beneficia do poder de monoplio, obtendo altas margens de lucro para

    cobrir os custos de desenvolvimento. O desenvolvimento de novos produtos e o

    incio da produo ser mais eficiente se realizado prximo aos centros de P&D

    onde o fluxo de informao entre os diversos elos da cadeia produtiva facilitado.

    Os mercados mais desenvolvidos tero vantagem competitiva.

    Estgio II: Produto pleno: O processo de produo torna-se maispadronizado na medida em que os volumes de produo aumentam. E a

    necessidade por mo-de-obra especializada diminui. Surgem competidores que

    foram reduo nos preos e diminui as margens de lucro. Muitas empresas optam

    por estabelecer centros de produo localizados em pases que tenham baixo custo

    de mo-de-obra.

    Estgio III: Produto Maduro: Neste estgio o processo de produo torna-se

    completamente padronizado e no h mais necessidade de mo-de-obra

    especializada. A competio acirrada, o que foras s empresas a procurar os

    pases de menor custos dos fatores de produo para sediar os centros produtivos.

    O pas sede ter supervit comercial, mas as margens de lucro sero baixas.

    Esta teoria analisa as decises de investimento de acordo com o estgio do

    ciclo do produto. Pois na medida em que um produto avana em seu ciclo de

    produto as exigncias dos fatores de produo vo se alterando e as vantagens

    competitivas vo se deslocando de um pas para outro.

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    4.6. TEORIA DAS FONTES DE VANTAGEM COMPETITIVA NO

    TRANSFERVEIS BUCKLEY E CASSON (1976), E DUNNING (1977)

    Um estudo de Buckey e Casson (1976), e posteriormente Dunning (1977)

    introduziu o conceito de fontes de vantagem competitiva no transferveis.

    De acordo com esta teoria, muitas empresas iro optar por manter os centros

    de pesquisas & desenvolvimento e os centros de produo das tecnologias mais

    avanadas em localidades onde possam ter o total controle sobre o fluxo de

    informaes. Atravs deste controle as empresa conseguiro internalizar asinformaes e conhecimentos, que so fontes de vantagem competitiva, para que

    no sejam transferidas para outras empresas. Ou seja, internalizar os segredos

    industriais, processos internos, conhecimentos especializados, conhecimento dos

    empregados entre outras informaes confidenciais que sejam fontes de vantagem

    competitiva.

    As empresa no iro permitir que tais informaes e conhecimentos sejam

    transferidos para outras empresas, pois isto poderia representar uma sria ameaa

    para a competitividade destas empresas.

    4.7. TEORIA DOS MERCADOS IMPERFEITOS HELPMAN E KRUGMAN (1985)

    Em mercados perfeitos onde haja competio perfeita, os preos so reflexo

    do valor imposto pela escassez dos produtos, e todas as decises econmicasseriam baseadas nos incentivos que os preos forneceriam. O preo de equilbrio se

    daria quando os benefcios marginais igualaria aos custos marginais de produo.

    As teorias tradicionais de comrcio e investimento internacional assumem que os

    mercado e a competio so perfeitos, assim, o mercado consiste de um grande

    nmero de pequenas empresas obtendo apenas o lucro necessrio para

    permanecer no mercado. Neste caso o preo de equilbrio igual os custo marginal

    de produo.

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    Entretanto fatores como economias de escala, barreiras de entrada

    (necessidade de capital ou P&D) e, as patentes fazem com que os preos de

    equilbrio sejam superiores ao custo marginal de produo alterando as bases para

    as decises econmicas.

    Krugman considera a economia de escala como um fator importante na

    composio dos custos de produo e nas decises de investimento. Uma empresa

    tem economia de escala interna quando o seu custo de produo unitrio depende

    do volume produzido internamente. Desta forma as maiores empresas tero maior

    economia de escala interna, menores custos, e maior potencial de monopolizar um

    mercado, criando um mercado imperfeito. E na medida em que uma empresa

    cresce para atingir economia de escala interna, ela acaba absorvendo uma grande

    quantidade de recursos disponveis no pas e limita a disponibilidade dos recursos

    para as outras indstrias. Desta forma um pas no seria capaz fornecer recursos

    para produo de todos os produtos, sendo necessrio especializar na produo de

    somente alguns produtos, e os outros pases teriam oportunidade de produzir os

    produtos que foram abandonados.

    Uma empresa tem economia de escala externa quando o volume deproduo interno no o fator determinante do custo unitrio de produo. O custo

    de produo unitrio depende do volume produzido por todas as empresas que

    fazem parte do mercado produtor de uma determinada regio ou pas. Um pas pode

    dominar o mercado mundial de um determinado produto, no devido ao volume de

    produo de uma empresa em particular, mas devido a vrias pequenas empresas

    que criam um mercado produtor extremamente competitivo, que as empresas

    sediadas em outros pases no conseguem superar.

    4.8. VANTAGEM COMPETITIVA DAS NAES PORTER (1990)

    Segundo Porter as empresas e economias florescem devido s presses e

    desafios. No em conseqncia de um ambiente tranqilo ou de incentivos externos

    que elimine a necessidade de melhorar constantemente. A rivalidade interna, o

    agrupamento, e a concentrao geogrfica so vitais para o aprimoramento dos

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    fatores porque multiplicam os centros de iniciativa, atraem massa critica de ateno

    e esforo e estimulam os investimentos de instituies pblicas.

    Na medida em que a competio passou a usar mais intensivamente osconhecimentos, a influncia do ambiente nacional tornou-se vital, e o Governo tem

    um importante papel na criao e aperfeioamento dos fatores, quer seja recursos

    humanos habilitados, conhecimentos cientficos ou infra-estrutura. A indstria de um

    pas estar em desvantagem se o governo no enfrentar essas responsabilidades

    com eficincia. importante ter em mente que os mecanismos governamentais de

    criao de fatores, por si s, raramente so fonte de vantagem competitiva. Pois os

    esforos diretos do governo se fazem em reas generalizadas, enquanto os fatores

    mais significativos para a vantagem competitiva so especializados e avanados.

    Segundo o modelo diamante determinante da vantagem nacional - os

    pases tem xito devido a 4 atributos: 1) Condies de fatores de produo: a

    posio do pas nos fatores de produo, como trabalho especializado ou infra-

    estrutura. Para uma nao muito mais importante melhorar continuamente os

    fatores de produo do que as suas condies iniciais; 2) condio de demanda: a

    natureza e as caractersticas de competio que as empresas enfrentam nestesmercados so os fatores mais importante; 3) Indstrias correlatas e de apoio: uma

    empresa que opera em um ambiente prximo aos fornecedores e industriais

    relacionados ter vantagem competitiva devido a facilidade de relacionamento entre

    as empresas para trabalharem em conjunto e a melhoria da comunicao e; 4)

    estratgia, estrutura e rivalidade das empresas: as condies que, no pas,

    governam a maneira pela qual as empresas so criadas, organizadas, dirigidas, e a

    natureza da rivalidade interna.

    4.9. OUTROS

    Schumpeter (1950) afirmava que as empresas que tiverem sucesso na

    inovao de produtos e / ou processos produtivos, sero recompensados por uma

    vantagem temporria sobre seus concorrentes, que resultar em um poder de

    monoplio temporrio sobre o que foi desenvolvido. Este poder de monoplio

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    possibilitar as empresas inovadoras a conquistar uma significativa participao de

    market sharee usufruir lucros maiores.

    von Hippel (1988) complementa o argumento de Schumpeter, afirmando queos retornos de uma inovao bem sucedida pode vir na forma de reduo de custos,

    aumento dos preos, e / ou aumento das vendas durante o perodo que tiver poder

    de monoplio. Atravs da explorao de vrios ramos industriais, Hippel constatou

    que na maioria dos casos so os usurios dos produtos, no os fabricantes, que

    identificam as necessidades e encontram solues atravs da inovao. Esta

    constatao contradiz o conceito convencional que a maioria das inovaes vm das

    empresas. Este conceito convencional somente ocorre, pois os usurios inovadores

    no tm motivos para fazer propaganda de seu feito junto a outros consumidores,

    geralmente so as empresas produtoras que iniciam as atividades de propaganda.

    Segundo Czinkota; Ronkaines e Moffett (2000) as decises de investimento

    para montar os centros de produo no focada exclusivamente nos menores

    custos dos fatores de produo ou nos maiores mercados consumidores. Uma

    empresa pode estar: 1) Procurando vantagens: tais como proximidade com recursos

    naturais; benefcios oferecidos pelos governantes; proximidade com as localidadesque tenham cadeia produtiva estabelecida; segurana em pases com estabilidade

    poltica e econmica; proximidade com os maiores e mais sofisticados mercados,

    entre outros fatores e; 2) explorando imperfeies: tais como restries no acesso

    de mercado impostas por barreiras alfandegrias; ou a imobilidade de fatores como

    mo-de-obra, cadeias produtivas; entre outros.

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    5. ASOPORTUNIDADES PARAOBRASIL

    O objetivo deste captulo analisar quais so as chances que o Brasil tem

    para atrair investimentos em design housese fbricas de difuso de waferspara o

    desenvolvimento e a produo de circuitos integrados.

    Esta questo tem um alto grau de complexidade e, apesar de permitir anlise

    por diferentes pontos de vista, ser analisada pelo ponto de vista das teorias de

    vantagem competitiva e investimento internacional levantadas no Captulo 4.

    O levantamento das caractersticas da indstria de semicondutores, feito no

    Captulo 2, permitiu a identificao dos principais fatores determinantes de vantagem

    competitiva deste ramo industrial: mo-de-obra qualificada; conhecimentos

    cientficos; mercado interno, disponibilidade de capital e cadeia produtiva. Alm dos

    incentivos governamentais e dos problemas existentes no Brasil que podem

    influenciar nas decises de investimento.

    Mercado consumidor interno:

    Nas conversas que tive com profissionais de reas relacionadas e nos artigos

    publicados sobre este assunto, constatei uma certa confuso sobre os fatores

    determinantes da vantagem competitiva. A maioria dos profissionais consideram que

    a maior vantagem nacional o tamanho do mercado consumidor interno 34.

    Entretanto de acordo com Ricardo (1819), para um pas ter vantagem comparativa

    no basta ter um grande mercado consumidor interno em termos absolutos;

    necessrio que este mercado seja significativo quando comparado com os demaispases. Ou seja, o Brasil possui um grande mercado consumidor interno em valores

    absolutos, mas ele muito pequeno quando comparado com outros mercados

    mundiais, tais como a China, os Estados Unidos, o Japo e a Europa. Desta forma

    este mercado no representaria uma vantagem comparativa para uma empresa que

    tivesse operaes dentro do territrio brasileiro.

    34Ver quadro 5 Principais aplicaes dos semicondutores

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    A teoria da sobreposio de produto (LINDER, 1961) complementa as

    implicaes da teoria da Vantagem Comparativa de Ricardo em relao

    importncia do mercado consumidor de semicondutor. No Brasil estas aplicaes

    atendem a necessidade de uma camada da populao de maior poder aquisitivo,

    que tem comportamento bastante similar aos mercados dos Estados Unidos, Japo,

    Europa e sia-Pacfico. O que resulta em uma sobreposio de produtos entre estes

    mercados. E de acordo com a teoria de Linder, os fabricantes que tiverem

    operaes nos Estados Unidos, Japo, Europa e sia-Pacfico tero facilidade de

    servir ao mercado brasileiro para estas aplicaes sem a necessidade de ter uma

    operao no Brasil. Desta forma existir a motivao para uma empresa de

    semicondutores estabelecer suas operaes prximo aos maiores e maissofisticados mercados dos Estados Unidos, Japo, Europa e sia-Pacfico e

    utilizar os mesmos produtos para servir o Brasil.

    De acordo com as teorias de Ricardo e Linder, as empresas de

    semicondutores no teriam vantagem competitiva em estar prximo do mercado

    brasileiro. A vantagem competitiva existe apenas em alguns nichos de mercado, que

    apesar de no terem a mesma dimenso do principais mercados consumidores de

    semicondutores em termos absolutos, tm um volume que representativo

    mundialmente. So aplicaes como automao industrial, agro-pecuria,

    segurana, transporte, governo, entre outros (como ser visto no decorrer deste

    captulo). O perfil dos fabricantes de circuitos discretos no Brasil corrobora com esta

    afirmao35.

    Mo-de-obra qualificada:

    O Programa Nacional de Microeletrnica desenvolvido pelo Ministrio da

    Cincia e Tecnologia (ver APNDICE B) sugere a interligao dos cursos de

    engenharia, fsica e computao de 17 universidades brasileiras para a formao de

    profissionais para atuar na atividade de desenho de circuitos integrados. Estes

    profissionais serviro de atrativo para as empresas multinacionais que queiram

    35Aegis Semicondutores e Semikron atuam no mercado de bens de capital e a Heliodinmica tematuao junto ao governo

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    estabelecer operaes no Brasil para aproveitar o baixo custo dos fatores de

    produo e realizar as atividades de menor complexidade dentro do processo de

    desenho de novos circuitos integrados.

    O avano dos meios de telecomunicao e as novas ferramentas de

    gerenciamento de banco de dados e de projetos possibilitaram a diviso do

    processo de desenho de um novo circuito integrado em vrias partes, que podem

    ser realizadas simultaneamente em diferentes centros de desenvolvimento ao redor

    do mundo. As atividades de menor complexidade esto sendo transferidas para os

    centros localizados em pases que tenham mo-de-obra qualificada e baixo custo

    dos fatores de produo e as atividades de maior complexidade continuam sendo

    realizadas nas localidades que tenham facilidade de interao com os clientes, mo-

    de-obra alta