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Estuda-se o uso de fluídos supercríticos para obter concentrados naturais de Omega 3 Tese da Universidade de Burgos descreve parâmetros para a extração destes óleos a partir de subprodutos da pesca Antonio Martín/DICYT Uma tese apresentada na Universidade de Burgos estudou a obtenção de concentrados naturais de Omega 3 a partir de subprodutos do peixe. Este trabalho, realizado pela pesquisadora Nuria Rubio e que tem como título “Aplicação da tecnologia de fluídos supercríticos na extração, concentração e formulação de óleo de peixe rico em Omega 3. Uma nova estratégia para a revalorização de subprodutos do peixe”, foi dividido em três partes de acordo com as diferentes etapas do processo: em primeiro lugar, realizou-se a extração do óleo do peixe, utilizando- se dióxido de carbono em condições supercríticas; um fracionamento do óleo na saída do extrator permite a obtenção de uma fração levemente concentrada em Omega 3. A segunda etapa da reação enzimática em meio ao dióxido de carbono supercrítico da fração de óleo mais rica em Omega 3, obtida na primeira etapa, permite conseguir uma concentração mais rica. A separação dos produtos da reação se realiza mediante fracionamento por diferença de solubilidades dos distintos produtos em dióxido de carbono. Por último, estudou-se a microencapsulação do óleo de peixe rico em Omega 3 dentro de uma matriz sólida de um carboidrato através da tecnologia PGSS-drying com dióxido de carbono a altas pressões. Como matéria prima utilizou-se diferentes subprodutos da indústria da pesca. Os ácidos graxos poliinsaturados Omega 3, em especial EPA e DHA, adquiriram grande importância na sociedade atual devido a seus efeitos positivos na prevenção e tratamento de diversas doenças coronárias (hipertriglicemia, infarto

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Estuda-se o uso de fludos supercrticos para obter concentrados naturais de Omega 3

Tese da Universidade de Burgos descreve parmetros para a extrao destes leos a partir de subprodutos da pesca

Antonio Martn/DICYTUma tese apresentada na Universidade de Burgos estudou a obteno de concentrados naturais de Omega 3 a partir de subprodutos do peixe. Este trabalho, realizado pela pesquisadora Nuria Rubio e que tem como ttulo Aplicao da tecnologia de fludos supercrticos na extrao, concentrao e formulao de leo de peixe rico em Omega 3. Uma nova estratgia para a revalorizao de subprodutos do peixe, foi dividido em trs partes de acordo com as diferentes etapas do processo: em primeiro lugar, realizou-se a extrao do leo do peixe, utilizando-se dixido de carbono em condies supercrticas; um fracionamento do leo na sada do extrator permite a obteno de uma frao levemente concentrada em Omega 3. A segunda etapa da reao enzimtica em meio ao dixido de carbono supercrtico da frao de leo mais rica em Omega 3, obtida na primeira etapa, permite conseguir uma concentrao mais rica. A separao dos produtos da reao se realiza mediante fracionamento por diferena de solubilidades dos distintos produtos em dixido de carbono. Por ltimo, estudou-se a microencapsulao do leo de peixe rico em Omega 3 dentro de uma matriz slida de um carboidrato atravs da tecnologia PGSS-drying com dixido de carbono a altas presses. Como matria prima utilizou-se diferentes subprodutos da indstria da pesca.

Os cidos graxos poliinsaturados Omega 3, em especial EPA e DHA, adquiriram grande importncia na sociedade atual devido a seus efeitos positivos na preveno e tratamento de diversas doenas coronrias (hipertriglicemia, infarto do miocrdio, insquemia cerebral...), inflamatrias (asma, artrite...) ou alguns tipos de cncer. Por esta razo, e pela crescente demanda de suplementos nutricionais e alimentos enriquecidos com Omega 3, o grupo de pesquisa em Engenharia Qumica e Alimentos (Iqual) concebeu a necessidade de motivar uma nova linha de pesquisa destinada ao desenho de processos de obteno de concentrados ricos em Omega 3 de alta qualidade, mais eficazes, seguros e competitivos que os produzidos atualmente.

Uma das tecnologias emergentes com que trabalhou o grupo de pesquisa a tecnologia de fludos supercrticos, indica a DiCYT Nuria Rubio. A equipe de pesquisa conta com uma experincia de mais de uma dcada neste mbito. Um fludo supercrtico o estado intermedirio, o meio do caminho entre o gasoso e o lquido, que pode alcanar uma substancia quando est sob condies de presso e temperatura acima de seu ponto crtico. Iqual trabalha concretamente com dixido de carbono (CO2), que oferece interessantes vantagens do ponto de vista industrial, j que um excelente dissolvente de compostos pouco polares, como o leo de peixe, tem um ponto crtico moderado (31 graus de temperatura e 73 bar de presso), incuo, fcil de conseguir com elevada pureza, e econmico.

Gs incuo

Atualmente, cidos como o Omega 3 so obtidos normalmente em forma de steres etlicos e mediante processos de separao convencionais que em algumas ocasies implicam o uso de altas temperaturas e de dissolventes orgnicos, explica Nuria Rubio. O trabalho de pesquisa, financiado em suas origens a partir de um projeto do Plano Nacional do Ministrio da Cincia e Inovao e atualmente pela empresa Pescanova, pretende a obteno destes cidos graxos (de valor incorporado na indstria de alimentos e farmacutica) em forma de acilgliceris, mais estveis frente oxidao e mais fceis de metabolizar, e atravs de um processo que utiliza baixas temperaturas (que no ultrapassam quarenta graus Celsius) e CO2, um gs incuo que no deixa resduos.

O trabalho de pesquisa comeou com a caracterizao de subprodutos do peixe procedentes do setor pesqueiro. A empresa Pescanova proporcionou restos do processo de fatiamento de peixes, fundamentalmente peles com um pouco de msculo anexo, para determinar a quantidade e qualidade do leo que pode ser extrado deles. Os pesquisadores da Universidade de Burgos avaliaram peles do peixe rosada (Xiphiurus capensis), olho-de-vidro-laranja (Hoplostethus atlanticus), merluza (Merluccius merluccius) e salmo (Salmo salar). Entre todos estes subprodutos, os que melhores resultados ofereceram pela qualidade e quantidade de Omega 3 foram as peles de merluza e salmo.

Processos de extrao, concentrao e formulao

Na segunda fase, a pesquisa focou-se no estudo da influencia de distintos parmetros do processo para extrao destes leos utilizando dixido de carbono em condies supercrticas. Este aspecto supe uma importante novidade para a indstria. No existe um processo semelhante na indstria da pesca, ainda que encontremos antecedentes na escala comercial, no processo de descafeinao do caf, resume Rubio. Em terceiro lugar, estudou-se o processo de concentrao dos Omega 3 na forma de acilgliceris mediante um processo de reao enzimtica separao em meio de dixido de carbono supercrtico. Este outro aspecto indito interessou a Pescanova, que financiou a continuao do trabalho atualmente realizado pelo grupo de pesquisa do Departamento de Biotecnologia e Cincia dos Alimentos. A tese foi concluda com a formulao do leo rico em Omega 3 em forma de micro-cpsulas slidas que podem ser utilizadas na indstria de alimentos e farmacutica como ingredientes funcionais na produo de alimentos enriquecidos com Omega 3 ou suplementos nutricionais.

Resumidamente, o processo estudado constitui uma estratgia indita para abordar trs dos desafios mais importantes da indstria de alimentos atual: a revalorizao de subprodutos, a obteno de compostos naturais de alto valor agregado, como os cidos Omega 3, e a implantao de novas tecnologias, como a tecnologia de fludos supercrticos, mais segura do ponto de vista alimentar e mais respeitosa com o meio ambiente.

A doutoranda do Departamento de Biotecnologia e Cincia dos Alimentos da Universidade de Burgos, Mara Nuria Rubio Rodrguez, defendeu sua tese doutoral em fevereiro passado. O trabalho foi dirigido pela professora Sagrario Beltrn.

http://www.dicyt.com/noticia/estuda-se-o-uso-de-fluidos-supercriticos-para-obter-concentrados-naturais-de-omega-3http://www.conhecer.org.br/enciclop/2012b/ciencias%20exatas%20e%20da%20terra/levantamento%20e%20analise.pdfhttp://www.bv.fapesp.br/pt/auxilios/4101/fluidos-supercriticos-e-suas-aplicacoes-ambientais-um-projeto-multidisciplinar-em-quimica-e-engenhar/http://media.fapesp.br/bv/uploads/pdfs/Investindo...pesquisadores_471_319_319.pdf

http://r1.ufrrj.br/wp/ppgcta/files/2012/07/T-0021.pdf

Resumo

A Engenharia verde, que agora bem vista por muitas indstrias est tendendo os seus estudos para uma rea da qumica que ir abordar aspectos de pesquisa bsica e aplicada relacionados a solventes alternativos (os fludos supercrticos) e suas aplicaes ambientais, em especial na remediao e/ou destruio de material contaminado (solos, efluentes, equipamentos, etc.), isoladamente ou de modo integrado a outras tecnologias. Do ponto de vista de pesquisa bsica, deseja-se desenvolver novos tensoativos para fludos supercrticos e estudar suas propriedades nesses sistemas, em especial a formao de agregados, sua estrutura e dinmica, e a reatividade de substncias-modelo (steres do tipo benzoatos de fenila ou similares, contaminantes orgnicos do tipo bifenilas policloradas, etc.). A agregao de tensoativos em fludos supercrticos uma rea de pesquisa recente no mundo e indita no Brasil. No aspecto de pesquisa aplicada, pretende-se estudar o uso da tecnologia de extrao supercrtica e dos tensoativos desenvolvidos para esses sistemas na possvel soluo de problemas ambientais, em especial a descontaminao de solos e materiais contaminados. Objetiva-se estudar, em particular, a descontaminao de equipamentos eltricos, fludos dieltricos ou solos contaminados por bifenilas policloradas (PCBs), que so poluentes orgnicos persistentes e de alta toxicidade. (AU)

1.1 Apresentao.

-Extrao com fluido supercrtico. A extrao com fludos supercrticos permite contornar problemas ocorridos nos

processos tradicionais, como a presena de resduos de solventes em produtos acabados, anecessidade de etapas de purificao em extraes que utilizam solventes poucoseletivos e adegradao de substncias, causadas por condies drsticas de operao, como a utilizao de elevadas temperaturas em processos de destilao

FACULDADE MAURCIO DE NASSAU

Leandro da Cruz Vieira

A importncia de fluidos supercrticos na engenhariaJOO PESSOA

2014

Resumo

Na engenharia de materiais objetiva se estudar, em particular, a descontaminao de equipamentos eltricos, fludos dieltricos ou solos contaminados por bifenilas policloradas (PCBs), que so poluentes orgnicos persistentes e de alta toxicidade. (AU)A Engenharia verde, que agora bem vista por muitas indstrias est tendendo os seus estudos para uma rea da qumica que ir abordar aspectos de pesquisa bsica e aplicada relacionados a solventes alternativos (os fludos supercrticos) e suas aplicaes ambientais, em especial na remediao e/ou destruio de material contaminado (solos, efluentes, equipamentos, etc.), isoladamente ou de modo integrado a outras tecnologias. Do ponto de vista de pesquisa bsica, deseja-se desenvolver novos tensoativos para fludos supercrticos e estudar suas propriedades nesses sistemas, em especial a formao de agregados, sua estrutura e dinmica, e a reatividade de substncias-modelo (steres do tipo benzoatos de fenila ou similares, contaminantes orgnicos do tipo bifenilas policloradas, etc.). A agregao de tensoativos em fludos supercrticos uma rea de pesquisa recente no mundo e indita no Brasil. No aspecto de pesquisa aplicada, pretende-se estudar o uso da tecnologia de extrao supercrtica e dos tensoativos desenvolvidos para esses sistemas na possvel soluo de problemas ambientais, em especial a descontaminao de solos e materiais contaminados.

1. INTRODUOA extrao com fluido supercrtico uma operao unitria, onde so empregados

solventes acima de seus pontos crticos para extrarem componentes solveis de uma mistura(Williams, 1981).

O potencial como solvente foi inicialmente estudado na dcada de 60, por uma equipe

de pesquisadores russos em Kniipp, e nos Estado s Unidos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos na Califrnia.Os equipamentos em pequenae grande escalas, surgiram no mercado na dcada de 70 e as primeiras plantas em escala industrial surgiram na dcada de 80 na Alemanha, para a descafeinao de caf e para a extrao de lpulo (substncia utilizada na fabricao de cerveja, para conferir aroma). Esta operao, embora ainda no tenha uma larga aplicao industrial, tem despertado grande interesse de pesquisa devido as suas vantagens na qualidade dos produtos extrados quando comparados com aqueles extrados por tcnica tradicionais (Rizvi et l., 1986a).

Segundo Hung e Unger (1994), o processo de extrao por fluido supercrtico consiste essencialmente de duas etapas: fracionamento eseparao. A mistura entra em contato com o fluido no extrator. O material pode ser extrado por um sistema contnuo ou em batelada e aps a fase de extrao, a separao realizada pela expanso do fluido saturado atravs de uma vlvula de reduo de presso, onde a quedada presso torna o soluto insolvel e com possibilidade de separao. O fluido (solvente) pode ser recirculardo ou no.

2. O fluido supercrtico

O estado supercrtico foi reportado pela primeira vez em 1822 pelo Baro de Cagniard de la Tour, quando o mesmo percebeu visualmente que o limite gs-lquido desapareceu quando a temperatura de certos materiais foi aumentada por aquecimento em recipiente de vidro fechado. Alguns anos depois, em 1879, Hannay e Hogath, demonstrariam o poder de solvatao dos fluidos supercrticos em slidos. No entanto, o significativo desenvolvimento da extrao por fluidos supercrticos somente veio

a se concretizar a partir de 1970 com a patente de Zosel, que reportou a descafeinizao do s gros de caf verde com CO2 (TAYLOR, 1996).

Uma rpida expanso do uso da tecnologia supercrtica pode ser verificada a partir de 1980, com utilizao da mesma para diversos fins, que abrangem desde a extrao de

essncias e sabores de produtos naturais, remoo da nicotina do tabaco, remoo do

colesterol da manteiga, extrao de solventes residuais, remediao de solo, at a extrao de cidos graxos insaturados dos leos de peixe (TAYLOR, 1996).

No Brasil, os trabalhos pioneiros no estudo desta tcnica foram os de Germer (1989),

que estudou a extrao do leo essencial de cravo-da-ndia com CO2 liqefeito e o de Ferreira (1991) que extraiu leo de pimenta-do-reino utilizando CO2 lquido subcrtico. Baseado nos equipamentos dos pesquisadores anteriormente citado s, Queiroz (1993) utilizou um equipamento de extrao de fluxo contnuo em leito fixo para obter leo essencial de capim-limo na regio de CO2 lquido subcrtico (MONTEIRO, 1999). No ano seguinte, Corra (1994) estudou a cintica da extrao do leo de semente de maracuj com CO2 supercrtico nas presses de 200, 250 e 300 bar e temperaturas de 44, 55 e 70 C.

Na seqncia, vrios trabalhos observaram a influncia dos parmetros temperatura, presso, tempo de extrao e quantidade de CO2 no rendimento da extrao e composio de leos, como o caso dos estudos de Ozer et al. (1996) sobre hortel (Mentha spicata) e dos extratos do fruto de bacuri realizados por Monteiro et al. (1997), onde os resultados obtidos foram comparados com o de outras tcnicas de extrao.

Nos ltimos anos, a tecnologia supercrtica vem sendo bastante utilizada para promover a extrao e refino de leos e gorduras provenientes de fontes naturais (EGGERS, 1996; DEL VALLE et al. 2005). Algumas das variedades vegetais que tm sido submetidas extrao com CO2 em diferentes condies de temperatura e presso incluem: soja (FRIEDRICH et al. 1982; REVERCHON et al. 2000; DOBA RGANES et al. 2002), algodo (LIST et al. 1984; BHATTACHARJEE et al. 2007), canola (TEMELLI, 2006; JENAB et al. 2006), grmen de trigo (TANIGUKI et al. 1985; ZACCHI et al. 2006), girassol (PERRUT et al. 1997; ANDRICH et al. 2001), rosa mosqueta (DELVALLE et al. 2000), entre outras.

Del Valle et al. (2000) realizaram experimentos para extrair leo da roseira (Rosa affrubiginosa) atravs de um planejamento fatorial envolvendo temperatura (40-60C), presso(300-500 bar) e tempo de extrao (90-270 min) como variveis independentes e o rendimento como varivel resposta. O leo extrado com CO2 supercrtico apresentou

rendimento em torno de 6,5%, com uma qualidade superior ao extrado com hexano.

Embora o dixido de carbono seja o solvente supercrtico mais utilizado quando se

trabalha com produtos naturais, ele possui certa limitao em solubilizar substncias polares.

Dessa forma, a adio de co-solventes em associao ao CO2 vem sendo bastante investigada como uma forma de se aumentar a recuperao de componentes pouco miscveis no CO 2 supercrtico isolado.

Portillo Prieto (1999) estudou a utilizao do co-solvente etanol na extrao do leo essencial de khoa (Satureja boliviana ) com dixido de carbono supercrtico. Observou que os fatores mais importantes na extrao foram a presena do co-solvente etanol e a vazo de dixido de carbono utilizadas. Com a interao significativa entre o co-solvente e a vazo doCO 2 obteve compostos de maior peso molecular que no foram detectados nos extratos obtidos nas tcnicas convencionais usadas (arraste a vapor e extrao com solventes orgnicos). O etanol apresentou boas propriedades para utilizao como co-solvente na extrao do leo essencial de khoa. Azevedo (2001) estudou a extrao e o fracionamento da gordura do Cupuau (Theobroma grandiflorum) com CO2 puro e CO2 modificado com etanol nas temperaturas de

50 e 70 C e presses na faixa de 152 a 352 bar. Observou que o uso do etanol como co-

solvente aumentou a solubilidade da gordura na mistura. Ainda segundo Azevedo (2001), aextrao supercrtica de leos e gorduras tem sido estudada como uma alternativa aos processos convencionais, devido a sua alta eficincia, capacidade de fracionamento e por seruma tecnologia limpa que no apresenta riscos ao meio ambiente e ao ser humano.

Vasapollo et al(2004) extraram o licopeno do tomate utilizando CO 2 supercrtico e

leo vegetal (leo de avel) como co-solvente. Observaram que a presena do co-solvente, alm de melhorar a recuperao do licopeno, teve um papel benfico na estabilidade do pigmento. Os experimentos foram realizados com e se m co-solvente nas presses de 335 a 450 bar e temperaturas de 45 a 70 C. A recuperao mxima do licopeno de tomate seco (6% de umidade) foi de 60%, obtida na presena de co-solvente a 450 bar e 66C.

O uso de CO 2 pressurizado para obteno de antioxidantes natura is, inclusive de

alguns subprodutos das indstrias alimentcias, tambm tem sido bastante estudado. Andrich et al. (2003) usaram esta tcnica para separar componentes antioxidantes de tubrculos de batata. J Duarte et al. (2003) das sementes e pele da uva branca e Arlorio et al. (2005) de subprodutos das indstrias cacaueiras. Mendes et al (2005) utilizaram os fluidos supercrticos para concentrar a vitamina E (tocoferol) presente no subproduto do processo de refino de alguns leos vegetais, como milho, girassol, canola e soja. Nos ensaios foram utilizadas temperaturas de 40 a 80C e presses de 90 a 350 bar. Tocoferol, esqualeno, cido linolico e estigmasterol foram escolhidos como componentes-chave para representar a matria-prima. Os autores constataram que diferentes condies operacionais foram necessrias para separar os principais componentes presentes no subproduto, o que indicou a necessidade de um processo

de extrao em srie para elevar a separao. A temperatura de 40 C foi a melhor para

promover a separao efetiva entre todos os componentes envolvidos, mas diferentes

condies de presso foram necessrias para separar o cido linolico (90 bar), estigmasterol (250 bar) e esqualeno (350 bar) do tocoferol. Temelli (2006) extraiu triglicrides e fosfolipdios de flocos de canola com CO2 supercrtico isolado (SC-CO2) e com adio do co-solvente etanol. O rendimento mximo em lipdios foi obtido a 70C, 620 bar e etanol a 5% (m/m). A cromatografia em camada delgada revelou a presena de fosfolipdios nos extratos obtidos com o SC-CO2 associado ao etanol.

Os fosfolipdios foram pouco solveis em CO2 supercrtico isolado.

Martnez, Mattea e Maestri (2008) avaliaram o processo da extrao de nozes por prensagem mecnica seguida de extrao com CO2 supercrtico. A torta resultante da

prensagem mecnica foi extrada com CO 2 a 200 e 400 bar nas temperaturas de 50 e 70C. Os pesquisadores observaram que os teores de tocoferis e carotenides obtidos foram significativamente mais elevados do que aqueles obtidos somente com prensagem mecnica, constataram ainda que a composio em cidos graxos

no foi afetada significativamente nas condies operacionais avaliadas.

Tambm so inmeros os trabalhos desenvolvidos na rea termodinmica, que se concentram principalmente no estudo do equilbrio de fases de misturas com fluidos

pressurizados e no estudo das equaes de estado que descrevem o comportamento dos fluidos e de suas misturas em elevadas presses. Se gundo Souza et al. (2008), o conhecimento do comportamento de fases do sistema de interesse permite a definio das melhores condies operacionais para o processo. Tais autores estudaram o equilbrio de fases para o sistema leo de Candeia (Eremanthus erythropappus) + CO2

nas temperaturas de 40 e 60 C e em presses acima de 250 bar, para uma faixa de com

posio global de 10-90 % e utilizaram a equao de estado de Peng-Robinson para descrever o comportamento do sistema, obtendo uma modelagem satisfatria para os dados experimentais. Nos ltimos anos, atividades no somente acadmicas e de pesquisas, mas tambm de desenvolvimento comercial envolvendo a extrao porfluidos supercrticos, tm continuado a crescer. Como exemplos comerciais, incluem-se: a de scafeinizao do caf e do mate, a extrao de princpios amargos e aromticos do lpulo para a indstria da cerveja, a obteno comercial dos carotenos da cenoura, a extrao de

leos essenciais de plantas e a extrao de matrias-primas das plantas medicinais para a indstria farmacutica.

No entanto, apesar dessa tecnologia ter se mostrado um processo tecnicamente vivel

para obteno de uma srie de extratos de alta qual idade, a EFS ainda ignorada pelas

indstrias de diversos pases. Isso ocorre principalmente porque a tcnica ficou conhecida por produzir, no incio do processo, extratos com alto custo de manufatura devido aos altos investimentos relacionados ao uso de elevadas presses de trabalho. Vale salientar que o desenvolvimento de unidades em escala industrial vem diminuindo os custos dos equipamentos utilizados no processo EFS, o que tem contribudo para torn-la uma tcnica mais atraente. Como resultado disso, vrias unidades de extrao j foram construdas na sia para a extrao de fitoqumicos e nutracuticos de produtos naturais (ROSA e MEIRELLES, 2005).

No Brasil, apesar de haver um grande potencial para o desenvolvimento dessa tecnologia, a EFS ainda se restringe ao meio acadmico.

2.1 Suas propriedades O aumento da presso, sob temperaturas baixas, aumenta substancialmente a densidade do fluido aproximando-se das caractersticas de um lquido, ou seja, aumentando seu poder de solvatao. Porm, sob presses acima do ponto crtico (Pc) um aumento da temperatura diminui a densidade do fluido, sendo esta diminuio abrandada com um aumento excessivo da presso.

Friedrich et al. (1982) mostraram que a solubilidade do leo de soja em CO 2 supercrtico varia de acordo com a variao da presso e temperatura do sistema. Com o

aumento da presso, evidenciou-se um aumento da solubilidade, enquanto que o aumento na temperatura nem sempre ocorreu um aumento de solubilidade, s se verificando esta relao a altas presses (>6000psig). Este resultado est de acordo com

as experincias semelhantes realizadas com leo de maracuj por Frana et al. (1994).Tsekhanskaya et al. (1992) explicam que o motivo pelo qual a temperatura algumas vezes aumentou a solubilidade do leo foi devido ao aumento da presso de vapor do leo.

Outras alteraes das propriedades fsico-qumicas tambm ocorrem para que o fluido supercrtico tenha caractersticas de um bom solvente, como a difusividade, a viscosidade e ainda a tenso superficial.

Em valores de presso prximos a presso crtica, com o aumento da temperatura o

fluido apresenta valores de difusividade semelhantes ao do gs. Quando comparada com a do fluido no estado lquido apresenta uma capacidade de transporte de massa de 10-100 vezes maior (Schneider, 1983).

A viscosidade do dixido de carbono prximo regio crtica possui valores tpicos dos gases, at mesmo nas zonas de altas presses entre 300-400 bar sua viscosidade apresenta valores inferiores aos dos solventes orgnicos lquidos.

O aumento da temperatura acarreta uma diminuio da viscosidade que quando aliada

s caractersticas de difusividade e ainda detenso superficial dos gases, proporcionam aos solventes uma alta capacidade de penetrao em micro poros o que implica em um aumento muito expressivo nas taxas de transferncias de massa (Moyler, 1993)

2.2 Solvente para extrao O solvente mais utilizado o CO2,devido a sua no toxidez, no flamabilidade, baixa temperatura crtica (31 C) e presso crtica (75 bar), o que traz vantagens tanto na energia requerida, como na conservao de substncias termolbeis (tabela 2.2), baixo custo, disponvel em alta pureza, altamente seletivo,facilmente removido do produto extrado, pelo baixo ponto de ebulio (Yamaguchi, 1986). O CO2 quando utilizado na extrao de leos demonstra boa capacidade de solubilizao pela baixa polar idade, no alterando as propriedades nutricionais e o leo produzido livre de contaminao por solvente s (Brunetti, 1989; Reverchon e sseo, 1994). Um mtodo ideal de extrao deve ser rpido, simples, barato, de boa eficincia para quantificao, sem perdas ou degradao das substncias; deve produzir uma amostra pronta para anlise sem a necessidade de adio de solventes ou de uma etapa de fracionamento e no deve acarretar rejeitos de produtos qumicos no laboratrio (King, 1985). Os solventes

lquidos freqentemente apresentam falhas em alguns destes aspectos.

Tais solventes muitas vezes requerem vrias horas ou alguns dias para fornecer resultados satisfatrios e resultam em extratos diludos que devem ser concentrados por evaporao do solvente, quando as substncias a serem analisadas esto presente

s em pequenas quantidades. Finalmente, sob o ponto de vista ecolgico e de segurana, geram acmulos de substncias txicas ou emisso destas para a atmosfera durante a etapa de concentrao (Hawthorne & Miller, 1990). As limitaes destes mtodos convencionais despertam interesse para o desenvolvimento da extrao por fluidos supercrticos, como uma alternativa s extraes com solventes lquidos.

SUMRIO