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Epidemiologia 1- Introdução: BREVE INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA ASPECTOS CONCEITUAIS A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em termos individuais. Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal; já como disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comunidade. A epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de políticas no setor da saúde. Sua aplicação neste caso deve levar em conta o conhecimento disponível, adequando-o às realidades locais. Se quisermos delimitar conceitualmente a epidemiologia, encontraremos várias definições; uma delas, bem ampla e que nos dá uma boa idéia de sua abrangência e aplicação em saúde pública, é a seguinte: "Epidemiologia é o estudo da freqüência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde." (J. Lãs, 1995) Essa definição de epidemiologia inclui uma série de termos que refletem alguns princípios da disciplina que merecem ser destacados (CDC, Principais, 1992): Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus fundamentos no método científico. Freqüência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a freqüência e o padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na população. A freqüência

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Epidemiologia

1- Introdução:

BREVE INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA

ASPECTOS CONCEITUAIS A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em termos individuais.Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal; já como disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comunidade.A epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de políticas no setor da saúde. Sua aplicação neste caso deve levar em conta o conhecimento disponível, adequando-o às realidades locais.Se quisermos delimitar conceitualmente a epidemiologia, encontraremos várias definições; uma delas, bem ampla e que nos dá uma boa idéia de sua abrangência e aplicação em saúde pública, é a seguinte:

"Epidemiologia é o estudo da freqüência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde." (J. Lãs, 1995)

Essa definição de epidemiologia inclui uma série de termos que refletem alguns princípios da disciplina que merecem ser destacados (CDC, Principais, 1992):

Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus fundamentos no método científico.

Freqüência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a freqüência e o padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na população. A freqüência inclui não só o número desses eventos, mas também as taxas ou riscos de doença nessa população. O conhecimento das taxas constitui ponto de fundamental importância para o epidemiologista, uma vez que permite comparações válidas entre diferentes populações. O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo características: do tempo (tendência num período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição urbano-rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.).

Determinantes: uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da causa e dos fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença. Com esse objetivo, a epidemiologia descreve a freqüência e distribuição desses eventos e

compara sua ocorrência em diferentes grupos populacionais com distintas características demográficas, genéticas, imunológicas, comportamentais, de exposição ao ambiente e outros fatores, assim chamados fatores de risco. Em condições ideais, os achados epidemiológicos oferecem evidências suficientes para a implementação de medidas de prevenção e controle.

Estados ou eventos relacionados à saúde: originalmente, a epidemiologia preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. No entanto, sua abrangência ampliou-se e, atualmente, sua área de atuação estende-se a todos os agravos à saúde.

Específicas populações: como já foi salientada, a epidemiologia preocupa-se com a saúde coletiva de grupos de indivíduos que vivem numa comunidade ou área.

Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é mais que o estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para a implementação de ações dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto, ela não é somente uma ciência, mas também um instrumento.

Boa parte do desenvolvimento da epidemiologia como ciência teve por objetivo final a melhoria das condições de saúde da população humana, o que demonstra o vínculo indissociável da pesquisa epidemiológica com o aprimoramento da assistência integral à saúde.

2 – Conceito:

O que é Epidemiologia:

Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos problemas de saúde em populações humanas, bem como a aplicação desses estudos no controle dos eventos relacionados com saúde. É a principal ciência de informação de saúde, sendo a ciência básica para a saúde coletiva.

Etimologicamente, “epidemiologia” significa o estudo que afeta a população (epi= sobre; demio= povo; logos= estudo).

Epidemiologia Descritiva

A epidemiologia descritiva estuda o comportamento das doenças em uma comunidade, em função de variáveis ligadas ao tempo (quando), ao espaço físico ou lugar (onde) e à pessoa (quem).

O seu objetivo é responder onde, quando e sobre quem ocorre determinado problema de saúde, fornecendo elementos importantes para se decidir quais medidas de prevenção e controle são mais indicadas, além de avaliar se as

estratégias utilizadas diminuíram ou controlaram a ocorrência de determinada doença.

Objetivos da Epidemiologia

O objetivo geral da epidemiologia é reduzir os problemas de saúde na população. Na prática, ela estuda principalmente a ausência de saúde sob as formas de doenças e agravos.

Aplicações da Epidemiologia

1. Informar a situação de saúde da população: Determinar as freqüências, o estudo da distribuição dos eventos e o diagnóstico conseqüente dos principais problemas de saúde verificados, identificando também as partes da população que foram afetadas, em maior ou menor proporção;

2. Investigar os fatores determinantes da situação de saúde: Realizar estudo científico das determinantes do aparecimento e manutenção dos danos à saúde na população;

3. Avaliar o impacto das ações para alterar a situação encontrada: Determinar a utilidade e a segurança das ações isoladas dos programas de serviço de saúde.

3 - Vigilância Epidemiológica:

Vigilância Epidemiológica - VIEPI

Seg., 14 de Dezembro de 2009 12:02

“A Vigilância Epidemiológica é definida como um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (Lei 8.080/90)

Histórico

No ano de 1998 o município de Salvador habilitou-se na Gestão Plena da Atenção Básica, momento em que houve a descentralização das ações de saúde para o município. A partir deste ano a coordenação dos Distritos Sanitários de Saúde passou a ser responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde. Neste mesmo ano houve a implantação dos Sistemas de Informação em Saúde e Vigilância Epidemiológica. As informações disponibilizadas por estes sistemas direcionam as políticas de saúde e a execução das ações em nível local.

São funções da Vigilância Epidemiológica:

a)Coleta de dados sobre agravos e doenças;b) Processamento dos dados coletadosc) Análise e interpretação dos dados processadosd) Recomendação das medidas de controle de agravos e doençase) Promoção das ações de controle indicadasf) Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadasg) Divulgação de informações pertinentes sobre agravos e doenças

Áreas de atuaçãoAcompanhamento das Doenças transmissíveis e não-transmissíveis através dos seguintes setores:

Setor de Controle de Agravos

1. Assessorar os núcleos de Vigilância Epidemiológica nos Distritos Sanitários2. Normatizar rotinas e procedimentos, para atuação em Vigilância Epidemiológica, no âmbito do município3. Identificar e analisar fatores condicionantes dos meios biológicos e ambientais na propagação de doenças4. Dar apoio técnico e operacional para o desenvolvimento de programas, projetos e atividades de Vigilância Epidemiológica, fixando responsabilidade nos Distritos Sanitários5. Manter fluxo sistemático e atual dos dados de investigações e inquéritos epidemiológicos, sobretudo às doenças de notificação compulsória6. Exercer outras competências correlatas

Setor de Controle de Doenças Imunopreviníveis

1. Assegurar a execução de Programas de imunização, através dos Distritos Sanitários 2. Acompanhar coberturas vacinais para intervenções, quando necessário3. Manter articulação inter e intra institucional para garantir as coberturas programadas4. Exercer outras competências correlatas

Setor de Análises Epidemiológicas

1. Analisar dados prevendo as tendências dos agravos no plano municipal

comparando-os com indicadores de saúde2. Orientar intervenções pertinentes3. Participar de Inquéritos Epidemiológicos4. Assessorar e apoiar tecnicamente os Distritos Sanitários, nas ações de prevenção, controle de doenças e tendências dos demais agravos à saúde5. Identificar e analisar tendências dos agravos agudos no município

Suporte Legal as atividades de Vigilância Epidemiológica

Portaria Estadual nº 1072, de 20 de abril de 2007Portaria Federal nº 5, de 21 fevereiro de 2006Instrução Normativa nº 2, de 22 de novembro de 2005Portaria Federal nº 2.529, de 23 de novembro de 2004Portaria Federal nº 2.325, de 8 de dezembro de 2003Lei Federal nº 10.778 de 24 de novembro de 2003Portaria Federal n° 1.943, de 18 de outubro de 2001Lei Federal 8.080/90Decreto Federal nº 78.231/76Lei Federal nº 6.259/75 

4 – Desigualdade social e de saúde no Brasil:

Desigualdade Social no Brasil

A Desigualdade Social no Brasil é um problema que afeta grande parte dos brasileiros, embora nos últimos anos, as estatísticas apontem para sua diminuição. Resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2011) na avaliação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstram a diminuição da pobreza e conseqüentemente da desigualdade social no Brasil.

Causas e Consequências

Decorrente, essencialmente, da má distribuição de renda, as consequências da desigualdade social no Brasil são observadas na favelização, pobreza, miséria, desemprego, desnutrição, marginalização, violência. A despeito de o Brasil estar entre os dez países do mundo com o PIB mais alto, é o oitavo país com o maior índice de desigualdade social e econômica do mundo. Estudiosos propõem soluções para o problema, dentre eles: aliar democracia com eficiência econômica e justiça social.

Segundo relatório de ONU (2010) as principais causas da desigualdade social são:

Falta de acesso à educação de qualidade Política fiscal injusta Baixos salários Dificuldade de acesso aos serviços básicos: saúde, transporte público e

saneamento básico

Coeficiente de Geni

Desenvolvido pelo demógrafo, estatístico e sociólogo italiano, Corradogini (1884-1965), no ano de 1912, o "Coeficiente ou Índice de Gini" mede as desigualdades de uma sociedade, por exemplo, de renda, de riqueza e de educação. No Brasil, em 2011 o índice de Gini, na área social, foi de 0, 527 demonstrando o menor número desde 1960 (0 535). Na lógica do sistema de Gini, quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade.

Cadastro Único

Também conhecido por "Canônico", o "Cadastro Único para Programas Sociais" foi criado durante o governo do Fernando Henrique Cardoso, em 2001. O Cadastro é um instrumento responsável pela coleta de dados e informações a fim de identificar todas as famílias de baixa renda existentes no Brasil. Não obstante, objetiva a inclusão por meio de programas de assistência social e redistribuição de renda.

Plano Brasil Sem Miséria (BSM)

O Plano Brasil Sem Miséria, criado em 2011, tem como principal objetivo desenhar o mapa de pobreza do Brasil. Para isso, o plano propõe o rompimento de barreiras sociais, políticas, econômicas e culturais que segregam pessoas e regiões; em outras palavras, objetiva, no campo e na cidade, identificar e inscrever as pessoas de baixa renda que, por algum motivo, não recebem auxílios, como por exemplo, a Bolsa Família.

No campo, onde está concentrada a maior parcela, ou seja, 47 % do público do plano, as estratégias para o meio rural, focadas na produção do agricultor são: Assistência Técnica, Fomento e Sementes, Programa Água para Todos, Acesso aos mercados (Programa de Aquisição de Alimentos - PAA) e Compra da Produção.

Por outro lado, na cidade, o foco está nas oportunidades de trabalho para os mais pobres. Dentre as estratégias propostas pelo Plano estão: Mapa de Oportunidades, Qualificação de Mão de Obra, Intermediação Pública de Mão de Obra, Ampliação da Política de Microcrédito e Incentivo à Economia Popular e Solidária.

Além disso, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o Plano Brasil Sem Miséria (BSM), no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), é responsável por coordenar a oferta de vagas dos cursos de formação inicial e continuada com ênfase na qualificação profissional. Para tanto, a meta do Plano Brasil Sem Miséria, prevê a capacitação de um milhão de pessoas inscritas no "Cadastro Único" até 2014.

5 - transição Epidemiológica no Brasil:

Transição demográfica e epidemiológica: a Epidemiologia e Serviços de Saúde revisitam e atualizam o tema

  Em 1992, foi publicado na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde (RESS) o artigo intitulado 'Polarização Epidemiológica no Brasil', de autoria de Duarte de Araújo. 1 Hoje, em 2012, quando comemoramos os 20 anos de existência da RESS, o pioneiro artigo é republicado e nos brinda com um debate rico e atual. Conceitualmente, Omran, em 1971, focou a teoria da transição epidemiológica nas complexas mudanças dos padrões saúde-doença e nas interações entre esses padrões, seus determinantes demográficos, econômicos e sociais, e suas consequências. 2 Entre as proposições centrais incluídas em sua teoria, destacam-se: (i) existe um processo longo de mudanças nos padrões de mortalidade e adoecimento, em que as pandemias por doenças infecciosas são gradativamente substituídas pelas doenças degenerativas e agravos produzidos pelo homem . (ii) durante essa transição, as mais profundas mudanças nos padrões de saúde-doença ocorrem nas crianças e nas mulheres jovens; (iii) as mudanças que caracterizam a transição epidemiológica são fortemente associadas às transições demográfica e socioeconômica que constituem o complexo da modernização; e (iv) as variações peculiares no padrão,

 ritmo, nos determinantes e nas consequências das mudanças na população diferenciam três modelos básicos de transição epidemiológica, o modelo clássico ou ocidental, o modelo acelerado e o modelo contemporâneo ou prolongado.2

A transição demográfica no Brasil

Também nesse número da RESS, Vasconcelos & Gomes revisitam e atualizam o fenômeno da transição demográfica no Brasil, entre 1950 e 2010, e destacam os diferenciais frente a um modelo teórico de transição, de uma sociedade rural e tradicional para uma sociedade urbana e moderna, com quedas das taxas de natalidade e mortalidade.

Vivemos na região mais urbanizada do planeta: em 2010, 82,0% da população da América do Norte e 79,0% da América Latina e Caribe residiam no meio urbano. Naquele mesmo ano, a taxa de urbanização no Brasil alcançou 84,0%. A completa inversão desse indicador no país foi descrita em 1970, quando a

população urbana superou a rural e logo, gradativamente, foi se distanciando dela.

O processo de urbanização acompanhou-se de importantes mudanças sociais, como nas formas de inserção da mulher na sociedade, rearranjos familiares, incrementos tecnológicos, entre outras. O padrão demográfico alterou-se. A forte queda na fecundidade e o aumento da longevidade impulsionaram um envelhecimento acelerado da população brasileira, conforme foi discutido por Vasconcelos &Gomes.4 Em anos recentes, observam-se tendências de crescimento baixo ou mesmo negativo da população jovem, desaceleração do crescimento da população em idade ativa e grande crescimento do contingente de idosos.7

Entre 1940 e 1960, a taxa média de fecundidade no Brasil manteve-se em torno de seis filhos por mulher. 4,8 Desde então, esse indicador vem decrescendo em todas as Regiões do país e entre todos os grupos sociais, ainda que em ritmos diferentes. Em 2010, o país apresentou taxa de fecundidade de 1,9 filhos por mulher, inferior à média observada para a região das Américas (2,1 filhos por mulher), variando de 2,1 a 3,0 nas unidades federadas (UF) da região Norte, e de 1,6 a 1,7 nas UF das regiões Sul e Sudeste. 4-6 Observa-se, também, um padrão de gradativo incremento da idade gestacional no Brasil.7

Como aponta Vasconcelos & Gomes, a rapidez do processo e os distintos ritmos observados entre as regiões caracterizam a transição demográfica no Brasil, assim como em outros países da America Latina. 4,5 A França levou 115 anos para duplicar a proporção da população de idosos (de 7,0 para 14,0%), enquanto no Brasil, a mesma mudança proporcional levou apenas 40 anos para ocorrer (de 5,1 para 10,8%).5,8

Além dessa robusta discussão apresentada por Vasconcelos & Gomes, o artigo republicado de Duarte Araújo discute a polarização epidemiológica brasileira vis-à-vis esse processo de transição demográfica e as mudanças socioeconômicas experimentadas no país. 1,4

 

Redução da mortalidade precoce

O Brasil tem experimentado notável êxito na redução da mortalidade precoce. A proporção de mortes ocorridas antes dos 20 anos de idade passou de 12,2% em 2000 para 7,4% em 2010.9 Nesta mesma década, o risco de morrer no primeiro ano de vida caiu de 26,6 para 16,2 por 1000 nascidos vivos (NV).9

Não obstante, poderíamos - e deveríamos - fazer melhor. Cerca de 70,0% das mortes infantis no Brasil são consideradas evitáveis por ações efetivas do Sistema Único de Saúde.10 Nossa taxa de mortalidade infantil é superior às médias para a América do Norte (6,3 por 1000 NV) e mesmo para a América Latina e Caribe (15,6 por 1000 NV).11 Estamos também com valor maior para esse indicador quando nos colocamos junto a países com níveis de

desenvolvimento econômico semelhantes ao nosso, como é o caso do México (14,1 por 1000 NV), Argentina (11,9/1000 NV), Costa Rica (9,1/1000 NV) e Chile (7,4/1000 NV).11

 

Doenças imunopreveníveis e outras doenças infecciosas e parasitárias

A mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias (DIP) vem declinando desde a década de 1940, inicial; mente com queda aguda, recentemente mais lenta, embora persistente. 9,12 Entre 2000 e 2010, a mortalidade proporcional por DIP caiu de 4,7 para 4,3%.

Parte relevante da tendência histórica de queda nesse grupo de causas de morte deve-se ao expressivo êxito alcançado pela área da saúde em relação às doenças passíveis de prevenção por imunização. Em conjunto, a notificação de casos e óbitos por sarampo, poliomielite, rubéola, síndrome da rubéola congênita (SRC), meningite (H. influenzae), tétano, coqueluche e difteria em crianças menores de cinco anos de idade reduziu-se de mais de 153 mil casos e 5,5 mil óbitos em 1980, para cerca de 2 mil casos e 50 óbitos em 2009.9 Nesse contexto, merece destaque, também, a redução da mortalidade e hospitalização por algumas DIP potencialmente letais, como as doenças diarréicas agudas em crianças e a malária.

Permanecem, no horizonte da Saúde Pública, desafios históricos como a persistência de doenças associadas à miséria e exclusão social, a exemplo da tuberculose e a hanseníase; a alta incidência da malária na região da Amazônia Legal, oscilando em torno de 300 mil casos novos/ano; e as recorrentes epidemias da dengue. A emergência de novas DIP, bem como as novas formas de transmissão de antigas DIP, aporta complexidade a esse cenário. Como foram discutidos por Duarte Araújo, esses são aspectos que nos afastam do modelo clássico de transição epidemiológica e exigem contínuas inovações dos modelos de vigilância em um contexto social diverso e complexo, como é a vida urbana atual. 1,9,12

 

Fatores de risco e as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)

O envelhecimento, a urbanização, as mudanças sociais e econômicas e a globalização impactaram o modo de viver, trabalhar e se alimentar dos brasileiros. Como consequência, tem crescido a prevalência de fatores como a obesidade e o sedentarismo, concorrentes diretos para o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Em 2011, quase a metade dos adultos (≥ 18 anos de idade) em capitais brasileiras relataram excesso de peso (48,5%), 17,0% referiram consumo abusivo de álcool, 20,0% consumiam frutas e hortaliças em quantidade insuficiente e 14,0% eram inativos fisicamente. 9

Não é de se surpreender que, em 2010, as DCNT responderam por 73,9% dos óbitos no Brasil, dos quais 80,1% foram devido a doença cardiovascular, câncer, doença respiratória crônica ou diabetes.9 Esses dados reafirmam a relevância das DCNT neste momento de transição epidemiológica do Brasil.

Esta realidade das últimas décadas também trouxe exemplos de sucesso para o controle dos principais fatores de risco para as DCNT. É o caso da política de controle do tabagismo, que fez cair à prevalência de fumantes de 35,6% em 1986 para 15,0% em 2010. Estimativas recentes calculam que essa queda preveniu cerca de 420 mil (260 mil a 715 mil) mortes. 13

 

Causa externa de morte

O crescimento da violência representa um dos maiores e mais difíceis desafios do novo perfil epidemiológico do Brasil. Em 2010, ocorreram 143 mil (12,5%) óbitos devido as causas externas. Nove O aumento da mortalidade por causas externas, observado a partir da década de 1980, deve-se principalmente aos homicídios (com 52 mil óbitos em 2010) e aos acidentes de transporte terrestre (com 42,5 mil óbitos em 2010), com destaque em grandes centros urbanos.9 Os homens jovens são os mais afetados pelo crescimento dos homicídios - como agressores e vítimas - e pelos acidentes de trânsito. Transições demográficas rápidas em contextos históricos complexos e de grandes desigualdades sociais alimentam a violência e dificultam as soluções para esse problema. 7

 

Novos e velhos desafios nesse persistente contexto de mudanças

Por si só, o aumento da população idosa e as demandas, crescentes, de um envelhecimento saudável representam desafios importantes para o Sistema Único de Saúde do Brasil. Esses desafios são potencializados pela sobreposição de agendas, expressão de uma transição epidemiológica prolongada, com a persistência das doenças transmissíveis, o crescimento dos fatores de risco para as DCNT e a enorme pressão das causas externas. Adicionalmente, Omo antecipado por Duarte Araújo, o país apresenta fases distintas dessa transição, com polarização entre diferentes áreas geográficas e grupos sociais, ampliando as contradições no território. 1 Os atributos desse complexo contexto costuram e pressionam as agendas da Saúde Pública e dos Sistemas Previdenciário e Educacional no Brasil. Da mesma forma como foi debatido por Frenk e colaboradores, os processos de transição demográfica e epidemiológica também demandam transformações nas respostas sociais, expressas inclusive pela forma como o sistema de saúde se organiza para ofertar serviços, impondo, portanto, uma transição na atenção à saúde.3

6 – Evolução do perfil epidemiológico na mortalidade o Brasil:

A mortalidade por AIDS no Brasil: um estudo exploratório de sua evolução temporal

Introdução

A mortalidade por AIDS no Brasil é um relevante problema de Saúde Pública que atinge, de forma heterogênea, diferentes segmentos da população. Desde o surgimento da doença na década de 1980, são evidentes os esforços para o enfrentamento da epidemia, cuja participação é crescente entre as principais causas de morte, particularmente de adultos jovens e pessoas em situação de pobreza. Observa-se, entretanto, uma desaceleração desse decréscimo nos últimos anos, apontando a necessidade de uma nova aproximação para melhor compreender esse fenômeno.

De acordo com dados da Joint Unimed Nationsprogrammeson HIV/AIDS (UNAIDS),1 estima-se que, até 2005, 3,1 milhões de pessoas morreram de AIDS: 2,6 milhões de adultos e 570 mil menores de 15 anos de idade. A situação da mortalidade por AIDS no mundo é mais crítica na África Subsaariana, onde ela continua elevada até os dias atuais. Nos países da região, barreiras econômicas, geográficas e socioculturais dificultam o acesso à terapia anti-retroviral e a prevenção das doenças oportunistas entre os que vivem com o HIV/AIDS.

Os resultados dos estudos sobre a associação entre terapia anti-retroviral e mortalidade por AIDS demonstraram que a prescrição da chamada Terapia Anti-Retroviral de Alta Potência (HAART), a partir de 1996, estava fortemente associada ao aumento da sobrevida e, conseqüentemente, à redução da mortalidade por essa causa.

Nos moldes de outros países, desde 1996, o Brasil vem apresentando uma redução da mortalidade por AIDS, principalmente no sexo masculino. A disponibilidade universal e gratuita de terapias anti-retrovirais na rede pública de serviços de saúde causou um impacto notável na morbimortalidade, observada no aumento da sobrevida dos portadores de HIV/AIDS, na redução da incidência de doenças oportunistas e na queda das internações hospitalares.4-6

Estudo realizado na Itália mostrou o impacto diferencial das terapias anti-retrovirais combinadas na sobrevida de pacientes com diferentes doenças relacionadas à AIDS. O estudo verificou que, dos 35.318 pacientes adultos com diagnóstico de AIDS após 1995, a proporção de sobreviventes – 24 meses – mais que dobrou (66%), comparativamente com aqueles pacientes diagnosticados antes daquele ano (31%). Os autores consideram que, embora existam evidências de um aumento da sobrevida dos pacientes com doenças específicas relacionadas à AIDS, ele não é uniforme e seus determinantes necessitam ser investigados.

No Brasil, detectou-se um aumento da sobrevida por AIDS no período de 1995 a 1996, em relação ao período de 1982 a 1989.6 No ano de 1995, os pacientes, que até então sobreviviam cerca de seis meses após o diagnóstico, passaram a viver 16 meses, e os diagnosticados em 1996 tiveram um acréscimo em sua sobrevida, alcançando 58 meses. Pacientes de AIDS que vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis dispõem de tratamento com anti-retrovirais compatível com o recebido por pessoas para as quais essas condições são mais favoráveis.

Em relação ao efeito das mortes por AIDS na esperança de vida no País em 2000, verificou-se que, em 1996, a maior mortalidade por AIDS ocorria no Município de São Paulo, com impacto na vida média de 1,04 e 0,44 anos, respectivamente, para os sexos masculinos e femininos. Em 2000, essas perdas foram de 0,58 e 0,29 anos, provavelmente em função da menor mortalidade. Estes autores chamam a atenção para o decréscimo da mortalidade, principalmente em São Paulo-SP, relacionando-o à implantação da política governamental de distribuição universal e gratuita da terapia anti-retroviral.

O objetivo deste trabalho foi apresentar a evolução temporal da mortalidade por AIDS no país, uma das principais causas de morte entre os adultos jovens brasileiros. Ao analisar a desaceleração da queda desse evento, pretende-se compreender o perfil desse tipo de morte nas diferentes macrorregiões do Brasil. Entende-se que esses indicadores são de fundamental importância para o monitoramento e avaliação do impacto das medidas de controle do HIV/AIDS.

Metodologia

Este é um estudo descritivo e exploratório baseado em dados de mortalidade por AIDS para o conjunto do país, macrorregiões e Unidades da Federação (UF). A evolução temporal das taxas de mortalidade padronizadas por AIDS foi restrita ao período de 1982 a 2002.

Procedeu-se à padronização das taxas de mortalidade pelo método direto, em que a população do Brasil foi considerada padrão, tanto para as macrorregiões como para as UF. Considerou-se a padronização necessária, para dispor de taxas de mortalidade que fossem comparáveis entre si e ao longo do período estudado.

No ajuste das curvas de tendência da mortalidade, foram estimados modelos de regressão linear simples. Considerou-se tendência significativa aquela cujo modelo estimado obtivesse p<0,05.

Segundo as características sociodemográficas, a análise da mortalidade proporcional por AIDS contemplou as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, estado civil, escolaridade e ocupação habitual, todas elas disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), co-administrado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS), ambos do Ministério da Saúde.

A seleção das causas específicas de óbito foi feita a partir da lista de mortalidade brasileira, elaborada pelo Ministério da Saúde. Para seleção dos óbitos por AIDS ocorridos até 1995, considerou-se a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Nona Revisão (CID-9) –, código 279;1 e para os óbitos ocorridos a partir de 1996, a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão (CID-10) –, códigos B20 a B24. No caso específico da mortalidade por AIDS no país, ainda não há relatos sobre os eventuais efeitos da mudança do uso da CID-9 para o CID-10. É possível afirmar, contudo, que a implantação da atual CID melhorou a qualidade dos dados sobre as causas de morte relacionada à AIDS, que passaram a contar com códigos específicos dentro de um agrupamento, não mais limitados a um único código, como acontecia na CID anterior. Agora, as doenças oportunistas que participam do complexo da síndrome podem ser codificadas com mais consistência e propriedade. 8

O número de óbitos foi extraído do banco de dados do SIM; e os dados populacionais, disponíveis na página eletrônica do DATASUS na internet. Foram originalmente divulgados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados de mortalidade para as Regiões Centro- Oeste e Sul são tidos como de melhor qualidade que os das Regiões Norte e Nordeste – nestas, a proporção de óbitos por causas mal-definidas é elevada e o sub-registro de óbitos é maior. 9 Nas localidades onde o uso das informações em saúde é prejudicado pela baixa qualidade de seus dados, o monitoramento das condições de saúde e a tomada de decisão também ficam prejudicadas.

 

Resultados

Evolução temporal

Esta análise da evolução temporal da mortalidade por AIDS no Brasil compreendeu o período de 1982 a 2002, para o qual foram totalizadas 148.206 mortes em adultos – indivíduos com mais de 13 anos de idade.

O estudo dessa evolução revelou para estes autores a existência de três fases ou momentos distintos. O primeiro, entre 1982 e 1995, foi de crescimento acelerado da taxa de mortalidade, todavia mais acentuado entre 1987 e 1995. Neste ano, o risco de morte pela doença atingiu seu maior valor: 9,7 óbitos por 100.000 habitantes. No segundo momento da epidemia, entre 1996 e 1999, observa-se, claramente, a redução das taxas de mortalidade. O risco de morrer por AIDS passou de 9,6/100.000, em 1996, para 6,4/100.000, em 1999, significando uma redução de 33%; porém, não alcançou nível de significância (p=0, 091). Finalmente, na terceira fase, correspondente aos últimos três anos da série estudada, as taxas permanecem estáveis.

 Na análise das taxas de mortalidade padronizadas por macrorregiões, apenas a Região Centro-Oeste apresentou comportamento semelhante ao do país como um todo. Foi observada uma redução de 26% (p=0, 009) entre os anos de 1996 e 2002. Neste último ano, a taxa de mortalidade padronizada por AIDS encontrava-se em torno de 5,5/100.000.

A Região Sudeste, que desde o início da epidemia apresentou a maior concentração de casos, 10 destacou-se também pela maior mortalidade no decorrer do período analisado. Em 1995, a taxa de mortalidade padronizada por AIDS foi de 20,1/100.000, valor duas vezes maior que o do conjunto do país. A partir do ano seguinte, observou-se uma tendência de queda, de 18,7/100.000, em 1996, para 9,9/100.000, em 2002 – reduções percentual de 47% (p=0,01).

Nas Regiões Norte, Nordeste e Sul, a queda da mortalidade só ocorreu no ano de 1997, para, nos anos seguintes, retomar seu crescimento. Na Região Sul, verificou-se crescimento de 3,2% entre 1996 e 2002. Vale mencionar que, em 2002, a taxa de mortalidade padronizada por AIDS na Região Sul equiparou-se à da Região Sudeste. A Região Norte, apesar de ser responsável por uma das menores taxas do país, apresentou crescimento de 25% (p=0,06), ao passar de 3,4/100.000, em 1996, para 4,3/100.000, em 2002. A taxa de mortalidade padronizada por AIDS na Região Nordeste permaneceu estável nesse período, em torno de 3,0/100.000. A partir de 2001, o Nordeste passou a responder pelas menores taxas de mortalidade padronizadas por AIDS do país, superadas, inclusive, pelas da Região Norte.

Considerando-se a evolução da mortalidade por AIDS segundo o sexo, verificou-se comportamento diferenciado entre as taxas. Enquanto a mortalidade masculina tem diminuído ano a ano, passando de 14,4/100.000, em 1996, para 8,8/100.000, em 2002 – decréscimos de 39% (p=0, 057) –, a mortalidade feminina apresentou queda em 1997, tão-somente; nos anos seguintes, suas taxas praticamente não se modificaram, mantendo-se em torno de 3,7/100.000.

O comportamento das taxas de mortalidade padronizadas por AIDS nas UF foi dividido em quatro períodos, conforme a Rio de Janeiro e São Paulo destacaram-se desde o primeiro período (1982 a 1986), com as taxas mais elevadas entre os Estados. No período de 1987 a 1991, observa-se a expansão da mortalidade nas demais UF da Região Sudeste e naquelas que compõem as Regiões Centro-Oeste e Sul. Entre os Estados do Norte e do Nordeste, destacam-se o Amapá (1,0/100.000) e Pernambuco (1,5/100.000).

 

No terceiro período selecionado (1992 a 1996), observou-se a manutenção do crescimento da mortalidade nos Estados das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, quando São Paulo (23,5/100.000), o Rio de Janeiro (18,3/100.000) e o Distrito Federal (12,5/100.000) apresentaram taxas elevadíssimas. Enquanto isso, a expansão da mortalidade por AIDS avança em outros Estados da Região Norte, com destaque para o Amazonas (2,8/100.000), Roraima (3,8/100.000) e o Pará (2,9/100.000). Na Região Nordeste destaca-se o Ceará (3,0/100.000), o Rio Grande do Norte (3,6/100.000) e Pernambuco (5,7/100.000).

Nos anos seguintes (1997 a 2002), a taxa de mortalidade padronizada por AIDS mantém seu crescimento em todos os Estados da Região Norte, principalmente em Roraima, onde alcança o valor de 6,2/100.000. O mesmo comportamento verifica-se no Piauí, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Os decréscimos mais importantes foram observados apenas em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, onde a taxa caiu praticamente pela metade.

Perfil da mortalidade por AIDS

Ao considerar a distribuição proporcional da mortalidade por AIDS segundo algumas características sociodemográficas no Brasil das décadas de 1980 e 1990, tem-se que a mortalidade por AIDS é predominantemente masculina. Contudo, é possível observar, na, mudança nesse comportamento partir dos anos de 1990, com o aumento da proporção de óbitos femininos (de 11,8 para 23%). Processo de "feminizarão" da epidemia também fica caracterizado na análise da razão de sexo dos óbitos, que passou de 7,5:1, nos anos de 1980, para 3,4:1, na década seguinte.

 

 O padrão de mortalidade por AIDS segundo a faixa etária mostrou, nas duas décadas finais do século XX, uma concentração das mortes – em torno de 85% – no grupo etário de 20 a 49 anos, correspondente às idades produtivas e reprodutivas da população. Ao se comparar essa distribuição por sexo, notou-se que, entre as mulheres, houve um aumento importante de óbitos na faixa etária de 30 a 39 anos, cuja proporção saltou de 28,5 para 35,9%. Na população masculina, o padrão etário permaneceu praticamente o mesmo para o período estudado.

Em relação ao estado civil, houve maior predominância dos óbitos por AIDS entre os solteiros, ainda que apresentassem redução em sua participação proporcional (de 74,1 para 66,2%). Houve, sim, um aumento considerável da proporção de óbitos de viúvos (de 1,6 para 3,7%).

Na estratificação do estado civil e sexo, notou-se comportamento distinto entre homens e mulheres. A proporção de óbitos entre os homens solteiros diminuiu de uma década para outra (de 78,1 para 66,5%), enquanto entre os casados (de 18,4 para 21,5%) e os viúvos (de 0,8 para 1,6%), cresceu. Já a proporção de óbitos entre as mulheres solteiras não se alterou, praticamente, entre as casadas se reduziu (de 26,6% para 19,4%) e para as viúvas aumentou (de 7,6% para 10,7%).

Quanto à escolaridade, deve-se destacar o aumento de óbitos com grau de escolarização ignorado, que passou de 23,5 para 38,5%. Vale mencionar que a elevada proporção de dados ignorados limita a análise das informações. Ainda assim, é possível apontar a redução proporcional de óbitos entre indivíduos com Segundo Grau (de 16,5 para 9,6%) e Nível Superior (de 14,0 para 6,3%), além de seu incremento entre indivíduos com nenhuma escolaridade (de 4,2 para 6,6%). Supõe-se que a parcela dos óbitos com escolaridade ignorada seja formada, em sua maioria, por indivíduos que possuíam Primeiro Grau ou nenhuma escolaridade.

Outra variável analisada foi à ocupação habitual, que, a exemplo da escolaridade, também apresentou crescimento expressivo da proporção de dado 'ignorado' (de 9,1 para 25,6%). Na década de 1980, o padrão de mortalidade por AIDS caracterizava-se pela maior proporção de óbitos nas categorias com maior qualificação profissional (cientistas/técnicos/ artistas; trabalhadores do serviço público/diretores; e Outra variável analisada foi a ocupação habitual, que, a exemplo da escolaridade, também apresentou crescimento expressivo da proporção de dado 'ignorado' (de 9,1 para 25,6%). Na década de 1980, o padrão de mortalidade por AIDS caracterizava-se pela maior proporção de óbitos nas categorias com maior qualificação profissional (cientistas/técnicos/ artistas; trabalhadores do serviço público/diretores; e trabalhadores administrativos), que, juntos, somavam 35,2% do total de óbitos por AIDS; então, categorias menos qualificadas, como trabalhadores da indústria e do setor agropecuário e da pesca, representavam 20,1% desse total.

Na década de 1990, ocorre a inversão desse padrão ocupacional no perfil dos óbitos por AIDS, com redução importante de participação dos profissionais mais qualificados (12,1%) e crescimento dos menos qualificados (22,2%). Pelos dados expostos na, percebe-se uma redução na proporção de óbitos entre profissionais do setor de serviços e comércio, que podem ser classificados como categorias mistas.

Para categorias sem classificação, optou-se por analisar a distribuição dos óbitos segundo suas subcategorias: donas de casa; aposentados; estudantes; e desempregados. Chama à atenção o fato da proporção de óbitos por AIDS entre donas de casas ter dobrado de uma década para outra (de 6,1 para 12,5%) e o ligeiro aumento dos percentuais de aposentados (de 4,1 para 6,2%) e de desempregados (de 0,4 para 1,2%), como também a pequena redução na participação proporcional dos estudantes (de 3,6 para 2,1%).

As taxas médias de mortalidade por AIDS em adultos jovens (20 a 49 anos de idade), segundo as UF, apresentaram variação entre 2,9 e 20,6/100.000. Os Estados com as maiores taxas (acima da média nacional, de 12,1/100.000), para ambos os sexos, foram: Rio Grande do Sul; Rio de Janeiro; São Paulo; Santa Catarina; e Roraima. A taxa mais elevada de mortalidade masculina encontra-se no Rio Grande do Sul: quase 30 óbitos por 100 mil homens. Para a população feminina, o Rio de Janeiro apresenta a maior taxa média, de 12,9 óbitos por 100 mil mulheres. A análise da razão de sexos dos óbitos entre os adultos jovens, segundo UF, mostrou uma variação de 1:1 em Rondônia e de 5:1 em Sergipe.

 Na população feminina, entre as principais causas de morte na faixa etária de 25 a 29 anos, a AIDS divide a primeira posição com os homicídios (10,1%). Também é

 

ela a principal causa mortes entre mulheres de 30 a 34 anos de idade (10,2%) e a segunda no grupo de 35 a 39 anos de idade (6,9%). Convém ressaltar que a razão de sexo para os óbitos por AIDS na faixa etária de 20 a 24 anos é de 1:1, praticamente.

 

Discussão

Entre os principais resultados deste estudo, o fato que merece maior destaque é a queda da mortalidade por AIDS no Brasil a partir de 1996 e a desaceleração de sua tendência de crescimento nos últimos três anos. A queda substancial do número de óbitos e o aumento da sobrevida dos portadores de HIV e AIDS são atribuídos às ações governamentais e não governamentais mais importantes nesse sentido: oferta gratuita e universal da terapia anti-retroviral; prevenção e tratamento precoce das doenças oportunista; aumento da rede de serviços para diagnóstico do HIV; e intensificação das estratégias de adesão à prevenção e tratamento da doença.

No início da epidemia, o acesso ao diagnóstico do HIV era bastante restrito, assim como as formas de prevenção e tratamento. Avaliações recentes apontam como fatores favoráveis ao enfrentamento daquela situação a execução de programas efetivos de ampla escala no tratamento dos portadores do HIV/AIDS; e entre os aspectos desfavoráveis, o acesso ao tratamento de doenças oportunistas. A própria distribuição universal e gratuita de anti-retrovirais no País engendra novas questões para a política de prevenção e controle da epidemia, no sentido de um monitoramento mais minucioso dos processos e resultados relacionados à assistência dos indivíduos afetados pela ação do vírus da AIDS.

Os distintos padrões de mortalidade observados entre as macrorregiões e UF revelam, todavia, outros desafios. Um deles é a necessidade de garantir que a tendência de redução da mortalidade observada, principalmente na Região Sudeste, também seja alcançada nas demais Regiões e entre os distintos segmentos da população. Os modelos de intervenção a serem adotados nas políticas de HIV/AIDS devem considerar os diferentes contextos sociais e institucionais capazes de influenciar os efeitos da mortalidade pela doença.

Entre as macrorregiões do país, chama a atenção o comportamento de ascendência da mortalidade no Sul, chegando a se equiparar ao Sudeste, Região de maior concentração de casos e óbitos por AIDS. O crescimento das taxas de mortalidade nos Estados da Região Norte, principalmente em Roraima, no Amazonas e no Pará, sugere a consolidação do processo de interiorização da epidemia no Brasil.

Quanto à variável 'sexo', cabe destacar que a queda da mortalidade por AIDS aconteceu, principalmente, entre os homens: a taxa de mortalidade masculina caiu 39%, contra a queda de 18% da feminina. É possível que esse resultado

reflita a importância do crescimento da epidemia entre as mulheres, principalmente nas Regiões Sudeste e Nordeste.

7 – Dimensão da pobreza e da fome e da distribuição no Brasil:

A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil

Definindo conceitos

São pobres as pessoas que não suprem permanentemente necessidades humanas elementares como comida, abrigo, vestuário, educação, cuidados de saúde etc. Tem fome aqueles cuja alimentação diária não aporta a energia requerida para a manutenção do organismo e para o exercício das atividades ordinárias do ser humano. Sofrem de desnutrição os indivíduos cujos organismos manifestam sinais clínicos provenientes da inadequação quantitativa (energia) ou qualitativa (nutrientes) da dieta ou decorrentes de doenças que determinem o mau aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos.

Ainda que compartindo terreno comum, os três conceitos descritos diferenciam-se. Esta diferenciação torna-se mais evidente através de exemplos. Um indivíduo, ou toda uma sociedade, poderá estar livre da fome e ainda assim ser pobre, bastando que sua pobreza se expresse através do não-acesso a educação e a cuidados de saúde, de condições insalubres de moradia ou através de outras carências materiais igualmente importantes. A situação inversa, ocorrência de fome na ausência de uma situação de pobreza, ocorre apenas excepcionalmente e sempre por tempo determinado, como por ocasião de guerras, cercos e cataclismas. Fome e desnutrição tampouco são conceitos equivalentes uma vez que, se toda fome leva obrigatoriamente à desnutrição, nem toda desnutrição se origina da deficiência energética das dietas, sobretudo na população infantil. A deficiência específica de macro e micronutrientes, o desmame precoce, a higiene alimentar precária e a ocorrência excessiva de infecções são causas bastante comuns da desnutrição infantil. Ainda que não equivalentes, os conceitos de pobreza e desnutrição são os que mais se aproximam, uma vez que o bom estado nutricional, sobretudo na criança, pressupõe o atendimento de um leque abrangente de necessidades humanas, que incluem não apenas a disponibilidade de alimentos, mas também a diversificação e a adequação nutricional da dieta, conhecimentos básicos de higiene, condições salubres de moradia, cuidados de saúde, entre outras.

Medindo a extensão da pobreza, da fome e da desnutrição

Alternativa interessante para se aferir a extensão da pobreza em uma dada sociedade consiste em se combinar indicadores da renda familiar a indicadores do acesso da população a bens e serviços essenciais, como moradia, saneamento, educação, serviços de saúde, entre outros (Seade, 1992). Os problemas metodológicos não são poucos, envolvendo desde a disponibilidade

de informações confiáveis para a construção dos diferentes indicadores até a dificuldade em estabelecer-se ponderações adequadas para cada um deles.

Neste trabalho, utilizaremos as estimativas sobre a freqüência de pessoas pobres no país calculadas por Hoffmann (1994) e baseadas apenas na renda familiar per capita. O autor usa como fonte de dados a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio de 1990 e adota como linha de pobreza a renda familiar equivalente a 1/4 de salário mínimo por pessoa.

A aferição da ocorrência da fome pode ser feita através da avaliação sistemática do consumo energético diário médio dos indivíduos, diante de suas necessidades diárias médias em energia. Entretanto, de modo mais prático, a aferição da ocorrência da fome em nível populacional pode ser feita a partir da avaliação das reservas energéticas dos indivíduos, representadas pelo seu tecido adiposo. Na população adulta esta avaliação permite a detecção da deficiência energética, sem maiores dificuldades e com razoável sensibilidade, por meio da análise da relação peso/altura dos indivíduos ou, mais especificamente, pelo cálculo do chamado índice de Massa Corporal (peso expresso em kg dividido pelo quadrado da altura expressa em metros).

Na população infantil, o diagnóstico da deficiência energética através da avaliação da relação peso/altura é menos sensível uma vez que, com freqüência, sobretudo nos casos leves e moderados, a deficiência energética em crianças se expressa unicamente pelo retardo global do crescimento. Tal retarda, por outro lado, não é específico da deficiência energética das dietas, mas sim manifestação comum de virtualmente todas as deficiências nutricionais na criança seja decorrente de outras deficiências na dieta, como as de proteína, vitaminas ou minerais, sejam originárias de práticas alimentares inadequadas e mesmo de processos infecciosos freqüentes.

A aferição da ocorrência da desnutrição envolve procedimentos clínicos diversos que incluem anamnese, exame físico e provas laboratoriais. Na população infantil, a mais vulnerável à desnutrição, destaca-se, entre as provas diagnósticas, por sua elevada sensibilidade, a avaliação do crescimento físico. Esta avaliação, como já se comentou, é capaz de indicar a ocorrência da desnutrição infantil independentemente dos fatores ambientais que a tenham originado.

A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição

A dimensão da pobreza

A tabela 1 resume as estimativas de Hoffmann quanto à situação da pobreza no Brasil no inicio da década de 90. Pessoas vivendo abaixo da linha, de pobreza de 0,25 salários mínima correspondiam, em 1990, a quase 1/4 do total da população e integravam um contingente de 32,9 milhões de brasileiros. As prevalências regionais da pobreza mostram variações importantes, destacando-se a desvantagem sistemática das populações rurais diante das populações urbanas, e da região Nordeste frente às demais. A população com maior índice de pobreza, mais de 60% das

 

Pessoas com renda abaixo da linha de pobreza viviam nas áreas rurais do Nordeste; a seguir vinha a população rural do Centro-Sul e a população urbana do Nordeste, ambas com pouco mais de 30% de pessoas pobres; em melhor situação, encontravam-se a população urbana da região Norte, 16% de pobres, e a população urbana das regiões do Centro-Sul do país, onde apenas 8 a 10% das pessoas estavam abaixo da linha de pobreza. Estimativas do mesmo autor dão conta que o quadro encontrado em 1990 persistiu, com pequenas variações, ao longo de toda a década de 80.

A dimensão da desnutrição

Conforme antecipamos, a dimensão da desnutrição no país será buscada a partir da avaliação de crescimento infantil, mais especificamente, do computo das crianças menores de cinco anos com alturas aquém de dois desvios-padrão da altura média esperada para idade e sexo, de acordo com o padrão internacional de crescimento recomendado pela Organização Mundial de Saúde – OMS (WHO workinggroup, 1986). Crianças com alturas tão baixas quanto as referidas são encontradas, em populações bem-nutridas, em proporção não-superior a 2-3% e correspondem, neste caso, à fração normal de crianças geneticamente pequenas. Quando presentes em proporções superiores, crianças de baixa estatura passam a refletir a prevalência do retardo de crescimento e da desnutrição infantil na população.

A tabela 2 apresenta a freqüência de crianças de baixa estatura nas diferentes regiões do país, tal como estimada pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição de 1989. Inicialmente, observa-se que, em todas as regiões, a freqüência de crianças de baixa estatura excede em muito a freqüência de 2-3%, o que evidencia a natureza endêmica da desnutrição infantil e de sua disseminação por todo o país. No Brasil como um todo, crianças de baixa estatura – ou crianças desnutridas – representavam 15,4% do total da

população infantil, ou cerca de 2,5 milhões de crianças. A semelhança da pobreza, o retardo do crescimento e a desnutrição infantil se distribuem de forma desigual no território brasileiro. Novamente, vemos as populações rurais em desvantagem, ainda que desta vez os contrastes com as populações urbanas sejam menos intensos. Os contrastes são mais intensivos, desta vez, entre as regiões Norte e Nordeste – 23 e 27,3% de crianças desnutridas – e as regiões do Centro-Sul – 8% a 9% de crianças desnutridas.

 O uso sistemático do indicador altura/idade e do padrão internacional de crescimento da OMS em inquéritos nutricionais realizados a partir na década de 80 (De Uniste al., 1993) permite que a prevalência da desnutrição infantil no Brasil possa ser comparada à encontrada em outros países em desenvolvimento. Próximo ao Brasil encontra-se, por exemplo, o Paraguai (16,6% de crianças desnutridas) país latino-americano cujo PIB per capita à época do inquérito (1990) representava pouco mais da metade do PIB per capita brasileiro em 1989 (US$ 2.792 contra US$ 4.951, valores já ajustados pela paridade do poder de compra conforme metodologia desenvolvida pelas Nações Unidas) (Onde, 1992; 1993).

Com relação às regiões brasileiras, encontra-se equivalente para o Norte e o Nordeste em diversos países africanos de grande pobreza (PIB ajustado de menos de mil dólares per capita) como, por exemplo, Mali em 1987 (25% de crianças desnutridas) e Gana em 1988 (30,5% de crianças desnutridas). O mesmo paralelo irá situar Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país junto a um pequeno grupo privilegiado de países em desenvolvimento que apresentam menos de 10% de crianças desnutridas. Este grupo de países, todos de pequena população, inclui algumas ilhas do Garibe com níveis de renda excepcionalmente elevados para países em desenvolvimento (PIB ajustados entre 6 e 8 mil dólares per capita) e alguns países com níveis de renda modestos (PIB ajustados entre 2 e 4 mil dólares per capita), porém com sistemas de saúde e seguridade social reconhecidamente eficientes, como a Costa Rica, a Jamaica e o Chile.

 Repetindo o visto para as regiões brasileiras, observam-se dois grupos distintos: o primeiro, constituído por estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste onde a freqüência de retardos severos de crescimento fica entre 4,9% e 11,6%; o segundo grupo, constituído apenas por estados do Norte e do Nordeste, onde a mesma freqüência se situa entre 16,7% e 37,4%.

Dentro do primeiro grupo de estados, que ocupa grosso modo a metade Sul do país, Santa Catarina e São Paulo comparam-se o Trinidad-Tobago; Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul à Costa Rica; Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais lembram Chile, Mato Grosso e Paraná assemelham-se ao Kuwait.

No segundo grupo de estados, que ocupa a metade Norte do país, algumas equivalências puderam ser encontradas com países latino-americanos muito pobres como a Nicarágua ou El Salvador (freqüência de crianças desnutridas de 21,8% e 29,9%, respectivamente). É com os países pobre africanos, entretanto, que a comparação se mostrou exemplar, na qual o Amazonas é a

Costa do Marfim, a Bahia é o Djibuti, o Ceará é o Congo, Pernambuco é Zimbábue e o Pará é o Togo; Alagoas e Maranhão, os dois estados brasileiros com maior prevalência de retardo do crescimento, estão entre Serra Leoa e Zâmbia, pouco faltando para que pudessem ser o Haiti.

A dimensão da fome

Conforme referido anteriormente, buscaremos a dimensão da fome no Brasil a partir do estudo da distribuição das reservas energéticas da

Segundo Comitê de Especialistas da Organização Mundial de Saúde – OMS, reunido em Genebra em 1993, valores de IMG inferiores a 18,5 kg/m2 indicam nível mínimo de reservas energéticas no adulto e são encontrados em populações que não apresentam restrição alimentar em apenas 3% a 5% das pessoas. Esta fração representaria o contingente de indivíduos constitucionalmente magros em uma população. Para o mesmo Comitê, valores baixos de IMG (inferiores a 18,5 kg/m2), presentes entre 5% e 9% das pessoas, caracterizariam populações expostas à baixa prevalência de déficits energéticos, o que justificaria a necessidade de monitorizar o problema e estar alerta para sua eventual deterioração (nesta situação, estariam Cuba e México, por exemplo). Freqüências entre 10% e 19% já caracterizariam populações expostas a prevalência moderada de déficits energéticos (nesta situação, cita-se o exemplo da China). Freqüências entre 20% e 39% caracterizariam prevalências altas de déficits energéticos (nesta situação há o exemplo da Etiópia). Finalmente, valores baixos de IMG em mais de 40% da população caracterizariam prevalências muito altas de déficits energéticos (como, por exemplo, as encontradas na índia) (OMS, 1994 – comunicação pessoal).

A procura descrever o comportamento das reservas energéticas dos indivíduos ao longo das idades no meio urbano e no meio rural. Nas áreas urbanas, verifica-se que a proporção de indivíduos magros mantém-se entre 3% e 4% dos 25 aos 65 anos de idade, superando o limiar de 5% apenas entre os idosos (8,5%). Este quadro confirma a hipótese de que a deficiência energética não alcança relevância epidemiológica na população urbana do país, podendo-se atribuir a ligeira elevação da proporção de indivíduos magros entre os idosos a complicações de saúde próprias da velhice. Nas áreas rurais, a proporção de indivíduos magros mantém-se próxima ao limiar de 5% apenas entre os adultos jovens (25 a 44 anos), eleva-se a 8%-9% entre os adultos de meia idade (45 a 64 anos) e chega a quase 15% entre os idosos. A relativa proteção contra a deficiência energética observada entre os adultos jovens do meio rural e a inclusão dos adultos de meia idade, ao lado dos idosos, entre os grupos expostos à deficiência, são fatos intrigantes e cuja explicação exige que se considerem informações com as quais não contamos no momento. A título de hipótese, cogitamos a possibilidade de que complicações de saúde poderiam começar mais precocemente no meio rural e/ou de que adultos de meia idade, tanto quanto os idosos, teriam maior dificuldade de competir no mercado de trabalho rural, que demanda essencialmente grande capacidade física.

 

 O descreve o comportamento das reservas energéticas ao longo das idades na população rural das diferentes macros regiões do país. Em um extremo, vê-se a situação do Sul rural, onde adultos jovens, de meia idade e mesmo idosos parecem relativamente protegidos da deficiência energética. No outro extremo, encontra-se o Nordeste rural, onde todos os grupos etários, mesmo adultos jovens, estão expostos à deficiência energética. Nas demais regiões, essa deficiência está claramente presente na população rural apenas a partir dos 55 anos de idade.

Conclusões

A pobreza, no Brasil, medida pela insuficiência de renda, assume proporções enormes e dissemina-se por todas as regiões e áreas do país, castigando em particular as populações rurais e urbanas da região Nordeste e as populações rurais das demais regiões brasileiras.

A desnutrição, medida pelo retardo do crescimento infantil, também assume grandes proporções no país e está presente em todas as suas regiões e áreas. A população mais afetada, neste caso, é aquela que reside nas regiões Norte e Nordeste. As populações rurais são mais atingidas do que as urbanas, mas o contraste Norte/Sul é o que chama mais a atenção, a ponto de as populações urbanas do Norte e Nordeste apresentarem prevalências de desnutrição substancialmente superiores às encontradas nas populações rurais do Centro-Sul.

A comparação da situação da desnutrição infantil no Brasil com estatísticas provenientes de outros países em desenvolvimento situa os estados das regiões Norte e Nordeste junto a países muito pobres da África e da América Latina. A mesma comparação situa os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ao lado de um pequeno e privilegiado grupo de países em

desenvolvimento relativamente ricos e /ou reconhecidos como contando com sistemas de seguridade sociais muito eficazes.

A fome, medida pelas reservas energéticas da população adulta, tem incidência restrita no país, afetando de forma clara apenas a população rural do Nordeste, ainda assim em grau leve ou moderado, de acordo com padrões internacionais. Apresentam-se notavelmente protegidas da fome as populações urbanas de todas as regiões do país, incluindo as que vivem nas regiões Norte e Nordeste e a população rural que vive no Sul (mais dados seriam necessários para se esclarecer inteiramente a situação da deficiência energética nas demais populações rurais brasileiras).

As distinções identificadas na magnitude e padrão de distribuição da pobreza, da fome e da desnutrição confirmam a natureza distinta dos problemas, tal como sustentada na introdução deste trabalho, ao mesmo tempo em que determinam implicações importantes na definição de prioridades e alvos parati intervenção governamental.

Salvo improváveis modificações no quadro encontrado em fins da década de 80, medidas antipobreza (elevação do salário mínimo, programa de renda mínima, subsídios ao consumo etc.), ainda que justificadas no país como um todo, deveriam atender preferencialmente e com mais recursos a região Nordeste e, de modo geral, os trabalhadores rurais de todo o país. Ações específicas de combate à desnutrição (diagnóstico e acompanhamento médico, suplementação alimentar seletiva, prevenção e tratamento de doenças infecciosas etc.) deveriam ter como alvo prioritário a população de crianças que vivem nas regiões Norte e Nordeste. Finalmente, ações específicas contra a fome (particularmente a distribuição gratuita de alimentos às famílias) encontrariam plena justificativa, desde que implementadas nas áreas rurais do Nordeste brasileiro, podendo-se prever, de modo geral, pouco ou nenhum impacto para ações realizadas no âmbito das populações urbanas do país.

 

 

 

 

 

 

 

MEIO AMBIENTE

O que é Meio Ambiente:

Meio ambiente envolve todas as coisas vivas e não-vivas que ocorrem na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos humanos. O meio ambiente pode ter diversos conceitos, que são identificados por seus componentes.

Na ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou inanimado onde se desenvolve a vida de um organismo. No meio ambiente existem vários fatores externos que têm uma influência no organismo. A ecologia tem como objeto de estudo as relações entre os organismos e o ambiente envolvente.

Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, e incluem toda a vegetação, animais, microorganismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Meio ambiente também compreende recursos e fenômenos físicos  como ar, água e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica, e magnetismo.

Para as Nações Unidas, meio ambientes é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas.

A preservação do meio ambiente depende muito da sensibilização dos indivíduos de uma sociedade. A cidadania deve contemplar atividades e noções que contribuem para a prosperidade do meio ambiente. Desta forma, é importante saber instruir os cidadãos de várias idades, através de formação nas escolas e em outros locais.

No Brasil existe a PNMA, que é a Política Nacional do Meio Ambiente. A PNMA define meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abrigam e regem a vida em todas as suas formas.

Meio ambiente e sustentabilidade

A sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente do planeta Terra, é manter a qualidade de vida, manter o meio ambiente em harmonia com as pessoas. É cuidar para não poluir a água, separar o lixo, evitar desastres ecológicos, como queimadas, desmatamentos. O próprio conceito de sustentabilidade é para longo prazo, significa cuidar de todo o sistema, para que as gerações futuras possam aproveitar.

É importante que a sustentabilidade do meio ambiente seja cada vez uma prioridade para os políticos no poder, para que a conservação do meio ambiente possa ser alcançada.

Meio ambiente e reciclagem

A reciclagem é um processo de elevada relevância para a preservação do meio ambiente. Através da reciclagem, é possível diminuir a poluição do ar, água e solo. O grande desafio na área da reciclagem é conseguir educar os cidadãos para que compreendam que cada esforço, por menor que seja, tem um impacto positivo no meio ambiente envolvente.

Meio ambiente e sociologia

No âmbito da sociologia, o meio ambiente é o conjunto de todos os fatores materiais ou imateriais que afetam o indivíduo e que vão desde a paisagem até a mentalidade da época. Os sociólogos partidários da teoria do meio ambiente consideram o indivíduo como produto das suas relações sociais.

O que é Lixo:

Lixo é tudo aquilo que já não tem utilidade e é jogado fora. É qualquer material sólido originado em trabalhos domésticos e industriais, e que é eliminado.

Muitos dos resíduos que vão para o lixo podem ser reutilizados através de um processo denominado reciclagem. No processo de reciclagem, o lixo orgânico e inorgânico é reaproveitado, contribuindo para a redução da poluição do meio ambiente.

Lixo orgânico é todo resíduo de origem animal ou vegetal, como os restos de alimentos, folhas, sementes, papéis, etc. Em geral é utilizado em com postagem para fabricação de adubos.

Lixo inorgânico é todo material cuja origem não é biológica, como por exemplo, plásticos, metais, vidro, etc.

Determinados resíduos sólidos, como o lixo eletrônico, exigem um maior controle no destino final e na reciclagem por conterem substâncias tóxicas. O lixo eletrônico é proveniente de equipamentos eletro-eletrônicos: computadores, celulares, televisores, geladeiras, entre outros.

Existem resíduos sólidos que não podem ser reciclados por serem considerados perigosos e causadores de doenças. É o caso do lixo hospitalar e do lixo nuclear.

Aterro sanitário é um dos locais de destino final do lixo urbano. Na sua concepção há uma preocupação com o meio envolvente. Não é o caso do conhecido "lixão", visto que não existe controle sobre o lixo depositado e a decomposição dos resíduos a céu aberto coloca em risco o ambiente e a saúde da população que vive ou trabalha próximo dessas áreas.

Aterro Sanitário

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Aterro Sanitário: importante no tratamento de lixo das cidades

Definição e características

Aterro sanitário é uma espécie de depósito onde são descartados resíduos sólidos (lixo) provenientes de residências, indústrias, hospitais e construções.

Grande parte deste lixo é formada por não recicláveis. Porém, como a coleta seletiva ainda não ocorre plenamente, é comum encontrarmos nos aterros sanitários plásticos, vidros, metais e papéis.

Os aterros sanitários são construídos, na maioria das vezes, em locais distantes das cidades. Isto ocorre em função do mal cheiro e da possibilidade de contaminação do solo e de águas subterrâneas. Porém, existem, atualmente, normas rígidas que regulam a implantação de aterros sanitários. Estes devem possuir um controle da quantidade e tipo de lixo, sistemas de proteção ao meio ambiente e monitoramento ambiental.

 Importância

 Os aterros sanitários são importantes, pois solucionam parte dos problemas causados pelo excesso de lixo gerado nas grandes cidades.

Aterro sanitário e definição

 Técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou risco à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais (IPT, 1995).

Método que utiliza princípios de engenharia para confinar resíduos sólidos à menor área possível e reluzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão da jornada de trabalho ou a intervalos menores, se necessário (IPT, 1995).

Os aterros sanitários apresentam em geral a seguinte configuração: setor de preparação, setor de execução e setor concluído. Alguns aterros desenvolvem

esses setores concomitantes em várias áreas, outros de menor porte desenvolvem cada setor de cada vez.

Na preparação da área são realizados, basicamente, a impermeabilização e o nivelamento do terreno, as obras de drenagem para captação do chorume (ou percolado) para conduzí-lo ao tratamento, além das vias de circulação. As áreas limítrofes do aterro devem apresentar uma cerca viva para evitar ou diminuir a proliferação de odores e a poluição visual.

Na execução os resíduos são separados de acordo com suas características e depositados separadamente. Antes de ser depositado todo o resíduo é pesado, com a finalidade de acompanhamento da quantidade de suporte do aterro. Os resíduos que produzem material percolado são geralmente revestidos por uma camada secante

Atingida a capacidade de disposição de resíduos em um setor do aterro, esse é revisitado, com os resíduos sendo então depositados em outro setor. Ao longo

dos trabalhos de disposição e mesmo após a conclusão de um setor do 

 

Aterro, os gases produzidos pela decomposição do lixo devem ser queimados e os percolados devem ser captados. Em complemento, também devem ser realizadas obras de drenagem das águas pluviais.

Os setores concluídos devem ser objeto de contínuo e permanente  monitoramento para avaliar as obras de captação dos percolados e as obras de drenagem das águas superficiais, avaliarem o sistema de queima dos gases e a eficiência dos trabalhos de revisitação. Nesse sentido, segundo IPT (1995), as seguintes técnicas de monitoramento são geralmente utilizadas: piezometria, poços de monitoramento, inclinômetro, marcos superficiais e controle da vazão

Saneamento do Lixo   Lixo é todo e qualquer tipo de resíduo sólido produzido e descartado pela atividade humana doméstica, social e industrial.

Tendo composição bem variada, o lixo pode conter agentes biológicos patogênicos ou resíduos químicos tóxicos, os quais podem alcançar o homem, por via direta ou indireta, prejudicando-lhe a saúde.

O lixo é, principalmente, uma via indireta de transmissão de doenças. “O lixo representa componente que não pode ser desprezado no estudo da estrutura epidemiológica de vários agravos à saúde. Contudo, a sua influência se faz sentir principalmente, por vias indiretas. Assim é que ele propicia condições que facilitam, ou mesmo possibilitam a ação de múltiplos fatores. Do conjunto deste último resultam, como efeitos, os vários inconvenientes à saúde e bem-estar da comunidade”.  Resíduos sólidos

Os resíduos sólidos constituem hoje uma das grandes preocupações ambientais do mundo moderno. As sociedades de consumo avançam de forma a destruir os recursos naturais, e os bens, em geral, têm vida útil limitada, transformando-se cedo ou tarde em lixo, com cujas quantidades crescentes não se sabe o que fazer.

Os resíduos sólidos, líquidos ou gasosos são produtos inevitáveis dos processos econômico-sociais de que dependemos. Assim como no metabolismo dos seres vivos, nossas sociedades transformam insumos em bens, em serviços e em alguns subprodutos que precisamos eliminar.

Do ponto de vista sanitário e ambiental, a adoção de soluções inadequadas para o problema do lixo faz com que seus efeitos indesejáveis se agravem: o risco de contaminação do solo, do ar e da água, a proliferação de vetores, doenças e a catação. Com a maior concentração de pessoas nas cidades e o aumento da produção individual de lixo, os locais de tratamento e destinação final devem inspirar maiores cuidados, de modo a não tornar irreversíveis os danos ambientais daí decorrentes. Atualmente, a existência de lixões (vaza doures), locais onde são descarregados os resíduos sem quaisquer cuidados, representa uma grave ameaça à saúde pública e ao meio ambiente. Tratamento e disposição final do lixo

O destino inevitável do lixo é um aterro. O que a comunidade através de seus governantes, deve decidir é que proporção do lixo vai ser aterrada e de que forma este aterro vai ser feito, visto que os impactos ambientais, sociais e econômicos da disposição final do lixo são extremamente sérios. Os locais de disposição descontrolada de lixo (lixões) são perigosos devido aos enormes problemas que causam:

Poluição do solo, do ar e da água; Atração de vetores (insetos e roedores); Risco de fogo, deslizamento e de explosões; Espalhamento de lixo pelo vento e animais; Atividades de catadores. Aterro Sanitário   Segundo a norma ABNT NBR 8419/1984, aterro sanitário é "uma técnica

de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se for necessário".

Esta técnica consiste basicamente da compactação dos resíduos no solo, dispondo-os em camadas que são periodicamente cobertas com terra ou outro material inerte, formando células, de modo a se ter alternância entre os resíduos e o material de cobertura. Aterro sanitário exige cuidados e técnicas específicas, que visam inclusive ao uso futuro da área, e que incluem a seleção e o preparo da área, sua operação e monitoramento. A NBR 8419 fixa todos os procedimentos necessários a uma correta elaboração do projeto.

Um aterro sanitário contém necessariamente: Instalações de apoio;

Sistema de drenagem de águas pluviais; Sistema de coleta e tratamento de líquidos percolados e de drenagem

de gases, formados a partir da decomposição da matéria orgânica presente no lixo;

Impermeabilização lateral e inferior, de modo a evitar a contaminação do solo e do lençol freático.

O aterro sanitário é um método atraente e de menor custo para comunidades com poucos recursos financeiros e humanos, e que pode satisfazer as condições de preservação do meio ambiente.Há uma variação desta forma de disposição chamada aterro controlado, com menores exigências para proteção ambiental, e cujas recomendações técnicas, descritas na norma ABNT NBR 8849/1985, são mais simplificadas comparativamente ao aterro sanitário. Não é prevista a implantação de sistema de coleta e tratamento de líquidos percolados e de sistema de drenagem de gases. Este método não deve ser considerado como solução definitiva para o correto equacionamento da disposição final de resíduos sólidos, uma vez que é grande seu potencial de impacto ambiental, notadamente no que se refere à poluição das águas superficiais e subterrâneas e do solo.

Com postagem 

 Um segundo método de tratamento e disposição sanitariamente adequados dos resíduos sólidos é a com postagem. Por definição, é a transformação de resíduos orgânicos presentes no lixo, através de processos físicos, químicos e biológicos, em

   Material biogênico mais estável e resistente. O resultado final é o

"composto", excelente condicionador orgânicos dos solos.O processo se constitui basicamente de duas etapas:

Física, onde se dá o preparo dos resíduos, fazendo-se uma separação entre a matéria a ser composta e outros materiais (potencialmente recicláveis e/ou rejeito), e em seguida uma homogeneização;

Biológica, que consiste da fermentação e da digestão do material, realizadas sob condições controladas, num período que varia, geralmente, de 60 a 120 dias.

A com postagem é feita em pátios especialmente preparados, sendo o material orgânico disposto em leiras (montes) que operam por reviramento ou por aeração forçada, caso em que se necessitam equipamentos especiais. Há usinas mecânicas nas quais ocorre parte do processo mais aceleradamente, não dispensando, porém a necessidade de plataformas para a maturação do composto.

A eficiência do processo está ligada a um plano de coleta seletiva que impeça a presença de plásticos, vidros e de outros materiais contaminantes e insetos, indesejáveis na massa a ser composta. A viabilidade econômica desta alternativa de aproveitamento do lixo depende de condições de mercado e a obtenção de um composto de boa qualidade depende do monitoramento do processo, cujos principais fatores intervenientes são:

As condições de aeração; O teor de umidade; As concentrações de carbono e de nitrogênio;

O tamanho das partículas; O ph; A temperatura, cujo controle é fundamental para a eliminação dos micro-

organismos patogênicos do composto.O processo pode requerer a utilização intensiva de mão-de-obra e as necessidades de área são proporcionais às quantidades de lixo a serem tratados. 

IncineraçãoA incineração é um processo de redução de peso (em até 70%) e de

volume (em até 90%) do lixo através de combustão controlada, de 800 a 1.000 o C, visando à disposição final. O processo é realizado em fornos especiais, nos quais se pode garantir oxigênio para combustão, turbulência, tempos de permanência e temperaturas adequados.

É uma alternativa indicada para o caso de grande quantidade de resíduos sépticos e/ou perigosos ou quando se têm grandes distâncias a serem percorridas entre a coleta e disposição final, e o lixo é rico em materiais secos comburentes. Outra circunstância que recomenda a incineração é a dificuldade de encontrar áreas para aterro. Um grande inconveniente deste processo é a liberação de gases tóxicos que precisam ser tratados. Além disto, as cinzas e demais materiais remanescentes do processo de incineração precisam ser convenientemente dispostos.

Sistemas de esgoto urbano

É preferível que um sistema de esgoto seja completamente movido à gravidade, como um sistema séptico. Os tubos de cada casa ou edifício seguem para um tubo principal de esgoto que percorre, por exemplo, o meio da rua. O tubo principal pode ter de 1 a 1,5m de diâmetro. Periodicamente, um tubo vertical subirá do tubo principal à superfície, formando um posto de visita, coberto por uma tampa de bueiro. Os poços de visita permitem o acesso ao tubo principal para manutenção.

Os tubos de esgoto seguem para tubos que aumentam gradualmente até chegarem à estação de tratamento de esgoto. Para ajudar a gravidade a fazer seu trabalho, a estação de tratamento de esgoto geralmente fica localizada em uma área mais baixa, e os tubos principais percorrem o leito e fundo do rio (que seguem naturalmente em declive

Em áreas urbanas e suburbanas em que há grande concentração de pessoas, há muito mais dejeto a ser tratada, então a comunidade constrói um sistema de esgoto que coleta a água e a leva para uma estação de tratamento de esgoto.

Normalmente, a camada do solo não ajudará muito e a gravidade não poderá fazer todo o trabalho sozinho. Nesses casos, o sistema de esgoto incluirá uma

bomba de trituração ou uma estação de elevação para levar a água de esgoto a um morro.

Uma vez que a água chega à estação de tratamento de esgoto, ela passa por um, dois ou três estágios de tratamento (dependendo da sofisticação da estação).

O primeiro estágio, conhecido como tratamento primário, faz o mesmo que uma fossa séptica: permite que os sólidos sejam separados da água e a espuma suba; o sistema coleta os sólidos a serem descartados (em um depósito de lixo ou em um incinerador).

O tratamento primário é bastante simples - envolve uma tela seguida por um conjunto de reservatórios ou tanques que deixam a água em repouso, de modo que os sólidos sejam separados.

Clarificadores primários

O tratamento primário pode remover metade dos sólidos, materiais orgânicos e bactérias da água. Se na estação só houver o tratamento primário, a água será clorada para matar as bactérias remanescentes e escoada.

O segundo estágio, conhecido como tratamento secundário, remove materiais orgânicos e nutrientes. Isso é feito com a ajuda de bactérias - a água vai para grandes tanques de aeração, onde as bactérias consomem tudo que podem.

Tanque de aeração

Os dejetos, então, vão para tanques de sedimentação, onde as bactérias são depositadas. O tratamento secundário pode remover 90% de todos os sólidos e materiais orgânicos dos dejetos.

Clarificador secundário

O terceiro estágio, conhecido como tratamento terciário, varia dependendo da comunidade e da composição dos dejetos. Tipicamente, o terceiro estágio utilizará produtos químicos para remover o fósforo e o nitrogênio da água, mas também pode incluir tanques de filtração e outros tipos de tratamento. O cloro, acrescentado à água, mata quaisquer bactérias remanescentes, e a água é escoada.

Os principais impactos ambientais urbanos e rurais

Decorrentes das alterações ambientais causadas pelo homem e por causas naturais, estes impactos possuem efeitos negativos para a sociedade

Os impactos ambientais afetam o Brasil desde a época da colonização já que dependemos do meio ambiente para sobreviver – a extração de recursos como água, comida (inclui-se animais e vegetais) são necessários para a manutenção da vida na Terra.

 No entanto, o uso excessivo e abusivo dos recursos naturais tem consequências terríveis para a sociedade e para o meio ambiente.

Impactos Urbanos

Com o aumento da população mundial, o avanço de tecnologias, e a expansão urbana desordenada, se fizeram necessário a adaptação das cidades para a construção de casas, prédios, hotéis, indústrias, avenidas asfaltadas, entre outras coisas.

O desenvolvimento trouxe e ainda traz consequências. Após a evolução, como resultado, enfrentamos problemas como falta de áreas verdes, poluição generalizada – do ar e do solo, com o excesso de gases poluentes e a falta de saneamento básico – e um aquecimento global que assusta cada vez mais.

Além disso, há uma desigualdade imensa no país: falta acesso à moradia, à educação e à saúde. Apesar de serem problemas sociais, também são considerados agravantes potenciais dos impactos ambientais urbanos.

Impactos Rurais

Os problemas com as práticas agropecuárias predatórias, o extrativismo vegetal, a má gestão dos resíduos urbanos e com os recursos hídricos preocupam, cada vez mais, a sociedade e o governo.

Isso porque há uma enorme perda da biodiversidade devido ao desmatamento, queimadas e caça, além da degradação e contaminação dos solos, com uso de tecnologias, agrotóxicos, fertilizantes e produtos químicos.

Acidentes nucleares, que causam contaminação do solo por centenas de anos, bem como os acidentes ambientais – derramamento de petróleo, por exemplo – também podem ser considerados impactos ambientais rurais.

É importante lembrar que os problemas não se limitam a uma região e atingem todos os biomas brasileiros – Cerrados, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Amazônia – e, claro, a fauna e a flora, já que o ecossistema é todo alterado.

Como mudar esse panorama?

A falta de informação e conscientização são os principais fatores contribuintes dos problemas citados nesse texto. Por isso, a educação é o primeiro passo para uma mudança. Já é comum vermos escolas e universidades com treinamentos para educação ambiental, além de ações governamentais para a população. Empresas e indústrias também já aderiram à conscientização de seus funcionários e terceirizados – uma inovação no setor.

A monocultura no Brasil e seus impactos ambientais no solo .A construção da Usina de Belo Monte e seus impactos ambientais Os impactos ambientais causados pelas usinas hidrelétricas na Amazônia erosão