ENTRESSAFRA ELEVA COM FORÇA PREÇO AO PRODUTOR

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As cotações dos derivados também mantiveram o movimento altista em abril (até dia 29). Na média mensal do atacado do estado de São Paulo, o leite UHT e o queijo muçarela se valorizaram 3,30% e 1,97% em relação a março, com média de R$ 2,18/litro e R$ 12,32/kg, respectivamente. Esta pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). O valor do leite pago ao produtor subiu expressivos 6,16% em abril, atingindo R$ 1,0838/litro (preço bruto – acrescido de frete e impostos) na “média Brasil”, aumento de R$ 0,0630/litro em relação a março, segundo levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esse foi o segundo mês consecutivo de valorização, resultado da menor produção leiteira em março, em decorrência do início da entressafra. O preço líquido, sem frete e impostos, teve média de R$ 0,9995/litro, valor 6,11% maior que o do mês passado e 7,77% superior ao de março/13, em termos reais (deflacionado pelo IPCA de março/14). As médias são ponderadas pelo volume captado nos estados da BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP em março. De acordo com colaboradores do Cepea, este aumento esteve atrelado principalmente à queda na produção em março, em razão do início da entressafra em algumas regiões produtoras e acentuação desse cenário em outras (Sul). Essa menor oferta eleva a competição entre as indústrias quanto à matéria-prima, com consequente aumento nas cotações. Em algumas praças do Sul, laticínios e pontos de recepção de leite chegaram a fechar devido à escassez de leite. Dessa forma, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) reduziu expressivos 3,85% de fevereiro para março. Mesmo com a ocorrência de chuvas em parte do Centro-Sul, estas não foram suficientes para recuperar áreas de pasto afetadas anteriormente pela seca. Além disso, desde março, as pastagens do Centro-Oeste e Sudeste estão menos produtivas e as vacas em lactação são secas, para que possam se preparar para a próxima parição. Vale destacar que o Sul do País tem a entressafra adiantada quando comparado às demais regiões. Assim, os estados sulistas tiveram os recuos mais expressivos na captação de leite em março, de 8,46% no Paraná, 7,66% no Rio Grande do Sul e 4,12% em Santa Catarina. Para os próximos meses, apesar do período de plena entressafra, os laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea indicam certa estabilidade nos preços. Dentre as empresas consultadas, 43,2%, que detém 59% do leite amostrado, esperam manutenção dos valores para os pagamentos de maio. Outros 38,6%, que representam 21,5% do volume amostrado, têm expectativa de alta, enquanto os 18,2% restantes acreditam em queda. Agentes consultados pelo Cepea afirmam que o mercado consumidor não absorveu os preços em altos patamares dos derivados, que têm sido praticados no atacado neste último mês. Tal cenário pode limitar novas altas nos preços pagos ao produtor, mesmo com a menor oferta de matéria-prima. ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite – MARÇO/14. (Base 100=Junho/2004) Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 20 nº 229 | Maio 2014 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP Exportação de leite em pó dispara e balança comercial de lácteos tem saldo positivo SP: Médias de abril ainda superam às de março NACIONAL: Preço do UHT sobe 16% em março Receba este Boletim também por e-mail. Instruções na última página! MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Alta no preço do leite garante aumento no poder de compra em abril pág. 04 CUSTOS ENTRESSAFRA ELEVA COM FORÇA PREÇO AO PRODUTOR

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As cotações dos derivados também mantiveram o movimento altista em abril (até dia 29). Na média mensal do atacado do estado de São Paulo, o leite UHT e o queijo muçarela se valorizaram 3,30% e 1,97% em relação a março, com média de R$ 2,18/litro e R$ 12,32/kg, respectivamente. Esta pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperat ivas Bras i lei ras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).

O valor do leite pago ao produtor subiu expressivos 6,16% em abril, atingindo R$ 1,0838/litro (preço bruto – acrescido de frete e impostos) na “média Brasil”, aumento de R$ 0,0630/litro em relação a março, segundo levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esse foi o segundo mês consecutivo de valorização, resultado da menor produção leiteira em março, em decorrência do início da entressafra.

O preço líquido, sem frete e impostos, teve média de R$ 0,9995/litro, valor 6,11% maior que o do mês passado e 7,77% superior ao de março/13, em termos reais (deflacionado pelo IPCA de março/14). As médias são ponderadas pelo volume captado nos estados da BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP em março.

De acordo com colaboradores do Cepea, este aumento esteve atrelado principalmente à queda na produção em março, em razão do início da entressafra em algumas regiões produtoras e acentuação desse cenário em outras (Sul). Essa menor oferta eleva a competição entre as indústrias quanto à matéria-prima, com consequente aumento nas cotações. Em algumas praças do Sul, laticínios e pontos de recepção de leite chegaram a fechar devido à escassez de leite.

Dessa forma, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) reduziu expressivos 3,85% de fevereiro para março. Mesmo com a ocorrência de chuvas em parte do Centro-Sul, estas não foram suficientes para recuperar áreas de pasto afetadas anteriormente pela seca. Além disso, desde março, as pastagens do Centro-Oeste e Sudeste estão menos produtivas e as vacas em lactação são secas, para que possam se preparar para a próxima parição. Vale destacar que o Sul do País tem a entressafra adiantada quando comparado às demais regiões. Assim, os estados sulistas tiveram os recuos mais expressivos na captação de leite em março, de 8,46% no Paraná, 7,66% no Rio Grande do Sul e 4,12% em Santa Catarina.

Para os próximos meses, apesar do período de plena entressafra, os laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea indicam certa estabilidade nos preços. Dentre as empresas consultadas, 43,2%, que detém 59% do leite amostrado, esperam manutenção dos valores para os pagamentos de maio. Outros 38,6%, que

representam 21,5% do volume amostrado, têm expectativa de alta, enquanto os 18,2% restantes acreditam em queda.

Agentes consultados pelo Cepea afirmam que o mercado consumidor não absorveu os preços em altos patamares dos derivados, que têm sido praticados no atacado neste último mês. Tal cenário pode limitar novas altas nos preços pagos ao produtor, mesmo com a menor oferta de matéria-prima.

ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite – MARÇO/14. (Base 100=Junho/2004)

Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 20 nº 229 | Maio 2014Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP

Exportação de leite em pó dispara e

balança comercial de lácteos tem saldo

positivo

SP: Médias de abril ainda superam às

de março

NACIONAL: Preço do UHT sobe 16%

em março

Receba este

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última página!

MERCADO DE MILHO

E FARELO DE SOJA

Alta no preço do leite garante aumento

no poder de compra em abril

pág. 04

CUSTOS

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Sul / Sudoeste de Minas

1,0989

1,2265

1,1123

1,1607

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1,1369

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1,2366

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1,0065

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1,0866

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1,1067

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1,1009

1,1063

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1,1189

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1,0741

1,1002

0,9383

1,1145

0,9942

0,7839

0,8032

0,7777

1,0664

0,9281

1,0115

0,8994

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1,0129

1,1524

1,0537

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1,1325

1,0307

1,1531

0,9922

1,0302

1,0269

1,0066

1,1163

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0,9502

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0,9867

1,0933

1,0266

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0,9627

0,9753

1,0180

0,8648

1,0483

0,9347

0,6832

0,6984

0,6655

0,9665

0,8402

0,9344

0,8426

0,8860

0,8562

0,9818

1,0853

1,0043

0,8404

0,8684

0,8443

1,0310

0,9394

1,0728

0,9334

0,9324

0,9459

6,00%

4,21%

3,54%

5,01%

5,44%

5,06%

0,18%

0,82%

3,52%

3,27%

5,77%

2,24%

7,49%

4,48%

4,15%

5,74%

4,87%

5,31%

-0,96%

0,53%

3,93%

3,20%

1,63%

1,92%

0,8729

0,8475

0,8765

0,8890

0,8686

0,8887

1,0327

0,9851

0,7230

0,8979

0,9486

0,8955

1,0840

1,0797

0,9569

1,0828

0,8772

1,0925

1,0140

0,8879

0,9860

1,0381

1,0279

1,0070

0,8283

1,0670

0,9522

0,9560

1,0054

1,0624

1,0130

1,0622

1,0233

1,0514

1,1164

1,0341

1,0354

1,0362

1,0461

0,9969

1,1428

1,1347

1,0794

1,2021

1,0632

1,2170

1,1726

0,9780

1,1173

1,1794

1,1678

1,1324

0,9211

1,1409

1,0599

1,0838

1,0135

1,1154

1,0282

1,0846

0,9877

1,0618

1,0742

1,0035

1,2823

1,0220

1,0312

1,0640

1,0747

1,1036

1,0644

1,1769

1,0719

1,1976

1,1654

0,9762

1,1131

1,1509

1,1425

1,1031

0,9044

1,0975

1,0233

1,0761

0,7928

0,7449

0,7978

0,8190

0,7549

0,8128

0,9723

0,9089

0,6111

0,8045

0,8658

0,8250

0,9976

1,0265

0,8821

0,9940

0,8263

0,9937

0,9123

0,8201

0,9094

0,9318

0,9220

0,9005

0,7299

0,9815

0,8570

0,8739

0,9224

0,9550

0,9313

0,9883

0,9062

0,9718

1,0542

0,9567

0,9165

0,9196

0,9552

0,9240

1,0550

1,0453

0,9968

1,1146

1,0088

1,1182

1,0714

0,9082

1,0395

1,0815

1,0721

1,0338

0,8217

1,0537

0,9626

0,9995

4,41%

5,44%

4,84%

7,81%

10,33%

7,55%

4,52%

7,89%

6,03%

8,56%

6,62%

4,17%

8,25%

4,68%

5,66%

7,38%

7,17%

5,61%

7,15%

6,38%

5,71%

10,37%

11,10%

8,70%

-3,73%

2,76%

0,38%

6,16%

4,58%

6,02%

5,10%

8,78%

9,09%

8,18%

4,68%

4,74%

7,20%

5,85%

5,05%

3,91%

8,96%

2,94%

5,41%

7,71%

9,13%

6,21%

7,79%

6,74%

6,21%

9,56%

11,12%

8,51%

-6,45%

2,94%

-2,07%

6,11%

Mai/Abr Mai/Abr

MAIO /14ABRIL /14

Flávia Romanelli - Mtb: 27540

Equipe Leite:Daniel M. Velazco Bedoya - Pesquisador Projeto LeitePedro Silvestre de Lima, Marcel Moscatelli de Souza, Isadora Vieira, Natália Salaro Grigol eVitória Guereschi Lucas

Daniel M. Velazco BedoyaPesquisador Projeto Leite

Equipe Grãos:Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosAmanda G. Grippa, Ana Amélia Zinsly, Débora Kelen P. da Silva, Deise Soares de Souza,Raquel Rizziolli e Thais Bragion Bertoloti

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Por Daniel M. Velazco-Bedoya, analista de mercado da equipe Leite Cepea

ALTA NO PREÇO DO LEITE GARANTE AUMENTO NO PODER DE COMPRA EM ABRIL

Os preços de alguns insumos acompanhados pelo Cepea subiram de março para abril no estado de São Paulo, enquanto outros se mantiveram estáveis. Apesar desse cenário relativamente tranquilo, o produtor tem acompanhado o aumento das cotações de diversos grupos de insumos que compõem os seus custos. Com isso, a alta de 5,4% na cotação do leite ao produtor paulista em abril foi essencial para reverter o cenário de diminuição do poder de compra frente a alguns insumos.

Dentre os insumos analisados pelo Cepea, apenas o preço do concentrado de 22% PB que caiu de março

para abril, 4,74%. A queda nos valores do concentrado foi influenciada principalmente pela desvalorização da saca de milho em SP. A desvalorização do concentrado e a alta no preço do leite, por sua vez, influenciaram o aumento de 9,6% no poder de compra do produtor paulista. Em março/14, eram necessários 771 litros de leite para a aquisição de uma tonelada do concentrado de 22% PB e, em abril, 670 litros, ou 74,2 litros a menos.

Os valores do antibiótico (oxitetraciclina), do sal mineral (30P) e da ureia permaneceram estáveis de março para abril, mas os do herbicida (2-4 d)

subiram 2,01% e os do antimastítico, 1,72%. Considerando-se uma média da relação de troca com esses insumos, houve aumento de 4,4% no poder de compra do produtor paulista em abril.

Em geral, apesar do aumento no poder de compra, as aquisições de insumos estiveram praticamente estáveis no estado de São Paulo em abril. Em maio, inicia-se a campanha de vacinação contra a febre aftosa e, com isso, casas agropecuárias já têm se preparado, formando estoques para atender a demanda neste período.

Médias de janeiro a dezembro de 2011, 2012 e 2013 no estado de São Paulo.

Insumo 2011 2012 2013 Var. 2013/2011 Var. 2013/2012

Conc. 22% PB (t)

Uréia (t)

Ant. Oxitetraciclina (50 ml)

Antimastítico (10 ml)

Sal Mineral 30P (25 kg)

Herbicida 2,4D (litro)

Mão-de-Obra (S.M)

677,6 litros

1.497,7 litros

16,1 litros

8,2 litros

77,3 litros

60,7 litros

730,7 litros

797,8 litros

1.631,0 litros

15,3 litros

7,9 litros

79,6 litros

56,6 litros

825,5 litros

674,0 litros

1.480,1 litros

13,0 litros

7,7 litros

71,6 litros

48,9 litros

792,9 litros

-0,5%

-1,2%

-19,2%

-5,7%

-7,3%

-19,4%

8,5%

-15,5%

-9,2%

-15,0%

-2,5%

-10,1%

-13,6%

-3,9%

(130g de Fósforo)

8,6 litros/frasco 10 ml

8,4 litros/frasco 10 ml

8,1 litros/frasco 10 ml

75,7 litros/sc 25 kg

73,4 litros/sc 25 kg

69,7 litros/sc 25 kg

52,5 litros/litro de herbicida

51,1 litros/litro de herbicida

49,4 litros/litro de herbicida

Fev/14

Mar/14

Abr/14

Fev/14

Mar/14

Abr/14

Fev/14

Mar/14

Abr/14

Fev/14

Mar/14

Abr/14

Fev/14

Mar/14

Abr/14

Fev/14

Mar/14

Abr/14

772,2 litros/tonelada

772,2 litros/tonelada

696,9 litros/tonelada

1597,3 litros/tonelada

1554,7 litros/tonelada

1475,0 litros/tonelada

12,3 litros/frasco 50 ml

12,2 litros/frasco 50 ml

11,5 litros/frasco 50 ml

Fonte

: Cepea/Esa

lq-U

SP e

CN

A

Quantos litros de leite foram necessários para comprar...*

Figura – Evolução da relação de troca no estado de São Paulo. Base 100=Dez/13.

Fonte

: Cepea/Esa

lq-U

SP e

CN

A

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EXPORTAÇÃO DE LEITE EM PÓ DISPARA E BALANÇA COMERCIAL DE LÁCTEOS TEM SALDO POSITIVO

Por Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea

Seguindo o movimento ascendente observado desde setembro de 2013, a balança comercial brasileira de lácteos finalmente registrou saldo positivo em abril – cenário que não era observado desde 2009. Apesar da elevação de 51% nas importações nacionais de março para abril, o volume exportado mais que dobrou no período, atingindo 61,2 milhões de litros em equivalente leite, segundo dados da Secex. As vendas brasileiras de leite em pó, principal produto negociado, praticamente triplicaram, o que possibilitou o saldo positivo, de 18,5 milhões de litros de leite em equivalente leite, que correspondem a um excedente de US$ 14,35 milhões na balança comercial (Figura 1).

A Argélia se destacou como o principal destino do leite em pó brasileiro, representando cerca de 60% do volume total exportado. Em segundo lugar, com 33% das aquisições do produto, ficou a Venezuela. O maior volume embarcado para esses países se justifica pelo cumprimento de contratos que vinham sendo negociados desde o final do ano passado, quando os preços no mercado internacional ainda não tinham registrado quedas e o câmbio estava mais favorável aos exportadores. Dessa forma, o produto brasileiro foi vendido, em média, a US$ 5,26/kg, em abril, alta de 4% frente a março, segundo o Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L).

Já quanto às importações de lácteos, o Uruguai dobrou as vendas e se destacou como o principal fornecedor de lácteos para o Brasil. No total, o País adquiriu 42,7 milhões de litros em equivalente leite, dos quais 67,6% corresponderam ao leite em pó. O

volume deste produto importado pelo Brasil aumentou em 69% de março para abril.

A competitividade do leite em pó importado em comparação com o produto nacional merece destaque. O preço do produto estrangeiro teve queda de 1,78% de março para abril, com média de US$ 4,78/kg. Com a desvalorização de 4% do dólar frente à moeda nacional em abril (o dólar teve média de R$ 2,23 no mês), a cotação em Reais do leite em pó comprado, de R$ 10,66/kg, foi 6% inferior à de março. Vale ressaltar que o preço médio do leite em pó nacional registrado em março pela pesquisa de derivados lácteos do Cepea foi superior, de R$ 13,66/kg.

– Enquanto a Oceania se aproxima do fim da temporada, a produção de leite na Europa atingiu o pico em abril. Segundo o USDA, as condições meteorológicas na Europa se mantiveram ideais para a produção de

PREÇOS INTERNACIONAIS

leite, com pastagens em boas condições, custos de alimentação mais baixos e com preços ao produtor relativamente elevados. Assim, produtores europeus maximizaram a produção de leite – o que, inclusive, influenciou a queda dos preços do leite em pó no mercado internacional (tabela 1).

– Em abril, o Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) teve alta de 12,9% em relação a março, registrando média de US$ 4,86/kg ou de R$ 10,84/kg. Apesar da desvalorização média de 4% do dólar frente ao Real, a elevação nos preços do leite em pó em 4% puxou a alta do IPE-L em abril, uma vez que este produto representou 84% da participação do Índice. As cotações de iogurtes, soro de leite e queijos subiram, 184%, 3,3% e 0,9%, respectivamente. Já os valores do doce de leite, leite condensado e manteiga tiveram quedas de 39%, 6% e 2,7%, na sequência.

IPE-L/Cepea

US$ 4.350

US$ 4.900

US$ 5.550

US$ 4.763

US$ 4.306

US$ 4.187

US$ 5.407

US$ 4.144

- 22%

+3%

- 20%

+ 1%

Os dados se referem à média entre 6 e 26 de abril 2014; para 2013, foi considerado período semelhante.

2014 20142013 2013

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹

Mar/14-Abr/14 (%) Participação no total exp. em Abr/14 Abr/13-Abr/14 (%)

61.245

52.672

5.203

1.476

1.264

125%

196%

3%

-51%

51%

-

86%

8%

2%

2%

505,9%

2985%

-8%

-26%

83%

Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;

(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.

Abr/14

Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹

Abr/14 Participação no total imp. em Abr/14

²

42.745

28.913

13.530

23.085

2.195

51%

69%

22%

17658%

-15%

-

67,6%

31,7%

0,1%

-

-52%

-51%

-52%

-97%

52%

Total de janeiro a abril/14 frente ao mesmo período de 2013: -45%

Total de janeiro a abril/14 frente ao mesmo período de 2013: 290%

Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;

(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro.

Mar/14-Abr/14 (%) Abr/13-Abr/14 (%)

Tabela 1 -

Figura 1. Exportações e importações de lácteos brasileiras e saldo comercial de janeiro/10 a abril/14 (em US$).

Page 6: ENTRESSAFRA ELEVA COM FORÇA PREÇO AO PRODUTOR

SP: MÉDIAS DE ABRIL AINDA SUPERAM ÀS DE MARÇO

NACIONAL: PREÇO DO UHT SOBE 16% EM MARÇO

Por Vitória Guereschi Lucas, graduanda em Gestão Ambiental

Por Marcel Moscatelli de Souza, graduando em Engenharia Agronômica.

As cotações do leite UHT, negociado no atacado paulista, iniciaram abril firmes, mas registraram pequenos recuos de meados até o final do mês. Segundo co laboradores do Cepea, o enfraquecimento dos preços do UHT pode estar atrelado ao desaquecimento na demanda. Apesar disso, a média mensal do UHT ainda superou à de março deste ano e também à de abril de 2014.

O preço médio do UHT foi de R$ 2,18/litro em abril,

Os valores de todos os derivados lácteos acompanhados pelo Cepea subiram em março, considerando-se a média nacional, que é calculada com base em dados coletados nos estados de GO, MG, PR, RS e SP. O preço do leite UHT, especificamente, teve forte alta de quase 16% de fevereiro para março, passando de R$ 1,69/litro para R$ 1,96/l – média nacional. O aumento de 27 centavos no preço do UHT é decorrente da entressafra no Sul do País e do início desse período no Centro-Oeste e Sudeste.

A entressafra, período em que a alimentação animal geralmente é prejudicada por conta das pastagens deterioradas pelo clima seco, já reduziu a produção de leite em março. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L), calculado pelo Cepea, teve queda de 3,85% de fevereiro para março.

Apesar de a demanda ter permanecido estável no mês, a redução na oferta de matéria-prima influenciou a elevação nos preços médios do leite UHT e dos demais derivados lácteos acompanhados pelo Cepea (Tabela 2).

1,69

1,99

14,80

13,11

12,93

14,07

1,60

1,93

16,34

14,28

13,42

13,87

1,54

1,90

14,20

11,51

12,43

13,35

1,55

1,94

14,68

16,15

11,47

13,40

1,70

2,03

15,69

12,43

12,56

13,60

1,62

1,96

15,14

13,49

12,56

13,66

8,3%

12,5%

2,5%

5,3%

0,4%

3,4%

1,9%

9,6%

0,9%

2,8%

3,7%

2,3%

-0,6%

20,5%

12,0%

6,5%

1,4%

-1,6%

4,9%

20,7%

1,0%

8,0%

3,4%

0,0%

2,3%

16,3%

1,4%

-3,1%

1,1%

-0,4%

3,3%

15,7%

3,3%

3,9%

2,0%

0,8%

Fonte

: Cepea/ES

ALQ

-USP

Preços médios dos derivados praticados em MARÇO e as variações em relação ao mês anterior

em Abr/14 Mar/14 Abr/13

R$ 2,18/litro

R$ 12,57/kg

3,27%

1,99%

5,34%

6,58%Fonte: Cepea – OCB/CBCL.

Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período.

Gráfico: Variação dos preços do leite UHT, média nacional.

Em valores reais, desde março/13 (base IPCA: março/14).

3,27% superior ao de março/14 e 5,34% maior que o de abril/13, em termos nominais (valor inclui frete e impostos). Em diversas ocasiões, atacadistas realizaram promoções, visando aquecer as vendas e girar estoques.

Já quanto à muçarela, os preços estiveram praticamente estáveis em abril. A média mensal foi de R$ 12,57/kg, alta de 2% frente à de março/14 e de expressivos 6,6% em relação a abril/13, em

termos nominais. Colaboradores consideraram que a procura foi normal neste período, absorvendo os pequenos reajustes do derivado. No final do mês, no entanto, o mercado esteve um pouco desaquecido.

Essas informações são levantadas em pesquisa diária realizada pelo Cepea com o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e da CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios).

Page 7: ENTRESSAFRA ELEVA COM FORÇA PREÇO AO PRODUTOR

BÔNUS POR QUALIDADE DO LEITE PODE CHEGAR A 18 CENTAVOS/LITRO EM MG

Por Natália Salaro Grigol e Vitória Guereschi Lucas, equipe leite Cepea.

A qualidade do leite é um tema de grande

importância que é frequentemente discutido por

agentes diretos e indiretos que compõem a

cadeia produtiva do setor. Nesse sentido, o

pagamento pela qualidade vem ganhando força

nos últimos anos como forma de incentivo para

que o pecuarista leve em consideração e

aprimore esse aspecto na produção.

Em abril, o Cepea (Centro de Estudos Avançados

em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizou

pesquisa sobre o tema junto a colaboradores de

Minas Gerais. De acordo com a amostra

analisada, o bônus por qualidade é uma prática

difundida e pode agregar até 18 centavos/litro

no estado, ou 16,9%, considerando-se o preço

médio de abril em Minas Gerais, de R$

1,12/litro. Da mesma forma, a penalidade por

falta de qualidade também é praticada, com

descontos de até 9 centavos/litro ( ou redução de

8,6% no preço médio.

Dos 22 colaboradores (cooperativas e laticínios)

entrevistados pelo Cepea, 64% pagam por

qualidade. Destes, 78% também praticam

penalização quando o produto não atinge o nível

desejado de qualidade. Como não existe um

padrão comum, a Instrução Normativa n°62, de

29 de dezembro de 2011* (que regulamenta os

parâmetros avaliados e os testes empregados

para o controle da qualidade do leite) direciona

empresas que optam por formular políticas de

bonificação por qualidade. Dentre os

respondentes que afirmaram pagamento por

qualidade, todos tiveram como parâmetros para a

bonificação a contagem bacteriana total, a

contagem de células somáticas e o teor de

gordura. Além desses, outros parâmetros também

foram mencionados pelas empresas consultadas,

tais como: teor de proteínas, presença de

antibiótico, redutase, temperatura, crioscopia e

cloreto.

Na opinião dos entrevistados, o pagamento por

qualidade é uma alternativa eficaz, já que

estimula o pecuarista leiteiro a adotar boas

práticas na produção, além de desenvolver o setor

lácteo como um todo. Segundo os agentes

entrevistados pelo Cepea, a adoção desse sistema

de pagamento gerou melhores indicadores de

qualidade do leite adquirido e contribuiu para

identificar e valorizar produtores que realmente

trabalham para produzir com qualidade. Para a

indústria, a qualidade da matéria-prima se traduz

em maior rendimento na produção de lácteos.

Outro dado interessante é que, dentre os

estabelecimentos que não seguiam o sistema de

pagamento por qualidade, 37% responderam que

estão em fase de implantação e 62%

reconheceram sua importância dentro da cadeia

produtiva de lácteos. Isso demonstra a

abrangência e a conscientização que essa prática

vem alcançando nos laticínios e cooperativas.

Apesar dos recentes avanços, o pagamento por

qualidade ainda tem muito a progredir no País.

Como já verificado em outros países, espera-se

que a produção leiteira no Brasil atinja uma

condição ideal de qualidade que a torne

obrigatória, e não uma produção que apenas visa

bonificação.

*A Instrução Normativa nº 62 de 29 de dezembro

de 2011 pode ser consultada no link:

http://central3.to.gov.br/arquivo/174314/

Tabela 1. Prazos e limites para redução de CBT e CCS no leite de acordo com a IN 62 para as regiões Sul,

Sudeste e Centro – Oeste (para as regiões Norte e Nordeste acrescentar um ano ao prazo estabelecido).

Fonte: Instrução Normativa nº 62.

Page 8: ENTRESSAFRA ELEVA COM FORÇA PREÇO AO PRODUTOR

Embora fosse período de oferta elevada, a liquidez no mercado interno de milho esteve baixa no correr de abril. Quanto aos preços, registraram movimentos distintos entre as praças acompanhadas pelo Cepea. De maneira geral, no Rio Grande do Sul, onde a colheita já estava quase encerrada, os preços tiveram alta. Já nas regiões paulistas, onde a oferta de produto deve ficar no mesmo patamar de 2013, os preços caíram.

Em Passo Fundo, no mercado de lotes (negociação entre empresas), os preços reagiram 4,8% no acumulado de abril e 3,5% no mercado de balcão (ao produtor). Já em São Paulo, o Indicador

ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), caiu 2,7% no mês, fechando a R$ 30,49/saca de 60 kg no dia 30. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$ 29,99/sc de 60 kg no dia 30, retração de 3,1% em abril.

Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, as cotações subiram 2,1% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e apenas 0,1% no de lotes (negociações entre empresas).

MILHO: Valores têm comportamentos distintos

FARELO DE SOJA: Preço cai em abril, mas ainda sobe na parcial

do ano

Com a colheita da soja em grão no Brasil, o ritmo de esmagamento da oleaginosa aumentou em abril, elevando a oferta do farelo de soja e, consequentemente, pressionando as cotações do derivado.

Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores de farelo de soja recuaram 2% entre 31 de março e 30 de abril. Apesar disso, as cotações ainda registram forte alta de 42% no acumulado de 2014.

Quanto à demanda, segue estável. Consumidores externos estiveram firmes nas compras, pagando valores maiores pelo farelo de soja se comparados aos de mesmos períodos de anos anteriores. Em abril, o Brasil embarcou volume recorde de farelo de soja, de 1,33 milhões de toneladas, 83% acima do mês anterior e 5,9% a mais que em abril/13, conforme dados da Secex.

Por Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva

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MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

SP

26,83

30,62

32,84

31,18

1.123,98

1.108,08

1.091,89

1.044,33

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

2014