Empreendedorismo em Ribeirão Preto: um estudo do perfil...

25
44 Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017 Empreendedorismo em Ribeirão Preto: um estudo do perfil empreendedor dos graduandos no curso de administração Drielly de Paula Bispo acadêmica do Curso de Administração, Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto. [email protected]; Fernando Scandiuzzi docente do Curso de Administração, Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto. [email protected] Resumo Entender o perfil empreendedor: esta é uma questão importante para a atualidade. Em um mundo dinâmico, ser empreendedor e administrar seu próprio negócio é sinônimo de correr riscos, mas, ao mesmo tempo, concretizar ideias inovadoras. Em todos os lugares, é possível ver idealizadores criativos e ideias bem sucedidas. Essa também é uma verdade para a realidade dos estudantes de graduação do curso de Administração na cidade de Ribeirão Preto. Questionar se o empreendedorismo é uma opção para esses indivíduos ao se formarem é frutífero no sentido de entender as motivações e desejos desses graduandos, bem como traçar o perfil de empreendedor que eles podem constituir. Muitos são os estudos que apontam a realidade do empreendedorismo no Brasil, seus aspectos históricos, bem como os dados que estão ao seu em torno. Este trabalho, especificamente, teve como objetivo realizar um estudo do perfil empreendedor dos graduandos no curso de Administração na cidade de Ribeirão Preto, buscando as principais motivações que levaram ou levarão esses estudantes a criarem o próprio negócio. A partir dessas motivações, podemos dividir em duas principais vertentes: o empreendedorismo por oportunidade versus empreendedorismo por necessidade. Citamos a primeira opção ligada a um empreendedor visionário que sabe onde quer chegar; já a segunda caracteriza o empreendedor que começou seu negócio por falta de opção no mercado de trabalho. Palavras-Chaves: empreendedorismo, empreendedor, perfil empreendedor, administração, curso de administração Abstract Understand the entrepreneurial profile: this is an important issue for the present. In a dynamic world, being entrepreneurial and running your own business is synonymous with taking risks, but at the same time delivering innovative ideas. Everywhere, you can see creative idealizers and successful ideas. This is also true for the reality of undergraduate students of the Administration course in the city of Ribeirão Preto. Questioning whether entrepreneurship is an option for these individuals when graduating is fruitful in the sense of understanding the motivations and desires of these undergraduates, as well as outlining the entrepreneurial profile they may constitute. Many are the studies that point out the reality of entrepreneurship in Brazil, its historical aspects, as well as the data that are around you. This study specifically aimed to carry out a study of the entrepreneurial profile of undergraduates in the Administration course in the city of Ribeirão Preto, searching for the main motivations that led or will lead these

Transcript of Empreendedorismo em Ribeirão Preto: um estudo do perfil...

44

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

Empreendedorismo em Ribeirão Preto: um estudo do perfil empreendedor

dos graduandos no curso de administração

Drielly de Paula Bispo – acadêmica do Curso de Administração, Centro Universitário Estácio

de Ribeirão Preto. [email protected];

Fernando Scandiuzzi – docente do Curso de Administração, Centro Universitário Estácio de

Ribeirão Preto. [email protected]

Resumo

Entender o perfil empreendedor: esta é uma questão importante para a atualidade. Em um

mundo dinâmico, ser empreendedor e administrar seu próprio negócio é sinônimo de correr

riscos, mas, ao mesmo tempo, concretizar ideias inovadoras. Em todos os lugares, é possível

ver idealizadores criativos e ideias bem sucedidas. Essa também é uma verdade para a realidade

dos estudantes de graduação do curso de Administração na cidade de Ribeirão Preto. Questionar

se o empreendedorismo é uma opção para esses indivíduos ao se formarem é frutífero no sentido

de entender as motivações e desejos desses graduandos, bem como traçar o perfil de

empreendedor que eles podem constituir. Muitos são os estudos que apontam a realidade do

empreendedorismo no Brasil, seus aspectos históricos, bem como os dados que estão ao seu em

torno. Este trabalho, especificamente, teve como objetivo realizar um estudo do perfil

empreendedor dos graduandos no curso de Administração na cidade de Ribeirão Preto,

buscando as principais motivações que levaram ou levarão esses estudantes a criarem o próprio

negócio. A partir dessas motivações, podemos dividir em duas principais vertentes: o

empreendedorismo por oportunidade versus empreendedorismo por necessidade. Citamos a

primeira opção ligada a um empreendedor visionário que sabe onde quer chegar; já a segunda

caracteriza o empreendedor que começou seu negócio por falta de opção no mercado de

trabalho.

Palavras-Chaves: empreendedorismo, empreendedor, perfil empreendedor, administração, curso

de administração

Abstract

Understand the entrepreneurial profile: this is an important issue for the present. In a dynamic

world, being entrepreneurial and running your own business is synonymous with taking risks,

but at the same time delivering innovative ideas. Everywhere, you can see creative idealizers

and successful ideas. This is also true for the reality of undergraduate students of the

Administration course in the city of Ribeirão Preto. Questioning whether entrepreneurship is

an option for these individuals when graduating is fruitful in the sense of understanding the

motivations and desires of these undergraduates, as well as outlining the entrepreneurial profile

they may constitute. Many are the studies that point out the reality of entrepreneurship in Brazil,

its historical aspects, as well as the data that are around you. This study specifically aimed to

carry out a study of the entrepreneurial profile of undergraduates in the Administration course

in the city of Ribeirão Preto, searching for the main motivations that led or will lead these

45

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

students to create their own business. From these motivations, we can divide in two main

aspects: the entrepreneurship by opportunity versus entrepreneurship by necessity. We quote

the first option linked to a visionary entrepreneur who knows where he wants to go; the second

characterizes the entrepreneur who started his business due to lack of choice in the job market.

Key-words: Entrepreneurship, entrepreneur profile, administration, administration course

Introdução

O empreendedorismo, como particularidade de indivíduos, juntamente com

organizações ou pessoas que, em sua autonomia, enxergam oportunidade de crescimento em

diversas áreas de negócios, vem sendo estudado e analisado em contexto mundial, assim como

nas regiões menores e interiores. No primeiro caso, o empreendedorismo e a característica dos

empreendedores são estudados de forma mais ampla, apresentando comparações entre vários

tipos de empreendedores ao redor do mundo; no contexto regional, uma pesquisa poderia

indicar influencias diferentes e mais peculiares nos motes que levam indivíduos à criação do

próprio negócio. Nesse sentido, o estudo desse ramo de atividade abre portas para compreender

muito da perspectiva mais geral sobre os perfis dos empreendedores. A execução da análise

permite compreender aspectos diretamente relacionados à construção de cada empreendimento,

por exemplo, motivações, meios, necessidades e oportunidades. Perscrutar esse caminho

permite também conseguir observar cada perfil, traçando as semelhanças das iniciativas de

sucesso e das emergentes. Voltando-se à análise do perfil jovem de graduandos do curso de

Administração que empreendem na cidade de Ribeirão Preto - SP, grupo da sociedade que se

mostra, cada vez mais, interessado e inserido no desenvolvimento de negócios próprios, o

presente trabalho visa entender e construir seus perfis, de forma a mapear os principais fatores

que os levarão, no final da graduação, ao mundo do empreendedorismo.

O trabalho aqui apresentado, pois, procura captar, nos diferentes perfis dos estudantes,

as principais motivações, pessoais ou profissionais, que podem servir de estímulo na inserção

desses indivíduos ao mundo do empreendedorismo. Busca-se compreender e mapear, entre os

estudantes que se lançam nesse universo, as condições e necessidades, ou oportunidades, que

vão influenciar nas escolhas dos negócios. No âmbito da análise dos perfis, procura-se entender

elementos como: faixa etária, sexo, renda, universidade em que estuda (ano, período), ocupação

profissional, pretensões pós graduação; já na esfera das motivações pessoais e auto avaliação,

os aspectos principais são: comprometimento e determinação, obsessão pelas oportunidades,

tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas, criatividade, auto confiança, habilidade de

adaptação, liderança, motivação e superação. A partir disso, a pesquisa pauta-se, também, na

46

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

relação e no debate em torno da questão oportunidade versus necessidade. Pretende-se, por

meio da análise e construção do perfil empreendedor, entender a pretensão dos negócios como

fruto de uma visão de oportunidade, ou, por outro lado, como resultado de uma necessidade

específica. O GEM, Global Entrepreneurship Monitor, avaliação anual de nível nacional da

atividade empreendedora, cuja atuação engloba mais de 80 países, define a origem do

empreendedorismo em duas partes: a primeira, ligada à oportunidade, configura a ação de um

empreendedor visionário que sabe aonde quer chegar; a segunda, ligada à necessidade, remete

ao empreendedor que começa seu negócio por conta da falta de opção no mercado de trabalho.

(DORNELAS, 2015, p. 9). Assim, o artigo ora proposto parte de tais concepções para

aprofundar-se na análise e mapeamento do perfil empreendedor entre os estudantes de

graduação do curso de Administração, na cidade de Ribeirão Preto, de forma a concluir se as

motivações estão mais ligadas à questão da oportunidade ou da necessidade. Para cumprir o

objetivo proposto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica que se atentou às principais questões

desse ramo importante para a atualidade.

1. Quadro Teórico

A história do empreendedorismo remete, primeiramente, ao desenvolvimento do

liberalismo econômico e das primeiras forças econômicas modernas a partir das ideias iniciais

dos pensadores do século XVIII e XIX. Somente a partir da evolução do pensamento econômico

desse período é que o empreendedorismo, como ramo da economia, pôde ser pensado e

definido. A influência de tais pensadores - conforme a criação da ideia de livre mercado e

concorrência - desenvolveu as bases para a formação do empreendedorismo e das novidades

em relação aos negócios (CHIAVENATO, 2007, p.5). Adam Smith, principal referência da

política econômica liberal do século XIX, acreditava que as ações individuais, influenciadas

pelo interesse próprio, poderiam requintar as formas de negócios, controlada por uma “mão

invisível”, o Estado (SMITH, 1983). Posterior à criação dessas primeiras ideias, o

empreendedorismo pôde nascer ligado à perspectiva da inovação e criatividade.

A origem da palavra e a formação do conceito remetem, também, ao século XVIII e

XIX. Conforme Louis Jacques Filion, o empreendedorismo não estava somente ligado à área

econômica, pois a leitura atenta de seus pensadores pioneiros ̵ Richard Cantillon e Jean Baptiste

Say ̵ revelam que o interesse estava, além da economia, em entender a criação de novos

empreendimentos, gerenciamento de negócios e empresas em geral (FILION, 1998, p.6.).

47

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

Ainda para Filion (1998), Say e Cantillon, portanto, foram importantes para o desenvolvimento

e crescimento do empreendedorismo enquanto ramo específico do mundo dos negócios. Em

suas palavras, esses autores poderiam considerar os riscos porque “investiam seu próprio

dinheiro [...]. Os empreendedores eram, portanto, pessoas que aproveitavam as oportunidades

com a perspectiva de obterem lucros, assumindo os riscos inerentes” (FILION, 1998, p.7). Say

(2006), especificamente, definia o empreendedor como aquele indivíduo mais voltado aos

negócios, responsável por reunir os fatores de produção para o empreendimento. Seus estudos

o fizeram ganhar a alcunha de “pai do empreendedorismo” (APUD, FARIA; SILVA, 2006).

A partir disso, o empreendedorismo como ideia começou a ganhar maior definição. No

século XX ̵ período em que foi criado a maior parte das invenções que mudaram o modo de

vida das pessoas em geral ̵ e, principalmente, XXI, a área e o perfil do empreendedor, bem

como a sua importância, ganhou um papel mais central, configurando o que alguns autores

denominaram “a era do empreendedorismo”. Para Dornelas,

... o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os

empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando

distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas

relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza

para a sociedade. (DORNELAS, 2015, p.9)

Após a globalização e a era da internet, o ramo do empreendedorismo modificou-se de

modo a incrementar as relações de negócios e das empresas. Esse contexto específico é o ideal

para o aumento do número de empreendedores no mundo, bem como, e principalmente, no

Brasil. O crescimento do empreendedorismo, de modo geral, passou, com o tempo, ao centro

das discussões, tanto no âmbito privado, quanto no âmbito público. A partir disso, o interesse

sobre a área, na maioria dos países, aumentou na década de 1990 e teve uma proporção mais

acelerada no ano 2000. Com esse aceleramento, foram desenvolvidas ações, no ramo das

políticas públicas, tais como: a área da educação para a formação do empreendedorismo como

disciplina no ensino fundamental até a graduação; subsídios do governo; criação de empresas

que dão suporte a empreendedores, como por exemplo o SEBRAE; fácil acesso ao crédito, entre

outros (DORNELAS, 2015). Na educação, especificamente, a criação do empreendedorismo

como área do saber motivou as gerações mais jovens à opção de iniciar seu próprio negócio.

Sendo assim, o empreendedor demonstra características comuns que o define como um

indivíduo criativo e inovador. Não se pode realizar um estudo do empreendedorismo sem antes

entender as tipologias e os perfis comportamentais e sociais que rodeiam o agente do

48

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

empreendimento, ou seja, o próprio empreendedor. Em seu livro, “O segredo de Luísa”,

Fernando Dolabela pontua que o empreendedor é, mais do que um homem de negócios, um ser

social, produto do meio em que vive (época e lugar). Para ele, o empreendedorismo é algo que

está interno e nasce inerente a cada um, não é um tema novo ou um modismo, a espécie é, em

si, empreendedora. O empreendedor, portanto, nasce com certas características que o

possibilitam desenvolver a partir do ambiente favorável, ou seja, o meio que ele cresce e se

firma enquanto no ramo dos negócios (DOLABELA, 2005). De forma semelhante, o professor

Dornelas acredita que o “processo empreendedor pode ser ensinado e entendido por qualquer

pessoa e que o sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negócio”

(DORNELAS, 2015 p.30). Ainda a partir de suas ideias, os empreendedores inatos continuam

existindo – sendo referência para inovação e sucesso -, mas outros tipos de pessoas podem

adentrar-se nesse ramo também, entretanto, o ensino do empreendedorismo não garante,

sozinho, a criação de novos mitos empreendedores (como exemplo: Steve Jobs e Mark

Zuckerberg), essa questão baseia-se na junção de fatores internos e externos. De todo modo, o

aprendizado do empreendedorismo poderá auxiliar na criação e desenvolvimento de melhores

empresas e empresários, bem como a evolução da economia e riqueza do país.

Para Filion (1998), o empreendedor, entretanto, pode ser definido de modo a realçar

algumas caraterísticas mais específicas. Nos seus estudos, quatro perfis básicos foram definidos

para a formação conceitual de uma tipologia para o empreendedor específico de pequenas

empresas. Nesse ínterim, Filion (1998) definiu os seguintes perfis: lenhador, sedutor, jogador,

hobbysta, convertido e o missionário. Todos partilham em comum a ideia de serem indivíduos

empreendedores. Os lenhadores formam o perfil de empreendedor que, a partir dos bons

resultados enquanto funcionários de uma empresa, acreditam que na própria habilidade para

abrir um novo negócio. Esse perfil, ainda, tem a característica de ser visionário no sentido de

chegar em um determinado momento da vida profissional e ser capaz de perceber que a empresa

pode se tornar maior. O perfil de sedutor, menos reservado, é, entretanto, explosivo em suas

decisões, ou seja, gosta de empreender de forma que os resultados sejam rápidos. Na sua

complexidade, esse perfil perde o entusiasmo vendendo os seus negócios e reiniciando com

novas ideias. Essa tipologia tem como ponto final garantir lucros em empresas em decadência,

uma vez realizado essa meta, o prazer de negócio se perde. Mais velhos, esses podem se tornar

“os jogadores”.

Ainda conforme Filion (1998), em seu turno, os jogadores, de forma metafórica, são

“indivíduos apaixonados por algum esporte, ou determinado tipo de lazer”, e a partir do negócio

49

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

de família – normalmente rica – querem fazer aquilo que lhes proporcionam prazer, ou seja, “o

negócio se torna um meio para realizar outros desejos”. O negócio familiar se torna apenas um

suporte financeiro. Os hobbystas, entretanto, são indivíduos que, sendo empregados,

aventuram-se no mundo empreendedor, mantendo duas funções: uma oficial e outra como

empresário do seu próprio negócio nas horas livres. Esses têm grande dificuldade em tomadas

de decisões “porque, em seu cargo oficial, ocupam um nível hierárquico baixo”. Já os

convertidos são criadores e inventores, acreditam piamente na ideia revolucionária que

inventaram, por isso tem dificuldade em aceitar opiniões contrárias. Por fim, os missionários

são pessoas que consideram seus empregados parte do seu negócio para a evolução do seu

empreendimento, por isso, sabem ser, mais do que um patrão comum, um verdadeiro líder

(FILION, 1998, p.16).

Dessa maneira, a criação ou caracterização do perfil geral do empreendedor passa por

diversas questões. Indivíduos criativos e inovadores tendem a se aventurar no mundo do

empreendedorismo, tornando-se importantes para a economia do país. Esse aspecto pode ser

evidenciado de maneira geral e em âmbito global, entretanto, há traços e particularidades

específicas de cada região. Especialmente, o Brasil, tido pela Global Entrepreneurship monitor,

desde 2000 até o relatório de 2015, como um país empreendedor, apresenta peculiaridades nas

suas formas de negócios e nas maneiras diferentes de empreender. Assim, o perfil

empreendedor no Brasil pode ter aproximações ou distanciamentos daquele construído de

forma geral, pensado no contexto mais amplo, e articula relações diferenciadas entre os agentes

dos respectivos negócios. Pretende-se, nesse momento, revelar aspectos dessas

particularidades.

Conforme Dornelas, “o movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar

forma na década de 1990, quando entidades como SEBRAE e Sociedade Brasileira para

Exportação de Software (Softex) foram criadas” (DORNELAS, 2015, p.13). A partir dessas

organizações, a atividade empreendedora passou a ter baliza e apoio maior para o seu

desenvolvimento, antes, entretanto, o país não oferecia um ambiente econômico e político ideal

para o crescimento de negócios e de perfis empreendedores, aspecto este resultado da falta de

auxílio e investimento por parte de organizações governamentais ou privadas. A ideia do perfil

empreendedor brasileiro, assim, passa não só pela necessidade, mas pelas questões culturais e

políticas. De modo geral, antes da década de 1990, o brasileiro, a partir da sua realidade e dos

seus antecedentes históricos, não obtinha possibilidade de pensar empreendedoramente,

verdade alterada de forma paulatina.

50

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

Nesse sentido, o artigo de Pedroso, Nakatani e Mussi, traçam, de forma histórica, a

construção do termo de “jeitinho brasileiro” juntamente com a elaboração e crescimento do

perfil empreendedor. Para os autores, há a possibilidade de enxergar possíveis interfaces entre

o “jeitinho” e o empreendedorismo (et al PEDROSO, 2009). Concepções que retomam a

criação da identidade brasileira desde o século XIX podem ser vistas na prática e na ação dos

empreendedores dos dias atuais. Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil,

constrói a evolução da identidade do brasileiro como “Homem cordial” e, dessa maneira,

propõe estruturas que se consolidaram nas relações de poder desde a colônia, isto é,

personalismo, protecionismo, receptividade ao estrangeiro e, principalmente, o “jeitinho”,

engajado, por sua vez, com a construção do homem cordial (HOLANDA, 1995). Essas

características, muitas vezes, apresentam-se na prática da ação empreendedora, uma vez que

estão enraizadas na cultura brasileira. O empreendedor brasileiro, especialmente, demonstra ser

filho de um país que nasceu mestiço, com atividade de negócios galgada na prática portuguesa

e vivente entre a cordialidade e a ousadia.

A partir desses antecedentes, pode-se chegar aos pontos que determinam o perfil de cada

negócio e do empreendedor brasileiro na atualidade. Conforme o relatório da Global

Entrepreneurship Monitor, de 2015, os empreendedores são classificados como iniciais

(nascentes e novos) e estabelecidos. Entre tais, os nascentes

... estão envolvidos na estruturação de um negócio no qual são proprietários, mas

que ainda não pagou salários pró-labores ou qualquer outra forma de renumeração

aos proprietários por mais de três meses. Já os empreendedores novos administram

e são proprietários de um novo negócio que pagou salários, gerou pró-labores ou

qualquer outra forma de renumeração aos proprietários por mais de três meses e

menos de 42 meses. Os empreendedores nascentes e novos são considerados

empreendedores iniciais ou em estágio inicial (GEM, 2015, p.8).

Assim, os empreendedores iniciais são, essencialmente, parte importante dos negócios

crescentes no país, parcela que se relaciona com as condições que interferem na atividade

empreendedora, isto é, finanças, políticas e programas governamentais. Já os empreendedores

estabelecidos, são proprietários que administram “um negócio tido como consolidado, que

pagou salários, gerou pró-labores ou qualquer outra forma de renumeração aos proprietários

por mais de 42 meses (3,5 anos)” (GEM, 2015, p.8). Desses, outros números podem ser

avaliados a partir do mesmo relatório: a taxa total de empreendedorismo para o Brasil (TTE),

por exemplo, foi de 39,3%, cujos iniciais nascentes foi de 6,7% e iniciais novos de 14,9%, em

2015; já os estabelecidos, a taxa foi de 18,9% da população entre 18 e 64 anos.

51

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

Os números percentuais dos empreendedores do Brasil podem se subdividir entre os

ramos diferentes de negócios. Segundo a plataforma online do SEBRAE, DataSebrae, em

relação aos pequenos negócios, as empresas se dividem entre os seguintes setores:

agropecuária; comércio; construção civil; indústria e serviços. A atividade de cada setor

contribui no aumento do número de pequenos empreendedores. Em média, o setor da

agropecuária colabora com 1%; já o do comércio, com maior efetividade, pontua 43%; a

construção civil com 6%; indústria é de 13%; serviços com 37%. Esses dados, atualizados de

forma recorrente, fazem parte de um projeto, inaugurado em maio de 2016, do SEBRAE, que

apoia empreendedores, empresas e políticas públicas com o oferecimento de indicadores

econômicos e sociais, além de dados sobre pequenos negócios (DATA SEBRAE, 2016).

Há que se considerar, também, o crescimento, no Brasil, da atividade empreendedora

entre os jovens. A inserção de pessoas mais jovens nessa área pode revelar aspectos importantes

da atividade no país. Em artigo realizado, Bulgacov, Cunha, de Camargo, Meza e Bulgacov

apresentam as principais características e pontos que demonstram o número crescente de jovens

empreendedores. Também a partir do binômio posto entre necessidade e oportunidade, os

autores corroboram a ideia de que, em contraposição aos países desenvolvidos com perspectivas

maiores de qualificação e formação, no Brasil, assim como na América latina e nos países do

Brics, a tendência tem sido o aproveitamento do jovem das experiências precoces no mercado

de trabalho, isto é, como aspecto ligado a necessidade, o jovem, inserido cedo no mercado de

trabalho, passa a se sentir pronto para iniciar sua própria empreitada no mundo do

empreendimento (BULGACOV et al, 2011, p.704.).

Todos esses elementos centrais constituem, de forma geral, a ação e o perfil do

empreendedor no Brasil. Pontos que podem ser importantes para a definição do

empreendimento no país e que, de forma semelhante, podem ser vistos na avaliação da área

empreendedora em regiões menores no mesmo recorte espacial. Em outras palavras, os fatores

mais gerais do perfil empreendedor no Brasil, enquanto delimitação dos dados e estatísticas,

podem variar conforme o olhar mais atento entre regiões menores. Em pesquisa realizada pelo

SEBRAE, os empreendedores no estado de São Paulo, dentre formais e informais (com CNPJ

e sem CNPJ, respectivamente), chegam ao número de 3,9 milhões. Dessa maneira, 1 em cada

5 paulistas, com 18 anos ou mais, possui um pequeno empreendimento ou pensa no

investimento breve de um novo negócio. A pesquisa ainda demonstra que a maioria dos

empreendedores estavam empregados ou eram autônomos antes de investir em um novo

negócio, nos indicando, portanto, a hipótese da característica da oportunidade no perfil do

52

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

empreendedor de São Paulo (SEBRAE, 2003). A questão oportunidade versus necessidade,

entendida como os principais fatores de motivação do empreendedorismo, podem ser elementos

de definição da forma de empreendedorismo de cada pessoa. Assim,

Os empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam um empreendimento

autônomo por não possuírem melhores opções para o trabalho, então abrem um

negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. Os empreendedores por

oportunidade optam por iniciar um novo negócio mesmo quando possuem

alternativas de emprego e renda, ou ainda, para manter ou aumentar sua renda pelo

desejo de independência no trabalho. (GEM, 2011, p.47)

De forma específica, também é importante considerar o perfil do empreendedor entre os

universitários, característica que vem crescendo, a cada dia, de acordo com os estímulos e

investimentos das próprias universidades. De acordo com estudo realizado pela Endeavor,

maior organização de apoio ao empreendedorismo e aos empreendedores de alto impacto,

“tanto as Universidades, como os estudantes, assim como a sociedade em geral, observam o

empreendedorismo com bons olhos” (MELHADO, MILLER, 2012). Essa pesquisa demonstra,

entre outros fatores, as estatísticas em torno do interesse de estudantes, na maioria jovens, pelo

ramo do empreendedorismo. Os números demonstrados na pesquisa, ainda, apontam que de

6.215 estudantes de graduação entrevistados, 16,5% eram do curso de Administração. Muitos

dos entrevistados, conforme o estudo, entendem esse curso como uma disciplina do

empreendedorismo, ou seja, viam os elementos da Administração como um estudo das

características do empreendedor e do empreendedorismo. Todas essas questões se tornam

importante, também, para o desenvolvimento das peculiaridades do trabalho que aqui se

apresenta.

A partir dessas premissas, o presente estudo pretende, portanto, envidar uma análise

sobre o perfil desses universitários, especificamente da área da Administração, na cidade de

Ribeirão Preto. O quadro teórico apresentado permite embasar a pesquisa realizada. A fim de

demonstrar, de maneira breve, o perfil do empreendedor graduando de Administração, a

metodologia usada desdobra uma análise quantitativa e qualitativa do questionário enviado aos

estudantes. Busca-se, assim, demonstrar os principais fatores e, especialmente, o perfil

empreendedor que podem os levar a abrir o próprio negócio. Dessa forma, a revisão

bibliográfica aqui apresentada torna-se importante para a apreciação do tema.

2. Metodologia

53

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

A revisão bibliográfica foi realizada a partir do levantamento e estudo de diversos textos

que versam sobre o tema escolhido. Conforme Santos (2006), é necessário iniciar a leitura

exploratória do tema, buscando conceitos novos e marcando definições para posterior

aprofundamento. A partir disso, a pesquisa elaborada pretende desenvolver a questão do

empreendedorismo em Ribeirão Preto, levando em conta os fatores e a literatura disponível

sobre o assunto em termos mais globais. Assim, para a realização da pesquisa foi utilizado um

questionário como forma de fonte primária de dados, que se destina a construir o embasamento

para a análise quantitativa e qualitativa dos resultados. Tal questionário foi constituído com

questões fechadas, de modo a possibilitar a apreciação do tema em termos estatísticos, bem

como analíticos e descritivos. No questionário, ainda, apontamos como questões as

características e apontamentos propostos pelo professor Dornelas, isto é, indagações que visam

medir o grau de empreendedorismo de cada indivíduo.

O questionário foi aplicado através do Google Docs, uma ferramenta online que permite

a entrega das questões aos diferentes indivíduos participantes, bem como facilita o cálculo dos

dados na fase posterior da pesquisa. A investigação, destinada inicialmente à 200 estudantes,

obteve como resposta o número de 65 questionários. É importante salientar que, a partir da

pesquisa elaborada e das ferramentas e instrumentos utilizados, o objetivo principal foi

construir um perfil empreendedor que possibilite a análise mais ampla do binômio oportunidade

versus necessidade entre os estudantes de Administração na cidade de Ribeirão Preto, isto é,

chegar a conclusão plausível dos principais elementos por trás da decisão de cada

empreendedor: dificuldade ou chance. Parte-se, deste ponto, à análise do que foi delimitado

como o empreendedorismo no estado de São Paulo para, enfim, construir as tendências de

Ribeirão Preto.

3. Análise e discussão dos resultados

Com base na análise de 65 questionários respondidos, foi possível inferir questões

importantes relativas ao perfil empreendedor dos estudantes de graduação em Ribeirão Preto.

É necessário salientar que o questionário visa principalmente entender as motivações e a auto

avaliação dos estudantes como empreendedores, isto é, possibilitar uma análise qualitativa do

modo como os próprios entrevistados se veem no ramo do empreendedorismo e como a

graduação pode ajudar na inserção dos seus negócios. Entre as questões de âmbito pessoal,

pudemos captar que os estudantes apresentam idade entre 17 a 51 anos, sendo a maioria do sexo

54

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

masculino (52,3%). A maior renda mensal (76,9%) se divide entre a classe B (R$ 4.720,00 a

R$ 14.695,00) e classe C (R$ 1.957,00 a R$ 4.720,00). A universidade Moura Lacerda,

Uniseb/Estácio e USP obtiveram o primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente, em

número de respostas. Ao serem questionados quanto ao ano e período cursado, a maioria dos

entrevistados (38,5%) responderam quarto ano e período noturno (58,5%). (Ver gráficos 1.2;

1.3; 1.4; 1.5; 1.6).

Sobre as questões mais concernentes ao empreendedorismo, é possível identificar que

36,9% dos entrevistados estão trabalhando registrados no momento; 29,2% estão

desempregados; 20% estão fazendo estágio; 7,7% trabalham sem registro e apenas 6,2% já

possuem seu próprio negócio. Desse total, 41,5% pretendem abrir uma empresa no final da

graduação; os outros 41,5% querem administrar empresas de terceiros e 12,3% procuram

administrar empresas da família, sendo o setor de Serviços com maior interesse de atuação

(46,2%). (Ver gráficos 1.7; 1.8; 1.9). Esse último dado, a respeito da preferência pelo setor de

Serviços, pode ser associado à pesquisa realizada pelo Sebrae (já mencionada na página 8 deste

artigo), cujos resultados demonstram que esse campo apresenta maior atividade

empreendedora. A pesquisa demonstra, ainda, a tendência desse setor contribuir para o aumento

de pequenos empreendedores no Brasil e isto justifica a resposta dos entrevistados que

pretendem começar seus negócios a partir desse ramo.

Diante da avaliação dos dados, apesar do desejo de administrar negócios já

solidificados, a maioria das pessoas entrevistadas (52,31%) demonstram temer a incerteza, além

de não saber correr os riscos de um novo empreendimento; por isso, é possível inferir que mais

da metade não apresentam o perfil empreendedor no sentindo de começar a empresa do zero e,

assim, estar sujeito às incertezas e instabilidade. Por seu turno, as questões relativas às

motivações apontam que 47,69% pretendem ou já estão ligados ao próprio negócio, o que nos

permite indicar mais precisamente o perfil empreendedor em que eles se encaixam. Desse

número, a partir da definição postulada por Jacques Louis Filion, é possível mencionar a

existência de 6 perfis mais gerais de empreendedores – lenhador, sedutor, jogadores, hobbystas,

convertidos e missionários (os significados já estão descritos no quadro teórico na página 5).

Partimos, assim, desse elenco para cruzar as informações com o questionário e apontar, de

forma mais ampla, as possibilidades de perfis dos estudantes de Administração em Ribeirão. A

maioria se considera proativo; tenaz; obstinado; disciplinado; persistente; disposto a fazer

sacrifícios; imerso totalmente no empreendimento; disposto a correr riscos calculados e

minimizá-los; tolerante às incertezas e estresse; adaptável às novas situações com medo de

55

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

falhar; orientado por metas e dirigido pela necessidade de crescer; auto confiante, possui

iniciativa, poder de auto controle e paciente (ver gráficos 2.1; 2.2; 2.3; 2.4; 2.5; 2.6; 2.10; 2.11;

2.12; 2.13; 2.17; 2.18; 2.20; 2.21; 2.23; 2.26; 2.27; 2.29). A partir da análise dos questionários,

essas conclusões nos faz inferir que as características se encaixam, majoritariamente, nos perfis

de lenhador, convertido e missionário. Esses, conforme Filion, são considerados bons líderes,

visionários, crentes no negócio e têm o controle maior dos objetivos.

Como já mencionado, portanto, é possível perceber que, entre a totalidade das pessoas,

por um lado, a maioria não tem o desejo de abrir o próprio negócio após o término da graduação

em Administração; por outro lado, um pouco menos da metade apresentam essa vontade ou já

iniciaram os planos de empreendimento. Dentre esses últimos, as características da auto

avaliação nos permite concluir que são associados aos perfis de lenhador, missionários e

convertidos descritos pelo autor Jacques Filion. Essas questões podem nos levar a concluir os

objetivos gerais e as motivações (necessidade vs oportunidade) de cada pessoa.

Considerações Finais

Iniciativa e atitude são duas qualidades essenciais para o desenvolvimento de qualquer

grande empreendedor. O ponta pé inicial para a abertura de um empreendimento está na postura

daquele que começa o negócio. O empreendedorismo, como ramo de conhecimento, pode ser

ensinado e desenvolvido, mas as características inatas também são importantes na formação de

um empreendedor bem sucedido. Fatores internos e externos contribuem para a formação do

negócio e, consequentemente, para a construção do seu idealizador. Ser empreendedor depende,

como demonstrado, dos aspectos inatos, porém o nascimento do empreendedor se dá, também,

pelo esforço dedicado ao negócio. As motivações para o empreendimento, assim, se ligam às

oportunidades encontradas, mas igualmente, às necessidades da vida. Muitas vezes, a criação

de uma empresa é resultado não de uma oportunidade, mas da falta dela. A necessidade pode

levar ao desenvolvimento de uma ideia de sucesso. Diante disso, pode-se notar que, entre os

estudantes de Administração em Ribeirão Preto, é também realidade o objetivo de criação do

negócio como resultado da condição de desempregado. Metade dos entrevistados se encontram

sem trabalho fixo e em busca de uma solução, amiúde encontrada na atividade autônoma.

O objetivo deste trabalho, portanto, foi o de apresentar um estudo do perfil

empreendedor dos estudantes de administração, mas notamos que menos da metade dos

mesmos pretendem abrir o próprio negócio ao se formar. Ser empreendedor muitas vezes é lidar

56

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

com incertezas e falhas, a maioria dos entrevistados não se consideram aptos a lidar com

incertezas e falta de estrutura, além de ter medo de falhar. Sendo assim, por conta desse medo,

os estudantes ainda preferem administrar empresas de terceiros ou familiares. Ser

empreendedor não basta apenas a ideia, é preciso ter coragem de correr os riscos e de falhar. É

possível sugerir muitas questões a partir dos dados levantados, inclusive aquelas que nos levam

pensar as motivações em torno do negócio, bem como a possibilidade de traçar um perfil

empreendedor. Pode-se dizer que o perfil continua basicamente o mesmo entre os estudantes

de graduação do curso de Administração em Ribeirão Preto (ativo, visionário, persistente etc),

mas o medo da incerteza, decorrente, talvez, da atual situação econômica do país, é o que mais

tem feito os estudantes não empreenderem. Apesar das iniciativas de fomento do governo,

vistas em diversos ramos, a crise econômica, conjunta com a política, pode ser uma barreira

consciente e inconsciente colocadas entre eles. Esta última questão, por seu turno, pode ser

objeto de um estudo específico, isto é, analisar o peso da crise na criação de novas empresas e

de novos tipos de empreendedores.

Referências

BULGACOV, Yára Lúcia M; BULGACOV, Sergio; CAMARGO, Denise de; CUNHA,

Sieglinde, K; MEZA, Maria Lucia. Jovem empreendedor no Brasil: a busca do espaço da

realização ou a fuga da exclusão? RAP – Rio de Janeiro, 45 (3), pp.695 – 720, 2011.

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor:

empreendedorismo e viabilidade de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu

próprio negócio / Idalberto Chiavenato. - 2.ed. rev. e atualizada. - São Paulo: Saraiva, 2007.

DataSEBRAE: inteligência para desenvolvimento dos pequenos negócios. Disponível em:

http://www.datasebrae.com.br/. Acessado em: 09/09/17.

DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. 30. Ed. – São Paulo: Editora de Cultura, 2006.

DORNELAS, José. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 5. Ed. Rio de

Janeiro: Empreende/LTC, 2015.

FARIA, Maria Helena Ferreira; SILVA, Carlos Eduardo Sanches da. Elementos de educação

empreendedora no contexto da Engenharia de Produção: a universidade estimulando

57

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

novos negócios. XIII Simpep. – São Paulo, 2006. Disponível em:

http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/836.pdf. Acessado em: 09/09/17.

FILION, Louis J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários -gerentes de

pequenos negócios. Revista de administração, São Paulo, v.34, n.2, pp.05-28, 1999.

Disponível em: http://200.232.30.99/busca/artigo.asp?num_artigo=102. Acessado em:

09/09/17.

GRECO, Simara Maria de Souza Silveira (coord.). Global entrepreneurship monitor.

Empreendedorismo no Brasil: 2011. Curitiba: IBQP, 2011. Disponível em:

http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Livro%20GEM%20Brasil%2020

11.pdf. Acessado em: 09/09/17.

GRECO, Simara Maria de Souza Silveira (coord.). Global entrepreneurship monitor.

Empreendedorismo no Brasil: 2015. Curitiba: IBPQ, 2015. Disponível em:

http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/c6de907

fe0574c8ccb36328e24b2412e/$File/5904.pdf. Acessado em: 09/09/17.

HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26.ed. – São Paulo: Companhia das Letras,

1995.

MASSUKADO – NAKATANI, Márcia Shizue; MUSSI, Fabrício B; PEDROSO, José Pedro

P. A relação entre o jeitinho brasileiro e o perfil empreendedor: possíveis interfaces no

contexto da atividade empreendedora no Brasil. RAM – Revista de Administração

Mackenzie, v. 10, n.4, São Paulo, 2009, pp. 100-130. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-69712009000400006.

Acessado em: 09/09/17.

MELHADO, João Pedro; MILLER, Amisha. Empreendedorismo nas Universidades

brasileiras. Endeavor, 2012. Disponível em: http://cer.sebrae.com.br/wp-

content/uploads/2015/12/Empreendedorismo_nas_Universidades_Brasileiras_2012.pdf.

Acessado em: 09/09/17.

SANTOS, Antônio R. Metodologia Cientifica: A construção do Conhecimento. – 6. Ed. –

Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

SEBRAE. Característica dos empreendedores formais e informais do estado de São Paulo,

2003. Disponível em:

http://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/EstudosPesquisas/mpes_numeros/empre

endedores.pdf. Acessado em: 09/09/17.

58

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São

Paulo: Abril Cultural, 1983.

59

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

APÊNDICE 1 - GRÁFICOS

60

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

61

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

62

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

63

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

64

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

65

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

66

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

APÊNDICE 2 – INSTRUMENTO DE PESQUISA

Esse questionário tem como base captar, nos diferentes perfis, as principais motivações,

pessoais ou profissionais, que serviram de estímulo na inserção no mundo do

empreendedorismo. As respostas aqui apresentadas serão utilizadas para fins acadêmicos, tais

como, publicação de um artigo.

Questionário

1.1.Qual a sua idade:

1.2.Sexo: ( ) feminino ( ) masculino

1.3.Rendimento familiar mensal

( ) Classe A (a cima de R$ 14.695,00)

( ) Classe B (R$ 4.720,00 a R$ 14.695,00)

( ) Classe C (R$ 1.957,00 a R$ 4.720,00)

( ) Classe D/E (até 1.957,00)

1.4.Estuda em qual universidade?

( ) Uniseb/Estácio

( ) Unaerp

( ) Anhanguera

( ) Moura Lacerda

( ) USP

( ) Uniesp

( ) Faculdade de Negócios Metropolitana

( ) Faculdade REGES

1.5.Em qual ano você está cursando Administração?

( ) 1º ano

( ) 2º ano

( ) 3º ano

( ) 4º ano

( ) 5º ano

1.6.Em qual período você estuda?

( )Manhã

( )Tarde

( )Noite

67

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

1.7.No momento você está

( ) Trabalhando Registrado

( ) Trabalhando sem registro

( ) Fazendo estágio

( ) Desempregado

( ) Já possuo meu próprio negócio

( ) Outros: ___________________

1.8. Ao se formar você pretende

( ) Abrir seu próprio negócio

( ) Administrar empresa de terceiros

( ) Administrar empresa da família

( ) Outros: ___________________

1.9.Qual setor você gostaria de trabalhar

( ) Agropecuária

( ) Comércio

( ) Construção Civil

( ) Indústria

( ) Serviços

2.0 Autoavaliação do seu perfil empreendedor

Você deverá atribuir uma nota de 1 a 5 para cada uma das características.

Todas as questões são obrigatórias.

Características

Ex

cele

nte

Bom

Reg

ula

r

Fra

co

Insu

fici

ente

5 4 3 2 1

1. Proatividade na tomada de decisão.

2. Tenacidade, obstinação.

3. Disciplina, dedicação.

4. Persistência em resolver problemas.

5. Disposição ao sacrifício para atingir metas.

68

Rev. Científica Eletrônica Estácio, Ribeirão Preto, v.9, n.9, p.44-68, jan/jun. 2017

6. Imersão total nas atividades que desenvolve.

7. Procura ter conhecimento profundo das

necessidades dos clientes.

8. É dirigido pelo mercado (market driven).

9. Obsessão em criar valor e satisfazer aos

clientes.

10. Toma riscos calculados (analisa tudo antes de

agir).

11. Procura minimizar os riscos.

12. Tolerância às incertezas e falta de estrutura.

13. Tolerância ao estresse e conflitos.

14. Hábil em resolver problemas e integrar

soluções.

15. Não-convencional, cabeça aberta, pensador.

16. Não se conforma com o status quo.

17. Hábil em se adaptar a novas situações.

18. Não tem medo de falhar.

19. Hábil em definir conceitos e detalhar idéias.

Motivação e superação

20. Orientação a metas e resultados.

21. Dirigido pela necessidade de crescer e atingir

melhores resultados.

22. Não se preocupa com status e poder.

23. Autoconfiança.

24. Ciente de suas fraquezas e forças.

25. Tem senso de humor e procura estar animado.

26. Tem iniciativa

27. Tem poder de autocontrole

28. Transmite integridade e confiabilidade

29. É paciente e sabe ouvir

30. Sabe construir times e trabalhar em equipe

Fonte: DORNELAS, José Assis. Empreendedorismo Corporativo: Como ser empreendedor, inovar e se

diferenciar em organizações estabelecidas, Rio de Janeiro, Campus, 2003