CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS NO...
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CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS
NO VAREJO
Mari Eldionara Rosa Machado (UFSM )
Roberto Portes Ribeiro (UFSM )
O estabelecimento de preço de produtos e serviços
envolve variáveis internas e externas à organização, e os custos
e despesas da empresa influenciam na determinação destes
preços e no resultado da organização. Diante disso, o objetivo
do estudo foi analisar custos e despesas e a formação do preço
de venda em uma empresa varejista através de um estudo de
caso de natureza quantitativa. Os dados foram coletados a partir
de documentos e informações prestadas pelo departamento
financeiro da empresa e por um escritório contábil. Os
resultados apontaram que as maiores despesas da empresa são
as despesas com pessoal e energia elétrica. Foi realizado o
rateio dos custos e despesas fixos aos produtos e simulada a
formação de preços. Para avaliar a competitividade dos preços
praticados pela empresa foi realizada uma pesquisa de preços
nos principais concorrentes, e constatou-se que os preços
praticados estão em um nível semelhante ao preço médio da
concorrência. A empresa não possuía controles gerenciais de
custos e formação de preços, sugeriu-se o uso de metodologias
práticas para o acompanhamento dos custos e despesas, de
forma a garantir um gerenciamento eficaz da organização, e
consequentemente competitividade.
Palavras-chaves: custos, formação de preços, varejo
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
Diante do mercado do setor varejista mais competitivo, as empresas têm sido impulsionadas a
buscarem metodologias e formas de controlar suas variáveis competitivas, sendo assim, torna-
se necessário conhecer mais profundamente os custos e a formação do preço de venda. Mury
e Oliveira (2005) constataram que poucos empresários que gerenciam pequenos e médios
negócios conseguem detectar com precisão as despesas, os custos e gastos diversos que
ocorrem em suas empresas. Isso pode ser muito prejudicial para as empresas, pois quem não
se organiza desconhece o mercado e, principalmente não sabe formar com acurácia o preço de
produtos e serviços, dificultando a sobrevivência do empreendimento.
A formação do preço não depende unicamente dos gestores, a percepção do valor dado ao
produto pelo cliente também deve ser considerada (KOTLER e ARMSTRONG, 2007).
Segundo os autores, o preço de custo dos produtos definem o piso do preço e a percepção do
consumidor, define o teto. Pode-se, assim, inferir que o preço de custo dos produtos é a base
para se determinar o preço de venda de referência e permitir a elaboração de estratégias e
táticas de preços.
Este estudo analisou a estrutura de custos e formação de preços existente em uma pequena
empresa do setor supermercadista varejista e avançou propondo ferramentas para a gestão
eficiente dessas variáveis na organização, de maneira que possibilite à empresa maior controle
das variáveis financeiras e melhor planejamento dos recursos e investimentos. Além desta
seção introdutória, o estudo está estruturado de modo a apresentar os conceitos teóricos que
fundamentam a pesquisa, o método de pesquisa, a descrição do estudo e coleta de dados,
seguida da análise descritiva dos dados e resultados. Por fim, apresentam-se as conclusões,
contribuições, limitações e sugestões para estudos futuros.
2. Fundamentação teórica
O varejo engloba todas as atividades de venda de produtos e serviços a consumidores finais,
para seu uso pessoal e familiar. Assim, qualquer instituição que realize vendas diretamente
para o consumidor final — inclusive fabricantes e atacadistas — está desempenhando
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atividades de varejo. Entretanto, para serem consideradas varejistas a maior parte das
operações das empresas deve ser decorrente de vendas a varejo (KOTLER e ARMSTRONG,
2007).
Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) constatou-se
que as lojas de vizinhança são o ponto de venda mais visitado pela maior parcela da
população (classe C), a qual tem perfil de compras pequenas e mais frequentes. Diante disso,
grandes redes supermercadistas estão investindo em supermercados independentes, que
devem assumir sua função de loja de vizinhança, oferecendo atendimento e um mix adequado
de produtos para esses consumidores (SANTOS, 2010).
Diante da importância das empresas varejistas, a gestão financeira não é um assunto que possa
ser refutado, principalmente considerando concorrência crescente. Para crescer, uma
organização precisa conhecer seus recursos e como melhor aproveitá-los, e conhecer o
ambiente onde está inserida. Para Kaspczak e Scandelari (2006) no caso das micro e pequenas
empresas isso se torna mais relevante, pois estas empresas possuem características próprias
que merecem atenção na sua gestão.
As maiores dificuldades das organizações de pequeno porte são a concorrência, o baixo lucro
e a falta de capital, evidenciando a necessidade de implementação de uma gestão financeira
eficaz que demonstre a realidade e possíveis problemas (COMINETTI, 2003).
As metodologias de apuração de custos mais utilizadas na Contabilidade são o custeamento
variável e custeamento por absorção, por serem mais práticas e de fácil visualização do custo
dos produtos. A adoção da metodologia, irá considerar a legislação, pois esta influencia muito
na atitude das empresas em demonstrar seus verdadeiros custos, as formas de se calcularem os
custos dos produtos estão intimamente ligadas aos seus resultados, que, por sua vez, serão
oferecidos à tributação (MARTINS, 2010).
Cunha e Fernandes (2007) conceituam custos como sendo todo gasto que é consumido dentro
do processo produtivo na fabricação de bens ou prestação de serviços. Estes podem ser
classificados sob duas óticas: quanto à facilidade de identificação ao produto em diretos e
indiretos e quanto ao volume produzido em variáveis e fixos. Os custos diretos podem ser
identificados facilmente ao produto ou serviço gerado. Os indiretos não são facilmente
identificáveis e necessitam de rateios para serem apropriados aos produtos, estes podem
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existir mesmo que nada seja produzido. E há ainda as despesas que são gastos incorridos fora
do processo produtivo.
Para resolver o problema da alocação dos custos indiretos aos produtos e serviços, é utilizado
o rateio, definido por Dutra (2010) como a divisão proporcional dos custos indiretos por uma
base de apropriação. Esses valores devem estar distribuídos pelos diferentes produtos ou
funções dos quais se deseja apurar o custo, devendo ser conhecidos e estar disponíveis no
final do período de apuração.
Para que seja definida a melhor metodologia é importante que a estrutura da empresa seja
analisada e a compreensão acerca da gestão de custos dos tomadores de decisão sejam
consideradas.
Os custos e despesas estão intimamente ligados aos preços dos produtos/serviços. Preço é a
expressão monetária do valor de um produto ou serviço, sendo definido como o elemento
mais flexível do composto de marketing. Para a empresa, preço é a quantidade de dinheiro
que está disposta a aceitar em troca de um produto. Para os consumidores, preço é algo que
estão dispostos a pagar em troca de um produto (COELHO e MONTEIRO, 2002).
O preço é o único elemento do mix de marketing que produz receita, os demais produzem
custos. Também é um dos elementos mais flexíveis, pode ser alterado com rapidez, ao
contrário das características de produtos, dos compromissos com canais de distribuição e até
das promoções. Informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido pela empresa para
seu produto ou marca (KOTLER e KELLER, 2012).
Um erro na formação ou análise do preço influencia diretamente no resultado da empresa,
pois a venda com preço baixo prejudica a empresa, e o preço alto, muitas vezes, impossibilita
as negociações. As dificuldades em formar preços levam organizações a operarem com custos
ou despesas acima do real dificultando e muitas vezes inviabilizando negócios, impedindo
assim o crescimento da organização (CARVALHO e COPPINI, 2006).
Os custos e os preços dos concorrentes podem afetar os preços cobrados por uma empresa.
Produtos alternativos ou similares podem afetar a demanda e forçar uma empresa a baixar
seus preços. Por outro lado, uma empresa livre de concorrência pode elevar seus preços sem
grandes problemas. Os custos influenciam os preços na medida em que afetam a oferta
(CALLADO et al, 2005).
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Leão (2008) afirma que o preço ofertado deve ser justo para o comprador e adequado para a
sobrevivência da empresa. Não se deve vender um serviço ou produto se o preço não puder
cobrir os custos. Este pode ser denominado de preço justo, pois é aquele que cobre os custos
do serviço ou produto, proporciona lucro e paga os impostos.
Queiroz Filho (2008) enumera diversas formas de cálculo na formação do preço de venda,
dentre elas destacam-se três:
a) Método do custeio por absorção (custo pleno): consiste no cálculo do preço de venda a
partir do acréscimo de um percentual de despesas operacionais, mais proporções de
lucro desejado ao custo total do produto;
b) Custeio ABC: consiste no cálculo a partir da separação dos custos por atividades, o que
reduz as distorções obtidas nos rateios arbitrários dos custos indiretos, e permite uma
melhor visualização dos custos, já que com o avanço da tecnologia e crescente
demanda de mercado, houve um aumento dos custos indiretos e uma maior
diversificação de produtos;
c) Método de Custeio por meio do Mark-up: consiste na aplicação de um índice sobre o
custo de um bem ou serviço para formação do preço de venda, com a finalidade de
cobrir os custos das contas geradas pela produção: impostos sobre venda; taxas
variáveis sobre vendas; despesas administrativas fixas; despesas de vendas fixas; custos
indiretos de produção fixos; e lucro.
De modo geral, a formação de preços dos produtos da empresa deve ser estruturada de modo a
cobrir os custos e despesas da empresa e oferecer lucro aos acionistas, e ainda manter a
competitividade da empresa, oferecendo qualidade com preço justo, aceito pelos
consumidores e no caso de produtos semelhantes, preço no mesmo nível da concorrência.
Segundo Araújo (2001) o procedimento de formação de preço em empresas varejistas é mais
complexo porque existem vários bens e/ou serviços fornecidos. Neste caso, a definição dos
diversos níveis tarifários exige rateio dos custos comuns (despesas e investimentos incorridos
independentemente do mix de bens e serviços), de modo a obter preços relativos consistentes.
A análise dos concorrentes deve não focar apenas preço, mas também as características não
oferecidas por eles, e satisfazer essa falha dos concorrentes oferecendo as características que
são falhas nas demais organizações (KOTLER e KELLER, 2012).
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3. Método de pesquisa
Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de caso de natureza quantitativa, utilizando-se
de dados primários coletados em um supermercado de pequeno porte localizado na região
central do município de Palmeira das Missões - Rio Grande do Sul, e dados secundários
oriundos de um levantamento bibliográfico realizado de forma a dar maior conhecimento
acerca do assunto e abordar as variáveis que envolvem o assunto pesquisado. De acordo com
Yin (2010), um estudo de caso é uma investigação empírica que aborda a fundo um ou poucos
objetos de pesquisa, por isso tem grande profundidade e pequena amplitude, procurando
conhecer de forma perspicaz a realidade de uma organização. A característica principal é a
profundidade do estudo.
O estudo iniciou com um questionário semiestruturado, composto de 26 questões acerca da
empresa e do departamento financeiro, aplicado aos gestores, de maneira a permitir o
conhecimento da rotina e da organização da área. Assim, detectou-se a dificuldade controlar e
analisar os custos para formação dos preços. Dado este problema, delimitou-se o objetivo do
estudo em analisar os custos e a influência destes na formação de preços, de forma a propor
ferramentas de controle gerenciais.
Os dados foram coletados a partir de documentos formais e de informações prestadas pelo
departamento administrativo financeiro, alguns dados adicionais foram obtidos no escritório
de contabilidade que presta assessoria contábil à empresa. Os dados analisados abrangeram o
período de maio a setembro de 2011 e foram coletados, organizados e analisados utilizando
planilhas do software Microsoft Excel®
. Os quadros e figuras apresentados no estudo foram
elaborados a partir dos dados coletados para o estudo.
Para viabilizar a realização do estudo, foram selecionados de quatro a cinco produtos por setor
para análise, sendo estes os de maior giro. A partir dos produtos definidos foram coletados
custo de aquisição e preço de venda praticado pela empresa. Após isso foi realizado o rateio
dos custos e despesas fixos aos produtos. Para avaliar a competitividade dos preços praticados
pela empresa foi realizada uma pesquisa de preços nos principais concorrentes.
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4. Resultados
4.1 Descrição e estrutura da empresa
A empresa estudada foi fundada em 1994, sendo que em 2006 a organização foi adquirida
pelos atuais proprietários. Sua atividade principal é o comércio varejista de mercadorias, com
predominância de produtos alimentícios, possui padaria, confeitaria e açougue. As principais
decisões das funções dos departamentos de compras, de gestão de pessoas, de marketing e
gerência operacional são centralizadas no gerente geral/diretor. Apenas o departamento
financeiro é controlado por outro gerente.
O supermercado participa de licitações de escolas estaduais e prefeituras, além de atender a
clientes organizacionais. No ano 2011 foi implantado o Sistema de Nota Fiscal Eletrônica –
SISNFE, e estava em fase de adaptação do sistema, sendo que ocorriam algumas falhas e
divergências entre informações do sistema e dos registros da empresa.
4.2 Análise dos custos
Para melhor organizar o controle de custos e despesas fixas estas foram agrupadas em um
plano de contas simplificado em quatro grandes grupos: pessoal, utilidades e serviços,
despesas gerais e despesas financeiras e bancárias. O primeiro grupo inclui despesas e custos
referentes à folha de pagamento. No segundo grupo incluem-se água, luz, telefone e internet,
aluguel do imóvel e aluguel do software SISNFE. Nas despesas/custos gerais foram inclusas
materiais de limpeza e expediente, despesas referentes ao veículo da empresa, alvará
municipal, manutenção de máquinas e equipamentos, depreciação, publicidade e propagandas,
embalagens, entre outras. E por fim, as despesas financeiras/ bancárias, englobando despesas
com bancos, juros, tarifas com cartões de crédito, e outros.
Determinado o agrupamento dos custos e despesas no plano de contas simplificado, calculou-
se a participação de cada conta no total de custos e despesas da empresa. O grupo de contas
despesas e custos com pessoal tem a maior participação, em média 57%, e a conta que mais se
destaca é a folha salarial, 17,84%, seguido por encargos sobre salários, 11,36%. Pode-se
perceber que os encargos correspondem a cerca de 63% da folha salarial. A empresa paga
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mais da metade do valor dos salários dos colaboradores em encargos. Esse fato pode ser
determinante para que empresas de pequeno e médio porte prefiram contratar colaboradores
inexperientes e sem qualificação para a função, uma vez que candidatos com experiência e
qualificados incorreriam em maiores salários, e consequentemente maiores encargos a
recolher.
No grupo de contas “utilidades e serviços” a conta mais representativa corresponde ao aluguel
e taxas, seguida das contas de água, luz, telefone e internet, sendo que a conta de energia
elétrica corresponde a mais de 90% desta. Foi percebida uma diferença entre a quantidade e
potência dos equipamentos elétricos instalados por setor, sendo necessária uma análise para
alocar da maneira mais equivalente o custo de energia elétrica aos produtos de cada setor.
Como não foi possível coletar informações sobre potência dos equipamentos para realizar um
cálculo mais aproximado do gasto real de energia elétrica, realizou-se um rateio da energia
elétrica proporcional ao número de equipamentos do setor e ao tamanho, a potência estimada
e frequência de uso, projetando quanto do total de energia elétrica deveria ser alocado a cada
setor. Estimou-se que o açougue consumiria 70% da energia elétrica, a padaria 20% e o
escritório e loja os 10% restantes. O passo seguinte foi adicionar esses valores aos custos e
despesas de cada setor.
Para a padaria e açougue, realizou-se o custeio direto, considerando a mão de obra utilizada
na fabricação/transformação da matéria prima, os recursos utilizados no processo (energia
elétrica, gás, etc.), entre outros fatores. As informações quanto à quantidade de matéria prima
utilizada e perdas estimadas foram informadas pelos colaboradores do setor, pois não há um
controle formal. Aos produtos destes setores foram alocados os custos oriundos destes
cálculos na formação de preços.
Quadro 1 – Custos e despesas fixas do período de Maio a Setembro de 2011
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Item Discriminação % % % % % %
1 57,14% 60,75% 53,25% 56,63% 61,10% 57,79%
1.1 Salários e Ordenados 17,84% 26,54% 20,01% 22,43% 22,58% 21,88%
1.2 Encargos Sobre Salários 11,36% 9,53% 8,18% 8,28% 11,00% 9,67%
1.3 Assistência aos Empregados 0,28% 0,07% 0,18% 0,19% 0,50% 0,24%
1.4 Rescisão de Trabalho 4,35% 0,00% 0,00% 0,00% 2,34% 1,34%
1.5 Férias e 13º Salário 2,97% 4,42% 3,33% 3,74% 3,76% 3,65%
1.6 Pró-Labore 1,35% 1,34% 1,42% 1,42% 1,44% 1,39%
1.7 Encargos Sobre Pró-Labore 0,15% 0,15% 0,16% 0,16% 0,16% 0,15%
1.8 Outros 18,85% 18,71% 19,97% 20,41% 19,32% 19,45%
2 22,17% 21,27% 21,71% 22,46% 23,37% 22,20%
2.1 Água, luz, telefone e Internet 9,31% 8,51% 8,16% 8,88% 9,66% 8,90%
2.2 Aluguel e Taxas 12,12% 12,03% 12,77% 12,80% 12,92% 12,53%
2.3 Aluguel de Software 0,74% 0,74% 0,78% 0,78% 0,79% 0,77%
3 17,25% 14,11% 21,49% 16,58% 13,00% 16,49%
3.1 Material de Expediente 0,17% 0,00% 0,02% 0,14% 0,01% 0,30%
3.2 Material de Limpeza 0,22% 0,22% 0,03% 0,03% 0,04% 0,25%
3.3 Contador 2,91% 2,89% 0,40% 0,38% 0,37% 3,01%
3.4 Veículos Combustíveis 3,34% 1,90% 1,95% 1,96% 1,98% 2,23%
3.5 Veículos Depreciação 1,92% 1,91% 2,02% 2,03% 2,05% 1,98%
3.6 Veículos IPVA 0,21% 0,20% 0,22% 0,22% 0,22% 0,21%
3.7 Alvará Municipal 0,03% 0,003% 0,004% 0,003% 0,003% 0,03%
3.8 Manutenção Máquinas e Equipamentos 0,00% 0,000% 0,018% 1,662% 0,542% 0,43%
3.9 Patrocínios e Doações 0,05% 0,05% 0,21% 0,13% 0,06% 0,10%
3.10 Depreciação 0,56% 0,66% 0,70% 0,71% 0,75% 0,67%
3.11 Publicidade e Propagandas 1,24% 0,74% 0,65% 3,13% 1,32% 1,40%
3.12 Embalagens 1,56% 1,54% 1,56% 2,09% 2,50% 1,84%
3.13 Outros 5,05% 3,96% 10,69% 0,19% 0,00% 4,00%
4 3,43% 3,87% 3,55% 4,33% 2,53% 3,55%
4.1 Despesas Bancárias 0,39% 0,47% 0,51% 0,46% 0,00% 0,37%
4.2 Despesas Financeiras 0,06% 0,13% 0,21% 2,66% 0,03% 0,61%
4.3 Despes. Financ. Cartões 2,98% 3,27% 2,83% 1,21% 2,50% 2,57%
Total Mensal 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Despesas Financeiras / Bancárias
Gerais
Utilidades e Serviços
Média
Pessoal
CUSTOS / DESPESAS FIXAS Maio Junho Julho Agosto Setembro
Fonte: Elaborado pelos autores
Na comparação entre os grupos de contas (Figura 1), pode-se observar que a maior parte dos
custos e despesas fixos é proveniente de despesas com pessoal. O grupo de custos e despesas
com “utilidades e serviços” é o segundo maior, pois fazem parte desse grupo de contas o
aluguel e as despesas com energia-elétrica, água, internet e telefone. Percebe-se que ambos os
custos e despesas fixos com maior participação são não evitáveis, restando à empresa
estabelecer boas políticas de recrutamento e seleção, e boas práticas de economia de energia
elétrica entre os colaboradores.
Figura 1 – Composição histórica de custos na empresa de maio a setembro de 2011
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10
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Custos e Despesas Fixos - Maio a Setembro de 2011
Despesas Financeiras / Bancárias
Gerais
Utilidades e Serviços
Pessoal
Fonte: Elaborado pelos autores
Analisando o percentual de custos fixos sobre o faturamento, apresentado no Quadro 2,
percebe-se que houve uma considerável queda do primeiro para o último mês analisado.
Pode-se afirmar que essa queda justifica-se pelos seguintes acontecimentos: do primeiro para
o segundo mês houve um aumento nos custos, no grupo de despesas com pessoal, por sua vez
o faturamento aumentou cerca de 10% no segundo mês, diluindo os custos fixos. Fenômeno
que ocorreu nos demais meses analisados, ocorreu aumento de custos nos grupos de contas,
mas o crescimento do faturamento diluiu a participação dos custos e despesas fixos.
Quadro 2 – Custos e despesas fixos totais de maio a setembro de 2011
Maio Junho Julho Agosto Setembro Média
Percentual de Custos Fixos Médio Mensal
/ Faturamento Médio Mensal17,60% 15,76% 15,20% 14,27% 13,97% 15,28%
Custos/Despesas fixos - Totais
Fonte: Elaborado pelos autores
Após a estruturação dos custos e despesas, realizou-se a análise da influencia destes na
formação de preços.
4.3 Formação do preço de venda
Deve-se ressaltar que na formação do preço de venda considerou-se o custo de aquisição do
produto, despesas comerciais como tributos, frete, percentual de inadimplência, tarifa do
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cartão de crédito, custos fixos e o percentual de lucro esperado pela empresa. Utilizando como
base os custos levantados junto à empresa, foram analisados preços de 32 itens.
A pesquisa foi realizada em quatro empresas concorrentes, e concentrou-se em verificar como
os preços praticados pela empresa estudada estavam posicionados em relação ao nível do
preço dos concorrentes.
O método de formação de preço Mark-up relacionado por Queiroz Filho (2008), já era
conhecido empiricamente pelo gestor. Por ser prático e de fácil compreensão, sugeriu-se que
continue a ser utilizado, levando em consideração os custos e despesas calculados no estudo.
O Quadro 3 mostra a ferramenta utilizada para simular formação do preço de venda dos
produtos analisados. Neste modelo insere-se o custo unitário da mercadoria, ou seja, o custo
de aquisição, e a este somam-se os tributos, o frete, a inadimplência, os custos fixos, e ainda o
percentual de lucro que a empresa deseja.
Quadro 3 – Modelo de formação do preço de venda
FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA
Produto Produto 1
Item Descrição % R$
1 Custo Unitário da Mercadoria R$ 2,89
Despesas Comerciais
2 ICMS
3 PIS
4 COFINS
5 Frete 0,30%
6 Inadimplência (1% a 2%) 0,20%
7 Outros
8 Custos Fixos 12,15%
Preço de Venda - Mark-Up
Á vista
9 Preço de Venda com Lucro de 0,00% 3,31
10 Preço de Venda com Lucro de 3,00% 3,43
11 Preço de Venda com Lucro de 5,00% 3,51
12 Preço de Venda com Lucro de 10,00% 3,74
13 Preço de Venda com Lucro de 15,00% 3,99
14 Preço de Venda com Lucro de 20,00% 4,29
Fonte: Elaborado pelos autores
Realizadas as análises expostas anteriormente constatou-se que os preços praticados pela
empresa estão em um nível próximo aos preços de mercado. Foram comparados também os
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preços praticados pela empresa e os preços sugeridos com o uso da ferramenta de formação de
preços. Isso permitiu que fossem sugeridos preços que cobrissem seus custos e despesas
operacionais, além de permitir uma margem de lucro que mantivesse o preço dos produtos da
empresa no mesmo nível dos preços da concorrência.
O que pode ocorrer quando se adota o custeio por absorção é que os preços fiquem muito
elevados, pois como afirma Martins (2010) todos os custos e despesas, sejam fixos ou
variáveis, diretos ou indiretos, são alocados aos produtos. Vieira (2007) argumenta ainda que
esse fato torna importante a realização de uma pesquisa de preços, por que pode indicar o teto
máximo que os preços podem ser elevados, até onde os consumidores aceitam aumento nos
preços.
5. Considerações finais
Pode-se perceber a importância da gestão financeira, para garantir crescimento e continuidade
da organização no mercado. Os custos e a formação de preços são fatores importantes para
que a empresa consiga manter-se no mercado, pois influenciam no resultado da organização,
devendo ser controlados e incluídos no planejamento da micro e pequena empresa. No
comércio varejista, onde grande parte dos produtos permite uma margem de lucro pequena, é
importante que os gestores analisem os custos e despesas da empresa, pois as vendas e a
margem utilizada nos produtos devem ser capazes de cobrir os custos e despesas fixos, e
oferecer lucro aos seus proprietários acionistas.
Como o departamento de pessoal é o que tem maior participação nos custos, sugere-se aos
gestores que as contratações sejam planejadas, a realização de um melhor dimensionamento
da mão de obra existente e o planejamento das tarefas, de forma a tornar os processos mais
eficientes e reduzir ociosidade. Pode-se conjecturar que o alto custo de encargos sobre a folha
salarial das empresas, em especial as de micro e pequeno porte, pode causar um desincentivo
à contratação de novos funcionários, principalmente no que se trata da qualificação e
experiência, levando essas organizações a contratar funcionários inexperientes e sem
qualificação para a função. A folha de pagamento da empresa sendo sua maior despesa pode
limitar o poder financeiro da empresa, deixando de investir em inovação e treinamentos de
capacitação aos colaboradores. Outra despesa relevante identificada foi a energia elétrica. A
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redução desta poderia ser realizada, com a troca dos equipamentos por outros mais eficientes
e econômicos, realizando as manutenções periodicamente, permitindo que os equipamentos
não sofram defasagem. Priorizar a revisão periódica e evitar a manutenção corretiva pode
reduzir custos à empresa.
Quanto aos preços, se a empresa aumentar os preços dos produtos, deve aumentar os motivos
para que os clientes desejem comprar na empresa, aliando qualidade e diversidade de
produtos a um ambiente aconchegante, com bom atendimento e outras características
valorizadas pelos clientes. Além da redução de custos, a organização pode se beneficiar de
estratégias de marketing bem elaboradas, melhorando a exposição dos produtos, o layout da
empresa, o envolvimento dos consumidores com a empresa, premiações envolvendo
determinado produto, entre outras.
A empresa necessita utilizar ferramentas gerenciais para medir a eficácia e a eficiência das
ações e o impacto nos resultados, de maneira a permitir o planejamento estratégico embasado
em dados concretos.
Como limitações temos que a maior parte dos dados foi obtida de relatórios fiscais, não sendo
flexíveis para utilização nos relatórios gerenciais, refutando detalhes como pequenas despesas
e custos. Outra limitação foi o fato de não haver um relatório com todos os bens depreciáveis
pertencentes à empresa, e haver divergência entre dados fiscais (escritório contábil) e
gerenciais (obtidos na empresa). Uma sugestão para pesquisas futuras é de que seja realizado
um levantamento de todos os bens da empresa de forma que permita um cálculo real da
depreciação, pois ela influencia o resultado final da empresa, já que esta é tributada pelo lucro
real. Sugere-se também um aperfeiçoamento da planilha de controle de custos de maneira a
melhorar a análise dos preços e a absorção dos custos por estes para que seja oferecido um
preço justo aos clientes e uma margem de lucro que permita a sobrevivência da organização.
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