Cosmogolé - Edição 3

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cosmogolé edição 3 É riqueza! Descubra como acessar o tesouro de 5 mil páginas deixado por Hélio Oiticica É fofoca! Veja o diário que nosso editor escreveu clandesti- namente nos bastidores do Conexão Cosmogolé É saudade! A quantas anda a obra de Hélio Oiticica 30 anos após sua morte É a ultima! Pois é, depois desta não tem mais... Então corre e aproveita enquanto dá!

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Despedida com gostinho de quero mais: no ar a última edição da revista Comogolé! Imperdível! Sempre que alguma coisa termina a gente se preocupa: e agora, o que vem pela frente? Será que vou aguentar comer tudo? Será que a sobremesa é boa? E as aulas, como serão quando as férias acabarem? Pois é. Mas acalmem-se: a nossa despedida tem certo tom de brincadeira e vem com gostinho de quero mais. Na última edição da Cosmogolé você conhece os frutos que nasceram da obra do Hélio Oiticica.

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cosmogoléedição 3

É riqueza!Descubra como acessar o tesouro de 5 mil páginas deixado por Hélio Oiticica

É fofoca!Veja o diário que nosso editor escreveu clandesti-namente nos bastidores do Conexão Cosmogolé

É saudade!A quantas anda a obra de Hélio Oiticica 30 anos após sua morte

É a ultima!Pois é, depois desta não tem mais... Então corre e aproveita enquanto dá!

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Cosmogolé é

Pesquisa, redação e ediçãoBeatriz Antunes

Produção editorialLara Alcadipani

Direção de arteJader Rosa e Liane Iwahashi

Projeto gráficoLiane Iwahashi

IlustraçõesPaulo Ito

RevisãoDenise Costa e Polyana Lima

ColaboraçãoAndré SeitiEdison Forlenza

Apresentação do Conexão Cosmogolé Taciane Glasberg

ApoioNúcleos de Artes Visuais, Comunicação, Audiovisual e Educação Cultural do Instituto Itaú Cultural

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Ache aquiLinha do temp

o

[De 1978 a 1980 ainda deu

tempo de fazer bastante

coisa. Descubra o quê.] p. 4

Tesouro a vista! [A descoberta de mais de 5

mil páginas escritas deixadas

por Hélio.] p. 8

... E os frutos nao param de crescer... [Por onde andou e anda a obra de Hélio Oiticica.] p. 6

O fotodiario do Conexao Cosmogolé[O que o nosso editor achou das gravações, muito embo-ra não tenha sido convidado a participar...] p. 10

Boas-idas ao leitor[Uma despedida cheia de saudade.] p. 12

Agora é sua vez[Um diário em branco para você escrever sua experiência.] p. 14

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1978 Em pleno fevereiro, mês do Carnaval, Hélio volta a morar no Rio de Janeiro. Muda-se para o Leblon, um bairro delicioso e cheio de paisagens interessantes. Numa das andan-ças por lá, levou para casa um pedaço de asfalto.

1979 Este é um ano de muitas invenções. Ele faz maquetes, orga-niza eventos artísticos, constrói objetos. E até muda de casa.

Ta estranhando o que? O meu museu é o mundo!

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1980 Hélio realiza um evento chamado Esquenta pr’o Carnaval, no Morro da Mangueira, onde apresenta alguns objetos que vinha fazendo. Mas ele está com a saúde debilitada e acaba morrendo no dia 22 de março.

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... E os frutos não param de crescer...

Em 1981 é criado no Rio de Janeiro o Projeto Hélio Oiticica, para preservação e divulgação da sua obra.

Em 1996 a Prefeitura do Rio cria outro espaço dedicado a ele: o Centro de Artes Hélio Oiticica, também com um grande acervo.

ilustração: Liane Iwahashi

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Em 2002 o Museu de Arte Moderna do Rio abre uma exposição de vários artistas, mas com uma sala exclusiva para Hélio.

Em 2007um dos museus mais importantes do mundo, o Tate, de Londres, inaugura exposição permanente com trabalhos dele.

Em 2010 tem início em São Paulo a retrospectiva Hélio Oiticica – Museu É o Mundo. Mais de cem obras fundamentais do artista são levadas gratuitamente para o público, que ainda pode ver algumas peças espalhadas por diversos locais da cidade.

E a exposição deu mais uma esticadinha. Agora

você tem até 23 de maio para conhecer a vida, a

obra e até a letra de mão de Hélio Oiticica!

Em 2008 um sonho virou realidade: um projeto que ele desenhou, mas não teve tempo de construir, foi erguido em Minas Gerais e está aberto para visitação.

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Tesouro à vista!As mais de 5 mil páginas escritas por Hélio

O mesmo que cinc

o

B blias inteiras!

Em diários, anotações, cartas e até instruções de como construir suas obras, Hélio deixou milhares de palavras preciosas que ajudam a compreender seu trabalho e seu pensamento. Mas como todo tesouro fica escondido, esse também não foi nada simples de encontrar...

O mapaPois é. Mapa é justamente o que não tinha. Quando a família de Hélio recolheu todos os seus escritos, tentou respeitar a ordem em que os documentos tinham sido guar-dados, mas não havia como ter certeza se aquela era de fato a ordem imaginada por Hélio. Mais tarde, decidiu-se pela ordem cronológica. Eles foram, então, depositados em quatro caixas grandes de papelão e entregues à sede do Projeto Hélio Oiticica.

Equipe de resgateEm 1999 esse projeto resolveu se unir ao Itaú Cultural para organizar os papéis de Hélio de maneira que se tornasse fácil para qualquer pesquisador consultar seus escritos, e foi aí que nasceu o Programa Hélio Oiticica, um acervo digital do material deixado pelo artista.

Todo cuidado é poucoNão foi um trabalho nada simples... Ao longo de três anos, uma equipe de pesquisadores trabalhou com as 5 mil folhas recolhidas pelo projeto. Primeiro os técnicos as limparam com um pincel, depois tiraram clipes, grampos e espirais – tudo o que fosse metálico – para evitar que a acidez do metal acelerasse a decomposição do papel. No final, cada folha foi escaneada, catalogada e, por fim, envelopada em papel de pH neutro, para durar mais.

Tesouro reveladoOs documentos originais foram arquivados novamente no Projeto Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Mas as cópias digitalizadas estão disponíveis no site do programa. Tem curiosidade para conhecer a letra de mão de Hélio? Pois aqui está!

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toxico para PH sensivel

Nas coisas de Hélio havia também projetos de obras, com anotacoes e desenhos sobre como monta-las

Nem tudo ele escrevia à mão. Várias e várias páginas foram feitas com máquinas de escrever. Na época dele não existia computador nas casas – só na NASA!

E nao tinha so texto no tesouro de Hélio, muita foto também foi encontrada

TAC! TAC! TAC!

foto: Ivan Cardoso

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conexãocosmogolé

O FOTOdiário do

Segredos, revelações e memórias de um velho editor que não foi convidado, mas apareceu para ver as gravações.

Dia 1. 10h15. Os senhores pensam o quê? O trabalho desse pessoal é da maior seriedade, caros leitores. Por isso a apresentadora chegou cedo, com seu texto estudado e decorado e até com anotações na margem! Ah, essa juventude me fascina!

Dia 1 (Ou será que foi no dia 2?). 11h. Pode ter sido qualquer dia, pois espionagem, caros senhores, não tem hora pra acontecer! Achei a movimentação muito estranha, mas o diretor riu de mim: “Esquece isso, seu editor, o moço é de família”. Vejam com seus próprios olhos o que

as lentes velhas e desbotadas mas sempre alertas deste editor captaram: o avanço silencioso do cinegrafista, percorrendo obras de arte às escuras, andando de fininho com as luzes apagadas! O que desejava o espião? Hei de descobrir.

Caros senhores, isso nao é verdade! Eu sou VIP! Fotos: André Seiti

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E já que é sério, recomendo. Assistam aqui ao interessante relato das aventuras da jovem e competentíssima apresenta-dora, em sua última reportagem para o canal. Um abraço, minha cara!

E assista também aos programas anteriores!

Clique aqui para ver o segundoClique aqui para ver o

primeiro Tem mais bastidores do Conexão Cosmogolé aqui. Visite!

Dia 2. 11h27. Foi a cena mais bonita que já vi em toda a minha longa vida: Dois Parangolés em pleno voo! Pois para os senhores que não enxergam nada bem (diferente de mim, que vejo perfeitamente e de maneira muito nítida) explico: aquele a dançar com a capa laranja na foto é o próprio senhor

Hélio Oiticica. Sim! Ou pensam os senhores que o pessoal do Conexão Cosmogolé não tem prestígio? Ora, façam-me o favor, o jornal é muito sério!

Dia 3. Quase hora do almoço.

Os senhores riem, é? Mas quem tem o coração fraco de tanta preocupação sou eu. De que me valeu colocar aqui na revista tantos alertas para que as crianças evitassem se enfiar no Labirinto Tropical? Nada. Pois lá se foi naquela linda manhã do dia 3 a apresentadora do jornal se

esconder nos misteriosos corredores do Tropicália! Desta vez não fui só eu que tomei um susto, o pessoal da produção saiu correndo atrás dela, Um sufoco! Agora os senhores me perguntam: foi falta de aviso? Foi falta de cuidado? Não, foi falta de juízo! Essa juventude me enlouquece!

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Leitores, acalmem-se, pois sempre existe um depois. Vejam os senhores o incrível exemplo de Hélio Oiticica, nosso artista inspirador. Sua obra continua sendo estudada, visitada, discutida, experimentada e até mesmo imaginada por pessoas como

Não é fácil, eu sei. Sempre que alguma coisa termina a gente se preocupa: e agora, o que vem pela frente? Será que a sobremesa vai ser boa, será que vou aguentar comer tudo, será que depois das férias voltam as aulas outra vez?

É com pesar que comunico, caríssimos leitores, que

é chegada a hora de recolher os brinquedos da sala,

enrolar os fios e apagar as luzes, pois esta é nada

menos que a última edição da Cosmogolé. f i

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PS1: Antes que eu fique aqui sozinho no meio destas palavras todas que só sabem falar de coisas elevadas, digam-me vocês que vivem pelo mundo: não está um tempo louco nesta cidade? Quem pode com este quente e frio, quente e frio?

PS2: Prometo que é a última observação. Apenas quero lembrá-los de que não me esqueci da desobediência dos senhores, indo mesmo sem proteção nenhuma (e ainda por cima correndo) para o Labirinto Tropical da edição passada. Estou de olho nos espertinhos, hein... Sei. Bom. Ó lá, hein.

PS3: Esqueci de dizer para tomarem cuidado com leite quente. Até hoje tenho uma marca de bigode que resultou de uma queimadura de leite fervido. Esfriem antes de tomar! Bem, é isso. Adeus.

Assim espero, meus amigos, e para isso me ponho sempre à disposição. Quando sentirem minha falta ou quiserem tirar uma dúvida, sabem onde me encontrar. Viver entre as palavras de uma revista é para mim receber a glória de um artista. Estarei sempre de braços (e páginas) abertos.

Até a próxima visita!

eu e vocês. Nossa inteligência (modéstia à parte, sou mesmo genial) e sensibilidade nos levaram a dar um novo significado aos Parangolés, aos Bólides, aos Penetráveis e a tudo o mais que vimos e experimentamos por aqui. Agora me digam: é motivo para choro? Aquietem os corações, pois assim como a obra de Hélio vive até hoje também nossa revista há de sobreviver ao tempo.

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Meu querido diário, depois de ler as três Cosmogolés, fiquei com a impressão de que... Não deixe nosso editor maluco se intrometer no seu diário! Escreva sobre o que quiser. Aqui, quem conta a história é você.