Conquista da água garante mudança de vida para família do Semiárido

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i Josefa Nonata Rocha, de 51 anos e Francisco de Assis Rocha, de 72 anos, Seu Chico Sinhara e Dona Betinha, como são mais conhecidos, são casados há 32 anos e moram na comunidade Raposa no município de Castelo do Piauí. Eles têm sete filhos, mas apenas os três mais novos moram com o casal. Também mora com eles Dona Joana, a irmã mais velha de Dona Betinha. A família vive em uma propriedade de 70 hectares herdada do pai de Dona Betinha. O casal tem uma bonita história vivida no sertão do Piauí e essa história quem nos conta é o agricultor Chico Sinhara. O agricultor que se denomina 'a raposa mais velha da comunidade' conta que chegou àquela localidade depois de muito andar pela vida. Foi em uma festa de casamento que conheceu Dona Betinha, logo se apaixonou pela moça bonita de sorriso tímido. Mas Seu Chico Sinhara explica que, por ser 21 anos mais velho que Dona Betinha, no começo teve resistência da família dela, mas como era muito teimoso, resolveu lutar pelo amor da moça e mostrar suas boas intenções. Com a persistência do rapaz e vendo que a filha também estava gostando do moço, o casal recebeu a benção dos pais dela e foi realizada, em fim, a cerimônia de casamento. Desde então o casal vive na comunidade Raposa, que é formada apenas por membros da mesma família, são cinco irmãos que convivem em uma área herdada dos pais, Seu Pedro e Dona Maria Vieira. Segundo Seu Chico Sinhara viver na comunidade é bom, mas a dificuldade em plantar o deixa desgostoso, “aqui a gente produz pouca coisa, porque a terra é fraca de mais, pode é derramar água, porque parece que quanto mais a gente derrama, mais ela vai embora”, afirma. As famílias utilizavam a água de um poço que fica próximo à comunidade, mas nos meses de estiagem, ele diz que não conta as vezes que precisou comprar água. Segundo o agricultor foi com a chegada das cisternas do Programa de Convivência com o Semiárido que as coisas melhoraram. Todas as famílias que vivem na comunidade foram beneficiadas com as cisternas de beber, do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), e com a cisterna de produção do Piauí Ano 5 | nº 104| Julho | 2011 Castelo do Piauí - Piauí Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Conquista da água garante mudança de vida para família do semiárido 1 Seu Chico Sinhara alimenta o sonho de ter uma vasta plantação de bananas no quintal de casa. Seu Chico Sinhara e Dona Belinha.

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i Josefa Nonata Rocha, de 51 anos e Francisco de Assis Rocha, de 72 anos, Seu Chico Sinhara e Dona Betinha, como são mais conhecidos, são casados há 32 anos e moram na comunidade Raposa no município de Castelo do Piauí. Eles têm sete filhos, mas apenas os três mais novos moram com o casal. Também mora com eles Dona Joana, a irmã mais velha de Dona Betinha. A família vive em uma propriedade de 70 hectares herdada do pai de Dona Betinha. O casal tem uma bonita história vivida no sertão do Piauí e essa história quem nos conta é o agricultor Chico Sinhara.

O agricultor que se denomina 'a raposa mais velha da comunidade' conta que chegou àquela localidade depois de muito andar pela vida. Foi em uma festa de casamento que conheceu Dona Betinha, logo se apaixonou pela moça bonita de sorriso tímido. Mas Seu Chico Sinhara explica que, por ser 21 anos mais velho que Dona Betinha, no começo teve resistência da família dela, mas como era muito teimoso, resolveu lutar pelo amor da moça e mostrar suas boas intenções. Com a persistência do rapaz e vendo que a filha também estava gostando do moço, o casal recebeu a benção dos pais dela e foi realizada, em fim, a cerimônia de

casamento.Desde então o casal vive na comunidade

Raposa, que é formada apenas por membros da mesma família, são cinco irmãos que convivem em uma área herdada dos pais, Seu Pedro e Dona Maria Vieira. Segundo Seu Chico Sinhara viver na comunidade é bom, mas a dificuldade em plantar o deixa desgostoso, “aqui a gente produz pouca coisa, porque a terra é fraca de mais, pode é derramar água, porque parece que quanto mais a gente derrama, mais ela vai embora”, afirma. As famílias utilizavam a água de um poço que fica próximo à comunidade, mas nos meses de estiagem, ele diz que não conta as vezes que precisou comprar água. Segundo o agricultor foi com a chegada das cisternas do Programa de Convivência com o Semiárido que as coisas melhoraram. Todas as famílias que vivem na comunidade foram beneficiadas com as cisternas de beber, do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), e com a cisterna de produção do

Piauí

Ano 5 | nº 104| Julho | 2011Castelo do Piauí - Piauí

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Conquista da água garante mudança

de vida para família do semiárido

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Seu Chico Sinhara alimenta o sonho de ter uma vasta plantação de bananas no quintal de casa.

Seu Chico Sinhara e Dona Belinha.

Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).Agora além das culturas anuais de feijão,

milho e mandioca, Seu Chico Sinhara também planta no quintal de casa, tomate, cebola, manga, caju, e claro, suas preciosas bananas. O agricultor tem um carinho especial por elas e diz que se pudesse teria um bananal em casa, mas como ele explica “banana toma água demais, aí não vai sobrar para as outras plantas”. Porem como sonhar não custa nada, “se Deus permitir eu mando cavar um poço no quintal e aí esse povo vai ver banana”, brinca o agricultor.

Seu Chico Sinhara conta que quase tudo que produz é para o consumo da família. A macaxeira e as castanhas de caju quando a produção é boa ele vende em Castelo do Piauí. O dinheiro da venda da farinha e das castanhas ajuda no orçamento da família, o que comprava na feira hoje ele plantam no quintal de casa.Ele é quem cuida do quintal da família, mas os filhos, Dona Belinha e a irmã Joana também ajudam a molhar as culturas. O agricultor explica que o solo de lá precisa ter um cuidado especial, é pouco nutritivo e precisa ser adubado. Para evitar a evaporação rápida da água, ele coloca nas covas das plantas folhas e galhos secos, ele chama de coberta morta e diz que aprendeu nos cursos de capacitação do manejo do solo e da água que participou.

Outra coisa que o agricultor não dispensa é guardar suas sementes. Ele diz que tem sementes de mais de 40 anos, como o milho encarnado que ele diz ser até medicinal porque cura dor de barriga dos bichos. Além desse, ele guarda também o milho branco, milho de sabugo fino, pimenta malagueta, feijão do Antônio, feijão tiolino além de outros, o agricultor explica que alguns ele mesmo batiza com o nome.

Seu Chico Sinhara diz que se pudesse teria outra cisterna das grandes, assim não faltaria água para suas plantas. Ele explica que uma cisterna não supre as necessidades de seus sonhos, mas já ajuda muito porque a água é vida “se tivesse água suficiente a gente produziria tudo no quintal, do algodão pra não precisar comprar na rua ao bananal que era para eu comer até não aguentar mais”, brinca o agricultor.

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Seu Chico Sinhara coloca cobertura nas raizes da planta para evitar evaporação

Dona Betinha e a irmã Joana.

Hortaliças, frutas e verduras agora são produzidas no quintal de casa.