Congado de Uberlândia ] livro 01/02 - uberlandia.mg.gov.br · Cantigas 5.3.2. Congos 5.3.2.1....
Transcript of Congado de Uberlândia ] livro 01/02 - uberlandia.mg.gov.br · Cantigas 5.3.2. Congos 5.3.2.1....
2
Trocar foto >>
����������������� ��� ��������� ����������������������� ����������������������������� ������������
3
___________
livro 01/02
1. Introdução
1.1 Apresentação
1.2. Pesquisa: reconhecimento dos sujeitos
1.2.1. Metodologia Geral
1.2.2. Metodologia dos Inventários
2. História do Município
2.1. Informe histórico do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba
2.2. Histórico do Município
2.3. Informe histórico da Igreja Nossa Senhora do Rosário
3. Contextualização do Congado
3.1. Interação social
3.2. Congado: cultura popular
3.3. Congadeiros e as outras culturas populares do Município
3.3.1 Carnaval
3.3.2 Folia de Reis
3.3.3 Terreiros de Umbanda e Candomblé.
4. História do ritual do Congado
4.1. Influências Culturais Africanas e Católicas no Brasil
4.1.1. Língua Banto
4.1.2. Catolicismo no Reino do Congo
4.1.3. Reino do Congo
4.2. História do ritual do Congado na Região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba
4.2.1.Mito do Rosário
4.2.2.Cânticos
4.2.3.Hierarquia e funções dos personagens do ritual
4.2.4.Irmandade do Rosário
4.2.5.Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Uberlândia
5. Características do Congado da
Festa de Nossa Senhora do Rosário
e São Benedito do Município
5.1. O ritual
5.1.1. Missas de Domingo
5.1.2. Campanhas dos Ternos: leilão e terços
5.1.3. Ocupação Urbana e Localização dos Quartéis (sede dos grupos)
5.1.4. Novena da Igreja e Leilão da Irmandade do Rosário
5.1.5. Relações entre os ternos (grupos) do município
5.1.6. Encontros de ternos:
5.1.6.1 Campeonato de futebol
5.1.6.2 Feijoada
5.1.6.3 Visitas às festas das outras cidades
sum
ári o
4
5.2. A festa
5.2.1. 1º Dia: Concentração e Preparação
5.2.2. 2º Dia
5.2.2.1. Alvorada
5.2.2.2. Buscar e Levar os Mastros
5.2.2.3. Desfile e Encontro com os outros ternos
5.2.2.4. Trança Fita
5.2.2.5. Almoço
5.2.2.6. Reinado e Cortejo
5.2.2.7. Missa, Procissão e troca de Reis e Rainhas
5.2.3. 3º Dia
5.2.3.1. Visitas dos ternos na casa dos devotos
5.2.3.2. Encontro na Igreja, descida dos mastros e despedida
5.2.3.3. Despedida dos quartéis
5.3. As diferentes tradições de ternos do Congado
5.3.1. Moçambiques
5.3.1.1. Especificidades
5.3.1.2. Cores e adornos
5.3.1.3. Instrumentos
5.3.1.4. Cantigas
5.3.2. Congos
5.3.2.1. Especificidades
5.3.2.2. Cores e adornos
5.3.2.3. Instrumentos
5.3.2.4. Cantigas
5.3.3. Catupés
5.3.3.1. Especificidades
5.3.3.2. Cores e adornos
5.3.3.3. Instrumentos
5.3.3.4. Cantigas
5.3.4. Marujos e Marinheiros
5.3.4.1. Especificidades
5.3.4.2. Cores e adornos
5.3.4.3. Instrumentos
5.3.4.4. Cantigas
5.3.5. Outros ternos da região: Vilão, Penacho
5.3.6. Partituras dos ternos de Congado em Uberlândia
5.4. Gestão da Festa Nossa Senhora do Rosário e São Benedito
5.4.1. Subsídios para a Festa
5.4.2. Estatutos dos ternos
5.4.3. Estatuto da Irmandade da Rosário e São Benedito
5.5. Mapa com área da abrangência de atuação do Congado
6. A visibilidade do Negro em Uberlândia
5
sum
ári o
7. Bibliografia e fontes
7.1. Bibliografia
7.2. Fontes orais
7.3. Fontes escritas
7.4. Fontes viajantes e folcloristas
7.5. Fontes audiovisuais
8. Inventários dos ternos de Congado
do município de Uberlândia
9. Parecer do Conselho
10. Parecer Técnico
11. Cópia da Ata sobre o
Registro Provisório do Congado
de Uberlândia
11. 1 Cópia da Solicitação do Registro do Congado de Uberlândia,
pela Irmandade Nossa Senhora do Rosário
12. Notificação e recibo da notificação
à Irmandade do Rosário
de São Benedito de Uberlândia
13. Cópia da Ata aprovando
o Registro Imaterial
14. Cópia da Publicação do ato
de registro do Bem
15. Cópia da inscrição do Bem
no Livro de Registros
___________
livro 02/02 - parte 01/03 e 02/03
16. Anexos:
16.1. Fichas de Inventário IPAC, formatadas no padrão do IEPHA/MG - Instituto Estadual
do Patrimônio Histórico e Artiístico de Minas Gerais, dos ternos de Congado de Uberlândia
___________
livro 02/02 - parte 03/03
16. Anexos:
16.2. Folia CULURAL e bloco ACHE. Projeto Memória do Congado de Uberlândia: Ternos de Congado
em Uberlândia. Educafro/Petrobras, 2000.
16.3. Videos dos ternos de Congados em Uberlândia
16.4. Mapa das festas populares da Festa do Rosário. Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia
-- Instituto de Geociências Aplicadas - Atlas de Festas Populares de 1998/MG.
17. Estatuto da Irmandade NSRa do Rosário
6
A Prefeitura Municipal de Uberlândia, órgão máximo do poder executivo local, preocupada emzelar por sua memória e herança cultural, torna-se parceira da PAGINAR Arquitetura, Urbanismo ePaisagismo Ltda., para promover ações visando à preservação de seu patrimônio.
Assim, cabe a nós a responsabilidade por sua preservação. Para que possamos cumprir essatarefa em toda sua extensão, é importante que as ações sejam concebidas de forma abrangente es i s t ê m i c a , c o n f i g u r a n d o u m a política de patrimônio cultural clara e acessível às comunidades.
Este Regitro constitui um esforço nesse sentido. Concebido de maneira a esclarecer a importân-cia do Congado de Uberlândia para o município e sua comunidade, bem como para todo o Brasil e estadode Minas Gerais. A presente pesquisa foi dividida em itens que abrangem: contextualização; histórico domunicípio; histórico do bem; descrição detalhada do bem; documentação fotográfica; fichas de inventáriodos bens imateriais, móveis ou imóveis que fazem parte do Congado de Uberlândia; além dos documen-tos necessários para viabilizar seu Registro.
O presente trabalho foi realizado em conjunto pelas equipes da PAGINAR Arquitetura, Urbanis-mo e Paisagismo Ltda., e da diretoria de memória e Patrimônio Histórico, sob a coordenação daArquiteta Gisele Pinto de Vasconcelos Costa e do Historiador Anderson Ferreira.
Para facilitar sua compreensão, apresenta-se em formato A4 em três volumes.
Dessa forma, esperamos tornar público seus valores, sua história e sua riqueza exemplar.
Coordenação Editorial
Gisele Pinto de Vasconcelos Costa
Anderson Ferreira
Agradecimentos
Nossos agradecimentos a todos que nos apoiaram através de seus depoimentos e sugestões colaborandopara a elaboração deste trabalho. Em especial a Mônica Debs, Larissa Gabarra, Fabíola Benfica Marra ,Jeremias Brasileiro (vídeografia, depoimentos e fotos da Irmandade Nossa Senhora do Rosário deUberlândia), Jorge Henrique Paul (fotografias),COMPHAC-Conselho Municipal de Patrimônio Histórico,Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia, Coafro (Coordenadoria afro-racial de Uberlândia) e atodos os grupos de Congado de Uberlândia.
8
Este é um trabalho de
registro do Congado do município
de Uberlândia/MG, como
Patrimônio Cultural Imaterial, uma
cultura popular religiosa e festiva
que existe em todo país, mas é
mais comum em Minas Gerais.
Resumidamente o Congado é
uma hibridação de rituais, formas
e práticas africanas, de forte
inf luência dos povos
linguisticamente denominados
bantos com as formas, rituais e
práticas católicas. Em devoção
a Nossa Senhora do Rosário e
São Benedito e em homenagens
aos reis e rainhas Congo, os
congadeiros – praticantes – de
Uberlândia fazem três dias de
festa pelas ruas principais da
cidade e na praça em frente à
Igreja do Rosário, depois de
meses de preparação em suas
sedes, denominadas de quartéis
e nos arredores por onde passam
em marcha de procissão num
período conhecido como
campanhas. Cada quartel
pertence a um grupo diferente,
denominado terno, que têm de 40 a 200 componentes e se diferenciam
em Moçambiques, Congos, Catupés, Marujos e Marinheiros,
dependendo da tradição que representam.
Esse povo se encontra, desfaz e refaz sua identidade,
colocando sua prática como um desejo de vida, uma renovação cíclica,
que se inicia, se finda e se reinicia na vivência do ritual. Revigora o
passado, cria o presente e incentiva o futuro. Segundo Gilberto Velho,
essa tríade acompanha outra, a da memória, da identidade e do projeto,
que constrói na relação tradição e cotidiano a História (Velho, 1994).
A instituição representativa da comunidade hoje e no passado
é a Irmandade Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, através da
qual a comunidade de escravos e ex-escravos no século XIX
negociavam a liberdade. O primeiro registro escrito da irmandade data
de 1876.
Dessa forma, o Congado de Uberlândia é uma expressão
cultural de matriz africana que completa mais de um século de
apropriações, conformismos e resistências aos instrumentos católicos
e estratégias governamentais de manutenção das diferenças
econômicas e sociais com fins de manter práticas essenciais para a
construção da identidade e
realização dos projetos de vida do
povo negro da região.
O Congado pode ser
apreciado hoje, através da
participação e observação durante
a festa, as campanhas, e também
no dia a dia dos praticantes. A
pesquisa de campo, que possibilita
inúmeras entrevistas, e os registros
9
escritos sobre o ritual no município, constatados por meio dos
documentos da Irmandade do Rosário e São Benedito, da diocese,
do Cartório de Registro e Títulos de Uberlândia, dos jornais e revistas
forma um conjunto rico em fontes para a apreciação da manifestação
cultural durante século e meio. A partir dessas fontes existe uma
gama de publicações através da prefeitura e sindicatos da cidade,
além de monografias e dissertações nas áreas de História,
Antropologia, Artes e Letras da Universidade Federal de Uberlândia e
uma recente produção videográfica.
1.2.Pesquisa: reconhecimento dossujeitos
1.2.1.Metodologia Geral
O registro de uma cultura popular nacional como
Patrimônio Cultural começa pela valorização das práticas,
rituais e formas de ação de uma comunidade numerosa
que mantém uma unidade sócio-cultural. Unidade essa,
no caso do Congado de Uberlândia, concebida a partir da diversidade
das tradições que carregam de geração em geração e como tal
sustenta a História desses sujeitos, a partir dos fundamentos
transmitidos de pais para filhos e não através de uma cronologia e
fatos precisos. Portanto, o trabalho para se chegar ao registro se dá
principalmente no campo, na convivência com os praticantes e no
complemento de leituras dos documentos escritos.
O diálogo entre a teoria e a prática esteve presente durante
todo esse percurso. Assim, os próprios segredos históricos,
engendrados nos discursos e práticas dos congadeiros, ao serem
desvendados, trouxeram, eles mesmos, à tona a importância de se
registrar o ritual como
um patr imônio
imaterial do Brasil.
Diante da
multiplicidade das narrativas, é
necessário que provas
(documentação oral e escrita),
retórica (teoria) e reconhecimento
da comunidade (desejo do
congadeiro de salvaguardar a sua
prática) andem junto, fazendo a
elaboração de um texto amarrado
e sólido capaz de valorizar a
cultura e sua manutenção por
meio também do seu registro.
intro
dução
10
Para isso, houve uma
pesquisa iniciada em 2000 que hoje
possibilita o diálogo direto e aberto
com a comunidade de congadeiros.
O contato com as tradições do
Congado da região se
consol idou em dois
produtos; um, a monografia
do curso de Especialização
em Educação Fundamental,
intitulado de “Pluralidade
Cultural no Ensino Formal de
História: Congado como
Fonte de Conhecimento”; e
outro, a dissertação de
mestrado em história, “A
dança da tradição: Congado de Uberlândia, século XX”, os
dois pela Universidade Federal de Uberlândia. Um terceiro
está se constituindo a partir da pesquisa para a tese de
doutorado do programa em História Social da Cultura na Puc-
Rio, iniciada em 2005. (contato: [email protected])
No que concerne à pesquisa foi importante enxergar
na documentação (oral, iconográfica e escrita) as ações e
atitudes que repetem e as que causam estranhezas para
compor um quadro do que é a prática do Congado sem alusões
a outras culturas populares de matrizes africanas ou católicas.
Durante os anos de pesquisa fiz entrevistas e tirei
fotos - algumas que eram solicitadas; outras pela beleza; mas,
principalmente, para documentar o que via. Esse trabalho de
fotografia sistematizado com
bases na antropologia visual
transforma as fotos em caderno
de campo (Guran, 2000). Assim,
constituí um acervo etnográfico
bastante diversificado que foram
não só analisadas e utilizadas
para se integrarem ao discurso
que construí, mas também que
foram entregues a cada
congadeiro que aparecia nas
imagens. Não importava onde
fosse o trabalho de campo, em
Uberlândia ou na região, pegava
o endereço do fotografado e
enviava-lhe a foto posteriormente.
O compromisso de devolução
das fotos criou uma situação de
convivência, um motivo para
estarmos juntos na festa,
compartilhando da alegria que é
dançar e cantar no ritmo do
tambor.