Comunicare Geral

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Ano 16 n o 215 - 4 o período de jornalismo PUCPR Curitiba, dezembro de 2012 Variedades HQ retrata a vida de jovens que se envolveram com drogas e agora buscam um novo caminho. Com a falta de estrutura familiar, eles passam a viver na rua. A Chácara Os Meninos de 4 Pinheiros é onde eles encontraram refúgio. Pág. 16 Em dez anos, 526 mil jovens foram mortos no país de forma violenta. Campanhas de apoios aos jovens surgem para fortalecer o processo contra a violência. Porém, Curitiba está em 6º lugar no ranking de homicídios entre crianças e adolescentes. Sendo os bairros, Cidade Industrial, Uberaba, Sítio Cercado e Cajuru, os com maior número de homicídios. A capital apresenta uma taxa de 55,9 homicídios a cada 100 mil habitantes. Morrer, ficar desconectado do mundo e ser excluído da sociedade, são os principais medos dos jovens atualmente. Pág. 12 Com dobro de jurados das edições passadas e novo método de votação, a premiação do teatro paranaense, Gralha Azul, renova sua identidade. Em 2012 o evento conta com roteiro e direção de Edson Bueno, e será realizado no Guairinha, no dia 11 de dezembro. A partir das escolhas dos indicados, pode-se perceber que as mudanças realizadas resultaram em um grupo de linguagens variadas, além de abrir espaço para novos artistas no espaço cultural curitibano. Págs. 08 e 09 Política Depois de dois anos de espera, o projeto que visa instituir feriado no dia da consciência negra em Curitiba, tem êxito na votação. O ex vereador Clementino Tomaz Vieira foi à Câmara acompanhar a votação e defender a proposta. Pág. 10 Trofeu Gralha Azul É alto o número de jovens mortos no país CULTURA Confira conteúdo extra POLÍCIA Ariane Priori Nivia Kureke Olívia D’agnoluzzo

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Assim como na edição passada, o Comunicare de Dezembro não tem um tema definido, mas traz uma diagramação diferente de cada editoria.

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Page 1: Comunicare Geral

Ano 16 no 215 - 4o período de jornalismo PUCPR

Curitiba, dezembro de 2012

VariedadesHQ retrata a vida de jovens que se envolveram com drogas e agora buscam um novo caminho. Com a falta de estrutura familiar, eles passam a viver na rua. A Chácara Os Meninos de 4 Pinheiros é onde eles encontraram refúgio.Pág. 16

Em dez anos, 526 mil jovens foram mortos no país de forma violenta. Campanhas de apoios aos jovens surgem para fortalecer o processo contra a violência. Porém, Curitiba está em 6º lugar no ranking de homicídios entre crianças e adolescentes. Sendo os bairros, Cidade Industrial, Uberaba, Sítio Cercado e Cajuru, os com maior número de homicídios. A capital apresenta uma taxa de 55,9 homicídios a cada 100 mil habitantes. Morrer, ficar desconectado do mundo e ser excluído da sociedade, são os principais medos dos jovens atualmente.Pág. 12

Com dobro de jurados das edições passadas e novo método de votação, a premiação do teatro paranaense, Gralha Azul, renova sua identidade. Em 2012 o evento conta com roteiro e direção de Edson Bueno, e será realizado no Guairinha, no dia 11 de dezembro. A partir das escolhas dos indicados, pode-se perceber que as mudanças realizadas resultaram em um grupo de linguagens variadas, além de abrir espaço para novos artistas no espaço cultural curitibano.Págs. 08 e 09

PolíticaDepois de dois anos de espera, o projeto que visa instituir feriado no dia da consciência negra em Curitiba, tem êxito na votação. O ex vereador Clementino Tomaz Vieira foi à Câmara acompanhar a votação e defender a proposta.Pág. 10

Trofeu Gralha Azul É alto o número de jovens mortos no país

CULTURA

Confira conteúdo extra

POLÍCIA

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opinião02

Não se pode dizer que o ser humano pára de se iniciar. O desenvolvimento intelectual, espiritual, e mesmo o fisiológi-co, não comporta interrupções. Pode-se dizer que a todo o momento nos moldamos e reconstituímos o que pensáva-mos ser. Ninguém é tão alheio ao ambiente que lhe circunda e nem tão ausente do interno que não sinta a necessidade de se alterar continuadamente. As circunstâncias são muitas, a fisiologia, o hereditário, o momento histórico-social e a cultura são elementos que não se desvinculam no processo de edificação do ser – consciente ou não. Cabe aos homens se construir ao mesmo tempo em que constroem o mundo.

Ao nascer, uma criança precisa se adaptar ao plano histórico-cultural em que se in-sere. É diante dessa variedade

de fatores que ela constrói seus códigos comportamentais. São regras, preceitos e fórmulas que dão forma às suas fanta-sias, sensações e desejos. Sua personalidade passa a se definir no momento em que se conecta e precisa responder ao ambien-te à que tem acesso.

Num mundo em que a voz dominante é a dos adultos, a criança se perde no reflexo distorcido que a apresentam. O pequeno ser humano se en-contra no centro de uma triste constatação: sim, de fato ele é pequeno, mas isso não significa que seja um “ser” menor. A ideia de que se trata de um indivíduo sem anseios, sem liberdade e sem capacidade de comunicação cria uma barrei-ra entre ele e o adulto – que é exatamente quem poderia tornar menos penosa a sua adaptação social.

Há quem diga que vivemos um período em que a criança se tornou a vitrine do adulto. Es-peramos que ela aja da mesma maneira com que conduzimos nossas ações. Queremos ser um modelo para ela, sem nem mesmo lembrarmo-nos com exatidão da própria experiência infantil e quando nos recorda-mos de algo, o fazemos sob a

ótica atual, diminuindo as suas necessidades e vendo seus an-seios de maneira depreciada.

Não há espaço para o lú-dico, para o onírico, perde-se em sensibilidade e os estilos de vida de um adulto e de uma criança passam a se equivaler. Valores que não condizem com sua própria condição de ser e de viver são incorporados com naturalidade. Não há grande espanto em ver uma criança “fazendo coisas de adulto”, pelo contrário, acha-se bonito e digno de menção. A atitude de forçosamente envelhecer o ser humano provoca a perda da espontaneidade.

Precisa-se resgatar a noção de que a fase adulta provém da infância, elas não são mo-mentos distintos da vida, se complementam e se integram, juntas, constituem um ser em sua singularidade. A infância precisa ser encarada como um período importante e crucial para a vida do ser humano, exatamente como se faz com os outros momentos da exis-tência, e não como uma vida dependente dos adultos.

Esquecemos que pensa-mos diferentemente de tantos, inclusive das crianças. Não somos melhores ou piores do

Jornal debate direito à reflexão sobre a morte dos outrosMorrer é um efeito colateral

da vida, assim como as infecções de inverno, os cânceres do Sol ou os gases do feijão com linguiça. Você quer morrer? Sim, um dia. Mas todas as madrugadas são quase vinte que se vão violen-tamente em Curitiba e Região Metropolitana. Não esperam nem por um dia. No Paraná, são “vergonhosos” os números de homicídios – por definição oficial do governador. As razões passam especialmente pela rota do tráfico de drogas. Entre o Paraguai, São Paulo e Rio, a maconha e a cocaína puxam o gatinho por aqui. De 2009 até o primeiro semestre de 2011, fo-ram 815 as prisões por tráfico no estado, uma conta que considera

somente o trabalho da Polícia Rodoviária Federal.

Stalin foi quem disse: “Uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatís-tica”. Mas quem se importa – ti-rem o cadáver da rua porque ele está atrapalhando o trânsito. Mas somos um outro tipo – já imagi-nou – melhor do que os pais e avós dessas cidades com cheiro de pólvora. Para eles, a morte só parece incomodar quando é de casa – quem já enterrou gente antiga, na companhia dos parentes, sabe que, por determi-nação ritual, é preciso sofrer até o esgotamento, para ficar bem na foto. Eu, hein.

Em nossas redações é quase o contrário. Nunca pegou bem

se emocionar. Não é o caso de ficar de chororô cada vez que se constrói uma notícia, mas fingir que existe essa nossa frieza – que não existe – é que nos leva sistematicamente para os consultórios psiquiátricos e para fora do noticiário. Somos cientistas humanos e não agen-tes funerários.

Dizem por aí o que vende jornal – para ler, ver na TV, tan-to faz – cachorrinhos sorrindo, mulheres bonitas e fantásticas histórias de horror. Raquel Ge-nofre, Alessandra Betim, Rafaeli Lima. Vendemos a carne dos ou-tros para poupar a nossa. Somos quase sempre um jornalismo árido e bocó, que exuma as ex-periências dos outros com mais

Francisco Mallmann

Vinícius Sgarbe é jornalista, foi repórter das re-

des G1/Globo.com, rádios CBN e BandNews, e da

RPC TV.

desprezo do que aquele que viola sepulturas em busca de metais preciosos. Sim, prezado Francis-co Mallmann, estamos privados de pensar na morte como parte da vida, reduzidos à esgotante história do último que morreu em 2012 e do primeiro que nasceu em 2013.

EXPEDIENTEPontifícia Universidade Católica do Paraná

Rua Imaculada Conceição 1.115, Prado Velho, Curitiba/PR

Dezembro de 2012 – Edição 215

Reitor

Ir. Clemente Ivo Juliatto

Decana da Escola de

Comunicação e Artes

Eliane Cristine Francisco Maffezzolli

Coordenador do Curso de

Jornalismo

Julius Nunes

COMUNICARE

Jornalista Responsável

Julius Nunes DRT-PR 5156

Coord. de Projeto Gráfico

Marcelo Públio

EDITORIAS

CAPA: Nivia Kureke

OPINIÃO: Francisco Mallmann

INTERNET: Heron Torquato

ENTREVISTA: Isabela Bandeira

MEIO AMBIENTE: Natalia Concentino

CIDADES: Paulo Semicek

POLÍTICA: Samara Macedo

ECONOMIA: Bruna Habinoski

CULTURA: Laura Nicolli

EDUCAÇÃO: Letícia da Rosa

COMPORTAMENTO: Marcio Morrison

POLÍCIA: Lais Capriotti

ESPORTES: Rodolfo Luis Kowalski

SAÚDE: Rafaela Bez

VARIEDADES: Ruthielle Borsuk

Curitiba, dezembro de 2012

que elas. Somos diferentes. Enquanto um traça seus pas-sos racionalmente e se mostra prudente, outro segue seus desejos e revela-se instintivo. Cada indivíduo constrói seu caminho de crescimento, não é o desenvolver-se que gera o aprendizado, mas o contrário.

Sejamos, portanto, honestos e respeitosos com aqueles que são futuro e esperança. Que a liberdade que almejamos também seja compartilhada com eles.

Não me ensinem a viver

Page 3: Comunicare Geral

mês da consciência negra: um espaço para discussões e questionamentos sobre as diferenças

Um ponto de partida para a reflexão socialDesde a morte de Zumbi dos Palmares, o dia 20 de novembro é marcado como uma memória da reinvindicação da liberdade negra

Por que e como foi criado o dia da consciência negra?

Surgiu através de uma rein-vindicação a partir de uma

discussão do movimento negro. Na época, eu participava de ações em Guarapuava de um grupo que se organizava. Essa discussão co-meçou quando se completavam cem anos da extinção da escra-vidão pela princesa Isabel, em 1988. Porém, esta data não é nada significativa para nós, negros, pois inicialmente não tínhamos sido colocados em sociedade como sujeitos atuantes. Por isso, dia 20 de novembro foi marcado como o dia de reflexão da condi-ção do afrodescendente no Brasil.

Porque foi escolhido dia 20 de novembro?Foi o mesmo dia em que hou-ve o fim do primeiro grande

movimento brasileiro de resis-

tência. Acabou em 1965, com a morte do seu líder, conhecido popularmente como Zumbi dos Palmares. Então, essa data é mais significativa em relação à resis-tência e fim da escravização.

A reflexão sobre a cultura e história negra pode ser

feita sucintamente em um dia específico?

Eu, pessoalmente, não acho que isso seja suficiente, por-

que um dia é dedicado a esse tipo de discussão e os outros 364 dias do ano passam em branco. Para mim, o dia 20 de novembro é um dia como outro qualquer na se-mana. Como professor, eu sem-pre proponho uma reflexão sobre isso em qualquer momento den-tro da sala de aula. E eu, atuando na sociedade, também faço parte dessa consciência cotidiana dos negros em ação.

Existe algum ponto negati-vo na data?

O problema é o dia 20 de novembro ser con-

siderado apenas mais um feriado como o dia 7 de setembro, por exemplo. Nesse dia, as pessoas discutem sobre isso e em outros dias do ano, as pessoas não fazem mais reflexões sobre o

que é a consciência negra. Alguns grupos de movi-

mentos negros usam esse dia para trazer a reflexão, a amplia-

ção dessa discussão, mas o mais interessante é despertar esse tipo de discussão para o cotidiano das pessoas.

Há um vídeo do repórter Mike Wallace entrevistan-

do o ator Morgan Freeman so-bre o dia da consciência negra, que está sendo muito compar-tilhado nas redes sociais desde o último dia 20 de novembro. Você compartilha da mesma opinião que ele?

Helena Bianchi GóesIsabela Bandeira Saciotti

Sim, eu vi e concordo com ele. No vídeo, Freeman diz

que não é necessário criar um dia da consciência negra se so-mos todos seres humanos. O que o Morgan Freeman diz naquele discurso [do vídeo] que eu acho muito interessante é chamar a atenção, justamente, para a di-ferença usada como motivo para discriminação. O que ele faz, em uma proporção diferente da mi-nha, é uma atuação como negro em destaque e que vira modelo para muita gente. Essa didáti-ca atinge pessoas que ainda não compartilham do mesmo pensa-mento. Eu acho o argumento dele muito bom. Até, porque, isso desperta nas pessoas a vontade de refletir sobre o assunto.

Freeman diz no ví-deo, que o racismo

poderia ser diminuído de uma forma geral se

as pessoas parassem de se chamar de “negras” ou

“brancas”. Como professor e como membro da socieda-

de, você acha essa afirma-ção correta?

Eu discordo dele nesse ponto. Dizer que eu não

enxergo a diferença entre dois seres humanos pode ser consi-derado um tipo de discrimina-ção, pois há diferença – a da cor da pele. Essas diferenças vão continuar existindo e as pessoas devem falar delas. Se elas não

O Dia da Consciência Negra, celebrando no Brasil no dia 20 de novembro, é consi-derado um ponto de partida para a reflexão sobre a condição do negro na so-ciedade brasileira. Nele, são organizadas pales-tras e eventos educativos, procurando minimizar a propagação e crescimento do auto-preconceito e da inferiorização da cor da pele. São debatidos temas como a in-serção no mercado de trabalho, cotas universitárias, a beleza negra e preconceito em modo geral. Ao mesmo tempo que valoriza, gera polêmica por poten-cializar a diferença entre raças. Sandro Luis Fernandes, de 48 anos, é professor de Sociologia e já foi convidado para participar de alguns debates sobre o assunto. Ele se consi-dera negro e acredita que um dia proposto para refletir e questionar a posição deste grupo na sociedade brasileira desde a resistência à escravidão é algo importante, mesmo que não seja suficiente.

Sandro Fernandes discute a importância do dia da consciência negra

falam, também não podem lutar por um “mundo igual”. Eu, por exemplo, chamo meu filho Pedro carinhosamente de “meu bran-co”, porque ele é branco. Ao meu olhar, isso não é nada. Agora, marcar as pessoas por essa diver-sidade e atribui-la como qualida-de, ou usá-la como uma diferença de espaço social, é sim uma for-ma de discriminação. A questão é entender o que são essas diferen-ças, por que elas existem e se é importante ou não que se tornem algo que estabeleça uma distin-ção que leve ao preconceito.

Muitas pessoas passam a questionar o dia da cons-

ciência negra, então, como um dia que poderia existir para muitos: “dia da consciência homo afetiva”, “dia da consci-ência masculina”, entre outros. Acha que esse questionamento é relevante?

Primeiramente, existe o dia da consciência negra, por-

que os negros reivindicaram isso. A parada gay e o dia da mulher mulher existem também, porque lutaram por isso também. Existe preconceito contra o homosse-xual, existe preconceito contra a mulher e existe o preconceito contra o negro. Esses dias exis-tem para que as pessoas reflitam sobre qual o problema que está atrás de tudo isso. Mas como disse antes, não há um único dia para discutir sobre a importância do homossexual ou da mulher na sociedade.

“Essas diferenças vão c o n t i n ua r e x i s t i n d o e a s p e s s o a s d e v e m

falar delas ”

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Sandro FernandeS

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ComunicareDezembro de 2012

entrevista 03

Para ler mais sobre o Dia da Consciência Negra

virar feriado municipal de Curitiba, veja a página 10

do Comunicare

Page 4: Comunicare Geral

Ações sustentáveis exigem planejamento e estudoPreocupação ambiental aliada à busca por inovação são as metas de quem constrói casas a favor da natureza Buscar um menor impacto ambiental é a justificativa para quem procura por casas sus¬tentáveis, que possuem diversas mudanças não observadas nas residências normais. Alguns sis¬temas, como o wood frame (sistema que utiliza madeira na construção) e o steel frame (que utiliza ferro) chegaram ao Brasil e estão possibilitando a construção de moradias com materiais alternativos. O sistema wood frame foi o escolhido por Eduardo Melo, empresário de Curitiba, que utilizou os modos sustentáveis na construção de sua casa. “Quis empregar esse sistema porque é mais vantajoso e renovável, já que é feito de madeira. Co-nheci essa alternativa quando ainda morava nos Estados Unidos, quando vim para o Brasil, encontrei a Tecverde e a Eco’s house que utilizavam esse sistema, que aqui não é comum e pude construir mi-nha casa”, conta o empresário. Caio Bonatto, fala que esse método trazido pela Tecverde, existe há mais de 100 anos e foi criado nos Estados Unidos e Canadá. Bonatto afirma que “é um sistema capaz de redu-zir o tempo e o número de fun¬cionários na obra, além de reduzir a emissão de CO2 em aproximadamente 80%. Também dobra a eficiência técnica e acústica da casa, podendo ser uma boa opção para o mercado brasileiro”. A t i t u d e s c o m o uti¬lização de tijolo de solo--cimento, madeira com cer--tificação de origem, sistema de energia solar, sistema de captação de água da chu¬va e obtenção de estação domés-tica de tratamento de esgoto ajudam e devolvem ao meio ambiente menos poluentes.

Eduardo Melo acredita que no Brasil ainda não existem muitas casas com esse tipo de material por falta de costume, “falta um pouco de aceitação por uma questão cultural. Precisa de mais casas no Brasil inteiro, independente do clima da cidade, para as pessoas entenderem que é uma boa alternativa e que apesar de pa-recerem frágeis elas são bastantes resistentes ao tempo”, completa o empresário. Já Bonatto diz que o consumidor sempre busca ideias bacanas e por isso as empresas do ramo precisam ter ofertas interessantes e não ficar só no óbvio. “As pessoas buscam meios de consumo mais

04MEIO AMBIENTE COMUNICARE

bacanas, quando você for construir uma casa vai buscar coisas diferentes que sejam legais, assim como quando você vai comprar um celular novo, chama mais atenção aquele que apresenta mais recur¬sos. Portanto temos que oferecer alter-nativas diferentes e interessantes, que façam a pessoa querer colocar na sua casa”, comenta.

Curitiba, dezembro de 2012

Créditos: Carolina CachelMayara Duarte

Natalaia Concentino

Page 5: Comunicare Geral

PROGRAMA LEVA ALUNOS PARA O EXTERIORAlunos de escolas públicas ganham oportunidade de conhecer um novo país por meio do programa Jovens Embaixadores

EDUCAÇÃO

Bianca ThoméLetícia da Rosa Costa

Div

ulga

ção

Programa Jovens Embaixadores 2012

Segundo o Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano e a Secretaria da Educação do governo do estado do Paraná, o Programa Jovens Embaixadores foi criado em 2002 com o intuito de fortalecer os laços entre Brasil e Estados Unidos. O Programa pretende beneficiar alunos brasileiros de rede pública, que apresentam bons conhecimentos em inglês e que sejam exemplos em cidadania e possuam perfil de liderança e excelência acadêmica, ainda pertencendo à camada soc ioeconômica menos favo rec ida .O Programa conta com a parceria dos setores público e privado de ambos os países envolvidos, beneficiando alunos com uma viagem de três semanas para os Estados Unidos - caso seja um estudante brasileiro – com a oportunidade de expandirem seus conhecimentos culturais e fortalecer as relações de respeito e colaboração entre Brasil e Estados Unidos, além de ganhar o titulo de Jovem Embaixador e representar seu estado fora do país. Durante a viagem, os estudantes postam no blog oficial do Programa e contam como anda a experiência estrangeira.O Programa Jovens Embaixadores também é produzido em outros 25 países além do Brasil. Desde seu início, mais de 250 estudantes da rede pública já tiveram a oportunidade de embarcar nesta viagem e compartilhar suas experiências. São três meses para a seleção dos candidatos, sendo sete etapas pelas quais eles devem passar e entre elas estão: Inscrição e entrevista pelo Facebook, questionário e documentação, exame escrito e oral, entre outros. O Programa auxilia com custos de passaporte, compra de roupas de frio nos Estados Unidos, seguro-saúde, visto e passagens internacionais e domésticas para ida e volta da viagem. O período total entre inscrições e o embarque para o exterior é em média cinco meses.Os estudantes Paulo Abrão Mileo de Sapopema (18) do Paraná e Fábio Ricardo Araújo da Silva (18) de Belo Horizonte, Minas Gerais, tiveram que passar por um longo processo de seleção para enfim se tornarem Jovens Embaixadores: Inscrição no site oficial, envio de documentos, cartas de recomendação, análise de documentos, prova escrita e oral em inglês. Depois disso, alguma instituição com parceria no programa escolhe dois

nomes e os envia para a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília onde é feita a última análise e seleção dos candidatos. “Tenho as melhores expectat ivas! Conhecer outro país sempre foi um sonho pra mim, pra falar a verdade, a ficha ainda não caiu”, declara Paulo Abrão sobre a viagem que ocorrerá dia 11 de janeiro de 2013. E para Fábio Ricardo a experiência possui um grande peso na sua formação tanto acadêmica como pessoal, “Vai complementar meu curriculum de forma singular. E como eu quero participar também do programa Ciência sem Fronteiras, ser selecionado para o programa irá ajudar muito”. Paulo afirma que a viagem é um diferencial no mercado de trabalho, “O programa pesa e muito, sem dúvida! Ser um dos 37 Jovens Embaixadores selecionados de 16.500 brasileiros tentando, com certeza fazem a diferença na hora de ser selecionado, por exemplo, em uma entrevista de emprego”.Os jovens que irão para os Estados Unidos como Jovens Embaixadores ficam com famílias americanas para vivenciar outra cultura. A estudante Alice Nicolau (19) que

representou o seu estado, Alagoas, foi jovem embaixadora no ano de 2012 e conta como foi a experiência obtida, “Realizei

trabalhos voluntários e participei de workshops, como os Jovens Embaixadores procuram desenvolver práticas de liderança nos adolescentes e enfocam bastante essa consciência social.” Alice ressalta as mudanças que sofreu com a pós viagem, “Ser uma Jovem Embaixadora foi bastante importante para mim, porque me

mudou completamente como indivíduo. Autoconfiança, habilidade para desenvolver projetos sociais e liderança, além de um

ampliador de horizontes profissionais e de mente mesmo. Saímos todos ansiosos para aplicar nossos planos nos nossos estados, conseguir outras oportunidades, bolsas de estudos, e muitos de nós conseguimos”.

PRÉ-REQUISITOS PARA O TESTE

- Nunca ter viajado para o exterior- Ter entre 15 e 18 anos- Boa fluência escrita e oral em inglês- Pertecer à camada socieconômica menos favorecida- Ser aluno do ensino médio da rede pública- Ser comunicativo- Possuir habilidade de liderança e iniciativa

Nivia
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Nivia
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Só para conferir. É da proposta de diagramação não ter parágrafo? Se for, não tem problema, se não for, colocar parágrafos...
Nivia
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Page 6: Comunicare Geral

PARTE DO SISTEMA DE MOBILIDADE DE CURITIBA, PAINÉIS TÊM A FUNÇÃO DE MELhORAR O FLUxO DE CARROS

Eficácia dos painéis eletrônicos do trânsito é questionada por motoristas Em funcionamento desde

março deste ano, os painéis eletrônicos no trânsito de Curi-tiba continuam dividindo opini-ões entre motoristas, pedes-tres e usuários do transporte público. Os equipamentos fazem parte da primeira fase de implantação do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), projeto de obras para a Copa do Mundo de 2014, um inves-timento total de R$ 61 milhões. Ao todo foram instalados 14 painéis na capital, com o obje-tivo de melhorar a mobilidade do trânsito, principalmente ao redor do Anel Viário, conjunto de ruas reformadas pela Prefei-tura, e que permitem o desloca-mento rápido entre os bairros sem passar pelo Centro. Além dos painéis, 21 câmeras de monitoramento foram instala-das em pontos estratégicos. No

entanto, o sistema ainda possui falhas de execução.

A equipe do Comunica-re conseguiu encontrar pelo menos dois painéis que não estavam funcionando correta-mente, localizados nas Ruas Chile e Brigadeiro Franco, além de aparelhos em teste espa-lhados no terminal do hauer, instalados a dois meses. Em

relação ao trânsito, críticas e elogios se misturam. “Eu acho que o recurso atrapalha os mo-toristas, por distrair a maioria, que não presta a atenção nos carros ao redor. Além disso, a forma como foi colocado, sem estética, não agradou.” comenta um taxista do bairro Alto da xV, que preferiu não se identificar.

Marcos Garcia

06AUSÊNCIA DO ôNIBUS DE TURISMO E hORáRIO DIFERENTE ChAMAM A ATENÇÃO DE qUEM VISITA A RUA

A Rua 24 Horas que fica aberta... até às 22hTradicional ponto turístico curitibano voltou a funcionar após 5 anos, mas ainda faltam detalhes para aumentar o movimento

Inaugurada em 1991, a Rua 24 horas chamou a aten-ção por ser o primeiro ponto turístico do país aberto dia e noite. Com 120 metros de ex-tensão e 12 de largura, e com 34 lojas, como restaurantes, caixas eletrônicos, bancas de jornal, a rua, inaugurada pelo então prefeito Jaime Lerner, fez sucesso nos primeiros anos, tendo como marca registrada o relógio central, que marcava as 24 horas do dia. Porém, algum tempo depois, o lugar começou a conviver com pro-blemas, como falta de público e a violência de madrugada, até fechar em 2007, servindo apenas como passagem para pedestres. Em 2011, ela foi reaberta, mas ainda enfrenta algumas dificuldades para vol-

tar a ser reconhecida como já foi no passado.

Passados 21 anos da inau-guração, o nome já não faz mais sentido. Após uma obra que custou cerca de quatro mi-lhões de reais, as lojas da Rua 24 horas funcionam apenas

das 9h até às 22h, podendo se ter prorrogação de horário até às 23h, caso preciso. A volta de um símbolo da cidade agrada, mas muitos acreditam que a rua está perdendo o seu charme. É o que diz o professor José Carlos, frequentador da

antiga 24 horas. “O diferencial era funcionar 24 horas por dia, foi o que fez dela conhecida em todo o Brasil. É legal vê-la de novo, mas não é a mesma coisa. Era legal sair da aula a noite e vir dar uma relaxada’’.

No entanto, o novo horário

estabelecido é aprovado por alguns lojistas do lugar. “É melhor agora, funcionando até às 22h. Se voltar a ser 24 horas vai voltar aquela agitação e também os problemas.’ diz a lojista Maria Sirlei. Porém, há também os pontos negativos, que podem ser sanados pela Prefeitura. Um deles é a volta do ponto do ônibus de turismo em frente ao local. Com a mu-dança do ponto, o movimento de turistas diminuiu, conta Maria: “os lojistas reclamam que o movimento diminuiu, e realmente está menor’’.

Com prós e contras, a nova 24 horas ainda está recome-çando sua trajetória como pon-to turístico da capital. Os mora-dores e turistas aguardam a rua voltar a receber o movimento que já teve no passado.

Cinco anos após sua desativação, Rua 24 Horas espera ter o sucesso de antigamente

Paul

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ekPedro DominguesPaulo Semicek

cidadesdezembro de 2012

Painel na Rua XV de Novembro mostra mensagens educativas

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Já para o motorista Juarez Abdul, 52 anos, os painéis eletrônicos têm o seu lado positivo. “É útil a presença dos painéis porque isso facilita o deslocamento, apesar de eu não reparar muito neles quan-do estou dirigindo na maioria das vezes. Mesmo assim, acho importante que informem quais os locais congestionados”, finaliza. A educação no trân-sito também é valorizada por George Yamazaki, 59 anos. “A principal importância é porque ele chama a atenção de quem vê e alerta os motoristas para que eles sejam mais educados. hoje em dia nós vemos brigas e discussões a todo momento no trânsito, e é extrema-mente necessário que essas mensagens sejam passadas, talvez isso ajude a melhorar a relação entre os motoristas”, completa. Mas não é apenas a eficácia que é questionada.

Os usuários do trânsito tam-bém criticam a falta de outros projetos para a melhoria da mobilidade urbana na capital, como por exemplo viadutos, trincheiras e sincronização de semáforos, citando até um possível jogo político por trás da instalação dos painéis. “Certamente houve uma in-tenção do político que estava em mandato neste ano em usar esse recurso para valo-rizar sua candidatura, já que essa obra não me parecia tão importante neste momento quanto outras”, afirma o ta-xista Miguel Sichon, 66 anos.

Procurada pela reportagem do Comunicare, a assessoria de imprensa da URBS, empre-sa que administra todo o Sis-tema Integrado de Mobilidade, afirmou que não poderia res-ponder aos questionamentos até o fechamento desta edição.

Page 7: Comunicare Geral

Pesquisa revela que variação no preço do mesmo brinquedo pode chegar a 405%

Foram analizados uma loja comum, uma loja de shopping e um supermercado em CuritibaA menos de um mês para o Natal,

as lojas e mercados vêm se prepa-rando para a época de grande movi-mento. Uma pesquisa realizada pelo jornal Comunicare, em três estabele-cimentos da capital, constatou quais são os brinquedos mais procurados pelos pais de crianças de diferentes gêneros e faixas etárias, e chegou ao resultado de que a variação é grande de um local para o outro.

O artigo mais procurado para meninos entre dois e cinco anos são os carrinhos de brinquedo. O preço mais baixo foi encontrado no Su-permercado Extra. A variação foi de 405% em relação ao mais barato da loja Boomerang, localizada dentro de um shopping. A mesma acontece entre o brinquedo mais pedido pelas meninas da mesma faixa etária, a di-ferença é que a oferta mais barata foi encontrada nas Lojas Americanas, no Centro e a mais cara se manteve na loja Boomerang.

A menor variação também é expressiva, fica em cerca de 15%, e é entre os preços do jogo de tabuleiro Banco Imobiliário, o brinquedo mais pedido entre me-ninos e meninas acima de 10 anos.

Ivan Schmitt, as-sessor de imprensa da Associção Co-mercial do Paraná, relatou que este ano a expectativa de venda no Natal é 7% maior que no ano passado. Além disso Schmitt afirma que a variação de preço entre lojas loca-lizadas em shoppings e o comércio de rua é justificada através do custo de operação “lojas em shoppings têm um custo bem mais elevado, como o maior aluguel da locação e o gasto rateado da publicidade, por

exemplo”, diz Schmitt. E são estas variações que fazem a diferença no preço de venda “obviamente as des-pesas são lançadas no preço final, refletindo no bolso do consumidor” finaliza Ivan Schmitt.

Fernanda Almeida, mãe de dois meninos, afir-ma sempre fazer pesquisa antes de comprar o presente “esta pesquisa aju-da na redução dos gastos e é muito importante, pois consigo economi-zar comprando o produto da mesma qualidade e igual ao de outros luga-res, por um valor

mais barato”.Marcia Marks, técnica do Servi-

ço de Proteção ao Consumidor do Paraná (PROCON-PR) conta que a orientação ao consumidor é realizar uma análise dos preços antes de comprar o produto. “Hoje em dia, com o acesso a internet é bem mais fácil realizar a pesquisa”. Marcia ain-

da complementa que esta pesquisa deve ser feita em pelo menos três estabelecimentos diferentes.

Os preços são livres em todo o país, cada estabelecimento define qual o valor cada produto vai rece-ber, e assim ser colocado à venda. A técnica do PROCON-PR reafirma os fatores citados pelo assessor de imprensa da Associação Comercial do Paraná, Ivan Schmitt. E ainda complementa dizendo que as lojas de departamento, o comércio de rua, em sua grande maioria, conseguem com os fornecedores um maior número de produtos por um preço acessível.

Elias Zattar Neto, concorda com as pesquisas, e diz que suas duas fi-lhas mais novas, Maria Julia e Maria Clara, pediram as bonecas “Monster High” de presente de Natal “entre as meninas, esta é a febre do momento, elas querem tudo que esteja ligado a essas bonecas, elas tem umas doze bonecas, fantasias, filmes, quebra cabeça”.

Curitiba, dezembro de 2012ECONOMIA

07

Ana Luiza SouzaBruna Habinoski

Cecília Moura

“Com o acesso à internet

é bem mais fácil realizar a

pesquisa”

Febre das bonecas “Monster High” pode pesar no orçamento dos pais

Cec

ília

Mou

ra

Page 8: Comunicare Geral

cultura08 Curitiba, dezembro de 2012

Dos anos 1990 até 2006, a Pe-dreira Paulo Leminski, o Parque Barigui e o Estádio Couto Pereira sediavam as principais apresenta-ções de música do Brasil. Os even-tos culturais da cidade criaram um circuito cultural movimenta-do, que abria espaço para artistas locais, assim como sustentavam um vínculo com o público. O cin-ema passou a ser desenvolvido na capital paranaense, assim como diversas outras artes. Mas algo mudou.

CinemaO site Filme B, o mais com-

pleto portal sobre o mercado cin-ematográfico do país, constatou em 2011 que as produções nacio-nais respondem por apenas 8,9% da audiência curitibana, a menor média entre as capitais brasileiras. O cineasta radicado em Curitiba Aly Muritiba, responsável por dirigir Com as próprias mãos, A fábrica e Circular, relata sua ex-periência com a capital, “As pes-soas aqui nem batem palma. Tem aquela frase do Rafael Urban que é ótima, ele diz que o curitibano fala bem por trás. Ele é tão em “si mesmado” que ele não vai até você elogiar teu trabalho, só para outra pessoa, ou na internet. É uma característica daqui. O que é preocupante é o que as pessoas aproveitam em comparação com o que é ofertado”, diz.

Muritiba relata que com o nív-el educacional que Curitiba tem, e com o poder aquisitivo da popu-lação, poderia e deveria consumir mais produtos artísticos. “Nós te-mos muitos espaços disponíveis para arte aqui na cidade, e muitos deles vivem vazios, largados às moscas, e isso mostra o pouco in-teresse que a população ainda tem por cultura”, diz.

Música No último ano, outro fato

alarmante foram os cancelamen-tos de diversos shows pela pouca venda dos ingressos. Entre eles estão: Linkin Park, Cavalera Conspiracy, Festival Green Fest, CJ Ramone, The Adicts e Suzi Quatro.

Sergio Mazul, proprietário da produtora de shows Neural Ma-chine, explica que hoje se tem um volume maior de shows com menos expressão e sem venda de ingressos suficiente, sendo cancelados por falta de retorno financeiro e os shows maiores, de artistas internacionais com re-torno garantido, tendo preços de ingressos inflacionados e muitas vezes não acontecendo em Cu-ritiba. Este último fato está ligado a maneira que as produtoras lo-cais criaram para obterem um re-torno satisfatório que compense a baixa lucratividade ou até o prejuízo tomado pelos shows me-nos expressivos. “Acredito que um mercado saturado com tan-tos buscando seu “lugar ao sol” e trabalhando de maneira relativa-mente despreparada, em vista das exigências do mercado musical atual, acarreta em eventos de ban-das autorais locais vazios e sem o devido valor”, diz Mazul.

Um show local obtém menor público do que um internacio-nal. Um filme nacional dificil-mente terá mais bilheteria que um “blockbuster” americano. Para muitos, infelizmente, esta lógica se aplica aos mais diversos setores da cultura.

Literatura Benedito Costa Neto, Profes-

sor e Escritor curitibano, relata que não possui leitores. “Meu editor já manifestara essa preo-cupação, lembrando que minha escrita é difícil. Creio que haja também um contexto assim: me-nos leitores, leitores que preferem uma literatura mais fácil, mais rápida, algo que tem a ver com o momento histórico que vivemos: um mundo da rapidez e do imedi-ato, um mundo do “que vem de-pois”, do consumo que morre já no momento da compra. Fico um pouco triste por viver numa época em que o saber estupidamente é procurado na internet. Vivo isso como professor e tal realidade por vezes me enerva, por vezes me entristece”, comenta.

Artes CênicasA atriz Angela Stadler tra-

balha com teatro há 16 anos, estuda Artes Cênicas na FAP e já trabalhou fora do Brasil. Ela explica que não existem salas de teatro lotadas em todas as sessões de uma temporada em Curitiba. As pessoas vão pouco ao teatro, e o público que vai geralmente é o mesmo: pessoas da classe artística (ou família e amigos), pessoas envolvidas de alguma forma com aquela determinada produção, pouco público leigo.Angela acredita que isso se deve a desvalorização da arte e do ar-tista por parte das pessoas e dos políticos. “Vivemos num país de terceiro mundo onde a arte é con-siderada supérflua. Concorremos indiretamente com a alimentação, o vestuário, o transporte, etc; e diretamente – no caso do teatro – com o cinema, a internet, as séries nacionais e internacionais e a TV a cabo. Há necessidade de formação de público para o teatro e investimento do governo nessa área”, diz.

PolíticaO Deputado Estadual Stepha-

nes Junior foi responsável pela Semana Cultural das Bandas e Fanfarras, e possui dois projetos de lei no setor de cultura. Stepha-nes acredita que o setor cultural em Curitiba possui uma demanda muito grande, é muito atuante, mas ainda falta apoio por parte do governo. “Acredito que pos-samos fazer festivais musicais. É necessário criar um ambiente em que os artistas locais possam ter destaque nacional. Falta opor-tunidade para que eles se apre-sentem e apoio para gravação.Deveríamos ter um poder público que apoia muito mais do que já se está fazendo”. Para o Deputado, a grande oferta de arte na cidade inteira acarreta na divisão irregu-lar do público, ocasionando situa-ções já citadas, de exposições, peças ou shows vazios. “O que falta é o governo intervir para direcionar as pessoas para cada circuito”, finaliza.

O prêmio de teatro para-naense Gralha Azul, realizado anualmente, pelo Centro Cultural Teatro Guaíra, em parceria com o Sindicato dos Artistas e Técni-cos em Espetáculos de Diversão do Paraná (SATED), divulga lista dos 14 finalistas em suas catego-rias, com objetivo de premiar os destaques das artes cênicas para-naense. A cerimônia de premi-ações será no dia 11 de dezembro às 20 horas, no Guairinha, com roteiro e direção de Edson Bue-no. A entrada é gratuita. A partir das escolhas da comissão, é pos-sível perceber que o novo método adotado esse ano para escolher os finalistas resultou em grupos com linguagens variadas.

Em sua 33ª edição, a única premiação destinada aos profis-sionais das artes cênicas do es-tado, é renovada após intenso debate entre atores e diretores. A principal mudança está na quanti-dade de avaliadores da comissão, que dobrou para dez profissionais escolhidos por sorteio pelo Sated. Para concorrer a uma vaga, é necessário ter um registro profis-sional na área, com no mínimo cinco anos, e ter realizado três projetos recentemente.

Edson Bueno é diretor da Companhia de Teatro Delírio há mais de 25 anos, este ano ele é o responsável pelo roteiro e direção do evento. “Pela primei-ra vez eu tive a oportunidade de assistir a todos os espetáculos profissionais que se in-screveram ao prêmio em um ano (no total 41) e pude fazer uma leitura muito abrangente do movimento teatral”, diz Bueno explica que não existem critérios para a votação, “Eu acho isso muito bom porque votar tem que ser um exercício democrático. Crité-rios determinariam uma pré-seleção e isso descar-acterizaria o prêmio que

é para todo o teatro paranaense e não para essa ou aquela lingua-gem”, finaliza. Além de participar da comissão, o diretor também foi indicado em nove categorias com seu espetáculo Satyricon Delírio.

Mudanças do ano Nas edições passadas, cinco

jurados se encontravam para dis-cussão dos possíveis premiados, após de já ter ocorrido uma vota-ção. Em 2012, o método de aval-iação mudou para o sorteio de 10 profissionais que trabalham com teatro, e o voto de cada um deles ser feito online com validade de 24h horas após assistir cada espe-táculo, criando uma transparência da premiação. Com esta decisão, muitos artistas mudaram seu pon-to de vista em relação ao evento. “Eu nunca me inscrevia para con-correr ao prêmio, mas neste ano, por essas mudanças propostas pe-los próprios artistas, pela reivin-dicação do prêmio para a cidade, resolvi fazer minha inscrição”, comenta a diretora da companhia Ave Lola, Ana Rosa Tezza.

Indicados em sete categorias, incluindo melhor espetáculo, O maleficio da mariposa, de Fed-erico Garcia Lorca, montagem da companhia Ave Lola, teve um

processo de criação e pesquisa de dois me-

ses com dez horas de ensaio por dia. “Nosso trabalho acontece através das necessi-dades que sur-gem a partir da montagem. Não

trabalhamos com estudo de mesa,

esperamos que a obra se manifeste. acreditamos que o teatro acontece no corpo do ator”, fi-naliza a diretora.

Porque Não Es-tou Onde Você Está, quarto espetáculo desenvolvido pela Súbita Companhia de Teatro, recebeu o mesmo número de

09Curitiba, dezembro de 2012

Em 2012, o Projeto de Lei, proposto pelo deputado Stephanes Junior, que insere o Réveillon Fora de Época no calendário oficial de even-tos do Estado, foi aprovado em primeiro e segundo turno pela Assembléia Legislativa do Paraná (Alep).A proposta que passou quase unanimamente pelo plenário, em ambos os turnos, ainda deve ser estruturada por uma Comissão de Redação e votada mais uma vez antes de ser apreciada pelo Poder Executivo. A comemoração homenageia a referência de que o ano só começa para o brasileiro depois do carnaval. Na sua primeira edição, o evento contou com 3 mil pessoas na Praça da Espanha, não houve mí-dia oficial, apenas divulgação pelas redes sociais. Em 2012 participaram quase 30 mil pessoas, e para o próximo ano estão previstas aproximada-mente 50 mil. Com estes números se tornou inviável para que o evento permaneça no mesmo local. Nas outras edições, a polêmica foi gerada pelo grande número de brigas, confusão com os vizinhos, falta de es-trutura, uma pessoa responsável, alvará, policiamento, ruas fechadas, sanitários e lugares para alimentação. “Foi algo bom pelo movimento em si, mas gerou muitos problemas. A ideia é que já que no ano que vem deve-se esperar tantas pessoas, não dá mais para se pensar em fazer na praça da Espanha. Conversei com os organizadores, com o pessoal do Batel Soho e do Abrabar, expliquei que tornando o evento uma data do Paraná, a gente consegue um investimento”, declara Stephanes. Para os próximos anos, o evento tomará lugar em um espaço mais apropriado e que comporte tantas pessoas, além disso, a aprovação da lei exigirá que haja ao menos um responsável oficial, o que não acon-teceu nas outras edições, já que os criadores da festa se mantêm anôni-mos. Para o Deputado, o Governador deve sancionar a lei nas próximas semanas. A partir dai os jovens que idealizaram já podem procurar a sec-retaria de grandes eventos para a organização das próximas edições. “Já que dizem que o ano começa depois do carnaval, eles estão oficializando isso”, diz.

indicações. O texto é inspirado nas obras do escritor norte ameri-cano Jonathan Safran Foer. A companhia, que surgiu em 2007, tem como proposta criar uma linguagem contemporânea e au-toral.

Em seus três trabalhos anteri-ores, pesquisaram a fisicalidade como elemento para a criação dos textos autorais e neste projeto tra-balharam pela primeira vez com uma adaptação. “Em nossos tra-balhos anteriores utilizávamos o corpo dos atores para propor situações que originariam os tex-tos. Neste trabalho resolvemos criar as situações a partir do texto, pensando em explorar os míni-mos movimentos propostos pela dramaturgia no corpo dos atores”, declara Maíra Lour, indicada na categoria de melhor direção.

Além das indicações na premi-ação, as duas companhias foram paralelamente selecionadas pelo prêmio Myriam Muniz na catego-ria novas montagens e ganharão R$100 mil do Ministério da Cul-tura para a criação de um novo es-petáculo. A companhia Ave Lola propôs uma adaptação contos de Tchekhov. E a Súbita companhia uma parceria com os mineiros da Cia. Casca de Nós, que prevê intercâmbio entre os grupos para adaptar contos da gaúcha radicada em São Paulo,Veronica Stieger.

Laura Nicolli Victor Hugo

ATOR COADJUVANTE

MAURÍCIO VOGUE por “Satyricon Delírio”

JEFF BASTOS por “Peça Ruim”

EVANDRO SANTIAGO por “Satyricon Delírio”

TIAGO LUZ por “As Aven-turas de Pinóquio”

SÁVIO MALHEIROS por “Peça Ruim”

ATRIZ COADJUVANTE

HELENA PORTELA por “Porque Não Estou Onde Você Está”

REGINA VOGUE e VIDA SANTOS por “Satyricon Delírio”

SIMONE MAGALHÃES por “As Aventuras de Pinóquio”

PATRÍCIA CIPRIANO por “Peça Ruim”

ATOR

VAL SALLES por “O Malefí-cio da Mariposa”

LEANDRO DANIEL CO-LOMBO por “A Meia Noite Le-varei Teu Cadáver”

TIAGO LUZ por “Satyricon Delírio”

CLEYDSON NASCIMENTO por “Em Breve Nos Cinemas”

LUIZ BERTAZZO por “Peça Ruim”

ATRIZGIOVANA DE LIZ por “Os

Saltimbancos”MARIANA RIBEIRO por

“Peça Ruim”ALESSANDRA FLORES por

“O Malefício da Mariposa”JANINE DE CAMPOS por

“O Malefício da Mariposa”JANAINA MATTER por

“Porque Não Estou Onde Você Está”

DIREÇÃO

EDSON BUENO por “Satyr-icon Delírio”

ANA ROSA TEZZA por “O Malefício da Mariposa”

MAÍRA LOUR por “Porque Não Estou Onde Você Está”

EDSON BUENO por “Kafka - A Vigília”

DIMIS JEAN SORES por “Peça Ruim”

ESPETÁCULO

“O MALEFÍCIO DA MARI-POSA” da Cia Ave Lola

“SATYRICON DELÍRIO” do Grupo Delírio Cia de Teatro

“PORQUE NÃO ESTOU ONDE VOCÊ ESTÁ” da Súbita Companhia de Teatro

“KAFKA - A VIGÍLIA” do Grupo Delírio Cia de Teatro

“EM BREVE NOS CINEMAS” da Cia Teatro de Breque

Curitiba se mostra pouco receptiva a eventos culturais Troféu Gralha azul renovado

“Com as indicações deste ano, percebemos que as monta-gens com maior nível de pesquisa corporal e do universo estudado

foram valorizadas pela comissão”Maíra Lour, Atriz e Diretora.

Indicados nas principais categorias

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cultura08 Curitiba, dezembro de 2012

Dos anos 1990 até 2006, a Pe-dreira Paulo Leminski, o Parque Barigui e o Estádio Couto Pereira sediavam as principais apresenta-ções de música do Brasil. Os even-tos culturais da cidade criaram um circuito cultural movimenta-do, que abria espaço para artistas locais, assim como sustentavam um vínculo com o público. O cin-ema passou a ser desenvolvido na capital paranaense, assim como diversas outras artes. Mas algo mudou.

CinemaO site Filme B, o mais com-

pleto portal sobre o mercado cin-ematográfico do país, constatou em 2011 que as produções nacio-nais respondem por apenas 8,9% da audiência curitibana, a menor média entre as capitais brasileiras. O cineasta radicado em Curitiba Aly Muritiba, responsável por dirigir Com as próprias mãos, A fábrica e Circular, relata sua ex-periência com a capital, “As pes-soas aqui nem batem palma. Tem aquela frase do Rafael Urban que é ótima, ele diz que o curitibano fala bem por trás. Ele é tão em “si mesmado” que ele não vai até você elogiar teu trabalho, só para outra pessoa, ou na internet. É uma característica daqui. O que é preocupante é o que as pessoas aproveitam em comparação com o que é ofertado”, diz.

Muritiba relata que com o nív-el educacional que Curitiba tem, e com o poder aquisitivo da popu-lação, poderia e deveria consumir mais produtos artísticos. “Nós te-mos muitos espaços disponíveis para arte aqui na cidade, e muitos deles vivem vazios, largados às moscas, e isso mostra o pouco in-teresse que a população ainda tem por cultura”, diz.

Música No último ano, outro fato

alarmante foram os cancelamen-tos de diversos shows pela pouca venda dos ingressos. Entre eles estão: Linkin Park, Cavalera Conspiracy, Festival Green Fest, CJ Ramone, The Adicts e Suzi Quatro.

Sergio Mazul, proprietário da produtora de shows Neural Ma-chine, explica que hoje se tem um volume maior de shows com menos expressão e sem venda de ingressos suficiente, sendo cancelados por falta de retorno financeiro e os shows maiores, de artistas internacionais com re-torno garantido, tendo preços de ingressos inflacionados e muitas vezes não acontecendo em Cu-ritiba. Este último fato está ligado a maneira que as produtoras lo-cais criaram para obterem um re-torno satisfatório que compense a baixa lucratividade ou até o prejuízo tomado pelos shows me-nos expressivos. “Acredito que um mercado saturado com tan-tos buscando seu “lugar ao sol” e trabalhando de maneira relativa-mente despreparada, em vista das exigências do mercado musical atual, acarreta em eventos de ban-das autorais locais vazios e sem o devido valor”, diz Mazul.

Um show local obtém menor público do que um internacio-nal. Um filme nacional dificil-mente terá mais bilheteria que um “blockbuster” americano. Para muitos, infelizmente, esta lógica se aplica aos mais diversos setores da cultura.

Literatura Benedito Costa Neto, Profes-

sor e Escritor curitibano, relata que não possui leitores. “Meu editor já manifestara essa preo-cupação, lembrando que minha escrita é difícil. Creio que haja também um contexto assim: me-nos leitores, leitores que preferem uma literatura mais fácil, mais rápida, algo que tem a ver com o momento histórico que vivemos: um mundo da rapidez e do imedi-ato, um mundo do “que vem de-pois”, do consumo que morre já no momento da compra. Fico um pouco triste por viver numa época em que o saber estupidamente é procurado na internet. Vivo isso como professor e tal realidade por vezes me enerva, por vezes me entristece”, comenta.

Artes CênicasA atriz Angela Stadler tra-

balha com teatro há 16 anos, estuda Artes Cênicas na FAP e já trabalhou fora do Brasil. Ela explica que não existem salas de teatro lotadas em todas as sessões de uma temporada em Curitiba. As pessoas vão pouco ao teatro, e o público que vai geralmente é o mesmo: pessoas da classe artística (ou família e amigos), pessoas envolvidas de alguma forma com aquela determinada produção, pouco público leigo.Angela acredita que isso se deve a desvalorização da arte e do ar-tista por parte das pessoas e dos políticos. “Vivemos num país de terceiro mundo onde a arte é con-siderada supérflua. Concorremos indiretamente com a alimentação, o vestuário, o transporte, etc; e diretamente – no caso do teatro – com o cinema, a internet, as séries nacionais e internacionais e a TV a cabo. Há necessidade de formação de público para o teatro e investimento do governo nessa área”, diz.

PolíticaO Deputado Estadual Stepha-

nes Junior foi responsável pela Semana Cultural das Bandas e Fanfarras, e possui dois projetos de lei no setor de cultura. Stepha-nes acredita que o setor cultural em Curitiba possui uma demanda muito grande, é muito atuante, mas ainda falta apoio por parte do governo. “Acredito que pos-samos fazer festivais musicais. É necessário criar um ambiente em que os artistas locais possam ter destaque nacional. Falta opor-tunidade para que eles se apre-sentem e apoio para gravação.Deveríamos ter um poder público que apoia muito mais do que já se está fazendo”. Para o Deputado, a grande oferta de arte na cidade inteira acarreta na divisão irregu-lar do público, ocasionando situa-ções já citadas, de exposições, peças ou shows vazios. “O que falta é o governo intervir para direcionar as pessoas para cada circuito”, finaliza.

O prêmio de teatro para-naense Gralha Azul, realizado anualmente, pelo Centro Cultural Teatro Guaíra, em parceria com o Sindicato dos Artistas e Técni-cos em Espetáculos de Diversão do Paraná (SATED), divulga lista dos 14 finalistas em suas catego-rias, com objetivo de premiar os destaques das artes cênicas para-naense. A cerimônia de premi-ações será no dia 11 de dezembro às 20 horas, no Guairinha, com roteiro e direção de Edson Bue-no. A entrada é gratuita. A partir das escolhas da comissão, é pos-sível perceber que o novo método adotado esse ano para escolher os finalistas resultou em grupos com linguagens variadas.

Em sua 33ª edição, a única premiação destinada aos profis-sionais das artes cênicas do es-tado, é renovada após intenso debate entre atores e diretores. A principal mudança está na quanti-dade de avaliadores da comissão, que dobrou para dez profissionais escolhidos por sorteio pelo Sated. Para concorrer a uma vaga, é necessário ter um registro profis-sional na área, com no mínimo cinco anos, e ter realizado três projetos recentemente.

Edson Bueno é diretor da Companhia de Teatro Delírio há mais de 25 anos, este ano ele é o responsável pelo roteiro e direção do evento. “Pela primei-ra vez eu tive a oportunidade de assistir a todos os espetáculos profissionais que se in-screveram ao prêmio em um ano (no total 41) e pude fazer uma leitura muito abrangente do movimento teatral”, diz Bueno explica que não existem critérios para a votação, “Eu acho isso muito bom porque votar tem que ser um exercício democrático. Crité-rios determinariam uma pré-seleção e isso descar-acterizaria o prêmio que

é para todo o teatro paranaense e não para essa ou aquela lingua-gem”, finaliza. Além de participar da comissão, o diretor também foi indicado em nove categorias com seu espetáculo Satyricon Delírio.

Mudanças do ano Nas edições passadas, cinco

jurados se encontravam para dis-cussão dos possíveis premiados, após de já ter ocorrido uma vota-ção. Em 2012, o método de aval-iação mudou para o sorteio de 10 profissionais que trabalham com teatro, e o voto de cada um deles ser feito online com validade de 24h horas após assistir cada espe-táculo, criando uma transparência da premiação. Com esta decisão, muitos artistas mudaram seu pon-to de vista em relação ao evento. “Eu nunca me inscrevia para con-correr ao prêmio, mas neste ano, por essas mudanças propostas pe-los próprios artistas, pela reivin-dicação do prêmio para a cidade, resolvi fazer minha inscrição”, comenta a diretora da companhia Ave Lola, Ana Rosa Tezza.

Indicados em sete categorias, incluindo melhor espetáculo, O maleficio da mariposa, de Fed-erico Garcia Lorca, montagem da companhia Ave Lola, teve um

processo de criação e pesquisa de dois me-

ses com dez horas de ensaio por dia. “Nosso trabalho acontece através das necessi-dades que sur-gem a partir da montagem. Não

trabalhamos com estudo de mesa,

esperamos que a obra se manifeste. acreditamos que o teatro acontece no corpo do ator”, fi-naliza a diretora.

Porque Não Es-tou Onde Você Está, quarto espetáculo desenvolvido pela Súbita Companhia de Teatro, recebeu o mesmo número de

09Curitiba, dezembro de 2012

Em 2012, o Projeto de Lei, proposto pelo deputado Stephanes Junior, que insere o Réveillon Fora de Época no calendário oficial de even-tos do Estado, foi aprovado em primeiro e segundo turno pela Assembléia Legislativa do Paraná (Alep).A proposta que passou quase unanimamente pelo plenário, em ambos os turnos, ainda deve ser estruturada por uma Comissão de Redação e votada mais uma vez antes de ser apreciada pelo Poder Executivo. A comemoração homenageia a referência de que o ano só começa para o brasileiro depois do carnaval. Na sua primeira edição, o evento contou com 3 mil pessoas na Praça da Espanha, não houve mí-dia oficial, apenas divulgação pelas redes sociais. Em 2012 participaram quase 30 mil pessoas, e para o próximo ano estão previstas aproximada-mente 50 mil. Com estes números se tornou inviável para que o evento permaneça no mesmo local. Nas outras edições, a polêmica foi gerada pelo grande número de brigas, confusão com os vizinhos, falta de es-trutura, uma pessoa responsável, alvará, policiamento, ruas fechadas, sanitários e lugares para alimentação. “Foi algo bom pelo movimento em si, mas gerou muitos problemas. A ideia é que já que no ano que vem deve-se esperar tantas pessoas, não dá mais para se pensar em fazer na praça da Espanha. Conversei com os organizadores, com o pessoal do Batel Soho e do Abrabar, expliquei que tornando o evento uma data do Paraná, a gente consegue um investimento”, declara Stephanes. Para os próximos anos, o evento tomará lugar em um espaço mais apropriado e que comporte tantas pessoas, além disso, a aprovação da lei exigirá que haja ao menos um responsável oficial, o que não acon-teceu nas outras edições, já que os criadores da festa se mantêm anôni-mos. Para o Deputado, o Governador deve sancionar a lei nas próximas semanas. A partir dai os jovens que idealizaram já podem procurar a sec-retaria de grandes eventos para a organização das próximas edições. “Já que dizem que o ano começa depois do carnaval, eles estão oficializando isso”, diz.

indicações. O texto é inspirado nas obras do escritor norte ameri-cano Jonathan Safran Foer. A companhia, que surgiu em 2007, tem como proposta criar uma linguagem contemporânea e au-toral.

Em seus três trabalhos anteri-ores, pesquisaram a fisicalidade como elemento para a criação dos textos autorais e neste projeto tra-balharam pela primeira vez com uma adaptação. “Em nossos tra-balhos anteriores utilizávamos o corpo dos atores para propor situações que originariam os tex-tos. Neste trabalho resolvemos criar as situações a partir do texto, pensando em explorar os míni-mos movimentos propostos pela dramaturgia no corpo dos atores”, declara Maíra Lour, indicada na categoria de melhor direção.

Além das indicações na premi-ação, as duas companhias foram paralelamente selecionadas pelo prêmio Myriam Muniz na catego-ria novas montagens e ganharão R$100 mil do Ministério da Cul-tura para a criação de um novo es-petáculo. A companhia Ave Lola propôs uma adaptação contos de Tchekhov. E a Súbita companhia uma parceria com os mineiros da Cia. Casca de Nós, que prevê intercâmbio entre os grupos para adaptar contos da gaúcha radicada em São Paulo,Veronica Stieger.

Laura Nicolli Victor Hugo

ATOR COADJUVANTE

MAURÍCIO VOGUE por “Satyricon Delírio”

JEFF BASTOS por “Peça Ruim”

EVANDRO SANTIAGO por “Satyricon Delírio”

TIAGO LUZ por “As Aven-turas de Pinóquio”

SÁVIO MALHEIROS por “Peça Ruim”

ATRIZ COADJUVANTE

HELENA PORTELA por “Porque Não Estou Onde Você Está”

REGINA VOGUE e VIDA SANTOS por “Satyricon Delírio”

SIMONE MAGALHÃES por “As Aventuras de Pinóquio”

PATRÍCIA CIPRIANO por “Peça Ruim”

ATOR

VAL SALLES por “O Malefí-cio da Mariposa”

LEANDRO DANIEL CO-LOMBO por “A Meia Noite Le-varei Teu Cadáver”

TIAGO LUZ por “Satyricon Delírio”

CLEYDSON NASCIMENTO por “Em Breve Nos Cinemas”

LUIZ BERTAZZO por “Peça Ruim”

ATRIZGIOVANA DE LIZ por “Os

Saltimbancos”MARIANA RIBEIRO por

“Peça Ruim”ALESSANDRA FLORES por

“O Malefício da Mariposa”JANINE DE CAMPOS por

“O Malefício da Mariposa”JANAINA MATTER por

“Porque Não Estou Onde Você Está”

DIREÇÃO

EDSON BUENO por “Satyr-icon Delírio”

ANA ROSA TEZZA por “O Malefício da Mariposa”

MAÍRA LOUR por “Porque Não Estou Onde Você Está”

EDSON BUENO por “Kafka - A Vigília”

DIMIS JEAN SORES por “Peça Ruim”

ESPETÁCULO

“O MALEFÍCIO DA MARI-POSA” da Cia Ave Lola

“SATYRICON DELÍRIO” do Grupo Delírio Cia de Teatro

“PORQUE NÃO ESTOU ONDE VOCÊ ESTÁ” da Súbita Companhia de Teatro

“KAFKA - A VIGÍLIA” do Grupo Delírio Cia de Teatro

“EM BREVE NOS CINEMAS” da Cia Teatro de Breque

Curitiba se mostra pouco receptiva a eventos culturais Troféu Gralha azul renovado

“Com as indicações deste ano, percebemos que as monta-gens com maior nível de pesquisa corporal e do universo estudado

foram valorizadas pela comissão”Maíra Lour, Atriz e Diretora.

Indicados nas principais categorias

Page 10: Comunicare Geral

“Falta formação moral e ética para os vereadores”

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL É CONTRA FERIADODia 20 de novembro po-

derá ser feriado em Curitiba a partir de 2013. Projeto já foi enviado para o Poder Executivo.

O Paraná tem três milhões de afrodescendentes, sendo que 500 mil estão situados na cidade de Curitiba, o que corresponde a 23,3% da população da capital, se-gundo o Centro Cultural Humaita. No entanto, mesmo com números significativos, Curitiba não estava entre as cidades que comemoram o dia da Consciência Negra. Em 2010, o então vereador Clementino Tomaz Vieira, criou um projeto com o propósito de tornar esse dia, feriado. Porém, a iniciativa que está sendo debatida só este ano e já foi aprovada pela Câmara de Vereadores, causa discussão sobre sua efetividade.

O vice-presidente da Associação

Vereadores aceleram votações, mas descaso no plenário incomoda público

A Câmara Municipal de Curitiba tem corrido contra o tempo para transformar projetos em leis antes que os novos componentes da Prefeitura comecem a exercer o mandato. No entanto, para os que acompanham a votação, o que marca não é o que pode ou não ser melhorado na cidade, e sim o descaso e a inquietude de muitos vereadores durante as sessões.

De acordo com o presidente da Câmara, João Luiz Cordeiro (João do Suco), a conversa é

necessária para que as decisões sejam tomadas. “As pessoas que vem até a Casa não têm a compreensão desta dinâmica. Ela é necessária, porque na maioria das vezes está se discutindo a situação do projeto”, afirma.

O vereador Júlio César Sobota (conhecido como Jul ião da Caveira), expõe que, na verdade, há uma grande falta de respeito. “Esse lugar é uma zona total”, ressalta.

Pa ra quem acompan hou

pela primeira uma votação no plenário, como Maria da Glória Vieira, educadora, a situação é chocante. Ela afirma nunca ter visto tamanha falta de respeito. E exemplifica: “A gente fala para as crianças, quando um fala, o outro escuta. Aqui ninguém presta atenção na “historinha” do outro e depois ainda se acha no direito de julgar o que é bom ou ruim para a sociedade”. Robson da Silva que é assessor da Força Sindical acompanha as sessões há oito anos e garante que isso é comum. “Falta formação moral e ética para os vereadores”, declara.

Ariane Priori

Projetos podem demorar anos para serem avaliados

Bianca C. Santos

mais um feriado no calendário certamente vai contribuir para o aumento das perdas financeiras dos empreendimentos”.

O vereador Algaci Tulio, que defendeu o projeto perante a Casa

Comercial do Pa-raná (ACP), Gláu-cio Geara, que teve permissão para apresentar seu ponto de vista diante dos verea-dores, afirmou, que a entidade “não é contrária ao Dia da Consci-ência Negra e ao reconhecimento dos méritos de quaisquer etnias, mas tem a res-ponsabi l idade de advertir que

Com ímpeto jornalístico que almeja mudanças, sai animada para ir pela primeira vez a uma votação no plenário. Já era sabido que seria uma grande experiência, mas não que seria tão marcante e com certeza, inesquecível.Plenário - conjunto (total ou parcial) dos vereadores municipais, reunidos em sessão para debater matérias de interesse público ou para deliberar sobre proposições legislativas em pauta*. De 38 vereadores, 28 compareceram. Em meio a chegadas de 15, 30 minutos de atraso, cumprimentos, celulares tocando e muita conversa paralela, é lido um projeto de lei, o qual já é de conhecimento dos vereadores, ou deveria ser. A questão aqui não é saber ou não sobre o que está sendo discutido e sim o respeito.Sinto-me em uma sala de 5° ano, onde a professora tenta explicar o conteúdo e meus colegas se comportam como se estivessem no recreio.Como estudante de jornalismo, aspirante a professora universitária, quem sabe, o que foge aos meus olhos, mas não sai da minha mente é o salário recebido por esses profissionais que não aprenderam se quer, a “historinha” de que quando um fala o outro escuta.* Definição retirada do glossário legislativo da Câmara dos Vereadores

OPINIÃO

Adeptos à iniciativa comemoram 1o dia de votação no plenário

diz que é lamentável a ACP querer constranger o vereador dizendo que se trata apenas de um feriado. “O projeto foi feito para reconhe-cer uma data histórica que todo o Brasil deveria ter”, comenta.

O idealizador dessa ideia, Cle-mentino Vieira, ressalta que se trata de uma mo-bilização social que representará a luta que existe há 4.000 anos. “É necessário festejar para se lembrar da importância de tais pessoas pe-rante a socieda-de”, diz.

O presidente do Centro Cul-tu ral Humaita ,

Candieiro Silva, acompanhou a votação no plenário e acredita que esse fato pode mudar a realidade. Ele explica que como a África é o berço da civilização, todas as pessoas são africanas. “Com

certeza é a libertação de um grito engasgado: Curitiba é negra”, desabafa.

Mesmo sendo considerado im-portante pelos políticos, o feriado não agrada à todos. Maria Costa, descente de negros, diz que a cidade já tem muitas datas come-morativas. “Para quem trabalha de segunda à sexta é bom ter feriados, mas para o Brasil isso não é in-teressante”, afirma. A curitibana Clevenice do Nascimento, pon-tua que o preconceito não existe apenas na capital. “Meu pai é um exemplo disso. Ele é negro e já foi vítima do racismo”, desabafa. Para o operador de crédito, José Luiz dos Santos, os feriados deveriam ser extintos. “Já tem folga demais e isso não vai mudar nada. O próprio negro é racista”, declara.

Vereador tem a ideia de um projeto e faz a planificação deste

com sua equipe.

PREFEITO

O projeto segue para o Departamento Jurídico e recebe

um parecer.

A proposta vai para comissões pertinentes (legislação e justiça). Além disso é avaliado o tema do projeto (saúde, economia, etc).

Para o projeto chegar aos vereadores, ele deve ser aprovado pelo presidente da Câmara.

Plenário: discussão em dois turnos. Pode receber emendas, subemendas, ser aprovado ou não.

O prefeito tem 15 dias para dar o decreto. Se reprovado, o projeto volta para a Câmara e é feito um novo debate.

Conheça o caminho:

Samara Macedo

Curitiba, dezembro de 2012

Política10

Page 11: Comunicare Geral

dietas, exercícios e procedimentos cirurgicos fazem parte do calendário pré-férias

Com final de ano, “projeto verão” está de voltaCom até três meses antes do verão, hábitos são modificados e alimentação fica em segundo plano para a maioria das pessoas

Comportamento 11

O verão está chegando e com ele o desejo de ter um corpo mais magro ou me-lhor definido. É raro alguém que esteja contente com a própria forma física. E para que isso aconteça, e visando um resultado a curto/médio prazo, existem inúmeros ca-sos de pessoas que apelam para exercícios em excesso e sem o acompanhamento de um profissional, dietas prejudiciais à saúde e, ainda, procedimentos cirúrgicos, como a lipoaspiração.

O período de três meses que antecede a estação de calor é a época do ano em que o número de frequen-tadores de academias mais cresce - cerca de 30%, de acordo com o site EFBR (Educação Física Brasil) -,

como consequência do fenô-meno que pode ser chama-do de “projeto verão”. Para aproveitar a praia ou piscina, por exemplo, pessoas que muitas vezes permanece-ram inativas durante o ano procuram fazer exercícios físicos para apresentarem um “corpo melhor” no verão. “Comecei meu projeto em outubro. Além da dieta, es-tou usando suplementos nas minhas atividades físicas, como corridas e outros exer-cícios aeróbicos. Já perdi cerca de 5kg”, disse Felipe Sousa, de 20 anos, adepto do processo intensivo e que pretende continuar com a dieta e os exercícios mesmo após o verão.

De acordo com o pro-fessor de Educação Física Ar thur Fernandes, essa prática pode ser prejudicial

Descubra quais são os riscos da lipoaspiração

João Pedro AlvesMarcio Kaviski

à saúde se realizada sem o acompanhamento de um profissional, um exame mé-dico para a avaliação do estado do organismo e uma dieta adequada. “É muito importante o acompanha-mento de um profissional capacitado. A prática de exercícios é perigosa e pode causar algum dano físico ao organismo“.

Muitas vezes esquecida, a alimentação é um fator pri-mordial para que o objetivo traçado no projeto verão seja alcançado - e de uma forma saudável, não prejudicial ao organismo. “Um conselho é procurar uma nutricionista para fazer um acompanha-mento dos alimentos consu-midos para que não prejudi-quem os objetivos de cada um“, declarou a nutricionista Maristela Vaccari Toppel.

Gasto calórico por minuto(kcal/minuto)

Fonte: Bem Estar/ Globo

15 kcal 12 kcal 12 kcal

12 kcal 11 kcal 11 kcal

10 kcal 10 kcal 9 kcal

9 kcal 8 kcal 6 kcal

6 kcal 5,5 kcal 5 kcal

Flávio Darin

Uma saída encontrada por algumas pessoas é a lipoaspiração. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), ela não deve ser usada para perder peso, e sim para remodelar partes específicas do corpo. No entanto, o paciente deve estar ciente que o procedimento oferece riscos à saúde e pode ter efeitos colaterais. Veja a seguir quais são eles:

• Cicatrizes desfavoráveis;

• Sangramento (hematoma);

• Acúmulo de líquido (seroma);

• Riscos anestésicos;

• Má cicatrização;

• Necrose da pele;

• Dormência ou demais alterações de sensibilidade da pele;

• Assimetria;

• Despigmentação da pele e/ou inchaço prolon-gado;

• Queimadura causada pelo ultrassom – técnica de lipoaspiração assistida por ultrassom;

• Danos em estruturas mais profundas tais como nervos, vasos sanguíneos, músculos e pulmões;

• Dor, que pode perdurar;

• Trombose venosa profunda, complicações cardíacas e pulmonares;

• Fios de sutura podem espontaneamente emergir na pele, tornando-se visíveis ou causar irritação que exija sua remoção;

• Possibilidade de novo procedimento cirúrgico.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Page 12: Comunicare Geral

polícia12

Aumenta violência contra os jovens no país

Dos 92 países participan-tes do ranking de ho-micídios entre crianças

e adolescentes, o Brasil é o 4° colocado. Quando falamos da violência nos estados, o Paraná f ica em 9°lugar. Afunilando ainda mais e falando de capitais, Curitiba é a 6ª mais violenta, com taxa de 55,9 homicídios a cada 100 mil habitantes. Curitiba apresenta três vezes mais assassinatos que São Paulo. Segundo Geraldo Pires, articulador da Casa do Juventude de Paraná, os bairros mais violentos da capital são, por ordem, Cidade Industrial, Uberaba, Sítio Cercado e Ca-juru. “O tráfico de drogas e a condição econômica baixa são os principais fatores que fazem um jovem cometer um crime”, afirma Pires.

O MEDO

E m d e z anos, 526 mil jo-vens foram ex-terminados no país. Esse nú-mero equivale à soma das popu-lações das cida-des de Piraquara, Pinhais, Colombo e Fazenda Rio Grande. As chances de um jovem entre 15 e 24 anos morrer assassi-nado é 2,5% maior do que de uma criança ou adulto. Quando questionado sobre seus medos, o jovem brasileiro enumera três: morrer, ficar desconectado do mundo e ser excluído da socie-dade. A estudante de psicologia da PUCPR, Emanuelle Protzek,

Curitiba, dezembro de 2012

Curitiba é a 6ª capital mais violenta do Brasil. As principais vítimas são jovens, negros e do sexo masculino

Colaboradores do Comunicare 2012, com o símbolo da campanha Chega de violência e extermínio de jovens

Lais Capriotti

confirma o medo da violência. “Hoje tenho medo de sair na rua de noite e sofrer algum tipo de violência, algumas pessoas simplesmente acham legal a agressão, e acabam causando-a de graça. Escutamos semanal-mente histórias de violência com jovens nas ruas e baladas”, afirma. Já Danniele Santos, estudante de letras na UFPR, comenta seu medo da exclusão social. “Pela minha condição financeira, tenho medo de ser excluída, até mesmo de não con-seguir um emprego decente”, conclui.

PRINCIPAIS VÍTIMAS

Comparado aos jovens europeus, um brasileiro tem 30 vezes mais chances de ser assassinado. Quando compara-mos com um morador da Ingla-terra ou do Japão, esse número

sobe para 70. Estatís-ticas mostram que

jovens negros e do sexo masculi-no sofrem mais violência. O Pa-raná é o único estado em que

morreram mais brancos do que

negros nos últimos anos. Porém, quando

falamos de sexo, os homens continuam na frente: 91,1% dos assassinatos foram de homens. Em uma pesquisa pro-movida pelo Instituto Cidada-nia, Perfil da juventude brasi-leira, fica evidente os números assustadores da violência: 46% dos jovens já perderam parentes ou amigos próximos de forma

violenta; 38% já viram de perto alguém que morreu de forma violenta, sendo que destes, 62% foram mortos assassinados. “Meu filho era novo, tinha só 18 anos, e foi assassinado por bo-beira. O amigo ficou com ciúmes da namorada e quis resolver de forma violenta”, conta uma mãe desconsolada*. “Na confraternização da Torcida Organizada Fúria Inde-pendente, passaram três carros em alta velocidade e começaram atirar sem motivo e sem rumo, dando 15 tiros em direção ao grupo que estava conversando tranquilamente. A rua estava bloqueada. Dos 15 tiros, somen-te um foi acertado, aquele que pegou na cabeça do meu irmão. Ele não gritou, não sentiu dor. Simplesmente colocou a mão na cabeça e perguntou o que estava acontecendo. Neste instante seus amigos o levaram para o pronto socorro, depois de mais ou menos 2 horas, ele faleceu”, relata Allison Raab Gonciero, irmão de Diego Henrique Raab Gonciero, assassinado no dia 1º de julho de 2012. A família de Diego recebeu o telefonema do hospital informando o ocorrido. Allison afirma que o primeiro sentimento foi de vingança, mas que logo passou deixando apenas a saudades. “A princípio foi a vingança, mas isso foi em primeiro momento. Hoje, eu sinto desejo de justiça e uma dor eterna pela morte do meu irmão. Passe o tempo que for, a morte dele, covarde, estrondo-sa e lamentável será lembrada para sempre, pois ele nunca fez mal algum a ninguém, jamais se envolveu em lados errados

e sempre foi preocupado com seus semelhantes. Meu irmão não merecia morrer, ele somen-te estava conversando com os amigos, comendo um churrasco e se divertindo. Morreu sorrindo e em momento algum quis que alguém tivesse pena dele, não queria que ninguém se preocu-passe com ele, pois não sabemos como, mas ele dizia que estava bem. O sentimento que fica além da saudade é o desejo de justiça à altura para quem cometeu essa atrocidade”, conclui.

SOLUÇÕES

Algumas campanhas contra a violência na juventude já foram realizadas. Em 2004,

por exemplo, a campanha A juventude quer viver. Em 2009 foi a vez da campanha Chega de violência e extermínio de jovens. Porém, a Casa da Juven-tude enumera cinco possíveis soluções para extermínio dessa violência. Política de segurança, identificação precoce e inter-venção imediata das situações de risco, ações de combate à exclusão e marginalização, atu-ação preventiva dos organismos estatais e qualificação dos pro-fissionais.

*Mãe que teve seu filho assassi-nado no início de 2012 e preferiu não ser identificada.

Lais CapriottiLeticia Moreira

“ D o s 15 tiros, so-

mente um foi acer-tado, aquele que pe-gou na cabeça do

meu irmão.”

Lais

Cap

riot

ti

Tinta vermelha representa sangue de jovens mortos

Page 13: Comunicare Geral

polícia 13

Groupon é o lider nacional de reclamaçõesSites de compras coletivas

são uma tendência mun-dial e representam um

nicho comercial extremamente lucrativo para vendedores e consumidores. Seu êxito no mercado de compras virtu-ais se deve à alta capacidade de demanda e aos descontos exorbitantes. Prova disso é o levantamento realizado, no primeiro semestre de 2012, pelo InfoSaveMe (ferramenta que monitora sites de compras coleti-vas) que aponta um faturamen-to de R$ 731,7 m i l h õ e s n o mercado bra-sileiro. E s s a modalidade de compras foi criada nos Estados Unidos, em 2008, com o lança-mento do site Groupon. No Brasil, o pioneiro foi o site Peixe Urbano, em 2010. A principal proposta desses sites é a oferta de produtos e serviços com descontos que podem chegar a 90%. E uma grande amplitude de negociantes que são pré-estabelecidos para que a compra seja efetuada.

PROBLEMAS

Todavia esse novo mer-cado não está livre de queixas e vem apresentando números crescentes de problemas. Em 2012, conforme divulgação do PROCON-SP houve um au-mento de 400% no número de reclamações destinadas a esses sites. Groupon, Peixe Urbano e ClickOn lideram o ranking de reclamações nacionais e todos eles, de acordo com o PROCON-SP, assumiram o compromisso de reduzir esta demanda. No Paraná, o número de processos administrativos instaurados pelo PROCON con-tra esses sites deu um salto de 64 para 530, entre 2010 e 2012. De acordo, com a pesquisa, rea-liza pela Gazeta do Povo, neste ano foram contabilizadas no

Curitiba, dezembro de 2012

Sites de compras coletivas apresentam um aumento de 400% no numero de queixas neste ano,segundo o PROCON-SP

Camila MódenaJéssica Fernanda

Grou-pon, Peixe

Urbano e ClickOn lideram o ranking de reclamações nacion-nacion-

ais, de acordo com o PROCON-SP

órgão de defesa do consumidor 1.302 orientações sobre sites de compras coletivas (envol-vendo reclamações e pedidos de informação) e 535 processos judiciais. O comerciante Murillo Rehder relata que no início de 2012 comprou pelo site ClickOn um pacote de hospedagem de sete dias em Recife. “O hotel parecia ótimo e con-

fortável, mas chegando lá percebi que ele não

tinha nenhuma se-melhança com as fotos apresenta-das no ClickOn, estava caindo ao pedaços e era desconfor-tável”.

Rehder a f ir ma que tentou ficar na

pousada, porém, no terceiro dia percebendo

que além das más condições, o local também não oferecia os serviços prometidos no site, resolveu se retirar e recebeu a devolução do valor pago pelos dias restantes. “Não culpo totalmente o ClickOn, pois o hotel é o gran-de responsável pela divulgação da propaganda enganosa a seu respeito, mas acredito que o site deveria se comprometer em fiscalizar as condições daquilo que divulga”, diz. Outro caso envolvendo sites de compras coletivas é o da estudantes de jornalismo (e colaboradora do Comunicare) Lais Capriotti, que comprou pelo Groupon um salto duplo de paraquedas na empresa Salto Duplo Curitiba. “O cupom da compra tinha validade de três meses, compramos em abril, e no final desse tempo o salto ainda não havia sido agendado. Revali-daram nosso cupom sem me darem uma data para o salto. Já estava recorrendo à ajuda judicial, quando f inalmente tive uma resposta satisfatória”, relata Lais. Somente em novembro, passados sete meses após a

compra, a universitária obteve retorno por parte da empresa e o agendamento definitivo do salto. Lais afirma também que diante desse conf lito sentiu muitas dúvidas sobre a quem recorrer para buscar uma re-solução: “não sabia se acionava o PROCON ou se procurava um advogado e aí fiquei na dúvida sobre contra quem deveria in-gressar, a empresa ou o site de compras”. Respondendo às ques-tões da estudante o advoga-do Luís Felipe Martini afirma que nesses casos, inicialmente, deve-se formalizar uma recla-mação no PROCON, que por sua vez marca uma audiência para conciliar as partes.“Caso essa audiência não seja frutífera na resolução do con-flito o próprio PROCON acon-selha o consumidor lesado a recorrer ao poder judiciário .” diz Martini. Q ues t ion ado sobr e quem processar num caso de lesão do consumidor em sites de compras coletivas, Martini explica tratar-se de uma res-ponsabilidade solidária.“Todos os membros da cadeia de produtos e serviços respondem solidariamente, isso significa que o consumidor pode acionar qualquer um ou todos os mem-bros, pois ambos são responsá-veis pela prestação de serviços”, explica. No momento de fazer as compras virtuais Martini acon-selha que o consumidor esteja atento à idoneidade virtual da empresa, buscando informações a seu respeito com outros com-pradores e aponta para a exis-tência de sites de reclamações que podem ser muitos úteis.“Atualmente existem sites de reclamações muito eficientes, como o reclameaqui.com e o nuncamais.net, que nada mais são do que espaços virtuais que servem para consumidores que se sentiram lesados prestarem seus reclames”, finaliza.

Page 14: Comunicare Geral

Com o fim da temporada do futebol brasileiro, os clubes já começam a se movimentar para reformular e reforçar seus elencos.

Após amargar o rebaixamen-to no ano de seu centenário, o Coritiba voltou a elite do futebol brasileiro em 2011 conquistan-do recordes e disputando títu-los. O Atlético encer-rou a Segundona em terceiro lugar e, um ano após o descen-so, reconquista seu lugar ao sol. A situa-ção mais delicada é a do Paraná, que disputará pelo sexto ano consecutivo a Segunda Divisão.

Em campo, o trio de ferro contará com em campo com au-tênticos camisas 10 identificados com seus respectivos clubes. No Coritiba, a torcida ainda vi-bra com o retorno de Alex, considerado por muitos torce-dores um “oásis” após um segundo semestre pífio. No Atlético, a permanên-cia de Paulo Baier, pedida pela torcida durante a última roda-da da Segunda Divisão, signifi-caria a manutenção do símbolo atleticano nos últimos anos. Já o Paraná aposta em Lucio Flavio, que já fez mais de 200 partidas pelo tricolor.

CORITIBAO clube do Alto da Glória

disputará pelo terceiro ano consecutivo a Primeira Divisão do Brasileiro. Após a derrota na partida contra o Cruzeiro, no dia 25 de novembro, o presi-dente Vilson Ribeiro de An-

Rodolfo L. KowalskiRuthielle Borsuk

Alexsandro de SouzaIdade: 35 anosPrincipais Clubes: Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe (TUR)História: Revelado pelo Coritiba em 1995, clube no qual atuou até 1997. Idolatrado pela torcida, Alex construiu sua carreira vitoriosa longe de Curitiba, sagrando-se campeão por clubes como Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe. Na Turquia, o meia tem até estátua. Pelo Coxa, tem 124 partidas e 28 gols.

Lucio Flavio dos SantosIdade: 33 anosPrincipais Clubes: Paraná, Atl. Mineiro, São Caetano e BotafogoHistória: Revelado pelo Paraná em 1997. Deixou o clube em 2001, quando transferiu-se para o São Paulo. Sempre foi visto como uma grande promessa, mas foi apenas no Botafogo, a partir de 2006, que se consagrou como grande atleta. Já fez 204 partidas pelo Paraná.

Paulo César BaierIdade: 38 anosPrincipais clubes: Criciúma, Goiás, Palmeiras e Atlético-PRHistória: Brilhou com a camisa do Criciúma e, principalmente, do Goiás. Lateral-direito de origem, a medida que envelheceu foi sendo deslocado para a meia. Desde 2009 no Atlético, está com contrato perto do fim. Torcida já pede permanência do atleta, que também revelou o desejo de encerrar a carreira jogando no Furacão.

mercado da bola: tRiO DE FERRO PENSA Em ALçAR VOOS mAiS ALtOS NO ANO quE VEm

Atlético, Coritiba e Paraná iniciam planejamento para 2013Rubro-negro e tricolor buscam manter o elenco, enquanto o Coritiba sonha com time “galáctico”

eSP

or

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S14

Gomes, goleiro do tottenham-iNG, Lugano, zagueiro do Paris Saint-Germain-FRA e Josué, volante do Wolfsburg-ALE.

ATLÉTICO PARANAENSEPara o retorno à Primeira

Divisão, o Atlético sonha alto. Em entrevista à Rádio Banda B, o vice-presidente de futebol do clube, João Alfredo, afirmou que o clube quer brigar pela Libertadores e deve trazer pelo menos seis reforços.

“O Campeonato Brasileiro da Série A é bastante difícil, é mais elitizado e nós iremos atrás de uns seis ou sete jogadores, pois além de querermos jogadores para jogar, temos que montar um banco qualificado”.

A base da equipe que con-quistou o acesso em 2012 também está garantida. Dos titulares, apenas maranhão (pertence ao Santos) e Hen-rique (pertence a Portuguesa) estão com contratos prestes a expirar. Paulo Baier, ídolo da torcida, também está com o contrato chegando ao fim e, como tem o maior salário da

equipe, depende de mario Celso Petraglia, presidente do Atlé-tico, para renovar.

PARANÁ No Paraná, o sentimento é de

obrigação cumprida, segundo o diretor de futebol do clube, Alex Brasil. Segundo o dirigente, a obrigação do clube na tempo-rada era conquistar o retorno à elite do futebol paranaense.

“Foi dentro do planejado (a temporada). Nossa obrigação

era subir para a Sé-rie Ouro do estadual. Houve momentos da Série B em que sen-timos, sabíamos das nossas carências, mas temos uma limitação financeira”, afirmou Alex.

Para 2013, o clube prioriza de imediato a renovação de contrato com grande parte do elenco. Vinte jogadores do grupo atual estão prestes a ficar sem vínculo, com contrato se encerrando entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013. En-tre eles, nomes como os zagueiros Anderson (32 anos), os volantes

Zé Luís (33), Ricardo Conceição (28) e o meia Fernandinho (31), todos titulares durante grande parte de 2012.

Apesar das saídas, o clube possui uma base para 2013, pois 20 atletas possuem con-tratos mais longos, com final entre 2013 e 2015. Outros re-forços também devem chegar, segundo Alex Brasil. As pri-oridades são o ataque e a lat-eral-esquerda, que irão perder nomes importantes, como Ar-thur e Wendell Borges, cujos contratos de empréstimo estão chegando ao fim.

maeSTroS ParaNaeNSeS

drade afirmou que “o trabalho feito (para 2012) não foi o que imaginamos”.

Da histórica equipe de 2011, saíram oito jogadores (marcos Aurélio, Leandro Donizete, Léo Gago, Davi, Jonas, Jeci, Bill e Lucas mendes). Os jogadores contratados para suprir as saí-das logo no início do ano não corresponderam em campo.

Junior urso veio do Avaí. titular com marcelo Oliveira,

passou a ser reserva com mar-quinhos Santos. Lincoln, Ro-berto e marcel também estiver-am muito abaixo do esperado, obrigando o clube a trazer no-vas peças durante a tempora-da, como o zagueiro Escudero e o atacante Deivid.

Para 2013, a chegada de Alex faz o clube sonhar com um retorno a Copa Libertadores da América e na formação de um time “galáctico”.

O clube estaria em busca de goleiro, lateral-direito, zagueiro, volante e atacante. Entre os nomes especulados destacam-se: michel Bastos, do Lyon-FRA,

Div

ulga

ção

curitiba, dezembro de 2012 comUNIcare

Page 15: Comunicare Geral

Curitiba, dezembro de 2012

saúd

e

15Segundo pesquisa da Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% da população mundial é diabética

Aumenta o índice de jovens diabéticosDados do IDF mostra que em 1985 a estimativa era de 30 milhões de diabéticos, mas, em 95 o número passava dos 150 milhões

O dia 14 de novembro é consi-derado o Dia Mundial do Diabetes e durante este mês o Centro de Diabetes Curitiba (CDC) fez eventos e caminhadas para a conscientização da doença que está crescendo cada vez mais no país. Segundo dados da Fede-ração Internacional de Diabetes (IDF), atualmente há cerca de 270 milhões de pessoas que desenvolvem esta doença, 90% destes casos são de diabetes do tipo 2. Dentre este número que vem crescendo a cada ano, o nú-mero de jovens que desenvolvem diabetes está aumentando, nesta que é uma doença com mais freqüência em pessoas acima de quarenta anos.

Alimentação

A maior queixa de jovens diabé-ticos é em relação à alimentação, por ser uma doença causada pelo alto nível de glicose no sangue, por isso, muitos alimentos são restritos. “Como o sistema imu-

nológico do diabético é compro-metido, a alimentação deve ser rica em vitaminas, minerais e fibras, que ajudará a fortalecer o sistema”, explica Heloísa Her-mann, nutricionista no CDC. A estudante Camille Chiquetti, 20 anos, declara que suas maiores dificuldades são o controle de

alimentos, principalmente as massas e o cuidado para man-ter a glicemia sempre em níveis toleráveis. “Como sou iniciante na doença e eu gosto muito de comer massa, tive que cortar pela metade o consumo quando eu descobri que tinha diabetes”, conta.

Precauções

Outro problema que deixa os diabéticos mais imunes é a ins-tabilidade do clima. Por conta das mudanças, pessoas sem a doen-ça podem contrair uma gripe, no caso dos diabéticos, uma simples gripe pode se transformar em pneumonia, já que tem 29% a mais de chances de contrair .

Angélica Matutcheski, 20 anos, que tem a doença há dez anos conta que sempre está prevenida com o clima. “Eu sempre tenho que estar com um casaco por-que se pego qualquer resfriado a minha glicemia aumenta”. A endocrinologista Carla Pavan-Senn explica que existem muitas formas para diminuir os riscos de infecções. “Existem medidas simples e eficazes, tais como evi-tar ambientes fechados, manter o ambiente ventilado e limpo”, explica.

Te ra p i a d o t ra b a l h o e t rat a m e nto p s i co l ó gi co a u x i l i a m i nte r n o s

Dependentes químicos buscam novas opções para tratamento da doença

Usuários de drogas têm poucas opções de tratamento gratuito em Curitiba. Há casas particulares e também as mantidas pela prefei-tura, no entanto, vários centros de reabilitação não conseguem chegar ao final do processo do tratamento, muitos por falta de estrutura, outros por falta de psicólogos prepa-rados.

Um novo meio de tratamento de reabilitação são os Mosteiros, que são ambientes no estilo de casas de repouso, lugares muitas vezes mantidos pela comunidade. Esses espaços disponibilizam de ampla natu-reza, espaço para meditação e ambientes de trabalho para os internos. É o que explica a psicóloga especialista em depen-dência, Terezinha Moura Jorge, que trabalha no Mosteiro do Frei

Chico, em Curitiba. “A proposta terapêutica do Mosteiro procura abranger os quatro principais aspectos que fazem parte do quadro geral de dependência química: biológicos, psíquicos,

sociais e espirituais.” O mosteiro propor-

ciona o tratamento clínico por meio de uma equipe de psicólogos es-pecializados em cada dependên-cia. Além des-sas propostas, o

mosteiro oferece como prática aos

internos, a labotera-pia, ou seja, uma terapia

do trabalho, em que desenvolvem práticas como marcenaria, cons-trução, jardinagem e confeitaria, tudo isso dentro do tratamento auxiliado pelos psicólogos.

No caso dos dependentes químicos, eles reconhecem a diferença entre uma clínica de

reabilitação e um espaço alter-nativo como o Mosteiro, dizendo ainda que esse método ajuda na qualificação do tratamento e na cura do vício. Ex-dependente quí-mico tratado no mosteiro, Odair de Souza explica essa diferença. “A única coisa que os hospitais me ajudaram foi no processo de desintoxicação do meu organis-mo. Tinham os AAs, psicólogos e terapeutas, mas você fazia as coisas como obrigação. Aqui no Mosteiro temos o diálogo, res-peitando o tempo de cada um. Quando saímos do submundo da droga, precisamos de um tempo para nós”.

Ainda segundo a psicóloga, o tratamento vai além da desinto-xicação e dos remédios, é preciso usar todos os aspectos psicológi-cos para que os dependentes se livrem de seus vícios.

Harianna StukioRafaela Bez

Medidor de glicose é usado por pacientes diabéticos

Raf

aela

Bez

Como descobrir?

- Familiar bem próximo com diabetes;

- Sedentarismo;

- Mulheres que tiveram filhos que nasceram com mais de 4kg;

- Síndrome dos ovários policísticos ou acan-tose nigricante (escu-recimento da pele da nuca e das axilas, em geral);

- Pessoas que conso-mem muito doce ou massas.

Leticia DuarteKamilla FerreiraLeticia Duarte

“A única coisa

que os hospitais me ajudaram foi no

processo de desintozicação”

Page 16: Comunicare Geral

Nós também amamos a vidaV

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16 Curitiba, dezembro de 2012 COMUNICARE

Sobre a chácaraA Chácara Os Meninos de Quatro Pinheiros (ou Fundação Educacional Meninos e Meninas de Rua Profeta Elias) abriga jovens entre seis e dezoito anos que vivem em condições de vulnerabilidade social. O projeto conta com uma chácara em Mandiri-tuba, na Região Metropolitana de Curitiba, acolhendo atualmente 67 internos. Na fundação os jovens participam de atividades esportivas e educacionais, como futebol, capoeira, fazem cursos de cerâmica e de computação, frequentam a escola, cuidam dos jardins e dos animais criados no local, além de realizarem passeios a cada quinze dias. Contato da Chácara: (41) 3633-1159

A Poesia foi elaborada pelos Meninos de 4 Pinheiros

A história em quadrinhos é baseada em depoimentos de jovens que se envolveram com as drogas e foram acolhidos pela Chácara Os Meninos de 4 Pinheiros

Para vocês vida bela, para nós favela

Para vocês carro do ano, para nós resto de pano

Para vocês avião, para nós camburãoPara vocês escola, para nós pedir esmola

Para vocês academia, para nós delegacia

Para vocês ir à lua, para nós morar na rua

Para vocês tá bom felicidade, para nós somente igualdade

Nós também queremos viver

Para vocês coca-cola, para nós cheirar cola

“Tudo começou quando eu ti-nha 8 anos. Morava em Curiti-ba em um bairro simples”

“Minha família passava por dificuldades, minha mãe usava drogas e meu pai bebia e me batia”

“Cansado da situação, resolvi fugir de casa e passei a viver na rua”

“Roubava, pedia esmola. Foi quando conheci as drogas”

“Muitos conhecidos acabaram presos ou morrendo, inclusive minha mãe”

“E mesmo que o caminho seja difícil, sei que agora tenho uma nova oportunidade e posso começar uma nova história”

“O Conselho Tutelar me tirou das ruas e passei por vários abrigos, até que fui parar numa chácara, onde recebi apoio”

“Não tinha mais con-trole sobre mim. Che-guei a fumar maconha seis vezes ao dia”

“No inicio cheirava cola pra não sentir frio ou fome, depois passei a usar maconha e cocaína”

Caio H. Rocha, Rodolfo Kowalski, Rosana Moraes, Ruthielle Borsuk e Saulo Schmaedecke