Cinturao negro revista portugues 280 janeiro parte 1 2015

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A revista internacional de Artes Marciais, desportos de combate e defesa pessoal. Download grátis. Edição Online 280 - Janeiro - Parte 1. Ano XXIV

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odo aquele que viveu o suficiente, sabe que éverdade, família e carma são sinónimos. Nãohá muito que explicar acerca disto, masainda existem pessoas que não se

aperceberam disto. A minha avó, que era sábia, diziaque “os amigos são a família que escolhemos”, mas afamília que nos dá a vida e o destino, mais tarde ou maiscedo acabará, pelo menos, questionando-nos.Existem muitos atavismos em volta da família e alguns

carecem de bom senso no contexto da modernidade. Ésaudável repassá-los, porque ser decente, impecável oumoralmente correcto, (ande por onde andar o critério oua predilecção de cada um), se mistura muitas vezes emdetrimento de nós próprios, se não traçarmos uma claralinha divisória neste ponto.A ninguém já escapa que os humanos somos uma

espécie grupal. Para sobreviver necessitamos uns dosoutros e por mais que o genes do egoísmo estejainscrito nos nossos sistemas, da mesma maneirasabemos que as nossas possibilidades de êxito esobrevivência são directamente proporcionais à nossacapacidade de empatia com o grupo ao qualpertencemos. Assumir os papeis psicológicos e sociológicos são o

seguinte passo para compreender o cenário onde sejoga o aspecto da vida familiar. Conscientes (mais oumenos uns que outros, de todos estes particularespormenores) os próprios acontecimentos da vida nosconduzem, antes cedo que tarde e indefectivelmente, anos contrastarmos no confronto familiar. Meu mestre José Maria Sanches Barrio dizia que

aquilo que estiver mais perto provoca mais distorção…Que talentoso! E o que há mais perto e chegado do quea família? Em toda família há um personagem dotado para nos

fazer sair da nossa calma de maneira rápida eautomática! Por isso, as inesquecíveis reuniõesfamiliares do Natal são o mais falso cenário das alegrias,de todos conhecido, onde não é raro constatar comomais de um acaba com uns copos a mais parasobrelevar tanto amor e concórdia em tão pouco tempoe espaço.Na mistura dos reproches infinitos de uma vida de

convivências onde que os agravos se acumulam amilhares, há que juntar os casai, homem e mulher,terceiros em discórdia, que acostumam a extrair o piorde cada um. O egoísmo campa à vontade nos campos de batalha

da família e os comportamentos atávicos são como

nuvens para a mais preclara lucidez, envolvendo-nos naestultícia e o mesquinhe mais extremos. Coisas que“não farias nem à tua mãe” como reza a expressãopopular, são precisamente as se acabam fazendo aosmais chegados, a vezes à própria mãe. Onde estão os limites, as barreiras inultrapassáveis?

Todos temos ouvido ou vivido histórias que deixam oscabelos de ponta. Gente com uma imagem socialmagnífica, que cometeu tropelias assombrosas em seumeio mais chegado. Os fantasmas da vingança, o ódio, oreceio e a mais longa das listas infernais, acampam àvontade no fértil campo da inconsciência em que aqueles,presos em sentimentos difíceis de perceber e fáceis dejustificar, indefectivelmente puxam pelo pior de nós. Eu não acredito que se tenha de ser escravo dos

atavismos. Temos de enfrentar o processo cármico como contrapeso da consciência. Isso que teu irmão (pai,mãe, primo ou seja lá o que for) sempre vai ser, é só umdiscurso atávico; passados certos limites, devemossaber quando pôr fim à mentira, à culpa e às obrigaçõesque comportam um encargo para o qual não nospostulamos nesta vida, (pelo menos conscientemente).Quando uma pessoa está feita, deve ter o privilégio dedecidir a esse respeito, porque isso é parte do processode liberação de viver. Enquanto se está em processo de“fabricação”, nos mantemos nas normas, (não há outraopção) mas quando já ganhamos o direito (e adquirimoso poder!) para sermos indivíduos, temos de tomarposições nestes assuntos. Há privilégios e obrigaçõesnesses “encargos” dos quais devemos poder demitir.Satisfeito fica o carma em seus deveres quando o

nosso nível de consciência e actuação nos factosalcançou seu auge interna e externamente. Nada fáciltarefa, porque há quem tem de ir mais além da enfiadade rancores e dívidas imaginárias acumuladasinconscientemente durante anos em que éramos comoesponjas que aumentavam com de quantidade deexperiências emocionais, geralmente perturbadoras.Mas é possível, porque a grandeza da lucidez e acompreensão permite que quando alguém vê uma coisadesde muitos pontos de vista (não só desde o próprio),se liberta da dúvida inconsciente que acompanha suamaneira de proceder. Por isso digo que os laçoscármicos podem resolver-se e não só isso, também queé a nossa obrigação faze-lo. Acumular mais dívidas, hajaou não outras vidas em que se tiver de volver a elucidaras questões, só será possível no marco da lucidez, ocompreender profundo e a determinação de cortar oslaços.

“A família é uma grande instituição, sempre contando com que gostemos de viver numa instituição”

Groucho Marx

"O carma, quando bem entendido, é só a mecânicaatravés da qual a consciência se manifesta"

Deepak Chopra.

T

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Nada quero deixar atrás, que um intensoperfume de amor, embriagador para os meus,os escolhidos, em tal maneira que nemsequer saibam que isso que respiramé o meu cheiro. Com os que tiveralguma coisa a cumprir, queassim seja. Mas as dívidasnão são eternas, até ashipotecas têm data paraacabar. Assim é a Lei,tudo quanto começa,termina.

Mas nestes assuntos,cada um é cada qual,assim pois e dito odito ficou, desculpemos leitores asreflexões em vozalta, que são só aminha verdade. Sealgum serviço lhesfizerem, ficarei feliz,porque este assuntonão é nada fácil decompreender paraninguém. E como disse,cada um responde a eleconsoante a sua natureza. Aminha, não a nego. Não sou deeternizar as coisas, nem dar porassente nada; o facto de queestarem aí, não as fazobrigatórias nem verdadeiras,muito pelo contrário, eu soupartidário de questioná-las,faze-las conscientes e resolve-las. Eu sou filho do Dragão,que pacientemente e atétemeroso de seu própriopoder, aguenta muitíssimo, masquando o dragão de vira decostas e volta a cabeça, nuncaretorna, tal é a sua natureza enão há nada a fazer.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5

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Mestres Clássicos

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ascido não Canada e residente na Austrália, tambémdetenta o categoria de Yudansha em Jujutsu, Judo,Yamaneryu Kobudo e Espada Japonesa [Sugino-ha KatoriShinto Ryu]. Treinou sob a tutela dos que são importantesnas Artes da luta e estudou não Japão [Okinawa], China[Shanghai, Pekin, Hong Kong, Fuzhou e não mosteiro

Shaolin..., muitas vezes], e na Coreia, não SE da Ásia e nas Filipinas. Vemensinando profissionalmente desde 1972, dirige seu próprio dojo desde1974 e forma parte de um selecto grupo de Mestres de Karate tradicionalde todo o mundo, que têm sido capa de Karate Illustrated, Official Karate,Traditional Karate, Combat, Budoka, Blitz, Bujutsu, American Samurai,Fight Times e outras revistas de Karate Shotokan. O Sensei McCarthy temsido objecto de inúmeros artigos de jornais e revistas, programas de rádioe de televisão, de um filme documental e trabalhou em projectos decinema de Hollywood [o último deles, "Roxanne", com Steve Martin].Escreveu e traduziu não menos de 8 livros [um deles é o best seller /Bubishi / da Editora Charles E. Tuttle], tem realizadas grande quantidadede apresentações de vídeos educativos e DVDs de instrução, escreveartigos para todas as principais revistas de Artes Marciais de todo omundo e prólogos para não menos de uma dúzia de livros de outrosautores conhecidos. Foi apresentado em dois dos livros mais vendidos porseparado ["Mestres do Karate" e “Karate de Combate" da autoria de José

Com 60 anos, Patrick McCarthy é um discípulode 5ª geração do Uchinadi, com uma linhagemimpecável de Mestres de Okinawa, começandopor seu falecido Mestre Kinjo Hiroshi [1919-2013], que foi precedido por seu MestreHanashiro Chomo [1869-1945], que foi ensinadopor Itosu Anko [1832-1915] e seu MestreMatsumura Sokon [1809-1899], -historicamente o pioneiro mais visível datradição.McCarthy estudou a Arte do Karate desde a

infância e gozou de uma história competitivaexcepcional antes de emigrar ao Japão como umpesquisador de campo, onde emergeu em últimatermo como autor de um best-seller. Foi umlutador, kata e competidor de armas a nívelnacional, duas vezes Campeão de América doNorte de Karate e Campeão do Mundial de Katae Kumite Senior, além de inúmeras vitóriasnacionais, municipais, locais e outras muitasinternacionais em seu haver. Poucos podem decirde si mesmo que treinou legitimamente nãoJapão e que são cinturão negro 9ºDan Karate-dotradicional, com uma licença de um mestre donível Hanshi... O Sensei McCarthy sim!

Tradição Japonesa

NTexto: Don Warrener e

Patrick McCarthy, 9th Dan Hanshi Fotos: Don warrener

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Fráguas] junto de mestres tão destacados como Nakayama,Nishiyama, Kanazawa, Mikami, Okazaki, Ozawa, Sakumoto,Higaonna, Demura e Dalke, etc.. É um dos poucos não japoneses que que conseguiu ter êxito

na Arte do Karate Tradicional e ser reconhecido tanto não Japãocomo em todo o mundo. Tem um doutorado baseado na IBA[supervisado pelo Dr. Rony Kluger], tem mostrado não mundo [emmais de 60 países] as ensinanças dos resultados da sua pesquisapioneira, em mais de 1.000 seminários profidsionais durante osúltimos vinte anos e é responsável de desenvoler a níveluniversitário o primeiro programado mundo de dois anos de pré-grau, para instrutor de MA - originalmente organizado peloColégio da Faculdade de Ciências da Saúde de Medicina Natural,da Austrália. McCarthy Sensei dirige actualmente a sua própria organização

com membros em todo o mundo. Recebeu um grandereconhecimento por sua extraordinária contribuição à Arte doKarate; prémios do governo canadense [1985 Diploma deReconhecimento do Gobierno provincial de Ontário, doGovernador de Ontário por suas conquistas no desporto amador;em 1985 Menção: Prémio do Programa de desportos de Ontário,de William Davis Governador de Ontário], Associação canadensede Jujutsu [1985 Prémio por Serviços Notáveis]; da Academia

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Okinawa

“A meados dos anos 80, após vinte anos de treino nasArtes Marciais tradicionais,

estava bastante frustrado pelaspráticas sugeitas a regras, ritos inflexíveis e ambigüidade

cultural. Não é que não gostasse ouquizesse renunciar à prática, mas já não podia aceitar ainterpretação moderna das

práticas ritualizadas”

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naval dos EE.UU. [HOF], Jujutsu America [Prémio de Serviços Meritórios],das Agências de Orden Americanas, do Exército de Israel/YAMAM, daOrganização mundial de Artes Marciais e da revista Blitz. Também foinomeado "Históriador Geral” do museu do Karate desportivo; citado emSetembro de 2010 pelo USNKA, incluido em seu Hall of Fame; recebeu oprestigioso prémio "Vivendo o tesoiro das Artes Marciais” e foiincorporado al Hall of Fame de Cintos Pretos do Canada, em 2012.

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- Don Warrener

A viagem – Não o destino

- Por Patrick McCarthy, Hanshi 9º DanPodia ter começado com a Luta Livre, o Boxe ou o

Béisbol, todos estes desportos me apaixonavam nainfância, mas se alguma vez tive alguma dúvida, areportagem do Campeão de Judo do Canada e medalhade Prata Olímpica de 1960, dissipou qualquer dúvida emudou o meu destino para sempre!A partir do primeiro momento que pisei o dojo, até

conseguir a minha Faixa Preta e depois, ao longo daminha carreira na competição, durante a fascinanteépoca dos treinos e estudos de campo no Japão, naChina e no SE Asiático, também escrevedo livros eartigos em revistas e jornais, além de como instrutor,desde a elevada posição de quem ensina que gozava naacademia, as Artes de Combate sempre meproporcionaram um caminho maravilhosamenteequilibrado, através do qual a experiência da vida temsido plena.

As origens Eu era um garoto de Rockwood Court, um bairro de

classe média da pequena cidade portuária de SaintJohn, New Brunswick, na Costa Leste do Canada. Asférias de Verão tinham finalizado e eu estava voltando

para a escola… Estávamos na segunda semana de Setembro de1964 e eu iria fazer dez anos três meses depois, no mês deDezembro. Sentado na cadeira do auditório da escola, fiqueiatónito, sem nem sequer mover-me, assistia àquela motivadorareportagem sobre Doug Rogers. Os super-heróis não me eram desconhecidos, posto que meus

pessoagens favoritos das bandas desenhadas e dos filmes eramSuperman, Batman, Hércules, etc. Mas um menino de 9 anos jásabe que esses heróis são fictícios… que não são reais! Mas alina frente dos meus olhos, estava um super-herói genuino! Nãoestava a ver desenhos animados e sim uma pessoa real; umCampeão olímpico… e ainda por cima, canadense… como eu! Escutei a sua apaixonante história cheia de sacrifícios e

dedicação e a ideia de que alguémn pudesse transformar-se como desejo genuino de alcançar o êxito, me parecia possível.Enquanto continuava a ver como praticava, competia e setornava um Campeão, imaginava que eu próprio mepoderia tornar alguém como ele, se só me dedicasseàs Artes da Luta. Naquele dia, quando da escolavoltei para casa, logo falei desses desejos com osmeus pais e les resolveram inscrever-me numaescola de Judo. Aquilo foi o começo de uma paixão infantil, que aos

poucos se tornaria uma vocação de adulto e finalmente numacarreira profissional. Durante os últimos cinquenta anos, tenhogozado vivendo o meu sonho… e acerca disto, gostaria de contarmais algumas coisas…

Sonhar - Acreditar - ConseguirQuando em 1972 surgiu a oportunidade de começar a ensinar,

apesar de eu ainda ser um adolescente, inexplicavelmente meachei metido nisso. Acostuma dizer-se que “Quando encontramos uma coisa que

realmente nos apaixona, nunca mais teremos de trabalhar nem

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Karate e Kobudo

“As Artes de Combatesempre me proporcionaram

um caminhomaravilhosamente

equilibrado, através do quala experiência da vida tem

sido plena”

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um só dia da nossa vida”. Efectivamente é assim! Após terdedicado quase toda a minha vida às Artes Marciais, possohonestamente dizer que nunca quis, sonhei ou desejei fazeroutra coisa além desta humilde actividade! Em 1970, a companhia onde trabalhava meu pai se mudou de

Saint John, New Brunswick, para Toronto, Ontário…, a cidade demaor tamanho do Canada, o que era fazer uma mudança de uns1.500km. A essa idade, mudar-se para um novo lugar, tão longee sem as redes sociais que hoje há, levava a perder o contactocom os meus amigos da infância e com o dojo. Lhegar de umacidade pequena, de uns 50.000 habitantes, a uma grandemetrópole, com uma povoação de mais de dois milhões, erauma colossal mudança na minha vida… No entanto, foi coisaque recebi com entusiasmo. Em 1970, Toronto era literalmente ameca das Artes de Combate e eu queria estudá-las todas! Durante essa época maravilhosa, gozei da oportunidade de

conhecer e treinar com muitos instrutores notáveis, incluindoTsuruoka Masami [o pai do Karate-Do no Canada], Ron Forrester[o pai do movimento Jujutsu do Canada], o professor Wally Jay

Karate e Kobudo

“Foi também durante a épocade Vancouver quando cresceumais meu descontento com osegos, as cenas dos torneios, os probleas políticos infantis ea desalentadora explotação

comercial das Artes tradicionais”

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[fundador do Small Circle Jujutsu], Richard Kim[professor do Harvard de Karate-Do], WallySlocki [primeiro ministro canadense, grandecompetidor na sua época] e muitos, muitosmais. Todos estes instrutores tiveram um papelinfluinte na formação não só das minhashabilidades físicas, como também do meucarácter e a maneira em que cheguei a abraçaro arte de aprender!

Tsuruoka Sensei escreveu: "Lembro-me daprimeira vez que o Sr. McCarthy entrou no meudojo, sendo um rapaz jovem, imaturo,impetuoso e inquisitivo, que acabava demudar-se para Toronto, vindo Saint John, NewBrunswick. Patrick não fazia nem ideia dasmaneiras, da filosofia ou do Prtocolo do Budo,mas queria continuar desenvolvendo as suashabilidades físicas na arte da luta".

O Prof Wally Jay escreveu: "ConheciPatrick McCarthy quando ainda era umadolescente e observei com grande interesseseus notáveis progressos no mundo das ArtesMarciais. Fui testemunha da sua transição deCampeão competitivo a respeitado Mestre econferenciante internacional. Não foi umasurpresa para mim, que Patrick sejaconsiderado o principal históriador de Karate-Do do mundo ocidental".Quando Patrick contava 32 anos, o profesor

Ron Forrester amavelmente escreveu:"Conheço o Sr. Patrick McCarthy durante maisde 18 anos. É uma pessoa totalmente dedicadaàs Artes de Combate e às formas. Suascredenciais são do mais alto nível e o Governodo Canada o reconheceu quando a Provínciade Ontário lhe entregou o prestigioso "Diplomade Reconhecimento" por suas destacadascontribuições. Sem reserva, posso descreve-locomo um Mestre das artes da lutaextremadamente capaz e como uma pessoa decarácter impecável".

O Sensei Richard Kim escreveu: “Desdemuito jovem, Patrick McCarthy tem sido umdevotado estudante de Karate-Do.Amadureceu sob a minha direcção, adquiriuuma perspectiva criativa da aprendizagem ecompreendeu o que significa o equilíbrio entreo treino físico e a exploração metafísica. Alémdisto, através dos preceitos do Karate-Do,Mr.McCarthy aprendeu que a pesquisaempírica e a introspecção são absolutamentenecessárias para descobrir o que há para alémdos resultados imediatos do treino físico.Patrick McCarthy tem sido um dos Mestresmais destacados do Karate-Do. Tinha um físicosem igual, que lhe permitia ser um competidorexcepcional na sua região. Se instalou noJapão, onde se tornou meu representantepessoal. A estrela de Patrick McCarthy brilhaagora em um Novo Horizonte. Das centenas de

Karate e Kobudo

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estudantes que tenho tido ao longo destes anos,Patrick McCarthy é de longe, o de mais talento.Qualquier coisa que ele faz, fá-laextraordinariamente bem”.

Pensando com originalidadePara cgegar ao dojo de Karate, de Toronto,

onde treinava em 1970, acostumava a atravessarChinatown. Entrar em Chinatown sendoadolescente, era como entrar em um labirintooriental, misterioso, profundo e belo. A místicacultural, a linguagem, a comida, as garotasbonitas e especialmente as Artes da Luta, mecautivavam. Naquela época não podia senão aproveitar a

oportunidade de aprofundar na minhacompreensão do Karate, mediante o estudo dasdiversas Artes de Luta da China e do SE da Ásia.Encontrei as fontes principais da minhaaprendizagem na escola Hong Luck de Kung Fu,a escola Jing Mo Goon, a Liu Seong, aassociação canadense de Karate do Karate-Do/Kung Fu, o centro de Kung Fu do Dragão deFogo e o centro Yao Loong. Foi um periodomaravilhoso, influinte e inspirador, cheio delembranças inesquecíveis. O que senti duranteesses cinco anos, mudou tudo quantocompreendera anteriormente. No entanto, omaior presente para mim, foi poder treinardiferentes Artes e “pensar de maneira original”. Aidea de “pensar de maneira original”, intercambiartreinos e inovar, t inha modificado a minhamentalidade e me levou a acreditar que amensagem profunda das Artes tradicionais era oeclecticismo e a procura continuada de novosmétodos para conseguir os melhores resultados.

O Profesor Wally Jay escreveu: “AprendeuKarate-Do durante uma geração qm que a Arteconsistia em encontrar as respostas que seprocuravam. A sua necessidade de compreendero “como” e "porquê" foram determinantes paraforjar o tipo de pessoa que Pat se tornou. Na suaépoca de competidor era vibrante, agora é tãometiculoso na sua etapa de Mestre epesquizador, que pareceria como se nuncativesse sido um atleta. Mesmo que agora o centroda sua atenção tenha passado da competição àinvestigação, a intensidade com a que se dedicaà “sua obcessão” é incomparável. Tem tiver tidoo prazer de receber uma das suas aulas, assistir aum dos seus seminários ou a uma das susreveladoras conferências, poderá recordar Patpor esse trabalho que o cativou tanto a ele comoàs pessoas com as quais o tiver partilhado”.

Os anos de Vancuver e o JapãoCom 25 anos aproveitei uma oportunidade

fortuita para me mudar para a Costa Oeste doCanada. Em 1979 me mudei de Toronto (Ontário),para Vancouver, (Colómbia Britânica), ondeestabeleci o Centro de Karate de Vancouver, como meu novo socio comercial, Rod Philipsen.Competitivamente falando, era um momento emque eu estava profundamente concentrado nacena do torneio aberto e viajava extensamentepor todo o Canada e os Estados Unidos. Osestudantes locais e instrutores rapidamentechegaram para conhecer o VKC, um lugar querecebia calurosamente os convidados, comindependência do estilo do qual vinham. Eucontinuei aproveitando com entusiasmo as

muitas oportunidades de aprender que aquelesmaravilhosos hóspedes me proporcionavam. A oportunidade de fazer amigos japoneses,

chineses, do SE Asiático e das comunidadescoreanas de Artes da luta e de fortalecer misvínculos com instrutores locais de diversastradições, me abriu de novo as portas de maioraprendizagem e conhecimento. Na época doVKC, recebia regularmente instrutores locais einternacionais, incluindo nomes como o professorWally Jay, Richard Kim, Teruo Chinen, RemyPresas, Steve Armstrong, Jerry Gould, Bil lWallace, Benny Urquidez, Joe Lewis, Eric Lee,Alex Kwok, Cindy Rothrock, George Chung, JonFunk, Ken Low, Bruce Currie, Don Shapland, eum longo etc.Foi também durante a época de Vancouver

quando mais cresceu meu descontento com osegos, as cenas dos torneios, as brigas depolíticas infantis e a desalentadora exploraçãocomercial das Artes tradicionais. Eu tinha asminhas próprias ideias acerca da funcionalidadereal da técnica, mas publicamente permaneciaem silêncio, porque estavam em francacontradição com tudo o que tinha aprendido enão queria ser abertamente crit icado oucondenado ao ostracismo pela minhacomunidade.

DesapegoA meados dos 80, vinte anos de treino nas

Artes Marciais tradicionais, me tinham deixadobastante frustrado por suas práticas sugeitas aregras, ritos inflexíveis e ambigüidad cultural. Nãoé que não me gostasse ou quizesse renunciar àprática, mas já não podia aceitar a interpretaçãomoderna das práticas ritualizadas [quer dizer,kata, hyung, xing - formas coreografadas /padrões clássicos]. Em consequência, comecei aprocurar um novo Mestre, um novo estilo, ou atéuma organização que pudesse ensinar-me aspráticas originais e mais funcionais da aplicação,de uma maneira racional, coerente esistematizada. Especificamente, eu andava àprocura de e alguém que podesse…

- 1. Utilizar as acções habituais de violênciafísica como premissa contextual, através da qualmelhorar as minhas habilidades e compreensão,em vez de continuar dependendo das práticasunidas a regras, com um parceiro compatívelatacando-me com um punho de reversocontrolado, etc.

- 2. Ensinar-me as respostas prescritasoriginais da velha escola e os contra-ataquespara e em contra destas acções habituais deviolência física, com variações funcionais quandoalguma coisa não funciona ou vai mal.

- 3. Revelar como esses planejamentosprescritos, [ou seja, osritos nemotécnicosque constituem orotinas de coreografiaclássicas / kata] nãosó culminaram aslições já dadas comotambém, quando sevincularam entre si,oferecendo claramente uma coisa maior que asoma das suas partes individuais.

- 4. Identificar claramente e demonstrar ondeexistem estas regras nemotécnicas prescritas nasrotinas coreografadas, baseadas no clássico editadas nos kata e como foram de novo

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vinculadas às acções habituais deviolência física.

Os anos do JapãoA primera vez que fui ao Japão,

comecei a aprender a língua japonesa,pois queria comunicar aos grandesMestres o que pretendia treinar com osseus instrutores. Mediante a inter-acçãopessoal e as conversas com as pessoas,as funções locais, entrevistas efilmações de suas prácticas, conseguícompilar várias ideias acerca das suasArtes de Luta e a sua fascinante cultura.Antes de cada encontro, eu perguntavaa mim próprio qual seria o valor daquelecontacto, como contrastaria com os quejá tivera com outras pessoas, o que iriaobter daquele encontro e de quémaneira me ajudaria a informação queobtivesse e finalmente, não só comousaria essa experiência e essainformação, mas também como com elaeu ajudaria outras pessoas.Me pareceu que o Japão era uma

cultura maravilhosamente reflexiva epassei muito tempo estudando eapreciando o seu panorama histórico esuas ensinanças espirituais. Uno dosaspectos mais agradáveis da culturajaponesa é o a maneira amiga em quetem lugar a inter-acção social. Nosmuitos anos em que morei no Japão,nunca senti nem uma só ameaça àsminhas inseguranças... Certamente queme levou alfum tempo perceber melhoro fenômeno cultural do Tatemae~Honne.Eu também tinha lá ido para percebercomo eram as Artes da luta nastradições japonesas. Em muitas coisas,eram um microcosmos da sua cultura…,uma representação em miniatura deseus costumes, da sua mentalidade eseus valores. Quando graças às ArtesMarciais descobri mais sobre mimmesmo, descobri as minhas fortalezas eas minhas debilidades. Aquilo não só mepermitiu trabajar diligentemente em umesforço por transformar as minhasdebil idades em fortalezas, comotambém permitiu melhorar as minhas jáexistentes fortalezas. No entanto, Japão não foi tudo o que

esperava que fosse Aquilo constituiuuma grande decepção, uma significativaconfusão e uma notável frustração!Suponho que de muitas maneiras eu eraapenas um pequeno ingênuo, esperandoencontrar incríveis super-homens egrandiosas habilidades nos muitosMestres com os quais contactei.Mentalmente, por uma parte influido portudo quanto escutara sobre os Mestresorientais e por outra parte pelas fitas emitos de Hollywood, esperava presenciarimpressionantes actuações de jovensMestres que beirassem o impossível eencontrar pacientes Mestres idososensinando com uma inacreditávelperspicaz sabedoria, i luminadorasrespostas sobre todas as coisas. Ainda que certamente não faltassem

excelentes profissionais por todo lugar

onde procurei, não encontrei sobre essamatéria, rastro de tais actuações sobre-humanas nem de esclarecedorasensinanças, em nenhum lugar do Japãonem de Okinawa. Não quero dizer, nemsequer sugerir que todos os instrutores,Mestres e líderes reconhecidos com osquais contactei, eram inúteis,incompetentes ou desinformados, postoque isto simplesmente não foi assim. Oque eu quero dizer é só que mesurpreendeu quando percebi que nós,os ocidentais, éramos tão talentosos esábios como eram aqueles que tinhamsido situados em altos pedestais eposteriormente deificados! Um tanto desiludido, resolvi voltar ao

intercâmbio de treinos e ampliar osmeus estudos com diversas práticas decombate. Treinei: Katori Shinto Ryuesgrima, Shoot Fighting e SubmissionWrestling e fui instruido por três dosmelhores instrutores do país; SuginoYoshio [1904-1998], Satoru Sayama[DOB 1957] e Takada Nobuhiko [DOB1962]. O treino cruzado abriu muitas portas

novas de oportunidades, à vez queproporcionou novos e val iososconhecimentos acerca doentrenamiento e da vida, que nuncaantes conhecera. A oportunidade deviajar à Coreia, a China e ao SudesteAsiático, com o propósito expresso depart ic ipar e anal izar t ransversal ecomparativamente outras Artes deLuta, se tornou uma exper iênciahabitual. Na China, a província deFujian, Shanghái, Pekín e o TemploShaol in, se tornaram importantesdestinos de descobertas significativas.Enquanto que sem dúvida, a Coreia foiimportante do ponto de vista cultural,foram a Tai lâdia, a Indonésia e asFi l ip inas as que me ofereceram aexperiência mais valiosa para alcançaruma melhor compreensão da Arte doKarate. Sobre a base dessa experiêncialonga e extraordinária, comecei a fazeras minhas própr ias deduções, seprecisar de procurar a aprovação deoutrem, posto que afuncionalidade se tornou emprópria autoridade.Tais encontros, finalmente me

levaram a perceber a orige,desenvolvimento e evolução dasArtes Marciais em Okinawa,junto com o que são as forças orgânicasinfluenciadas pela mudança radical.Pesquizando no processo e na essênciado que os Mestres pioneiros de Okinawaprocuram e estabeleceram comotradições, consegui descobrir e reviver

práticas latentes que já não eramincluidas devido à mentalidade japonesamoderna, sugeita a regras. Entrandoprofundamente no abismo cultural, tive amaravilhosa oportunidade de trabalharcom todos aqueles instrutoresdiferentes, nas próprias fontes da suaorigem, de aprender a sua língua eestudar tanto os documentos deinstrução originais ainda existentes,como as circunstâncias históricas nasquais se acunhavam e evoluiam asArtes. Por sua vez, foi esta umaexperiência indelével e que mudou aminha vida. Reconhecendo a tremendaambigüidade que envolvia uma Arte, deuma maneira relativamente fácil deentender, as experiências em cursoderam como resultado oestabelecimento de uma teoria de basecontextual à que chamei, "acçõeshabituais de violência física" [teoriaHAPV]. Para reforçar esta premissacontextual, em grande medida o meuapoio foi na prática de algo altamentefuncional e muito comum na China e noSudeste Asiático, que se denomina“Exercicío duas pessoas”.

Tsuruoka Sensei disse: "Depois desair de Toronto, ele [McCarthy] seestabeleceu em Vancouver, onde fundouo seu próprio dojo e continouaperfeiçoando as suas habilidades. Masa sua paixão por aprender era tãogrande que acabou po emigrar para oJapão, para ampliar o seuconhecimentos do Budo. Ali, na fonte,foi profundamente influenciado pelacultura, filosofia e psicologia das artesmarciais e chegou a compreender overdadero valor da paciência, o respeitoe a tradição. Mas não parou aí, o seuinteresse por este género de coisaslevou-o até Okinawa, Fuzhou, o MosteiroShaolin e mais além. Nestes lugaresdistantes, procurou a evolução e ascontribuições dos Mestres pioneiros. Asua pesquisa, os seus artigospublicados, vídeos de instrução e livros,incluindo o mais vendido, “O Bubishi(Bíblia do Karate-Do)”, testemunham sua

dedicação e busca do conhecimento. Naminha opinião, o Senhor McCarthy é umdos historiadores ocidentais do Karate-Do mais destacados e me comprazprestar meu nome em apoio aos seuscontínuos esforços.

“Também fui ao Japão para perceber cómoeram as Artes de luta tradicionais

japonesas. Em muitas coisas, eram ummicrocosmos da sua cultura…,

uma representação em miniatura de seushabitos, mentalidade e valores”

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Artes Tradicionais

Hace ya unos años que publicamos un video excepcional, ¡Todo undescubrimiento! Un estilo autóctono de lucha de Palo canario, perfectamentediferenciado dentro de esta tradición milenaria que es el Palo Canario, en elmarco de una sola familia que lo habia sabido preservar. Han pasado 14 años,toda una generación de artistas marciales necesita reencontrarse con estostesoros, por ello me he decidido volver a publicar este artículo y compartir convosotros la extraordinaria Maestría y la esquisita peculiaridad quecaracterizan esta tradición. ¡UN TESORO!

ETNOLOGIA MARCIAL

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Reportagem

No seguimento da linha que temosmarcado nesta revista, de recuperar edar a conhecer os esti los marciaistradicionais do Ocidente, honramo-nos emapresentar hoje, um dos estilos de PauCanário mais interessantes ecaracterísticos das Ilhas Canárias, oestilo da família Acosta. Como tantas outras vezes aconteceu na

história, um estilo familiar viu a luz graçasà visão de um homem excepcional, que fazde ponte entre o passado e o futuro. D. Marino é um homem simples mas de

grande intensidade humana. O seupoderoso olhar não esconde a fereza deum carácter guerreiro, mostrando umtratamento afável, simpático econversador. De berço humilde, gentetrabalhadora, possui essa sapiêncianatural, própria de quem vive perto daNatureza, e não de costas viradas paraela. A pele queimada pelo sol do país,envolve um sorriso brincalhão, que sabedistrair desses olhos intensos, pelos quaisse debruça o coração de um homem feitoe direito; um luxo de pessoa que

conquistou intensamente a minhaatenção. O seu estilo é singular. Maneja um Pau

mais curto e ligeiro que outras escolas, oque sem dúvida imprime não só um ritmointenso aos seus movimentos, como ummodo de fluidez e naturalidade nos seusgestos, proporcionando grandeefectividade aos seus ataques e paradas.As formas em que estes jogadores de Pause desenvolvem, havia de pôr os cabelospé a muitos amantes da esgrima (ouescrima) com muito mais nome e fama nopanorama internacional do assunto. É um estilo, pois, que vai mais além do

simplesmente folclórico, muito mais queuma curiosidade; falamos de uma autênticaArte Marcial, na qual o que conta é, semdúvida, derrotar o adversário. Ficam, pois, alertados os amantes da

luta com paus, que não digam que nãoavisamos! Atenção, caso se enfrentarema um jogador de esta escola! Aqui…atiram de verdade!

Alfredo Tucci

"Apesar de O Pau se Jogar com As Mãos, Sempre se leva no Coração"

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O Jogo do Pau Canário

OS ACOSTA DE TENERI-FEUma Dinastia, TrêsSéculos, Uma Tradição

A Arte de esgrima com paus é umadas mais notáveis manifestações dacultura popular das Ilhas Canárias eque desde os tempos dos primeirospovoadores se conserva e continua aser praticada nestas Ilhas.

Esta disciplina milenária, mistura deluta e folclore, herança da culturaoriginal dos Guanches, tornou-se hojeem dia, um verdadeiro símbolo daidentidade do povo Canário. Uma arte,uma prática ludico-desportiva, aindaminoritária mas em aumento, commuita projecção de futuro, e umexemplo vivo da constância destepovo em manter as suas tradições.

Muitas crónicas da época daconquista das Canárias, lá pelo ano1400, falam da grande habilidade quepossuíam os Guanches, esgrimindo osseus paus como armas de guerra dedefesa e ataque. Paus que curtidos afogo, deixaram uma profundarecordação de sangue nas tropasEspanholas, que tentaram colonizá-los. Uma vez conquistadas as Ilhas eredondezas ao reino de Castela, o usodo pau desapareceu por um tempo,por causa da proibição imposta pelos

novos governadores, que impedia quese entrasse com paus nos núcleosurbanos. Mas sempre as gentes docampo, os tinham como recurso parao seu uso fora das aldeias, comométodo de autodefesa, para darsolução a algum conflito originado pelapropriedade do gado e as zonas depastoreio, ou mesmo para "apear" aaltivez de algum. É que nessa épocaera costume que os moços de cadafamília se enfrentassem entre eles,para mostrar a sua habilidade com opau, nas romarias populares que serealizavam nas povoações. Emnumerosas ocasiões tinham que fazerfrente a verdadeiros duelos, devido àsbrigas existentes entre as famílias.Embora pudesse acontecer uma lutaem qualquer lugar, segundo pareciaeram as festas o lugar preferido paraisso, quer por uma simplesprovocação, para demonstrar seremhomens, ou para conquistar umamulher. O certo, é que a muitos desteshomens lhes parecia que "Se nãohavia luta, aquilo não era uma festa".

Passou o tempo e a gente do campoguardou zelosamente a arte no seio dasfamílias. Os avós transmitiram estasabedoria aos seus netos e estes aosseus filhos, durante mais de quatroséculos. Marino Acosta Armas herdouesta prática dos seus antepassados,que também foram versados jogadores.A sua família esteve sempre emcontacto com todas aquelas tradições

que tinham um sabor Canário; a luta, asrixas de cães ou de galos e, como nãopodia deixar de ser!, a arte de lutar compaus. O tempo fez o resto, fazendo deMarino o principal expoente dotradicional Estilo Acosta de Jogo doPau de Tenerife, considerado como umdos estilos mais rápidos e duros.

Cada clã familiar desenvolveu umestilo especial de usar o pau. Unsestavam especializados na longadistância, outros na curta e outros oempregavam como defesa contra asarmas brancas. Na actualidade, existemvários estilos identificados, Deniz, Verga,Morais, Garafiano, Vidal, Conejero,Quintero, e o estilo Acosta. Cada umdestes estilos mostra diferençastécnicas que facilmente se podemapreciar à simples vista. Esta riquezatécnica, de diversidade de escolas eestilos, é parte da grandeza que encerraa cultura marcial das Canárias.

Poucos praticantes de ArtesMarciais na Espanha e em outroslugares da Europa, ouviram falar dasartes que se praticam nas Canárias.Ao que parece, poucos teriam sido osindícios que se tiveram até estemomento, da existência do Jogo doPau Canário. Talvez o simples facto denão ser uma arte de procedênciaoriental e de não existir muitadocumentação gráfica e audiovisual,não tenha despertado o suficienteinteresse na comunidade depraticantes marciais. Ninguém podia

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imaginar que a tão poucosquilómetros da Península Ibérica,existissem uns mestres que mantêmintactas estas técnicas de lutaantigas e a tão alto nível. Existe umacrença generalizada, para pensarque tudo quanto vem de fora sempreé melhor que o nosso próprio, etalvez este tipo de crenças contribuaainda mais para que o Pau Canárioconviva tão perto de nós e continuea ser um desconhecido. Existemindícios de que se criaram escolasem Cuba e Venezuela, através dosconhecimentos que ali levaramalguns emigrantes Canários.Entretanto, é mais difícil de perceberque na maior parte da Espanha sejatotalmente desconhecida. Dizemalguns mestres que emigraram paraCuba, para trabalhar nas plantaçõesde cana-de-açúcar, que muitosnativos cubanos queriam aprender aarte do pau e pediam aos Canáriosque os ensinassem. Estes negavam-se, porque era este o único meio quetinham de se defenderem domachete Cubano. Por isso oscubanos lhes tinham muito respeito.

Os mestres só ensinavam aosmembros da sua família e em muitoraras ocasiões, a pessoas muitochegadas, porque sabiam que umindivíduo que soubesse lidar bem como pau, podia ser capaz de lutar contratrês ou quatro ao mesmo tempo,inclusivamente contra os própriosmestres. Se havia algum aluno que

mostrava demasiada inquietude poraprender, simplesmente não oensinavam, porque pensavam quevinha apenas com o intuito de"procurar o saber". Os mestres sabiammuito bem que estas técnicas, nasmãos de um aluno que não mostravao suficiente respeito e espiritualidade,podiam ser utilizadas alguma vez, semdignidade e sem justificação. Paramuitos deles, isto queria dizer que "Aforça sem espiritualidade não era maisque força bruta".

Eram homens muito reservados,inclusivamente guardavam para si,um determinado número de técnicasque nunca ensinavam aos seusalunos, para chegado o momento,uti l izá-las numa situaçãocomprometedora e sair vitoriosos.Era como ter um "Ás guardado namanga", porque sempre existia orisco de que o aluno quisesseavantajar o mestre. A estes golpesescondidos ou secretos, chamaram"A última ponta"; daí provém o ditotípico: "A última ponta não se ensinaa ninguém". Desta maneira,ensinavam aos poucos, deixandopara o fim a última técnica, que omestre guardava como a favorita. Ocerto, é que a arte do Pau Canárioestá imersa num mundo misterioso,dominado por grande números delendas, superstições e receios aensinar, visto que a prática do pau seassociava a um instrumento de lutaproibido e perseguido. Por isso os

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mestres preferiam passardespercebidos, ocultando a suacondição e a sua sabedoria como algomuito secreto.

É surpreendente como em todos oscontinentes se tenham desenvolvidoum grande número de artes de luta.Cada um com as suas característicase conotações próprias, no entanto,todas elas apresentam aspectosfilosóficos comuns. O Jogo do PauCanário não foi alheio a esta mesmatradição marcial. À semelhança deoutras artes, conta com a figura de ummestre, com uma transmissãogenuinamente famil iar, umanomenclatura própria, uma vestimentatradicional e, acima de tudo, com umafilosofia de respeito e ocultismo para atradição. De maneira que não é deestranhar que ainda hoje os mestresescolham poucos alunos comoverdadeiros transmissores dos seusconhecimentos.

A Dinastia dos AcostaA origem do estilo Acosta pode

situar-se a meados do ano de 1800, nomunicípio da Esperança (Tenerife),como uma evolução de um estilo deJogo de Pau próprio daquela zona e,ao que parece, perdido. Esta evoluçãoé fruto da emigração para Cuba dealguns Jogadores que o adaptaram aocombate na curta distância, para fazerfrente a algumas armas brancas,sendo o seu mestre mais antigo o

conhecido D. Florentín Vera. Depoisdele foram mestres Maximil ianoHernández Acosta e Leopoldo AcostaAcosta. (D. Polo), nascido em 1908.Depois, herdaram a sua mestria osfi lhos destes, Ramón HernándezAcosta (filho de Maximiliano) e SantosAcosta Acosta (filho de D. Polo) quecomo consequência de uma trágicaincapacidade física a delegou em seusirmãos Pedro Acosta e AnastácioAcosta (Tato), o menor de todos osirmãos e que infelizmente também seviu afectado na sua capacidademotriz, por um acidente no trabalho.

Não foi até à época dodesaparecimento de Francisco Francoque o estilo Acosta ultrapassou os limitesde um muito fechado círculo familiar. Osmembros activos da família reuniam-separa corrigir erros, melhorar as técnicas epraticar os movimentos exactos, e assimsuperar outros jogadores.

Nos finais de 1978, Marino Acosta,ajudado pelo seu primo Pedro AcostaAcosta (outro filho de D. Polo) decidecomeçar a ensinar a grupos de alunosnão pertencentes à família, tornando-se assim, os primeiros Mestres a abriro estilo fora do núcleo familiar, umanovidade que vai dar o impulsodefinit ivo que precisava o esti lo,garantindo a sua perpetuidade. A partirdesse momento, formaram-se escolasem diversos municípios de Tenerife,como a dos Campitos, dirigidapessoalmente por D. Marino e o seuprimo Pedro, Valle de Guerra, Las

Mercedes, Arafo, Santa Cruz deTenerife, Puerto de la Cruz erecentemente, a incorporação deCartagena, em Murcia, como aprimeira escola criada fora das ilhas edirigida por Alfonso Acosta, (nascidoem Cartagena de mãe Canária).Apesar de no passado o estilo terestado a pontos de desaparecer, naactualidade está a bom resguardo pelamão de Marino, dos seus filhos e umgrupo de alunos que como ele, lutamincessantemente por transmitir o estilono seu estado mais puro.

Características do estilo Acosta

O estilo é denominado pelos seusantigos praticantes como de PauCurto, para o diferenciar dos outrosestilos das Ilhas, aos que chamam dePau comprido, e apresentacaracterísticas técnicas únicas e muitodiferenciadas: entre elas o agarrecentrado do pau, prática ausência de"Recogidos" (técnicas circularesamplas) e grandes deslocamentos de"Cuadras" (as guardas), em muitasocasiões a saltos. Predomina o JogoCurto (a curta distância) e Agachado(com técnicas iniciadas desde baixo). Éhabitual o Atajado Pleno (Defesas deintercepção do pau contrário) e não sefaz jogo cambiado, passandonormalmente o pau de uma guardapara outra por "Abajo ou Dentro" (pordiante e debaixo do corpo do Jogador).

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Cada um dos mestres de estilo Acosta destacou-se pelasua peculiar maneira de usar o pau, mas D. LeopoldoAcosta (D. Polo) foi a bandeira que deu ao estilo a fama deagressivo e rápido. Tinha por hábito lutar muito agachado,de cócoras ou com um joelho em terra, e desta posiçãolançava pontas e golpes, criando uma grandeincomodidade a quem lutava em pé. Porque para projectaruma técnica, o adversário não tem mais opção que abrir osbraços e desta maneira, poder se meter por dentro esurpreender o seu adversário, e nisso D. Polo era umespecialista. Alguns jogadores de hoje, como Carlos Darias,primeiro mestre tradicional não pertencente à famíliaAcosta, ainda conservam esta maneira de lutar de cócoras,tão especial e similar à de D. Polo. Metendo um joelho emterra, está-se mais protegido, cria-se muito mais perigo emantém-se mais controlo sobre o outro jogador.

Se D. Polo foi o mais carismático dos mestres do estiloAcosta, D. Marino é reconhecido como o maior expoentepara transmitir o estilo e recuperar ângulos esquecidospelos jovens praticantes daquela parte quase desterrada dojogo Acosta, e que se conhece como "jogo por arriba" (jogopor cima). E não é que os velhos mestres (D.Polo eD.Maximiliano) o não conhecessem, mas que empenhadosem aperfeiçoar um jogo por debaixo, deixaram de lado.Mas não ignoremos que antes se jogava entre todos osestilos, embora cada um personalizasse a sua técnica.

Os praticantes da escola de Marino Acosta, e incluímosos familiares que hoje jogam, aprendem desde o início adívida de respeito existente com Santos e Pedro Acosta,com Marino e com qualquer outro mestre que como eles,tenham dedicado grande parte da sua vida à difusão daarte que tanto quiseram e velaram os antepassados. Sirvatambém este artigo como homenagem e reconhecimento atodos eles.

O Pau Canário é uma arte de cavalheiros que destaca osvalores humanos. Praticar o Pau Canário e mantê-lo vivo,não só nos faz ser mais Canários como também melhoreshomens.

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Autodefesa

A indústria da autodefesa se torna mais e mais criativaa cada ano, produzindo novos gadgets capazes de

proporcionar vantagens tácticas a seus proprietários.Sem dúvida, este é o caso do produto inventado esteconhecido Mestre internacional, de origem português

Amaro Bento e que está sendo um sucesso entre seususuários, o inventor e “pai” da criança, seguidamente nos

do Chameleon.

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MADE IN Portugal Porta-chaves tácticoDesenvolvido em Portugal por um Português, o Chameleon.Objecto em plástico injectado, produzido em diversas cores.

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Autodefesa

O chameleon :

- É moderno, - É um utensílio de moda como porta-chaves- É eficiente em qualquer posição- Adapta-se a qualquer pessoa,

independentemente da idade, altura e peso- Provoca dor no agressor mas é quase

impossível de ferir- Pode ser usado em qualquer posição

Já uti l izado em muitos cantos doplaneta para a autodefesa, em muitasempresas de segurança na Suíça é oporta-chaves oficial para o serviço.

Com o chameleon foi criado umsistema de treino chamado TacticalChameleon Defense (TCD), em que com1 dia (civis) e 2 dias (forças de segurança)as pessoas aprendem a usar minimamente oChameleon.

Procuramos também Instrutores e mestres dasmais diferentes artes marciais que tenham interesseem fazer a formação de Instrutor de TCD paradepois poderem dar os cursos nas suas zonas.

O que é o Tactical ChameleonDefense - TCD?

Amaro Bento, inventor do TCD, é um especialistaem combate corpo a corpo, bem como em defesapessoal. Ao longo de 20 anos, Amaro Bento fundoudiversas escolas de artes marciais vocacionadaspara o ensino amador, mas também para ensino deluta corpo a corpo de profissionais de forças desegurança civis e militares

O que Amaro verificou ao longo destes 20 anosde estudo intenso de artes marciais, é que nãoexistem no mercado muitas “ferramentas” queproporcionem a legitima defesa do próprio e deterceiros, de forma simples e eficiente. A“ferramenta” de defesa pessoal simples e eficienteé aquela que nos acompanha diariamente, estandopresente nas nossas rotinas quotidianas. Estafamiliarização com determinado objecto, permite-nos a sua uti l ização em contexto de defesapessoal, de forma muito eficaz.

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Amaro Bento concebeu porisso, de forma original, a nívelmundial, adequado quer parahomens, quer para mulheres, umutensílio de utilização diária, quepermite em caso de extremanecessidade a sua uti l izaçãocomo “arma” de defesa pessoallegitima, o Tactical Chamaleon.

Quais são as vantagens do TacticalChamaleon Defense -TCD?

Graças ao seu formatoergonómico, o Chamaleonadapta-se na perfeição a todos ostipos de mão, seja grande oupequena, podendo ser utilizadoem situações de pressõestácticas ou de controlo doagressor.

Em situações de extremanecessidade e com a devidaproporcionalidade, pode servircomo objecto de impacto, semcausar ferimentos. Não importamas direcções de proveniência dosataques, com o ChamaleonTactical será capaz de fazer frentea diversas ameaças, se a suasegurança ou de terceiros a issoobrigar.

Sendo um pequeno objecto deutilização quotidiana, ele não éconsiderado instrumento proibido,devendo contudo a sua utilizaçãocomo instrumento de defesa, seresta efectuada no estritocumprimento das disposiçõeslegais relativas à legítima defesa.

Os benefícios e uti l izaçãopotencial do Tactical ChamaleonDefense são inúmeros.

Armas

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Pode ser utilizado em legitima defesa sua e deterceiros, pode ser utilizado pelas forças desegurança civis e militares.

O Chamaleon Tactical pode ser uti l izadoigualmente como porta-chaves, sendo por issoum companheiro constante de todas as pessoas,não importando a faixa etária das mesmas, emtodas as situações do quotidiano, especialmentenos momentos críticos de abertura de portas decasas ou de automóveis, por parte de mulheres -alturas em que se dão grande parte dos assaltosou agressões -. O Chamaleon Tactical é por isso opequeno objecto que lhe poderá salvar a vida.

Como transportar o TCD?O Chamaleon Tactical pode ser pendurado na

sua bolsa, ou em torno de seu pescoço, como seuma peça moderna de jóias fosse, podendo,graças a um sistema de encaixe simples, serretirado rapidamente, f icando pronto a serutilizado como instrumento de legitima defesa emsegundos.

Este manuseio simples e rápido, também é umasolução muito boa para as pessoas comlimitações físicas, bem como para elementos deequipas de segurança que o podem usarpendurado no seu cinto.

Convença-se visitar os nossos centros deinstrução, verif icando por si, as inúmerasvantagens e aplicações simples e práticas doChamaleon Tactical!

Os nossos instrutores profissionais terão todo oprazer em mostrar-lhe como lidar com estaferramenta sensacional.

„Change your chance of defense.“www.tacticalchameleon.com

Autodefesa

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Neste primeiro artigo de 2015, emprimeiro lugar gostaria de desejar atodos os nossos amigos, leitores esimpatizantes, um feliz e prósperoano 2015. Os meus melhores votosde felicidades para toda a comunidademarcial.Hoje quero abordar um dos

assuntos mais controversos para ospraticantes de Wing Tsun. Um dessesassuntos que em ocasiões provocadiscussões improdutivas, poucoconvenientes entre “irmãos” e nasquais, nunca poderão chegar a estarde acordo os ramos mais tradicionais,com aqueles que promovem umaevolução e adaptação aos temposactuais.Tenho recebido esta pergunta em

infinitas ocasiões: Existe trabalho deluta de chão no Wing Tsun/WingChun? De certeza que muitos dosprofessores leitores desta coluna,terão recebido esta pergunta esabem que aquilo que afirmo é umarealidade.

Existe a luta de chão no Wing Tsun?

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ois bem, devemosafirmar que no WingTsun NÃO existetrabalho de chão erealmente NUNCAexistiu coisa parecidacom o trabalho de luta

no chão. Tenho podido escutar eminúmeras de ocasiões, mestres aquem se tem feito a famosapergunta: Mas e se caísse ao chão,o que faria? E a famosa resposta:“Levantar-me imediatamente” Reconheço que durante muitos

anos, esta afirmação do GrãoMestre Wong Shun Leung mepareceu de uma lógica esmagadorae absolutamente indiscutível, mashoje NÃO.Após anos de prática e de

observar a evolução das ArtesMarciais em geral, hoje tenha acerteza da necessidade de deixar deolhar para outro lado e começar atrabalhar de maneira metódica eprofissional a luta no chão, do pontode vista do Wing Tsun. O raciocínio é também lógico e

apenas teríamos que mudar amaneira de perguntar. Talvez, em vezde nos perguntarmos o queaconteceria se caíssemos ao chãopara poder responder como o GrãoWong Shun Leung… Devíamosperguntar-nos: O que acontece seum adversário NOS LEVA e OBRIGAa permanecer no chão??? Estepequeno matiz, que marca adiferença, faz-nos ver o assunto deuma maneira completamente

diferente. A questão pode parecerigual, mas na prática écompletamente diferente. Naprimeira delas, um escorregão, umvarrimento ou qualquer desequilíbrioprovocado pela própria luta, podelevar-nos ao chão e um praticantetreinado, com um rápido gesto poderecuperar a posição e levantar-serapidamente, recuperando averticalidade e portanto o “centro”de um lutador de Wing Tsun, quesempre vai tentar o domínio da linhacentral sobre o AXIS do inimigo.Mas… o que acontece se umadversário conhecedor da nossaestratégia, o que faz é f ixar asnossas pernas e pôr-nos no chãopara, sem nos deixar nem umcentímetro de espaço “passar anossa guarda”, montar-nos efinalizar-nos com alguma dasexcelentes técnicas deestrangulamento ou de luxação, queo enorme arsenal dos sistemas degrappling e luta no chão têmprovados desde centenas de anos?Não me respondam. Era uma

pergunta para a reflexão…Quando comecei a prática no

Wing Tsun, aconteceu o famosoconfronto dialéctico entre um dosmais excepcionais mestres de WingTsun da história, Dai Sifu EminBoztepe e a família Gracie. Aquilo,que visto com a perspectiva dotempo me parece realmente triste,hei-de reconhecer que naquelaépoca provocou muita confusão eacima de tudo uma profunda

P

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reflexão em todos aqueles que éramosseguidores incondicionais eadmiradores do trabalho de Dai SifuEmin. Mas, por que motivo nãoreconhecer que era surpreendentecomo aqueles homens vestidos debranco, que vinham do Brasil,estivessem tão seguros de desafiarqualquer pessoa que com elesquisesse, sem importar qual o estilo

que se praticasse, SEM regras e semlimite de tempo. Não havia dúvida; umnovo tipo de “predadores” chegara aoecossistema das Artes Marciais etinham chegado para ficar!De novo quero tentar levar a reflectir

aqueles praticantes de Wing Tsunmentalmente abertos e com o espíritonecessário para compreender o WingTsun como um sistema de Boxe

Chinês e não “só” como um elementosimplesmente unido à prática do ChiSao, no qual os prat icantes só ofazem com seus colegas e irmãos deescola. Para isso, de novo querorefer ir-me a dois elementosfundamentais para compreender estesistema:

1.- A Arte da Guerra. General SunTzu

WingTsun

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2.- A origem e evolução do própriosistemaNo PRIMEIRO dos elementos,

poderia citar varias frases desteexcelente livro do General Sun Tzu,que dá nome à minha associação(TAOWS: The Art Of War Society) mashá uma que serve para quase tudoquanto às AAMM diz respeito:“Conhece teu inimigo e a ti mesmo e

não serás vencido nem em cembatalhas”. Estarão de acordo comigoem que é IMPOSSÍVEL poderdefender-se dos ataques e estratégiasde um inimigo de alto nível, semconhecer nem que seja basicamente aestratégia do inimigo. Também serácomplicado preparar uma estratégiapara vencer se não considerarmos oadversário e os seus propósitos.

Portanto, de novo, as AAMM nossituam perante o estudo da arte dospotenciais inimigos, que definirão asestratégias a utilizar.Quando comecei a introduzir-me no

mundo do Grappling (sou praticante deBrazilian Jiu Jitsu) a primeira coisa quesurpreendeu foi a excelentemetodologia, as técnicas tãoespecíficas e exactas e muito

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especialmente a claridade dasestratégias de combate. Uma coisarealmente surpreendente! Quanto maispratico, mais me apercebo de comoabsolutamente IRRESPEITUOSO einsultante pode ser para um praticantede Grappling, que nos estilos clássicosfaçamos afirmações tais como:“PROGRAMA Anti-Chão” ou “Anti-Grappling”. Nisto eu insisto com osmeus instrutores e estudantes dosistema. Não quero voltar a escutaressas expressões a nenhum deles. Me

parecem ofensivas e profundamentefaltas de respeito para com o durotrabalho daqueles que treinam estilosde luta. O meu professor de grapplingacostuma me dizer, meia a sério, meiode brincadeira: “O melhor programa deanti-grappling é praticar grapling…”EXACTO! Não há outra opção…Neste ponto também devo lembrar

as tentativas de programas contra“lutadores”, que as diferentesassociações têm ido gerando a partirdaquele momento em que Royce

Gracie surgiu no panorama marcial nosprimeiros UFC, acabando com tudo oque lhe puseram pela frente… Naminha opinião e com a perspectivaactual, são programas total eabsolutamente inúteis, porque seesqueceu o principal para desenvolveruma estratégia de contra alguma coisa:CONHCER O INIMIGO!Quando vejo a lgum destes

programas que eu pessoalmentetenho ensinado durante anos, sorrio epenso: que afortunados fomos! Sim,

WingTsun

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fomos muito afortunados porque seum grappler de n íve l médio nostivesse agarrado e levado ao chão,teríamos passado realmente mal. Nãoéramos capazes nem sequer deimitar alguma técnica de takedownde maneira correcta e noslimitávamos a fazer coisas que nemsequer o pior dos grappler do mundofaria tão mal.Como podem ver, conhecer o

“inimigo” é fundamental para tentarvencer.

A SEGUNDA das afirmações é a quemais discussões provoca. Paracompreender porque o Wing Tsun éassim, temos de ir às origens do estilo,faz agora uns 500 anos. Na China, umanação que surgiu da união dediferentes raças e que compartilhavamum espaço geográfico imenso,delimitado por grandes sistemasmontanhosos e pelo mar, nessa época,este “ecossistema” fechado, deu lugara estilos de luta (Boxe Chinês) quelutavam entre si por uma hegemonia no

mundo da luta, o que explica o motivode terem surgido estilos e sub-estilos.Os novos esti los de Boxe Chinêssurgiam para vencer o esti lodominante. Isto explica como o WingTsun nasceu como RESPOSTA aOUTROS estilos Chineses. Estilos queutilizavam métodos de batimento muitopotentes e em rotação; que usavamlonga e média distância para bater noinimigo. Nesse momento, o Wing Tsunsurgiu como um ANTÍDOTO (ou pelomenos como uma tentativa) contra este

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t ipo de lutadores, e sem dúvidaFUNCIONOU!

Então, onde reside o problema?É realmente simples. Os

“predadores” mudaram. Os inimigospotenciais já não são já pugilistaschineses do estilo Hung Gar Kuen, nemsimilares. As técnicas, tácticas eestratégias dos inimigos potenciais deum pugilista chinês praticante de WingChun Kuen, já não são as mesmas…,pelo que a resposta a elas deveria serdiferente. Não diremos que sãoineficazes, mas que necessitam deuma adaptação flexível à mudança docenário.Muitos dos esti los mais

tradicionalistas não querem ver isto pordiversos motivos (todos muitorespeitáveis) e não levam emconsideração estes interessantespontos. Desejo a eles BOA SORTE.Pela minha parte, eu sim o farei! Fareiporque o Wing Tsun é um estilo tão ricona sua capacidade de adaptação, quenos permite adaptar-nos a isto e a

outras muitas coisas observando asformas do estilo e as ideias que seescondem nas mesmas. Na realidade,é simplesmente uma questão deatributos. O que necessitaríamos pararealizar um programa lógico de luta nochão, para praticar Wing Tsun?

1) Conhecer o inimigo (trabalho degrappling e sistemas clássicos de lutapara conhecer os ataques e perigosreais do inimigo potencial).

2) Sensibilidade táctil (chi sao/chiguerk).

3) Mobilidade em qualquer cenário(em pé ou no chão).

4) Capacidade de bater sem espaço(uma característica própria do estilo,que já temos).

5) Conhecer os objectivos ondeatacar um inimigo que utiliza este tipode estratégias.6) 5 anos de treino.Como podem ver, nada que não ter

solução com estudo e acima de tudocom o ponto número 6 da lista. Resumindo: aqueles que afirmam

que no Wing Chun não existe o chão:EFECTIVAMENTE assim é. Nuncaexistiu. Mas seguidamente afirmar:

Comecem a tomar consciência de queo cenário mudou, ou comecem a rezarpara que nunca terem de lutar contraalguém que os levar para o chão…Há alguns colegas que se limitam a

dizer: “Mas eu posso atacá-lo nosolhos ou morder o grappler…”Curioso.. Então pensam que umgrappler não pode meter os dedos nosseus olhos ou morder? Onde esta obom senso meus senhores!Na TAOWS Academy realizamos o

trabalho de luta no chão como umaextensão do trabalho em pé edesenvolvemos programas de trabalhopara os nossos estudantes, ondeaprendam pelo menos basicamente oque fazer, no caso de se enfrentarem aestas situações. Sentir-nos-emos felizes de mostrar

tudo isto a qualquer seguidor do WingTsun que queira visitar os nossoscentros oficiais.Espero que esta reflexão possa ser

útil.Com meus respeitos

Sifu Salvador SánchezTAOWS Academy

WingTsun

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O termo "Defesa Pessoal" comporta um aspectonegativo. que desde o princípio pode implicarfracasso para o indivíduo. O problema é que esterótulo já reflecte mentalmente que a pessoa é vítimade um acto violento ou agressão e que o praticantedeve realizar uma acção defensiva. Esta premissa deagir após os factos, é a razão pela qual a maioria daspessoas sucumbem às acções do agressor e nuncase recuperam totalmente do ataque inicial ou domedo que provoca a situação. A mulher não devesituar-se à defensiva; deve ser consciente da suasituação e não desestimar ou ignorar possíveisameaças. Ela deve ser pro-activa e ter a iniciativa e oímpeto, forçando a confusão na mentalidade doatacante, para ter uma possibilidade de vantagem. “Autoprotecção Kyusho” é um processo de treinovital que trata das realidades de um ataque. É umsimples mas poderoso processo de treino, queoferece aos indivíduos mais débeis, mais lentos,com mais idade ou menos agressivos, umaoportunidade contra o de maior tamanho, mais forteou mais agressivo atacante. Mediante o uso dosobjectivos anatómicos mais débeis do corpo,conjuntamente com as próprias acções e tendênciasnaturais do corpo, se pode proteger facilmente a simesma ou a outros, inclusivamente sob aslimitações de estresse e físicas, quando a suaadrenalina aumenta. Mediante um trabalho progressivo com as suaspróprias habilidades motoras grossas (em vez dastécnicas de outros), as suas possibilidades de vitóriasão eminentes.

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Abreviatura em Francês dePesquisa, Evolução e

Desenvolvimento, são as 3 letrasque representam os fundamentosdo Grupo KMRED. Efectivamente,

o Grupo KMRED é antes de tudouma Academia de Combate, cujoobjectivo principal é desenvolver

um “CONTEÚDO” crível em matériade Defesa Pessoal. Mantendo

como ppnto de partida um KravMaga muito depurado e com

sólidos princípios básicos - e não sóa técnica como tal - e com uma

longa experiência nas disciplinas deCombate. Faz já bastantes anos os

especialistas do Grupo selançaram à “procura” da “eficácia”

para um método “contra aagressão”.

KM « R.E.D » 3 Letras cheias de sentido!!!

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« R » como “Recherche”, PesquisaCursos, viagens às origens das disciplinas, intercâmbios, testes, estudos de “voltar às

experiências”, etc…, sempre tudo é bom para tentar encontrar alguma coisa melor, algumacoisa mais simples!!!Mas partindo do facto que em matéria de Desportos de Combate tudo já tinha sido

inventado, se tratava agora de explorar e juntar o melhor, aprofundando nas disciplinasdedicadas ao confronto real ou inclusivamente no combate desportivo. O que há

mais eficaz que um directo do Boxe Inglês, um cotovelada do Boxe Thai,uma projecção do Judo ou um estrangulamento do Jitsu Brasileiro?

Trata-se de técnicas suficientemente contrastadas e.... as únicasperguntas são: Onde?, Quando?, Como?

Concluindo, uma constatação que nos obriga a levar a nossaprocura não para novas técnicas, mas sim hacia o estudo dos“contextos” que envolvem as situações de confronto físico.Numerosas técnicas se mostram adequadas emcontextos determinados, sendo o objectivoseleccionar, em primeiro lugar, aquilo que vaifuncionar em um 70% ou um 80% dos casos, eem segundo lugar, “as excepções”.

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« E » como Evolução - A prova do “Crash Test”Para definir se uma base ou

princípio técnico se adequa aosnossos objectivos de eficácia, ossometemos a uma espécie de “CrashTest”. A modo comparativo, naindústria do automóvil, os novosvehículos passam provas de colisão,cujo resultado se classifica numaescala de 1 a 5 estrelas, onde as 5estrelas seriam para um veículo ondeas possibilidades de sobreviver sãoas melhores (mesmo que isto não sejauma garantia ao 100% de sairindemne de um acidente).As nossas selecções são objecto

de testes frente a situações o mais

aproximadas possível à realidade,com material adaptado. Então,seleccionamos apenas aquelas queoferecem o melhor resultado parapodermos desenvolver os nossosprogramas.

« D » comoDesenvolvimentoO Desenvolvimento e a evolução

das nossas pesquisas se destina emprimeiro lugar ao nossos alunos, mastambém temos a vocação de que sejacompartilhado com a maioria. É poristo que desde faz alguns meses, oGrupo KMRED pôs em marcha emseus centros de treino do Sul daFrança, um curso de formação que

permita às pessoas interessadas, asua integração no equipo de ensino epor sua vez, compartilharem o frutode suas pesquisas.Os responsáveis e garantes dos

princípios R.E.D. são os co-fundadores do Grupo KMRED,Christian Wilmouth, FaustinoHernández e Dan Zahdour, todos elesChefes Instrutores de Nível 5KravMaga e Instrutores em diversosdesportos de combate. Mas avalidação das maiores evoluções serealiza por consenço do conjunto deInstrutores do Grupo, porque osegredo do êxito reside em nosrodearmos da gente adequada, paranunca nos afastarmos da“realidade”....

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REF.: • KMRED 1REF.: • KMRED 1Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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Hwa Rang Do® movimentocaracterístico: CIRCULO PARA DENTRO - BAIXO AGARRE-C

O círculo para dentro frente aoagarre C, se pode encontrar em

numerosas Artes Marciais e emmuitos filmes. É uma técnica dinâmica,efectiva e com frequência malentendida. É um movimentocaracterístico do Hwa Rang Do® e

exige ser passada em revistadetalhadamente.

Podemos começara estudar estatécnica no cintocastanho de TaeSoo Do®. O TaeSoo Do® é umprograma deestudos queserve para teracesso ao HwaRang Do®.que é máscomplexo.

Hwa Rang Do

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odemos começar a estudar estatécnica no cinto castanho de TaeSoo Do®. O Tae Soo Do® é umprograma de estudos que servepara ter acesso ao Hwa RangDo®. que é más complexo.Começamos por analisar o

agarre: agarre com ambas mãos com ospolegares cruzados. Não é difícil. Ambasmãos agarram o oponente, com os quatrodedos para a frente e os polegares cruzadospara trás. Não se aplicam ângulos especiaisneste agarre. Põem-se a pressão no pulso sóquando se gira o braço do oponente parabaixo e para o derribamento.Para executar o derribamento depois de ter

realizado o dito agarre (ambas mãos estãosobre o seu braço direito), damos um passopara fora com o nosso pé direito, depoisdamos outro passo com o pé esquerdo,enquanto situamos o braço do nossooponente sobre a nossa cabeça, em umgrande arco em sentido contrário às agulhasde um relógio. Logo que o nosso pé esquerdotocar no chão, é essencial dobrarmos o joelho

P

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esquerdo para fazer tensa a torçãosobre o seu pulso (teremos de usar onosso peso para atacar o seu pulso).Descendo o seu braço, evitamos o

oponente girar por debaixo e livrar-sedo nosso agarre. Enquanto mantermoso agarre adequado no ângulo correcto,será muito fácil aplicar pressão sobre onó do dedo mindinho, com um suavegiro e derribar o adversário ou deslocarsei pulso.Um erro comum é puxar do braço

lateralmente. Tem de se empurrar parabaixo e manter uma pressão constantesobre o pulso. Se o braço se esticar ese perde o ângulo de 90º, simplesmentegiramos o pulso para dentro e para onosso oponente e o ângulo será

facilmente recuperado. Além do mais,enquanto giremos sob o seu braço,evitamos estar muito por cima com ascostas arqueadas e as nossas mãosatrás da nossa cabeça, porque dessamaneira, o nosso equilíbrio se debilitariae daríamos ocasião a oponente parasair do agarre.O círculo interno com agarre c, é uma

técnica muito efectiva que nos permitedeslocar o pulso do oponente ouderribá-lo, mesmo sendo nós maisligeiros que ele. O motivo é fácil deperceber, podemos concentrar todo onosso peso em um só ponto: o pulso.Este princípio do Hwa Rang Do®

também é muito importante nas nossasvidas. Todos temos problemas,

normalmente muitos problemas e amelhor estratégia para os enfrentar écomeçar por um e tratar de o resolverda melhor maneira possível, com toda anossa energia. Se tratamos de resolvermuitos problemas ao mesmo tempo, aconsequência é que normalmente nãosomos capazes de melhorar a nossasituação.

Acerca do autor: É Instrutor chefe de Hwa Rang Do®,

Tenente Coronel da Polícia Mil itarItaliana (Carabinieri) e Engenheiro.Marco Mattiucci é o chefe do ramalitaliano da Associação Mundial de HwaRang Do® e um dos principaisdiscípulos do Grão Mestre Taejoon Lee.

Korean Styles

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Hwa Rang Do

DECLARAÇÃO DA MISSÃO DAASSOCIACIÓN MUNDIAL DE HWA

RANG DO®

HWA RANG DO®:Um legado de lealdade, de procura

incansável da Verdade, doFortalecimento de vidas, de Serviço

à Humanidade.

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Todo sistema tem limites e quando se necessita passar de um sistema para outro, devemos de aprender outraArte e isto é o que o Kapap tenta evitar. Isso é o Kapap, combate cara a cara, uma ponte entre sistemas. Oseu fundador deixou-nes uma frase cujo conceito empregam outros estilos de artes marciais tradicionais:“Não portes uma arma, sê tu mesmo a arma”. Se a tua mente, o teu espírito e o corpo são a arma, tu serás umaarma que será também efectiva quando portares uma arma. Este DVD da “Avi Nardia Academy”, trata daconexão entre a “velha escola” de Artes Marciais e o moderno CQB (Close Quarters Battle). A experiência como comandante nas IDF (Forças de Defesa de Israel) e oficial treinador da principal unidadeanti-terrorista israelita, ensinaram a Nardia que cultivar a mente e o espírito do guerreiro deve considerar-seprioritário ao simples treino do corpo. Entre outros, estudaremos a segurança com armas, os convincentes paralelismos entre o Iaido e a adequadamanipulação de uma arma de fogo. As armas de fogo são a última hipótese em armamento individual, mas nãoescapam à eterna sabedoria e à lógica da velha escola. Exercícios de treino adaptados do BJJ, exercícios dedesarme e o acondicionamento inteligente do corpo mediante exercícios, com explicações sobre os benefíciose as precauções. Um DVD educativo, inspirador e revelador, recomendado aos praticantes de todos os estilos,antigos e modernos.

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No, no se trata de una entrevista mía, por más que aparezcamos juntos enestas fotos realizadas en nuestro último encuentro en nuestros estudios, perono quiero dejar la ocasión de aportar la pincelada de un perfil humano, para miesencial en este “género” literario. Porque el Maestro Sewer es una persona peculiar, de fácil trato y gran educa-

ción, tarda uno en entrar las barreras que la formalidad entraña, barreras siem-pre deseables, porque la educación, la buena - que es la que él tiene - nuncasobra. Prudente en sobremanera, nunca se le oirá hablar mal de nadie. Un dejesarcástico, que no socarrón, añade un toque amable y cercano a su compañía.Sus ojos son tiernos, porque en ellos no puede esconder su natural bondad, fun-damentada en algo más que una naturaleza espiritual generosa, porque se per-cibe compasión auténtica en su proceder y eso sólo la tiene quien ya ha sabore-ado el dolor de la vida en carne propia. No haciendo nunca gala de ello, da lomejor de sí mismo y lo hace con generosidad y alegría. Martin Sewer es un buenhombre, algo esencial para ser un buen Maestro.

Alfredo Tucci

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Entrevista com o Grão Mestre Dr. Martim Sewer, 8º Dan

Cinturão Negro: Quando começou com as artesmarciais e que tem conseguido com elas?Martim Sewer: Comecei aproximadamente com 6

anos de idade, com Judo e continuei com ele durante 13anos. Nos torneios era muito bem sucedido e geralmentealcançava um lugar de pódio. Em pose do cinto castanhoe em enquanto fazia a minha preparação para o cinturãonegro, finalizei a minha carreira em Judo.

C.N.: Praticou na infância algum outro género deartes marciais?M.S.: Sim. Meu professor de Judo, vinha do Jiu-Jitsu,

por isso, frequentemente ensinava Jiu a seus alunos maisavantajados. No mesmo Dojo se ensinava ShotokanKarate. Durante dois anos, aproximadamente, tambémassisti a aulas dessa disciplina.

C.N.: Teve combates de contacto directo?M.S.: Na minha juventude fiz Boxe durante

aproximadamente durante dois anos. Apreciava e apreciomuito o combate de contacto directo. No meu contextosocial daquela época, ainda sem Internet, não encontreinenhum torneio de Kung Fu de contacto directo. Pelainformação que agora tenho, na época já havia na Suíçaesse género de combates.

C.N.: Como chegou ao Kung Fu?M.S.: Através de Bruce Lee. Na minha juventude

devorava seus filmes e livros, experimentava seusmétodos de treino e queria aprender tudo o que tinha aver com o Kung Fu. Isto não era fácil em Adliswil (umapequena cidade perto de Zürich) e eu contava apenas 12anos. Como já disse, não havia Internet…

C.N.: Como encontrou o caminho para chegar aoKung Fu?M.S.: Um colega do Karate, também aprendia Kung Fu.

Ele foi para mim o primeiro caminho para o Kung Fu.

C.N.: Que tipo de Kung Fu era?M.S.: Era um sistema ensinado por um homem que o

aprendia de seus sonhos e muito parecido ao do filme"Karate Tiger". Sei que isto parece incrível, mas érealidade! Romeo sonhava o sistema completo de KungFu. Treinava-o e ensinava. Este foi o primeiro Kung Fuque eu aprendi.

C.N.: Qual era o sistema?M.S.: Era um sistema de 10 animais, com 5 elementos

de Boxe. Comparando-o com os actuais sistemas, émuito parecido ao Hung Gar e aos seus conceitos. Asposições do corpo e das mãos são todas iguais.

C.N.: Realmente parece incrível! É uma históriadifícil de se acreditar…M.S.: Sim, assim é. É a primeira vez que publicamente

falo disto, As pessoas acham isto impossível mas apesardisso, é verdade. Há mais coisas relacionadas entre océu e a terra, das que as pessoas acreditam haver…

C.N.: E bem, como continua a história?M.S.: Com Andi, o meu parceiro daquela época, treinei

e concluí o sistema. Depois, viajei à China e Hong Kong.

C.N.: Foi lá onde encontrou seu mestre, o GrãoMestre Dr. Chiu Chi Ling, 10ºDan?M.S.: Não, eu já o conhecera em Zürich, em 1989, em

um seminário em Pentecostes e dele recebi ensinanças.Naquele tempo eu visitava muitos seminários e cursoscom muito bons mestres.

C.N.: E então, depois viajou a Hong Kong para seencontrar com o Grão Mestre Chiu Chi Ling?M.S.: Queria aprender com ele, mas ele nunca

respondeu às minhas cartas e mensagens de fax e eunão sabia se ele me aceitaria como aluno.

C.N.: Viajou então a Hong Kong e tentou ser aceitecomo aluno?M.S.: Naquele tempo, a Grão Mestra Wu Mei Ling de

Constância, organizava viagens de treino à China. Se malnão me lembro, em 1991 me integrei em um dessesgrupos e viajei à China. Lá me encontrei com algunsMestres e Grandes Mestres. Nenhum me impressionoutanto como Chiu Chi Ling. Quando acabou o tempo daestadia em Hong Kong, eu fiquei lá e pude ter acesso àsensinanças do Grão Mestre Chiu Chi Ling.

C.N.: Como contactou novamente com o GrãoMestre Chiu Chi Ling?M.S.: Encontrei a sua escola. Chamei à porta e o Idoso

Grão Mestre Chiu Kow em pessoa, me recebeu.Me impressionou muito. Contava na altura mais de 90

anos. Era um perfeito cavalheiro mas seu olhar era muitoduro. Eu nada sabia acerca dele. Depois, eu mesmoescrevi uma sua biografia.

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Chi Kow não falava nada de Inglês e eunada de Cantonês. pés... Ele mandouchamar seu filho Chiu Chi Ling e estesoube logo quem eu era. Pouco depois euchegava a Mo Kwoon (a escola de artesmarciais). As lições logo começaram.

C.N.: Chiu Chi Ling é uma lenda dasartes marciais. Como foi e é o ensinosob a sua orientação?M.S.: Foi duro, muito duro mesmo!

Treinava 10 horas por dia. Por sorte,naquele tempo estava bem treinado etinha uma base muito sólida. Do contrárionão teria podido fazer tanta coisa. O SifuChiu me proporcionou tantosconhecimentos como eu era capaz deassimilar. Formas, formas de armas eaplicações. Encheu-me deconhecimentos. Acabas as aulas, voltavapara a pensão e caía na cama mesmovestido e adormecia. À meia-noiteacordava cheio de fome. Por sorte, emHong Kong isto não é um problema.Sempre se encontra alguma coisa paracomer.Sempre divertido, o Grão Mestre Chiu

Chi Ling é duro e preciso em suas lições.Me obrigava a repetir os exercícios tantasvezes como era preciso, até seremperfeitos. Da minha escola de Zürich,ainda me lembro de uma lição; tive quefazer um movimento até o fazer perfeito.Hoje, eu estou infinitamente agradecidopor isso. Me ensinaram e deram umtesoiro muito importante, o Shaolin HungGar Kung Fu original.

C.N.: Após esses duros começos(1991) em Hong Kong, como continuou?M.S.: Em 1992, convidei o Grão Mestre

Chiu Chi Ling a de novo vir até a Suíça.Aceitou e meu aprendizagem continuoudia após dia. Em 1991, após a minha estadia em

Hong Kong, ele me disse alguma coisaacerca de um exame. eu não percebi bema que se referia. Em 1992 perguntei a esserespeito e ele me disse que eu tinha feitoperante Chiu Kow e Shiu Ying (esposa deChiu Kow) o exame final (exame deMestre) e tinha aprovado. Chiu Kow e ShiuYing, durante todas as aulas tinhamestado presentes e não deixavam queninguém me corrigisse. Então recebilicença para ensinar.

C.N.: Quer dizer que com apenas 21anos, já era "Sifu"! Não era cedodemais?

M.S.: Sim, era muito cedo. Com amentalidade chinesa, se considera quetalvez com 30 anos se trata de um jovemSifu. Tinha de demonstrar a minhacapacidade perante os Sifus tradicionais,tanto chineses como europeus. Mas eunão me nomeara a mim mesmo para essegrau. Me tinha nomeado o meu Sifu.Virando a vista atrás, não foi um passo emfalso, pois pude demonstrar as minhascapacidades e a qualidade dos meusalunos; seus resultados nos torneios,falam por si mesmos.

C.N.: A maioria dos mestres têmestado na Ásia duas ou três vezes.Como foi no seu caso?M.S.: Posso demonstrar que estive mais

de 40 vezes em Hong Kong. Além disso,durante muitos anos o meu Mestre vinhaquase todos os anos à Suíça e me davaaulas.

C.N.: Então já era um jovem mestre. Oque fez a partir de daí?M.S.: Em 1993 fundei a KUNG FU

SCHULE MARTIN SEWER. Ao principionão foi fácil, houve muitos obstáculos pelocaminho. Em 1995 encontrei finalmenteum local apropriado e como recompensa auma dura ensinança, o êxito veio por si só.Em 1999, o Grão Mestre Dr. Chiu Chi

Ling me nomeou Chefe-Coordenador paraa Europa.

C.N.: De certeza isto terá sido umgrande passo para si! Como reagiramos seus condiscípulos dos paísesvizinhos na Europa?M.S.: Sem dúvida, este foi um grande

passo. O meu Mestre me promoveu demaneira excepcional. Isto teveconsequenciais. A maioria dos meuscondiscípulos reagiram com inveja eincompreensão a esta nomeação. Oscondiscípulos na Europa têm todos muitosmais anos que eu, mas nãonecessariamente têm mais experiência. Deacordo com meu Sifu, a maioria deles sãoSidais (irmãos jovens de Kung Fu), o quequer dizer que nenhum deles aprendeutanto e tão intensamente. Mas eu nãoposso julgar isto. Eles estavam lá quandoeu aprendia, como eu lá estava quandoeles o faziam.

C.N.: Foi designado o primeiro nãoChinês, sucessor da linha do estilo deChiu Chi Ling Hung Gar Kung Fu. Comoassim e o que significou para si?

Entrevista

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M.S.: Em 2006 (não estou muito certo da data) em SãoFrancisco, a cidade onde o meu Mestre escolheu viver,quando lá estava, me tratava como se fosse seu autênticofilho e por primeira vez, tomei parte da sua vida familiar. Umdia que eu o levava ao Aeroporto, ele me disse que esperavaque pudesse aceitar e ser como filho seu. Eu aceitei e ambossabíamos o que isso era.Em 2007, no Canadá, falou publicamente disto por primeira

vez. Então, um aluno ficou tão ciumento que não quisaprender mais com o GM Chiu Chi Ling. A partir daí, o GMChiu tem sido mais cuidadoso… Não quer que ninguém sintaciúmes... Esta notícia se expandiu em Videoclips, através doYouTube.Para mim, significou muito. Faz-me muito feliz poder

representar este estilo, esta linha. É muita responsabilidademas farei esta tarefa o melhor possível. Espero se me possamdesculpar se fizesse alguma coisa incorrecta. Eu tento fazer omelhor possível!

C.N.: Agora é Grão Mestre. Como se chega a GrãoMestre?M.S.: Há três caminhos para ser Grão Mestre:1. Ter formado Mestres.• Eu formei Mestres. Meu grau de Mestre foi confirmado por

GM Chiu Chi Ling.2. A comunidade de Kung Fu legitima a pessoa em questão,

como Grão Mestre.• Desde 2006, sou reconhecido por diversas organizações

internacionais como Grão Mestre. Em 2012 e o 2013 venci naMalásia a "Martial Arts Top Level Demostration Match" nacategoria de Grão Mestre.3. Ser o chefe do estilo.• Ainda o não sou, mas estou a caminho.

C.N.: Para todos quantos têm visto juntos a si e o seuMestre, a sua posição é clara besta velha conhecidafamília do Kung Fu. Raramente se pode ver tantacordialidade e respeito. Muito agradecidos Grão Mestre Martim Sewer por esta

entrevista. Futuramente gostaremos de saber mais de si.M.S.: Obrigado a vocês e aos leitores por seu interesse nas

nossas velhas artes. Com gosto de novo escreverei na suarevista.

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"Um cavaleiro com uma armadura brilhante é um homem querealmente nunca pôs à prova seu metal"

ANÓNIMO

Texto: Avi Nardia, Tim BoehlertFotos: Ken Akiyama e Archivos Budo International

No DVD que produzimos junto com a revistaBudo International, vamos ver ideias dasArtes Marciais tradicionais, em combinaçãocom as técnicas e variantes do combate corpoa corpo moderno.

Frequentemente posso ver “heróis”ensinando Artes Marciais e de Combate.Acostuma a dizer-se que após uma guerra, omercado se enche de heróis e de histórias deheróis. Muitos israelitas escrevem livros auto-biográficos com 24 anos de idade. Tenhoconhecido muitos novos Grandes Mestres.Conheci homens que após treinarem algunspoucos dias comigo, o que resistiramdificultosamente, agora são Grandes Mestres!Os estudantes que eu expulsei do exercito ouda academia, agora ensinam 'a realidade',junto com suas próprias histórias da guerra esuas experiências vitais. Tudo isto me leva aperguntar-me a mim próprio, como as artesmarciais israel itas estão ao nível queprevalece actualmente.

Esta nova “onda” de Artistas Marciais eusuários da Internet, vão de filme em filme eparece que só estudam Artes Marciais nas“ondas” e seus sonhos e metas são osdescritos no último dos filmes sobre ArtesMarciais de Hollywood e não conseguem acompreender que é o homem quem dá o títuloe não é o título que faz ao homem.

Combate Corpo a Corpo (CQB). As ideiasnão são novas."Estudar o antigo é compreender o novo." - Hanshi Patrick McCarthyNo Suijutsu (em Japonês), a história nos diz que a luta pode ter

lugar em qualquer parte, e por isso, um Samurai tinha de estarpreparado para lutar em qualquer situação – metido na água do marou de um rio, por exemplo. Na época antiga, um Bushi tinha deestudar muitas Artes Marciais e disciplinas, da equitação à natação ea caligrafia, música e cultura, para ser uma pessoa de mentalidade

Avi Nardia

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aberta e ter um ponto de vista amplo, além dehabilidades.De brincadeira, sempre tenho dito que nas Artes

Marciais israelitas temos também 'Sue Do': a Arte derequerer judicialmente! Nos últimos tempos houve emvolta de 2000 requerimentos judiciais, tudo devido aalguns movimentos sujos de uns advogados cobiçososque tinham viajado a Israel por uns poucos de dias,incluindo visitas turísticas, e quando voltaram para casaeram versados em Artes Marciais israelitas e querealmente o que queriam era aproveitar marca. Quandome mudei para os E.U.A., eu era um dos poucos a lutarcontra isso. Como resultado, fui atacado em muitosambientes e foros, em tudo quanto e como podiam.incluindo o pagamento a “ciber criminosos” para mecaluniar mediante a construção de um bloco que sereferia a mim como um fraude, dizendo que eles eramos autênticos. Nenhum deles serviu no exercito israelitanem sequer uma hora, nem na Polícia israelita mas dealguma maneira, milagrosamente conheciam asverdadeiras Artes Marciais israelitas e vendiamdiplomas para as ensinar! Foi realmente divertido vercomo os diplomas estavam assinados por ImiLichtenfeld, que tinha falecido 15 anos atrás, mas eles“lá conseguiram” que assinasse os diplomas!Nessa época, disse a mim próprio que ia lutar nos

tribunais, ou nos foros, em qualquer lugar na Internet, nomar ou o ar, posto que é uma parte do que eu acreditoque é o CQB. Devemos poder lutar em qualquer âmbitoem que estivermos. Lutei contra a calunia e nunca meentreguei. Não estava bem e ainda o não está.Quando ensinamos e estudamos Artes de combate,

recordamos a importância das Artes Marciais decombate radica na agressividade, na valentia edeterminação, o espírito de se não se por vencido equando vejo os diferentes sistemas de combate queposso ver, não importa onde e quando foram 'feitos',eles têm uma linhagem comum. Mas esta linha étambém a brutalidade e temos de recordar mais umfacto, a idade. E não podemos esquecer as lesões… AsArtes mais combativas se ensinam a jovens de 18 a 22anos, que estão no melhor estado físico de suas vidas!Qualquer ex-soldado vai admitir que "sim, éramosjovens e o corpo pagou o preço com feridas quelevamos para o resto da nossa vida." Todos admitemque necessariamente se tem de “escutar” o corpo etreinar de maneira inteligente. Fui convidado pela Universidade Wingate dos

Desportos de Israel, para conferenciar sobre o assunto"o lento é rápido". O governo israelita me pagava paraexplicar a ideia de que os ossos estão em um processode crescimento contínuo até que temos quase 22 anos,e como toda a tensão nos ossos e as articulações podecriar problemas que vão durar toda a vida. Que osmúsculos são mais rápidos para crescer e adaptar-se,mas os ossos, articulações e ligamentos são mais lentospara crescer e adaptar-se e os motivos de termos quetreinar mais lentamente para construir um sistema.Quando se perguntou porque alistamos os nossosjovens no Exercito de Israel à idade de 18 anos, aresposta é simples: são jovens demais para perceberem,fáceis de manipular e dirigir. A uma maior idade seriammais inteligentes e talvez também se negariam.Depois de ver tantos soldados, polícias e soldados das

forças especiais durante tantos anos como treinador,pude ver também diferentes lesões: O que significa matara uma pessoa? "O peso de saber que se matou umapessoa é grande. Tenho visto jovens que perdem a fé, etambém jovens que adquirem uma nova fé mediante umcurso intitulado: "Anatomia de um assassinato”, que tratado que as balas fazem nas pessoas. A maneira comopenetram no corpo, que tipo de dano fazem, a diferençaentre os órgãos moles e órgãos duros, o que sucedequando a bala penetra, como despregar antes para atirar

Defesa Pessoal

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antes e fazer maior dano." Um amigo me perguntou como setreina para isso e como se ensina? É uma matéria difícil.Falamos de civis ou do Exercito?No meu tempo, levava os meus estudantes da Unidade

contra o Terrorismo à morgue do hospital e lhes mostravaos corpos, as diferentes partes após acidentes graves.Lembro-me de dois amigos que tinham estado emsituações com suicidas-bomba e ambos disseram quesempre entraram com a mentalidade correcta, que agiramprofissionalmente, como médicos ou enfermeiros fariam namesma situação, mas uma vez cometeram um erro eentraram com a atitude e a mentalidade errada e foi muitomau. Podemos construir a boa atitude, mas isso não querdizer que um dia não iremos falhar.O combate é um assunto difícil e por isso gosto de

ensinar também a manipulação da espada, quando ensinocombate corpo a corpo, posto que é a última parte do CQBusar uma espada em um combate corpo a corpo. Umtumulto é um combate corpo a corpo desorganizado, contraum grupo de combatentes. Um tumulto sucede quandogrupos luta, entre si, sem ter em consideração as tácticasde grupo ou de luta, como uma unidade. Cada lutadorcombate sózinho.De entre os muitos tipos de luta que abrange o termo

geral "o combate corpo a corpo” inclui o combate corpo acorpo e medieval antigo e os termos modernos de combatecorpo a corpo e combates na curta distância (CQC). Ocombate corpo a corpo tem lugar quando forças militarescontrarias se encontram em áreas restringidas, um ambienteque frequentemente se encontra na guerra urbana. AsTácticas Militares de unidades pequenas, tradicionalmenteconsideradas como formas de combate corpo a corpo,incluem a luta com mãos livres ou armas arrojadiças, comoespadas, facas, machados e outras ferramentas. Nostempos modernos (desde a Segunda Guerra Mundial), otermo 'combate corpo a corpo' também chegou a descrevero combate sem armas, assim como o combate com armasde fogo e outras armas à distância, quando estas se usam acurto alcance. William E. Fairbairn, que organizou e dirigiu ofamoso Shanghai Riot Squad da Polícia Municipal deShanghai, organizou um sistema de combate corpo a corpopara soldados e civis que recebeu seu nome,”o sistemaFairbairn", incorporando o uso da arma de fogo, faca, etécnicas de Artes Marciais de luta sem armas. Desde então,o termo 'combate' também se tem utilizado para descreverum confronto físico de curto alcance entre inimigos que nãoparticipam em um confl ito mil itar, por exemplo, emmanifestações e outros conflitos violentos entre as forçasde ordem e civis. O Combate corpo a corpo, por vezesabreviado como HTH ou H2H, é um confronto físico letal ounão letal, entre duas ou mais pessoas, a muito curtoalcance (distância de agarre) que não implique o uso dearmas de fogo ou de outras armas à distância ".

[1] Se bem aparece a frase 'mão a mão' para referir-se aocombate sem armas, o termo é genérico e pode incluir ouso das armas de batimento em ataque à distância deagarre, como facas, paus, cacetes ou armas improvisadas,como ferramentas de afiançamento.

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[2] Enquanto que o termo combatemão a mão, originalmente se referiaprincipalmente aos confrontos depessoal militar no campo de batalha,também pode referir-se a qualquerconfronto físico de dois ou maiscombatentes, incluindo polícias e civis.

[3] Combate na curta distância, auma distância um pouco maior dadistância de agarre, que se denominacorpo a corpo ou combate corpo acorpo. Pode incluir armas e métodosletais e não letais, dependendo dasrestrições impostas pelo direito civil, asregras militares de combate,

ou os códigos éticos. OCombate corpo a corpo comarmas de fogo ou com outrasarmas à distância, porcombatentes mil itares a níveltáctico, se denomina modernamentecomo batalha corpo a corpo. OExercito dos Estados Unidos utiliza otermo combativos para descrever váriossistemas militares de combate, usadosno treino do combate corpo a corpo emsistemas que podem incorporartécnicas eclécticas de várias diferentesArtes Marciais e desportos de combate. O Combate Corpo a Corpo (CQC),

Batalha Corpo a Corpo (CQB) ou LutaCorpo a Corpo é um confronto físicoentre dois ou mais combatentes.

[4] Pode ter lugar entre unidadesmilitares, polícias e criminosos, e outrasacções similares. Na guerra, geralmenteconsta de pequenas unidades ouequipas que atacam o inimigo comarmas de muito curto alcance e de até30 metros, da proximidade do combatemão a mão até a distância de combateem que se usam armas de fogo decurto alcance. Em lugares fechadoscenário t ípico de combates, osatacantes tentam um golpe muitorápido e violento a um veículo ou àestrutura controlada pelos defensores,que por regra geral não têm maneirafácil de se retirarem. Devido a que osinimigos, os reféns civis ou militares, e

os companheiros dos operadorespodem estar estreitamente misturados,os combates na curta distância exigemum assalto rápido e uma aplicaçãoprecisa da força letal. Os operadoresnecessitam grande habilidade com asarmas e a capacidade de tomardecisões em fracções de segundo, afim de minimizar as baixas. Por vezes,os criminosos util izam técnicas decombate corpo a corpo, como em umroubo à mão armada ou numa fuga daprisão, mas a maior parte daterminologia é proveniente do treino

utilizado para preparar

soldados, polícias e outras autoridades.Portanto, o material relativo aoscombates na curta distância, sedescreve do ponto de vista dasautoridades que devem entrar nafortaleza onde os inimigos (OPFOR)fizeram a sua trincheira. Exemplostípicos seriam operações de comandoatrás das linhas inimigas e o resgate dereféns. Apesar de haver umaconsiderável superposição, o combatecorpo a corpo não é sinónimo de guerraurbana, agora por vezes conhecida peloacrónimo MOUT (operações militaresem terreno urbano), FIBUA (lutando emáreas em construção) ou Obua(Operações das zonas edificadas) noOcidente. A guerra urbana é um campomuito mais amplio, incluindo a logísticae o papel das armas colectivas, comometralhadoras pesadas, morteiros elança-granadas montado, assim comoartilharia, armaduras e apoio aéreo. Emcombates à curta distância, o ênfaseestá nas pequenas unidades deinfantaria que uti l izam armascompactas que uma pessoa pode

portar e utilizar facilmente em espaçosreduzidos, como carabinas,metralhetas, espingardas, pistolas,facas e baionetas. Como tal, o combatecorpo a corpo é um conceito tácticoque forma parte do conceitoestratégico da guerra urbana, mas nemtodos os casos de combates corpo acorpo são necessariamente exemplosde guerra urbana; uma selva épotencialmente um cenário decombates corpo a corpo. Fonte: Manuais de CQC

Mais além da técnicaDepois de ter ensinado durante

muitos anos, vejo como espírito e mentedevem de estar em seu lugar. Muitasvezes é mais importante que um corpoacondicionado para as artescombativas. O problema radica empensar como a compartilhar com osestudantes, em sua maioria jovens esem experiência, que podem pôr seusolhos só na armadura brilhante e ovalente cavalheiro, e também namaneira de os fazer compreender oZanshin e o Kamae.Falando com um meu amigo acerca

das Artes Marciais tradicionais, ele meexplicava o Kendo e isso é que euaprendi melhor do Kendo. Agora souprofessor. Eu estava muito surpreendido,mas ao mesmo tempo feliz por escutar eperceber acerca do Kamae.Kokoro no Kamae é a posição do

coração e da mentalidade. No treino doBudo assumimos uma posição paraproteger os pontos fracos e dificultar oataque de um inimigo. Ao mesmo

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tempo, é uma estratégia para expor os pontos fracos dosinimigos.Se nos enfrentarmos a um inimigo sem um kamae, seremos

um alvo fácil. O uso básico do kamae se aprende no estudodas primeiras lições dos principiantes. Fisicamente, nosajustamos a certas maneiras, como resposta ao que o inimigonos mostra. Aprendemos que em cada kamae há formas maisfavoráveis para o ataque e a defesa e formas menosfavoráveis. Se aprende dasfortalezas e dasdebilidades de cadaposição e amaneira de utilizá-l a sestrategicamentecontra váriostipos dea t a q u e s .Podemos ver okamae nosdesportos: nofutebol e nobasquete, porexemplo, o usode treinos para

responder aos treinos de oponentes e há opções para utilizara base dos próprios ajustes aos do rival. O Kamae tambémestá presente nos jogos como o xadrez e por na guerra, emtermos de formações de batalha.Para além do kamae físico (só situar braços, pernas e corpo

de uma maneira específica) está o kamae mental. Se de novoreparamos nos fundamentos físicos, também está presenteum aspecto mental. Desejamos utilizar o corpo para enganaro inimigo. Isto é Kyojitsu Tenkan básico... O Kyojitsu Tenkanexplicado basicamente, significa que aquilo que o inimigopode perceber e perante o que pode reagir não é realmente anossa intenção. Se parece que a perna está aberta a umataque, não está; no caso de se ver como o braço pode seragarrado, é porque queremos que o agarrem. Asvulnerabilidades verdadeiras estão ocultas, e as verdadeirasfortalezas estão ocultas como debilidades. Muitas pessoasnunca chegam a desenvolver estas habilidades, mesmo nestenível (e perdem a maior parte da Arte de faze-lo) o que não éde estranhar é que quando se trata de kamae mental eespiritual, a grande maioria nem sequer pensa nisso, pelo quenunca o treinam nem se fazem habilidosos com isso.A vida é combate não desporto!

“Faz da tua posição de combatea tua posição quotidiana.”

- Miyamoto Musashi

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"Cuidado com o ego; será a tua perdição..."

O rito do gatoQuando o Mestre espiritual e seus discípulos começaram a sua meditação da parte da tarde, o gato que vivia no mosteiro fez

tal barulho que os distraiu. Então o professor mandou que o gato fosse atado durante a prática nocturna. Anos mais tarde,quando o mestre faleceu, o gato continuou atado durante a sessão de meditação. E quando o gato finalmente morreu, outrogato foi levado ao mosteiro e atado. Séculos depois, eruditos descendentes do Mestre espiritual escreveram tratados

académicos acerca do significado religioso de atar um gato para a prática da meditação.

De uma fonte tradicionalFaz algum tempo, muçulmanos radicais sequestraram três jovens judeus e osassassinaram a sangue fria. Isto provocou uma nova onda de ódio em Israel. Muitosisraelitas exigiram vingança. Trata-se de uma história em curso e foi transmitida a nívelinternacional, chegando a todo o mundo. "Olho por olho" é o que muitos exigemcomo vingança. Se é assim que o caminho vai ser, daqui a pouco estaremos cegos.Este facto provocou a tentativa de sequestro de um menino de oito anos de idade,por radicais judeus, terroristas religiosos. A criança foi salva por sua mãe no últimominuto. Ela foi capaz de frustrar o sequestro. No dia seguinte, estes radicais judeusconseguiram sequestrar um garoto muçulmano de 15 anos e queimaram-no vivo. Quê vergonha e quê inumano. A mãe do menino judeu que tinha sido

assassinado, Naftali Frenkel (RIP) disse que "não há nenhuma diferença entre umsangue e outro, ou uma religião e outra..., um assassinato é outro assassinato". Estaspalavras de uma mão de luto, mostram que ela é uma guerreira. Os guerreiros não serebaixam à altura de outras pessoas; vivem de maneira independente, de acordo comsuas próprias normas e seu código de honra.

Penso que estas palavras são muito importantes nestes dias tristes em Israel,porque vejo que baixo podem cair as pessoas. Sinto-me triste e doente ao

mesmo tempo. Três terroristas sequestram três garotos e matam-nos,simplesmente porque são muçulmanos radicais e os garotos eram

judeus. Como resposta, seis homens judeus radicaissequestram um garoto palestino muçulmano pobre e

assassinam-no brutalmente da mais pérfida dasmaneiras - queimando-o vivo! Estas acções nãosão representativas dos israelitas nem dacrença religiosa. Estas pessoas sãocriminosos doentes e seres humanosmalvados. Estes não são guerreiros, sãouns covardes. Não merecem seremchamados humanos! Os terroristas sãoterroristas e criminosos de guerra, tantosejam de uma ou de nenhuma religião.Como Mestres responsáveis, devemosevitar que este mundo louco sedegrade ainda mais mediante aeducação, formando guerreirosque sigam um caminho amor, deamizade e paz,

A religião não é o problema,há montes de guerrasiniciadas por ateus (Hitler,Stalim e outros). Oproblema é a naturezah u m a n a .Desafortunadamentemuitas pessoas sãocomo ovelhas queseguem às cegas odogma dequalquer grupocom que seidentificam. Tantoseja ofundamentalismoislâmico ou ac o r r e c ç ã opolít ica, op r o b l e m acontinua a ser omesmo: opensamento degrupo, a

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intolerância e a arrogância de pensar que se está com a razão e quetodo aquele que não estiver de acordo, está errado.Odiar é fácil. Por isso, nas Artes Marciais tradicionais ensinamos

os nossos estudantes a ensinarem com amor, paz e tolerância, equando temos de ensinar Artes de combate, não esqueçamoscostumes e valores, porque às vezes, só ensinamos a magoar ou amatar. Quando estudamos os antigos hábitos militares japoneses,vemos que sempre seguiram o Jutsu: o Kenjutsu mudou a KendoJujutsu, depois a Judo, portanto, de ser só a Arte e as habilidades,passou a ser 'O Caminho'. O método da era moderna é ensinar o amor, a paz e a tolerância,

e não só as habilidades. Hoje, na MMA se volta para trás, seesquecem as habilidades, só se ensina a magoar e vencer, mas nãoa fazer uma pontuação muito importante. Ensinamos da maneiracorrecta e com as pessoas adequadas?Isto me fez deixar a "família" e construir a minha própria família

que será fiel aos valores e à moral. Esta é a história da "família": Um dia, um homem viajava pela selva e encontrou um macaco. Ele

se surpreendeu quando o macaco respondeu com um "Olá amigo!".O homem não sabia que os macacos falassem, e então perguntou aomacaco por isso. O macaco disse. "Sim, podemos falar, só queocultamos isso." Então o homem disse ao macaco que "os sereshumanos dizemos que os macacos e os seres humanos são damesma família." O macaco se sentia imensamente feliz de ter um"novo" parente e não começou a gritar: e”A minha família, a minhafamília!" De repente, apareceu um leão que atacou os dois e omacaco puxou do homem para cima da sua árvore e subiu alto, a umlugar mais seguro. O leão disse: "Atira-me o humano; eu como só aele e tu ficas livre." O macaco respondeu: "De nenhuma das maneiras,ele é da minha família"! Durante a longa noite, o homem finalmentecansou de esperar que o leão faminto fosse embora e pediu aomacaco que vigiasse enquanto ele dormia e disse que quando omacaco fosse dormir, ele vigilaria. Enquanto o homem dormia, o leãode novo pediu ao macaco que atirasse o homem e prometeu deixar omacaco livre. Mas o macaco de novo respondeu: "Não. Somosfamília". Quando o homem acordou, disse que o macaco dormisse eque ele vigilaria. O macaco foi dormir e o leão disse ao homem: "Atirao macaco para eu o comer e ficas livre!” O homem não pensou duasvezes e atirou o macaco ao leão, mas o macaco acordou rapidamentee antes de que o leão pudesse alcançá-lo com as garras, saltou denovo para a árvore e subiu até onde o homem estava sentado emsegurança. Isto foi realmente vergonhoso para o homem. Ambossabiam o que acontecera, mas ninguém falou nisso!. Então o leãoadormeceu e o macaco disse ao homem: "Vamos embora!", e comele marchou em segurança todo o caminho até a beira da selva e sedespediu. Quando o homem começou a andar, o macaco chamou porele e disse: “Posso te pedir um favor?" "Sim!"- disse o homem, felizde que o macaco ainda o considerasse amigo, apesar do que ohomem teria podido fazer ao macaco. O macaco disse: "Poderiasfazer o favor de não dizer a ninguém que somos família?"Isto me leva de novo às Artes Marciais israelitas, e como fui

apunhalado pelas costas por 'amigos' e outras pessoas cheias decobiça que estavam muito dispostas a vender a minha amizade pormuito pouco dinheiro, e me eu resolvi dizer simplesmente: "Porfavor, não digas que somos família". Eu construi a minha própria família chamada GUERREIRO, porque

os guerreiros seguem os ditados de seu coração e mantêm os seusvalores e a moral! Esta é a minha família.

Avi Nardia

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A arma secreta da antigaestratégia de combate chinês doWeng Chun Kung Fu, para derrotaroponentes de maior tamanho emais fortes, é lutar contra aestrutura do contrário, em vez delutar contra a sua força evelocidade. Para isso, os antigosMestres de Weng Chun criaram apoesia das 16 estratégias: Loi LauHoi Song, Huen Lau Kau Da, KwunFan Jeet Chuen, Chum Kiu, BiuChee.

xaminemos primeiro o Kwun Fan JeetChuen e o Chum Kiu Biu Chee.

Kwun, meios de rodar. A estratégiaKwun, por exemplo, utiliza uma rotaçãointerna do braço, para criar uma

alavanca no ataque que entra do contrário. Tanto sise ataca mediante um soco ou com um pontapé,com a influencia de Kwun podemos devolver ogolpe desde um lugar seguro, ou bloquear ouapanhar o braço ou a perna, e utilizar esta situaçãopara novos ataques. Outro método é utilizar aalavanca para a criação de uma pressão constantepara diante, para destruir a estrutura do contrário.Rodamos com o Kwun, uti l izando os braços,pernas, mãos, pés, ombros, ancas, ou com o corpotodo.

Fan significa dividir. A estratégia Fan aponta adissipar a força do oponente. Um bom exemplo deFan é o duplo punho de reverso do Weng Chun,onde desviamos e dirigimos o ataque que entra dooponente, com um braço, enquanto que ao mesmotempo batemos com a parte traseira do punho dooutro braço. Isto empurra o oponente para o nossoataque, multiplicando o mal que fazemos e aomesmo tempo desequilibrando-o. A palma da mãoacima ou Tan Sao, também é uma muito famosamão do Weng Chun, que utiliza a estratégia Fan. A

Defesa Pessoal Weng Chun: Como conseguir inutilizara velocidade e a potência de um oponente!

E

Texto: Andreas Hoffmann, Christoph Fuß, Fotos: Gabriela Hoffmann, Budo International

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Weng Chun

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estratégia Tan Sao Fan pode ser combinada com um socoou com um pontapé simultâneo.

Jeet significa cortar, interceptar e a estratégia Jeet se utilizapara interromper a sincronização do contrário ou interceptarseu ataque. Por exemplo, quando o oponente está preparandoum pontapé, podemos fazer Jeet para interceptar o mesmo. A

ideia é cortar o ritmo de luta dosoponentes e/ou a preparação de seusataques. Um bom momento parautilizar a intersecção Jeet é tambémquando o oponente modifica o ladode seu ataque, porque então, por

regra geral se desequilibra umpouco, o que provoca que o seuataque seja alterado pela

utilização

da intercepção Jeet. Um aspecto interessante da intersecçãoJeet é o nível de aplicação mental, atacar o oponente nomesmo momento em que se prepara para a acção.Surpreendendo-o e preocupando-o, a luta torna-se mais fácil,porque assim ele sempre estará um passo atrás de nós.

Chuen significa polegada, pequeno e a estratégia Chuenutiliza uma pequena mudança rápida, por exemplo, da nossamão, para inserir o ataque do contrário, proporcionando, porexemplo, a oportunidade de conseguir situar-se atrás dele e

atacá-lo desde essa posição superior. Conhecer opequeno ponto, por vezes modifica totalmente

a posição com o oponente: uma l igeiramodificação do ponto doce bastaria paraconduzir a uma posição completamente

diferente em relação ao oponente. Comolutadores é necessário conhecer os

pormenores, especialmente nos níveissuperiores.

Chum signif ica descer,afundar-se, rebaixar,portanto, a estratégia chum

aponta à redução daestrutura do contrário. Por

exemplo, se atacar com umderribamento com ambas pernas,

nós aumentaremos a sua quedaatravés do seu antebraço, pelo

que perderá o equil íbrio e opoderemos controlar desde uma

posição superior, neste casomediante batimentos.

Kiu significa ponte e com aestratégia da ponte, olutador Weng Chun sempreadopta uma posição

adequada em relaçãocom o atacante,enquanto usa o timingde tal maneira quepode conseguir o

maior efeito possívelsobre o atacante,

mediante aaplicação de

uma força

Weng Chun

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relativamente pequena, e é capaz de o controlar sem esforço.Se o oponente atacar, oferece-lhe uma ponte que podeutilizar. Outra frase Kiu é: “Kiu Loi Kiu Seung Go” que significa“Se há uma ponte, atravessa a parte superior da ponte".

Biu significa lançar dardos e seguindo a estratégia de Biu,podemos, por exemplo, levar a termo um golpe de meioponto, de dentro para fora, especialmente com o antebraçoe o golpe de dedo, para desconcertar o oponente, paraquebrar o seu ritmo (estratégia "Jeet") surpreendendo-o comum ataque de dedo rápido. Especialmente se fazemos Chun,

descemos (a estrutura) e podemos

continuar facilmente com um ataque Biu (dardos) edesequilibrar o oponente.

Chee significa dedo, portanto, para a estratégia de Chee,basta saber como usar os dedos para lançar dardos ouagarrar.

Podemos considerar estas antigas estratégias de WengChun como universais. Eu as uso no Sanda Sparring, notreino Chi Sao, no Brazilian Jiu Jitsu, Tai Chi e Pakua,empurrão de mãos, etc. Sempre que examinamos ocombate mais de perto, encontramos estas estratégias atrás

das técnicas. O falecido Wai Yan, Grão Mestre chinês

de Weng Chun, foi o único dos GrandesMestres dos que conheci na China, que

compreendeu e aplicou esteprincípio orientado aoestilo da luta. A sua vida

e obra no Weng Chun,depois da Segunda Guerra

Mundial, esteve dedicada aunificar todas as tradições do

Weng Chun Kung Fu na suafamosa escola de Kung fu Dai

Duk Lan e compreender osprincípios e estratégias maisprofundamente subjacentes. O

treino dia-a-dia e o durocombate em DaiDuk

L a n ,com Grandes

Mestres do WengChun, assim como com

grandes Mestres de outrosestilos, como o GM Yip Manetc., possibilitaram que depoisda Segunda Guerra Mundial,alcançasse um alto nível deWeng Chun Kung Fu. Eu próprio

me tornei seu último estudante e hoje mededico ao ensino de alto nível desta Arte

Marcial do Weng Chun, em todo o mundo.Esta é a razão pela qual os competidores

Weng Chun têm tanto êxito, ainda que nãosejam muitos.

Entrem a fazer parte da evolução do WengChun e unam-se às nossas escolas.

Visitem: HYPERLINK"http://www.weng-chun.com" www.weng-chun.com

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