Carta Mensal nº 109 – Ago/Set 2012

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Ano XXV - Nº 109 - ago-set 2012 Edivaldo Machado Boaventura recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UNEB - Universidade do Estado da Bahia, no dia 4 de junho. Regina Cascão e Cinara Jorge foram entrevistadas sobre o CBG e genealogia, em 14 de julho, no programa "Encontro com Fiorelli" da estação de TV Canal 5 da cidade de Três Rios-RJ. Nireu Cavalcanti foi entrevistado pelo jornal O Globo, em página inteira, na edição de 15 de julho, matéria intitulada "Uma História de Paixão pela Cidade", na qual tratou de suas pesquisas históricas e de seu amor pela cidade do Rio de Janeiro, além de anunciar a preparação de mais um livro sobre ela. CBG - Carta Mensal 109 - Ago-Set 2012 • 01 NOTÍCIAS DO CBG • Visitas - No dia 9 de julho, o CBG recebeu a visita da associada Gilda Rocha Mello, carioca que se radicou em Florianópolis há 10 anos. A visita depois prolongou-se no Bar do Adão, em Botafogo, em meio a pastéis e refrigerantes, com Regina Cascão e Eliana Quintella. - No dia 10 de setembro, foi a vez de André Ricardo Teixeira Netto, de São Paulo - SP, que veio pesquisar no fichário as famílias Lima e Silva, Aveline, Hörhann, e Cardoso Viana de Barros, entre outras. Na foto, temos o André ladeado por Paulo Roberto Gavião (E) e o Conselheiro Fiscal Hugo Forain Jr (D), também presentes ao Colégio na mesma tarde. Continua... SÓCIOS SÃO NOTÍCIA Carlos Eduardo Barata, no domingo 29 de julho, participou do Festival do Café do Vale do Paraíba, proferindo a palestra "Região do Vale do Café e suas relações com a Família Imperial" no Sítio Santa Maria, pertencente à família Orleans e Bragança, em Vassouras-RJ. Roberto Guião participou da programação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro - IHGRJ, com a palestra Arquivo RGSL - História do Café e de sua gente, a 9 de agosto. Esther Bertoletti recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, em solenidade em Salvador-BA, no dia 14 de agosto Armindo Laudário Müller, pastor emérito da Igreja Luterana, deixa Nova Friburgo-RJ, onde viveu desde 1998, e retorna ao seu Estado de origem, Rio Grande do Sul, radicando-se a partir de agora em Santa Cruz do Sul, distante 140km de Porto Alegre e onde já havia residido por 20 anos.Pretende dedicar atenção especial ao Centro de Estudos Genealógicos do Vale do Rio Pardo-RS (Cegens) - que confessa ser seu "xodó"- dando-lhe novos rumos. Clotilde Tavares proferiu palestra no dia 29 de agosto em João Pessoa-PB, na Academia Paraibana de Letras, sobre Augusto dos Anjos, dentro das comemorações do centenário do "Eu", livro único publicado em 1912, tendo abordado a poesia de Augusto em geral e o soneto "Versos Íntimos" em especial. Regina Cascão e Gilda Gavião, André e Hugo

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Ano XXV - Nº 109 - ago-set 2012

Edivaldo Machado Boaventura recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UNEB - Universidade do Estado da Bahia, no dia 4 de junho.

Regina Cascão e Cinara Jorge foram entrevistadas sobre o CBG e genealogia, em 14 de julho, no programa "Encontro com Fiorelli" da estação de TV Canal 5 da cidade de Três Rios-RJ.

Nireu Cavalcanti foi entrevistado pelo jornal O Globo, em página inteira, na edição de 15 de julho, matéria intitulada "Uma História de Paixão pela Cidade", na qual tratou de suas pesquisas históricas e de seu amor pela cidade do Rio de Janeiro, além de anunciar a preparação de mais um livro sobre ela.

CBG - Carta Mensal 109 - Ago-Set 2012 • 01

NOTÍCIAS DO CBG

• Visitas

- No dia 9 de julho, o CBG recebeu a visita da associada Gilda Rocha Mello, carioca que se radicou em Florianópolis há 10 anos. A visita depois prolongou-se no Bar do Adão, em Botafogo, em meio a pastéis e refrigerantes, com Regina Cascão e Eliana Quintella.

- No dia 10 de setembro, foi a vez de André Ricardo Teixeira Netto, de São Paulo - SP, que veio pesquisar no fichário as famílias Lima e Silva, Aveline, Hörhann, e Cardoso Viana de Barros, entre outras. Na foto, temos o André ladeado por Paulo Roberto Gavião (E) e o Conselheiro Fiscal Hugo Forain Jr (D), também presentes ao Colégio na mesma tarde.

Continua...

SÓCIOS SÃO NOTÍCIA

Carlos Eduardo Barata, no domingo 29 de julho, participou do Festival do Café do Vale do Paraíba, proferindo a palestra "Região do Vale do Café e suas relações com a Família Imperial" no Sítio Santa Maria, pertencente à família Orleans e Bragança, em Vassouras-RJ.

Roberto Guião participou da programação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro - IHGRJ, com a palestra Arquivo RGSL - História do Café e de sua gente, a 9 de agosto.

Esther Bertoletti recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, em solenidade em Salvador-BA, no dia 14 de agosto

Armindo Laudário Müller, pastor emérito da Igreja Luterana, deixa Nova Friburgo-RJ, onde viveu desde 1998, e retorna ao seu Estado de origem, Rio Grande do Sul, radicando-se a partir de agora em Santa Cruz do Sul, distante 140km de Porto Alegre e onde já havia residido por 20 anos.Pretende dedicar atenção especial ao Centro de Estudos Genealógicos do Vale do Rio Pardo-RS (Cegens) - que confessa ser seu "xodó"- dando-lhe novos rumos.

Clotilde Tavares proferiu palestra no dia 29 de agosto em João Pessoa-PB, na Academia Paraibana de Letras, sobre Augusto dos Anjos, dentro das comemorações do centenário do "Eu", livro único publicado em 1912, tendo abordado a poesia de Augusto em geral e o soneto "Versos Íntimos" em especial.

Regina Cascão e Gilda

Gavião, André e Hugo

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• Novos associados - Damos as boas vindas aos novos associados CBG do período: Colaborador, residente no Rio de Janeiro-RJ: Paulo Fernando de Albuquerque Maranhão e Correspondente, residente em Buenos Aires, Argentina: Juan Etchebarne Gainza.

• Biblioteca CBG - Informamos aos novos associados - e recordamos aos antigos - que o Estatuto CBG traz em seu Art. 12 - item b a obrigação do associado em "doar à biblioteca um exemplar das publicações de sua autoria nas áreas de interesse do Colégio". Em razão disto, e do exíguo espaço para guarda, só temos como adicionar a nosso acervo obras eminentemente genealógicas ou que tenham, em seu conteúdo, pelo menos uma boa parte que trate de genealogia, nossa precípua razão de existência.

Agradecemos o envio das obras abaixo relacionadas, que muito vêm enriquecer nossa Biblioteca.

- Escolas Municipais de Niterói e seus patronos - 1959-2008 - de Salvador Mata e Silva, Penha Maria Machado Diegues e Neuza Feijó Machado, doação dos autores.Traz biografia dos inúmeros patronos das escolas da rede pública municipal da cidade de Niterói-RJ, além do histórico da criação de cada unidade.

- Centenário de Humberto Nóbrega - Médico e escritor - de Itapuan Bôtto Targino, doação do autor.Biografia e história de vida do médico, historiador, escritor, pesquisador e professor universitário paraibano.

- A Família Pinheiro Teixeira - estudos genealógicos - de José Rodrigues de Arruda, doação do autor.Família oriunda do Porto, Portugal, e radicada no Rio Grande do Norte.

- Bacharéis paraibanos pela Faculdade de Olinda (1832-1853) - de Deusdedit Leitão, doação de Adauto Ramos.

- Trajetória da família Nívea Estella Bittencourt Pinheiro e Antônio Ferreira Penedo - escrita pelos descendentes do casal, org. de Roberto Penedo, doação de Gabriel Bittencourt.Tema: a família Penedo do Espírito Santo, com origem em Cachoeiro do Itapemirim

- A saga de um clã Xavier - de Maria do Socorro Cardoso Xavier, doação da autora (associada do coirmão Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica).A obra trata da descendência de Aristides Xavier de Souza, descendência esta que, de Aracati-CE, expandiu-se por diversos municípios cearenses e pelos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

- Da Boêmia alemã para Desterro - Genealogia da família Freyesleben - de Maria Helena Meira Luz, doação da autora (associada do coirmão Instituto de Genealogia de Santa Catarina - INGESC).A autora pesquisa desde 1995 e apresenta nesta sua primeira obra a Família Freyesleben de seu bisavô materno, que veio da Alemanha para Desterro (atual Florianópolis-SC).

- O legado de Antônio Maria - De Portugal a Santa Catarina (história-biografia-genealogia) - de Erico Szpoganicz, doação do autor.História e descendência de Antônio Maria de Souza, português de Vila Real, chegado ao Brasil em 1865, com destino a Desterro (atual Florianópolis-SC), tendo estabelecido família em Camboriú.

- Pioneiros dos três rios - A Condessa do Rio Novo e sua gente - de Cinara Jorge, doação da autora.O livro aborda a família Barroso Pereira, oriunda da freguesia de Santa Maria do Salto, Arcebispado de Braga, Portugal. No Brasil, com histórico em São João del Rei-MG, radicando-se na região cafeeira do sudeste do Estado do Rio de Janeiro, em terras que deram origem à cidade de Três Rios.

- 4 de janeiro de 1901 - Genealogia Mitidiero - de Betânia Bassani Mitidiero Simões, doação da autora.De Latrônico, província de Potenza, Itália, chega ao Brasil em 1901 - daí o título do livro - Luigi/Luiz Mitidiero, que, depois de um tempo em Águas Virtuosas (atual Lambari), MG, casa com Philomena Sepino em Paraguaçu-MG e por fim radica-se em Araçatuba-SP, onde termina seus dias e deixa descendência.

NOTÍCIAS DO CBG

Na reunião de fundação CBG, em 24.06.1950, foi escolhida para Vice-presidente Gilda Guimarães de Azevedo (Gilda de Azevedo Becker von Sothen), depois Titular da Cadeira nº 13, e único elemento fundador ainda vivo. Para nossa alegria e honra, ativa participante dos eventos CBG.

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Passeio CBG no Rio de Janeiro – Morro da Conceição e entorno

Sob a coordenação da Diretoria CBG e sob condução do guia de turismo e professor de História Milton Teixeira, o CBG realizou um passeio ao Morro da Conceição e arredores, centro da cidade, na manhã do domingo dia 9 de setembro. Com 28 participantes, entre associados e seus familiares, sob um sol de verão (mesmo sendo inverno...) e temperatura acima de 30º, em duas vans com lotação completa, cumpriu-se o roteiro previsto, parte nas viaturas e parte a pé.

Agenda – próximos eventos CBG

• 20 de outubro (sábado, dia todo) - visita à Fazenda do Paraízo em Rio das Flores-RJ;

• 24 de novembro (sábado, manhã) – encerramento das atividades CBG 2012, série de palestras na Sala CEPHAS do IHGB e almoço de confraternização.

Acompanhem os Comunicados CBG para maiores detalhes sobre como participar dos eventos programados.

Eis do que desfrutamos nesse extraordinário passeio: Igreja de Santa Rita; ladeira Major Daemon, Morro da Conceição (antigo Palácio Episcopal, Fortaleza da Conceição, ladeira João Homem, rua do Jogo da Bola, mirante, Capela N.Sra. da Conceição, Jardins do Valongo, Pedra do Sal e Largo João da Baiana), rua e largo de São Francisco da Prainha, rua Sacadura Cabral, antiga estrebaria/”Trapiche da Gamboa”; Cais da Imperatriz e Cais do Valongo; Docas de D.Pedro II; antiga Praça da Harmonia.

Fortaleza da Conceição Pedra do Sal

O encerramento deu-se no Cemitério dos Pretos Novos. Trata-se de uma residência, onde, ao se realizarem obras de reforma, foram encontrados sob o piso uma série de ossos humanos, que, depois de examinados por estudiosos, constatou-se ter havido ali na região um cemitério de negros escravos. A residência encontra-se agora estruturada como museu, local de preservação, ainda não aberto ao público quando de nossa visita, tendo ocorrido a inauguração apenas no dia 12 seguinte. Por especial deferência dos responsáveis, foi-nos facultado o ingresso, e este privilégio o CBG pode gabar-se de ter usufruído.

Em recuperação arqueológica, Cais: do Valongo e, mais acima, da Imperatriz

A expressão "no tempo do Onça", usada para definir algo muito distante no passado, vem dos anos 1700, quando Luis Vahia Monteiro era Governador do Rio de Janeiro e ganhou o apelido Onça em razão de suas ordens rigorosas para a implantação de disciplina e bons costumes na cidade.

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Colonos suíços

Autor: Xico GrazianoO Estado de S. Paulo - 10/07/2012

Em junho de 1855, uma leva de imigrantes suíços aportou em Santos, vinda no navio Kronprinz Ernest August. A bordo estava o mestre-escola Thomas Davatz. Eles traziam na bagagem a esperança de se tornar, muito antes dos italianos, colonos do café. Fascinante história.

A incrível jornada da primeira imigração europeia destinada ao trabalho nas lavouras cafeeiras começou, formalmente, em 1847. Essa é a data de fundação da Colônia Senador Vergueiro, um empreendimento promovido na Fazenda Ibicaba, situada no município paulista de Limeira. A inovadora ideia criaria, por um século, um regime agrário único: o colonato paulista.

No contrato, escrito, de parceria, oferecido aos imigrantes residia a grande novidade do sistema Vergueiro. O pioneiro termo estabelecia certo número de pés de café para cada família zelar, desde o plantio até a colheita. Esta se repartiria entre o colono e o fazendeiro. Facultava-se ainda o plantio de gêneros alimentícios no entremeio da lavoura principal, quando ainda nova, ou em áreas marginais da propriedade. Todas as transações se registrariam em cadernetas. Nomeavam-se árbitros que, em reuniões públicas, resolviam as dúvidas porventura surgidas entre as partes contratantes.

Fazendeiros tradicionais, acostumados com as regras rígidas da escravatura, e culturalmente formados no modelo latifundiário nordestino, achavam liberal demais a proposta Vergueiro. Mas a busca de braços livres agradou no Velho Mundo. Ela oferecia uma espécie de eldorado aos camponeses europeus, começando por aqueles que viviam miseravelmente nos Alpes suíços.

Naquela época, tendo entrado pelo Vale do Paraíba, do Rio de Janeiro rumo a São Paulo, os cafezais começavam a se estabelecer nas terras roxas da região de Campinas. Por ali se estabeleceram também as primeiras famílias de imigrantes, retratadas genuinamente nas Memórias de um Colono no Brasil, livro escrito em 1858 por quem vivenciou aquela jornada: o suíço Thomas Davatz.

Ele relatou a labuta diária, os sonhos e os pesadelos da sua gente, que trocou a pátria-mãe buscando o progresso no além-mar. Seu livro representa um extraordinário depoimento, único na historiografia nacional, sobre as condições de vida dos primeiros imigrantes que chegaram para trabalhar na formação da economia cafeeira de São Paulo. Emociona o leitor moderno.

Davatz começa por descrever os aspectos singulares da nova terra para onde vieram seus patrícios trabalhar. Impressionam-no as enxurradas no verão, a força vegetativa da terra, as doenças que os ameaçam, pernilongos e abelhas que os picam, cobras, formigas saúvas. Destaca o "perigo" do desconhecido bicho-de-pé, larvas que lhes provocam ferimentos doloridos embaixo das unhas. Vida de Jeca Tatu.

É realmente fantástico. Imaginem, há 157 anos, desembarcarem por aqui alvos povos acostumados ao gelo das montanhas, destinados a enfrentar as vicissitudes da Mata Atlântica, carpindo e colhendo café junto com escravos, morando em taperas corroídas pelo quente e úmido clima tropical. Um agravante: boa parte deles nem sequer tinha experiência na lida da terra.

Atesta o historiador Sérgio Buarque de Holanda, tradutor do livro de Davatz. No rico prefácio da obra ele esclarece que, em certo sentido, havia uma política de verdadeira depuração nacional nos países de origem, que empurravam para a fila dos navios não apenas camponeses de fato, mas gente de todo tipo, incluindo bandidos e idosos, deficientes e desocupados. Não seria fácil seu destino.

O martírio começava no desembarque do navio. Tudo precaríssimo. Nem a Hospedaria dos Imigrantes, construção famosa décadas mais tarde, fora ainda erguida. Recepcionados no pátio, ali receberiam as instruções sobre a fazenda onde se fixariam. Dura viagem. O grupo suíço de Davatz levou 17 dias, desde a subida da Serra do Mar até a Fazenda Ibicaba, marchando a pé, somente as crianças nas cestas das mulas, em carros de boi a caravana. Uma epopeia.

Alguns navios os trouxeram. Ao todo, seguindo a receita da parceria de Vergueiro para o café, 26 colônias se instalaram em fazendas situadas nos municípios de Limeira, Rio Claro, Campinas, Amparo, Jundiaí, Pirassununga e Piracicaba. Nelas residiam, segundo levantamento da época, 251 famílias de suíços, com ascendência alemã ou francesa, um contingente de 1.180 pessoas. Maior que o de alemães, belgas ou portugueses, companheiros de ilusão.

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Afora as angústias da mente, saudosa do berço original, e os sofrimentos da carne, advindos do árduo trabalho na roça, surgiram desconfianças financeiras entre os colonos e o patrão. Que cresceram com frustrações na colheita. Uma sequência de ameaças e mal-entendidos criou um caldo efervescente que resultou num dos fatos históricos mais surpreendentes, e desconhecidos, da época do café: a Revolta de Ibicaba.Na véspera do Natal de 1856, um grupo de 85 colonos suíços, liderados por Davatz, pegou em armas para protestar. Sua narrativa descreve em detalhes "o levante dos colonos contra seus opressores". Mas há controvérsias sobre o ocorrido. Outros personagens depõem contra o comportamento intolerante de Davatz. Encrenqueiro era sua fama.Não houve tiros, nem violência. Mas acabara ali, naquela grita de Ibicaba, a experiência de parceria no café que trouxera ao Brasil, pioneiramente, os suíços. Assustaram-se os europeus com o episódio, suspendendo os embarques. Parecia propaganda enganosa.Quem veio permaneceu. E, duramente, venceu. Essa é a origem, entre nós, dos Heitzmann, Schmidt, Altmann, Lutz, Rupert, colonos suíços que ajudaram a construir a riqueza do Brasil. Vinte anos depois, chegaram os italianos.

O CAMPUS DA ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES-DO-ARE A FAMÍLIA CRUZ MACHADO

Uma pitada de história, genealogia, biografia e iconografia

Por Sócio Titular Áttila A. Cruz MachadoArtigo publicado na revista “Aeronáutica”, da Força Aérea Brasileira.

Há tempos, o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Reformado João Soares Nunes, conversando comigo sobre genealogia, sugeriu que eu fizesse um artigo sobre esta especialidade para a Revista AERONÁUTICA. Pensei: uma matéria sobre genealogia talvez não desperte a atenção da maioria dos leitores.Surgiu-me então uma idéia: se os Cruz Machado, há cinco gerações em Barbacena - MG, têm estreita ligação com a Aeronáutica, em especial com a Escola Preparatória de Cadetes-

do-Ar – EPCAr, por que não elaborar um resumido trabalho sobre aquela família e a sua presença, num período de cerca de 90 anos quase sem solução de continuidade, naquilo que denominarei de “campus da EPCAr” ?

Assim foi feito e, em conseqüência, veremos uma amostra do que se pode fazer garimpando dados genealógicos, biográficos e históricos, ilustrando o trabalho com alguma iconografia. O prédio do Comando da EscolaO imóvel foi sede da chácara de Herculano Ferreira Paes, falecido em Barbacena a 15 de outubro de 1869, e vendida pelos seus herdeiros, em 1873, para a criação do Colégio Providência. Ainda no século XIX, foi sede do Colégio Abílio [1883], do Ginásio Barbacenense e do Internato do Ginásio Mineiro [1890]. De 1913 até 1923, sediou o Colégio Militar de Barbacena; em 1926 voltou ao Ginásio Mineiro, em 1943, ao Colégio Estadual de Barbacena e, finalmente, de 1949 até os dias atuais, a Escola Preparatória de Cadetes-do-Ar – EPCAr.

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O primeiro CRUZ MACHADO a trabalhar no “campus” foi Átila Brandão da CRUZ MACHADO (Barbacena, 1888 – 1921), filho de Artur Carneiro da Cruz Machado (Serro, MG, 1853 – Barbacena, 1925), médico, e Maria Amélia da Silva Brandão (Itaguaí, RJ, 1860 – Barbacena, 1925); era cirurgião-dentista formado pela Escola Americana d'O Granbery, em Juiz de Fora, MG, e preparador das cadeiras de Física, Química e Ciências Naturais no Colégio Militar de Barbacena.

Concomitantemente, o seu filho mais velho, Moacyr Lacerda CRUZ MACHADO (Barbacena, 1909 – Porto Alegre, RS, 2000), juiz de direito no Rio Grande do Sul, ingressou como aluno (nº 380) do Colégio, pedindo desligamento com o prematuro falecimento do pai.

Os CRUZ MACHADO

Passam-se os anos e, em 1947, um filho de Átila – Carlos Mário Lacerda CRUZ MACHADO (Barbacena, 1915 – 2000), ingressa na Força Aérea Brasileira (FAB), no 1º Concurso para o Quadro de Oficiais Farmacêuticos, obtendo a 1ª colocação. Ao ser criada a EPCAr, servindo o Hospital de Aeronáutica de Canoas, RS, solicita (e é atendido) transferência para a Escola, onde permanece, como major e professor de Química, até 1961 (quando requer passagem para a reserva remunerada) e, após, de 1961 até o final da década, como professor civil contratado .

Um sobrinho do Major – Rafael Domingues da CRUZ MACHADO (Leopoldina, MG, 1944 – 64), filho de Átila Lacerda Cruz Machado e Idalina Gomes Domingues, serviu na Escola como S2 (Soldado de 2ª Classe), lá falecendo, em decorrência de acidente de tiro, em 1964.

Em 1986, é a vez de um filho do Maj.CRUZ MACHADO – Carlos Vinicius Costa da CRUZ MACHADO (Barbacena, 1959) ingressar, por concurso, no corpo docente da Escola como professor de Matemática, sendo hoje o decano dos mestres da Instituição.

Em 1995, outro filho do major CRUZ MACHADO – José Maria Costa da CRUZ MACHADO (Barbacena, 1966), médico, presta o serviço militar como 2º tenente-médico da Reserva de 2ª Classe (R2) convocado).

Agora, em 2010, um neto do major CRUZ MACHADO – Ângelo CRUZ MACHADO Borgo (Barbacena, 1978), filho de Mauro Borgo e cirurgião-dentista como o bisavô, está prestando o serviço militar como Aspirante- a- Oficial (atualmente, 2º Tenente) Dentista R2.

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Outrossim, as três filhas do Major CRUZ MACHADO se casaram com dois ex-alunos e um militar que passaram pela Escola; senão, vejamos:Alcione Costa da Cruz Machado, com Mauro BORGO (Barbacena, 1947, filho de Fortunado Borgo e Laura Sogno), neurocirurgião, que serviu como Soldado de 1ª Classe do Quadro de Infantaria de Guarda Polícia Militar (S1 Q IG PM), em 1966.Ieda Letícia Costa da Cruz Machado, com Ian Araújo BESCHOREN (Cruz Alta, RS, 1955, filho de Otto Beschoren e Iracema Araújo), Coronel-Intendente da Reserva de 1ª Classe (EPCAr 1971).Cléia Beatriz Costa da Cruz Machado, com Ângelo Moacir dos Santos Guido (Itápolis, SP, 1958, filho de Antenor Guida e de Idalina Jacinta dos Santos), que solicitou desligamento da AFA como Cadete do 2º ano (EPCAr 1975 e hoje, 3º Sargento de Infantaria Reservista).

Mauro Ian Angelo

Mais duas curiosidades:Na década de 30, um outro filho de Átila Brandão da CRUZ MACHADO – Oswaldo Lacerda CRUZ MACHADO (Barbacena, 1914 – Porto Alegre, 1992) prestou o serviço militar no Exército, na Aviação Militar, como cabo telegrafista de voo (quando se criou o Ministério da Aeronáutica, passou para a FAB como 3º sargento Telegrafista Reservista), sendo o pioneiro da família nas atividades ligadas à aviação militar.E a segunda:

O autor, no final de 1955 solicitou transferência do Colégio Militar para a EPCAr, sendo reprovado por apresentar “pés chatos”; recorreu, foi considerado apto, porém desistiu da matrícula. A seu pedido, seu tio, o Major CRUZ MACHADO, havia ponderado ao Diretor de Ensino que mantivesse o regime de transferência do Colégio Militar para a EPCAr (em 55 eles passariam a prestar concurso), justificando terem ótimo desempenho escolar. O diretor aquiesceu e, assim, entre outros, dois atuais coronéis-aviadores reformados – Antônio Carlos de Freitas PEDROSA (Asp.61) e Jorge LONGUINHO (Asp.62) beneficiaram-se da nova medida.

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Boletim InformativoCOLÉGIO BRASILEIRO DE GENEALOGIA

Av. Augusto Severo, 8 - 12º andar - Glória20021-040 - Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 2221-6000Diretoria: Presidente Regina L. Cascão Viana

Vice-Presidente Carlos Eduardo de Almeida Barata1º Secretária Patrícia de Lima Bocaiúva2º Secretária Eliane Brandão de Carvalho1º Tesoureiro Antonio Cesar Xavier2º Tesoureiro Guilherme Serra Alves Pereira

Dir. Publicações Leila OssolaAuxiliares: Cinara Maria Bastos J. A. do Nascimento

Clotilde Santa Cruz TavaresEliana Quintella de LinharesGilson FlaeschenLaura de Saint-Brisson Ferrari

Conselho Fiscal: Hugo Forain JuniorRoni Fontoura de Vasconcelos SantosVictorino C. Chermont de Miranda

Dias e horários de funcionamento:2ª-feira de 13 às 17 horas / 3ª-feira de 14 às 17 horasPágina: www.cbg.org.brEmail: [email protected]ção: Escale Serviços de InformáticaImpressão: Letras e Versos (SENAI)

EXPEDIENTE

WWW

Sites interessantes para pesquisa:• www.poplin.cedeplar.ufmg.br

Coletânea dos censos de 1831-32 e 1838-41 feito em Minas Gerais. Contém o nome do chefe da família com idade, cor, profissão, etc e depois os nomes dos demais residentes no “fogo” (domicílio). Tudo separado por freguesias.

[email protected] Histórico do Itamaraty.

• www.siaapm.cultura.mg.gov.brAlém da base de dados, é possível também consultar fotografias dos documentos originais no site do Arquivo Público Mineiro.

• http://cuadernos.hispagen.es/index.php/cuadernos/indexGenealogia hispânica - A Associación de Genealogía Hispana - Hispagen disponibiliza seus excelentes "Cuadernos de Genealogía".

No dia 24 de agosto, no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro-RJ, faleceu Therezinha Maria Lamego de Moraes Sarmento. Carioca, nascida em 23.03.1929, era museóloga e professora. Extremamente atuante em sua área, entre os muitos cargos e funções exercidos, foi co-fundadora e Presidente da Associação Brasileira de Museologia. Associada do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, e do Colégio Brasileiro de Genealogia, no qual ingressou em 22.10.1992, passando, desde então, a participar vivamente das atividades e eventos realizados.

NOTA DE FALECIMENTO