CARTA Distrito 1960 -O canto do ambiente - 6-7

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1 Dezembro 2003 / Janeiro 2004 Tema: A água potável Sub-Comissão Preservar o Planeta Terra N.º 6-7 - Dez. 2003 / Jan. 2004 Comissão Serviços à Comunidade Distrito 1960 Água, uma questão de vida A água potável não é somente indispensável à vida, ela é intrínseca à própria existên- cia da vida, pois esta, tal como a conhecemos baseia-se na molécula deste composto (H2O) para se desenvolver e multiplicar. O valor global de água na Terra não se tem alterado, no entanto a forma como ela se nos apresenta é que pode ser diferente. 70% da superfície terrestre encontra-se cober- ta por água; 97,5% do seu volume é água salgada e dos restantes 2,5% de água doce sómente um terço se encontra efectivamente disponível, já que dois terços estão sob a forma de gelo nas calotes polares. A água potável que temos à nossa disposição, é assim em muito pequena quantidade, tendo em consideração a população que necessita dela para viver. Somado a esta escassez temos ainda de considerar a sua distribuição desequilibrada: 41% da popula- ção mundial vive em regiões sujeitas a stress hídrico, número este que se prevê venha a aumentar imenso nos anos mais próximos. O Norte de África e a Ásia Sul e Ocidental são as zonas mais afectadas pela carência do precioso líquido. Como será fácil de entender, de tão fundamental que a água é para a vida, nos locais onde esta escasseia, as populações são atingidas por surtos de doença. Muitas centenas de milhões de pessoas, es- pecialmente em países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, morrem todos os anos devido a doenças rela- cionadas com a falta de água e de saneamento deficiente. O consumo de água sex- tuplicou no Séc. XX, o que significa que cresceu a uma taxa superior ao do crescimento da popu- lação. Assim, estamos a gastar muito mais água por pessoa. No entanto, não são os cidadãos, di- rectamente, que estão a aumentar o seu consumo desta forma, mas sim a agricultura e a indústria que lhes produzem os bens alimentares e de consumo. Mas, enquanto na Indústria o aumento tem sido tamponizado por uma melhoria na tecnologia utilizada, na Agricultura, intensiva, o consumo da água quase que quintuplicou no último século. Todos os dados a que temos acesso são suficientemente preocupante para nos obrigarem a uma reflexão séria sobre a urgente diminuição da delapida- ção deste recurso essencial. Cada um de nós deverá tomar consciência da água que gasta na altura de abrir uma torneira: para lavar as mãos, os dentes; para o duche; para a rega ou para lavar o carro. Sabemos, no entanto, que a esmagadora percentagem da água que se gasta é por ineficiência do sistema de distribuição, desde a sua captação até chegar ás torneiras dos consumidores. Surgiram dados que apontam para que em Portugal se perderia o equivalente a 10000 piscinas de água por dia devido, tão só, á ineficiência do sistema. A ser verdade, qualquer gesto nosso para poupar um litro de água parece patético e absurdo. Não podemos, no entanto desanimar! Temos, isso sim, que tomar verdadeira consciência do problema e exigir ao nosso estado que seja mais eficiente na forma como gere a água que temos á disposição.

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A água potável não é somente indispensável à vida, ela é intrínseca à própria existênciada vida, pois esta, tal como a conhecemos baseia-se na molécula deste composto(H2O) para se desenvolver e multiplicar.

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1Dezembro 2003 / Janeiro 2004

Tema: A água potável

Sub-Comissão Preservar o Planeta Terra • N.º 6-7 - Dez. 2003 / Jan. 2004ComissãoServiços à ComunidadeDistrito 1960

Água, uma questão de vidaA água potável não é somente indispensável à vida, ela é intrínseca à própria existên-cia da vida, pois esta, tal como a conhecemos baseia-se na molécula deste composto(H2O) para se desenvolver e multiplicar.O valor global de água na Terra não se tem alterado, no entanto a forma como ela senos apresenta é que pode ser diferente. 70% da superfície terrestre encontra-se cober-ta por água; 97,5% do seu volume é água salgada e dos restantes 2,5% de água docesómente um terço se encontra efectivamente disponível, já que dois terços estão soba forma de gelo nas calotes polares.A água potável que temos à nossa disposição, é assim em muito pequena quantidade,tendo em consideração a população que necessita dela para viver. Somado a estaescassez temos ainda de considerar a sua distribuição desequilibrada: 41% da popula-ção mundial vive em regiões sujeitas a stress hídrico, número este que se prevê venhaa aumentar imenso nos anos mais próximos. O Norte de África e a Ásia Sul e Ocidentalsão as zonas mais afectadas pela carência do precioso líquido.Como será fácil de entender, de tão fundamental que a água é para a vida, nos locaisonde esta escasseia, as populações são atingidaspor surtos de doença. Muitas centenas demilhões de pessoas, es- pecialmente em paísessubdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento,morrem todos os anos devido a doenças rela-cionadas com a falta de água e de saneamentodeficiente.O consumo de água sex- tuplicou no Séc. XX, oque significa que cresceu a uma taxa superior aodo crescimento da popu- lação. Assim, estamos agastar muito mais água por pessoa. No entanto,não são os cidadãos, di- rectamente, que estão aaumentar o seu consumo desta forma, mas sim aagricultura e a indústria que lhes produzem osbens alimentares e de consumo. Mas, enquanto na Indústria o aumento tem sidotamponizado por uma melhoria na tecnologia utilizada, na Agricultura, intensiva, oconsumo da água quase que quintuplicou no último século.Todos os dados a que temos acesso são suficientemente preocupante paranos obrigarem a uma reflexão séria sobre a urgente diminuição da delapida-ção deste recurso essencial. Cada um de nós deverá tomar consciência daágua que gasta na altura de abrir uma torneira: para lavar as mãos, os dentes;para o duche; para a rega ou para lavar o carro.Sabemos, no entanto, que a esmagadora percentagem da água que se gasta é porineficiência do sistema de distribuição, desde a sua captação até chegar ás torneirasdos consumidores. Surgiram dados que apontam para que em Portugal se perderia oequivalente a 10000 piscinas de água por dia devido, tão só, á ineficiência do sistema.A ser verdade, qualquer gesto nosso para poupar um litro de água parece patético eabsurdo. Não podemos, no entanto desanimar!Temos, isso sim, que tomar verdadeira consciência do problema e exigir ao nossoestado que seja mais eficiente na forma como gere a água que temos á disposição.

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Folha da Sub-comissão Preserve o Planeta Terra,da Comissão dos Serviços à Comunidade

Responsável pela Sub-Comissão e pelos conteúdos:José Rodrigues (Rotary Clube de Sesimbra)

www.inag.ptwww.simoqua.pt/agua/origens.htm

www.naturlink.ptUma Biografia da água (Philip Ball)/Temas e DebateslEstudos sobre Contaminação Ambiental na Península Ibérica Vários/Estudos e Documentos/Instituto Piaget

Ficha TécnicaSites e livros de interesse

Frases do mês“1000 Biliões de m3, é a quantidade de água lançada no mundopelas actividades humanas. Depois de alguns decénios, as cida-des, as indústrias e a agricultura rejeitam, depois de usadas, quan-tidades astronómicas de água mais ou menos tratadas e que vãocontaminar as fontes existentes de água potável...”(Sciense et Vie nº 1020 Setembro 2002)

“Segundo as Nações Unidas 41 % da população mundial vive emzonas com “stress” hídrico, onde a falta de água é frequente.A mesma fonte indica que 1,2 biliões de pessoas, no mundo, be-bem água poluida, o que provoca, por ano, centenas de milhar dedoenças ligadas à água.”(L’ Écologiste nº 8 - Outubro de 2002)

A água, que se encontra dentro das frontei-ras de cada país, tornar-se-á, dentro depouco tempo ( se já não o é ) um tesouro devalor incalculável, pelo que a estratégia dagestão da água deve ser devidamente pon-derada, e os passos a dar devem cautelo-sos, mas firmes. Um dia perdido pode ditarmuitas mortes num futuro que não sabemosquando começará. No caso de Portugal quese encontra numa posição limítrofe do Con-tinente e que praticamente não possui gran-des massas de água exclusivamente nacio-nais, deve emprestar atenção redobrada áspolíticas levadas a cabo pelo país vizinho.Deve tomar posição forte e esclarecida sobreas acções levadas a cabo pela Espanha noque concerne à água peninsular.Apesar de ser mais ou menos consentâneoque a água potável dificilmente acabará naTerra, devido ás capacidades tecnológicasque o mundo tem á disposição, com maiorou menor custo (cada m3 de água dessalini-zada tem um custo aproximado de 1 dólaramericano), a dessalinização ou purificaçãode água conseguirão suprir as necessidadesexistentes. Tenhamos porém a certeza quenada vai poder substituir a “natural” incolore inodora água de que a Terra nos fez!