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CAP 20 – MULTICULTURALISMO

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A PRODUÇÃO SIMBÓLICA

No ano 2000, foi organizada uma exposição comemorativa dos 500 anos do descobrimento do Brasil intitulada Mostra do Redescobrimento.

Para esse evento, diversas relíquias que datam do período colonial, mantidas em museus europeus, foram cedidas para apresentação ao público brasileiro, que, pela primeira vez, teve contato com elas.

Dessas peças, uma teve especial importância: o manto tupinambá, levado do Brasil por Maurício de Nassau no século XVII.

Atualmente esse manto pertence ao Museu Real da Dinamarca.

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Houve muita discussão sobre o direito de propriedade ou guarda do manto: pertenceria ele aos descendentes dos tupinambás, ao governo brasileiro ou aos dinamarqueses?

Sem que se chegasse a um consenso, o manto retornou à Europa, para a câmara climatizada em que era mantido pelos museólogos dinamarqueses.

O manto havia sido produzido pelos tupinambás, mas diferentes culturas disputavam sua guarda, por julgarem que fazia parte de seu patrimônio cultural.

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Os signos e a cultura

No entendimento da cultura não é a materialidade dos signos que importa, mas o seu valor simbólico e a sua repercussão nas relações sociais.

Com a globalização e o desenvolvimento dos meios de comunicação, o embate entre as forças simbólicas se acirra e os processos culturais se tornam mais complexos e difíceis de definir.

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Novas formas de identidade

A intensa migração dos povos pelo mundo e a globalização acelerou a troca de informações, mercadorias e mensagens entre nações.

Todos esses fatores levaram à multiplicação de formações culturais no interior dos diversos países, promovendo o embate, a troca de influências e o convívio entre culturas díspares.

O resultado disso foi o reconhecimento do direito de existência de culturas minoritárias no interior das culturas nacionais e do crescente apego pelas minorias às suas tradições originais.

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Na disputa pelo direito ao manto tupinambá, de um lado, está o localismo presente no discurso dos descendentes do grupo indígena, que valorizam a relíquia feita pela mão de seus antepassados; de outro, está o Estado brasileiro, que reivindica sua soberania diante do grupo numa atitude nacionalista; e de outro, ainda, está a Dinamarca, que dispõe da tecnologia e do capital necessários para a conservação da relíquia que recebeu dos descendentes de Maurício de Nassau.

Três visões de mundo distintas.

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Uma reação à cultura de massa e à industrialização da cultura

No alvorecer do século XX, diversos autores passaram a denunciar o poder que emanava dos meios de comunicação e do uso que as elites políticas faziam de sua capacidade de penetração.

Theodor Adorno e Walter Benjamin foram alguns desses autores – Teoria Crítica.

Jürgen Habermas, com uma visão menos radical quanto ao poder manipulador dos meios de comunicação sobre a população, preocupa-se com o espaço público como lugar de reconstituição democrática e da cidadania.

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Nesse processo dialógico, os meios de comunicação de massa podem ter papel decisivo, na medida em que colocam em confronto diferentes interpretações da sociedade.

É inegável que o avanço da globalização, o desenvolvimento da cultura de massa e a importância da mídia na sociedade contemporânea têm levado a uma homogeneização que dissolve as diferenças e faz prevalecer os padrões culturais dominantes.

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Entretanto, as culturas minoritárias resistem a esse processo.

A resistência cultural mostra que as relações que se estabelecem entre uma cultura dominante e as culturas minoritárias são de luta e oposição, havendo uma tendência da primeira a relevar os traços distintivos das outras.

O multiculturalismo é, portanto, a relação dialética entre o poder homogeneizador da cultura dominante e a resistência cultural de segmentos sociais que preservam diferentes formas de interpretar o mundo e de nele agir.

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Sincretismos

Inicialmente, o conceito de sincretismo foi utilizado para compreender um fenômeno religioso quando uma divindade ou uma crença de uma religião passa a ser adotada pelos devotos de outra.

Esse fenômeno foi particularmente observável durante o colonialismo, quando os povos conquistados foram obrigados a abdicar de sua religião por imposição dos colonizadores.

Para não perder sua identidade e sua cultura, adotaram os novos deuses, mas identificando-os com suas divindades tradicionais.

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No Brasil, por exemplo, o culto a Iemanjá identifica-se com o de Nossa Senhora da Conceição.

O sincretismo pressupõe o contato profundo entre diferentes povos e etnias, a vivência do contraste, o convívio entre diversos e a troca de características, traços culturais e genes.

Sincretismo é termo chave para se entender a transformação produzida pela contraposição entre globalismo e localismo.

Fusão de elementos culturais.

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Carnavalização e transculturação

Outro conceito que expressa essa visão dialética do contato entre culturas é o de carnavalização.

As manifestações populares tendem a expressar os padrões da cultura dominante de forma invertida, por meio do riso, da máscara, do grotesco e da paródia.

Assim, o carnaval não é apenas uma festa popular, mas também uma manifestação do desejo de subversão da ordem estabelecida.

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Os novos meios de comunicação, as redes mundiais de computadores e a internet estão acelerando cada vez mais o processo de sincretismo e aproximando pessoas e nações, grupos e indivíduos, num movimento de trocas nunca visto.