Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

28
Sandra Raquel Silva

Transcript of Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Page 1: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Sandra Raquel Silva

Page 2: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Nesta primeira cena, o Diabo e o Companheiro falamdos preparativos da viagem.

O Diabo sente-se eufórico, tal como se fosse para umafesta, já que prevê receber muitos passageiros na suabarca.

Esta cena funciona como uma introdução para o quese vai passar, ao mesmo tempo que o diálogo entre osdiabos cria um ambiente animado e divertido. Se na barca do Inferno se vive enorme animação, já

na do Anjo tudo permanece em silêncio.

Page 3: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Após o aprontar da barca para a recepção dos queaportam ao cais da morte, surge o Fidalgo D. Anrique,com um “pajem” que lhe segura a cauda do “manto” e lhetransporta uma “cadeira de espaldas”. O Fidalgo torna-sea personagem central desta cena, ostentando vaidade epresunção, porque, na vida terrena, tinha gozado deprivilégios especiais.

Page 4: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Elementos alegóricos da obra:

1. Cais – prefigura o lugar onde chegam aspersonagens após a sua morte, o fim da vidaterrena.

2. Barcas – prefiguram a viagem para o Inferno oupara o Céu, conforme o mal ou bem feito na terra.

3. Diabo / Anjo – prefiguram a condenação ousalvação, respectivamente.

Page 5: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Símbolos que identificam e caracterizam oFidalgo

- cadeira- pajem- manto

Função do pajemPersonagem figurante: vítima da tirania e da

exploração do Fidalgo (é por isso que é absolvido).

Acusações feitas ao FidalgoAcusações feitas pelo Diabo: abuso de poder.Acusações feitas pelo Anjo: tirania; vaidade.

Page 6: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Argumentos de autodefesa- Estatuto social (“sou fidalgo de solar”).- Rezas pela salvação da sua alma.

Intencionalidade crítica do ponto de vistareligioso

Criticam-se as rezas mecânicas.

Page 7: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Evolução psicológica da personagem- altivez;- arrependimento;- humilhação;- resignação.

Enquanto personagem-tipo, o Fidalgorepresenta a nobreza. Com ele, Gil Vicente criticaa tirania, a vaidade, a corrupção moral e ahipocrisia das crenças e práticas religiosas.

Page 8: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Expressividade da ironia- humilhar e ridicularizar o Fidalgo;- criar o cómico de linguagem;

Tipos de cómicoCómico de linguagem: ironia(poderoso D. Anrique);Cómico de situação: actuação da personagem;Cómico de carácter: maneira de ser da

personagem (Cf. didascália inicial).Objectivos:Criticar, moralizare divertir.

Page 9: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

O Diabo não dá nome ao Onzeneiro, dizendo-o,porém, seu parente.

O Onzeneiro era um usurário que tinha enriquecido àcusta dos altos juros de dinheiro que emprestara aosnecessitados. Faleceu na çafra do apanhar, do dinheiropróprio e alheio.

Page 10: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Tipos de tratamento utilizados pelo Diabo- Tratamento por vós, no início;- Tratamento por tu, quando o Onzeneiro o trata

também por tu (marca de proximidade entre oOnzeneiro e o Diabo no que diz respeito à prática domal.)

Acusações feitas ao OnzeneiroO Onzeneiro é acusado de:- usura (simbolizada no símbolo cénico que ele

transporta, o bolsão);- ganância;- obsessão pelo dinheiro.

Page 11: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Subterfúgios utilizados pelo Onzeneiro paratentar escapar às consequências das acusações:

- Perante o Anjo: bolsão vazio.- Perante o Diabo: desejo de ir ao mundo dos vivos

buscar dinheiro para comprar a salvação.

Evolução psicológica do Onzeneiro:Descontentamento (Mais quisera eu lá tardar)

convicção (Dix! Nom vou eu em tal barca / Estoutratem avantagem) arrependimento (Ó triste, quem mecegou?)

Intencionalidade crítica do ponto de vistareligioso

- Burguesia;- Usura.

Page 12: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Linguagem do Diabo:- Irónica e contundente.Linguagem do Anjo:- Incisiva e sentenciosa.

Cómico de situação:É criado pelo contraste entre a riqueza de que o

Onzeneiro dispunha em vida e o estado de miséria emque se encontra depois de morto. No espaço paraalém da vida, apresenta-se tão pobre que nem sequerdispõe de uma moeda para pagar ao barqueiro.

Page 13: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Joane, o Parvo, é um pobre de espírito, ingénuo,inocente, puro e simples.

Page 14: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Reacção ao convite do Diabo- Personagens anteriores: indignação e troça.- Parvo: troça (Como é inocente, acha natural que o

homem voe).

Significado do silêncio do Diabo perante osinsultos do Parvo:

Ausência de pecados do Parvo.

Page 15: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Caracterização do Parvo- Inocência: cf. Auto-apresentação – Samica

alguém. (revela simplicidade e aponta para o seudestino final).

- Pobreza de espírito.Destino do ParvoParaíso.Razões da salvação do ParvoCriticar, comentar e divertir. OParvo fica no cais para criticar os quepretendem embarcar. Irresponsávele inocente, é posto em cena por Gil Vicente para

julgar as outras personagens e fazer rir. É umcomentador.

Page 16: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Características da linguagem do Parvo- Nível de língua popular, calão (Caga no sapato;

mija n’agulha);- Construções sintácticas ilógicas (reforçam a sua

pobreza de espírito).

Cómico de linguagemCómico de linguagem: utiliza uma linguagem

insultuosa.

Diverte e critica ao mesmo tempo: Ridendo castigatmores.

Page 17: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Mudança de atitude do Parvo, perante oDiabo e perante o Anjo

- Perante o Diabo: agressivo e injurioso.- Perante o Anjo: humilde e inocente (Queres-me

passar além?).

Como é um pobre de espírito, é opróprio Anjo que apresenta osmotivos que justificam a suaentrada na Barca da Glória: permalícia non erraste. / Tua simprezat’abaste.

Page 18: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Atenção:Joane – era assim que se chamavam os Parvos –

era uma personagem-tipo comum no teatro medieval.Esta personagem é a concretização do preceitocristão, segundo o qual, são bem aventurados ospobres de espírito porque deles é o reino dos Céus.

Page 19: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Objectivo da ironia do Diabo (Santo sapateirohonrado!)

- Criticar o Sapateiro de forma sarcástica;- denunciar os pecados do réu.

Pecados do sapateiro- Roubo e exploração do povo.

Símbolos cénicos- Avental;- formas (compradas com o dinheiroroubado aos clientes).

Page 20: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Simbologia dos elementos cénicos- Símbolo do roubo e da exploração do povo;- materialização dos pecados.

Argumentos de defesaArgumentos de cariz religioso (confissão,

comunhão, missas, esmolas).

N.B. O Sapateiro, tal como o Fidalgo, acreditavaque as rezas se poderiam sobrepor aos pecados.

Page 21: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

A condenação das personagens quepecaram, apesar das rezas que fizeram oumandaram fazer encerra uma crítica à formasuperficial como muitos católicos praticavama religião, pensando que as rezas, asmissas, ou as comunhões tinham mais valordo que a prática do bem.

Page 22: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Personagem-tipo- Representa um grupo socioprofissional, os

artesãos.- materialização dos pecados desse grupo: roubo e

exploração do povo.Tipos de crítica- Socioprofissional e económica (roubo e

exploração do povo);- religiosa (hipocrisia das crenças e práticas

religiosas).Cómico de linguagem- Calão: profere obscenidades (puta);- Gíria: utiliza termos técnicos (badana, cordovão).

Page 23: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

O Frade é uma das personagens mais duramentecriticadas por Gil Vicente, mas também uma das maisdivertidas. Desde a sua chegada ao cais, a dançar e acantar, mostra-se sempre alegre e amigo de se divertir.

Surge em cena acompanhado de Florença, que étambém o nome da cidade italiana de Toscana; era ocentro do Renascimento no século XV e simbolizava acorrupção.

Page 24: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Símbolos cénicos- hábito de frade;- equipamento de esgrima (capacete, escudo e

espada);- rapariga.Valor dos símbolos cénicosO equipamento de esgrima representa o lado

mundano do Frade que se dedicou, em vida, aactividades muito pouco próprias da sua condição.A rapariga representa a quebra dos votos decastidade a que os membros do clero eramobrigados.

Page 25: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Função de FlorençaFigurante: Florença – cúmplice dos

pecados do Frade (condenada).Argumentos de acusação- libertinagem;- não cumprimento dos votos de

castidade.Argumentos de autodefesa- hábito;- reza dos salmos.

Page 26: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Silêncio do Anjo nesta cena- substituição do Anjo pelo Parvo;- contraste entre o silêncio do Anjo e a euforia

do Frade;- forma de consciencialização dos pecados por

parte do réu.

Crítica do ParvoTom – irónico.Objectivo – denúncia donão cumprimento dos votos de castidade.

Page 27: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Oposição entre os votos formulados peloclero regular e o comportamento do Frade:

- castidade / luxúria / pobreza /mundanalidade;

- obediência / libertinagem.Tipos de cómicoCómico de carácter – comportamento do Frade

(apresenta-se a julgamento com a moça e outrossímbolos, em detrimento dos valores espirituais);

Cómico de situação – lição de esgrima;Cómico de linguagem – ironia do Diabo (Gentil

padre mundanal).

Page 28: Auto Da Barca Do Inferno Ppt Bom

Intencionalidade crítica desta cena:Com esta cena, Gil Vicente pretende

denunciar:- a devassidão do clero (a afirmação E eles

fazem outro tanto! alarga a crítica aos outrosfrades, mostrando que a quebra dos votos decastidade de Frei Babriel longe de ser umaexcepção é um hábito generalizado.);

- o materialismo e a corrupção de valores daIgreja;

- o carácter artificial das orações;- a cópia dos costumes da nobreza.