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CURSO PREPARATÓRIO DE REDAÇÃO PARA PROCESSO SELETIVO (Aula 2) Professor Geraldo José Rodrigues Liska - Licenciado em Línguas Portuguesa e Inglesa e respectivas literaturas TEXTO O risco da bolsa-esmola Inegavelmente foi um avanço a unificação de programas de distribuição de recursos no Bolsa-Família, apesar de ainda faltar a adesão de prefeitos e governadores. A unificação indica a busca de racionalidade para reduzir desperdício e aumentar eficiência administrativa. Claro que a operação ainda é uma incógnita, mas o anúncio merece ser festejado. A discussão essencial - e mais delicada - é saber até quando o poder público vai manter essas milhões de bolsas. Se os recursos distribuídos diretamente aos mais pobres não promoverem a autonomia dos indivíduos para que, uma vez escolarizados, consigam dispor de uma fonte de renda, iremos distribuir apenas bolsas-esmola. É esse o grande risco, como se vê em várias partes do mundo, desse tipo de programa. As pessoas se acomodarem com aquela ajuda e, pela falta de estímulo econômico, não encararem aquele dinheiro como algo provisório, mas uma esmola. A eficiência desses programas será medida pelo número de brasileiros que não dependam mais de nenhuma bolsa. Gilberto Dimenstein Membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras. (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd201003.htm) TEXTO A brutalidade cometida contra dois jovens em São Paulo reacendeu uma fogueira: a redução da idade penal. Algumas pessoas defendem a idéia de que a partir dos dezesseis anos os jovens que cometem crimes devem cumprir pena em prisão. Acreditam que a violência pode estar aumentando porque as penas que estão previstas em lei, ou a aplicação delas, são muito suaves para os menores de idade. Mas é necessário pensar nos porquês da violência, já que não há um único crime. Vivemos em um sistema socioeconômico historicamente desigual e violento, que só pode gerar mais violência. Então, medidas mais repressivas nos dão a falsa sensação de que algo está sendo feito, mas o problema só piora. Por isso, temos que fazer as opções mais eficientes e mais condizentes com os valores que defendemos. Defendo uma sociedade que cometa menos crimes e que não puna mais. Em nenhum lugar do mundo houve experiência positiva de adolescentes e adultos juntos no mesmo sistema penal. Fazer isso não diminuirá a violência. Nosso sistema penal como está não melhora as pessoas. O problema não está só na lei, mas na capacidade de aplicá-la. Sou contra porque a possibilidade de sobrevivência e transformação destes adolescentes está na correta aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lá estão previstas seis medidas diferentes para a responsabilização de adolescentes que violaram a lei. Para fazer bom uso do ECA é necessário dinheiro, competência e vontade. Sou contra toda e qualquer forma de impunidade. Quem fere a lei deve ser responsabilizado. Mas reduzir a idade penal é ineficiente para atacar o problema. Problemas complexos não serão superados de modo simplório e imediatista. Precisamos de inteligência, orçamento e, sobretudo, de um projeto ético e político de sociedade que valorize a vida em todas as suas formas. Nossos jovens não precisam ir para a cadeia. Precisam sair do caminho que os leva até lá. A decisão agora é nossa: se queremos construir um país com mais prisões ou com mais parques e escolas. Renato Roseno, Advogado coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca – Ceará) e da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced). Para cada texto, responda as perguntas: 1) Quem é o autor do texto? Ele é realmente competente para dissertar sobre o assunto escolhido? 2) Qual é o assunto do texto? De que se trata? 3) Qual o ponto de vista defendido pelo autor, isto é, ele é contra ou a favor ao tema abordado? 4) Quais os argumentos escolhidos por ele para sustentar sua tese? 5) Em qual dos dois textos a introdução é feita por um argumento de exemplificação? Cite-o. 6) Classifique o argumento do autor no trecho do TEXTO 1: “Se os recursos distribuídos diretamente aos mais pobres não promoverem a autonomia dos indivíduos para que, uma vez escolarizados, consigam dispor de uma fonte de renda, iremos distribuir apenas bolsas-esmola”. 7) Nas duas conclusões, há idéias para que o conflito analisado em cada texto seja resolvido? Quais são elas? 8) Em algum momento, há divergência do ponto de vista dos autores? Há situações em que deixam de se opor ao assunto para defendê-lo? 9) Houve colisão de idéias? Os argumentos utilizados por cada autor se chocam, destruindo a coerência textual? 10) Qual dos dois textos seria penalizado pelo uso da 1ª pessoa em sua elaboração, isto é, em qual deles o emissor da mensagem refere-se a si mesmo para defender as idéias? 11) Qual é o público-alvo de cada texto? A quem as produções se destinam? 12) Escolha um título que melhor se adeque ao assunto do TEXTO 2. Lembre-se de que o título será a última sentença escrita por você em seu texto e a primeira que o revisor lerá. Portanto, tenha criatividade. 13) Separe, nos textos, a introdução, o desenvolvimento e a conclusão de cada um deles. As perguntas 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9, 11 e 13 devem ser feitas para qualquer texto observado pelo aluno. Isso deve fazer parte de sua prática de leitura e não apenas questionário de sala de aula.

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  • CURSO PREPARATRIO DE REDAO PARA PROCESSO SELETIVO (Aula 2) Professor Geraldo Jos Rodrigues Liska - Licenciado em Lnguas Portuguesa e Inglesa e respectivas literaturas

    TEXTO

    O risco da bolsa-esmola

    Inegavelmente foi um avano a unificao de programas de distribuio de recursos no Bolsa-Famlia, apesar de ainda faltar a adeso de prefeitos e governadores. A unificao indica a busca de racionalidade para reduzir desperdcio e aumentar eficincia administrativa. Claro que a operao ainda uma incgnita, mas o anncio merece ser festejado.

    A discusso essencial - e mais delicada - saber at quando o poder pblico vai manter essas milhes de bolsas. Se os recursos distribudos diretamente aos mais pobres no promoverem a autonomia dos indivduos para que, uma vez escolarizados, consigam dispor de uma fonte de renda, iremos distribuir apenas bolsas-esmola.

    esse o grande risco, como se v em vrias partes do mundo, desse tipo de programa. As pessoas se acomodarem com aquela ajuda e, pela falta de estmulo econmico, no encararem aquele dinheiro como algo provisrio, mas uma esmola.

    A eficincia desses programas ser medida pelo nmero de brasileiros que no dependam mais de nenhuma bolsa.

    Gilberto Dimenstein Membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz

    Coordena o site de jornalismo comunitrio da Folha. Escreve para a Folha Online s segundas-feiras. (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd201003.htm)

    TEXTO

    A brutalidade cometida contra dois jovens em So Paulo reacendeu uma fogueira: a reduo da idade penal. Algumas pessoas defendem a idia de que a partir dos dezesseis anos os jovens que cometem crimes devem cumprir pena em priso. Acreditam que a violncia pode estar aumentando porque as penas que esto previstas em lei, ou a aplicao delas, so muito suaves para os menores de idade. Mas necessrio pensar nos porqus da violncia, j que no h um nico crime.

    Vivemos em um sistema socioeconmico historicamente desigual e violento, que s pode gerar mais violncia. Ento, medidas mais repressivas nos do a falsa sensao de que algo est sendo feito, mas o problema s piora. Por isso, temos que fazer as opes mais eficientes e mais condizentes com os valores que defendemos.

    Defendo uma sociedade que cometa menos crimes e que no puna mais. Em nenhum lugar do mundo houve experincia positiva de adolescentes e adultos juntos no mesmo sistema penal. Fazer isso no diminuir a violncia. Nosso sistema penal como est no melhora as pessoas.

    O problema no est s na lei, mas na capacidade de aplic-la. Sou contra porque a possibilidade de sobrevivncia e transformao destes adolescentes est na correta

    aplicao do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA). L esto previstas seis medidas diferentes para a responsabilizao de adolescentes que violaram a lei. Para fazer bom uso do ECA necessrio dinheiro, competncia e vontade.

    Sou contra toda e qualquer forma de impunidade. Quem fere a lei deve ser responsabilizado. Mas reduzir a idade penal ineficiente para atacar o problema. Problemas complexos no sero superados de modo simplrio e imediatista. Precisamos de inteligncia, oramento e, sobretudo, de um projeto tico e poltico de sociedade que valorize a vida em todas as suas formas. Nossos jovens no precisam ir para a cadeia. Precisam sair do caminho que os leva at l. A deciso agora nossa: se queremos construir um pas com mais prises ou com mais parques e escolas.

    Renato Roseno, Advogado coordenador do Centro de Defesa da Criana e do Adolescente (Cedeca Cear) e da Associao Nacional dos Centros de Defesa da Criana e do Adolescente (Anced).

    Para cada texto, responda as perguntas: 1) Quem o autor do texto? Ele realmente competente para dissertar sobre o assunto escolhido? 2) Qual o assunto do texto? De que se trata? 3) Qual o ponto de vista defendido pelo autor, isto , ele contra ou a favor ao tema abordado? 4) Quais os argumentos escolhidos por ele para sustentar sua tese? 5) Em qual dos dois textos a introduo feita por um argumento de exemplificao? Cite-o. 6) Classifique o argumento do autor no trecho do TEXTO 1: Se os recursos distribudos diretamente aos mais

    pobres no promoverem a autonomia dos indivduos para que, uma vez escolarizados, consigam dispor de uma fonte de renda, iremos distribuir apenas bolsas-esmola.

    7) Nas duas concluses, h idias para que o conflito analisado em cada texto seja resolvido? Quais so elas? 8) Em algum momento, h divergncia do ponto de vista dos autores? H situaes em que deixam de se opor ao

    assunto para defend-lo? 9) Houve coliso de idias? Os argumentos utilizados por cada autor se chocam, destruindo a coerncia textual? 10) Qual dos dois textos seria penalizado pelo uso da 1 pessoa em sua elaborao, isto , em qual deles o emissor

    da mensagem refere-se a si mesmo para defender as idias? 11) Qual o pblico-alvo de cada texto? A quem as produes se destinam? 12) Escolha um ttulo que melhor se adeque ao assunto do TEXTO 2. Lembre-se de que o ttulo ser a ltima

    sentena escrita por voc em seu texto e a primeira que o revisor ler. Portanto, tenha criatividade. 13) Separe, nos textos, a introduo, o desenvolvimento e a concluso de cada um deles.

    As perguntas 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9, 11 e 13 devem ser feitas para qualquer texto observado pelo aluno. Isso deve fazer parte de sua prtica de leitura e no apenas questionrio de sala de aula.