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17/09/2014 1 Acidentes e complicações da anestesia local Disciplina de Anestesiologia Prof. Dr. Gustavo Duarte Mendes Prof. Ms. Eduardo Mangini Prof. Dr. José Cássio de Almeida Magalhães Reações Adversas a Medicamentos (RAM) É qualquer ocorrência indesejada por medicamentos. Esta ocorrência não necessita ter uma relação com a terapia. Um Evento Adverso pode, portanto, ser um sinal (incluindo achados anormais de exames ou sinais vitais) ou sintoma desfavorável e não intencional, ou uma doença associada à terapia, relacionada ou não à terapia. RAM 2 - 6% das internações hospitalares Ocorre em 10 – 20% dos pacientes internados Causa a morte de 0.1% dos pacientes clínicos hospitalizados Causa a morte de 0.01% dos pacientes cirúrgicos hospitalizados Importância de Reações Adversas a Medicamentos (RAM) 2 milhões de RAM anualmente nos EUA Cem mil mortes por ano Quarta causa de morte nos EUA (na frente de doenças pulmonares, diabetes, AIDS, acidentes automobilísticos) RAM ambulatorial – incidência não estimada RAM em clínicas para idosos – 350 mil por ano

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Acidentes e complicações da anestesia local

Disciplina de Anestesiologia

Prof. Dr. Gustavo Duarte Mendes

Prof. Ms. Eduardo Mangini

Prof. Dr. José Cássio de Almeida Magalhães

Reações Adversas a Medicamentos (RAM)

É qualquer ocorrência indesejada por medicamentos.Esta ocorrência não necessita ter uma relação com aterapia.

Um Evento Adverso pode, portanto, ser um sinal(incluindo achados anormais de exames ou sinaisvitais) ou sintoma desfavorável e não intencional, ouuma doença associada à terapia, relacionada ou não àterapia.

RAM

2 - 6% das internações hospitalares

Ocorre em 10 – 20% dos pacientes internados

Causa a morte de 0.1% dos pacientes clínicos hospitalizados

Causa a morte de 0.01% dos pacientes cirúrgicoshospitalizados

Importância de Reações Adversas a Medicamentos (RAM)

2 milhões de RAM anualmente nos EUA

Cem mil mortes por ano

Quarta causa de morte nos EUA (na frente de doenças pulmonares, diabetes, AIDS, acidentes automobilísticos)

RAM ambulatorial – incidência não estimada

RAM em clínicas para idosos – 350 mil por ano

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Por que há tantos RAM?

Dois terços de consultas médicas geram uma receita

2.8 bilhões de receitas no ano 2000 (10 por habitante dos EUA)

RAM aumenta exponencialmente com 4 ou mais medicações

OLD DRUGS – OLD PEOPLE – NEW INSIGHTS - Can J Clin Pharmacol Vol 12 (1) Winter 2005: e28-e32; January 10, 2005

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Número de Drogas

Relação entre a frequência de pacientes que apresetam reações adversas e o número de drogas prescritas

(r = 0.77; P < 0.001).

Reported serious events vs outpatient prescriptions, 1998-2005.

Serious Adverse Drug Events Reported to the Food and Drug Administration, 1998-2005 - ARCH INTERN MED/VOL 167 (NO. 16), SEP 10, 2007

At 04:59 PM 1/1/2008, you wrote:

Minha avó tem 72 anos, tem diabetes mellitus tipo 2 há aproximadamente quatro anos.Atualmente, tal doença está controlada, sendo os níveis glicêmicos da minha avó normais (ela submete-se a controle periódico mensal). Não apresenta distúrbios hepáticos ou renais. Ela tem um histórico dedepressão e, há alguns anos, teve um episódio de “relatar” certas histórias que, com o tempo,mostraram-se inverídicas. Nesta época, ela fazia um tratamento para emagrecer, e tomava fórmulasmanipuladas pelo seu médico. Após certa resistência, ela concordou em ir a um psiquiatra, que lhecomunicou serem tais fórmulas as causadoras de sua “confusão” mental. Descontinuou o seu uso,administrando drogas desintoxicantes. Após esse tratamento com o psiquiatra, não houve maisproblemas.

Os medicamentos que ela toma:

* Xenical (Orlistat) comprimido com 120 mg. Toma antes das refeições. Inibidor da lípase intestinal.* Fluoxetina (manipulada) - cápsula de 30 mg. Toma uma vez ao dia.* Vazy (cloridrato de sibutramina) comprimidos de 15 mg. Toma uma cápsula ao dia.* Oroxadin comprimidos de 100 mg. Toma um comprimido ao dia.* Caldê para osteoporose.* Cloridrato de metformina comrpimidos de 500 mg. Toma antes das refeições.* Miosan (cloridrato de ciclobenzaprina) comprimidos de 5 mg, uma vez ao dia. Tomou faz pouco

tempo, porque apresentou dor nas costas.* norfloxacino 400mg. Tomou faz pouco tempo, pois apresentou cistite

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Evento Adverso Sério

É um Evento Adverso que, independente da dose:

1. Provoca a morte;

2. Ameaça a vida;

3. Requer hospitalização ou prorrogação da hospitalização;

4. Resulta em debilidade / incapacitação significativa ou persistente;

5. Trata-se de uma anomalia congênita ou defeito ao nascimento;

6. Trata-se de uma neoplasia maligna.

A "ameaça à vida" refere-se a condições que efetivamente encontradas, no momento da ocorrência do evento, ou que requeiram, também, no

momento do evento, intervenção para prevenir que haja "ameaça à vida“

9 perguntas fundamentais

1. Cada medicação é necessária?

2. Esta medicação está contra-indicada nesta faixa etária?

3. Há duplicação de medicamentos?

4. O paciente está tomando a menor dose necessária para eficácia?

5. A medicação que está sendo associada é para tratar efeito colateral de outra medicação?

6. É possível simplificar o esquema terapêutico?

7. Há interação medicamentosa no atual esquema terapêutico?

8. O paciente é aderente ao tratamento?

9. O paciente está tomando OTC, vitaminas ou alguma medicação sugerida/dada por outra pessoa?

Acidentes e Complicações da anestesia local

Acidentes de ordem local

Acidentes de ordem geral

A melhor maneira de lidar com os acidentes e complicações é prevenir sua ocorrência

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Medidas preventivas gerais

Conhecer a droga a injetar.

Usar soluções com vasoconstritores.

Observar as condições do tubeteanestésico.

Selecionar a agulha adequada.

Evitar a injeção intravascular (seringa com aspiração).

Medidas preventivas gerais

Evitar doses excessivas do anestésico (sobredose).

Injetar solução lentamente (1ml/min).

Respeitar as limitações da anestesia local.

Observar as referências anatômicas.

Ter equipamento e material auxiliar disposição (torpedo de oxigênio, seringas e medicamentos e instrumental, para urgências).

Classificação

Primárias ou secundárias.

Leves ou intensas.

Transitórias ou permanentes.

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Primários: causado e se manifestadurante a aplicação da anestesia.

Secundários: se manifesta mais tarde,mesmo que tenha sido causado nomomento da anestesia.

Brandas ou leves: ligeiro desvio do padrãonormal esperado, sendo reversível,independente de qualquer tratamento.

Intensa: desvio acentuado do normal e exige um plano decisivo de tratamento.

Classificação quanto a etiologia

Atribuídas a solução anestésica.

Resultantes da inserção da agulha.

Atribuídas às soluções anestésicas

Toxicidade

Alergias

Infecções causadas por soluções contaminadas

Irritações teciduais causadas pela solução

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Resultantes da inserção da agulha

Lipotimia / Sincope

Dor

Edema

Infecções

Anestesia prolongada

Trismo

Hematoma ou equimose

Fratura de agulha

DOR Agulha com bisel em mau estado

Injeção muito rápida

Grande volume de solução anestésica

Grande número de inserções de agulha

Agulha não esterilizada

Solução contaminada

Solução anestésica deteriorada

TRISMO

contração dolorosa da musculatura da mandíbula (masseteres)

Etiologia:

Traumatismo muscular.

Solução irritante.

Hemorragia.

Infeção.

TRISMO

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TRISMO

Conclusões: A toxina botulínica (sorotipo B) aplicada por injeção nos músculos

masseter efetivamente reduz a hipertonia e proporciona melhor a abertura da boca.

ANESTESIA PROLONGADA

Etiologia:

Contaminação da solução anestésica por álcool ou outros agentes desinfetantes.

Hemorragias localizadas na região do nervo.

Pequenas injúrias ao nervo causadas pela agulha.

HEMATOMA

acúmulo de sangue num órgão ou tecido

Etiologia: Técnica incorreta, provocando abertura de vasos sangüíneos.

HEMATOMA

Etiologia: Técnica incorreta, provocando abertura de vasos sangüíneos.

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HEMATOMA HEMATOMA

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ÚLCERA DOS LÁBIOS

Traumatismo.

Geralmente causado pelos dentes, quando o paciente busca verificar os

efeitos da anestesia

ÚLCERA DOS LÁBIOS

ESCARA

Etiologia: Grande volume de solução anestésica injetada

na mesma área. Repetições da inserção da agulha no mesmo local.

Sinais e sintomas:

Descamação epitelial na área de inserção da agulha. Sensação de queimadura, dor e possibilidade de infecção secundária

ISQUEMIA - NECROSE

O palato duro é pouco vascularizado e o excesso de anestésico local (lidocaína) com vasoconstritor

(noradrenalina) durante anestesia infiltrativa no palato duro levando a isquemia e, posteriormente, necrose.

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PARALISIA FACIAL

Etiologia:

Técnica incorreta de anestesia do nervo alveolar inferior; bloqueio do nervo facial.

PARESTESIA

INFECÇÃO

Etiologia:

Falha na obtenção de esterilização e desinfecção do instrumental para anestesia.

Ausência ou descuidos na anti-sepsia do operador e do paciente. Passagem da agulha

por áreas infectadas.

REAÇÕES ALÉRGICAS

Etiologia:

Sensibilidade individual, reação específica antígeno-anticorpo. Ocorre com mais

freqüência nos anestésicos do grupo éster, rara no grupo amida. Pode ser causada por outro

componente da solução anestésica (metil parabeno).

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REAÇÕES DE TOXICIDADE

Também chamada de sobredose. Afetam o sistema nervoso central, cardiovascular e

respiratório.

Etiologia

A sobredose é causada por um nívelsangüíneo da droga suficientemente altopara produzir efeitos adversos em váriostecidos e órgãos do corpo.

FRATURA DE AGULHA

FRATURA DE AGULHAEtiologia:

• Agulha defeituosa, em más condições(muito usada, desentortada).

• Agulha de comprimento inadequado.

• Movimento brusco do paciente e/ouoperador.

• Técnica anestesiológica incorreta.

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FRATURA DE AGULHA FRATURA DE AGULHA

FRATURA DE AGULHA FRATURA DE AGULHA

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FRATURA DE AGULHA FRATURA DE AGULHA

5 dias

FRATURA DE AGULHA FRATURA DE AGULHA

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FRATURA DE AGULHA FRATURA DE AGULHA

FRATURA DE AGULHA FRATURA DE AGULHA

Posicionamento de nova agulha para auxílio na localização da agulha fraturada – referência na imagem

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LIPOTÍMIA X SÍNCOPE

- MAL ESTAR PASSAGEIRO

- SENSAÇÃO de DESMAIO

sem a perda da consciência.

LIPOTIMIA

Psicogênicos: medo, ansiedade, estresse, situações desagradáveis, sustos, decepções, dor

de qualquer natureza, visão de sangue e de instrumentos odontológicos (especialmente os

cirúrgicos).

Não psicogênicos: hipoglicemia, excesso de temperatura, debilidade orgânica.

EVOLUÇÃO da LIPOTÍMIA

SÍNCOPE

com a perda da consciência.

DESMAIO

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COMO PREVENIR?

Avaliar o grau de ansiedade. Evitar estímulos visuais. Pacientes com doença sistêmica: direcionar a anamnese Não estar em jejum. Redução do stress. Evitar expressões ou termos que assustem o paciente. Posição supina ou semi-inclinada. Anestesia local atraumática. Solução e técnica anestésica adequada.

O QUE FAZER?

Interromper o tratamento odontológico e retirar todos os materiais de dentro da boca.

Avaliar a consciência - Você está bem?

Posição supina com pés elevados (10 a 15 graus).

Afrouxe as roupas do paciente.

Manobras para manutenção das vias aéreas livres INCLINANDO CUIDADOSAMENTE A CABEÇA PARA TRÁS

Avaliar respiração e pulso.

Presença dos SV: 2 a 3 min para recuperação.

Após 10 a 15 minutos, dispensar paciente acompanhado.

MAPYG

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O QUE FAZER?

NÃO OCORRENDO RECUPERAÇÃO APÓS 3 MINUTOS

Solicitar socorro móvel de urgência

Administrar O2 adicional e monitorar sinais vitais FR / FC / PA

HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA

QUEDA brusca da PA que pode ocorrer quando o paciente, deitado de costas, assume rapidamente a posição de pé.

Queda brusca e excessiva da PA = SÍNCOPE

HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA

FATORES PREDISPONENTES:

Idade

Uso contínuo de medicamentos

Pacientes portadores de varizes ou defeitos circulatórios dos membros inferiores

Gravidez

Paciente deitado por período longo

Pacientes de convalescença

HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA

COMO PREVENIR?

Mudança da posição do paciente na cadeira:

Lenta

Gradativa

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HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA

O QUE FAZER?