Aula 11 Criatividade e Inovação

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Aula 11 Criatividade e inovação na gestão do conhecimento Carlos Luiz Alves

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Aula 11Criatividade e inovação na gestão do conhecimento

Carlos Luiz Alves

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Ementa: Temos visto durante as aulas, que o desenvolvimento tecnológico tem alterado profundamente a economia mundial, obrigando pessoas e organizações a mudarem formas ou processos de compreender e atuar no mundo. Organizações mais abertas e predispostas às mudanças têm propiciado fórmulas de desenvolver a criatividade e a inovação dentro de seus âmbitos. Hoje, as empresas estão mais convencidas de que o seu valor não se encontra exatamente na quantidade de bens tangíveis, mas na qualidade dos intangíveis, que correspondem a soma dos conhecimentos e do potencial de produção dos mesmos a partir da interação de seus colaboradores, que, como já vimos, constituem o capital intelectual das empresas.

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Dentro desses novos patamares que se encontra a economia mundial, organizações que fomentam o desenvolvimento da criatividade e da inovação acabam adquirindo vantagem competitiva em relação às demais. Neste sentido, compreender como se dá os processos de criação e inovação passa a ser fator crítico de sucesso e objeto de preocupação e de estudo por parte da gestão do conhecimento.

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INTRODUÇÃO

Temos visto que o mundo não é mais o mesmo, assim como as pessoas e as organizações. Os valores também mudaram. Processos produtivos e comunicacionais idem. O fato é que vivemos em um mundo marcado pelas incertezas. Neste novo paradigma, o conhecimento se tornou a mola propulsora que alavanca as mudanças que modelam este mundo. Hoje, a produção e a distribuição de conhecimento dobram em poucos meses, fazendo com que pessoas e empresas estejam mais predispostas às mudanças e às adaptações.

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Não há retorno. Ficar parado é tornar-se alvo fácil de ser atropelado pelos acontecimentos. O caminho é seguir em frente, desenvolver novas habilidades e competências. No caso das organizações, elas precisam ser mais flexíveis e ágeis nas decisões, uma vez que estão dentro de um jogo com intensa competição global. O fato é que, nesse jogo, seus atores são múltiplos e multifacetados, as incertezas são constantes e envolvem ou influenciam o cotidiano de pessoas e de empresas.As mudanças de paradigmas são tão intensas, que as empresas atuais não são mais avaliadas pela quantidade de seus bens tangíveis, mas pela qualidade do conhecimento desenvolvido pela organização, que constitui seu capital intelectual. Relacionar criatividade e inovação a esse capital tornou-se fator crítico de sucesso e objeto de estudo e preocupação dos gestores do conhecimento.

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Neste novo contexto, em que o conhecimento se tornou valiosíssimo, as pessoas acabam se tornando o maior patrimônio das organizações, pois são fontes geradoras de riquezas e fatores críticos de sucesso e de sobrevivência.

Durante esta aula, procuraremos observar a importância do processo criativo na gestão do conhecimento organizacional. Saberemos como se dá a inovação a partir da criatividade das pessoas e o mais importante: saber como se constitui o capital intelectual das organizações, na perspectiva da gestão.

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A criatividade e a humanidade

A criatividade ou o processo criativo sempre fez parte da humanidade. Aliás, a criatividade é um atributo humano, exclusivamente humano, o que se sabe é que somente os homens são seres criativos.

Afinal, de onde ela vem? Qual a sua natureza? Como se processa a criatividade?

No decorrer do tempo, acreditava-se que a criatividade tinha origem divina e que somente pessoas “inspiradas pelo Divino” possuíam o seu cerne. Outras a rotulavam como loucura, como Platão e Aristóteles, que viam nos homens criativos “rebentos” de insanidade, devido à concussão de inúmeras ideias, jamais pensadas ou concebidas, que modificariam o modo de ver e de se conceber o mundo.

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Para Platão, a criatividade estaria no “mundo das ideias”, cujos homens a acessaria em busca de uma solução ou melhoria para um problema do mundo real, que é considerado uma espécie de sombra imperfeita daquele.

Grandes artistas e escritores foram tachados como loucos, devido a sua criatividade como Shakespeare, Vicente VanGog, Mozart, Dante, Leonardo da Vinci, etc. O fato é que as ideias criativas, em um dado momento, soam estranhas àqueles que não estão preparados para percebê-las.

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Criatividade e oportunidade estão lado a lado. Assim aconteceu como Alexandre Gran Bell com a invenção do telefone, muitos entenderam a engenhoca como um “brinquedo eletrônico”, pois não perceberam inicialmente sua finalidade (utilidade). Invenção que mudou o mundo, tornando-o uma “Aldeia Global”.

Segundo a historiografia, Nicolas Tesla inventou o dínamo e trouxe a corrente elétrica contínua para o nosso mundo a partir de um “arrebatamento”, um frenesi momentâneo que ocupara-lhe a mente por alguns instantes.

Foi a criatividade que levou Santos Dummont a alçar voo em uma máquina mais pesada do que o ar. Pelo mesmo invento, criou também, de tabela, o relógio de pulso.

São homens e mulheres criativos que mudaram e mudam o mundo!

Afinal, criatividade é um atributo para todos ou somente para alguns?

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Criatividade, o que é?

Para Alencar (apud ANGELONI, p.194), a criatividade é um fenômeno complexo e multifacetado que envolve uma interação dinâmica entre as pessoas e o ambiente em que se encontram. Está relacionada ao clima psicológico, aos valores, às normas e às oportunidades de surgimento de novas ideias.

Segundo o autor, a criatividade vem do latim creare, que significa criar, elaborar, e do grego kraine, que significa realizar, desempenhar, preencher. Em outras palavras, para os povos greco-romanos, os quais somos descendentes, criatividade significa “pôr em prática uma ideia”.

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É a partir desse conceito, que trataremos a criatividade, como uma ideia colocada em prática como solução a um problema, como algo novo que tem como pressuposto resolver uma determina problemática ou questão dentro da organização.

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O Processo Criativo

Segundo as diversas correntes da filosofia e da ciência, a criatividade é o resultado da interação de um conjunto de atividades mentais que se relacionam de forma sequencial e dinâmica, que por fim acabam gerando uma nova ideia ou solução para um determinado problema. Essas atividades podem ocorrer de forma individual ou coletiva.

De acordo com Grahan Wallas (apud ANGELONI, 2008, p.196), há quatro estágios para o processo criativo, como pode ser visto no quadro a seguir:

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O PROCESSO CRIATIVO DE WALLAS

Estágios

Atividades

1-Preparação O problema é investigado em todas as direções.

2-Incubação O problema é pensado de uma maneira “não consciente”.

3 – Iluminação

Surgimento da “ideia feliz”.

4 – Verificação É feito o teste de validade da ideia.Essa é reduzida à forma exata.

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“No processo criativo de Wallas, a preparação é o momento em que a pessoa assimila o problema e clarifica seu objetivo. Na incubação, o trabalho consciente é totalmente suspenso. Na iluminação, ocorre o “eureca! ”, em que a solução do problema se torna conhecido e, no estágio de verificação, a pessoa, usando o pensamento racional lógico, chega ao discernimento e opta pela solução mais adequada ao problema”. (ANGELONI, 2008, p.196)

Kneller (apud ANGELONI,2008, p.196) corrobora a tese de Wallas:

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O PROCESSO CRIATIVO DE KNELLER

Estágios

Atividades

1-Apreensão O problema é investigado por diferentes ângulos. A pessoa tem a percepção de que há um problema e que este necessita de uma solução

2-Incubação As informações são entregues à mente inconsciente, deixando o problema “cozinhar”. Nesta etapa, não há censura ou julgamento.

3 – Iluminação

Ocorre o “insight”. Surge a resposta ao problema inicial.

4 – Verificação O processo criativo se encerra. A pessoa verifica se a ideia pode ou não ser exequível (colocada em prática).

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O PROCESSO CRIATIVO DE AMÁBILE

Etapas Atividades

1 - Apresentação Nesta etapa, ocorre a apresentação do problema e a

tarefa a ser desenvolvida.

2 – Preparação (ou apreensão) A pessoa recolhe inúmeras informações relevantes para o problema

3 – Geração (de ideias) A pessoa procura caminhos viáveis para a solução do problema, surgindo vários insights.

4- Experimentação As ideias (soluções) são testadas.5 - Validação Etapa final, em que se determina a ideia ou solução

apropriada.

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A criatividade nas organizações

Como temos visto, nas organizações, a criatividade é entendida como uma capacidade individual ou coletiva de resolver problemas, ou seja, em um mundo em constante mutação, saber resolver problemas (que serão muitos) passa a ser um diferencial de competitividade para as empresas. Logo, pensar o fomento da criatividade passa a ser uma fórmula sábia de estratégia. Em outro sentido, possuir indivíduos criativos na organização pode significar construir um capital intelectual único (altamente valorativo e competitivo) indispensável à manutenção e ao crescimento organizacional.

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Assim, a criatividade pode ser vista como um processo em que as ideias são geradas, desenvolvidas e transformadas em algo de valor para a organização, quando melhora produtos, processos, serviços e traz resultados satisfatórios para a empresa.

Considerando o contexto de fomento da criatividade, para os referidos autores, todas as pessoas podem ser criativas, desde que haja condições ambientais, psicológicas e culturais propícias. Logo, em um mundo em transformação, fazer uso da criatividade é algo quase natural, desde que exista uma estrutura organizacional favorável a isso.

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A criatividade e a inovação nas organizações

Vimos o que pode ser criatividade ou processo criativo, agora trataremos das inovações que ocorrem nas empresas. Afinal, o que são inovações? E quais são os seus tipos?

Segundo Kanter (apud ANGELONI,2008, p.200) inovação é o processo que põe em uso uma ideia nova para a solução de um problema; é a geração, aceitação e implementação de novas ideias, processos, produtos ou serviços. Por meio desta conceituação, podemos perceber que inovação e criatividade caminham lado a lado, pois a criatividade encontra-se inserida nos processos de inovação, tornando-se inseparáveis.

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Embora inseparáveis, criatividade e inovação são conceitos distintos, pois, enquanto a criatividade pode ser um trabalho cognitivo individual para a solução de um problema, a inovação é a implementação de uma nova ideia em um produto, processo ou empreendimento, visando a um melhoramento (inovação) beneficiando de forma significativa o indivíduo, o grupo, a organização e a sociedade.

“Ideias criativas são fundamentais para que ocorra o processo de inovação, sendo, portanto, um dos elementos essenciais do processo. A criatividade é a fonte, o elemento básico de onde nasce a inovação. É um dos elementos da idealização da inovação, enquanto a inovação é a aplicação das novas ideias criadas”. (ANGELONI, 2008, p.201)

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Devemos destacar, também, o fato de que ter ideias criativas não significa necessariamente que estaremos inovando, pois, dentro das organizações podem surgir muitas ideias, mas devido a uma estrutura rígida, a um ambiente nada favorável, ou a um estilo gerencial nada receptivo, a suposta inovação, que poderia melhorar as condições competitivas da empresa, estaria comprometida. Nesse sentido, uma ideia poderia ficar esquecida por muito tempo, não porque não apresente condições de ser viabilizada, mas sim por não haver pessoas dispostas a colocá-la em ação. Uma nova ideia só terá valor quando for colocada em prática, gerando benefícios para todos.

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Características de uma pessoa criativa

Embora as pesquisas comprovem que a criatividade é inerente a todas as pessoas, porém, alguns fatores são condições importantes para que as práticas criativas aconteçam.

Angeloni (2008, p.203) propõe três grupos de características: intelectuais, motivacionais e de personalidade criativa.

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CARACTERÍSTICAS DE UMA PESSOA CRIATIVA (ANGELONI)

1-Intelectuais Envolvem aspectos como iniciativa, originalidade, reflexão, flexibilidade, comunicação, elaboração, memória, cognição e avaliação.

2-Motivacionais Extrínseca (salários, recompensas, premiações)Intrínseca (paixão, interesse, satisfação pelo trabalho, desejo de solucionar um problema)

3-Personalidade criativa São mais autônomas, autossuficientes, independentes, abertas, complexas, engenhosas do que outras.

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CARACTERÍSTICAS DE UM GRUPO CRIATIVO (ANGELONI)

1-Coesão A união e a harmonia entre os integrantes do grupo facilitam a produção de ideias.

2-Longevidade Ajuda a manter a coesão

3-Composição Número de homens e mulheres, diversidade, nível cultural e educacional.

4-Estrutura Como o grupo se organiza, as relações de poder e subordinação.

5-Liderança O líder participativo e democrático motiva grupos inovadores.

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FATORES QUE NÃO FAVORECEM A CRIATIVIDADE (ANGELONI)

1-Segmentação de processos Herança tayloriana. Cria um nível de especialização tão grande que departamentaliza a empresa, impedindo a prática da interdisciplinaridade e geração de novas ideias

2- Superespecialização de tarefas Característica de uma organização tradicional burocrática, tolhe a capacidade imaginativa do homem, conduzindo a processos de adestramento técnico, ignorando a sensibilidade e a inteligência do fazer.

3 –Estrutura rígida e inflexível Tolhe qualquer iniciativa e consequentemente a criatividade.

4 –Dirigentes rígidos Ao policiar os empregados, acaba coibindo as inovações.

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Por outro lado, uma cultura criativa, característica das organizações do conhecimento, valoriza o talento, estimula a geração de ideias e a coragem de assumir riscos. Ela deve estar presente em todos os níveis organizacionais, inserida nas ações diárias, na prática administrativa, nas estratégias, objetivos e metas da organização. Uma cultura criativa caracteriza-se pela flexibilidade, pela comunicação livre e aberta, pelos desafios e pelo prazer que as pessoas têm em seu trabalho. (ANGELONI, 2008, p.208)

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CONCLUSÃO

O nosso mundo é caracterizado pelas mudanças, a cada momento surge um produto, um serviço, um processo novo, fazendo com que as organizações busquem novos meios e ou métodos de resolução de problemas e aperfeiçoamentos de processos produtivos.

Diante de imenso desafio, habilidades com as de trabalhar em grupo, de forma colaborativa, de modo flexível, com pessoas criativas que estão sempre inovando, tornaram-se fatores indispensáveis para o sucesso e sobrevivência da empresa.

Enfim, devemos saber que uma ideia criativa nem sempre será sinônimo de inovação, uma vez que esta exige pessoas que estejam dispostas a fazerem a diferença neste mundo marcadamente competitivo.

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ATIVIDADES NO BLOG

Pensando nas reflexões que fizemos até aqui, em sua opinião, quais seriam os fatores que impedem ou favorecem a implementação de inovações e mudanças nos âmbitos das organizações?

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REFERÊNCIAS

ANGELONI, M. T. (Org.) Organizações do Conhecimento: infraestrutura, pessoas e tecnologia, 2. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2008.

SVEIBY, Karl Erick. A nova riqueza das organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998.