Aquisição Do Tipo Silábico CV(r) No PB

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Tipo silábico

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    Aquisio do tipo silbico CV(r) no portugus brasileiro

    ResumoOs Modelos baseados no Uso e na Lingstica Probabilstica suge-rem que a freqncia em que palavras individuais ou grupos de pala-vras so usados, e a freqncia em que padres estruturais ocorremnuma lngua afetam a representao mental. Os modelos tambmpropem que as palavras no lxico esto organizadas de forma mul-tidimensional em funo de similaridades fonticas e semnticas, eque a representao fonolgica contm no s os traos distintivos,mas tambm os previsveis e redundantes. Assim, a variao consi-derada intrnseca gramtica e representao. Este artigo refere-se aquisio da estrutura silbica varivel CV(r) em crianas de 2;6 a5;0, do Rio de Janeiro. A anlise mostra que a distribuio das fre-qncias das variantes um reflexo da variao estruturada, observa-da na comunidade de fala, e do estabelecimento de diferentes esque-mas representacionais em funo da classe morfolgica e da posioda slaba na palavra.

    Palavras-chave: Tipo silbico CV(r); Variao; Mudana; Aquisio;Fonologia; Lxico.

    Aquisio do tipo silbico CV(r)no portugus brasileiro

    Christina Abreu Gomes*

    A

    * Universidade Federal do Rio de Janeiro.1 Essa pesquisa financiada pelo CNPq, processo n. 307.767/2004-3.

    anlise apresentada neste artigo1 se fundamenta em trs pressupostos te-ricos principais: o de que a variao lingstica inerente ao sistema, con-forme postulado no modelo variacionista laboviano (cf. WEINREICH;

    LABOV; HERZOG, 1968); o de que a variao inerente tambm parte do pro-cesso de aquisio (cf. CHAMBERS, 1995; ROBERTS, 2002), e, por fim, o deque a variao est representada na gramtica, conforme postulado nos modelosda Lingstica Probabilstica (cf. PIERREHUMBERT, 1994) e nos modelos ba-seados no uso (cf. BYBEE, 2001).

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    O foco de estudo a aquisio da estrutura silbica com (r) em coda CV(r),que se realiza variavelmente na comunidade de fala aqui estudada, o dialeto urba-no da cidade do Rio de Janeiro, tanto na posio final de slaba de itens verbais enominais, quanto em slaba interna, como, por exemplo, em ama[h] ~ ama(amar), canto[h] ~ canto (cantor), ce[h]veja ~ ceveja (cerveja).

    Diversos trabalhos realizados a partir do final da dcada de 1970, utilizando omodelo variacionista clssico de Labov (1972), exploraram o carter varivel derealizao dessa estrutura, buscando as correlaes estruturais e no-estruturais,para descrever e explicar a ocorrncia da presena versus a ausncia do (r), emdiversos dialetos do portugus brasileiro (PB), dentre os quais, Votre (1978);Oliveira (1983); Callou, Leite e Moraes (1997); Monaretto (2000), dentre ou-tros. Mais recentemente, Da Hora e Monaretto (2003) revisitaram o fenmeno,com dados do dialeto paraibano, conjugando variao e teoria fonolgica no-linear (geometria de traos e fonologia lexical).

    O estudo apresentado neste artigo teve como objetivos analisar as ocorrnci-as de CV(r) no perodo aquisitivo, bem como discutir o carter da variao na re-presentao mental que as crianas esto construindo no processo aquisitivo, luz das proposies tericas referidas acima e dos achados dos trabalhos clssi-cos sobre o (r) em coda, no portugus brasileiro.

    A VARIAO NA FONOLOGIA DE USO

    A aquisio da variao estruturada em crianas no perodo anterior ao daadolescncia um tpico apenas recentemente explorado, atravs do estudo deprocessos fonolgicos e sintticos variveis da comunidade de fala, no perodoaquisitivo (cf. FOULKES et al., 1999, 2002; ROBERTS, 1996; ROBERTS, 2002;SMITH; STEELE, 2003). Segundo Docherty et al. (2002, p. 3), no h razo paraestabelecer, do ponto de vista da aquisio, uma dicotomia entre variao social-mente estruturada e a variabilidade fonolgica condicionada. No processo deaquisio, as crianas estaro no s adquirindo conhecimento sobre o contrastelexical, mas tambm os mecanismos de produo que os tornam membros deuma determinada comunidade de fala, em termos sociais e regionais, pois que es-to adquirindo um socioleto e um sotaque.

    O estudo da aquisio de padres fonolgicos variveis pressupe a conjuga-o de questes relativas aquisio, teoria fonolgica e variao lingsticapropriamente dita. Optamos por analisar os dados variveis coletados na amos-tra de aquisio, a partir de um conjunto de pressupostos tericos estabelecidosno mbito dos modelos da Lingstica Probabilstica e da Fonologia de Uso.

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    De acordo com esses modelos, cujos pressupostos esto apresentados em Bybee(2001, 2002), Pierrehumbert (2001, 2003), o lxico organizado (no se trata deuma lista) em redes de conexes lexicais, em funo de similaridades fonticas esemnticas, no havendo, pois, separao entre lxico e fonologia, de um lado, enem entre fonologia e fontica, de outro. A representao lingstica est inti-mamente ligada ao uso. As generalizaes de padres fonticos so abstradasdos itens lexicais estocados. Depreendem-se, assim, generalizaes fonolgicas(traos, segmentos, slaba, p mtrico, etc.) e morfolgicas (padres flexionais,continuum de regularidade, morfemas derivacionais, etc.) sobre padres no lxi-co, e no diretamente das ocorrncias de uso. Nesse sentido, diz-se que a estrutura emergente, isto , emerge das relaes de similaridade estabelecidas no lxico.

    Do mesmo modo, a freqncia tem papel na organizao interna do lxico,com reflexos na percepo, produo e na mudana. Por exemplo, a freqnciacom que um tipo estrutural (type frequency) ocorre no lxico d conta de suaprodutividade. A freqncia de uso (token frequency) de uma unidade, em geral,dos itens lexicais, tem conseqncias em sua representao mental. A variaofonolgica concebida como intrnseca ao sistema e, no, marginal, sendo cap-turada atravs da relao entre os itens lexicais estocados.

    Nos modelos clssicos desenvolvidos na fonologia linear e auto-segmental, adistncia entre representao abstrata e realizao fontica mapeada por regrasou restries, segundo mostrado por Cristfaro-Silva e Gomes (2004). No mo-delo da Fonologia de Uso, as regras so substitudas por esquemas, que seconstituem em padres organizacionais do lxico e no tm existncia indepen-dente das unidades lexicais das quais emergem, diferentemente, pois, das regrasque tm existncia independente em relao s formas a que se aplicam. Os es-quemas so afetados pelo nmero de itens que dele participam, ao passo que asregras aplicam-se independentemente da quantidade de itens aos quais se apli-cam. Na proposta da fonologia derivacional, as regras so discretas, uma formaest ou no de acordo com a configurao da regra ou restrio. J na Fonologiade Uso, as categorias so gradientes, uma vez que determinados tipos estruturais(types) podem estar prximos ou afastados dos melhores exemplares da catego-ria (cf. BYBEE, 2001, p. 26-28).

    A proposta de estruturao do lxico em redes baseia-se na Teoria de Exem-plares, que, introduzida, primeiramente, na Psicologia, como modelo de percep-o e categorizao, foi estendida, posteriormente, aos sons da fala por Johnson(1997). No modelo de exemplares, cada categoria representada na memria poruma nuvem de memorizaes da categoria. Segundo Pierrehumbert (2001, p.142), essas memorizaes so organizadas num mapa cognitivo. Assim, memri-as de instncias semelhantes esto prximas umas das outras, e memrias de ins-

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    tncias diferentes esto distantes entre si. As ocorrncias memorizadas exibemum espectro de variao, que se mostra nas manifestaes fsicas da categoria. Asmesmas ocorrncias memorizadas podem ser submetidas, simultaneamente, amais de um esquema de categorizao. Se cada ocorrncia da categoria memori-zada, ento as categorias mais freqentes vo ser representadas por mais ocor-rncias, e as infreqentes, por menos.

    Contudo, a postulao de que todas as ocorrncias so memorizadas colocaum problema: o espao de memria requerido para a estocagem. A Teoria deExemplares postula que ocorrncias foneticamente semelhantes no processadasna percepo so categorizadas como uma nica e mesma ocorrncia. Como conse-qncia, um exemplar que uma memria perceptual detalhada no corres-ponde a uma nica experincia perceptual, mas equivale a uma classe de experi-ncias perceptuais. Novas ocorrncias sero classificadas de acordo com os exem-plares j estocados. A codificao perceptual das novas ocorrncias ir localiz-los no espao paramtrico relevante. A similaridade com outro exemplar memo-rizado ser computada, do mesmo modo que a sua distncia do exemplar no es-pao paramtrico. Para classificar a nova ocorrncia, o rtulo mais provvel entreos rtulos da vizinhana que ser computado. Um tamanho fixado de vizinhan-a em torno da nova ocorrncia ir determinar o conjunto de exemplares que in-fluencia a classificao.

    Assim, a Teoria de Exemplares pode servir para formalizar o conhecimentofontico detalhado que o falante possui das categorias da sua lngua. A aquisiodesse conhecimento pode ser entendida como a aquisio de um amplo nmerode traos de memria de experincias.2

    Para Bybee (2001, p. 52), a freqncia com que uma variante particular ouvi-da leva-a a ser considerada prxima ao prottipo ou a se constituir no melhorexemplar do esquema. Em segundo lugar, o contexto em que uma determinadavariante ouvida normalmente afeta sua categorizao. Finalmente, a represen-tao mental contm considerveis detalhes sobre as variantes fonticas, incluin-

    2 Exemplar theory provides us with a way to formalize the detailed phonetic knowledge that nativespeakers have about the categories of their language. Since exemplar theory stores directly the dis-tribution of phonetic parameter values associated with each label, it provides us with a picture of theimplicit phonetic knowledge of the speaker. The acquisition of this knowledge can be understoodsimply in terms of the acquisition of a large number of memory traces of experiences. There is nocompeting model which achieves the same level of descriptive adequacy. Notably, the assumptionthat there exists a universal symbolic alphabet which provides an interface to a universal sensori-motor phonetic implementation component (as in Chomsky and Halle, 1968; Chomsky and Las-nik, 1995) provides no means of representing the extremely fine differences across languages in va-lues and probability distributions of phonetic properties. Therefore, it yields no insight into howthe knowledge of such details might be acquired (PIERREHUMBERT, 2001, p. 143).

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    do a especificao dos mltiplos traos acsticos e, no somente, aqueles deter-minados pelo contraste fonolgico.

    A VARIAO DO (R) EM CODA NO PORTUGUS BRASILEIRO

    Os trabalhos de cunho sociolingstico que trataram da realizao varivel do(r) em final de slaba adotaram a posio clssica, corrente nos trabalhos varia-cionistas, de estabelecer uma representao nica abstrata, realizada, variavel-mente, com ou sem a consoante em coda, embora haja diferenas entre as diver-sas propostas. Todos os trabalhos mostraram que a ausncia de (r) em slaba in-terna menos freqente que em final de palavra. H registros histricos que in-dicam que o cancelamento verificado em lexemas verbais o mais antigo, datan-do do portugus arcaico, segundo mostrado por Teyssier (1959, p. 231-237), ci-tado por Oliveira (1997, p. 39).

    Votre (1978) considera uma regra de reteno do (r) em final de palavra, aopasso que Callou, Leite e Moraes (1997) e Da Hora e Monaretto (2003) tratam avariao na realizao de /r/ como um caso de apagamento, preferindo investi-gar, separadamente, os casos de cancelamento do /r/ em slaba interna, dos casosde apagamento em final de palavra. Em relao ao contexto de slaba posicionadaem final de palavra, esses autores analisam, conjuntamente, as ocorrncias, inde-pendentemente de sua classe gramatical.

    No estudo realizado por Votre (1978), que enfoca o dialeto carioca, numaanlise conjunta de nomes e verbos, o condicionamento fontico de realizaodo (r) indica um desfavorecimento maior quando ele vem seguido de vogais; umefeito desfavorecedor fraco, quando seguido de consoante, e um favorecimento,quando seguido de pausa. Quanto atuao da varivel dimenso do vocbulo,observou-se que a reteno ligeiramente favorecida em vocbulos monossilbi-cos (.54).

    Quanto a Callou et al. (1997), procuraram observar as ocorrncias de /r/, emposio final de palavra e em slaba interna, na lngua culta usada por informantesde nvel universitrio, nas capitais integrantes do Projeto NURC, quais sejam,Porto Alegre, So Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Os resultados encon-trados indicaram uma tendncia de maior supresso em posio final (37%) queinterna (3%), predominncia diferenciada dos alofones de /r/, nas diferentes capi-tais, onde se tem o seguinte: fricativa velar, em Salvador e no Rio de Janeiro, vi-brante alveolar, em Porto Alegre e So Paulo, aspirada, em Recife. Levando emconta a posio em que esses alofones costumam ocorrer, eles chegaram aos se-guintes resultados: a fricativa velar mais freqente em posio interna (37%)

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    que em posio final (11%); a fricativa glotal aparece em posio interna, em18% das ocorrncias e, em posio final, em 8% delas.

    Da Hora e Monaretto (2003) analisaram dados do dialeto da cidade de JooPessoa com base em amostra constituda por falantes, cuja escolarizao varia de0 ano a + de 11 anos de escolarizao. Os resultados desse estudo mostraramque o cancelamento em posio interna condicionado pelas variveis contextofonolgico seguinte, sexo e faixa etria. Com relao ao condicionamento estru-tural, perceberam que a consoante em coda realizada categoricamente, quandoseguida de consoante diferente de fricativa e tende a ser cancelada, quando segui-da de fricativa. J em posio final de palavra, o apagamento correlacionado categoria gramatical maior taxa de cancelamento em substantivos, adjetivos everbos ; ao contexto fonolgico seguinte tendncia ao cancelamento, quandoseguido de vogal ; tonicidade da slaba apagamento mais freqente nas sla-bas tnicas ; ao grau de escolaridade tendncia maior de cancelamento nos ca-sos de escolaridade zero e, depois, nos casos de escolaridade por cinco a oitoanos e, finalmente, faixa etria, que se constitui numa variao estvel.

    O favorecimento das fricativas ao cancelamento de /r/, no interior de palavra, explicado em funo da geometria de traos, segundo a qual, os segmentos queocupam a coda e o onset (contexto seguinte) compartilham a mesma caracters-tica em relao ao trao de cavidade oral [+cont], ao passo que a presena de doissegmentos idnticos provoca a eliminao de um deles atravs do desligamentodo trao [contnuo] da consoante em coda.

    Oliveira (1983), em estudo sobre a comunidade de fala de Belo Horizonte,em relao ao (r) em final de palavra, analisou separadamente as duas categoriasmorfolgicas (verbos e nominais) e identificou que a ausncia da consoante emverbos quase categrica em qualquer ambiente fontico considerado. Os valo-res de freqncia vo de 95% a 100%. Os resultados de significncia dos gruposde fatores indicaram o papel significativo do segmento seguinte na seguinte esca-la: p > vogal > l > m > b (fatores com resultado acima de .50). Em funo daevidncia estilstica, contexto formal .38 e informal .62 de ausncia de (r) finalem verbos, Oliveira (1983) argumenta que os resultados para estilo s fazemsentido se forem interpretados como caso de insero e no de cancelamento.Em outras palavras, sendo o cancelamento do r, em verbos, semi-categrico,no se esperava o efeito de estilo. Mas ele faz sentido se interpretado como inser-o, uma vez que a insero no seria natural e teria maior probabilidade de ocor-rer em contextos mais formais. No trabalho desse autor, a realizao varivel do(r) final de nominais, tratada como cancelamento, condicionada pelo contextofonolgico seguinte (consoantes obstruintes sonoras, laterais e vogais como con-textos mais favorecedores), tonicidade e nmero de slabas (favorecido em sla-

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    Aquisio do tipo silbico CV(r) no portugus brasileiro

    bas tonas e desfavorecido em monosslabos) e em funo da subclasse de nomi-nais (mais freqente no sufixo dor). Com relao ao cancelamento no interiordo vocbulo, h favorecimento do cancelamento em slabas tnicas, vogal altaprecedente, seguido de obstruinte sonora e fricativas.

    Mais recentemente, Oliveira (1997) reanalisou o cancelamento do (r) em finalde slaba de nominais, sob a tica da difuso lexical, focalizando o papel do itemlexical e do indivduo no entendimento do processo. Seu objetivo era mostrarque o item lexical, e no o som, a unidade de implementao de processos so-noros, e que o contexto fontico atua a posteriori, fixando relaes harmnicasente os elementos envolvidos (...), e no a priori, como condicionador/dispara-dor de uma mudana (OLIVEIRA, 1997, p. 34). Os dados do dialeto de BeloHorizonte revelam um comportamento diferenciado quanto ao cancelamentoem relao ao item lexical (h itens mais atingidos que outros) e ainda mostramque indivduos que pertencem ao mesmo grupo social podem ter comportamen-tos tambm distintos em relao aos ndices de realizao e ausncia da consoante.

    A posio de Oliveira, de separao de nominais e verbos no tratamento davariao do (r) em final de slaba, parece a mais acertada, no s em funo dosresultados do seu estudo, mas da tendncia apontada nos outros trabalhos de queh mais ausncia de (r) em verbos que em nominais. Alm disso, conforme pode-r ser observado nos dados de produo das crianas na seo a seguir, perti-nente considerar a ausncia de consoante em coda em verbos como possibilidadede representao mental dessa estrutura. Quanto discusso entre os modelosneogramtico e difusionista para processos fonolgicos, que, na verdade, se as-senta numa perspectiva de representao nica dos itens lexicais, parece-nos que melhor capturada dentro do modelo apresentado na segunda seo acima, umavez que as relaes entre item lexical e segmentos sonoros so gerenciadas no l-xico e no h separao entre lxico e componente fonolgico.

    ANLISE DOS DADOS DE AQUISIO

    De acordo com os pressupostos tericos apresentados anteriormente, postu-lamos que a variao observada para o (r) em coda, no portugus, est represen-tada no lxico no que diz respeito s diversas realizaes fonticas encontradasna comunidade. Assim, as variantes observadas na produo no so resultantesda aplicao de um processo de cancelamento, reteno ou insero de um seg-mento subjacente, mas esto armazenadas no lxico. Ento, a estocagem de pala-vras com a estrutura silbica em questo constitui-se de um conjunto maior deexemplares formado das variantes mais freqentes, e um conjunto menor de exem-

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    plares, das variantes menos freqentes, tambm distribudos em funo dos con-textos de ocorrncia (cf. BYBEE, 2001, p. 141).

    As ocorrncias aqui examinadas foram classificadas em funo da realizaoou da ausncia da consoante em coda,3 e agrupadas em funo do contexto da s-laba no vocbulo, bem como da classe gramatical, no caso do (r) em final de pa-lavra.4 Esses dados foram coletados de uma amostra piloto, gravada em 2002/2003,que serviu de base para a elaborao da Amostra para estudo da Aquisio da Va-riao Estruturada (Amostra AQUIVAR/PEUL), que se acha ainda andamento.De carter transversal, essa amostra teve como informantes 8 crianas, assim dis-tribudas por idade: 2;6 (Dud e Lulu); 3;0 (Aga); 4;0 (Isa e Dora) e 5;0 (Mat, Ma-lu, May). Como se pode ver, do modo como est constituda, ela no serve paranos dar uma viso da aquisio em termos de desenvolvimento gradual.

    A Tabela 1 nos mostra a distribuio das ocorrncias para o (r) final em itensverbais, em funo da idade das crianas e dos itens coletados das entrevistas.5

    Optamos por focalizar a realizao da consoante em coda.Os percentuais de ocorrncia da consoante para cada faixa etria, alm de se-

    melhantes, indicam que a variante com ausncia da consoante na slaba o me-lhor exemplar da estrutura da slaba final de verbos no infinitivo (e de quer) emtodas as idades da amostra. Em termos aquisitivos, para as crianas mais velhas, avariante mais freqente continua sendo a mesma que predomina no incio daaquisio. Como hipteses explicativas, podemos aventar que, com o passar dotempo, as crianas vo incorporando novos exemplares, que so classificados comotendo a slaba final terminada em uma vogal tnica. Dentro do modelo, as diver-sas possibilidades fonticas da consoante realizada tambm fazem parte do ar-mazenamento e, nesse caso, constituem um conjunto menor de exemplares. Noentanto, eles no sero analisadas neste trabalho, em funo do nmero reduzidode dados. Certamente, a investigao de crianas de faixa etria acima da quecompe a presente amostra poder indicar como se d esse armazenamento, e seh incorporao de types com a consoante em coda, em verbos.

    Com relao incorporao de novos exemplares, preciso que se esclareaque a amostra piloto contou apenas com uma seo de entrevista com cada crian-a, e a estrutura silbica em questo no foi controlada em funo de nenhumtipo de estratgia (figuras, tpico de conversa, brincadeira, etc.). Alm disso, o

    3 Os dados coletados foram classificados (presena x ausncia) por duas pessoas diferentes. Posteri-ormente as classificaes foram confrontadas, tendo havido 98% de concordncia em relao svariantes detectadas. Os casos em que houve discrepncia de interpretao foram excludos da an-lise. Participaram da coleta e anlise dos dados Fernanda Duarte Senna (IC/CNPq) e Mariana Cha-ves Ruiz Guedes (IC/CNPq/PIBIC-UFRJ).

    4 Cf. Lamprecht (1991), Teixeira (1988) e Teixeira e Davis (2003) sobre aquisio fonolgica no PB.5 Itens em itlico ocorreram em mais de uma entrevista

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    Aquisio do tipo silbico CV(r) no portugus brasileiro

    tempo mdio de durao das entrevistas foi de 40 minutos, o que coloca umproblema para a quantidade de dados (cf. ROBERTS, 2002, p. 336). Todavia, seanalisarmos a proporo em que eles ocorrem em cada faixa etria, para cadacontexto analisado (e no em funo da quantidade absoluta de ocorrncias),mesmo considerando as limitaes de obteno de dados da amostra, podemosinterpret-la como um reflexo da quantidade de exemplares estocados no lxicoem cada faixa etria. Portanto, nos trs agrupamentos (cf. Tabela 1 e Tabelas 2 e 3,a seguir), a maior proporo de ocorrncia dos itens lexicais com a estruturasilbica em foco pode ser um reflexo da proporo em que ocorrem no lxico decada faixa etria considerada.

    Na Tabela 2, so apresentadas as ocorrncias de realizao do (r) em posiofinal de palavra, em itens nominais, em funo da faixa etria das crianas. Comoainda h poucos dados de crianas mais novas, o clculo percentual foi ignorado.Comparando as ocorrncias das crianas mais velhas, 4;0 e 5;0 anos, com o quepde ser observado na Tabela 1, percebe-se que houve um acrscimo consider-

    Idade

    Apl/Total %

    Itensrealizados

    2;6

    0/15 0%

    botar, lavar, ligar,brincar, pular,

    coisar cabelo,alisar, dar,dormir, calar,comprar, andar,quer

    3;0

    1/44 2%

    danar, esquecer,apertar, nanar,passar, comprar,dar, nadar, tirar,andar, fazer,escrever, brincar,rodar, bater,pular, dizer,gritar, sair, falar

    4;0

    1/102 1%

    brincar, falar,poder, fazer,correr, pegar, usar,chamar, cozinhar,comprar, pensar,ver, lembrar,arranhar, ser,entregar, entregar,assustar, comer,cheirar, pegar,matar, parar, abrir,passar, lembrar, ir,brincar, ficar,viajar, ganhar,pintar, visitar,jogar, mandar,ouvir

    contar, pedir, parar,olhar, esperar,fechar, pedir, falar,cansar, ligar, levar,ver, levar, chegar,pular, escutar,gravar

    5;0

    2/176 1%

    pegar, fazer, pintar,ver, acabar, brincar,costurar, falar, furar,deitar, andar, tirar,pedir, contar, ganhar,dar, vender, mandar,beber, viajar, chegar,levar, ficar, pegar,abrir, lavar, casar,quiser, cantar, roubar,resistir, quer, lembrar,continuar, voltar

    fugir, entrar, ir,borrar, matar, estudar,escrever, vomitar,trabalhar, desenhar,queimar, trazer, ter,cair, guardar, mostrar,botar, cair, manter,quebrar, sair, andar,tomar, ser, bater,dormir

    passar, d(r)iblar,jogar,assoprar, subir, ouvir,jogar, explodir, apare-cer, pegar, crescer

    Tabela 1. Distribuio das ocorrncias das realizaes de CV(r) final em verbos.

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    vel de ocorrncias com presena da consoante em coda. No entanto, esses per-centuais ainda no refletem a distribuio detectada para os adultos da comuni-dade de fala, no estudo de Callou et al. (1997).

    Idade

    Apl/Total %

    Itensrealizados

    2;6

    0/1

    cor

    3;0

    3/5

    Mulher, flor,hambrguer, por(causa)

    4;0

    8/20 40%

    Qualquer, dever,senhor, melhor,caador, cor,

    flor, junior, sabor

    5;0

    13/35 37%

    Flor, cor, por favor,calor, mulher,

    Peter Pan, caador,amor, tricolor,qualquer

    Computador

    Tabela 2. Distribuio das ocorrncias das realizaes de CV(r) final em nominais.

    O nmero reduzido de dados (55, se somados aos das crianas das duas lti-mas faixas) no permite uma anlise das realizaes fonticas da consoante. H,tambm, problemas na distribuio de dados por clula, mesmo se comparadosos casos de presena e ausncia. Entretanto, interessante observar que se verifi-ca uma tendncia de ocorrncia da consoante, quando o contexto seguinte cons-titudo de vogal (6/11 54%) ou pausa (11/24 45%), e quando as palavrascontm trs slabas ou mais (5/8 63%).

    Com relao ao (r) interno, os percentuais observados na Tabela 1 so indica-tivos de que a produo das crianas reflete a situao observada para o compor-tamento dessa estrutura, na fala dos indivduos adultos.6 O que se observa umaumento significativo de realizaes da consoante entre as crianas mais velhasda amostra. Se, por um lado, as crianas mais jovens j apresentam a realizao daconsoante em coda em slaba interna, por outro, os percentuais dessa realizaoainda no refletem a distribuio entre ausncia e presena da consoante, tal comoobservadas na fala dos adultos da comunidade investigada (cf. CALLOU et al.,1997).

    Apesar de a distribuio das crianas por faixa etria na amostra piloto nonos permitir perceber a gradualidade da aquisio, interessante observar que ocomportamento das crianas mais jovens 2;6 e 3;0 anos diferente, se consi-deramos a posio da slaba na palavra. No caso do (r) final em verbos, a ausnciacategrica de ocorrncias com a realizao da consoante no pode ser atribudaapenas a um estgio aquisitivo, uma vez que se observa o mesmo comportamen-to independentemente da faixa etria da criana. Mas, se comparamos os dados

    6 Est em andamento estudo sobre as realizaes fonticas identificadas na produo das crianas,com o objetivo de investigar a organizao do esquema com as diversas realizaes fonticas daconsoante.

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    de (r) final em nominais e os de (r) interno, podemos constatar que as crianasmais jovens encontram-se em estgios de desenvolvimento diferentes, nos doistipos de posio da slaba na palavra.

    Vejamos, a Tabela 3:

    Idade

    Apl/Total %

    Itensrealizados

    Tabela 3. Distribuio das ocorrncias das realizaes de CV(r) no interior de palavra.

    I2;6

    15/51 29%

    Verde, florzinha,Barbie,

    Eduarda, formiga,vermelha, lagartixa,perna, Ricardo,short, mordeu

    3;0

    8/29 30%

    Mordeu, porque,acordado,dormindo,Marcela, arvore,apertar, dorme,hambrguer,cerveja, perneta,irmo

    4;0

    99/103 96%

    Tarzan, corda,caderno, porta,porque, Barbie,perdeu, morde,vermelho,pergunta,ordens, dormiu,envergonhada,dormindo,mordeu,acordou, tarde,perturbando,perdi, carne,verde

    Dormindo,dormia,porquinhos,durmo,borboleta,parque, quarto,arvore, formiga,martelo, corda

    5;0

    139/155 90%

    rvore, quarto,Fernando, Fernanda,Darlene, formiga,Aniversrio, verdade,Barbie, perto, porque,norte, acertei,vermelhou,

    Caverna, barco,mergulhando,perguntou, perto,Peter Pan, enforca,mercrio, ardeu,certo, verdade,Fernandes Pires,perninha, dormindo,morta, acordou,transformou, Marcelo,Marcos, Cartoon,cortou, corpo,florzinha, consertou,fora, verde, guardar,perguntou, Bernardo,certinho, corta

    toro, NorteShopping, irmo,corto, porquinhos,parque, torneio, artesmarciais, Guilherme,gordas, gorda, morto,arma, porta, internet,parte, conversando

    O confronto entre os percentuais registrados nas Tabelas 1, 2 e 3 nos mostraque o tipo silbico CV(r) no pode ser satisfatoriamente analisado, se for tratadocomo um tipo estrutural isolado dos itens lexicais em que ocorre. Segundo ospressupostos delineados anteriormente, nos modelos baseados no uso e na Lin-gstica Probabilstica, a estrutura no tem existncia autnoma, em relao sunidades em que ocorre. A diferena das realizaes observadas pode ser indica-

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    AbstractUsage-based models and Probabilistic Linguistics suggest that thefrequency in which individual words or sequences of words are usedand the frequency in which linguistic patterns occur in a languageaffect the nature of mental representation. The models also proposethat the words in the lexicon are organized multi-dimensionally ac-cording to phonetic and semantic similarities and that phonologicalrepresentation involves contrastive and predictable features. Thoughlinguistic variation is considered intrinsic to the grammar and repre-sentation. This paper addresses the acquisition of the variable sylla-ble structure CV(r) by children aged from 2;6 to 5;0, in Rio de Ja-neiro. The analysis shows different frequency distributions of vari-ants as reflex of the structured variation observed in the speech com-munity and the establishment of different representational schemasaccording to morphological class and the context of the syllable.

    Key words: Syllable structure CV(r); Variation; Change; Acquisi-tion; Phonology; Lexicon.

    tiva de que a produo das crianas reflete a maneira como categorizam esse tiposilbico, em funo da classe morfolgica e da posio da slaba na palavra.

    CONSIDERAES FINAIS

    Os dados aqui expostos nos revelam que, no perodo aquisitivo, se manifes-tam as tendncias observadas na comunidade de fala, em relao variao e mudana lingstica na realizao do tipo silbico CV(r).

    A anlise dos dados coletados na amostra piloto tambm permitiu a observa-o de aspectos interessantes da aquisio de uma estrutura varivel do portu-gus brasileiro, que, naturalmente, precisam ser confirmados com a incorpora-o de mais dados:

    a) a aquisio da estrutura CV(r) se d primeiramente em funo de itens le-xicais que apresentam a slaba em posio interna;

    b) os percentuais de distribuio das variantes (ausncia e presena de (r)) re-fletem, no caso do (r) em nominais, etapas do processo aquisitivo, e, no ca-so dos verbos, a incorporao da variante mais freqente na comunidadede fala;

    c) importante investigar a composio do lxico que a criana domina nafaixa etria em que se encontra e sua relao com a distribuio das variantes.

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    Aquisio do tipo silbico CV(r) no portugus brasileiro

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