Apostila de Criatividade e Inovação

82
Criatividade e Inovação

Transcript of Apostila de Criatividade e Inovação

Page 1: Apostila de Criatividade e Inovação

Criatividade e Inovação

Page 2: Apostila de Criatividade e Inovação

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Armando de Queiroz Monteiro NetoPresidente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAIConselho Nacional

Armando de Queiroz Monteiro NetoPresidente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAIDepartamento Nacional

José Manuel de Aguiar MartinsDiretor Geral

Regina Maria de Fátima TorresDiretora de Operações

Page 3: Apostila de Criatividade e Inovação

Confederação Nacional da IndústriaServiço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional

Criatividade e Inovação

Brasília

2010

Juliano Marcelo de Arruda

Page 4: Apostila de Criatividade e Inovação

© 2010. SENAI – Departamento Nacional

É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio

consentimento do editor.

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem IndustrialDepartamento Nacional

Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C Edifício Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DF

Tel.:(61)3317-9000 – Fax:(61)3317-9190 http://www.senai.br

Coordenador Projeto Estratégico 14 DRs

Luciano Mattiazzi Baumgartner -

Departamento Regional do SENAI/SC

Coordenador de EaD – SENAI/AM

José Nabir de Oliveira Ribeiro - Departamento

Regional do Amazonas

Coordenador de EaD – SENAI/GO

Ariana Ramos Massensini - Núcleo Integrado

de Educação a Distância SESI e SENAI

Coordenador de EaD – SENAI/PB

Felipe Vieira Neto - Centro de Educação

Profissional Prof. Stenio Lopes

Coordenador de EaD – SENAI/SC em

Florianópolis

Diego de Castro Vieira - SENAI/SC em

Florianópolis

Design Educacional, Design Gráfico,

Diagramação e Ilustrações

Equipe de Desenvolvimento de Recursos

Didáticos do SENAI/SC em Florianópolis

Revisão Ortográfica e Normativa

FabriCO

Fotografias

Banco de Imagens SENAI/SC

http://www.sxc.hu/

http://office.microsoft.com/en-us/images/

http://www.morguefile.com/

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB 14/937 – SENAI/SC Florianópolis

A779c Arruda, Juliano Marcelo de

Criatividade e inovação / Juliano Marcelo de Arruda. Brasília: SENAI/DN, 2010.

82 p. : il. color ; 30 cm. Inclui bibliografias. 1. Inovações tecnológicas. 2. Criatividade. 3. Propriedade

intelectual. 4. Propriedade industrial. I. SENAI. Departamento Nacional. II. Título.

CDU 658.011.4

Page 5: Apostila de Criatividade e Inovação

Apresentação do Curso ................................................................................. 07

Plano de estudos ............................................................................................. 09

Unidade 1: Criatividade, Ideia, Invenção e Inovação .......................... 11

Unidade 2: Inovação para o Mercado ..................................................... 29

Unidade 3: Primeiros Passos para Inovar ................................................. 47

Unidade 4: Protegendo a Inovação ........................................................... 61

Conhecendo o autor ....................................................................................... 77

Referências ......................................................................................................... 79

Sumário

Page 6: Apostila de Criatividade e Inovação
Page 7: Apostila de Criatividade e Inovação

7

Olá! Bem-vindo ao curso de Criatividade e Inovação!

Nos últimos tempos, muito se ouve falar sobre inova-ção: que é preciso inovar para se manter no mercado, que só é possível crescer com inovação etc. Mas o que vem a ser inovação? O que essa palavra quer dizer? Neste curso, o objetivo será desmistificar essa palavra e compreender o processo que a envolve.

Você conhecerá os principais conceitos de inovação, seus tipos e suas características. Aprenderá as dife-renças entre inovação, invenção, criatividade e ideia, bem como por que se deve inovar e como identificar se você está no caminho certo. Isto é, se você ou sua empresa, seu produto ou processo são inovadores.

Também serão apresentados, no curso, os primei-ros passos a serem dados para quem deseja inovar: como pode ser elaborado um projeto de inovação, quais são as características que ele pode ter e como podem ser obtidos recursos para desenvolvê-lo. Você verá, ainda, conhecendo um pouco sobre pro-priedade industrial, como proteger sua inovação.

Bem, você viu que o nosso programa é extenso e que não temos tempo a perder, não é mesmo? E aí, preparado para a primeira aula? Então, vamos lá, vire a primeira página e bom aprendizado!

Apresentação do Curso

Page 8: Apostila de Criatividade e Inovação
Page 9: Apostila de Criatividade e Inovação

9

Carga horária:

25 horas

Ementa

Criatividade, ideia, invenção e inovação. O que é inovação? Criatividade e ideia. Invenção e inovação. Tipos de inova-ção. Inovação para o mercado. Por que inovar? Identifican-do se sua empresa é inovadora. O processo de inovação. O mercado e a inovação. Primeiros passos para inovar. Desenvolvendo um projeto de inovação. Obtendo recursos para inovar. Protegendo a inovação. Propriedade intelectu-al. Propriedade industrial. Protegendo a sua inovação.

Objetivos

Objetivo geral

Compreender a cultura da inovação.

Objetivos específicos

� Conhecer conceitos relevantes sobre inovação;

� Identificar produtos e processos inovadores;

� Desenvolver competências para trabalhar no desenvolvimento de projetos para produtos e processos inovadores.

Plano de Estudos

Page 10: Apostila de Criatividade e Inovação
Page 11: Apostila de Criatividade e Inovação

11

1Criatividade, Ideia, Invenção e Inovação

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade, você estará apto a:

� conceituar inovação;

� diferenciar criatividade e ideia;

� diferenciar invenção e inovação;

� distinguir os diferentes tipos de inovação.

Aulas

Aula 1: O que é inovação?

Aula 2: Criatividade e ideia

Aula 3: Invenção e inovação

Aula 4: Tipos de inovação

Page 12: Apostila de Criatividade e Inovação

12

Para Iniciar

Olá! Preparado para iniciar o curso?

Nesta primeira unidade, você conhecerá o conceito de inovação e a diferença entre inovação, invenção, criatividade e ideia. Você verá, também, os diferentes tipos de inovação e onde eles podem ser aplica-dos. Mas o mais importante é que você aprenderá que a inovação não precisa ser algo complicado, que não é nenhum “bicho de sete cabe-ças”. Pelo contrário, pode ser algo bem simples. Então, vamos começar? Bom estudo!

Aula 1: O que é inovação?

Seja bem-vindo à primeira aula do curso Criatividade e Inovação! A partir de agora, você conhecerá o conceito de inovação e o que é necessário para haver inovação. Vamos começar?

Atualmente, um termo muito abordado é inovação. Em qualquer meio de comu-nicação, a palavra inovação tem estado presente. Essa exposição tem um motivo justificado. Você sabe qual é? O mercado, hoje, está bem mais competitivo, e quem não consegue oferecer opções para seus clientes pode acabar perdendo-os.

O próprio desenvolvimento e o crescimento do mercado –, com cada vez mais empresas concorrentes; com a globalização, que derrubou fronteiras e a melho-ria da qualidade dos produtos e processos; e com cobranças de clientes cada vez mais exigentes – fizeram com que cada diferencial que uma empresa apre-sente para o seu produto se tornasse importante e, até mesmo, fundamental para o sucesso da empresa.

Pergunta

Mas, com o tanto que se fala em inovação, o que isso quer dizer?

Page 13: Apostila de Criatividade e Inovação

13Unidade 1

Criatividade e Inovação

Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 14),

[...] inovação é uma implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.

Se você olhar bem para essa definição, perceberá que ela é bem vasta e abran-ge: o bem ou serviço (produto) que a empresa faz, sua forma de fazer (proces-so), sua forma de planejar e organizar o seu mercado (marketing) e até mesmo sua forma de cuidar da gestão.

Outro ponto que você pode observar na definição acima é que a inovação é uma implementação de algo novo ou melhorado. Ou seja, não importa se é bem, serviço, processo ou método: se ele não for novo ou significativamente melhorado e não for implementado, não é inovação.

PerguntaMas o que quer dizer “significativamente melhorado”?

O termo “significativamente melhorado” quer dizer que o produto, processo ou método em questão sofreu uma melhoria significativa. Ou seja, a mudança que ele sofreu o deixou melhor. Essa melhoria pode ser na tecnologia utilizada, na forma alcançada etc. Como exemplo, é possível citar pastas dentais com adição de flúor, freio com ABS, bicicletas feitas de alumínio, celulares cada vez menores e com mais funções etc.

Page 14: Apostila de Criatividade e Inovação

14

Se estamos falando de implementação, isso nos leva a pensar que a inovação não ficou só no papel, mas que foi realizada. Mais ainda, para ser reconhecida como inovação, de fato, é necessário que, além de ser implementada, ela te-nha dado certo. Em outras palavras, é necessário que o que você pensou, que a ideia que você teve, tenha sido implementada e tenha funcionado, ou seja, que tenha dado certo.

Portanto, inovação é uma ideia que deu certo.

Por exemplo, o aparelho de DVD foi uma ideia que deu certo. Afinal, é possível encontrar um aparelho em qualquer residência nos dias de hoje. Por outro lado, o laserdisc (LD) foi uma ideia que não deu certo, portanto, não poderia ser vista como uma inovação em um sentido geral.

Page 15: Apostila de Criatividade e Inovação

15Unidade 1

Criatividade e Inovação

É importante ressaltar para o fato de que, como tecnologia, o laserdisc foi uma inovação, mas como produto, não. Mas fique tranquilo, pois essa questão de inovação tecnológica e de inovação de produto, você estudará mais adiante. O mais importante, agora, é entender que, para que uma ideia seja considerada inovação, é necessário que ela tenha dado certo, que tenha trazido resultados.

Com isso, é possível compreender que toda inovação vem de uma ideia, mas nem toda ideia resulta em uma inovação.

Reflita

Inovação é uma ideia que deu certo. Que produtos ou processos você conhece que poderiam ser considerados inovação? Anote o que você pensou e compartilhe com os colegas para saber se eles pensam o mesmo.

Depois de todo esse estudo, chegou a hora de compreender o que origina uma ideia e o que a faz se tornar uma inovação. Esse será o assunto da próxima aula. Aguarde para saber mais e, se precisar, releia o conteúdo desta aula.

RelembrandoNesta aula, você conheceu o conceito de inovação e pôde perceber que nem tudo que é novidade pode ser consi-derado uma inovação. A inovação vai além da novidade, da ideia nova. A inovação tem de chegar ao patamar de um resultado positivo, que proporcione retorno a quem a desenvolveu. Ou seja, ela tem de partir de uma ideia que foi desenvolvida, trabalhada e que deu certo.

Colocando em Prática

Agora, que tal realizar os exercícios propostos no ambiente virtual de aprendizagem (AVA)? Aproveite também para trocar ideias e tirar dúvi-das com o professor tutor e com seus colegas por meio das ferramen-tas do AVA. Adiante com os estudos!

Page 16: Apostila de Criatividade e Inovação

16

Aula 2: Criatividade e ideia

Seja bem-vindo à segunda aula do curso, na qual você aprenderá que criativi-dade e ideia não são a mesma coisa, mas partes diferentes de um processo.

Na aula anterior, você compreendeu o que é inovação e a sua definição, segun-do o Manual de Oslo, além de uma definição mais simples: uma ideia que deu certo. Viu, também, que, para que uma ideia vire inovação, é preciso que ela seja implementada e dê certo. Ou seja, toda inovação vem de uma ideia, mas nem toda ideia gera uma inovação.

Pergunta

Então, o que faz uma ideia se tornar uma inovação?

Inovar não é um processo complexo, complicado, mas também não pode ser realizado sem planejamento ou ocasionalmente.

É necessário que se tenha um ponto de partida e uma continuidade. Inovação é um processo contí-nuo. O ponto de partida da inovação vem da ideia, a qual, por sua vez, origina-se da criatividade.

Pergunta

O que é criatividade?

A criatividade está associada com a percepção e a proposição da solução de algum problema. Esse problema pode ser de origem técnica ou não, concreta ou abstrata, funcional ou estética. Ao ser criativo, desenvolvem-se novas ideias. Portanto, é necessário que se observe o problema sempre procurando uma perspectiva nova, um ponto de vista novo, um novo ângulo.

Page 17: Apostila de Criatividade e Inovação

17Unidade 1

Criatividade e Inovação

Isso não quer dizer que métodos e ideias já conhecidos não possam ser usados. Ao se utilizar um método ou uma ferramenta já conhecida em uma nova aplica-ção, está se promovendo inovação. Por exemplo, o telefone celular e a câmera fotográfica existiam de forma independente, mas, ao inserirem no aparelho ce-lular uma câmera fotográfica, foi promovida uma inovação. As duas tecnologias existiam de forma separada e a inovação foi colocá-las juntas.

A criatividade é algo inerente ao ser humano. Todas as pessoas nas-cem com ela. Entretanto, dependendo de sua criação e educação, tornam-se mais ou menos criativas. Se uma criança é estimulada desde pequena e essa estimulação é continuada quando ela cresce, ela desenvolverá cada vez mais a sua criatividade. Por outro lado, se esse estímulo não ocorrer ou se a criatividade for cada vez mais bloqueada, esse desenvolvimento não ocorrerá.

Isso é comum na nossa sociedade. Os americanos George Land e Beth Jarman (LAND; JARMAN apud SIQUEIRA, 2007) concluíram, por meio de uma pesquisa envolvendo mais de 1600 jovens, que as pessoas aprendem a ser não criativos. Quanto mais se avança na idade adulta, mais exige-se que padrões sejam segui-dos, o que facilita o bloqueio à criatividade.

Page 18: Apostila de Criatividade e Inovação

18

Você já percebeu ou ouviu falar que os grandes gênios sempre acharam suas soluções ou respostas quando eram novos? E isso por quê? Quanto mais novos, mais livres somos para pensar e imaginar, pois não temos tantos bloqueios e barreiras que nos impedem de sermos criativos.

Reflita

Que tal refletir sobre uma história? Uma professora da Educação Infantil pediu aos seus alunos que escrevessem nomes de objetos que tivessem a forma de um círculo. Uma menininha, muito bonita e esperta, escreveu a palavra lápis. A professora achou que a menina não tinha entendido a tarefa e que deveria ajudá-la e passou uns cinco minutos tentando convencer a aluna que ela não podia ter escrito lápis. Já meio cansada daquela conversa, a menininha então pegou um lápis e mostrando o fundo para a professora falou: “Mas o fundo do lápis não é um círculo?”.

Você sabia que a criatividade pode voltar a ser estimulada mesmo quando adul-tos? É verdade. Se você procurar sempre uma nova maneira de abordar algo que já conhece, estará desenvolvendo a criatividade. Mais ainda, se for propor-cionado um ambiente adequado, esse desenvolvimento pode ser acelerado.

Pergunta

Como deve ser esse ambiente?

Esse ambiente deve proporcionar atitudes espontâneas, abertas, tolerantes, liberdade de ação, apoio. Deve-se evitar críticas imediatas, pensamentos nega-tivos ou restritivos. Ambientes descontraídos são sempre relacionados à inova-ção. Afinal, quantas vezes você já ouviu falar da liberdade que se tem na em-presa Google, lugar considerado como referência quando o assunto é ambiente descontraído e inovação?

Uma vez que a criatividade é estimulada, ela própria leva ao desenvolvimento de novas ideias. Essas ideias por si só não tem muita relevância, afinal, do que vale uma ideia se ela não sai do papel ou da cabeça do seu idealizador? Mas, se as ideias são trabalhadas, elas podem se tornar grandes projetos. Afinal, como dizia Thomas Alva Edison, o sucesso de um gênio vem de “1% de inspiração e 99% de transpiração”.

Page 19: Apostila de Criatividade e Inovação

19Unidade 1

Criatividade e Inovação

A gente pode entender que a criatividade é o estado de ser da pessoa: ela é mais ou menos criativa, depende apenas de como a pessoa é estimulada e trabalhada para ser criativa. Por outro lado, a ideia é a consequência desse estado de ser da pessoa – quanto mais criativa, mais ideias a pessoa terá.

Ficou clara a diferença entre criatividade e ideia? Para que você entenda melhor, pense em uma obra de arte. O processo é iniciado com a capacidade do autor (o artista ou o agente inovador) de imaginar (criatividade), sendo continuado com a elaboração de uma ideia ou um conceito, chegando à parte de desenvol-vimento, que, no caso do artista, está no trabalho de esculpir, pintar, desenhar, compor etc.

Assim que a ideia é implementada, surge um importante divisor no processo. Se a implementação resultou em um sucesso para quem a idealizou, haverá uma inovação. Se por outro lado ela não resultar em um sucesso, o que foi obtido é uma invenção. Ficou curioso com o assunto? Então siga para a próxima aula para aprender mais.

RelembrandoNesta aula você aprendeu a diferença entre criatividade e ideia, sendo que o conceito de criatividade está mais relacionado com o estado de ser da pessoa. Ou seja, a pessoa pode ser mais ou menos criativa, de acordo com os estímulos que ela recebe.Já a ideia é a consequência desse estado de ser da pessoa. Isto é, quanto mais criativa for a pessoa, mais ideias ela terá. Com esses conceitos em mente, ficará mais fácil entender a diferença entre invenção e inovação. Esse será o assunto da próxima aula. Aproveite para aplicar este conheci-mento em suas práticas diárias!

Colocando em Prática

Pronto para exercitar? Então, que tal realizar as atividades no AVA e aplicar os conhecimentos adquiridos? Vamos lá!

Page 20: Apostila de Criatividade e Inovação

20

Aula 3: Invenção e inovação

Agora você já sabe que criatividade e ideia não são a mesma coisa. Enquanto a criatividade pode ser entendida como o estado de ser da pessoa, a ideia será a consequência da criatividade da pessoa. Assim, quanto mais criativa for a pes-soa, mais ideias ela terá. Você começou a ver também que a partir do momento em que se tem ideias e que elas são trabalhadas, implementadas, elas podem se tornar duas coisas diferentes: uma invenção ou uma inovação.

Se a ideia foi um sucesso, ela será uma inovação, caso contrário, será uma invenção. Nesta aula você aprenderá que, apesar de essas duas palavras come-çarem com a letra “i” e de serem parecidas, invenção e inovação são bem dife-rentes. Observe a figura seguinte.

Figura 1 –: Diferenciando inovação e invenção

Como você pode perceber, a diferença entre invenção e inovação vem justa-mente desse fato: se a ideia implementada resulta em um negócio que dará re-torno ao seu idealizador, ela é uma inovação. Caso mesmo após implementada não der retorno como negócio, ela será uma invenção. Ficou mais fácil entender agora? Com essa diferença em mente, você verá por que o Iridium pode ser uma invenção muito boa, mas não pode ser considerado uma inovação.

Saiba Mais

O Iridium é um consórcio dirigido pela empresa norte-americana Mo-torola, que possui um sofisticado sistema de telecomunicações baseado em uma grande e complexa constelação formada por 66 satélites “LEO” ou de órbita polar baixa (órbita de baixa altitude). O sistema foi proje-tado e inaugurado na década de 1990 pela Motorola e tem o objetivo de fornecer um serviço mundial digital de telecomunicações por meio de dispositivos portáteis.

Page 21: Apostila de Criatividade e Inovação

21Unidade 1

Criatividade e Inovação

A proposta inicial da Motorola de oferecer uma alternativa bem mais flexível aos telefones celulares comuns de tecnologia GSM ou CDMA/TDMA foi quase totalmente inviabilizada pelo elevado custo de minuta-gem cobrado para uso dos satélites da rede Iridium.

Inicialmente, o sistema precisava naturalmente de certa quantidade mínima de aparelhos portáteis e móveis de telefonia por satélite co-mercializados para certa quantidade mínima de clientes que frequente-mente consumissem uma quantidade razoável de minutos mensais para cobrir os custos fixos do sistema e torná-lo economicamente viável, porém, esse aproveitamento mínimo não foi alcançado.

Você pode perceber então que criatividade, ideia, invenção e inovação não são as mesmas coisas, mas sim etapas diferentes de um processo.

Page 22: Apostila de Criatividade e Inovação

22

A criatividade promoverá o desenvolvimento de várias ideias. Muitas delas, ao serem analisadas, serão descartadas, seja por motivos técnicos, econômi-cos, financeiros ou qualquer outro motivo que as inviabilizem. As ideias que permanecerem serão trabalhadas mais profundamente até serem possíveis de serem implementadas. Caso uma dessas ideias seja implementada, ela poderá se tornar uma inovação se obtiver sucesso, ou seja, se der certo. Caso isso não aconteça, essa ideia terá se tornado uma boa invenção.

Atenção

É importante ressaltar que a invenção não é menor que a inovação, apenas que está em um estágio diferente. A invenção de hoje pode muito bem ser a inovação de amanhã.

O próprio telefone móvel celular é um exemplo disso. Você deve lembrar que no início do desenvolvimento do telefone móvel celular, ele era grande e pesa-do, sendo que em alguns casos necessitava de uma pequena maleta para carre-gar a bateria de energia. Ele se tratava de uma boa invenção, apesar de não ter sido um sucesso logo no início.

Com o passar do tempo e com os avanços tecnológicos, ele se tornou um dos produtos mais inovadores e em constante inovação, sempre entregando ao usuário uma possibilidade de utilização a mais e se tornando cada vez mais imprescindível.

Se você pensar bem, verá que a invenção apenas não se tornou uma inovação, somente quando ela for aplicada em alguma utilidade específica facilitando um procedimento terá grandes chances de se tornar uma inovação.

Puxa! Quanto conteúdo interessante, não é mesmo? Mas não para por aí. Ainda há muita novidade aguardando por você. Vamos em frente!

Page 23: Apostila de Criatividade e Inovação

23Unidade 1

Criatividade e Inovação

RelembrandoNesta aula, você aprendeu a diferença entre inovação e invenção. Você viu que ambas originam-se da ideia, mas tomam caminhos dife-rentes, resultando em conceitos diversos. A principal diferença entre os dois conceitos reside no fato de que a invenção não proporciona um retorno do ponto de vista de negócio, ao contrário da inovação, que necessariamente resulta em um negócio de sucesso.Agora que você já entendeu bem o conceito de inovação, vamos aprender quais são os tipos de inovação? Este será o assunto de nossa próxima aula. Até lá.

Colocando em Prática

Está na hora de aplicar seus conhecimentos! Para isso, utilize o apren-dizado desta aula e realize as atividades no AVA. Lembre-se também de que as ferramentas do AVA estão disponíveis para interagir com o professor tutor e os colegas.

Aula 4: Tipos de inovação

Olá! Seja bem-vindo à última aula da primeira unidade! Nas aulas anteriores você aprendeu o que é inovação e a diferença entre criatividade, ideia, invenção e inovação. Nesta aula você aprenderá sobre os diferentes tipos de inovação existentes e as diferenças entre eles. Além disso, conhecerá a importância, o significado e o impacto de cada um deles para as empresas.

Na primeira aula, você conheceu a definição de inovação, em que, segundo o Manual de Oslo, aparecem quatro tipos diferentes de implementação: produtos (bens ou serviços), processos, método de marketing e método organizacional. Que tal saber mais sobre cada um desses tipos? Vamos começar pelo primeiro.

Page 24: Apostila de Criatividade e Inovação

24

Inovação de produto

Você sabe o que significa inovação de produto? Veja a definição do Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 16).

Inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.

A inovação de produto abrange tanto novos produtos lançados no mercado como produtos que sofreram uma melhoria significativa em suas características funcionais ou de utilização.

Quando se trata de novos produtos, a inovação pode ser alcançada tanto pela aplicação de uma nova tecnologia ou conhecimento como pela aplicação ou combinação de diferentes tecnologias ou conhecimentos já existentes em um novo uso. Por exemplo, ao ser inserida no mercado, a câmera digital apresentou uma nova tecnologia, pois até então a tecnologia da fotografia digital não exis-tia. Já em relação ao iPod, quando foi lançado, todas as tecnologias já existiam, mas não se encontravam em um único aparelho. A inovação do iPod foi juntar todas essas tecnologias em um único aparelho.

Já os produtos significativamente melhorados são aqueles que tiveram modi-ficações em suas características originais que resultaram em uma melhoria em seu desempenho. Por exemplo, o uso de ligas metálicas na fabricação de mo-tores ou na construção de quadros de bicicletas promoveu uma melhoria no desempenho desses produtos. Da mesma maneira, a utilização de novos tecidos na confecção de vestuários também proporcionou roupas com melhorias sig-nificativas, como eliminação mais rápida do suor, não amarrotar facilmente, ser mais leve etc.

Page 25: Apostila de Criatividade e Inovação

25Unidade 1

Criatividade e Inovação

Inovação de processo

A inovação de processo significa, segundo o Manual de Oslo, a “[...] implemen-tação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares” (OCDE, 2005, p. 16).

Esse tipo de inovação busca a otimização dos processos por meio das reduções do tempo e do custo de produção e de distribuição, da melhoria da qualidade do produto ou ainda da distribuição de um produto novo ou significativamente melhorado. Tal como a inovação de produtos, a de processos também é dividi-da em processos novos e processos significativamente melhorados.

As inovações de processos podem abranger desde a introdução de novos equi-pamentos ou softwares, a melhoria dos já existentes na linha de produção ou a adoção de novas técnicas para o desenvolvimento dos processos.

As áreas que podem ser beneficiadas com a inovação de processos não se res-tringem às de produção ou distribuição, mas também às áreas indiretas como a contabilidade, a manutenção, o almoxarifado etc. Além disso, também são consideradas inovação de processos a implantação ou melhoria das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

Como exemplo de inovações de processo, pode-se citar o rastreamento em serviços de transporte, novos meios para entrega de produtos – tal como a utilização de motoboys, novo método de atendimento de clientes (restaurantes self-service) etc.

Inovação de marketing

A inovação de marketing é a “[...] implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua

Page 26: Apostila de Criatividade e Inovação

26

embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços”, segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 17).

Note que, para que a mudança implementada seja efetivamente reconhecida como inovação e não como simples mudança de instrumento de marketing, é necessário que ela seja um método novo para a empresa, independentemente se será aplicada em um produto novo ou existente. Da mesma forma, a inovação poderá ter sido desenvolvida pela própria empresa que está implementando ou trazida de outra organização.

As inovações de marketing podem compreender o design, o posicionamento do produto ou a fixação de preços, sendo distinguidas da seguinte maneira. Obser-ve o quadro.

Quadro 1 – Tipos de inovação de marketing

Tipo Descrição Exemplo

DesignAlteração na forma e aparência do produto, sem alteração das carac-terísticas funcionais.

Linha Adventure da FIAT.

Posicionamento Abertura de novos canais de venda.Franquias, comércio ele-trônico (e-commerce).

Fixação de preçosNovas estratégias de fixação de preços para comercialização de bens ou serviços.

Método de variação de preço para um bem ou serviço.

Atenção

Mas veja bem! Não podem ser consideradas inovações de marketing as mudanças que ocorrem de tempos em tempos ou que sejam regulares ou rotineiras. Por exemplo, se uma empresa deseja lançar seu produto em uma nova região geográfica do país e usar os mesmos métodos que em outras regiões de atuação, não poderá ser considerada uma inovação de marketing. Da mesma forma, se a mudança for na embalagem do produto, mas seguindo os mesmos conceitos empregados na embalagem anterior, também não será considerada como inovação.

Page 27: Apostila de Criatividade e Inovação

27Unidade 1

Criatividade e Inovação

Ficou claro até aqui? Então vamos seguir para mais um tipo de inovação. Em frente!

Inovação organizacional

O Manual de Oslo diz que a inovação organizacional é a “implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organiza-ção do seu local de trabalho ou em suas relações externas” (OCDE, 2005, p. 18).

Esse manual ainda traz a informação de que esse tipo de inovação procura a melhoria de desempenho da empresa por meio da redução de custos ad-ministrativos ou de transação, do estímulo à satisfação no local de trabalho, no ganho ao acesso a ativos não transacionáveis ou na redução do custo dos suprimentos.

A inovação organizacional será diferente de qualquer outra mudança organi-zacional na empresa se ela for constituída pela implementação de um novo método organizacional que ainda não tenha sido utilizado pela empresa, além de resultar de uma decisão estratégica gerencial.

Page 28: Apostila de Criatividade e Inovação

28

Você sabia que existem alguns tipos de inovações organizacionais que poderão ser visualizadas no quadro seguinte? Observe!

Quadro 2 – Tipos de inovação organizacional

Tipo Descrição Exemplo

Práticas de negócios

Implementação de novos métodos para a organização de rotinas e procedimentos para a condução do trabalho.

Introdução de sistemas de gerenciamento para pro-duções geral ou de abas-tecimento, como produção enxuta.

Organi-zação do local de trabalho

Implementação de novos métodos para distribuição de responsabili-dades e poder de decisão entre os funcionários.

Integração de áreas, como engenharia, desenvolvimento e produção.

Relações externas

Implementação de novos meios para organizar as relações com ou-tras firmas ou instituições públicas.

Nova integração com forne-cedores, introdução de sub-contratação de serviços etc.

Saiba Mais

Tudo o que você estudou até o momento sobre inovação esteve volta-do para a inovação tecnológica. Ou seja, para a inovação com a aplica-ção do conhecimento. Mas outro tipo de inovação também vem sendo discutida nos últimos tempos: a inovação social. Você sabe o que ela representa?

A inovação social nada mais é do que desenvolver novas tecnologias sociais. Ou seja, realizar intervenções que tenham um potencial im-pacto social, seja na área da saúde, da educação, da cultura, do lazer, da responsabilidade social, entre outras. Esse impacto social pode ser entendido como ações de inclusão social, geração de trabalho e renda ou ainda como melhoria na qualidade de vida das pessoas.

Page 29: Apostila de Criatividade e Inovação

29Unidade 1

Criatividade e Inovação

RelembrandoParabéns! Com essa aula, você acaba de concluir a primeira uni-dade do curso! Você aprendeu nesta aula que existem diferentes tipos de inovação e o que quer dizer cada um deles. Também viu que nem tudo que parece é inovação e que a inovação não se restringe apenas a um produto novo. Agora, tão importante quanto conhecer os tipos de inovação é saber por que se deve inovar. E isso é o que você verá na próxima aula.

Colocando em Prática

Agora é uma boa hora para aplicar os conhecimentos adquiridos nesta aula. Acesse o AVA e realize as atividades propostas. Mãos à obra!

Finalizando

Nesta primeira unidade, você aprendeu o conceito de inovação e tam-bém a diferença entre criatividade e ideia e entre inovação e invenção. Você também aprendeu que esses quatro conceitos fazem parte de um processo, que se inicia com a criatividade, é desenvolvido na ideia e resulta na inovação ou na invenção, dependendo do resultado obtido.

Agora, tão importante quanto saber o que é inovação é saber por que se deve inovar e quem ou o que é inovador. Esse será o assunto da próxima unidade. Até lá!

Page 30: Apostila de Criatividade e Inovação
Page 31: Apostila de Criatividade e Inovação

31

2Inovação para o Mercado

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade, você estará apto a:

� conhecer as razões para inovar;

� identificar se o mercado precisa da sua inovação;

� compreender o processo de inovação;

� conhecer como acontece a inovação no mercado.

Aulas

Aula 1: Por que inovar?

Aula 2: Identificando se sua empresa é inovadora

Aula 3: O processo de inovação

Aula 4: O mercado e a inovação

Page 32: Apostila de Criatividade e Inovação

32

Para Iniciar

Você já deve ter percebido que todos falam em inovação nos últimos tempos, não é mesmo? Se tanta gente falava, é porque deve ter tido alguma importância. Nesta unidade, você começará a entender porque essa palavra foi tão falada e porque todos estão querendo inovar. Você verá também como identificar se uma empresa é inovadora e como ocorre o processo de inovação. Por último, você compreenderá como a inovação se situa no mercado. Bom estudo!

Aula 1: Por que inovar?

Olá! Agora que já sabe que inovação não é aquele bicho de sete cabeças, que não precisa ser algo complexo, complicado, mas pode ser algo bem simples, a partir desta aula você aprenderá a importância da inovação para o mercado. Vamos lá?

Para você começar a entender por que se deve inovar, observe a figura seguinte.

Figura 2 – Ninguém é uma ilha

Imagine que essa ilha é a cidade onde você mora. Pense ainda que você tem uma empresa nessa ilha e que todos os seus clientes e fornecedores também estão na ilha. Continue imaginando que seus clientes não têm como comprar um produto (bem ou serviço) similar ao seu de alguma outra empresa, pois não têm como contatar o ambiente fora da ilha.

Page 33: Apostila de Criatividade e Inovação

33Unidade 2

Criatividade e Inovação

Isso não seria um sonho? Independentemente da maneira que você fizesse o seu produto, ele seria vendido, pois você não teria concorrência. Você poderia fazer o seu produto do mesmo jeito que fazia dez, vinte anos atrás, pois não haveria motivação para mudar.

PerguntaMas essa situação seria permanente? Você ficaria tranquilo pelo resto da vida?

Não, com certeza essa situação não seria eterna. Quando você menos esperas-se, iria aparecer um concorrente, ou alguém da própria ilha, descontente com o seu produto e querendo oferecer uma opção aos seus clientes. Ou, ainda, alguém de fora da ilha buscando novos mercados. Quando isso acontecesse, você teria de tomar uma decisão: ou desistir do seu negócio e partir para outro ou reagir e tentar manter, e até mesmo aumentar, os seus clientes.

Qualquer que fosse a sua decisão você teria de mudar. Provavelmente, em um primeiro momento, você cortaria os custos para diminuir o preço de seu produ-to. Essa opção, que é muito comum, pode até acabar dando certo a curto prazo, mas a médio e longo prazo é bem provável que a qualidade de seu produto ou serviço venha a cair, afetando a sua relação com os seus clientes, podendo até mesmo perdê-los.

Em um segundo momento, você teria de optar por trabalhar com a qualidade do seu produto ou processo, tornando-o melhor para o seu cliente, de modo a não perdê-lo. A partir desse momento você estará quase no ponto de ino-var. Perceba que as soluções que você encontrar e implementar para melhorar ou otimizar o seu produto ou processo podem resultar em inovações ou não. Tudo dependerá de como você proceder. De qualquer maneira, uma reação da sua parte no sentido de melhoria e otimização de produto ou de processo será necessária.

Page 34: Apostila de Criatividade e Inovação

34

Com a situação imaginária descrita anteriormente, é possível pensar que se na ilha, onde estava tudo bem, tranquilo, apareceu um concorrente que fez você procurar uma solução, como seria no mundo real, no dia a dia?

Atualmente, vive-se em um mundo que está em constante mudança. O que é sucesso hoje, amanhã estará ultrapassado. O que uma empresa faz hoje, pode servir ou não para a concorrente, seja do mes-mo país ou não. Nesse cenário, situações que antes duravam por muito tempo hoje são instantâneas.

Para efeito de comparação, antes era comum ver empresas antigas, tradicionais, liderando o mercado, com um comportamento conservador, que se refletia em seus colaboradores, todos com muitos anos de casa. Hoje em dia, quem está à frente são empresas novas ou que estão sempre mudando, com o quadro de colaboradores sempre se renovando, ou por vontade da empresa ou por vonta-de do próprio colaborador.

Para se ter uma ideia dessa transformação, os autores Carlomagno e Scherer (2009), em seu texto Por que, onde e como inovar?, trazem a informação de que na relação das maiores empresas dos Estados Unidos – índice Standard & Poor’s (S&P) –, o tempo médio de permanência das empresas presentes nele em 1920 era de 65 anos. No ano de 1998, esse tempo médio de permanência caiu para 10 anos. Isso mostra que a cada vez mais o tempo de permanência de uma em-presa entre as maiores de seu setor é cada vez menor.

Essa mudança ocorre porque o mundo está mais competitivo, com mais concor-rentes, cheio de incertezas. A aproximação dos mercados pela globalização e o aumento do número de empresas devido à terceirização dos serviços provocou uma mudança na atitude de todos, exigindo um comportamento mais ativo do que reativo.

Por falar em comportamento ativo, é importante compreender também que se uma empresa inicia uma ação (produto, processo, marketing ou organizacional) que até então nenhuma outra empresa de sua localidade, seja concorrente ou não, tenha iniciado, terá uma atitude proativa, então há inovação. Por outro lado, se a empresa não foi a primeira a iniciar a ação, ela não estará inovando, mas apenas seguindo os outros.

Page 35: Apostila de Criatividade e Inovação

35Unidade 2

Criatividade e Inovação

Saiba Mais

Que tal ampliar ainda mais seus conhecimentos sobre o assunto? Então leia na íntegra o artigo Por que, como e onde inovar, acessando o site: <http://br.hsmglobal.com/editorias/por-que-onde-e-como-inovar>. Vale a pena ler!

Todos esses fatos fazem com que uma empresa que deseja manter-se à frente das concorrentes tenha de procurar cada vez mais diferenciais competitivos.

Em um ambiente competitivo, como é hoje em dia em qualquer área, uma empresa luta para se tornar a melhor ou luta para se manter como a melhor em seu segmento de atuação. Qualquer alternativa diferente fará com que a em-presa corra risco de encerrar suas atividades. A melhor ferramenta que a em-presa tem para chegar ou se manter no topo é a inovação.

A inovação pode possibilitar que a empresa não só mantenha como amplie o seu mercado, por meio da melhoria de seus produtos ou lançamento de novos, de outros meios para redução de seus custos, de uma nova maneira de alcançar os seus clientes etc.

RelembrandoNesta aula, você viu porque a inovação é importante e que nos dias de hoje, em um ambiente globalizado, se a empresa não inovar, ela pode não se manter entre as líderes de seu setor ou mesmo fechar as portas em um curto espaço de tempo. Além disso, você aprendeu que, para ser inovador, é necessário ter uma atitude ativa e não reativa, e que essa atitude refletirá em seu posicionamento no mercado.Prepare-se para a próxima aula, em que você verá como identificar se uma empresa é inovadora ou não. Bom estudo!

Page 36: Apostila de Criatividade e Inovação

36

Colocando em Prática

Gostou do conteúdo? Então, antes de iniciar a próxima aula, realize os exercícios propostos no AVA, para fixar os conhecimentos.

Aula 2: Identificando se sua empresa é inovadora

Mais uma aula iniciando e você já aprendeu muitas coisas, não é mesmo? Na última aula, você percebeu a importância de inovar, pois se ficar realizando sempre o mesmo trabalho a pessoa ou a empresa pode parar no tempo e até mesmo perder os seus clientes. Nesta aula, você aprenderá como identificar se uma empresa é inovadora ou não e quais requisitos indicarão isso. Vamos lá?

PerguntaQuando aparecem notícias sobre empresas inovadoras, o que você pensa? Quais produtos ou serviços elas oferecem? Como é essa empresa? Como ela lida com os seus funcionários e clientes?

Em geral, ao se fazer um comparativo entre empresas inovadoras e não inova-doras, é possível encontrar uma situação semelhante a esta. Observe a figura seguinte.

Figura 4 – Empresa inovadora e empresa não inovadora

Page 37: Apostila de Criatividade e Inovação

37Unidade 2

Criatividade e Inovação

A partir dessa comparação, qual empresa é mais inovadora nos últimos anos?

Você poderá pensar que é a empresa Google, afinal, ela sempre aparece em veículos de comunicação quando o assunto é ambientes descontraídos, em relação à liberdade total, ou quase, para os funcionários, divulgação em massa dos projetos em andamento, aplicativos grátis para os clientes etc. Entretanto, na lista das empresas mais inovadoras do mundo, ela encontra-se em segundo lugar, atrás da Apple, isso há pelo menos três anos. Você já sabia disso?

Com isso, vem a pergunta: mas a Apple não é conhecida pelos seus produtos inovadores, como o iPod, iPad e iPhone? Sim, os produtos da Apple são inova-dores, mas o assunto agora não é sobre produtos, mas sim sobre a empresa. E, olhando a figura anterior, a característica da Apple é de uma empresa não inovadora, uma vez que a empresa não divulga seus projetos até o lançamento, é rígida com seus funcionários, todos os seus aplicativos tem um custo para o cliente etc.

Esse exemplo mostra que o que faz uma empresa ser inovadora não é o que ela aparenta ser. Pelo contrário, é no que ela acredita e no motivo de ela agir dessa forma.

Saiba Mais

Como abordam Cabral e Horta em Cultura Organizacional e Gestão da Inovação Tecnológica (2008), o que realmente importa para uma empresa ser inovadora não é o que mais aparece, o nível superficial ou os artefatos, mas sim os valores e os pressupostos. Ou seja, o que há de mais profundo na empresa é que vai determinar se ela é inovadora ou não. Quer saber mais sobre o assunto? Então leia o artigo na íntegra acessando: <http://www.institutoinovacao.com.br/arquivos_internos/artigos/264Cultura_Organizacional_e_Gestao__da_Inovacao_tecnologica.pdf>. Boa leitura!

Page 38: Apostila de Criatividade e Inovação

38

Os três níveis – artefatos, valores e pressupostos –, são as manifestações da cultura organizacional da empresa. Ou seja, é o conjunto dos comportamentos praticados pela empresa, sendo que os dois últimos serão os responsáveis pela determinação do caráter inovador da empresa.

Afinal, são os valores e os pressupostos que determinarão as prioridades, sejam elas dos clientes, dos investimentos, do seu dia a dia. Resumindo, não importa tanto como a empresa faz, mas sim no que ela acredita e na justificativa de suas ações. A aparência pode ser de um jeito, mas o que vai realmente importar é o interior. Ambientes agradáveis e liberdade total para os colaboradores não tornarão uma empresa inovadora se ela não acreditar em inovação nem souber justificar suas ações por inovação.

Portanto, é importante entender que, ao se trabalhar por uma gestão inovadora na empresa, o fato de favorecer a implantação de características inovadoras não é garantia de todo o processo dar certo, uma vez que, como vimos, as caracte-rísticas estão relacionadas aos artefatos, que são superficiais.

AtençãoO sucesso da implantação só ocorrerá se forem observados os valores e os pressupostos da empresa. Ou seja, se forem observadas as suas crenças e as justificativas para ações que ocorrem nela. Para isso, é importante que a equipe que estiver à frente do processo tenha conhecimento da cultura organizacional da empresa e que saiba da sua influência no processo.

Page 39: Apostila de Criatividade e Inovação

39Unidade 2

Criatividade e Inovação

Dessa forma, a equipe será capaz de desenvolver todo o processo de acordo com os pressupostos da empresa, sem que entre em choque com eles e que, em caso de discordância, saiba como trabalhar os valores para que o resultado pretendido seja alcançado. Portanto, será imprescindível saber trabalhar o rela-cionamento humano, pois antes de quebrar os paradigmas culturais da empresa é necessário quebrar paradigmas pessoais, o que certamente envolverá confli-tos e inesperadas reações dos envolvidos.

Lembre-se sempre! Uma empresa é inovadora não somente pelo que faz, mas sim por como ela faz!

RelembrandoNesta aula, você viu que, para uma empresa ser inovadora, não é suficiente apenas parecer, ela precisa ter uma cultura inovadora, acreditar profundamente em inovação, justificando suas buscas de forma coerente. Somente por esses meios ela conseguirá estar inovando continuamente e conseguindo se manter na vanguarda do seu setor. Na próxima aula você verá se um produto é inovador. Até lá!

Colocando em Prática

A aula seguinte será muito interessante para compreender melhor o assunto estudado. Antes, não deixe de realizar as atividades propostas no AVA. Lembre-se de utilizar as ferramentas do ambiente virtual para compartilhar informações e tirar dúvidas com o professor tutor e os colegas. Preparado?

Page 40: Apostila de Criatividade e Inovação

40

Aula 3: O processo de inovação

Pronto para mais uma aula? Então vamos lá!

Nas aulas anteriores, você aprendeu porque se deve inovar e como identificar se uma empresa é inovadora de fato ou não. Agora chegou a hora de conhecer melhor como funciona o processo de inovação. Ficou curioso? Siga em frente para saber mais!

Como você pôde ver, a inovação é uma consequência de etapas anteriores, iniciada com a criatividade e continuada com a ideia. Dessa forma, o processo de inovação começa com o estímulo à criatividade dos participantes e pode ser representado da seguinte forma. Acompanhe a seguir!

Figura 9 – Processo da inovação

Vamos entender melhor cada uma dessas etapas!

Idealização

A idealização é a fase em que a criatividade deverá estar no máximo, a todo vapor, para que sejam proporcionadas novas ideias ou ainda resgate de ideias antigas, que foram abandonadas ou utilizadas em outros projetos.

Page 41: Apostila de Criatividade e Inovação

41Unidade 2

Criatividade e Inovação

Nesse ponto, é interessante ficar atento para as oportunidades de negócios ao redor, às tendências que vão surgindo, aos insights de pessoas em volta. Todos esses pontos ajudarão a chegar a uma inovação. É importante ressaltar que nenhuma ideia ou projeto pode ser descartado de início, pois, por mais estra-nhas ou diferentes que possam ser do resultado esperado, elas podem levar a inovações.

Como exemplo, você pode pensar no caso da empresa 3M. Na década de 1970, essa empresa estava tentando desenvolver um adesivo que fosse bastante poderoso. Porém, o resultado final foi o de um adesivo fraco, que não colava permanentemente e era de fácil remoção. Em vez de abandonar o projeto, eles inovaram com a criação do Post-it, vendendo-o como um bloco de recados que poderia ser reutilizável e reposicionável. E, nos dias de hoje, quem não tem um desses bloquinhos em sua mesa de trabalho?

Uma vez que todas as ideias foram colocadas, elas passam por uma pré-classi-ficação, seguindo para a próxima etapa aquelas que apresentam tendências ou indícios para virar um bom negócio.

O importante, nessa fase, é criar e originar novas ideias!

Seleção

As ideias que foram pré-classificadas deverão ser avaliadas mais profundamente na etapa de seleção. A avaliação de cada ideia deverá levar em conta a sua via-bilidade, tanto técnica como financeira; o seu potencial de negócio, observando qual a possibilidade de entrar e se manter no mercado, e se está alinhada com o portfólio da empresa e com suas prioridades.

Page 42: Apostila de Criatividade e Inovação

42

Essa etapa é estratégica, pois nela serão escolhidos os projetos nos quais serão investidos os recursos.

Desenvolvimento

Uma vez que já foram selecionados os projetos, eles passarão por uma fase de aprimoramento e refinamento. A etapa de desenvolvimento envolverá ainda uma revisão dos conceitos originários, com o devido aperfeiçoamento, e refor-çando-os nos projetos. Pode-se entender que tanto a revisão como o aperfei-çoamento ocorrem para definir melhor o projeto, uma vez que até então ele foi concebido de maneira geral e agora é o momento de detalhá-lo, uma vez que será posto em execução.

Você sabia que esse detalhamento envolve um planejamento mais aprofun-dado? Isso mesmo! Ele vai trabalhar com os detalhes do que foi previamente planejado. Perceba que, com as informações disponibilizadas aqui, será possível realizar a alocação dos recursos obtidos para os projetos e começar a executá-los. Nesse momento, as primeiras simulações são realizadas para detectar al-guma dificuldade ou problema que tornem necessárias alterações no rumo dos projetos.

Uma vez que todas as pendências estão resolvidas, os recursos são liberados e parte-se para a fase de implementação dos projetos.

Quantas etapas importantes, você concorda? Mas não terminou. Ainda tem a última etapa, que também merece muita atenção. Confira!

Implementação

A reta final do processo de inovação compreende o aumento no ritmo das ações. Com as devidas correções realizadas e com a liberação dos recursos, a execução dos projetos pode ser acelerada, e o que antes eram simulações passa a ser agora a produção efetiva, permitindo então que se dê escala aos projetos.

As ideias que surgiram e foram trabalhadas e desenvolvidas começam agora a materializar-se em produtos ou processos e os projetos saem efetivamente do papel. Nesse ponto, a gestão do projeto será fundamental. A preocupação deixa de ser com os possíveis resultados do projeto, passando para como alcançá-los. A gestão de riscos e pessoas, o escopo e o cumprimento de metas entram no dia a dia da empresa e o foco é entregar o produto/processo inovador no prazo e com todos os requisitos cumpridos.

Page 43: Apostila de Criatividade e Inovação

43Unidade 2

Criatividade e Inovação

Também é importante destacar que, durante as quatro etapas do processo de ino-vação, estão envolvidos dois itens: iniciativa de inovação e necessidade de recursos. Esses dois itens têm comportamentos diferentes durante o processo. Enquanto o primeiro diminui com o desenvolvimento do processo, o segundo aumenta.

RelembrandoNesta aula, você aprendeu como ocorre o processo de inovação. Viu que esse processo acontece em quatro etapas, cada uma qual com suas carac-terísticas. A primeira delas envolve a criação e o surgimento de ideias, onde é desejável não se descartar nada, mas, pelo contrário, tentar aproveitar ao máximo.A segunda etapa se refere à avaliação do projeto e o seu potencial de su-cesso e retorno, definindo se ele receberá investimentos para ser imple-mentado. A terceira etapa é o momento de refinamento e aprimoramento do projeto, detalhando o planejamento, além de ser o momento de alocar os recursos necessários. Por último, acontece a etapa de implementação do projeto, na qual a atenção se volta para o cumprimento de metas e prazos e trabalha-se com a gestão de riscos e de pessoas. Agora você já sabe como ocorre a inovação. Falta saber como o mercado recepcionará a sua inovação. Este será o assunto da nossa próxima aula. Até breve!

Colocando em Prática

Vamos realizar uma atividade? Então acesse o AVA e aplique seus co-nhecimentos. Bom trabalho!

Page 44: Apostila de Criatividade e Inovação

44

Aula 4: O mercado e a inovação

Bem-vindo à última aula desta unidade! Com tudo o que foi visto até agora, você deve estar pensando “será que a minha ideia é mesmo uma inovação?”. Fique tranquilo para descobrir a resposta, pois nesta aula você verá um pouco sobre como o mercado pode receber uma ideia e determinar se ela será uma inovação ou não. Preparado? Então vamos lá!

Para iniciar o estudo, é importante observar que um dos aspectos que deve ser considerado ao inovar é o comportamento do objeto inovador, seja ele produto ou processo no mercado em que ele vai entrar. Afinal, se a sua ideia não der o retorno esperado, ela não foi inovadora, mas foi uma invenção.

Em alguns casos, a ideia pode até mesmo não chegar a ser uma invenção ou inovação, mas estar no nível de melhoria. Para entender melhor, observe a figu-ra seguinte, que é conhecida como Matriz de Inovação e Melhoria.

Figura 5 – Matriz de Inovação e Melhoria

Depois de observar a figura, você deve ter percebido que o grau de novidade da ideia é que determinará se ela será uma melhoria ou uma invenção. Se a ideia desenvolvida impactou em algo já existente na empresa ou inexistente na empresa, mas já conhecida em sua região, a ideia será reconhecida como uma melhoria. Caso contrário, se a ideia for uma novidade na sua região, ela já pas-sará a ser vista como uma invenção.

Analogamente, o que determinará se a ideia será inovação ou melhoria, será o impacto que o seu resultado for causar. Se o produto final vier de encontro com o esperado, estaremos tratando de uma inovação. Caso o resultado fique abaixo, haverá uma melhoria.

Page 45: Apostila de Criatividade e Inovação

45Unidade 2

Criatividade e Inovação

O cruzamento dessas duas variáveis, novidade da ideia e impacto do resultado, definirão para o mercado se a ideia foi uma melhoria, uma invenção ou uma inovação. Uma vez que já se definiu se a ideia é uma inovação ou não, deve-se ficar atento para como o mercado deverá ser trabalhado para poder absorvê-la da melhor maneira o possível.

Agora, observe mais uma figura, conhecida como Matriz de Ansoff.

Figura 6 – Matriz de Ansoff

Como você já sabe, a ideia, para se tornar uma inovação, deve levar em conta o grau de novidade em que se encontra. Logo, como se pretende avaliá-la como uma inovação, considere apenas as situações com produto ou mercado novo.

O convite agora é para que você entenda o que compreende o desenvolvimen-to de mercado e de produto. Vamos lá?

Desenvolvimento de mercado

Se a sua ideia foi aproveitar algum produto existente e lançá-lo em um novo mercado, você poderá estar inovando. Isso pode ocorrer porque você estará trabalhando com algo novo para aquele mercado. Nesse caso, você estará ino-vando não com um produto, mas sim com aquele mercado em específico.

Page 46: Apostila de Criatividade e Inovação

46

Vamos a um exemplo. Pense na seguinte situação. Se em um determinado país não existe um produto específico, ao introduzi-lo no mercado estará ocorrendo uma inovação, certo? Isso fica mais claro se você lembrar-se da marca de chine-los Havaianas. Esses chinelos existem há muito tempo no Brasil, entretnto não eram muito conhecidos no exterior. Ao procurar o mercado externo e ter um ex-celente resultado, a empresa fabricante inovou. Ela explorou um mercado novo com um produto existente e muito conhecido em outro mercado. Porém, essa inovação não foi algo muito simples. A empresa teve de fazer todo um planeja-mento e readequação de conceitos para conseguir o sucesso.

Desenvolvimento de produto

Uma inovação relativamente fácil de realizar é por meio do desenvolvimento de um novo produto em um mercado já estabelecido. Nesse caso, estará sendo apresentada uma novidade para aquele mercado. É um caso clássico de merca-do maduro, com os produtos já existentes e, para continuar explorando aquele mercado, é preciso apresentar algo novo.

Um bom exemplo é o caso da empresa Sósoja, que, em parceria com o SENAI, desenvolveu uma paçoca de soja. O mercado de doces já é bem estabelecido e maduro. A paçoca comum, de amendoim, também já é conhecida pelas pessoas.

Pergunta

O que fazer, então, para conseguir explorar mais um pouco esse mercado?

Page 47: Apostila de Criatividade e Inovação

47Unidade 2

Criatividade e Inovação

Essa é uma boa pergunta! A resposta é lançar um novo produto, com um di-ferencial! No caso, uma paçoca que não fosse de amendoim, mas sim de um alimento funcional, que ajuda o corpo humano. Assim nasceu a paçoca de soja. Esse produto pode não ser tão conhecido como a paçoca original, mas, para a empresa, proporcionou um resultado além do esperado, levando a um aumento nas vendas e no faturamento.

Diversificação

Talvez a inovação mais difícil de realizar seja a de criar um novo produto e ex-plorá-lo em um mercado novo ou inexistente. Neste caso, deverá ocorrer todo um trabalho de marketing em paralelo para que não ocorra nenhum problema e a ideia efetivamente alcance o status de inovação. Assim, a empresa estará procurando diversificar o seu portfólio.

A grande vantagem que se pode ter aqui é a de ser o primeiro, o grande inovador, pois assim a empresa será conhecida como referência e poderá ditar os rumos do mercado. Por outro lado, se neste novo mercado já tem alguém atuando, o trabalho será mais difícil, pois será necessário encarar o concorrente e provar para o mercado que o seu produto é melhor.

Um bom exemplo disso é a empresa Apple, que, ao lançar o iPod, procurou desenvolver um novo mercado, o de música digital por meio da internet. Ela di-versificou seu portfólio, inovando com um novo produto em um novo mercado e mostrando que o seu produto não poderia ser comparado com os similares que apareceram quase ao mesmo tempo.

Percebeu por quantos meios é possível inovar perante o mercado? É verdade! Agora é necessário saber os meios para inovar. Esse é o assunto da próxima uni-dade. Continue motivado para aprender ainda mais!

Page 48: Apostila de Criatividade e Inovação

48

RelembrandoVocê viu nesta aula como o mercado pode absorver a sua inovação. Aprendeu que a inovação no mercado não ocorre necessariamente por meio de um produto novo, mas também pela exploração de um mercado que não conhecia um produ-to já existente.Isso mostra que a inovação pode ocorrer de diversos meios. Basta ter criatividade, confiar na ideia e apostar no seu poten-cial, além de ter planejamento, é claro.

Colocando em Prática

Para reforçar todo esse conhecimento, não deixe de realizar as ativida-des propostas no AVA, certo? Os exercícios serão muito importantes para apreender os conteúdos.

Finalizando

Nesta unidade, você aprendeu a importância da inovação e de por que se deve inovar. Aprendeu também a identificar se uma empresa é realmente inovadora ou se ela tem somente a aparência e como isso se traduz no seu dia a dia.

Compreendeu também o processo de inovação e o que ocorre em cada uma de suas etapas, desde a primeira ideia até o produto final. Por último, você viu como a sua inovação pode se situar no mercado e os ganhos que você terá com isso.

E o que falta agora? Como conseguir recursos para inovar? Esse é o assunto da próxima unidade. Bom estudo!

Page 49: Apostila de Criatividade e Inovação

49

3Primeiros Passos para Inovar

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade, você estará apto a:

� conhecer noções de como elaborar um projeto de inovação;

� compreender como obter financiamento para inovar.

Aulas

Aula 1: Desenvolvendo um projeto de inovação

Aula 2: Obtendo recursos para inovar

Page 50: Apostila de Criatividade e Inovação

50

Para Iniciar

Olá! Você está iniciando a terceira unidade do curso! Depois de com-preender o que é inovar e por que se deve inovar, chegou o momento de aprender como se pode inovar.

Nesta unidade, você aprenderá o que deve constar em um projeto de inovação, quais as suas características e também como se pode obter recursos financeiros para inovar.

Vamos aprender mais um pouco? Aproveite para iniciar os estudos com muita energia e força de vontade!

Aula 1: Desenvolvendo um projeto de inovação

Olá! O convite agora é para aprender um pouco sobre elaboração de projeto de inovação. Está preparado? Vamos aprender juntos!

A elaboração de um projeto de inovação não é muito diferente da elaboração de um projeto de pesquisa ou de um projeto qualquer. Na verdade, é muito parecido. Pode ocorrer de sua estrutura ser diferente de alguma outra que você conheça, mas isso geralmente depende muito mais de uma exigência do fi-nanciador do projeto, que, por algum motivo, deseja avaliar um ponto ou uma abordagem específica.

Page 51: Apostila de Criatividade e Inovação

51Unidade 3

Criatividade e Inovação

Pergunta

Você sabe qual a estrutura básica de um projeto?

Basicamente, a estrutura do projeto será: identificação, objetivo, justificativa, es-copo, metodologia, equipe, atividades do projeto, recursos necessários, crono-grama físico, orçamento, cronograma físico-financeiro e estudo de viabilidade técnica, tecnológica e econômica. Vamos ver o que significa cada uma delas? Continue atento!

� Identificação

Na identificação, são apresentadas as instituições que executarão o projeto, informando os dados e os contatos de cada uma e indicando também quem serão os seus interlocutores, bem como quem será o gestor do projeto. A im-portância desse item reside no fato de ser necessário saber se as instituições participantes têm algum conhecimento ou experiência na área em que o projeto estará sendo desenvolvido.

� Objetivo

No objetivo do projeto, deverá ser colocado o que se pretende com o projeto, que é desenvolver um produto, um processo ou serviço. É importante ressaltar que o que se deseja saber aqui é o que será desenvolvido. Ou seja, o objeto do projeto e não o que se pretende fazer com o produto, processo ou serviço desenvolvido. É interessante que o objetivo seja claro e sucinto, permitindo a quem vai avaliá-lo uma leitura rápida e de fácil entendimento.

Por exemplo, imagine que você foi contratado para a elaboração do projeto de uma impressora doméstica (sabemos que a impressora não é um produto ino-vador, mas esse é só um exemplo). O seu objetivo não será o de imprimir várias páginas iguais ou mesmo imprimir documentos sem erros. O seu objetivo será desenvolver um equipamento que permita imprimir vários documentos, colori-dos ou não, com páginas repetidas ou não.

� Justificativa

A justificativa de um projeto dirá a razão pela qual você deseja desenvolvê-lo, inclusive indicando o que você deseja ganhar; em quanto você estima que seu faturamento e produção aumentarão; quais as dificuldades, os pontos a melho-rar, as restrições ou os empecilhos que você estará eliminando com o projeto etc., ou, ainda, quais os benefícios que o financiador do projeto ou a socieda-de estará ganhando com o projeto. Resumindo, a justificativa é o momento de você defender o projeto, respondendo: por que você quer desenvolver o proje-to? O que você (ou o financiador do projeto ou a sociedade) estará ganhando ou eliminando com o desenvolvimento do projeto?

Page 52: Apostila de Criatividade e Inovação

52

Como exemplo, pense nas seguintes situações: a diversificação do portfólio de produtos da empresa permitirá aumentar o número de clientes e o faturamen-to; a adoção do processo proposto diminuirá em X% a emissão de poluentes, e haverá incorporação de tecnologia pela empresa etc.

� Escopo

O escopo dirá até onde você vai com o projeto. Ou seja, quais são os limites do projeto, o seu início e o seu fim. Por exemplo, o escopo do projeto pode ser o desenvolvimento do protótipo do produto, sendo que, nesse caso, não será in-tenção do projeto desenvolver e implementar a linha de produção do produto. Para isso, será necessário um outro projeto ou até mesmo mais de um projeto. Ou, ainda, o projeto irá até o estudo de viabilidade técnico-econômica da im-plantação de um processo e não até a realização da implantação do processo, o que pode ser um novo projeto.

� Metodologia

A metodologia é o momento em que se apresenta a ideia de como se preten-de alcançar o objetivo. Ela dirá quais os caminhos que serão adotados, a partir do atual patamar tecnológico da empresa, para atingir o objetivo proposto no projeto. Nesse momento, podem ser listados o tipo de pesquisa a ser desenvol-vida, os ensaios ou testes que serão realizados, as normas que serão seguidas, os métodos ou procedimentos a serem utilizados. É importante ressaltar que a metodologia descrita no projeto é uma ideia de como se pretende chegar ao objetivo, é um norteador do projeto. Por se tratar de um projeto, não necessa-riamente ela terá de ser seguida à risca. Mesmo porque, na execução do proje-to, pode-se concluir que aquele não é o melhor caminho, tendo-se até mesmo a possibilidade de optar por outra metodologia.

� Atividades do projeto

Como o próprio nome diz, esse item indica as atividades que serão realizadas na execução do projeto. Ele servirá também como base para a elaboração dos cronogramas físico e físico-financeiro, do orçamento e dos recursos necessários. Pela sua própria estrutura, é até mesmo comum ele ficar muito parecido com a metodologia e com o escopo, uma vez que ele estará indicando detalhes destes últimos.

� Recursos necessários

Aqui é realizada uma estimativa do que será utilizado em termos de recursos humanos, materiais e serviços para a execução do projeto. Um bom planeja-mento do projeto depende muito da atenção dedicada a esse item, uma vez que ele proporcionará a ideia do que será necessário, da quantidade e quali-dade necessária ou exigida pelo projeto, de quando e onde deverá(ão) estar disponibilizado(s) etc. Um tempo gasto a mais nesse momento pode represen-tar uma prevenção contra atrasos ou contratempos financeiros na execução do projeto e, até mesmo, em uma economia futura na execução do projeto.

Page 53: Apostila de Criatividade e Inovação

53Unidade 3

Criatividade e Inovação

� Cronograma físico

O cronograma físico indica quando cada atividade deverá ser realizada. Normal-mente ele é representado por meio de um gráfico de Gantt, gráfico PERT ou de algum outro tipo. O cronograma mostra quando as atividades serão desenvol-vidas, se ocorrerão atividades concomitantes, atividades precedentes ou não, independentes ou não etc. No cronograma físico são estabelecidos também os responsáveis pelas atividades, as metas do projeto e os marcos de entrega do projeto, tornando-o uma importante ferramenta no gerenciamento do projeto, devendo ser sempre consultado.

� Equipe

No item equipe, são identificados todos os profissionais que atuarão na exe-cução do projeto, sendo informados também a formação de cada profissional, a instituição de origem, o cargo e a função que desenvolverá no projeto. Essas informações são relevantes, pois possibilitarão saber se os responsáveis pelas atividades a serem desenvolvidas têm as competências e as habilidades neces-sárias para exercer as funções inerentes à posição ocupada na equipe.

� Orçamento

O orçamento indica a estimativa do custo que se terá em cada uma das ativi-dades do projeto, o que o torna peça essencial para a tomada da decisão de implementação ou não do projeto. Com o orçamento, tem-se a ideia do mon-tante de recursos financeiros que serão necessários para o desenvolvimento do projeto, bem como do valor que se tentará conseguir como aporte financeiro por meio de um órgão financiador ou fomentador de projeto. Além disso, ele também será necessário no gerenciamento do projeto, uma vez que permitirá ao gestor saber se a execução do projeto está acompanhando o planejamento que foi realizado.

Page 54: Apostila de Criatividade e Inovação

54

� Cronograma físico-financeiro

O cronograma físico-financeiro concilia as informações das “atividades do projeto” com as do “orçamento”, resultando em uma ferramenta que indica os custos de cada uma das atividades no decorrer do tempo de execução do projeto. Da mesma forma que o cronograma físico e o orçamento, ele será de muita utilidade no gerenciamento do projeto, uma vez que informará se o custo de cada atividade estará ocorrendo próximo da estimativa do projeto. Esse item será muito analisado pelo financiador do projeto, seja ele a direção da empre-sa – a qual o tomará como um fluxo de caixa para apoiar a decisão se o projeto será implementado ou não –, seja a agência fomentadora que está financiando o projeto – que o utilizará como parâmetro de avaliação na relação custo-bene-fício para o investimento que será realizado.

� Estudo de viabilidade técnica/tecnológica e econômica (EVTE)

O último item de um projeto, o estudo de viabilidade técnica/tecnológica e econômica (EVTE), é o que permitirá decidir se o projeto é viável, tanto no as-pecto técnico/tecnológico como no aspecto econômico. Nesse sentido, muitos projetos não são implementados, por mais bem elaborados e justificados que estejam, pelo fato de não apresentarem viabilidade técnica ou econômica. Vale lembrar que quem está investindo em um projeto deseja um retorno positivo, independentemente se o valor do investimento for alto ou baixo. Mas veja bem! Se a implementação do projeto apresenta barreiras ou restrições técnicas ou econômicas, não se tem por que investir no projeto. Basicamente, o EVTE pro-cura responder a duas questões:

1 O projeto está alinhado com os objetivos estratégicos da empresa?

2 É possível implementar o projeto mesmo com todas as restrições técni-co-tecnológicas, econômicas, financeiras, ambientais e políticas associa-das a ele?

Outras questões podem auxiliar na resposta dessas duas principais. Observe!

1 Existe alguma alternativa caso o projeto não seja implementado?

2 Como o objeto do projeto contribuirá para resolver os problemas atuais da empresa e para os seus objetivos?

3 Será possível integrar o objeto do projeto com os outros produtos/pro-cessos/serviços da empresa?

A estrutura para elaboração de um projeto de inovação é composta por etapas importantes, certo? E cada uma delas merece muita atenção!

Page 55: Apostila de Criatividade e Inovação

55Unidade 3

Criatividade e Inovação

Dica

Lembre-se de que o mais importante em um projeto de inovação é que o seu objeto final, ou seja, o resultado, seja inovador. Que apresente algo novo ou com nova aplicação e que necessariamente possa virar um negócio com retorno positivo para os seus idealizadores, executores, beneficiados e, é claro, financiadores. Para isso, torna-se importante um EVTE bem elaborado, claro e objetivo.

Também é preciso ser destacado que a estrutura apresentada é um modelo geral de projeto, que, com certeza, deverá ser adaptado de acordo com a sua destinação. Cada edital de projetos de inovação aberto exige um modelo espe-cífico que deve ser seguido. Então, uma vez que você já tem um projeto, é só adaptá-lo para o edital que desejar.

Relembrando

Nesta aula, você teve uma ideia inicial da estrutura de um projeto de inovação, identificando cada item que o compõem e a sua importância. Na próxima aula, você conhecerá alguns meios de obter recursos finan-ceiros para desenvolver o seu projeto de inovação. Siga em frente!

Colocando em Prática

Não deixe de fazer uma nova leitura de todo o conteúdo estudado. Sua revisão também poderá ser feita por meio das atividades no ambiente virtual. Confira!

Page 56: Apostila de Criatividade e Inovação

56

Aula 2: Obtendo recursos para inovar

Na última aula, você conheceu a estrutura de um projeto de inovação, os itens que o compõem e a importância de cada um. A partir de agora, você conhecerá alguns meios de como obter recursos financeiros. Afinal, para desenvolver um projeto inovador, será necessário investir nele, não é mesmo?

Quando uma pessoa ou empresa vai desenvolver um projeto, a intenção é iniciar algo novo, que ainda não exista, como um novo produto ou um novo processo. Como se trata de algo a ser iniciado, o objeto do projeto ainda não tem uma re-ceita própria, fazendo com que seja necessário realizar um investimento. Mas veja bem! Esse investimento pode ser somente para uma parte do projeto, o início, por exemplo, como pode ser também para todo o período de execução.

Independentemente do caso, se para todo o projeto ou somente uma parte, a busca por recursos financeiros será importante para suprir o investimento neces-sário, uma vez que a possibilidade de uma empresa não ter condições de dispo-nibilizar um montante de considerável valor para a gestão do projeto é grande.

A busca por recursos financeiros externos é que possibilitará ao gestor dar continuidade à execução do projeto sem atrasos ou interrupções. A origem dos recursos financeiros pode sair da combinação das fontes listadas na figura a seguir. Vamos conhecê-las? Acompanhe!

Figura 7 – Origem dos recursos financeiros

Page 57: Apostila de Criatividade e Inovação

57Unidade 3

Criatividade e Inovação

Que tal agora conhecer as fontes dos recursos financeiros? Veremos cada uma delas com mais detalhes. Continue atento!

Recursos próprios

O desenvolvimento de um projeto de inovação por meio de recursos próprios tem a grande vantagem de depender única e exclusivamente da empresa. En-tretanto, a organização deve ter uma noção precisa da sua situação financeira ao longo do período de desenvolvimento do projeto. Uma projeção financeira das receitas e despesas futuras deverá refletir muito bem o que acontecerá no período de execução do projeto para que não ocorram problemas que venham a comprometer não só o projeto, mas a própria saúde financeira da empresa. A projeção financeira basicamente deverá responder às seguintes perguntas. Veja!

1 Qual o valor que a empresa necessitará para cumprir suas obrigações financeiras e quando isso ocorrerá?

2 2Quanto e quando ela espera de receita e despesa?

Para que um projeto de inovação possa ser custeado com recursos próprios da empresa, a sua projeção financeira deverá compreender um período de longo prazo, cobrindo vários anos, para que se possa decidir qual o melhor momento para o investimento no projeto.

Licenciamento de tecnologia

Existem casos de empresas que tem como foco o desenvolvimento de tecnolo-gia visando uma posterior transferência dessa tecnologia para outras empresas. Existem casos também em que, uma vez desenvolvida a inovação, a empresa não tem condições financeiras de implantá-la.

Para esses casos, é conveniente a venda da inovação tecnológica para outra(s) empresa(s). Essa venda pode ocorrer por meio da venda de uma licença de uso da tecnologia. Mas para isso deve-se utilizar o pagamento de royalties, quando a empresa que comprar a inovação tecnológica paga uma porcentagem sobre o faturamento em cima da utilização da tecnologia, podendo ser permanente ou não, ou por meio de um pagamento único. O que também pode ocorrer é a venda da propriedade intelectual da inovação tecnológica.

Page 58: Apostila de Criatividade e Inovação

58

Em qualquer um desses casos, o que prevalecerá é o valor que a inovação tecnológica desenvolvida terá para ambas as partes, proporcionando assim uma livre negociação entre elas com diversas possibilidades de acordo.

O valor da inovação tecnológica poderá ter como base tanto o custo da sua ge-ração pela empresa desenvolvedora como o valor que agregará à empresa que a adquiriu ou, ainda, ambas.

Fusões e alianças

Em alguns casos, não é interessante para a empresa que desenvolveu a inova-ção tecnológica repassá-la para terceiros, pois pretende implantá-la, mas não tem condições de realizar isso sozinha, quer seja por questões tecnológicas ou por questões financeiras. Em qualquer um dos casos, às vezes torna-se interes-sante a associação entre duas ou mais empresas para desenvolver e implantar a inovação tecnológica ou mesmo a fusão entre elas, abrindo a possibilidade de ter-se a criação de uma nova empresa.

A aliança entre as empresas é comum quando elas têm o mesmo porte ou têm focos diferentes de negócio. Por outro lado, a fusão é mais comum quando uma das empresas tem mais condições de expandir os seus negócios, mas não tem o conhecimento tecnológico na área foco de expansão. Neste caso, a outra tem a expertise tecnológica, mas não tem a capacidade de expansão. Da mesma forma que no item anterior, as possibilidades de acerto entre as empresas são diver-sas, dependendo tão-somente dos interesses de cada uma das empresas parti-cipantes da negociação.

Page 59: Apostila de Criatividade e Inovação

59Unidade 3

Criatividade e Inovação

Aporte de capital

Uma maneira pela qual a empresa pode obter recursos financeiros é por meio do aumento ou da abertura de capital da empresa. O aumento do capital ocorre quan-do os próprios sócios da empresa decidem aumentar a sua participação na socie-dade, aportando recursos próprios, dos acionistas e no capital social da empresa.

A abertura de capital configura-se quando novos sócios participam do capital social da empresa.

Na abertura do capital da empresa, podem ser consideradas as seguintes opções:

� bolsa de valores;

� fundos de investimentos;

� fundos de capital de risco;

� fundos com participação pública (BNDES, FINEP).

Saiba mais

Vamos saber mais sobre o aporte de capital? Para isso, a sugestão é que você realize pesquisa no livro Projetos de inovação tecnológica: planejamento, formulação, avaliação, tomada de decisões, de Joel Weisz (2009). A obra está disponível para leitura no site: <http://www.inova-cao.usp.br/APL/pdf/docs/projetos_inovacao_tecnologica.pdf>. Não dei-xe de ler. Essa é uma boa oportunidade de ampliar seus conhecimentos!

Recursos de terceiros

Até o momento, todas as opções de recursos financeiros que você viu envol-viam a participação do investidor no negócio, como sócio ou acionista. A parti-cipação dessa forma significa que o investidor, além de correr o risco do investi-mento, também estará na divisão dos resultados obtidos pela empresa.

Page 60: Apostila de Criatividade e Inovação

60

Outra possibilidade é a participação do investidor somente no risco. Partici-pação no risco? Isso mesmo! Nesse caso, o investimento ocorrerá na forma de um financiamento que a empresa consegue com o investidor. O financiamento, dependendo do investidor, pode acontecer por diversas modalidades, envol-vendo desde taxas de juros acompanhando as do mercado, como taxas de juros baixas ou mesmo nulas, até o caso de subvenção econômica, no qual a empresa não precisará restituir o financiamento. Oriundos em grande parte de recursos públicos, esses financiamentos se dividem em:

Apoio à inovação em pequenas empresas

Geralmente aplicado por instituições de fomento, públicas ou privadas, esses recursos são destinados às pequenas empresas, sem muita expectativa de retor-no do investidor. A finalidade maior é propiciar o fomento ao desenvolvimento e à inovação tecnológica, contribuindo para o crescimento da região ou de um setor em específico.

No Brasil, uma grande parte dos investimentos dessa modalidade é realizada pela FINEP por meio de programas (PRIME, Pappe Subvenção, Juro Zero) que propiciam financiamentos com juros zero e até mesmo com subvenção econô-mica. Nesse caso, por meio de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa.

Saiba mais

Vamos saber mais? Mais detalhes sobre os programas podem ser obti-dos no site da FINEP: <www.finep.gov.br>. Vale a pena conferir!

Subvenção econômica

Disponibilizado por meio de editais ou chamadas públicas de projetos, o apor-te de recursos com subvenção econômica para financiamento de projetos de inovação tecnológica passou a ser possível com a aprovação da Lei de Inovação, em 2004. Essa subvenção econômica pode ocorrer tanto por meio de aportes para o desenvolvimento do projeto em empresas e em instituições de ciência e tecnologia (ICTs) como pela concessão de bolsas de pesquisa para profissio-nais qualificados. Na sua grande maioria de origem pública, esses recursos são propiciados por instituições como Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundações Es-taduais de Amparo à Pesquisa.

Page 61: Apostila de Criatividade e Inovação

61Unidade 3

Criatividade e Inovação

Financiamentos reembolsáveis

Modalidade mais comum e tradicional de apoio ao desenvolvimento tecno-lógico proporcionado pelas agências de fomento no Brasil. O financiamento reembolsável tem sido oferecido em sua grande maioria por agências públicas, fornecendo crédito para que empresas consigam desenvolver seus projetos de inovação tecnológica. Tal como nos casos anteriores, estão à frente desses recursos a FINEP e o BNDES.

RelembrandoMuito bem! Mais uma etapa vencida! Nesta aula, você aprendeu quais são os meios mais comuns de se obter recursos financeiros para desenvolver um projeto de inovação tecnológica, além de compreender a diferença entre eles.Você viu também que esses recursos podem ser reembolsáveis ou não. Ou seja, que, após o término do projeto, o investidor não precisa ser pago e que, nos casos do financiamento reembolsável, as opções vão desde baixas taxas de juros até juro zero. Por último, você conheceu algumas das agên-cias que podem proporcionar esses recursos. Agora, descanse um pouco e prepare-se para a próxima unidade!

Page 62: Apostila de Criatividade e Inovação

62

Colocando em Prática

Chegou a hora da atividade. Verifique no AVA e bom estudo!

Finalizando

Nesta unidade, você começou a aprender dois passos importantes para o desenvolvimento da inovação tecnológica: a elaboração do projeto de inovação e como obter recursos financeiros para desenvolver o projeto.

Quanto à elaboração do projeto, você verificou os itens que devem estar presentes, o significado e a importância de cada um deles. Viu também que o sucesso da aprovação do projeto está ligado diretamen-te ao cuidado na sua elaboração, devendo passar da forma mais clara, objetiva e sucinta o que se deseja com o projeto e como pretende desenvolvê-lo. Portanto, o projeto é peça essencial para o outro assun-to desta unidade, que é a obtenção de recursos.

Você aprendeu que a obtenção de recursos é importante para o desen-volvimento do projeto e que existem diversas formas de se conseguir esses recursos. Compreendeu também que os recursos podem ser pro-venientes de terceiros, da própria empresa, por meio de seus sócios ou de recursos gerados pela empresa e que, em alguns casos, podem ser reembolsáveis ou não. Da mesma forma, viu quais são as características desses recursos.

Agora que você aprendeu alguns meios para desenvolver a inovação tecnológica, falta saber como você pode proteger a sua inovação. Esse será o assunto da próxima unidade. Continue motivado para aprender ainda mais!

Page 63: Apostila de Criatividade e Inovação

63

4Protegendo a Inovação

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade, você estará apto a:

� compreender noções de propriedade intelectual;

� conhecer a importância de se proteger uma inovação;

� entender como proteger a inovação.

Aulas

Aula 1: Propriedade intelectual

Aula 2: Propriedade industrial

Aula 3: Protegendo a sua inovação

Page 64: Apostila de Criatividade e Inovação

64

Para Iniciar

Agora você já está familiarizado com temas ligados à inovação, certo? Nas unidades anteriores, você aprendeu o que é inovação, por que inovar e como inovar, elaborando um projeto de inovação e obten-do recursos para desenvolvê-lo. Porém, uma vez que um produto ou processo inovador ou mesmo uma invenção que tem potencial para se tornar inovação foi desenvolvido, o que você pode fazer para protegê-lo e ter retorno com o seu investimento? Esse será o assunto desta uni-dade: como proteger a sua inovação! Pronto para iniciar? Então aperte o cinto e embarque em mais uma trajetória rumo ao conhecimento!

Aula 1: Propriedade intelectual

Imagine a seguinte situação: você teve uma ideia muito boa, pensou e traba-lhou bastante nela, elaborou um projeto, conseguiu financiamento, executou o projeto investindo em pesquisa, profissionais, testes e ensaios, desenvolveu o protótipo, iniciou a produção, começou a vender muito, mas ainda não estava tendo o retorno, pois todo o seu faturamento ainda estava sendo usado para custear a produção e pagar o investimento na sua inovação.

Mas olhe só! Quando finalmente chegou o momento de você começar a ter o retorno financeiro, apareceu um concorrente que lançou um produto idêntico ao seu, só que mais barato, afinal, ele não teve o custo do desenvolvimento do projeto e começou a vender bem mais que você. Isso teria sido legal? Com todo o trabalho e investimento que você realizou, no momento de ter os melhores resultados, você teve de dividir com alguém que fez somente copiar a sua ideia. Seria muito triste, não é mesmo?

Para evitar situações desse tipo é que existe a propriedade intelectual (PI). Va-mos conhecer mais um pouco sobre esse assunto? Inicialmente, vamos relem-brar alguns conceitos do início do curso e conhecer outros.

Pergunta

Você lembra a diferença entre invenção e inovação? E a diferença entre eles e a descoberta?

Page 65: Apostila de Criatividade e Inovação

65Unidade 4

Criatividade e Inovação

A inovação e a invenção vêm do desenvolvimento de uma ideia. Ou seja, são frutos da capacidade criativa humana, desenvolvidas visando à solução de ques-tões técnicas e até mesmo gerenciais, resultando em produtos ou processos. Para relembrar, a diferença entre elas reside no fato de que a inovação resulta, necessariamente, em um negócio, ao passo que a invenção não. Entretanto, am-bos os casos são passíveis de proteção de propriedade intelectual, uma vez que podem ser ligados a um autor ou criador.

A descoberta, por sua vez, trata-se da identificação ou constatação de um fenôme-no já existente na natureza, identificação que vem da capacidade de observação e não de criação do homem e, por isso, não pode ser entendida como algo que tenha um “dono” ou “criador” e, portanto, não está sujeito à proteção intelectual.

Existem outros conceitos importantes e que precisam ser observados: de autor/criador e titular.

Pergunta

Você sabe a diferença entre esses dois termos?

O primeiro é o que teve a capacidade criativa para conceber a obra. Ou ainda, é aquele que participou da execução da obra, sendo necessariamente uma pes-soa física. O segundo é quem detém um direito de PI devidamente registrado e pode ser tanto uma pessoa física como jurídica. Mas note que nem sempre o autor/criador de uma obra é o titular dela.

Agora que estão claras as noções de invenção, descoberta, autor/criador e titular, vamos entender o que é propriedade intelectual. Você já deve ter ouvido

Page 66: Apostila de Criatividade e Inovação

66

falar no assunto, certo? Oliveira (2007) pensa que propriedade intelectual signi-fica o sistema criado para garantir a propriedade ou exclusividade resultante da atividade intelectual nos campos industrial, científico, literário e artístico.

Pelo conceito de Oliveira (2007), você pode entender que propriedade intelec-tual é a maneira que se tem para proteger bens intangíveis, ou seja, bens não físicos, de uma pessoa ou de uma empresa. Em outras palavras, são todos os direitos que incidem sobre as atividades criativas do homem. Na próxima figura, você verá de que forma a propriedade intelectual pode ser dividida. Acompanhe!

Figura 8 – Divisão da propriedade intelectual

A partir de agora, você saberá mais sobre o direito autoral e a proteção sui ge-neris. A propriedade industrial, devido à sua abrangência, será apresentada de forma mais detalhada na próxima aula.

Direito autoral

Tendo como suporte uma lei com o mesmo nome, o direito autoral tem como foco a proteção legal de autores de obras literárias, musicais, audiovisuais, estéticas e de programas de computador. Essa proteção engloba não somente a criação da obra, mas também a sua interpretação e produção. Ele atua de forma a evitar que uma obra seja utilizada de forma indevida, ou seja, sem a autoriza-ção do seu autor.

Atenção

A cópia de qualquer um dos tipos de obra citadas anteriormente, sem a devida autorização do detentor dos direitos, configura em crime, denominado plágio. Se existe o interesse de se usar um texto, ou parte dele, deve-se citar a fonte, o autor e onde ele pode ser encontrado.

Page 67: Apostila de Criatividade e Inovação

67Unidade 4

Criatividade e Inovação

Proteção sui generis

Você viu que no direito autoral é forte a presença do autor/criador da obra. Mesmo que ele não detenha a titularidade da obra, ele sempre terá o direito moral sobre a obra.

Em alguns casos, entretanto, não existe um autor claro. Ou ainda trata-se de algo cuja proteção seja interessante para um governo. Para esses casos, existem as proteções especiais.

A proteção sui generis, ou proteção especial, abrange três tipos diferentes de proteção, cada uma com características e legislação próprias. Veja quais são!

� Cultivar: protege vegetais, de qualquer gênero ou espécie, homogêneo ou estável, que se apresente com o desenvolvimento tecnológico.

� Conhecimento tradicional: protege o conhecimento empírico, as práticas, as crenças e os costumes tradicionais de uma comunidade sobre a utilização de plantas, animais e micro-organismo e que são passadas de pai para filho (hereditariamente).

� Topografia de circuito integrado: protegida pela Lei nº 11.484/2007, é definida como sendo “uma série de imagens relacionadas, construídas ou codificadas sob qualquer meio ou forma, que represente a configuração tridimensional das camadas que compõem um circuito integrado, e na qual cada imagem represente, no todo ou em parte, a disposição geométrica ou arranjos da superfície do circuito integrado em qualquer estágio de sua con-cepção ou manufatura” (BRASIL, 2007). Esse tipo de proteção faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semi-condutores (PADIS) e do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológi-co da Indústria de Equipamentos para a TV Digital (PATVD).

Page 68: Apostila de Criatividade e Inovação

68

Relembrando

Nesta aula, você aprendeu o que é propriedade intelectual. Você co-nheceu um pouco sobre direito autoral e a proteção especial, ou sui generis, e que ambos, juntamente com a propriedade industrial, têm o objetivo de proteger tudo o que é desenvolvido pelo homem.Devido a sua importância para a inovação de produtos e processos, chegou a hora de conhecer um pouco mais sobre propriedade indus-trial. Este será o assunto da nossa próxima aula. Até lá!

Colocando em Prática

Continue estudando sobre o tema e não deixe de realizar as atividades propostas no AVA! Elas são muito importantes para relembrar os assun-tos estudados.

Aula 2: Propriedade industrial

Agora que você já sabe que a propriedade intelectual se divide em direito auto-ral, proteção especial e propriedade industrial, chegou a hora de conhecer mais sobre a propriedade industrial. Esse tipo de propriedade tem um grande impac-to em produtos e processos inovadores, o que será abordado a seguir.

Propriedade industrial

É a proteção aos bens de aplicação industrial, desenvolvidos por meio da capa-cidade de criação e de invenção do homem. A propriedade industrial engloba os seguintes tipos de proteção, que estão na figura:

Page 69: Apostila de Criatividade e Inovação

69Unidade 4

Criatividade e Inovação

Figura 9 – Proteção na propriedade intelectual

Entre as principais vantagens de se proteger uma invenção/inovação estão as possibilidades de se negociá-la; maior retorno de investimento; fortalecimento da imagem da empresa e da sua posição no mercado, além de ter um amparo legal contra quem desejar copiar a sua invenção/inovação.

Vamos conhecer um pouco de cada uma delas? Acompanhe!

Indicação geográfica

Proteção dada a um produto com origem em uma determinada área geográfica de um país e que traz características e qualidades próprias devido à forma como foi produzido, extraído ou, em caso de serviço, como foi realizado. Ela se traduz em uma garantia quanto às suas origens ou características e qualidades regionais.

Você sabia que a identificação geográfica pode acontecer de duas espécies? É verdade! Saiba quais são elas.

� Indicação de Procedência (IP): caracterizada por ser o nome geográfico conhecido pela produção, extração ou fabricação de determinado produto ou pela prestação de dado serviço, de forma a possibilitar a agregação de valor quando indicada a sua origem, independentemente de outras caracte-rísticas (BRASIL, 1996).

� Denominação de Origem (DO): cuida do nome geográfico que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos (BRASIL, 1996).

Page 70: Apostila de Criatividade e Inovação

70

Como exemplo, temos o Champagne, que é um vinho espumante fabricado na região da Champagne, na França, ou o queijo Roquefort, que é produzido com leite de ovelhas e com um fungo e maturado em cavernas úmidas do mon-te Combalou, no sul da França. Você sabia que essas condições são únicas no mundo para a produção desse queijo? Isso mesmo! Vamos seguir para saber o que é o desenho industrial.

Desenho Industrial

Conforme a Lei no 9.279/96, desenho industrial é “forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configura-ção externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial” (BRASIL, 1996). Ficou claro até aqui? Então veja o que significa marca.

Marca

Sinal ou símbolo distintivo visualmente perceptível, que identifica um produ-to ou serviço de uma determinada empresa ou entidade. A proteção à marca torna-se necessária, pois ela transmite ao cliente confiança e qualidade, tornan-do-se até mesmo mais valiosa que a própria empresa que a detém. É o caso da Coca-Cola, cuja marca vale mais do que as próprias instalações da empresa.

Page 71: Apostila de Criatividade e Inovação

71Unidade 4

Criatividade e Inovação

Patente

Destinada especificamente à proteção de autoria de produtos e processos. A Patente é possivelmente o tipo de propriedade industrial mais conhecido. A grande vantagem desse tipo de proteção é a garantia de exclusividade na exploração comercial do produto/processo durante o período de vigência, que pode ser de 15 ou 20 anos, dependendo do tipo da patente. Por outro lado, ao solicitar um pedido de patente, todas as informações sobre o produto/processo devem ser divulgadas e disponibilizadas ao público em geral, o que possibilita que, ao término da vigência da patente, qualquer outra empresa possa desen-volver o produto/processo em questão. Porém, antes do término da vigência, somente o titular da patente poderá desenvolver o produto/processo.

Para resumir, a patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou uma melhoria em um produto existente, com prazo de vigência determinado.

Saiba mais

Dentro das patentes, existem a patente de invenção e de modelo de utilidade. Quer saber o que cada uma representa? Confira!

Patente de invenção – destinada a produto ou processo novo e original, não considerando-se melhoria daquilo já existente. O seu prazo de vi-gência é de 20 anos. Como exemplo, é possível citar a primeira câmera fotográfica.

Patente de modelo de utilidade – destinada a produto ou processo já existente que passou por uma melhoria e aperfeiçoamento funcional em seu uso e sua fabricação. O seu prazo de vigência é de 15 anos. Como exemplo, podemos citar a primeira câmera fotográfica com dis-paro automático (timer).

Segredo de negócio e concorrência desleal

Em algumas situações não existe o interesse de se patentear um produto ou pro-cesso. Isso ocorre pois uma invenção ou inovação de uma empresa pode ser muito importante, gerando um grande faturamento e sucesso para ela. Uma vez que a patente seja registrada, essa invenção/inovação será disponibilizada a todos, possi-bilitando que os concorrentes tenham condições de utilizar a invenção/inovação.

Page 72: Apostila de Criatividade e Inovação

72

Em casos como esse, a empresa prefere não registrar a patente e deixar essa in-venção/inovação escondida, para que ninguém tenha condições de reproduzi-la.

Ao fazer isso, a empresa está tornando a sua invenção/inovação um segredo industrial e, como tal, estará protegida, como previsto pela Lei de Propriedade Industrial. A violação deste Direito Industrial constitui-se em crime de concor-rência desleal e está sujeito a penas previstas em lei.

Como exemplos de casos assim, pode-se citar a Coca-Cola e a Antártica, que não divulgam as fórmulas de seus refrigerantes, guardando-as como segredo industrial e tendo sucesso de vendas até hoje.

Puxa! Quanto conteúdo novo, você não acha? Aproveite para prestar atenção nos produtos que você consome no dia a dia.

Relembrando

Nesta aula, você aprendeu o que é propriedade industrial, quais são os tipos de propriedade industrial existentes, a importância de cada um deles e que todos estão protegidos por lei (Lei nº 9.279/1996).Você viu também que a violação dessas propriedades configura-se em crime, mesmo nos casos em que a invenção/inovação não esteja prote-gida sob uma patente, mas guardada como segredo industrial.Agora que você sabe o que é propriedade industrial, que tal aprender um pouco sobre como proteger a sua invenção ou inovação? Esse será o assunto da nossa próxima aula. Siga em frente!

Colocando em Prática

Agora você já sabe! Os exercícios estão aguardando por você no AVA. Siga em frente com atenção e entusiasmo!

Page 73: Apostila de Criatividade e Inovação

73Unidade 4

Criatividade e Inovação

Aula 3: Protegendo a sua inovação

Nas aulas anteriores, você aprendeu noções sobre a propriedade intelectual e seus tipos: direito autoral, proteções especiais e propriedade industrial. Quanto aprendizado interessante, não é mesmo? Você pôde perceber também a impor-tância da propriedade intelectual e os benefícios que se pode alcançar com ela.

Nesta aula, você aprenderá o caminho para iniciar a proteção de sua invenção. Está preparado? Vamos lá!

O procedimento para solicitar a proteção de uma invenção ou inovação é variado, dependendo do tipo de proteção que se pretende. Entretanto, alguns passos são comuns a todos os tipos de solicitações. Eles seguem basicamente os passos que você verá na figura seguinte.

Figura 10 – Procedimento para proteção de invenção ou inovação

Busca por similares

A busca por similares é necessária, pois, como um dos requisitos para se regis-trar uma invenção ou inovação, desenho, marca etc., é a sua novidade, já que o fato de já existir um produto ou processo similar com patente registrada anula-rá todo o processo. A partir do momento em que se deposita um pedido de re-gistro, o objeto em questão será comparado com todo outro similar que existir, envolvendo tanto bases de pesquisa brasileiras como estrangeiras.

Page 74: Apostila de Criatividade e Inovação

74

A busca por similares é tão relevante que algumas instituições financiadoras de projeto têm entre os seus requisitos para envio de propostas a elaboração de um relatório de busca de anterioridade, no qual deve constar se já existem re-gistros de patentes, desenhos, marcas, artigos científicos publicados ou alguma outra forma de divulgação, mesmo que local.

A eficiência da busca será tanto maior quanto maior for o número de bases pes-quisadas. A seguir você verá as que se destacam entre as mais importantes. Veja!

� Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) – Brasil: <www.inpi.gov.br>.

� Escritório Europeu de Patentes (EPO): <www.epo.org/>.

� Escritório Americano de Patentes (USPTO).

� Google: <www.google.com/patents>.

� Free Patents Online: <www.freepatentsonline.com>.

� Capes: <http://acessolivre.capes.gov.br>.

� Escritório Japonês de Patentes: <www.ipdl.inpit.go.jp/homepg_e.ipdl>.

� World Intellectual Property Organization: <www.wipo.int>.

A busca por similares é realizada por meio de palavras-chaves utilizadas na pes-quisa relacionadas com a invenção/inovação. Por isso, durante a busca por simila-res, tão importante quanto um bom número de palavras-chaves, é a sua qualida-de, uma vez que, se elas forem bem definidas, o sucesso da busca será maior.

Page 75: Apostila de Criatividade e Inovação

75Unidade 4

Criatividade e Inovação

Para garantir essa qualidade, torna-se interessante a par-ticipação de algum técnico da área da invenção/inovação que possibilite uma boa definição das palavras, bem como uma boa interpretação dos resultados obtidos.

Uma vez que o resultado da busca aponte para uma invenção/inovação sem re-gistros, caminha-se para a etapa da redação dos documentos, que é o próximo assunto. Siga em frente para saber mais!

Redação de documentos

A redação dos documentos deve ser realizada de forma criteriosa, seguindo re-quisitos formais e, se possível, feita com a orientação de um profissional espe-cializado em redação de registros. Os documentos a serem redigidos dependem muito do tipo de registro que se deseja. E quais são os documentos? Basica-mente, os documentos são os que você verá no quadro seguinte.

Quadro 3 – Documentos para solicitação de proteção

Requerimento Formulário próprio a cada tipo de registro, obtido junto ao INPI, a ser preenchido e entregue com toda a documentação.

Relatório descritivoDescrição completa, sucinta e clara do objeto do pedido, rela-

tando o resultado obtido.

Reivindicações Extensão da proteção que se pretende ao objeto do registro; fornece a ideia do que se deseja proteger da invenção/inovação, indicando também qual é a novidade em relação ao que já existe.

DesenhosParte do documento destinado a facilitar ou explicitar o conte-

údo do relatório descritivo.

Resumo Breve relato de tudo o que foi descrito nos itens anteriores.

Page 76: Apostila de Criatividade e Inovação

76

Encaminhamento do pedido

Uma vez que os documentos estão todos preenchidos, devem ser depositados no INPI por meio da Delegacia Regional do respectivo Estado, sendo então en-caminhados à sede do INPI.

Atenção

Como a partir deste momento iniciam-se o cumprimento de exigências e pagamento de taxas, deve-se ter especial atenção para que não seja perdido nenhum prazo sob pena de ter o processo parado.

É importante ressaltar ainda que o pedido de proteção, pela sua característica territorial, deve ser depositado em cada país em que se deseja proteger a in-venção/inovação. Isto é, se você entrou com um pedido de patente, por exem-plo, no Brasil, ele será válido somente no Brasil. Se você deseja proteger tam-bém na França, por exemplo, você deverá entrar com um pedido também nesse país. Logo que o pedido de proteção é depositado, inicia-se o procedimento interno do INPI para a análise e concessão do pedido.

Saiba mais

Os detalhes de cada procedimento, de acordo com o tipo de proteção que se deseja, podem ser obtidos no site do INPI: <www.inpi.gov.br>.

Page 77: Apostila de Criatividade e Inovação

77Unidade 4

Criatividade e Inovação

RelembrandoVocê acaba de finalizar a última aula da unidade em que aprendeu os passos iniciais para proteger a sua invenção/inovação, conhecendo os procedimen-tos básicos, independentemente do tipo de proteção, a importância de uma busca por invenções/inovações similares que já estão protegidas, uma vez que a existência de algo similar pode interromper o processo de proteção, além de conhecer os principais bancos de dados onde essa busca pode ser realizada.Você conheceu também os documentos que são necessários preencher para encaminhar o pedido de proteção a uma Delegacia Regional do INPI. Viu que é interessante ter um acompanhamento especializado nessa etapa e que o pedido de proteção é válido no território em que está localizado o escritó-rio de registro.Agora que você já sabe como proceder para proteger a sua invenção/ino-vação, é só começar a usar a sua criatividade e inovar cada vez mais para o sucesso. E, então, vamos inovar?

Colocando em Prática

Mais uma etapa cumprida e quanto conhecimento novo, não é mesmo? Quer aprender ainda mais? Então que tal realizar as atividades prepara-das especialmente para você no AVA? Vamos lá!

Finalizando

Parabéns, caro aluno!

Você chegou ao final do curso com muito aprendizado novo! Nesta última unidade, você conheceu o que é a propriedade intelectual e quais os seus tipos. Você viu também mais detalhadamente sobre propriedade industrial e sua importância para o desenvolvimento do país, as carac-terísticas e particularidades de suas divisões. Por último, compreendeu quais são os caminhos para proteger a sua inovação.

Espero que você tenha aproveitado muito e que comece a inovar. Não apenas que seja o início, mas que já esteja inovando muito. Sucesso em sua caminhada!

Page 78: Apostila de Criatividade e Inovação
Page 79: Apostila de Criatividade e Inovação

79

JULIANO MARCELO DE ARRUDA é Engenheiro Mecânico, Mestre e Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia, na área de Transferência de Calor e Mecânica dos Fluídos, com atuação na linha de Mecânica de Fluidos Computa-cional e Análise Numérica. Atualmente é Profissional Pleno na Liquigás Distribuidora S. A., desenvolvendo estudos de viabilidade técnico-econômica de insta-lações de GLP, Consultor “ad-hoc” da FAPEG - Funda-ção de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás e atua com elaboração e avaliação de projetos de inovação e tecnologia.

Conhecendo o autor

Page 80: Apostila de Criatividade e Inovação
Page 81: Apostila de Criatividade e Inovação

81

BRASIL. Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Re-gula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm>. Acesso em: 10 ago. 2010.

BRASIL. Lei nº 11.484 de 31 de maio de 2007. Dispõe sobre os incentivos às indústrias de equi-pamentos para TV Digital e de componentes ele-trônicos semicondutores e sobre a proteção à propriedade intelectual das topografias de circui-tos integrados, instituindo o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS) e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV Digital (PATVD). Disponí-vel em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Lei/L11484.htm>. Acesso em: 10 ago. 2010.

CARLOMAGNO, M., SCHERER, F. Por que, onde e como inovar? HSM Online. 4 de novembro de 2009. Disponível em: <http://br.hsmglobal.com>. Acesso em: 10 ago. 2010.

HORTA, R.; CABRAL, P. R. Cultura organizacional e gestão da inovação tecnológica. Disponível em: <http://www.institutoinovacao.com.br/arquivos_in-ternos/artigos/264Cultura_Organizacional_e_Ges-tao__da_Inovacao_tecnologica.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2010.

LAND, G. e JARMAN, B. Breakpoint and beyond: mastering the future—today. New York, NY: Harper-Collins Publishers, 1992.

OLIVEIRA, L. G. Introdução à propriedade intelec-tual. Rio de Janeiro, RJ: IEL, 2007.

Referências

Page 82: Apostila de Criatividade e Inovação

82

ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO ECONÔMICA E DESENVOLVIMENTO (OCDE). Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP. Manual de Oslo: di-retrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Bra-sília, DF: 2005. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/16513619/Manual-de-Oslo-cap-1-a-4>. Acesso em: 15 ago. 2010.

SIQUEIRA, J. O declínio da criatividade. Criatividade e Inovação. 2007. Disponível em: <http://criatividadeaplicada.com>. Acesso em: 26 out. 2009.

WEISZ, J. Projetos de inovação tecnológica: planejamento, formulação, avaliação, tomada de decisões. Brasília, DF: IEL, 2009. 175 p.

3M do Brasil. Linha do tempo. Disponível em: <http://solutions.3m.com.br/wps/portal/3M/pt_BR/MMM/LinhaDoTempo>. Acesso em: 20 ago. 2010.