Ano III • Nº 11 • Jul-Set/2016 10º Simpósio...Data: 26 a 29 de outubro de 2016 Local:...

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Entrevista Endoscópios gastrointestinais flexíveis: desafios e perspectivas Artigo Líderes dos novos tempos Ano III • Nº 11 • Jul-Set/2016 Mostrou como funciona o CME do futuro em Lille, na França, e debateu a qualidade dos processos como fator principal nas boas práticas 10º Simpósio Internacional de Esterilização

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EntrevistaEndoscópios gastrointestinais flexíveis: desafios e perspectivas

ArtigoLíderes dos novos tempos

Ano III • Nº 11 • Jul-Set/2016

Mostrou como funciona o CME do futuro em Lille, na França, e debateu a qualidade dos processos como fator principal nas boas práticas

10º SimpósioInternacional

de Esterilização

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EXPEDIENTEDiretoria da SOBECC - Gestão 2015-2017

Presidente: Márcia Hitomi Takeiti • Vice-presidente: Lígia Garrido Calicchio • Primeira-secretária: Simone Garcia Lopes • Segunda-secretária: Fernanda Patrícia dos Santos • Primeira-tesoureira: Maria Lucia Leite Ribeiro • Segunda-tesoureira: Liraine Laura Farah Diretora do Conselho Fiscal: Kátia Aparecida Ferreira de Almeida • Membro do Conselho Fiscal: Mariângela Belmonte Ribeiro • Membro do Conselho Fiscal: Mércia Pacheco • Diretora da Comissão de Assistência: Marcia Cristina Pereira • Membro da Comissão de Assistência: Ana Lucia Gargione Sant´Anna • Membro da Diretoria da Comissão de Assistência: Vanessa de Brito Poveda Diretora da Comissão de Educação: Giovana Abrahão de Araújo Moriya • Membro da Diretoria de Educação: Rafael Bianconi • Membro da Comissão de Educação: Simone Maria Marciano Montoro Garcia • Diretora da Comissão de Publicação e Divulgação: Elena Bohomol Membro Comissão de Publicação e Divulgação: Eliane da Silva Grazziano • Membro da Comissão de Publicação e Divulgação: Ana Lucia de Mattia Diretora de Eventos Regionais: Andréa Alfaya Acunã.

SOBECCÓrgão oficial da Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização.

Comissão de Publicação e Divulgação – Diretora: Dra. Elena Bohomol (Escola Paulista de Enfermagem – UNIFESP) • Membros: Dra. Eliane da Silva Grazziano (Universidade federal de São Carlos – UFSCAR) e Dra. Ana Lúcia de Mattia (Universidade Federal Minas Gerais – UFMG).

Equipe Técnica – Coordenação: Sirlene Aparecida Negri Glasenapp Redação: Andrea Fagundes (MTb 40.376) e Evelina Fyskatoris (MTb 46.219) • Revisão: Profa Dra Rachel de Carvalho • Projeto Gráfico: Ivan Goersch • Produção Gráfica: Ivan Goersch • Secretária: Maria Elizabeth Jorgetti • Claudia Martins Stival • Tiragem: 6.000 exemplares Impressão: Editora Referência Ltda.

A SOBECC com Você é uma publicação trimestral da SOBECC, dirigida a profissionais de Enfermagem do Bloco Operatório, com o objetivo de divulgar notícias, eventos, cases, boas práticas de assistência à saúde, ideias, opiniões e lançamentos de produtos para área. A reprodução parcial ou total de qualquer matéria desta edição só é permitida mediante autorização.

Rua Vergueiro 875 • cj. 64 • Liberdade • 01504-001 • São Paulo • SP CNPJ: 67.185.215/0001-03

Fone: (11) 3341-4044 • www.sobecc.org.br

CONTATO, DÚVIDAS E SUGESTÕES: [email protected]

Editorial 4Enfermagem e qualidade dos processos

Agenda 5Eventos e cursos na área de Enfermagem

Giro de notícias 6Principais notícias da SOBECC Nacional

AORN 9Cinco erros que devem ser evitados

no preparo da pele

Entrevista 12Endoscópios gastrointestinais flexíveis:

desafios e perspectivas

10º Simpósio Internacional 15Especial sobre o evento

Artigo 33Líderes dos novos tempos

Fora da profissão 34Amor, o tempero extra da

enfermeira Roberta Trombela

Bem-Estar 36Superioga: mais dinâmica e com pegada fitness

Resenha 38Ensino na saúde: desafios contemporâneos na

integração ensino e serviço

nesta edição

ERRATAEdição nº 10, página 29, 2º páragrafo

Onde se lê: “Antes de começar, a profissional explica. ...”, leia-se: “Antes de começar, a personal trainer Francine Santelli Uliana orienta...”. Texto completo no PDF, no site da SOBECC Nacional.

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Enfermagem e qualidade

dos processos

Marcia Hitomi Takeiti

Presidente da SOBECC Nacional

Gestão 2015/2017

Uma palavra que resume bem o mundo da Enfermagem é

Amor, principal motivação para fazermos cada dia melhor o

trabalho, que ocupa grande parte da nossa vida. Por amar o

que fazemos, nos dedicamos a proporcionar a você oportu-

nidades de ampliação do conhecimento em meio aos cons-

tantes desafios da área. Nesta edição, abrimos um espaço

especial de cobertura do 10º Simpósio Internacional de

Esterilização e Infecção Relacionada à Assistência à Saúde,

que traz os principais assuntos discutidos no evento.

A questão da qualidade foi colocada como primordial nos

debates. O cofundador da Apple, Steve Jobs, perpetuou a

seguinte frase: “Seja um parâmetro de qualidade. Algumas

pessoas não estão acostumadas a um ambiente onde a ex-

celência é esperada”. Isso mesmo. Faça a diferença no seu

ambiente de trabalho e inspire seus colegas.

Cada enfermeiro que participou do 10º Simpósio

Internacional será um multiplicador das boas práticas. Por

isso, que todos os anos organizamos um grande encontro,

apontando o caminho para a excelência da Enfermagem, que

deve estar embasado em conceitos de ética, competência,

comprometimento, segurança e boa gestão. Convidamos

você para o 13º Congresso Brasileiro de Enfermagem, que

será realizado de 12 a 15 de setembro de 2017.

Ainda sobre qualidade, limpeza e desinfecção de endoscópios

flexíveis, estas têm sido tratadas em âmbito global com preo-

cupação. Investigando com mais profundidade, a Enfa. Dra.

Maíra Marques Ribeiro é a especialista da seção Entrevista, e

compartilha conosco a evidência que encontrou em seu dou-

torado. Liderança, integração ensino na saúde e serviço e er-

ros no preparo da pele são outros destaques da revista.

Boa leitura!

Marcia Hitomi Takeiti

Faça a diferença no seu ambiente de trabalho e inspire seus

colegas

EDITORIAL

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Data: 26 a 29 de outubro de 2016

Local: Brisbane Convention and Exhibition Centre

Brisbane, Austrália

Informações: wfhssbrisbane2016.com

17º CONGRESSO MUNDIAL DE ESTERILIZAÇÃO – WFHSS

Data: 28 de abril de 2017

Local: Hotel Plaza São Rafael – Porto Alegre, RS

Informações: www.sobecc.org.br

IV JORNADA DE ENFERMAGEM – SOBECC

Data: 09 a 12 de novembro de 2016

Local: Minascentro – Belo Horizonte, MG

Info: www.controledeinfeccao2016.com.br

XV CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTROLE DE INFECÇÃO E EPIDEMIOLOGIA HOSPITALAR

13º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO – SOBECC

Data: 12 a 15 de setembro de 2017

Local: Palácio das Convenções do Anhembi

São Paulo, SP

Informações: www.sobecc.org.br

AGENDA

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9º Congresso Pan-Americano de EsterilizaçãoA cidade de Montevideo, no Uruguai, foi sede do XI

Congresso Pan-Americano de Esterilização, que foi

realizado de 22 a 24 de junho. A SOBECC Nacional,

reconhecida pela sua forte atuação e representa-

tividade na área, foi convidada para a Comissão

Organizadora do evento, tendo a participação da

presidente Marcia Hitomi Takeiti, e para a Comissão

Científica e de Avaliação de Temas Livres, com con-

tribuição da primeira secretária, Simone Garcia Lopes.

Na oportunidade, a presidente apresentou a palestra

“Gestão estratégica utilizando metodologia Lean em

Centro de Material e Esterilização”. O congresso con-

tou, ainda, com a participação dos palestrantes bra-

sileiros Profa. Dra. Kazuko Uchikawa Graziano, que

abordou o tema “Mitos e verdades dos parâmetros

de esterilização”, e do especialista engenheiro Paulo

Roberto Laranjeira, que falou sobre “Monitorização da

esterilização com indicadores biológicos”.

Também durante o evento, Marcia se reuniu com

os membros da Sociedade Latino-Americana de

Esterilização (SOLAE), para votação do país onde será

realizado o 19º Congresso Mundial de Esterilização

em 2018, sendo o México escolhido. Outra votação

decidiu que a Argentina sediará o Pan-Americano de

Esterilização em 2019.

À esquerda: Marcia Hitomi Takeiti durante Cerimônia de Abertura

Comitiva Brasileira reuniu 50 congressistas

Exposição de Pôsteres: dos 60 trabalhos inscritos, 38 eram do Brasil e três foram premiados.

Categoria Apresentação Oral

Categoria Pôster

Implantação de instrumentos para monitorização

e controle de explantes ortopédicos

Autoras: Mirleine Colman Souza de Carvalho, Márcia Cristina de Oliveira Pereira e Simone Garcia Lopes

Comparando os custos do

processamento de micronebulizadores

Autoras: Larissa de Siqueira Gutierres e Simone Garcia Lopes

O impacto do último enxágue na citotoxicidade

de produtos críticos passíveis de processamento

Autor: Rafael Queiroz Souza

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Boas práticas em reprocessamentoNo dia 9 de julho, foi realizado mais um evento em

Curitiba (PR), apoiado pela SOBECC Nacional e pelo

Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP). Organizado pelas

enfermeiras Maria Edutânia Skroski Castro, Lucimara

Albrecht e Rossana Taís Cecchetti, o encontro teve

como tema central as boas práticas em reprocessa-

mento. A diretora da Comissão Fiscal, Katia Aparecida

Almeida Ferreira, representando a Associação, minis-

trou a palestra “Eventos adversos relacionados ao reuso:

quais os riscos, como prevenir e como monitorar?”. O

evento abordou assuntos fundamentais para a melhor

prática em reprocessamento, como legislação e rotu-

lagens, análise de custos, critérios técnicos, legais, ad-

ministrativos e éticos para reuso, reprocessamento nas

especialidades, rastreabilidade e controle, entre outros.

Da esq. para dir.: Maria Edutânia Skroski Castro, Lucimara Albrecht, Rossana Taís Cecchetti, Eliana Molina Psaltikidis, Katia Aparecida Almeida Ferreira Almeida e Ronaldo Torma Bernando

GIRO DE NOTÍCIAS

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GIRO DE NOTÍCIAS

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160804 Anúncio Sobecc.pdf 1 05/08/16 13:30

Eleição SOBECC Nacional 2017Em 2017, a SOBECC Nacional realizará a eleição

da nova diretoria para gestão 2017-2019. Os as-

sociados estão convidados a formar as chapas

que concorrerão aos cargos.

Cronograma*:• 15/03/2017 a 28/4/2017 – inscrição das chapas

• 28/05/2017 – divulgação das chapas inscritas

• 10/07/2017 – eleições

• 27/07/2017 – divulgação do resultado do pleito

• 12/09/2017 – posse da chapa eleita durante o

13º Congresso Brasileiro de Enfermagem em

CC, RA e CME – SOBECC

*Cronograma sujeito a alteração

Revalidação de Título de EspecialistaOs associados que obtiveram ou revalidaram em 2011 o

Título de Especialista em Centro Cirúrgico, Recuperação

Anestésica e Centro de Material e Esterilização, deve-

rão revalidar o mesmo em 2017. Lembrando, o Título de

Especialista é revalidado a cada seis anos.

Período das inscriçõesRevalidação de Título de Especialista: de 15 de

março a 28 de abril de 2017

Prova de Título de Especialista: de 20 de abril a 31

de maio de 2017

Para a revalidação do título será necessário a apresen-

tação dos comprovantes de pagamento das anuida-

des SOBECC Nacional de 2011 até 2016, além da anu-

idade de 2017.

Para mais informações, acesse www.sobecc.org.br e

clique na aba Título de Especialista.

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AORN

“Nosso papel no preparo da pele de um pacien-

te é fundamental,” enfatiza a especialista sênior de

Prática Perioperatória, Amber Wood. “Como defen-

sora de pacientes, é responsabilidade do enfermei-

ro perioperatório assegurar que o preparo da pele do

paciente seja seguro e efetivo na prevenção de in-

fecções, feridas ou desenvolvimento de uma reação

alérgica”. É importante que enfermeiros periopera-

tórios atualizem seu conhecimento sobre as práticas

baseadas em evidências atuais para preparo seguro

da pele, e que tenham liberdade para falar quando os

recursos dos quais precisam não estiverem disponí-

veis ou as preferências de médicos contradisserem

as evidências.

Cinco erros que devem ser evitados

no preparo da pele

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ERROS QUE DEVEM SER EVITADOSHá cinco erros comuns que ocorrem na prática pe-

rioperatória do preparo da pele no dia a dia, que en-

fermeiros devem estar alertas para não cometer, as-

sim como evidências que embasam práticas seguras

que eles devem conhecer:

Erro #1: Diluição ou mistura de antissépticos

Em alguns casos, como na preparação do olho que

requer o uso de iodopovidona a 5%, alguns locais

compram a solução com concentração de 10% e pe-

dem que os enfermeiros diluam o antisséptico no

quarto do paciente. Isso pode criar o risco de conta-

minação ou diluição inapropriada do iodo.

Como proceder da forma correta: A diluição da io-

dopovidona a 5% está disponível no mercado. Mas se

o local tiver somente a concentração a 10% dispo-

nível, o enfermeiro perioperatório deve trabalhar em

conjunto com colegas farmacêuticos para diluir a io-

dopovidona, de acordo com os padrões farmacêuti-

cos da “USP 797” (NT: “United States Pharmacopeia”

– Farmacopeia norte-americana).

Fonte: Consultar as “Recommendations IV. b.”

(Recomendações IV. b.) e “V.a.” (V.a.) no “AORN’s 2016

Skin Antisepsis Guideline” (Manual de Orientação para

Antissepsia da Pele da “AORN”, 2016).

Erro #2: Falta de plano alternativo para o paciente alérgico

Quando um paciente for alérgico ao antisséptico

normalmente usado, deve-se escolher uma alterna-

tiva viável. Isso pode ser um desafio se houver so-

mente um antisséptico que é normalmente usado em

procedimentos no local. 

Como proceder da forma correta: Um grupo mul-

tidisciplinar dirigido pelo enfermeiro perioperató-

ria, deve avaliar a opção mais segura nesses casos.

Uma abordagem alternativa a ser utilizada para um

paciente alérgico deve ser determinada por um pro-

tocolo pré-existente. Também é importante saber o

que desencadeia uma reação alérgica. Ela é causada

por uma via de exposição (lembre-se de que o antis-

séptico será absorvido mais rapidamente através de

uma membrana mucosa do que da pele intacta) ou

poderia ser a frequência de uso, como em um pa-

ciente queimado que precise de várias aplicações do

antisséptico ou pele não intacta? Também é impor-

tante mencionar a possibilidade de alergias ao iodo,

clorexidina e álcool.

Fonte: Consultar as “Recommendations III. b.1.”

(Recomendações III. b.1) no “AORN’s 2016 Skin Prep

Guideline” (Manual de orientação para Preparação da Pele

da “AORN”, 2016).

Erro #3: Comprometimento da tintura

Depois que um enfermeiro esfrega o local cirúrgico

com iodopovidona a 7,5% e o seca com toalha este-

rilizada, ele precisa cobri-lo corretamente com iodo-

povidona a 10% e deixá-lo secar. O erro ocorre quan-

do o enfermeiro coloca tintura demais no local e o

seca, removendo a quantidade de antisséptico ne-

cessária para que seja eficiente.

Como proceder da forma correta: Tinja o local com

a quantidade adequada de solução antisséptica, dei-

xe que ela haja em contato com a pele pelo tempo

adequado e, então, a seque de acordo com as instru-

ções do fabricante.

Fonte: Consultar as “Recommendations IV. e”

(Recomendações IV.e) no “AORN’s 2016 Skin Prep Guideline”

(Manual de orientação para Preparação da Pele da “AORN”,

2016).

Erro #4: Não usar mangas compridas para fazer o preparo

Enfermeiros perioperatórios devem se preocupar se

suas mangas ficarem sujas durante o plantão. Pode

ser, ainda, mais preocupante as mangas do avental

serem grandes demais. Às vezes, enfermeiros sobem

as mangas para fazer o preparo, mas braços expostos

com potencial para descamação da pele sobre o lo-

cal cirúrgico podem representar uma fonte de con-

taminação. Atualmente, não existem evidências de

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AORN

que mangas compridas possam ser fontes de conta-

minação. Também é possível que o enfermeiro ache,

incorretamente, que o antisséptico aplicado sobre

o local cirúrgico destrua toda contaminação criada

pela descamação da pele dos braços sobre ele, mas

isso não é verdade.

Como proceder da forma correta: Os supervisores

perioperatórios precisam certificar-se de que todos

os enfermeiros estejam vestindo aventais do tama-

nho apropriado, que lhes permita usar a manga abai-

xada o tempo todo, sem que isso interfira no cuidado

fornecido ao paciente.

Fonte: “Recommendation IV. c.3” (Recomendação IV. c.3)

no “AORN’s 2016 Surgical Attire Guideline” (Manual de

orientação para Vestuário Cirúrgico da “AORN” 2016).

Erro #5: Não utilizar equipamento ergonômico para apoiar os membros dos pacientes durante o preparo

Enfermeiros não podem fazer uso de equipamen-

tos, como um suporte para perna, para sustentar

adequadamente o membro de um paciente duran-

te o preparo. Tais equipamentos podem impedir que

músculos dos enfermeiros fiquem fatigados ao se-

gurar o membro assim como auxiliar na segurança

de um preparo da pele completa.

Como proceder da forma correta: Recorra ao

“AORN’s Safe Patient Handling Toolkit” (Conjunto de

ferramentas para Manipulação Segura de Pacientes

da “AORN”) para verificação do peso do paciente, as-

sociado à necessidade de instrumentos ergonômi-

cos de suporte. Lembre-se de que até em ambientes

para tratamento pediátrico pode ser necessário utili-

zar equipamentos ergonômicos para certos pacien-

tes. Planeje ações antecipadamente e assegure-se de

que os instrumentos estejam prontos para uso e com

acesso fácil.

Fonte: “Recommendation IV. h” (Recomendação IV. h) no

“AORN’s 2016 Skin Prep Guideline” (Manual de orientação

para Preparação da Pele da “AORN”, 2016).

Verbalize suas necessidades e planeje com antecedênciaAmber afirma que planejamento e conhecimento

adequado dos produtos que os enfermeiros periope-

ratórios utilizam são essenciais para que se conhe-

ça com clareza as instruções de uso desses produ-

tos, tempos de secagem, assim como as políticas e

procedimentos que reduzem o risco de ocorrência

de erros no preparo da pele.

Ela também diz que os enfermeiros precisam ter evi-

dências para questionar os pedidos que cirurgiões fa-

zem para preparos da pele que contradigam a políti-

ca ou as instruções de fabricantes.

“Tente evitar as batalhas nos quartos de pacientes,

tendo conversas proativas com supervisores da en-

fermagem, médicos e supervisores médicos ao abor-

dar evidências e instruções de fabricantes em con-

junto, e estar de acordo quanto às melhores práticas”,

aconselha Amber.

FONTES ADICIONAISProcure evidências que apoiem o preparo da

pele segura no “AORN’s 2016 Guidelines for

Perioperative Practice” (Manual para a Prática

Perioperatória da AORN 2016).

PARA GERENTES Compartilhe este “Safe Patient Handling Toolkit”

(Conjunto de ferramentas para Manipulação Segura

de Pacientes) com seus funcionários para assegurar

o uso de equipamentos ergonômicos para o preparo

da pele quando indicado.

Fonte: Association of periOperative Registered Nurses

Tradução: SOBECC Nacional

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Endoscópios gastrointestinais

flexíveis: desafios e perspectivas

Falhas na limpeza antes da desinfecção dos endoscó-

pios gastrointestinais expõem pacientes a dispositivos

contaminados, podendo levá-los a desenvolver uma

infecção severa e correr o risco de morte. A não ade-

são dos profissionais aos protocolos de limpeza, alte-

rações de integridade da superfície interna dos canais

endoscópicos gastrointestinais, em consequência aos

múltiplos usos, e o design complexo do equipamento

podem contribuir para o acúmulo de matéria orgânica

e de microrganismos em seu interior, com a formação

de biofilme buildup (BBF), que representa maior desa-

fio para remoção. A Enfa. Dra. Maíra Marques Ribeiro,

do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG) vem pesquisando sobre o pro-

cessamento de endoscópios flexíveis desde 2009 e,

recentemente, finalizou seu doutorado, que avaliou o

impacto da fricção, da solução de limpeza e da subse-

quente desinfecção de alto nível na remoção de biofil-

me em canais endoscópicos gastrointestinais flexíveis .

SOBECC: Quais são as etapas e dificuldades do processamento do endoscópio gastrointestinal flexível?

Maíra Marques Ribeiro: Todas as etapas do reproces-

samento de endoscópios devem ser minuciosamente

realizadas: pré-limpeza, transporte, teste de vedação,

limpeza, enxague, secagem, inspeção ou teste de lim-

peza, desinfecção de alto nível ou esterilização, moni-

torização do processo, enxágue, secagem, flush com

álcool 70%, secagem e armazenamento. No processa-

mento dos endoscópios gastrointestinais há dois gran-

des desafios: 1) o protocolo de limpeza contempla a

necessidade de execução de 80 a 100 passos, apro-

ximadamente, com uma duração de 50 minutos a 1

hora para realizar o processamento de um endoscó-

pio gastrointestinal e; 2) o design complexo com di-

versos canais, longos e estreitos e alguns inacessíveis

à fricção, e várias válvulas não desmontáveis, impos-

sibilitando a visualização interna. O detalhamento re-

querido para executar todas as etapas confere o ris-

co de falha, principalmente, quando o método manual

é adotado. O design complexo pode dificultar ou im-

possibilitar a acessibilidade dos dispositivos de limpeza

como as escovas, contato das soluções de limpeza e

desinfecção com a superfície do equipamento, resul-

tando na formação de biofilme buildup na superfície

interna dos canais.

SOBECC: Qual é o cenário do processamento de endoscópios gastrointestinais flexíveis?

Maíra: A ocorrência de falhas durante o processamen-

to pode implicar na transmissão cruzada de micror-

ganismos entre pacientes. De 2009 a 2011 desenvolvi

um estudo de mestrado, que objetivou avaliar a efeti-

vidade do processamento do endoscópio gastrointes-

tinal flexível realizado em serviços de endoscopia de

Belo Horizonte (MG). Endoscópios contaminados fo-

ram constatados em 91,6% (34) do total de 37 servi-

ços avaliados. Colonoscópios representaram 84,6%

(33/39) do total de dispositivos contaminados e os gas-

trocópios 80,6% (50/62). Foram encontradas bactérias

vegetativas, fungos e/ou micobactérias, confirmando

que a desinfecção de alto nível não foi atingida. A per-

sistência da contaminação dos endoscópios gastroin-

testinais, mesmo após o processamento, foi também

constatada em vários países, resultando em casos de

colonização, infecção e morte de pacientes.

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ENTREVISTA

SOBECC: A persistência de contaminação nos endoscópios gastrointestinais resulta na formação de biofilme buildup. O que significa biofilme buildup?

Maíra: Biofilme consiste em um conjunto de micror-

ganismos embutidos em uma matriz de exopolíme-

ros. O biofilme buildup representa um tipo forma-

do nos endoscópios gastrointestinais e é resultante

da exposição a repetidos ciclos de sujidade, limpe-

za, desinfecção e secagem. Esse tipo difere do bio-

filme tradicional que se desenvolve em locais com

contínua hidratação. A formação de biofilme buildup

nos endoscópios gastrointestinais é uma preocupa-

ção mundial, pois, esse tipo de vida microbiana impe-

de que desinfetantes e esterilizantes destruam os mi-

crorganismos. Logo, oferece risco de transmissão de

microrganismos ao paciente.

SOBECC: Qual é o perigo para o paciente quando não se atinge a efetividade da desinfecção de alto nível?

Maíra: Quando a desinfecção de alto nível não é atin-

gida o paciente pode ser colonizado ou infectado por

microrganismos, que se espera eliminar com este ní-

vel de infecção (bactérias vegetativas, fungos, mico-

bactérias e vírus envelopados e não envelopados). Em

2016, o endoscópio gastrointestinal foi apontado pelo

Instituto Emergency Care Research Institute (ECRI)

como a principal tecnologia para saúde capaz de cau-

sar danos para o paciente, informando que a limpeza

inadequada antes da desinfecção pode disseminar pa-

tógenos fatais. A taxa de transmissão de microrganis-

mos, após relacionado a um endoscópio processado

inadequadamente, pode alcançar 30% a 40%.

SOBECC: A esterilização dos endoscópios gastrointestinais pode ser a solução para a não transmissão de microrganismos relacionada à endoscopia gastrointestinal?

Maíra: Não. Os casos de infecção documentados de-

monstram falhas na limpeza, que resultaram, possi-

velmente, na formação de biofilme na superfície dos

endoscópios e, consequentemente, não alcance da

desinfecção de alto nível. Se a limpeza não for realiza-

da de forma adequada, a esterilização também falhará.

SOBECC: O que deve reduzir esse risco de transmissão de microrganismos relacionado à endoscopia gastrointestinal?

Maíra: O objetivo principal é não permitir a formação

de BBF nos endoscópios gastrointestinais. A remoção

do biofilme buildup dos canais endoscópicos pode ser

impossível mesmo após vários procedimentos de lim-

peza e desinfecção ou esterilização, sendo necessá-

rio a troca dos canais. Aderir a todas etapas descritas

nos manuais e guidelines pode reduzir o risco de in-

fecção, mas não elimina, conforme já apontado pelo

American Society Gastrointestinal Endoscopy (ASGE).

Isso, porque o design complexo dos endoscópios gas-

trointestinais dificulta a limpeza, e também os múlti-

plos usos contribuem para a retenção de matéria orgâ-

nica e de microrganismos no interior e, consequente,

formação de BBF.

SOBECC: Como prevenir a formação de biofilme nos canais endoscópicos?

Maíra: Realizar o processamento dos endoscópios o

mais rápido possível, principalmente, a limpeza e secar

É recomendada a escovação dos canais para remoção da sujidade e parte dos microrganismos, com escovas espe-ciais, longas e apropriadas ao tamanho e diâmetro dos ca-nais endoscópicos para fricção.

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ENTREVISTA

adequadamente o equipamento antes do armazena-

mento. Melhorias no design dos endoscópios são ne-

cessárias, como permitir que a fricção seja passível de

ser realizada nas partes do equipamento que se con-

taminam após o exame. Isso não é uma realidade. Os

canais de ar/água que apresentaram a maior carga mi-

crobiana em endoscópios prontos para uso avaliados

em meu mestrado e que são inacessíveis à fricção, a

limpeza pode ser realizada somente com flush de de-

tergente e água.

SOBECC: Há perspectivas para a mudança do design dos endoscópios gastrointestinais?

Maíra: Sim. A comprovação de surtos de infecção re-

lacionados à endoscopia gastrointestinal, nos EUA e

Europa nos últimos anos, tem resultado no maior ri-

gor de órgãos regulamentadores, como Food and

Drug Administration (FDA), em cobrar que os fabrican-

tes validem os protocolos de limpeza e desinfecção

dos seus equipamentos no cenário real. Nós, usuários

destes equipamentos, incluindo profissionais dos ser-

viços de endoscopia, do controle de infecção relacio-

nada à assistência à saúde e órgãos regulamentadores

também temos papel imprescindível em fornecer evi-

dências aos fabricantes dos equipamentos, a fim de

contribuir para as mudanças necessárias no design dos

equipamentos para que o processamento seja realiza-

do de forma segura. A vigilância dos pacientes, após os

procedimentos endoscópicos gastrointestinais em re-

lação ao desenvolvimento ou não de eventos adversos

infecciosos, e conhecer a realidade da efetividade do

processamento dos endoscópios dos nossos serviços,

são alguns dos passos a serem adotados.

Maíra Marques Ribeiro atua no se-

tor de transplantes do Hospital das

Clínicas da Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG). Possui Mestrado

em Enfermagem pela Escola de

Enfermagem da Universidade Federal

de Minas - UFMG (2011) e Doutorado

pela Escola de Enfermagem da

USP - EEUSP (2016), com orienta-

ção da Profa. Dra. Kazuko Uchikawa

Graziano. Realizou estágio no St.

Boniface Research Center, University

of Manitoba, Winnipeg, Manitoba,

Canadá (2016), coordenado pela

Profa. Dra. Michelle Alfa.

Contato: [email protected]

Endoscópios gastrointestinais inadequadamente desinfec-tados foram apontados como a principal tecnologia da saú-de capaz de oferecer risco ao paciente, devido à dissemina-ção de patógenos fatais.

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10º Simpósio Internacional de Esterilização e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde

15

ESPECIAL

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Educador e motivacionalEvento abordou mais de 30 temas relacionados à esterilização

A SOBECC Nacional recebeu enfermeiros, técnicos,

auxiliares e estudantes de Enfermagem de todo o Brasil

todo para a 10ª edição do Simpósio Internacional de

Esterilização e Controle de Infecção Relacionada à

Assistência à Saúde, realizado de 30 de agosto a 2 de

setembro, no Palácio das Convenções do Anhembi,

em São Paulo. Mais de 2.000 profissionais participaram

de cursos, palestras, debates, workshops, simpósios-

-satélites e oficinas, aproveitando essa oportunidade

única para ampliar o conhecimento técnico-científi-

co em Enfermagem na área de Centro de Material e

Esterilização (CME).

Com o tema central “O entrelaçar dos preceitos da

Enfermagem em Centro de Material e Esterilização:

a chama que nunca se apaga”, o evento trouxe à re-

flexão os principais valores que norteiam a atuação

dos enfermeiros na direção da melhoria contínua da

Enfermagem, como segurança, competência, com-

prometimento, gestão e ética. “Estamos crescendo

de forma exponencial e evoluindo, cada vez mais,

nas boas práticas da assistência”, assinalou a presi-

dente da SOBECC Nacional, Marcia Hitomi Takeiti,

durante a abertura do Simpósio, agradecendo, tam-

bém, o trabalho em equipe de toda a diretoria para a

realização do evento.

16

Cerimônia de abertura

Os Jogos Olímpicos realizados este ano

no Brasil foram inspiração para a temática

do Simpósio. Para a cerimônia de abertu-

ra, as apresentações de ginástica acrobá-

tica transmitiram o espírito de equipe, de

desafio e de superação dos atletas, assim

como o dos enfermeiros no seu dia a dia,

comprometidos na prestação de uma as-

sistência à saúde de qualidade.

Os participantes também puderam assistir

um show que animou a plateia e relembrar

a Enfermagem ao longo dos tempos, com

o desfile de vestimentas de enfermeiras

que marcaram a história da Enfermagem,

desde que começou a se desenvolver, no

século XIX.

Abertura do Simpósio

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Até o novo CME do Hospital Universitário de Lille, na

França, iniciar as atividades em 2013, foi dispensa-

do muito tempo para elaborar o ambicioso projeto,

que previa a construção de um prédio de 2.600 m2

com três pisos e separado das dependências do hos-

pital, com parque tecnológico de ponta e infraestru-

tura que oferecesse boas condições de trabalho e de

produtividade, contemplando requisitos de seguran-

ça, ergonomia, baixo ruído e boa iluminação. Esse

modelo foi pensado para apoiar, com mais eficiência,

os departamentos do hospital e oferecer a terceiriza-

ção dos serviços.

A gerente de CME do hospital e presidente do World

Federation For Hospital Sterilisation Sciences (WFHSS),

Christine Denis, apresentou esse case e disse que o

desenvolvimento do projeto levou cerca de sete anos

para ficar pronto. “Tivemos que convencer a diretoria

sobre a necessidade da construção do CME. Entre os

argumentos, estava a garantia de produtividade, em-

basada no modelo industrial, e gerando resultado fi-

nanceiro. Se a instituição de saúde deseja lucrar, a par-

te operacional do CME tem que ser forte”, enfatizou.

Christine comentou que a operação do CME antigo

não atingia o resultado esperado, estava mal locali-

zado, e havia vazamentos que obrigavam a parar os

serviços. Nessa situação, os cirurgiões reclamavam.

“Não podemos aceitar trabalhar em condições ruins”,

afirmou. Após aprovação do projeto, foram 18 meses

para construir o prédio. Com tecnologia de automa-

ção que otimiza os processos, o novo CME, denomi-

nado Sterinord, tem capacidade para 1200 bandejas

de limpeza por dia. “Hoje processamos produtos para

cinco hospitais diferentes”, disse Christine.

O CME do futuro em Lille

O enfermeiro como protagonistaPara motivar os enfermeiros, sobre o seu papel funda-

mental no CME, o palestrante Marcos Zanqueta fez a

apresentação: “Você é a sua melhor marca?”. De for-

ma lúdica, Zanqueta mostrou o papel do profissional,

destacando que a melhor marca de um enfermeiro é

a performance. “É isso que torna um profissional fun-

damental em todo o processo, sendo o protagonista

do CME”, enfatizou. Ele destacou, ainda, que é preci-

so encarar os desafios como oportunidades, para fa-

zer o melhor. Isso implica lidar com várias pessoas

de tipos diferentes e extrair de cada uma o poten-

cial, o detalhe que fará a diferença para um compe-

tente trabalho em equipe, bem como valorizar ações.

“Quanto mais o enfermeiro colabora, mais ele rece-

be, trazendo o resultado desejado”. Apresentação de Marcos Zanqueta

17

ESPECIAL

Sterinord: exemplo de CME do futuro

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No piso térreo, ficam as áreas técnicas (sistema de

aquecimento, abastecimento de água e tratamento) e o

estacionamento. Já o primeiro piso (área de produção

e logística), praticamente o coração do Sterinord, foi

todo pensado com as máximas condições de higiene.

“Não tem cantos que acumulam poeira, as portas são

automáticas, oferece boa gestão de fluxo, com circui-

to mais curto possível. Todos os instrumentos, embala-

gens e carrinhos carregados são rastreados. Utilizamos

esteiras para levar materiais para área limpa: montagem,

embalagem e esterilização. As bandejas montadas são

acondicionadas em um rack, que é transportado au-

tomaticamente por robôs para esterilização e tam-

bém para descarregar. O carrinho segue para validação,

onde é feito o escaneamento de cada conjunto de ins-

trumentos da carga. Separa-se as cargas no carrinho,

que é fechado e levado por um caminhão ao destino,

com partida a cada hora. Tudo isso é monitorado em

tempo real”, explicou Christine. O segundo piso abriga

o escritório e as unidades de tratamento de ar.

Estrutura dos pisos

O CME conta com um quadro de 78 profissionais, sendo dois far-

macêuticos, dois engenheiros, três enfermeiros, que são a interfa-

ce com os demais enfermeiros operacionais, sete líderes de equipe,

61 técnicos e três operadores de limpeza.

Recursos Humanos

18

Destaques do Sterinord

1. Montagem de embalagens e esteira, 2. Carrinho carregado e fechado para transporte no caminhhão, 3. Robô que transporta carrinhos para esterilizadora, 4. Carrinho com embalagens estéreis prontas para validação no sistema de rastreamento, 5. Monitoramento em tempo real do CME

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Há mais de 20 anos, os CME na França são coman-

dados por farmacêuticos, e os técnicos não são ne-

cessariamente enfermeiros. “Assim como na indús-

tria, basta treinar o profissional para ser um excelente

técnico de CME. Capacitamos e qualificamos pessoas

vindas da indústria e sem background na área de saú-

de, por exemplo. Na minha opinião, não é preciso sa-

ber tudo sobre CME. O perfil do técnico caracteriza-se

como um profissional comprometido, rigorosamente

sério e apto a seguir as instruções. Conseguimos bons

resultados assim na França”, disse. Outro detalhe: No

hospital não se utiliza contêineres. Segundo Christine,

a lavagem adequada é muito difícil e, na sua opinião,

“é ruim para a produtividade e para o transporte por

caminhões. Por isso, utilizamos só o invólucro. É um

desafio. Mas está funcionando bem”.

Diferenciais

Complementando a palestra, Christine Denis relatou a

experiência no relacionamento entre o novo CME e

o Departamento Cirúrgico e na melhora da qualida-

de dos serviços de esterilização. “O novo CME foi uma

oportunidade de reorganizar todo o processo e me-

lhorar a colaboração entre CME e CC. Para isso, foi de-

senvolvido um projeto de nova colaboração, objetivan-

do o aproveitamento máximo do CME, com alto nível

global de desempenho e interfaces seguras”, afirmou.

Segundo Christine, as falhas ocorridas eram justifica-

das, ora como culpa do Departamento Cirúrgico, ora

sendo do CME, o que gerava um clima de desconfian-

ça e críticas raramente baseadas em fatos. Isso não

era positivo. Com a separação física das unidades, o

entendimento de que uma área precisa da outra em

colaboração ficou claro. Christine defende a separa-

ção dos departamentos, “para que haja um processo

e para que as atividades sejam feitas pelos profissio-

nais adequados de cada área. Quando as responsabili-

dades são bem definidas entre as duas partes, ajuda a

evitar erros ou falhas no processo”.

Hoje, o CME é reconhecido como um setor funda-

mental de apoio ao Departamento Cirúrgico e princi-

pal fornecedor na cadeia de abastecimento, em um

processo de várias etapas que envolve as duas partes,

onde um não pode funcionar sem o outro.

Responsabilidades bem definidas

“O CME do futuro nas unidades de saúde tem de cum-

prir requisitos equivalentes aos da indústria, com se-

gurança, produtividade, rastreabilidade, gestão de

qualidade e gestão de RH, para melhoria contínua.

Mesmo no mais belo CME, o mais importante é o en-

volvimento e a motivação da equipe.”

Christine Denis 19

ESPECIAL

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Esterilização em focoCarga Molhada: uma preocupação em âmbito global

O 10º Simpósio Internacional debateu vários temas re-

lacionados à qualidade da esterilização. Um assunto po-

lêmico tratado foi sobre a carga molhada. Em formato

de Talk Show, os especialistas dos EUA, Chuck Hughes,

da Holanda, Josephus Van Doornmalen, e a Profa. Dra.

Kazuko Uchikawa Graziano, falaram sobre o tema.

Hughes disse que em 30 anos de carreira e mais de

2.500 visitas aos hospitais, vê a questão da carga mo-

lhada com preocupação. Ele disse que nos EUA a regu-

lamentação AAMI ST79 define carga molhada “quando

dois ou mais pacotes estão tecnicamente molhados e

fornece um checklist para que o profissional resolva o

problema rapidamente”.

Segundo o especialista, a carga molhada pode ocor-

rer devido a múltiplas causas, desde o procedimen-

to de empacotamento, ao operador da esterilizadora.

É necessário fazer uma investigação completa para

encontrar a solução, com o empenho de toda a equi-

pe de CME, de técnicos das esterilizadoras e até da

manutenção predial.

Na investigação, Chuck orienta a questionar as possí-

veis causas da carga molhada, como validação do ci-

clo escolhido de esterilização, avaliar se está usando

os materiais adequados nas bandejas, bem como o

peso (EUA permite bandejas de 12 kg), checar a quali-

dade do vapor, do encanamento e também se o car-

rinho que saiu da esterilizadora estava perto de ar

condicionado. “Avaliar todo o cenário do processo é

fundamental para entender como a condensação foi

formada no pacote”, disse.

O especialista holandês Josephus acrescentou que

na Europa, a questão da carga molhada já é item na

qualificação de desempenho e tem que ser monito-

rada. Caso ocorra depois do processamento, deve-

-se investigar o porquê. “Às vezes, a carga molhada

ocorre no início do ciclo ou durante a fase de con-

densação. Muitas vezes, o erro está relacionado ao

ciclo inadequado ou à sobrecarga. E não se deve

sobrecarregar a esterilizadora”, destacou.

Entre as soluções apontadas por Josephus, estão: veri-

ficar a carga, o carregamento e a barreira estéril e man-

ter os instrumentos aquecidos em contato com o con-

densado. “O sucesso de um ciclo é a combinação dos

fatores: esterilizadora, processo, carga, padrão, carre-

gamento e barreira estéril”, disse.

Da esq. para dir.: Profa. Dra. Kazuko Uchikawa Graziano, Josephus Van Doornmalen, Chuck Hughes e Paulo Laranjeira

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No debate, a Profa. Dra. Kazuko comentou que os

CME do Brasil já incorporaram a importância da qua-

lificação de desempenho, mas que uma das dificul-

dades no dia a dia é manter o padrão de carga vali-

dada no momento da qualificação. Outra dificuldade

colocada pela professora é sobre não ter informa-

ções por parte dos fornecedores sobre o tempo va-

lidado para secagem.

Chuck comentou que “as esterilizadoras, quando de-

senvolvidas uma série de requisitos são elaborados e

avaliados. E reforçou que as cargas geralmente são o

problema. Josephus disse: “tudo que entra em uma es-

terilizadora deve ser validado. Esse é o maior desafio

na carreira”.

Pacote desafio: o que ele representa?

O especialista americano explicou que o pacote de-

safio padrão, segundo a AAMI, é composto de 16

toalhas, representando a pior condição de desafio

para ciclos de esterilização a vapor, para monitora-

mento rotineiro da eficiência da esterilizadora. Para

Josephus ”o pacote desafio não é representativo, mas

agrega valor. Os dispositivos atualmente comerciali-

zados não são um teste de penetração de vapor e

adicionam muito pouco ao processo de esterilização.

A qualidade do vapor pode variar muito durante o dia.

Por isso, se faz necessário monitorar cada carga to-

dos os dias, e não somente medir pressão e tempera-

tura, com o pacote desafio.

Uma vez que a carga de um ciclo de autoclavação

está qualificada em um equipamento previamente

aprovado, poderia liberar os materiais, se constatado

no registro de dados mecânicos do ciclo que todas as

etapas programadas aconteceram. Porém, no âmbito

do CME, ainda se faz necessário o uso de indicado-

res no pacote desafio para liberação de cargas. Esse

pacote deve representar o maior desafio para a remo-

ção do ar e a entrada do vapor. Os canulados hoje re-

presentam o desafio mais real, considerando os de

maior diâmetro e comprimento, que exigem melhor

desempenho da ação do vácuo.

Sobre os indicadores, tanto Chuck, quanto Josephus,

preferem o IQ5 e o IB, e disseram que os demais são

limitados. “Todo produto tem de ser usado na forma

como foi validado, e nenhum indicador informa se o

instrumento foi totalmente limpo”, reforçou Hughs,

que ainda disse: “O IB não tem ideia se o instrumental,

por exemplo de ortopedia, precisaria de um outro ci-

clo. Todo dispositivo e processo têm limitações”.

Parâmetros de monitoramento

Para o especialista dos EUA, todos os parâmetros crí-

ticos necessários para esterilização devem ser moni-

torados por um ou mais indicadores. As normas téc-

nicas da AAMI requerem que indicadores físicos sejam

utilizados para monitorar pressão, temperatura, tempo

de exposição e duração da secagem a cada ciclo. Os

IB devem ser utilizados para medir a letalidade (mor-

te do esporo), ao menos uma vez por semana, ou,

Tudo que entra em uma esterilizadora deve ser validado. Esse é o maior desafio na carreira.

Josephus Van Doornmalen

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ESPECIAL

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preferencialmente, diariamente e a cada implante. Já

o uso dos IQ são recomendados dentro e fora de cada

pacote. O IQ externo só precisa medir uma única va-

riável para, visualmente, indicar que o pacote foi pro-

cessado. O IQ interno deve medir variáveis múltiplas

para demonstrar que o esterilizante alcançou os itens

processados. O uso de mais IQ pode ser recomendan-

do dependendo do projeto do cesto como, por exem-

plo, mais de um nível ou contêiner rígido.

Josephus disse que os parâmetros essências para

monitoramento da esterilização a vapor são: tempo,

temperatura, pressão e saturação do vapor. Indo além

do monitoramento, o especialista orienta avaliar pon-

tos mais críticos, como parte fechada de um canal

e centro de um pacote. Vale lembrar, que em cada

carga, os componentes da esterilizadora podem fa-

lhar inesperadamente. “Na Europa, temos, há bastan-

te tempo, um medidor de saturação a vapor”, contou.

Ele considera o IB a forma mais eficaz de monitorar o

processo de esterilização.

Um ponto para o qual ele chamou a atenção é em

relação às instruções dos fabricantes para uso e va-

lidação da esterilização dos dispositivos. “Como sa-

ber se o dispositivo foi processado adequadamente?

Os profissionais precisam exigir que os fabricantes in-

formem quais são os requisitos e os parâmetros ideais

de esterilização do dispositivo. O que vemos muito são

instruções incompletas.

Premissa: para que um conjunto de materiais

possa ser colocado num mesmo ciclo, é preci-

so ter a certeza de que todos os itens atingem

a temperatura requerida para esterilização

ao mesmo tempo. Exemplo: pacote de LAP e

pacote de curativo. Essa certeza só é possível

medindo a temperatura no centro geométrico

dos pacotes com termopares ou datalogers.

Profa. Dra. Kazuko Uchikawa Graziano

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Qualidade da água no processo de limpezaA qualidade da água nos processos

de limpeza foi assunto trazido pelo

palestrante brasileiro, Prof. Dr. Rafael

Queiroz de Souza, e pelo especialis-

ta alemão, Ulrich Kaiser. “A qualidade

da água tem a capacidade de interfe-

rir na ação de alguns produtos quími-

cos utilizados na limpeza, detergen-

tes, principalmente quando ela diminui

a ação de alguns surfactantes, e tam-

bém pode causar um processo cha-

mado de incrustação. Por exemplo, a

obstrução de lúmens, o que leva ao

mau funcionamento do instrumental”,

explicou Rafael. Ele disse, ainda, que a

água não tratada estraga o instrumen-

tal, e, se contaminada por endotoxinas,

por exemplo, também pode infectar o

material. “E, claro, tudo isso deve ser

evitado, porque trabalhamos com a se-

gurança do paciente”, afirmou. Ele re-

força que verificar a qualidade da água

no processo de limpeza está previsto

nas normas da RDC 15/2012.

Rafael cita um estudo interessante,

que trouxe alguns relatos no repro-

cessamento de cateteres cardíacos enxaguados com

água destilada. Constatou-se que havia produto ca-

paz de causar reação pirogênica. “Mesmo enxaguan-

do com uma água tratada, ainda havia a presença do

risco. O trabalho mostrou que, embora se tenha o tra-

tamento de água muito bem estabelecido, pode ocor-

rer, durante o armazenamento da água para o último

enxague, a proliferação de microrga-

nismos. Ou seja, trata-se a água ex-

tensamente, e no armazenamento

não se consegue fazer de forma es-

téril. Então, um dos pontos críticos de

qualquer tratamento de água é o ar-

mazenamento na etapa final do pro-

cesso”, destacou o palestrante.

Com esse exemplo, ele enfatiza

que a Enfermagem deve realizar o

teste de qualidade da água tratada

constantemente, seguindo a RDC

15/2012. Rafael alerta, porém, que se

não houver um processo de limpeza

eficiente, não adianta trabalhar com

uma água de enxague de qualidade,

pois ela não vai certificar que o ma-

terial fique livre de contaminante.

Ulrich Kaiser reitera a importância de

testar a qualidade da água no CME,

afirmando que ela pode mudar du-

rante o dia. “É importante estar a par

da qualidade e testar a água com

constância ou obter informações,

para assegurar a qualidade do pro-

cesso de limpeza. A melhor forma de obter a quali-

dade ideal é avaliando sempre”, afirmou. Vale ressaltar

que um medidor de condutividade oferece informa-

ções. “Uma água pura, sem sais e CO2, não produz ele-

tricidade. As desinfetadoras e lavadoras fornecem qual

é o valor aceitável. Sobre a quantidade de sais, quanto

maior, pior é a situação”, comentou Ulrich.

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Tecnologiaem saúdeIndispensável em todo o sistema

Acrescentando aos temas de esterilização, o

10º Simpósio Internacional levou aos parti-

cipantes assuntos relacionados ao universo

da saúde, como a importância das tecnolo-

gias para o aumento da qualidade da assistên-

cia e da segurança do paciente. Na apresen-

tação da palestrante, Profa. Dra. Eliane Molina

Psaltikidis, “Avaliação de tecnologia da saú-

de em CC, RA e CME – Novos rumos: quan-

do prosseguir?”, o dilema tecnologias infini-

tas versus recursos finitos foi apontado como

o desafio mundial da grande maioria das ins-

tituições, assim como a correta incorporação.

Explicando um pouco o cenário, segundo a

palestrante, o bloco operatório tem vocação

para o pioneirismo tecnológico, em função

do uso intenso, refletindo em geral no CME.

O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade de alto

faturamento e com alto custo, e nem sempre

os benefícios tecnológicos são claros. No blo-

co operatório, o conceito de tecnologia é am-

plo. Na melhor definição inclui: medicamen-

tos, equipamentos, procedimentos técnicos,

sistemas de operação, informação, educação e

suporte, programas e protocolos assistenciais.

Para melhor analisar as necessidades tecno-

lógicas, as instituições podem fazer uso da

metodologia conhecida como Avaliação de

Tecnologias em Saúde (ATS), que tem como

objetivo principal auxiliar na tomada de de-

cisões dos gestores, mais coerentes e racio-

nais, por meio de informações precisas sobre

a tecnologia que está sendo avaliada. A ATS

possibilita verificar: eficácia, efetividade e efi-

ciência. A metodologia já é utilizada em vários

países. No Brasil, o principal marco de sua uti-

lização foi dado pela Lei 12401 de 2012, que

altera a Lei 8080 de 19/9/1990.

A ATS instituiu a Comissão Nacional de

Incorporação de Tecnologias para o SUS –

CONITEC, impactando positivamente no or-

çamento estimado com as incorporações

tecnológicas no SUS. De acordo com a pales-

trante, a metodologia avaliou o valor real das

tecnologias. “A ATS ainda é incipiente nos hos-

pitais”, disse Eliana, destacando que o ponto

mais importante da metodologia é proporcio-

nar benefício para o paciente e, consequente-

mente, para a instituição.

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A NBR ISO 17664 foi estabelecida em 2004 e está em

fase de revisão. Ela especifica que os fabricantes de-

vem fornecer informações para esterilização, confor-

me a norma técnica, principalmente em relação às

atividades no ponto de uso, preparo, limpeza, desin-

fecção, secagem, inspeção, manutenção e ensaio,

embalagem, esterilização e armazenamento.

De acordo com o palestrante alemão, Klaus Roth,

“A primeira versão se referia somente aos dispositi-

vos para esterilização. A ISO 17664 foi atualizada de

forma a incluir as instruções de desinfecção para

dispositivos que são utilizados para procedimen-

tos invasivos ou de contato direto com o paciente,

como os endoscópios flexíveis. A norma especifi-

ca requisitos para orientar os fabricantes a fornecer

instruções detalhadas de processamento antes da

utilização ou reutilização desses tipos de produtos

de assistência à saúde”.

Klaus ressalta que a nova versão não inclui: disposi-

tivos não críticos e não destinados ao contato dire-

to com o paciente, dispositivos têxteis usados em sis-

temas de draping e roupas cirúrgicas e dispositivos

especificados pelo fabricante para utilização única e

para fornecimento de estéreis.

Vale lembrar que o processo de esterilização ou de-

sinfecção a ser realizado não muda. A norma contri-

bui para o fabricante detalhar as instruções, de for-

ma a conduzir a um melhoramento do resultado do

processo de limpeza do seu produto. “Ou seja, infor-

mar as especificidades de cada instrumento quanto à

utilização dos métodos manual e automatizado. Os

profissionais precisam seguir boas instruções. Temos

procedimentos diferentes em diferentes países. Os fa-

bricantes precisam validar os processos para as dife-

rentes realidades”, disse Klaus. Ele comenta que na

Alemanha houve uma evolução no diálogo entre fa-

bricante e profissional de CME. “Já estamos olhando

para o todo”, afirmou.

Fora isso, Klaus reforça a necessidade de treinamen-

to e melhor capacitação dos profissionais, principal-

mente quando há materiais mais específicos, pois a

grande dificuldade é conciliar a necessidade especí-

fica de cada instrumento com a realidade do que o

hospital disponibiliza para limpeza.

Processamento de produto

para saúde resterilizávelNovas exigências da ISO 17664

“O grande desafio do setor é exigir que fabricantes

forneçam instruções detalhadas de uso do

instrumental e parâmetros de validação de limpeza.”

Klaus Roth

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ESPECIAL

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Caso Brasil:

mutirão da catarata

deixa pacientes cegosFalta de esterilização provocou contaminação dos instrumentais

A SOBECC Nacional trouxe um caso que tomou con-

ta dos noticiários no Brasil, envolvendo más práticas

no processo de esterilização. No dia 30 de janeiro,

a prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) reali-

zou o mutirão da catarata, atendendo 27 pacientes.

Desses, 23 foram infectados por bactéria do gênero

Pseudomonas, 11 tiveram que retirar o globo ocular e

alguns perderam a visão do olho operado. O núme-

ro de pessoas que ficaram cegas não foi informado.

De acordo com relatório divulgado pela Comissão de

Sindicância da prefeitura, o Instituto de Oftalmologia

contratado não esterilizou os instrumentos antes de

iniciar as cirurgias entre um paciente e outro, dissemi-

nando a bactéria.

Da esq. para dir.: Daniella Salazar Posso Costa, Daiane Cais, Denise Brandão de Assis e Kazuko Uchikawa Graziano

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O Talk Show, moderado pela Profa. Dra. Kazuko

Uchikawa Graziano, apresentou o tema: “Pacientes

perdem a visão após cirurgia de catarata: trabalha-

mos com processos seguros?”. Para argumentar o

episódio, participaram do debate a médica Denise

Brandão de Assis, a enfermeira Daiane Cais e a advo-

gada Daniella Salazar Posso Costa.

A médica Denise apontou que há legislações que re-

gulamentam a realização de mutirões, prevendo di-

retrizes para o controle de infecções e normas de

processamento de materiais cirúrgicos considera-

dos complexos. “No caso em questão, para atender

27 pacientes, seriam necessárias 27 caixas cirúrgicas,

27 aventais estéreis, entre outros itens, fazer 27 vezes

a degermação das mãos. Ou seja, realizar um mutirão

não exclui os cuidados que equipes de médicos e en-

fermeiros devem tomar. Uma reflexão a fazer é: qual

foi o planejamento do hospital para esse mutirão? É

preciso avaliar se a instituição tem condições para um

evento assim”, pontuou.

Acrescentando à discussão, a enfermeira Daiane des-

tacou: “Todos os procedimentos são de responsabi-

lidade do hospital. Era necessário realizar uma super-

visão naquele dia. A equipe de enfermagem estava

lá para supervisionar se os procedimentos rotineiros

estavam sendo seguidos, se havia insumos e instru-

mentais para a realização do mutirão. Faltou organi-

zação, planejamento e supervisão”, comentou.

Sobre a questão da culpa, a advogada Daniella expli-

cou que, sob a ótica do direito existem responsabi-

lidades, individualizando o processo e provando de

quem é a culpa: do hospital, do médico ou do en-

fermeiro. Para isso, o paciente deve abrir um pro-

cesso. “Pela experiência, 99% das ações cíveis são

contra o hospital e o médico, raramente contra o

enfermeiro. Mesmo que fique provado que o profis-

sional de Enfermagem não tinha esterilizado o ma-

terial, como ocorreu no mutirão, o processo é aber-

to contra o hospital, por ser conivente com a má

assistência. Na prática do direito, é muito difícil res-

ponsabilizar o enfermeiro”, disse. Após essas coloca-

ções, Kazuko mostrou-se indignada: “é incrível ter-

mos uma Enfermagem que não presencia as más

práticas. Isso dói em todos nós enfermeiros”.

Realizar um mutirão não exclui os cuidados que equipes de médicos e enfermeiros devem tomar.

Denise Brandão de Assis

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ESPECIAL

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Processamento e reuso de produtos de uso único

A palestrante Eliana Magalhães Costa abordou a

questão do reprocessamento e do reuso. Ela afir-

mou que entre os riscos do processamento em um

dispositivo pronto para uso estão: limpeza, desin-

fecção, esterilização e segurança-técnico funcional.

“Todo produto na prática assistencial apresenta grau

de risco. Não existe segurança absoluta. A decisão

de usar um produto requer um balanceamento entre

riscos considerados residuais e os benefícios do pro-

cedimento”, destacou. Dois riscos principais foram

apontados pela palestrante, independente do pro-

duto ser de reuso ou de uso único: risco de trans-

missão de infecção e de alteração do desempenho

funcional. Além da formação de biofilmes e resíduos

tóxicos dos processos de descontaminação, conta-

minação por endotoxinas e bioimcompatibilidade.

Estudos sobre o risco em reprocessamento de produ-

to de uso único têm sido realizados, porém, ainda são

conflitantes, segundo a palestrante. A maioria aponta

que o reuso é seguro e a minoria não recomenda. Mas,

há consensos: o produto de uso único reprocessado

oferece potencial para danos e os riscos são significati-

vamente maiores do que os produtos reusáveis.

AnvisaDe acordo com a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), sendo processados em condições

de segurança, alguns produtos podem ser utilizados

mais de uma vez, enquanto apresentarem eficácia e

funcionalidade. Ressaltando, há regulamentação para

essa utilização contínua. A normatização estabelece cri-

térios que proíbem o reprocessamento em duas con-

dições: se o material constar na lista publicada pela

RE/Anvisa 2605/2006 de produtos classificados como

uso único e de reprocessamento proibido; e se a rotula-

gem do produto apresentar ‘proibido reprocessar’, con-

forme estabelece a RDC/Anvisa nº 156/2006.

Mercado em númerosA indústria de produtos para a saúde movimenta, no

mundo, cerca de US$ 145 bilhões, oferecendo mais de

1,5 milhão de tipos de dispositivos. O mercado é for-

mado por cerca de 15.000 fabricantes, tendo mais de

um milhão de diferentes marcas, modelos e tama-

nhos, e está dividido em quatro setores: elétricos, não

elétricos, implantáveis e terapêuticos /diagnósticos.

O produto está classificado como reusável ou de uso

múltiplo e uso único ou descartável.

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Situação do mercadoO diretor geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap,

atualizou os participantes sobre o setor da saúde no

país. De acordo com os dados apresentados, o Brasil

investiu 9% do PIB em gastos com

saúde de 2005 a 2012, o que repre-

senta US$ 1.000 per capita/ano. Para

comparação, o Reino Unido investe

US$ 3.400, o Canadá US$ 4.400 e os

EUA US$ 8.200.

Quanto aos leitos e à quantidade de

médicos e enfermeiros, o país pos-

sui 2,3 leitos para 1.000 habitantes,

com déficit de 140 mil para atingir a

meta de 3 leitos/1.000; e 1,8 médicos

para 1.000 habitantes, com déficit de

60 mil para atingir a meta de 2,1 médicos/1.000; e

6,4 enfermeiros/1.000 habitantes, com déficit de 142 mil

profissionais para atingir a meta de 9,5/1.000.

Quanto à migração das responsabilidades de qualida-

de, segundo o palestrante, o protagonismo saiu das

mãos dos médicos, passou para os gestores, e hoje

o momento é dos pacientes como

agentes. “Hoje não há mais como

fazer o controle da qualidade sem

a participação dos pacientes, por

maior que seja o preparo dos profis-

sionais da saúde. E, sim, realizar de

forma compartilhada, com médicos,

todos os profissionais da saúde e os

pacientes”, disse Chapchap.

Entre os desafios, estão as incerte-

zas sobre a economia, o desequilí-

brio entre os modelos de saúde pú-

blica e privada, as transformações do mercado, e “a

certeza do que fazemos hoje não será suficiente no

futuro”, destacou.

Encerrando o evento, a presidente da SOBECC

Nacional, Marcia Hitomi Takeiti, ao lado da dire-

toria, agradeceu a presença de todos, e, emo-

cionada, fez um breve discurso. “Vivemos neste

10º Simpósio Internacional grandes momentos de

ampla construção do saber, de encontros sociais,

de fortalecimento com os parceiros comerciais, que

nos apresentou novidades e tecnologias, reforçando

o conhecimento técnico-cientifico do evento”, dis-

se. Aproveitando a oportunidade, a presidente con-

vidou os participantes para o 13ºCongresso Brasileiro

de Enfermagem, que será realizado de 12 a 15 de se-

tembro no mesmo local. “É com muito orgulho que

parabenizo a Enfermagem, por mais uma vez ter che-

gado até aqui e fazer deste evento um sucesso”. Na

sequência, a plateia participou animada dos sorteios.

Encerramento

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ESPECIAL

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Premiação dos trabalhosUm dos momentos mais esperados do Simpósio Internacional é a premiação dos trabalhos

Apresentação e-Poster

1º lugar

Upcycling - um olhar sustentável e ganhos financeiros para colaboradores e instituições

Código do trabalho: 153

Autoras: Lia Jeronymo Romero e

Mery Lirian da Costa

Instituição: Hospital Vera Cruz

(HVC) – Campinas, SP

2º lugar

Controle de desperdícios com reprocessamento de OPME em um hospital universitário

Código do trabalho: 48

Autoras: Simone Plaza Carillo,

Hellen Maria de Lima Graf

Fernandes, Roberta Biguetti

Bernardinelli, Lilian Cristina Gabriel

Bernardo da Silva e Ana Luiza

Ferreira Meres

Instituição: Hospital Vera Cruz

(HVC) – Campinas, SP

Apresentação e-Poster

Novo modelo de biofilme Buildup em canais de endoscópio flexível

Código do trabalho: 96

Autoras: Cristiana da Costa Luciano,

Nancy Olson, Patricia DeGagne,

Rodrigo Franca, Anaclara Ferreira

Veiga Tipple, Michelle Alfa

Instituição: Universidade Federal

de Goiás (UFG), Faculdade de

Enfermagem (FEN) – Goiânia, GO

Menção honrosa

Apresentação Oral

Antibioticoprofilaxia na cesariana: qual o momento seguro para administração?

Código do trabalho: 22

Autoras: Taynah Neri Correia

Campos, Julyenne Dayse Gomes

de Oliveira, Regeane Maria

Trindade de Lúcio e Ana Caroline

Brasil Freire Nasser

Instituição: Hospital Universitário

Ana Bezerra (HUAB), Santa Cruz, RN

3º lugar

Criação de um aplicativo digital para o ensino de instrumentação cirúrgica básica

Código do trabalho: 49

Autoras: Francisco Gilberto

Fernandes Pereira e Drielle Jéssica

Leite da Rocha

Apresentação e-Poster

Procedimento operacional padrão: uma estratégia de qualificação do cuidado

Código do trabalho: 124

Autoras: Regeane Maria Trindade de Lúcio, Adelaide Maria de Brito, Maria da Conceição da Silva Sousa Melo, Cordélia Maria de Araújo, Monaliza Raquel do Nascimento e Taynah Neri Correia Campos

Instituição: Unidade Hospitalar Regional do Seridó (UHRS) – Caicó/ Natal, PE

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Treinamento com simulação realística utilizou boneco e atores em um cenário de centro cirúrgico

Com vestimentas de época, enfermeiras

desfilaram pelo Simpósio

Em busca de mais conhecimentos, enfermeiros participaram de palestras de expositores e de sessões de temas livres

Durante evento, diretoria se reuniu com palestrantes

e convidados, assistiu às apresentações e

comemorou com a equipe

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ESPECIAL

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Público visitou feira tecnológica e conferiu os lançamentos de produtos

Em clima olímpico e com muita animação, a tradicional festa de confraternização reuniu enfermeiros, parceiros e parceiros da SOBECC Nacional,marcando o sucesso da edição 2016 do Simpósio Internacional

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ESPECIAL

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ARTIGO

Líderes dos novos tempos

Observamos que o mundo e a vida estão em rápi-

da transformação. O sociólogo polonês Zigmunt

Bauman faz um diagnóstico: “Vivemos em um tempo

líquido, nada é feito para durar. O tempo é da urgên-

cia, com eventos simultâneos, rápidos e conjugados.

A única maneira de sufocar o decorrente sentimen-

to de insegurança é a satisfação instantânea”. Na vi-

são de Bauman, a vida líquida é vivida em condições

de incertezas constantes.

Nesse cenário, irão fazer a diferença justamente

aquelas pessoas que estão mais preparadas ou são

visionárias às mudanças, emergindo o líder como

agente impulsionador das transformações. O líder do

novo tempo reúne competências e habilidades capa-

zes de motivar pessoas. Ou seja, a credibilidade do lí-

der é conquistada.

As principais características do perfil do líder estão li-

gadas à flexibilidade e à resiliência frente às diferenças

e aos desafios, à sensibilidade e ao respeito para com

o outro e, especialmente, à capacidade de inspirar e

transformar. Ele consegue levar às equipes à alta per-

formance e aos resultados esperados pela empresa.

Além disso, é necessário conhecer a realidade na qual

está inserido, pois se souber o que precisa ser feito, já é

meio caminho. Ser um aprendiz constante; saber quem

é na organização e ser adaptável, também são pontos

fundamentais para o sucesso da gestão de pessoas.

Hoje não cabe mais uma liderança imposta, baseada

no temor e no apontamento de limitações das pes-

soas. Para uma liderança eficiente, é imprescindível

a construção de uma relação baseada no respeito às

individualidades, no diálogo aberto ao compartilha-

mento de ideias e de conhecimento, na transparên-

cia, na ética, no comprometimento e, sobretudo, na

valorização do profissional.

O líder deve ouvir as pessoas, ir até a operação e pro-

mover feedbacks constantes com as equipes. Avaliar

as habilidades dos seus profissionais: quem faz me-

lhor o que e fortalecer o seu potencial. É importante,

também, que o líder desenvolva o autoconhecimen-

to, a autoevolução e a autocrítica.

*Ivana Lúcia Correa Pimentel de Siqueira é diretora Assistencial do Hospital Sírio Libanês.

Por Ivana Lúcia Correa Pimentel de Siqueira*

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Amor, o tempero extra da enfermeira Roberta TrombelaÉ natural que toda menina goste de brincar de casi-

nha. A enfermeira Roberta Trombela recorda que seu

amor pela culinária vem desde quando tinha cinco

anos. “Eu adorava mesmo brincar de fazer comidi-

nhas para as minhas bonecas”, conta. Uma das maio-

res alegrias dela era passar as férias na casa da avó.

“Eu adorava ficar na cozinha com minha avó. Lembro

que subia na cadeira para amassar as batatas, para ela

fazer o nhoque”.

Entre uma receita e outra, a pequena aspirante a chef

cresceu e seguiu outro caminho. Descobriu o seu

amor pela arte do cuidar e há 10 anos vem trilhando

a sua carreira na Enfermagem. Mas, cozinhar também

é outro amor e uma inspiração de vida. Preparar suas

receitas favoritas para receber familiares e amigos nas

folgas do trabalho é um grande prazer. Então, resolveu

aprimorar o seu talento e fez um curso de gastrono-

mia, em 2014. Resultado: Roberta tornou-se chef nas

horas vagas e faz até umas participações em eventos.

A paixão pela culinária fez com que a enfermeira pu-

desse colocar mais amor em sua cozinha, quando

sua mãe estava em tratamento para curar um cân-

cer. “A quimioterapia muda o paladar do paciente.

Para que minha mãe sentisse o gosto da comida e

tivesse maior prazer em se alimentar, elaborei várias

receitas especiais”, diz.

Ela comenta que gosta de inventar na cozinha. “Sou

descendente de italianos, gosto de comer bem e de

uma boa massa. Entre as invenções, criei um nhoque

de abóbora com molho de camarão. Um dos pratos

mais pedidos pelos amigos e pela família”, fala feliz.

Essa habilidade em criar ou dar um toque pessoal

nas receitas é de família. “Minha mãe também cozi-

nha muito bem. Ela inovou uma receita de bacalhau,

incluindo creme de abóbora e leite de coco. Virou

marca registrada”.

Seguindo os passos da mãe, Roberta desenvolveu uma

receita autêntica, que trouxe o seu reconhecimento

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FORA DA PROFISSÃO

Nhoque de abóbora ao molho pesto de salsinha e camarões

Ingredientes

Massa:500g de abóbora cabotiá

250 g de farinha de trigo ou a quantidade que bastar para dar o ponto na massa

1 ovo

Sal a gosto

Pesto de salsinha:1 maço de salsinha lavada (sem o talo)

1 dente de alho

Azeite de oliva

Sal a gosto

Camarões:2 tomates sem semente e sem pele (cortados em cubos)

100 g camarão rosa limpo

Sal e pimenta do reino a gosto

Manteiga para dourar

Modo de preparo

Nhoque1. Corte a abóbora em pedaços, retire as

sementes, embrulhe em papel alumínio e leve para assar;

2. Quando estiverem macias (ao espetar com garfo), descasque e passe na peneira ou amasse com um garfo, tempere com sal;

3. Junte o ovo e a farinha aos poucos, até formar uma massa uniforme que se possa enrolar;

4. Forme rolinhos e corte os nhoques;

5. Polvilhe farinha de trigo para não grudar;

6. Coloque uma panela com água e sal no fogo, quando começar a fever junte os nhoques e coloque-os aos poucos na água fervente;

7. Deixe cozinhar até que os nhoques subam à superfície;

8. Retire com uma escumadeira e reserve-os em uma peneira.

Pesto de salsinha1. Junte a salsinha, o azeite e

o alho em um mini processador

Finalização1. Tempere o camarão com sal e pimenta;

2. Em uma frigideira derreta a manteiga;

3. Doure os camarões de cada lado;

4. Coloque o nhoque junto aos camarões e os tomates cortados em cubo;

5. Junte o pesto de salsinha;

6. Saltear durante uns 2 minutos e servir.

de chef entre aqueles que já saborearam suas espe-

cialidades: um braseado de filet mignon suíno com

risoto de doce leite. “Posso dizer que essa receita foi

uma das minhas grandes inspirações e é a mais elo-

giada”, revela.

Sobre os chefs que a motivam na arte da gastrono-

mia, a enfermeira cita, em especial, o chef Rodrigo

Oliveira, do restaurante Mocotó, localizado na zona

norte de São Paulo, por ter influência nordestina e va-

lorizar os ingredientes do Brasil. “Além dele, sou fã do

Alex Atala”, diz.

Para os amantes da culinária, a cozinha é, realmente, o

melhor ambiente da casa. Tanto que Roberta fez ques-

tão de equipar e decorar a sua nova cozinha para ser

aconchegante e o centro das reuniões com os amigos.

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Superioga:mais dinâmica e com pegada fitness

A superioga está conquistando cada dia mais adep-

tos. O método inovador, criado pelo educador físico

e mestre de ioga Paulo Junqueira, alia movimentação

de ioga e ginástica, e promete um corpo tonificado e

a mente equilibrada. A superioga ganhou os holofo-

tes no ano passado e hoje é febre nas academias e es-

paços de ioga em todo o Brasil. Isso, porque vem se

mostrando eficiente no emagrecimento e no condi-

cionamento físico.

Por trabalhar o tempo todo a frequência cardíaca em

nível aeróbio, a superioga promove alto gasto calórico

e queima de gordura, e os exercícios favorecem o ga-

nho de massa muscular. Uma hora da atividade chega

a queimar cerca de 800 calorias.

A modalidade promete queimar cerca de 800 calorias em uma hora

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üFicha de Monitoração de Limpeza

“As principais características da superioga são dina-

mismo, repetição das posturas ou asanas, inten-

sidade da prática e ênfase na força física e men-

tal. Em uma só aula é possível trabalhar os sistemas

cardiovascular, neuromuscular, endócrino e fisiológi-

co, de forma segura e eficiente”, afirma Stella Krieger,

educadora física e instrutora de superioga, do Estúdio

Body Expression, em São Paulo.

De acordo com Stella, a aula exige total concen-

tração do praticante, pois toda a movimentação do

corpo é sincronizada com a respiração. A aula mis-

tura execução das asanas a saltos, agachamentos,

pranchas e flexões.

A instrutora de superioga diz que a modalidade é para

todos, mesmo para aqueles que nunca tenham feito

ioga antes. São três níveis: iniciante, intermediário e

avançado. “Qualquer pessoa acima de 12 anos pode

praticar superioga, desafiando-se a cada prática”.

Na cidade de São Paulo é possível fazer aulas em es-

paço público para conhecer a superioga, como o

Parque Ibirapuera. Para acompanhar os dias e lugares

de aula gratuita, acompanhe a comunidade Superioga

(www.superioga.com.br) no Instagram (@superioga)

ou no Facebook (facebook.com/yogapaulojunqueira).

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RESENHA

Ensino na saúde: desafios contemporâneos na

integração ensino e serviço

A integração ensino e serviço na saúde, a partir de

uma perspectiva interdisciplinar, é a principal caracte-

rística desta obra escrita de maneira colaborativa por

autores de diferentes áreas do conhecimento. Os ca-

pítulos agrupam-se por temáticas centrais em três se-

ções. A primeira concentra seis capítulos que abor-

dam aspectos da educação permanente em saúde,

tais como o histórico de inserção dessa política de

formação no SUS e as reflexões acerca do tema em

cenários como estratégia de saúde da família, infec-

ção hospitalar e formação reflexiva em saúde na es-

cola. Essa seção aborda, ainda, a formação por com-

petências em educação à distância e o uso dessa

modalidade de ensino na área hospitalar.

A pós-graduação em ensino na saúde é o tema da

segunda parte, na qual há discussão sobre a origem

dessa área no Brasil, a preceptoria como estratégia de

formação em saúde e a educação em serviço na re-

sidência multiprofissional. Essa seção, composta por

cinco capítulos, finaliza com uma reflexão sobre o

processo de avaliação da produção científica no mes-

trado profissional em ensino na saúde.

Os quatro capítulos da última parte discutem diferen-

tes desafios na integração teoria e prática: o atendi-

mento jurídico a vítimas infanto-juvenis de violência

sexual intrafamiliar, a prevenção HIV/AIDS no contexto

escolar, o dimensionamento de equipes de enferma-

gem e o grupo focal como estratégia de pesquisa. O

caráter interdisciplinar da obra a torna indicada para se

refletir sobre a articulação universidade e serviço, sen-

do a prática profissional ponto de partida para a forma-

ção reflexiva no ensino na saúde.

Organizadores: Alexandre do Nascimento

Almeida e Rita Catalina Aquino Caregnato

Nº de páginas: 254

Editora: Moriá (1ª Edição, 2016)

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