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ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM CONDOMÍNIO SOLAR EM ARMAÇÃO DE BÚZIOS Gabriel Melo Silva de Sousa Rio de Janeiro Outubro de 2018 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Orientador: Prof. David Alves Castelo Branco, D.Sc.

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ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM CONDOMÍNIO SOLAR EM ARMAÇÃO DE BÚZIOS

Gabriel Melo Silva de Sousa

Rio de Janeiro

Outubro de 2018

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro

Orientador: Prof. David Alves Castelo Branco, D.Sc.

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Sousa, Gabriel Melo Silva de

Análise da Viabilidade Técnica e Econômica de um

Condomínio Solar em Armação de Búzios/Gabriel Melo Silva de

Sousa. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

XII, 68 p.: il.; 29,7cm.

Orientador: David Alves Castelo Branco

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso

de Engenharia Mecânica, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 63 – 66.

1. Energia Solar. 2. Condomínio Solar. 3. Irradiação. 4.

Cidade Inteligente. 5. Eficiência Energética. I. Alves Castelo

Branco, David. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Engenharia Mecânica. III. Análise da

Viabilidade Técnica e Econômica de um Condomínio Solar em

Armação de Búzios.

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“Seja a mudança que você quer ver no mundo.”

Mahatma Gandhi

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Agradecimentos

Agradeço, acima de tudo, à minha família que apesar de todas as dificuldades e

discordâncias semeou os valores que carrego na minha vida, sempre incentivando a

dedicação aos estudos como o caminho para o crescimento numa sociedade onde a

meritocracia é para poucos. Agradecimentos especiais à minha avó pelo desgaste

próprio e luta constante em prol de sua família e também dos muitos que cruzam o

seu caminho.

Agradeço ao Professor David pela orientação no desenvolvimento do projeto e pela

contribuição à Universidade e ao País junto ao Programa de Planejamento Energético

da UFRJ.

Agradeço à Universidade Federal do Rio de Janeiro e ao Governo Federal pela

oportunidade de formação profissional de alto nível e pelo impacto na minha

formação pessoal para o início de uma nova etapa da vida após a universidade.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM CONDOMÍNIO SOLAR EM

ARMAÇÃO DE BÚZIOS

Gabriel Melo Silva de Sousa

Outubro/2018

Orientador: Prof. David Alves Castelo Branco, D.Sc.

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho analisa a viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento de um

projeto de condomínio solar na Região dos Lagos para suprimento da demanda

energética de quatro pousadas de médio porte em Armação de Búzios, analisando o

potencial de geração solar na região com o software System Advisor Model, utilizando

dados de observação do pátio de geração fotovoltaica do Instituto Federal

Fluminense, campus Cabo Frio com investimentos de P&D da ENEL e recursos

oriundos da Agência Nacional de Energia Elétrica, e dados técnicos dos equipamentos

disponíveis no mercado brasileiro para o dimensionamento do condomínio solar.

Para avaliar a viabilidade real da implementação do projeto foi feita uma análise

econômica de uma faixa de retorno esperado ao investir na construção do

condomínio solar, considerando inclusive o caso de construção financiada.

Palavras-chave: Energia Solar, Condomínio Solar, Irradiação, Cidade Inteligente,

Eficiência Energética.

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Mechanical Engineer.

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TECHNICAL AND ECONOMIC VIABILITY OF A COMMUNITY SHARED SOLAR AT

ARMAÇÃO DE BÚZIOS

Gabriel Melo Silva de Sousa

October/2018

Advisor: Prof. David Alves Castelo Branco, D.Sc.

Department: Mechanical Engineering

This undergraduate final project evaluates the technical and economic viability of

developing a community shared solar project at Região dos Lagos to supply the

energy demand of four medium size hotels in Búzios, evaluating the solar energy

production potential of the region through the software System Advisor Model, using

the observation data of the university Instituto Federal Fluminense‘s photovoltaic

observation center located in Cabo Frio with R&D funding of ENEL and financed by

ANEEL (Brazilian National Agency of Electric Energy), and technical data of solar

system equipment available in the Brazilian market to dimensioning the community

shared solar project.

To evaluate the real viability to implementing the project it was made an economic

analysis of an expected return by investing in the construction of the community

shared solar field, considering also a funding scenario for the construction.

Key words: Solar Energy, Community Shared Solar, Irradiation, Smart City, Energetic

Efficiency.

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Sumário

1. Capítulo 1: Introdução.................................................................................................................1

1.1. Considerações Iniciais............................................................................................................1

1.2. Objetivo......................................................................................................................................6

1.3. Estrutura do Trabalho............................................................................................................7

2. Capítulo 2: Revisão Bibliográfica...............................................................................................8

2.1. Energia Solar Fotovoltaica....................................................................................................8

2.1.1. Recurso Solar...............................................................................................................9

2.1.2. Efeito Fotovoltaico...................................................................................................13

2.1.3. Células Fotovoltaicas...............................................................................................15

2.1.4. Módulos Fotovoltaicos ...........................................................................................17

2.1.4.1. Arranjos em Série ......................................................................................17

2.1.4.2. Arranjos em Paralelo.................................................................................17

2.1.4.3. Tensão de Circuito Aberto, Corrente de Curto Circuito e

Potência Máxima................................................................................................18

2.1.4.4. Fator de Forma ...........................................................................................19

2.1.4.5. Eficiência.......................................................................................................19

2.1.4.6. Influência dos Níveis de Irradiância .....................................................20

2.1.4.7. Influência da Temperatura......................................................................20

2.1.5. Inversores...................................................................................................................21

2.1.6. Configuração dos Módulos Fotovoltaicos ………………………………….………………..23

2.1.7. Conexão na Rede Elétrica ......................................................................................24

2.2. Geração Solar Compartilhada ...........................................................................................24

2.2.1. Conceito de Geração Solar Compartilhada e Histórico Brasileiro .............25

2.2.2. Funcionamento e Componentes .........................................................................27

2.2.3. Regulamentação Brasileira e Benefícios Fiscais..............................................28

2.3. Cidades Inteligentes.............................................................................................................30

3. Capítulo 3: Metodologia............................................................................................................32

3.1. Procedimentos Metodológicos.........................................................................................32

3.2. System Advisor Model (SAM)............................................................................................33

3.3. Avaliação Técnico-Econômica ...........................................................................................33

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4. Capítulo 4: Estudo de Caso: Condomínio Solar ..................................................................36

4.1. Descrição da Localidade......................................................................................................36

4.1.1. Pousadas e Demanda Energética ........................................................................37

4.1.2. Dados Meteorológicos............................................................................................38

4.2. Dimensionamento ................................................................................................................39

4.2.1. Painéis Fotovoltaicos ..............................................................................................39

4.2.2. Inversores...................................................................................................................41

4.2.3. Outros Componentes e Custos ............................................................................43

4.3. Modalidade Tarifária e Preço da Energia.......................................................................43

4.4. Taxa de desconto ..................................................................................................................47

5. Capítulo 5: Análise dos Resultados ........................................................................................49

5.1. System Advisor Model.........................................................................................................49

5.2. Modelagem Financeira do Condomínio Solar ..............................................................51

6. Capítulo 6: Conclusão e Considerações Finais....................................................................55

7. Anexo I............................................................................................................................................58

8. Bibliografia....................................................................................................................................63

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Lista de Figuras

Figura 1 – Fonte de energia na matriz energética mundial .....................................................2

Figura 2 – Evolução da capacidade fotovoltaica mundial.........................................................2

Figura 3 – Contribuição na geração de energia elétrica da matriz brasileira por tipo .....3

Figura 4 – Parcelas de potência outorgada referente a projetos de geração de energia

em fase de construção ou planejamento ......................................................................................4

Figura 5 – Mapa de irradiação solar direta média brasileira ...................................................5

Figura 6 – Espectro de radiação solar por comprimento de onda.......................................10

Figura 7 – Variações sazonais..........................................................................................................10

Figura 8 – Variação da declinação solar com base nos solstícios do hemisfério norte .11

Figura 9 – Formação de ângulos com a trajetória relativa do sol ........................................12

Figura 10 – Estrutura de uma célula fotovoltaica .....................................................................14

Figura 11 – Painéis fotovoltaicos tipo monocristalino, policristalino e filmes finos,

respectivamente .................................................................................................................................16

Figura 12 – Curvas I x V da associação em série de módulos fotovoltaicos ......................17

Figura 13 – Curvas I x V da associação em paralelo de módulos fotovoltaicos ...............18

Figura 14 – Ponto de máxima potência de um módulo fotovoltaico..................................19

Figura 15 – Efeito da variação da irradiância de um módulo fotovoltaico a 25°C ..........20

Figura 16 – Efeito da variação da temperatura de um módulo fotovoltaico quando

exposto à irradiação de 1kW/m² ...................................................................................................21

Figura 17 – Projeção de unidades consumidoras de microgeração por qualquer

modalidade...........................................................................................................................................27

Figura 18 – Esquema da geração solar compartilhada: geração, conversão,

transmissão e compensação ...........................................................................................................28

Figura 19 – Mapa de Búzios com destaque de área para potencial construção do

condomínio solar ................................................................................................................................37

Figura 20 – Painel Solar Canadian 330P .......................................................................................40

Figura 21 – Parâmetros geométricos do painel selecionado.................................................40

Figura 22 – Parâmetros do painel solar selecionado no SAM ...............................................41

Figura 23 – Inversor selecionado ...................................................................................................42

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Figura 24 – Parâmetros do inversor selecionado no SAM......................................................42

Figura 25 – Demanda energética do projeto..............................................................................50

Figura 26 – Configuração dos painéis solares ............................................................................50

Figura 27 – Produção de energia anual........................................................................................51

Figura 28 – Sazonalidade na geração de energia ......................................................................52

Figura 29 – Relação das Taxas Internas de Retorno para as pousadas a R$ 600/m² e a

R$ 625/m² .............................................................................................................................................55

Figura 30 – Relação das Taxas Internas de Retorno para as pousadas a R$ 600/m² com

financiamento......................................................................................................................................56

Figura 31 – Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de

desconto de 11,9%, para menor evolução tarifária e sem financiamento........................61

Figura 32 – Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de

desconto de 11,9%, para maior evolução tarifária e sem financiamento .........................62

Figura 33 – Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de

desconto de 11,9%, para menor evolução tarifária e com financiamento de 50% com

custo de 13% ao ano..........................................................................................................................63

Figura 34 – Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de

desconto de 11,9%, para maior evolução tarifária e com financiamento de 50% com

custo de 13% ao ano..........................................................................................................................64

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Consumo de energia de uma pousada de grande porte com 47 quartos ....38

Tabela 2 – Lista de Custos Unitários do Projeto ........................................................................43

Tabela 3 – Modalidades Tarifárias.................................................................................................44

Tabela 4 – Correlação entre a variação tarifária e do PIB ......................................................45

Tabela 5 – Crescimento Projetado do PIB ...................................................................................46

Tabela 6 – Previsão dos preços de energia (R$/kWh) .............................................................47

Tabela 7 – Taxa de desconto para betas de 0,5 e 0,7 e prêmios de risco de 5,0% e

6,5% sem financiamento ..................................................................................................................48

Tabela 8 – Taxa de desconto para betas de 0,5 e 0,7 e prêmios de risco de 5,0% e

6,5% com financiamento de 30% e 50% com custos de 12% e 15% ...................................49

Tabela 9 – Custo Inicial Total do Projeto .....................................................................................51

Tabela 10 – Taxas Internas de Retorno para diferentes preços de venda por metro

quadrado ...............................................................................................................................................53

Tabela 11 – Taxas Internas de Retorno, VPL e Payback para as pousadas a R$ 600/m² ....54

Tabela 12 – Taxas Internas de Retorno, VPL e Payback para as pousadas a R$ 625/m² ....54

Tabela 13 – Taxas Internas de Retorno e Payback para as pousadas a R$ 600/m² com

financiamento de 50% a 13% ao ano............................................................................................56

Tabela 14 – Taxas Internas de Retorno e Payback para as pousadas a R$ 600/m² com

financiamento de 50% a 16% ao ano............................................................................................56

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1. Capítulo 1: Introdução

1.1. Considerações Iniciais

A demanda global de energia crescerá uma média de 2% ao ano até 2040,

consolidando um crescimento de 55% no período (BLOOMBERG NEW ENERGY

FINANCE, 2016). Paralelamente ao significativo aumento na demanda, as mudanças

climáticas e o esgotamento dos recursos fósseis geram preocupações adicionais para

o planejamento da matriz energética mundial das próximas décadas.

A queima do carvão teve importância histórica no desenvolvimento científico e social

da população mundial. Até hoje em dia, carvão e outros combustíveis fósseis, fontes

de estoque, são extensamente utilizados como fonte de energia, devido ao alto poder

calorífico de tais combustíveis e também da abundância desses recursos no planeta

(LOUZADA, 2016). Entretanto, a exploração extensiva de tais recursos já traz impactos

ambientais e tem levado à redução das reservas de combustíveis (LOUZADA, 2016).

Tais preocupações impulsionaram pesquisas e o desenvolvimento de diferentes

tecnologias que visam à produção de energia gerando menos impacto ao nosso meio

ambiente. As fontes de energia renováveis se diversificam entre hidrelétrica, eólica,

solar, geotérmica, oceânica e biomassa. Dentre elas a mais desenvolvida e explorada

atualmente é a hidrelétrica, responsável por 64% da matriz energética brasileira

(ANEEL, 2018) e por 6,9% da energia consumida mundialmente (BP COMPANY, 2017).

A figura 1 ilustra a distribuição de fontes de energia mundialmente. Percebe-se que

as fontes renováveis são uma parcela ainda pequena da produção mundial, enquanto

os combustíveis fósseis ainda dominam a produção energética mundial. Entretanto o

atual cenário já vem se alterando desde os últimos anos, com o papel das energias

renováveis se firmando cada vez mais na matriz energética global.

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Figura 1: Fonte de energia primária na matriz energética mundial

Fonte: BP COMPANY (2017)

Em relação à geração de energia solar, foco desse trabalho, nos dez anos entre 2005

e 2014, a capacidade fotovoltaica mundial já havia subido de 5 GWp para 179 GWp

(EPIA, 2014), como demonstrado na figura 2. Em 2015, com a celebração do Acordo

de Paris na 21ª Conferência das Partes (COP-21) em 2015, organizada pelas Nações

Unidas, a geração de energia por fontes renováveis foi estabelecida como prioridade

e levou diversos países a assumirem o compromisso em contribuir na transformação

da matriz energética local, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e

consequentemente o impacto ambiental com a geração de energia.

Figura 2: Evolução da capacidade fotovoltaica mundial

Fonte: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (2014a)

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Em relação à energia solar, estima-se ainda que o custo de geração por tal fonte será

reduzido em 66% e tal indústria receberá investimentos de US$ 2,8 trilhões,

correspondendo a um crescimento médio anual de 2,3% até 2040 (BLOOMBERG NEW

ENERGY FINANCE, 2016). Tais estatísticas apontam para um crescimento exponencial

ainda mais acentuado e ao compromisso na descarbonização da matriz energética em

escala global.

O Brasil, por sua vez, assumiu no Acordo de Paris a responsabilidade de reduzir a

emissão de gases de efeito estufa em 43% até 2030, comparando aos níveis de 2005

(NAÇÕES UNIDAS, 2015). Tal compromisso se torna possível com a atual expansão na

participação da energia renovável na matriz energética brasileira, devido ao

desenvolvimento tecnológico e a incentivos governamentais que reduzem tarifas

sobre a produção de energia limpa e aumentam a competitividade econômica de tais

projetos sustentáveis. A figura 3 ilustra a composição da matriz energética brasileira

atual e destaca a grandiosidade da geração hidrelétrica e também a relativamente

alta participação da energia eólica, diferentemente da energia solar, ainda pouco

participativa na matriz energética brasileira.

Figura 3: Contribuição na geração de energia elétrica da matriz brasileira por tipo em 2018

Fonte: ANEEL (2018)

Entretanto, em relação a novos projetos, a figura 4 aponta uma significante parcela

de novos empreendimentos relacionados à geração de energia renovável eólica e

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solar. Os projetos relacionados à geração de energia solar em andamento somam

uma potência outorgada de 694 MW, resultando num total de 1,7 GW provenientes

de fontes solares na matriz energética brasileira na conclusão de tais projetos (ANEEL,

2018).

Figura 4: Parcelas de potência outorgada referente a projetos de geração de energia em fase de

construção ou planejamento em 2018

Fonte: ANEEL (2018)

A grande extensão do território brasileiro e alta incidência solar em algumas regiões

propiciam a exploração do recurso solar no solo brasileiro. As possibilidades de

geração vão além das vinculadas às linhas de transmissão (On Grid); inclusive locais

mais isolados podem se beneficiar da geração de energia solar através de plantas

locais, não conectadas a redes de transmissão (Off Grid). A figura 7 ilustra a média

anual da irradiação solar direta normal. Observa-se que o território brasileiro goza de

uma extensa área com nível de irradiação média superior à 5 kWh/m², inclusive a

região de Armação de Búzios, no sudeste brasileiro.

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Figura 5: Mapa de irradiação solar direta média brasileira

Fonte: EPE (2016)

O extenso território brasileiro se localiza numa região com incidência solar favorável,

com pouca variação na incidência solar ao decorrer do ano e verticalidade dos raios

solares incididos em sua superfície na maioria do país, principalmente nas regiões

próximas à linha do equador. Além disso, regulamentações favorecendo a micro e

minigeração viabilizam a energia solar no cenário brasileiro.

A micro e minigeração têm papéis fundamentais em tal expansão na produção de

energia solar. Seguindo a linha desses modelos de geração, os condomínios solares se

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baseiam na geração de energia solar compartilhada. Dessa forma pessoas físicas e

jurídicas se beneficiam da redução das contas e energia mensal e contribuem para a

limpeza da matriz energética. O tópico 2.2. abordará o conceito mais a fundo, seu

funcionamento e regulações referentes à geração solar compartilhada.

Levando em conta o longo prazo, com os atuais estímulos regulatórios e redução dos

custos decorrentes dos avanços tecnológicos, os painéis solares serão responsáveis

por 20% da geração de energia na matriz energética brasileira até 2040 (BLOOMBERG

NEW ENERGY FINANCE, 2016).

Tendo em vista o novo direcionamento da indústria de geração de energia para um

caminho mais sustentável, reduzindo cada vez mais a participação dos combustíveis

fósseis e aumentando a das fontes renováveis, a energia solar se demonstra como

uma alternativa de extrema importância para o presente e futuro da matriz

energética mundial. De forma a possibilitar uma expansão ainda mais intensa da

produção de energia solar através de painéis fotovoltaicos, condomínios solares vêm

sendo criados ao redor do mundo e no Brasil.

1.2. Objetivo

Entendendo esse cenário e buscando estar à frente nas novas oportunidades no

contexto de geração de energia renovável, este trabalho tem como objetivo fazer um

estudo prático de como esse conceito de geração de energia solar compartilhada

pode ser aplicado no contexto brasileiro. Dessa forma, como base para esse estudo

de caso, será dimensionado um campo de geração solar compartilhada com o

objetivo de atender quatro pousadas de médio porte no município de Armação de

Búzios, no estado do Rio de Janeiro.

Primeiramente será feito um estudo técnico do sistema de geração compartilhada,

dimensionando os painéis fotovoltaicos para a geração de energia e os demais

componentes auxiliares que constituem a construção de um condomínio solar. E

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então, de forma a avaliar se o estudo técnico é de fato viável no ponto de vista

econômico e regulatório, serão feitas análises dos custos atrelados à implementação

do sistema e dos benefícios regulatórios da geração solar para, por fim, analisar a

viabilidade econômica do projeto.

1.3. Estrutura do Trabalho

Após a introdução sobre o contexto mundial da geração de energia renovável no

presente capítulo, o trabalho se organiza da seguinte forma:

O capítulo 2 traz uma introdução sobre a energia fotovoltaica, explicando sobre

radiação solar e como a mesma pode ser aproveitada para a geração de energia

através do efeito fotovoltaico e das células fotovoltaicas. Além disso, o capítulo 2

explica mais a fundo sobre os condomínios solares, definindo e abordando o histórico

da geração compartilhada, seus componentes e regulamentações que os viabilizam.

No capítulo 3 será detalhada a metodologia do projeto, descrevendo e explicando o

software System Advisor Model que será utilizado na simulação do potencial de

geração dos condomínios solares, ou seja, da avaliação técnica e também econômica.

No capítulo 4, após a introdução de todos os conceitos e do funcionamento do

software, será desenvolvido o estudo de caso foco desse trabalho, o projeto de um

condomínio solar no município de Armação de Búzios.

No capítulo 5 os resultados serão analisados. As simulações, dimensionamentos

técnicos e modelagens financeiras serão apresentadas para basear a conclusão do

projeto.

Por fim, o capítulo 6 resumirá todo o escopo do trabalho e discutirá a viabilidade real

da implementação do condomínio solar no município de Armação de Búzios.

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2. Capítulo 2: Revisão Bibliográfica

2.1. Energia Solar Fotovoltaica

Mesmo com a descoberta do efeito fotovoltaico por Becquerel em 1839, demorou

mais de 100 anos para o nível de tecnologia se tornar suficiente para o

aproveitamento da energia solar através desse efeito com os painéis solares. Em

1945 Nix e Treptow haviam desenvolvido células de Sulfeto de Tálio com somente 1%

de eficiência, até então a maior eficiência possível para tais painéis, o que

evidentemente não viabilizava ainda o aproveitamento da energia solar (LOUZADA,

2016).

Entretanto já na década de 50, com a corrida espacial, após o lançamento do primeiro

satélite na órbita da Terra pela antiga União Soviética, o Sputnik 1, a NASA lançou em

1958 o primeiro satélite a usar a tecnologia de painéis fotovoltaicos, o Vanguard 1

(NATIONAL AERONAUTICS AND SPACIAL ADMINISTRATION, 2017). A então começada

corrida espacial foi definitivamente um marco para a geração de energia solar.

Em 1970 a crise do petróleo viabilizou a geração de energia por fontes alternativas

como a fotovoltaica e alertou as grandes petrolíferas que o futuro dependeria ainda

mais das fontes de energia renováveis, como a energia solar. Dessa forma grandes

petrolíferas como a Exxon, Mobil (após a fusão como uma única empresa,

ExxonMobil Corporation), Shell, BP e empresas de tecnologia como a General Electric

e IBM, criaram departamentos que investiam e pesquisavam especificamente sobre a

geração de energia solar através dos painéis fotovoltaicos (NEW SCIENTIST, 1979).

Já no final da década de 1990, alguns países, principalmente na Europa, Japão e

Estados Unidos da América, lançaram programas de estímulo à geração fotovoltaica

que incluíam por vezes estímulos tarifários (BREYER et al., 2013). Desde então a

participação da energia solar vem se aumentando exponencialmente na matriz

energética mundial, com perspectivas de crescimento médio anual mundial de 2,3% e

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participação em 20% da matriz energética brasileira até 2040 (BLOOMBERG NEW

ENERGY FINANCE, 2016).

2.1.1. Recurso Solar

Levando em conta o consumo mundial de energia e a escala humana de tempo,

pode-se afirmar que a energia solar é uma fonte energética praticamente inesgotável

(KOPP, 2016). Proveniente da fusão solar no seu núcleo, uma mistura de gases

transforma o Hidrogênio em Hélio liberando uma enorme quantidade de energia

fundamental para a vida terrestre. A intensidade da radiação solar gerada por tal

processo de conversão atômica diminui proporcionalmente ao inverso do quadrado

da distância entre os dois corpos (RIBEIRO, 2015). No caso da Terra, de toda energia

que chega ao planeta apenas metade atinge a superfície, mas ainda sim essa

quantidade de energia corresponde a 885 milhões de TWh por ano (INTERNATIONAL

ENERGY AGENCY, 2014b), enquanto o consumo mundial esteve em torno de 21 mil

TWh no ano de 2016 (ENERDATA, 2017). Mesmo descontando a energia necessária

para a manutenção da vida na Terra, o potencial energético é imenso e reforça a

classificação da energia solar como renovável.

A energia solar é transmitida como radiação eletromagnética emitida radialmente e

propagada através de ondas de diferentes frequências e comprimentos,

correspondente ao espectro solar (DIAS, 2017). Dentre os diferentes comprimentos

de onda no espectro solar, 99% da radiação solar ocorre no intervalo entre 300 nm e

1000 nm, abrangendo inclusive o espectro de luz visível (DIAS, 2017).

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Figura 6: Espectro de radiação solar por comprimento de onda

Fonte: Adaptado de AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (2018)

Devido aos movimentos de rotação, translação e à inclinação da Terra, o recurso solar

varia ao longo do dia, do ano e também de acordo com a localização geográfica na

Terra. As variações são mais intensas nas regiões polares e mais constante nas

regiões próximas à linha do equador. Além disso, outros fenômenos climáticos como

a distribuição e formação das nuvens acentuam a variação de incidência solar no ano.

Figura 7: Variações sazonais

Fonte: Adaptado de THE BRITISH GEOGRAPHER (2018)

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O eixo de rotação terrestre faz um ângulo que varia entre -23,45° e 23,45° no ano

com o plano da elipse de rotação terrestre (RIBEIRO, 2015). Tal ângulo é chamado de

declinação solar (𝛿) e pode ser expresso pela relação:

𝛿=− 23,45 x 𝑠𝑒𝑛 [360/365 x (284+𝑁)]

Onde N é o número do dia no ano, a partir de 1° de janeiro.

Figura 8: Variação da declinação solar com base nos solstícios do hemisfério norte

Fonte: Adaptado de ITACA (2018)

As variações no ângulo de declinação solar determinam as estações do ano e,

portanto, a variação na incidência solar na Terra numa dada região geográfica. Indo

além das estações do ano, outros dois ângulos determinam a localização do sol no

espaço: o azimute solar (φ) e a altura solar (β). O azimute é definido como o ângulo

entre a projeção dos raios solares no plano horizontal e o eixo norte-sul, a partir do

sul, variando entre -180° e 180°, sendo negativo a oeste do sul. O ângulo entre o raio

solar e a projeção no plano horizontal é dado pela altura solar que varia entre 0° e

90°. Quanto mais próximo à linha do equador mais próximo de 90° é a altura solar,

portanto mais intensa é a irradiação solar. O ângulo formado entre a vertical e os

raios de sol é chamado de zenital solar 𝜃𝑧 e é complementar à altura solar

(KALOGIROU, 2009).

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Figura 9: Formação de ângulos com a trajetória relativa do sol

Fonte: ASME (2012)

Ao incidir na Terra a radiação solar sofre também uma perda de intensidade devido à

absorção parcial pelas moléculas que compõem o ar, ozônio, vapor d’água, gás

carbônico e poluentes gerados pelo homem. Essa interação gera uma difusividade da

radiação solar e também reflexão de parte da radiação (PETTI, 2004). Além disso, a

outra componente da radiação solar é a irradiação direta, que não sofre difusão nem

reflexão e corresponde a até 90% da radiação que chega à Terra num dia sem nuvens,

enquanto em áreas com muita nebulosidade ou muita poluição atmosférica a parcela

da radiação difusa é maior que a radiação direta (SEN, 2008).

O coeficiente de Turbidez Linke (TL), por sua vez, quantifica os efeitos gerados pela

composição da atmosfera que reduzem a radiação direta a atingir a superfície

terrestre (INMAN; PEDRO; COIMBRA, 2013). E para mensurar a espessura da camada

atmosférica percorrida pela radiação solar até o local de incidência da radiação criou-

se um coeficiente chamado de Massa de Ar (AM). O comprimento dessa espessura

varia de acordo com o ângulo zenital, tendo o valor de 1, quando 𝜃𝑧=0° e 2, quando

𝜃𝑧=60° (DIAS, 2017).

A massa de ar AM = 1,5 (𝜃𝑧=48,5°) tornou-se padrão para o estudo e a análise de

sistemas fotovoltaicos e é utilizada na maioria dos catálogos de fabricantes de painéis

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fotovoltaicos, principalmente por ser um valor médio para o comportamento da

radiação solar ao longo do ano em países do hemisfério norte, onde a tecnologia

fotovoltaica foi inicialmente desenvolvida (KALOGIROU, 2009).

2.1.2. Efeito Fotovoltaico

O efeito fotovoltaico consiste na geração de uma diferença de potencial em materiais

semicondutores através da excitação elétrica gerada pela exposição a fótons (ZILLES,

2016).

A característica do material semicondutor que o torna apropriado para a geração de

energia solar é a presença de bandas de energia com diferentes concentrações de

elétrons, gerando uma grande diferença de nível energético (bandgap) entre as

camadas de energia. Esse bandgap se localiza entre as bandas de valência e de

condução e a banda proibida, conhecida também como banda vazia ou gap. Os

elétrons na banda de valência são capazes de efetuar ligações químicas com elétrons

de outros átomos e migrar para a banda de condução (com nível energético mais

elevado) quando expostos a fótons com energia superior à diferença de energia entre

essas bandas (DIAS, 2017).

Entretanto a migração dos elétrons no material semicondutor por si só é

consideravelmente baixa, se fazendo necessária a adição de impurezas químicas,

processo conhecido como dopagem do semicondutor. Atualmente o semicondutor

mais utilizado e abundante na Terra é o silício, que possui quatro elétrons na camada

de valência (EPE, 2016).

Átomos de fósforo possuem cinco elétrons em sua camada de valência e, ao adicionar

esses átomos ao semicondutor, obtém-se um material com elétrons livres que com

pouca energia podem ser liberados para a banda de condução. Assim, denomina-se o

fósforo como dopante de carga negativa tipo n. Por outro lado, se for adicionado um

elemento químico com três elétrons na camada de valência haverá ainda assim um

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elétron livre para cada átomo do dopante, que pode ser facilmente migrado com

exposição aos fótons. O boro é o elemento químico mais usado para tal aplicação e o

tipo de dopante é denominado dopante p.

Para a fabricação das células fotovoltaicas são necessárias duas camadas do material

semicondutor, cada uma com um tipo de dopante, resultando numa junção pn.

Somente assim pode-se gerar um campo elétrico, pois quando um elétron migra para

a região p, essa região fica carregada negativamente, enquanto a região n fica

carregada positivamente. E a partir daí que a importância dos fótons incidentes se

evidencia, pois com os fótons da radiação solar o campo elétrico é continuamente

restabelecido com a aceleração das cargas do campo elétrico, impedindo a

estabilização elétrica (ZILLES, 2016).

Figura 10: Estrutura de uma célula fotovoltaica

Fonte: FOTOVOLTEC (2018)

2.1.3. Células Fotovoltaicas

Dentre os diferentes modelos de células fotovoltaicas, os mais comuns são os

fabricados com Silício, conhecidos como painéis de primeira geração e os de filmes

finos, de segunda geração (LOUZADA, 2016). Abaixo serão apresentados os painéis

assim como suas vantagens e eficiências.

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a. Silício Monocristalino (m-Si)

A célula de silício monocristalino é obtida por um procedimento de banho, usinagem,

corte de lâminas, lapidação, ataque químico, polimento e dopagem de um

monocristal com silício fundido de alta pureza (ESTUDOS, 2012).

As células de silício monocristalino possuem aparência uniforme, com coloração azul

ou preta. Sua estrutura homogênea é composta de Silício com um grau de pureza da

ordem de 99,999999% para os painéis mais eficientes (BEIGELMAN, 2013). O elevado

grau de pureza para a fabricação dos painéis resulta em um custo elevado, entretanto

é o tipo de painel mais usado comercialmente, devido principalmente à maior

eficiência quando comparado a outros painéis. Em laboratório são atingidas

eficiências de até 22,9%, enquanto em aplicações comerciais entre 17 e 21,5%

(FRAUNHOFER ISE, 2015).

b. Silício Policristalino (p-Si)

São provenientes da fusão de silício puro resfriado em moldes especiais. Ao

solidificarem-se, os átomos formam uma estrutura policristalina com superfícies de

separação entre os cristais (NASCIMENTO, 2004). A maior simplicidade do processo

de produção e menor custo energético para o mesmo levam a um custo de fabricação

menor que o das células de silício monocristalinas. Entretanto, a maior simplicidade

tem um custo na eficiência, que varia entre 14 e 17% para aplicações comerciais

(FRAUNHOFER ISE, 2015).

c. Filmes Finos

As células de filme fino consistem em camadas de materiais semicondutores

depositados sobre um substrato isolante, como vidro ou plástico flexível. A menor

espessura das células de filme fino e sua consequente flexibilidade permitem

aplicações diversas da energia fotovoltaica (EPE, 2016). Outras vantagens são o

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melhor aproveitamento em baixos níveis de irradiância e sob radiação solar difusa e a

menor perda de rendimento na geração pela elevação de temperatura (VILLALVA;

GAZOLI, 2012).

A principal desvantagem dos filmes finos é sua menor eficiência em relação aos

módulos de silício cristalino e uma taxa de degradação anual dos painéis mais elevada

(DIAS, 2017).

As células de silício amorfo (a-Si) são um tipo de células de filmes finos. O processo de

produção é mais simples e possibilita a produção de grandes células. O silício amorfo

não apresenta formação cristalina e seus átomos se encontram desordenados, com

imperfeições estruturais e de ligação, portanto com eficiências ainda menores que as

do silício policristalino, entre 4 e 8% para aplicações comerciais (FRAUNHOFER ISE,

2015).

Outros tipos de filmes finos são as células de Telureto de Cádmio (CdTe), com

eficiência comerciais entre 10,0 e 16,3% e de Disseleneto de cobre-índio-gálio (CIGS),

com eficiência comercial entre 12,0 e 14,7% (EPE, 2016).

Figura 11: Painéis fotovoltaicos tipo monocristalino, policristalino e filmes finos, respectivamente

Fonte: SUNFLOWER RENEWABLE ENERGY (2018)

2.1.4. Módulos Fotovoltaicos

Os painéis fotovoltaicos também podem ser chamados de módulos fotovoltaicos e

consistem num conjunto de células fotovoltaicas organizadas em arranjos em série,

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em paralelo ou em ambos os arranjos. Resultam de tais arranjos a tensão e a corrente

necessárias para atender a uma determinada demanda energética de um projeto.

2.1.4.1. Arranjos em Série

No arranjo em série o terminal positivo de um módulo fotovoltaico é conectado ao

terminal negativo de outro módulo. Tal arranjo resulta no somatório das tensões de

cada módulo enquanto a corrente se mantém a mesma por todo o arranjo.

Figura 12: Curvas I x V da associação em série de módulos fotovoltaicos

Fonte: ALONSO (2016)

2.1.4.2. Arranjos em Paralelo

No caso do arranjo em paralelo os terminais negativos são conectados entre si e os

positivos também. Com esse arranjo a voltagem permanece a mesma da de um

módulo único enquanto as correntes elétricas são somadas.

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Figura 13: Curvas I x V da associação em paralelo de módulos fotovoltaicos

Fonte: ALONSO (2016)

2.1.4.3. Tensão de Circuito Aberto, Corrente de Curto Circuito e Potência

Máxima

A tensão de circuito aberto (Voc) é definida como a tensão do módulo fotovoltaico

quando não há corrente no sistema, sendo a maior tensão que o módulo pode

produzir. A corrente de Curto Circuito Isc tem um conceito semelhante à tensão de

circuito aberto e se refere à maior corrente que o sistema produz, sendo medida

quando não há tensão no sistema. Com os dados de voltagem e corrente do sistema

pode-se chegar à potência do sistema, normalmente dada em Watts-pico (Wp).

A potência máxima do sistema (Pmp) é medida no ponto de inflexão da curva I x V,

visto que a potência, dada pela equação abaixo, é o produto de I com V. Dessa forma

tem-se a maior área do retângulo no ponto de inflexão do gráfico.

Pmp = Imp × Vmp

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Figura 14: Ponto de máxima potência de um módulo fotovoltaico

Fonte: ORMONDE (2015)

2.1.4.4. Fator de Forma

Uma medida da aproximação da curva I x V com o retângulo da tensão de máxima

potência é dada pelo Fator de Forma. Seu cálculo é a razão entre o produto da tensão

com a corrente de máxima potência e o produto da tensão de circuito aberto com a

corrente de curto circuito. A equação que define a razão é dada abaixo:

FF =VMP × IMP

Voc × Isc

2.1.4.5. Eficiência

Outra medida importante dos módulos fotovoltaicos é a eficiência (η). Dada pela

razão entre a potência máxima e o produto da área com a irradiância solar incidente

no módulo (G), a eficiência determina quanto da radiação solar é transformado em

energia elétrica pelos painéis.

η =Pmp

Área × G

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2.1.4.6. Influência dos Níveis de Irradiância

Como apresentado no capítulo 2.1.1 sobre recurso solar, fatores geográficos e

meteorológicos influenciam diretamente na intensidade da irradiância e níveis

diferentes de irradiância influenciam diretamente na potência resultante do sistema

fotovoltaico. A figura 15 ilustra diferentes níveis de corrente para diferentes níveis de

intensidades luminosas.

Figura 15: Efeito da variação da irradiância de um módulo fotovoltaico a 25°C

Fonte: RIBEIRO (2015)

2.1.4.7. Influência da Temperatura

Quanto à temperatura da célula, a tensão do módulo fotovoltaico é inversamente

proporcional à temperatura. Dessa forma, um aumento na temperatura resulta numa

redução na potência de saída do módulo fotovoltaico.

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Figura 16: Efeito da variação da temperatura de um módulo fotovoltaico quando exposto à irradiação

de 1kW/m²

Fonte: RIBEIRO (2015)

2.1.5. Inversores

Os módulos fotovoltaicos transformam energia solar em energia elétrica em corrente

contínua. Entretanto para conexão com a rede elétrica deve-se converter essa

corrente em corrente alternada. Para isso é necessária a aplicação de inversores de

corrente na saída dos módulos, para alimentação da rede.

Além da conversão de corrente os inversores têm papel de proteção contra curto

circuitos na saída, contra tensões atmosféricas, contra tensões e frequências fora da

faixa de operação e contra a inversão de polaridade (LOUZADA, 2016).

Existem dois tipos de inversores: de rede e autônomos. Os de rede são conhecidos

também como Grid-Tie ou Grid-Connected e é o tipo aplicado a sistemas de geração

solar compartilhada, foco desse projeto. Os inversores autônomos funcionam ligados

a um banco de baterias, onde a energia produzida pelos módulos fotovoltaicos é

armazenada (SILVA, 2015).

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2.1.6. Configuração dos Módulos Fotovoltaicos

A configuração híbrida dos módulos em série e em paralelo é determinante para a

determinação da tensão de trabalho do inversor . Dessa forma é preciso levar em

conta o número mínimo e o número máximo de painéis que podem ser ligados em

série e de fileiras ligadas em paralelo para chegar à configuração ideal dos painéis.

O número máximo de módulos que o inversor pode suportar (𝑁𝑚á𝑥) é obtido

dividindo a potência máxima de entrada (𝑊𝑚á𝑥𝑒) pela potência de pico do painel com

perdas (𝑊𝑝𝑓).

𝑁𝑚á𝑥 =𝑊𝑚á𝑥𝑒

𝑊𝑝𝑓

O número mínimo de módulos em série (𝑁𝑚𝑖𝑛𝑠) é obtido dividindo a tensão mínima

necessária para o funcionamento do inversor (𝑉𝑚í𝑛) pela tensão máxima do módulo

na maior temperatura admitida como a máxima temperatura do painel em operação

(𝑉𝑚á𝑥𝑇).

𝑁𝑚í𝑛𝑠 =𝑉𝑚í𝑛

𝑉𝑚á𝑥𝑇

A tensão máxima do módulo na máxima temperatura de operação é obtida pela

relação entre o coeficiente de temperatura do painel (𝛥𝑉), determinado pelo

fabricante do painel e expresso em (%/ °𝐶) ou (𝑚𝑉/ °𝐶), e a tensão máxima do

módulo à temperatura padrão de 25 °C (𝑉𝑚á𝑥𝑇𝑃), conforme abaixo (CARNEIRO, 2009):

𝑉𝑚á𝑥𝑇 = 𝑉𝑚á𝑥𝑇𝑃 +35 𝑥 𝛥𝑉

1000

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O número máximo de módulos em série (𝑁𝑚á𝑥𝑠) é obtido dividindo a tensão máxima

suportada pelo inversor (𝑉𝑚á𝑥) pela tensão de circuito aberto do módulo na menor

temperatura admitida como a mínima temperatura do painel em operação (𝑉𝑐𝑎 𝑚í𝑛𝑇).

𝑁𝑚á𝑥𝑠 =𝑉𝑚á𝑥

𝑉𝑐𝑎 𝑚í𝑛𝑇

A tensão mínima do módulo na máxima temperatura de operação é obtida pela

relação entre o coeficiente de temperatura do painel (𝛥𝑉), determinado pelo

fabricante do painel e expresso em (%/ °𝐶) ou (𝑚𝑉/ °𝐶), e a tensão de circuito

aberto do módulo à temperatura padrão de 25 °C (𝑉𝑐𝑎𝑇𝑃), conforme abaixo

(CARNEIRO, 2009):

𝑉𝑚𝑐𝑎 𝑚í𝑛𝑇 = 𝑉𝑐𝑎𝑇𝑃 −35 𝑥 𝛥𝑉

1000

Chega-se então à tensão de trabalho (𝑈):

𝑈 = 𝑁𝑚á𝑥𝑠 𝑥 𝑉𝑐𝑎 𝑚í𝑛𝑇

Para se determinar o número máximo de painéis ligados em paralelo (𝑁𝑚á𝑥𝑝) faz-se

o quociente entre a corrente de entrada para o inversor (𝐼𝐹𝑉) e a corrente máxima de

um módulo (𝐼𝑚á𝑥), que corresponde à corrente atravessando cada fileira dos módulos

(CARNEIRO, 2009).

𝑁𝑚á𝑥𝑝 =𝐼𝐹𝑉

𝐼𝑚á𝑥

A corrente de entrada para o inversor corresponde à potência máxima DC do inversor

(𝑃𝑚á𝑥𝑖) sobre a tensão do inversor (𝑉𝑖).

𝐼𝐹𝑉 =𝑃𝑚á𝑥𝑖

𝑉𝑖

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Com o número de painéis em paralelo e a corrente máxima se obtém a corrente de

trabalho (𝐼𝑡).

𝐼𝑡 = 𝐼𝑚á𝑥 𝑥 𝑁𝑚á𝑥𝑝

Por fim, a potência do sistema fotovoltaico (𝑃𝐹𝑉) é obtida pelo produto entre a

tensão de trabalho e a corrente de trabalho.

𝑃𝐹𝑉 = 𝑈 𝑥 𝐼𝑡

2.1.7. Conexão na Rede Elétrica

Existem dois tipos de sistemas de geração solar fotovoltaica. O isolado, que não

possuem ligação com a rede, portanto é de uso local e pode ter energia armazenada

em baterias. Dessa forma é ideal para comunidades mais isoladas e com deficiência

de acesso a energia. São também denominados sistemas Off-Grid.

O sistema conectado a rede elétrica, ou On-Grid, injeta diretamente a energia na rede

elétrica, não havendo, portanto, necessidade de baterias ou armazenamento de

energia. É o sistema no qual se aplica o caso de geração de energia solar

compartilhada e também alguns casos de micro e minigeração.

2.2. Geração Solar Compartilhada

Como uma alternativa a geração de energia solar em propriedade privada, seja em

telhados ou em conexão direta ao solo, a geração solar compartilhada, também

conhecida como condomínio solar, reúne pessoas físicas ou jurídicas em uma mesma

área com o objetivo comum de gerar energia solar conjuntamente.

A Resolução Normativa 687/2015 da ANEEL definiu novas regras para a geração de

energia solar que viabiliza a geração compartilhada. Os modelos de geração, assim

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como seus componentes e a regulamentação a qual se referem serão discutidos mais

a fundo nesta seção.

2.2.1. Conceito de Geração Solar Compartilhada e Histórico Brasileiro

Tendo em vista o crescente incentivo e demanda pelas energias renováveis

mundialmente, a fonte de energia solar vem constantemente se desenvolvendo e se

expandindo na matriz energética brasileira. A produção de energia através de painéis

fotovoltaicos e a instalação de painéis solares em ambientes residenciais e comerciais

vêm se demonstrando cada vez mais viáveis.

Entretanto dois são os maiores entraves, sobretudo em cidades, para a adoção dos

painéis solares para indivíduos e empresas com condições de realizar tal

investimento. O primeiro seria o espaço geográfico para a instalação dos mesmos,

dado que edifícios dispõem normalmente de uma área disponível muito baixa, sem

contar o custo de área em cidades ser relativamente alto, o que diminui a

atratividade econômica para a instalação de painéis solares em algumas áreas.

O segundo entrave se relaciona diretamente com o primeiro: a discrepância na

intensidade solar incidente dentro das cidades. Num ambiente com as mais variadas

instalações, prédios e residências, é comum observar sombras ou áreas com

incidência solar somente num determinado período do dia. Tal uniformidade na

incidência solar em cidades resulta num menor potencial energético quando

comparado com uma área plana livre de obstruções.

Os condomínios solares surgem como uma oportunidade para viabilizar a produção

de energia solar também para aqueles que não possuem área para isso. O conceito

baseia-se na construção de um campo de painéis solares que podem ser loteados e se

localizarem distante do respectivo dono do lote. Dessa forma o nome “condomínio

solar” faz referência a uma área com diversos donos gerando energia solar

conjuntamente, mas não diretamente em sua residência ou local de trabalho (para as

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pessoas jurídicas). No Brasil, a distância limite para a instalação do condomínio é

ditada pelo limite do distribuidor de energia local. Portanto ao se produzir energia

através da geração compartilhada em uma região onde o distribuidor de energia é

diferente do distribuidor de energia da região de consumo ainda não é possível se

beneficiar da compensação de energia, entretanto diversas cidades possuem regiões

com campos ou grandes áreas disponíveis dentro do mesmo distribuidor de energia.

Quanto aos modelos de projetos, atualmente existem dois formatos de participação

na geração compartilhada: o primeiro modelo é baseado na aquisição dos lotes,

através da compra direta ou com financiamento do desenvolvedor do projeto;

enquanto o segundo é baseado no aluguel de um lote do condomínio solar de algum

proprietário ou do desenvolvedor do projeto. Em ambos os casos a capacidade

instalada tem como limite superior o consumo de energia do proprietário/locatário e

ambos se beneficiam também da geração de energia limpa (sustentavelmente e

economicamente) (COSOL, 2016).

No Brasil, a geração solar compartilhada está em fase inicial, com um grande

potencial a ser explorado ao benefício da matriz energética brasileira e do meio

ambiente. Dentre os projetos de geração compartilhada em andamento pode ser

citado o caso da Usina Solar Orquídeas da Bahia em Bom Jesus da Lapa, na Bahia,

com capacidade instalada estimada de 5 MW, planejada pela COSOL (COSOL, 2017).

O primeiro projeto de geração solar compartilhada foi construído em Tabuleiro do

Norte, no Ceará, e foi desenvolvido pela Enel Soluções para a rede de farmácias

Pague Menos e conta com uma área de 35 mil metros quadrados e 3.420 placas

solares instaladas gerando 1,06 MW durante o pico de produção, a rede de farmácias

Pague Menos investiu R$ 7 milhões no projeto de autoconsumo remoto que funciona

como um condomínio solar, entretanto, por ser o único proprietário, se beneficia

exclusivamente com uma economia mensal de 8% na conta de luz (ENEL SOLUÇÕES,

2016).

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Além da existência de projetos em andamento em diferentes estados, sobretudo no

Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste brasileiro, as projeções da ANEEL apontam o

crescimento exponencial pela demanda energética solar e microgerada em geral.

Estima-se um aumento no número de consumidores de energia proveniente da

microgeração em 230% entre 2017 e 2024 (ANEEL, 2017). Dessa forma torna-se

evidente o cenário oportuno para o desenvolvimento de projetos de geração solar

compartilhada.

Figura 17: Projeção de unidades consumidoras de microgeração por qualquer modalidade

Fonte: ANEEL (2017)

2.2.2. Funcionamento e Componentes

Primeiramente a energia solar é captada por painéis fotovoltaicos que transformam a

energia solar em elétrica de corrente contínua. Em seguida, a energia é convertida

em corrente alternada por inversores e é então distribuída para a rede elétrica local.

Paralelamente, a energia injetada na rede que corresponde ao lote de painéis solares

adquirido ou alugado é contabilizada por um medidor pela concessionária local e a

energia correspondente é então creditada na conta do usuário. Dessa forma o

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desconto na conta de luz será equivalente à energia gerada no mesmo período de

tempo (COSOL, 2016).

Figura 18: Esquema da geração solar compartilhada: geração, conversão, transmissão e compensação

Fonte: AUTOR (2018)

Portanto, para a construção de um condomínio solar além da mão de obra

especializada e área livre com incidência solar favorável, são necessários módulos

fotovoltaicos, inversores de corrente contínua para alternada, equipamentos

elétricos auxiliares, a rede de distribuição de energia e o medidor bi-direcional,

responsável por contabilizar os créditos de energia e compensar os pontos do

consumidor, junto à concessionária local.

2.2.3. Regulamentação Brasileira e Benefícios Fiscais

A Agência Nacional de Energia Elétrica é o órgão público vinculado ao Ministério de

Minas e Energia responsável por regular e fiscalizar todo o setor elétrico brasileiro.

Possui, portanto, um papel fundamental na regulamentação da geração de energia

solar compartilhada no Brasil.

A Resolução Normativa ANEEL n° 482/2012 entrou em vigor em 2012 e permitiu que

os consumidores pudessem gerar energia elétrica de fontes renováveis, como eólica e

solar, através da micro e minigeração além de permitir que empresas de energia solar

produzindo um máximo de 30 MW possam se beneficiar da redução de tarifas para a

utilização da transmissão e rede de distribuição e ainda fornecer o excedente para a

rede de distribuição elétrica local (ANEEL, 2012).

O sistema de compensação então possibilitado pela Resolução 482, e atualizado pela

Resolução 517, consiste no modelo de net metering, onde a energia gerada pela mini

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29

ou microgeração é injetada na rede elétrica para uso na matriz energética e no final

do mês a quantidade de energia consumida recebe um desconto igual à quantidade

de energia fornecida ao sistema nesse mês, considerando o mesmo valor da energia

(MIRANDA, 2013).

Em 2016, entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL n° 687/2015, que autoriza a

microgeração (até 75 kW) e minigeração (de 75 kW até 5 MW, ou até 3 MW para

fontes de energia hídricas) para qualquer fonte de energia renovável.

Posteriormente, a RN n° 786/2017 expandiu o conceito de minigeração para

produção de energia de 75 kW até 5MW para todas as fontes.

A RN ANEEL n° 687/2015 viabilizou também a geração de energia compartilhada,

através da instalação de condomínios solares (ANEEL, 2015). Dessa forma um campo

de produção de energia solar pode ser loteado e, portanto, ter diversos consorciados.

A RN ANEEL n° 687/2015 regulamentou a criação de créditos de energia para os

períodos nos quais a produção de energia venha a ser maior que o consumo. Nessa

forma de “empréstimo de energia” a concessionária local gera um crédito que será

abatido da conta de energia do consumidor quando a produção de energia for

inferior ao consumo por um período de até 60 meses (ANEEL, 2015). Assim, o

consumidor tem o benefício de compensar períodos de menor produção de energia

solar devido a condições climáticas por períodos de produção superior ao seu

consumo.

Sendo um grande avanço para a geração solar compartilhada no Brasil, a RN 687

define o conceito de geração compartilhada como “caracterizada pela reunião de

consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão, por meio de

consórcio ou cooperativa, composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade

consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das

unidades consumidoras nas quais a energia excedente será compensada” (ANEEL,

2015).

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Por fim, a ANEEL n° 687/2015 autoriza empreendimentos de geração compartilhada a

aderir também ao sistema de compensação de energia elétrica. Entretanto, proíbe o

aluguel dos lotes por unidade de energia elétrica, dessa forma, nos empreendimentos

que alugam lotes, o inquilino tem uma área no condomínio solar e a sua parcela de

energia gerada é correspondente à energia gerada naquela área num dado mês.

Dessa forma, comercializa-se uma área do condomínio solar, e não uma quantidade

de energia gerada.

Em 2001 foi publicado o Decreto 3827/01 que isenta os módulos fotovoltaicos do IPI

e ICMS (VARELLA; CAVALIERO; SILVA, 2008). No âmbito federal, a lei nº 13.169 isenta

de PIS e COFINS a geração distribuída em todo o território brasileiro (PRESIDÊNCIA DA

REPÚBLICA, 2015). No âmbito estadual, tem-se a isenção do ICMS sobre a energia

injetada na rede para 21 estados brasileiros e o distrito federal (MINISTÉRIO DE

MINAS E ENERGIA, 2016). E em muitos municípios do país a mini e microgeração de

energia da geração solar compartilhada traz reduções no IPTU e ITBI em cotas

variadas pelos municípios.

2.3. Cidades Inteligentes

Uma cidade inteligente conta com projetos de sustentabilidade e eficiência

energética para incentivar a geração de energia renovável e consequente redução da

emissão de CO2 e demais gases poluentes (LOPES, 2014), além de conscientizar o

consumidor como agente principal da gestão de energia e atuante em práticas que

beneficiem a sociedade e o meio ambiente (AMPLA, 2013a).

Tal conscientização engloba toda a cadeia energética, da produção e distribuição ao

consumo, com equipamentos que maximizam a eficiência energética e tecnologias de

monitoramento e gerenciamento de toda a cadeia energética, como medidores

inteligentes e sistemas de telecomunicação e controle.

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Armação de Búzios foi escolhida como a primeira cidade a ser desenvolvida como

uma cidade inteligente da América Latina. Alguns fatores importantes para essa

escolha foi o alto potencial de instalação de sistemas de geração distribuída de fontes

renováveis, sua pequena extensão territorial, a preocupação da cidade em

preservação ambiental e o fato de ser uma cidade turística com visibilidade

internacional (AMPLA, 2013a). Projetos de geração solar compartilhada impulsionam

o desenvolvimento de cidades inteligentes, sendo o principal motivo de escolha da

cidade de Armação de Búzios para o estudo de caso analisado.

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3. Capítulo 3: Metodologia

3.1. Procedimentos Metodológicos

A partir da revisão dos conceitos técnicos será estipulada a demanda média anual

para as quatro pousadas e os painéis e os inversores ideais em termos de custo e

eficiência.

Para a simulação serão utilizados dados de observação do pátio de geração

fotovoltaica do Instituto Federal Fluminense, campus Cabo Frio com investimentos de

P&D da ENEL e recursos oriundos da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL,

através do do Edital n° 13/2012, intitulado “Arranjos técnicos e comerciais para

inserção da geração de energia solar fotovoltaica na matriz energética brasileira”.

Tendo todas as entradas necessárias, a simulação retornará a disposição ideal dos

painéis e o fluxo de geração de energia do sistema para os próximos 25 anos.

Com tais dados técnicos, serão estimadas a evolução do preço de energia para a

modalidade tarifária na qual as pousadas se encaixam, assim como as premissas

econômicas que nos permitem chegar a um intervalo esperado da taxa de retorno e

por fim métricas financeiras como o Valor Presente Líquido, o Payback e a taxa

interna de retorno do projeto, fazendo uma comparação com o caso do condomínio

solar financiado com dívida, além do capital próprio do construtor.

A partir de tais métricas será feita uma análise final de modelo de concessão de um

condomínio solar com tarifas atrativas tanto para o construtor do condomínio quanto

para os proprietários das pousadas, consumidores finais da energia produzida de

forma compartilhada.

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3.2. System Advisor Model (SAM)

O SAM é um software de simulação técnica e financeira de modelos de planta de

geração de energia renovável desenvolvido pelo National Renewable Energy

Laboratory (NREL), um laboratório do Departamento de Energia dos Estados Unidos

(DOE).

O primeiro passo para se iniciar um projeto utilizando o SAM é escolher o tipo de

planta e o modelo financeiro desejados. Após isso, o SAM requer um arquivo com

dados climatológicos em base horária e a entrada de parâmetros técnicos e de

configuração da planta que variam entre o tipo de planta escolhida. Embora existam

alguns modelos para avaliação técnico e financeira da geração solar compartilhada no

SAM, esses são muito focados nos modelos americanos, que apresentam condições

fiscais muito diferentes das do mercado brasileiro. Por isso, foi selecionado o modelo

fotovoltaico detalhado para modelo residencial no SAM para modelagem do

potencial de geração solar fotovoltaica e como suporte à escolha da disposição ótima

dos painéis e inversores, enquanto a análise financeira foi feita manualmente a partir

dos resultados colhidos da análise técnica e estudo dos custos e parâmetros

financeiros.

3.3. Avaliação Técnico-Econômica

A simulação no SAM terá como resultado todo o potencial de geração solar ao longo

dos próximos 25 anos, tendo como premissa que esse é o tempo de vida útil dos

painéis solares, dessa forma pode-se analisar a viabilidade técnica do projeto em

atender a demanda de energia das pousadas.

Para analisar a viabilidade econômica são levados em conta os seguintes critérios de

avaliação de investimentos de capital: Valor Presente Líquido, Taxa Interna de

Retorno e Pay-back.

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Valor Presente Líquido

O método do Valor Presente Líquido (VPL) mensura o impacto de todos os fluxos de

caixa em um tempo pré-determinado do investimento (vida útil) em um valor

presente levando em conta um custo do capital investido, ou taxa de desconto

(SAMANEZ, C. P., 2010). Alternativas que tenham valor presente positivo indicam que

o retorno dos fluxos de caixa futuros excede o retorno dos fluxos de caixa do

investimento inicial aplicado ao custo de capital, sendo portanto um investimento

viável financeiramente.

𝑉𝑃𝐿 = −𝐹𝐶𝑜 + ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑘)𝑛

𝑛

𝑡=1

Onde 𝐹𝐶𝑜 refere-se ao investimento inicial, 𝑘 ao custo de capital, 𝑛 ao número de

períodos e 𝐹𝐶𝑡 aos fluxos de caixas desses períodos.

Taxa Interna de Retorno

O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) mensura a rentabilidade absoluta a um

dado custo de capital (SAMANEZ, C. P., 2010). A TIR indica a taxa intrínseca do

rendimento de um certo investimento, no qual o Valor Presente Líquido seja igual a

zero. Um investimento é atrativo quando a sua TIR é maior que o custo de capital.

𝑉𝑃𝐿 = −𝐹𝐶𝑜 + ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛

𝑛

𝑡=1

= 0

Pay-back

O pay-back é a medida do tempo necessário (𝑇) para se ter o retorno do

investimento inicial despendido com um dado investimento (SAMANEZ, C. P., 2010),

conforme fórmula abaixo.

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35

𝐹𝐶𝑜 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑘)𝑛

𝑇

𝑡=1

Taxa de Desconto

A taxa de desconto é o custo do capital despendido em um investimento (PÓVOA, A.,

2012). Essa taxa é calculada como o custo médio ponderado de capital (Weighted

Average Capital Cost – WACC), mensurado por uma média ponderada do custo de

capital próprio com custo de dívida (financiamento).

𝑊𝐴𝐶𝐶 = %𝐸 . 𝐾𝑒 + %𝐷 . 𝐾𝑑 . (1 − 𝑇)

Onde WACC é a taxa de desconto, %𝐸 a parcela de capital próprio no investimento,

%𝐷 a parcela de dívida do investimento, 𝑇 é a vantagem tributária resultante da

razão entre a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usado como referência de custo

básico para financiamentos do BNDES, e o custo sobre capital próprio, 𝐾𝑒 é o custo

de capital próprio e 𝐾𝑑 é o custo da dívida.

𝐾𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽 . 𝑅𝑝

O custo de capital próprio é dado pela soma da taxa livre de risco (𝑅𝑓) com o retorno

mínimo esperado para compensar o risco do investimento (𝛽 . 𝑅𝑝) (PÓVOA, A, 2012).

Esse retorno adicional é o produto entre o coeficiente 𝛽 que representa a

sensibilidade do investimento à influência de fatores macro, associados

principalmente ao mercado de energia brasileiro, e o prêmio de risco do mercado. O

custo da dívida é o custo do crédito tomado no financiamento.

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4. Capítulo 4: Estudo de Caso: Condomínio Solar

4.1. Descrição da Localidade

Armação de Búzios é um localizado no estado do Rio de Janeiro, pertencente à Região

dos Lagos, também chamada de Costa do Sol, com área total de 70,7 km² e população

de 32,2 mil pessoas (IBGE, 2017). É uma cidade onde as atividades econômicas giram

ao redor do turismo, principalmente pelas suas belezas naturais reconhecidas

mundialmente, com muitos hotéis e pousadas espalhadas pelo munícipio.

Búzios foi escolhida para ser a primeira cidade inteligente da América Latina, se

beneficiando da conscientização de sustentabilidade da cidade, impulsionando assim

o desenvolvimento de novos projetos de geração de energia renovável. Dessa forma

se demonstra como um cenário propício para a implantação de projetos de geração

solar compartilhada.

Devido à maior valorização dos terrenos na cidade de Búzios quando comparado com

outras cidades na área de concessão da distribuidora de energia, foi utilizada a cidade

de Itaboraí como base para busca de terreno para o projeto. A figura 19 ilustra os

municípios de concessão da ENEL Distribuição ao redor da Região dos Lagos, com

destaque para o município de Armação de Búzios, localização das pousadas desse

estudo de caso.

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Figura 19: Mapa de Búzios com destaque de área para potencial construção do condomínio solar

Fonte: Adaptado de GOOGLE MAPS (2018)

4.1.1. Pousadas e Demanda Energética

Por ser uma cidade com enfoque em turismo, Búzios conta com uma ampla rede de

hotéis e pousadas em diversos portes. Foram considerados os diferentes tamanhos

das instalações hoteleiras em três diferentes categorias, de acordo com a

categorização proposta por Lopes (2014): pequeno porte, com até 20 quartos, médio

porte, de 21 a 40 quartos e grande porte, com mais de 40 quartos (LOPES, 2014).

Para a simulação neste projeto, foi utilizado como base o dimensionamento de um

condomínio solar que atenda a demanda energética de um conjunto de quatro

pousadas de grande porte, cujas demandas energéticas serão estimadas

proporcionalizando uma amostra de consumo no ano de 2012 de uma pousada com

47 quartos para quatro pousadas teóricas com 50 quartos.

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Data Leitura Consumo Ativo FP (kWh)

Consumo Ativo HP

(kWh)

03/12/2012 7875 508

01/11/2012 7602 661

01/10/2012 7224 610

03/09/2012 5712 446

01/08/2012 6510 589

02/07/2012 7623 591

01/06/2012 8232 820

02/05/2012 9576 806

02/04/2012 10038 1037

01/03/2012 10773 1012

01/02/2012 12264 1516

02/01/2012 12348 1347

105.777,00 9.943,00

Total 115.720,00

Tabela 1: Consumo de energia de uma pousada de grande porte com 47 quartos

Fonte: Adaptado de LOPES (2012)

Foi tomada como premissa a demanda energética anual de cada hotel como sendo

125 kWh, ou 500 kWh para os quatro hotéis.

4.1.2. Dados Meteorológicos

Foram utilizados como base para a previsão do potencial de geração energética na

Região dos Lagos os dados de observação do pátio de geração fotovoltaica do

Instituto Federal Fluminense, campus Cabo Frio com investimentos de P&D da ENEL e

recursos oriundos da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, através do Edital

n° 13/2012, intitulado “Arranjos técnicos e comerciais para inserção da geração de

energia solar fotovoltaica na matriz energética brasileira”. Os dados são de base

horária e estão em planilhas de Excel diárias do período de fevereiro de 2016 a

janeiro de 2017. Os dados foram então tratados para o formato “.csv” em base

horária para leitura no no SAM.

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4.2. Dimensionamento

Para o dimensionamento o primeiro passo foi comparar os potenciais de geração,

preços e eficiência dos painéis solares disponíveis no mercado brasileiro. Com a

escolha do modelo de painel mais atrativo foi feito o levantamento do inversor

disponível com preço mais atrativo e potência para atender a demanda do

condomínio solar.

A partir do número e disposição dos painéis e inversores é obtida a área necessária

para tal empreendimento. Em seguida foi feito um levantamento de custo de

terrenos dentro da região atendida pela distribuidora de energia.

Por fim foram considerados custos de instalação, suportes, disjuntores, cabeamento

e manutenção como proporcionais ao número de painéis instalados.

4.2.1. Painéis Fotovoltaicos

O modelo de painel escolhido para o projeto foi o Painel Solar Fotovoltaico Canadian

CSI CS6U-330P, com potência máxima de 330 Wp, eficiência nominal de 17,1%,

voltagem de máxima potência de 37,2 V, corrente de máxima potência de 8,9 A,

voltagem de circuito aberto de 45,6 V, corrente de curto circuito de 9,4 A, coeficiente

de temperatura de potência -0,4%/°C e de corrente -1,3 W/°C (NEOSOLAR, 2018). A

escolha se justifica por ser o painel com menor preço dentre os painéis com eficiência

superior a 17% de eficiência disponíveis no mercado em maio de 2018.

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40

Figura 20: Painel Solar Canadian 330P

Fonte: NEOSOLAR (2018)

Figura 21: Parâmetros geométricos do painel selecionado

Fonte: NEOSOLAR (2018)

Para a demanda energética de 500 kWh anual, serão necessários 1.501 painéis desse

modelo. A figura 22 ilustra a entrada dos parâmetros do painel selecionado no SAM.

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Figura 22: Parâmetros do painel solar selecionado no SAM

Fonte: AUTOR com base no SAM (2018)

4.2.2. Inversores

Para a escolha do inversor optou-se utilizar inversores de alta potência e, como a

disponibilidade de inversores de alta potência no Brasil é bem restrita, o modelo de

inversor escolhido foi o Inversor Solar ON-GRID 100.000W / 400V com 1 MPPT –

Ingeteam 100 TL, com máxima potência nominal de saída de 100.000 W, eficiência de

98,8%, tensão de operação MPPT em potência nominal entre 570 e 850 Vdc, corrente

máxima de 185 Adc, tensão máxima de 1100 Vcc e tensão nominal de saída de 400

Vac.

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Figura 23: Inversor selecionado

Fonte: COMÉRCIO SOLAR (2018)

Para o projeto foi determinada a necessidade de 5 inversores desse modelo. Vale

ressaltar que a vida útil média dos inversores é de 10 a 15 anos. Portanto os

inversores devem ser substituídos uma vez para o projeto após 13 anos.

Figura 24: Parâmetros do inversor selecionado no SAM

Fonte: AUTOR com base no SAM (2018)

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4.2.3. Outros Componentes e Custos

Além dos painéis e inversores foram contemplados os custos do terreno, de

instalação, manutenção e custos dos suportes, disjuntores e cabeamento, entretanto

o custo de conexão não foi contemplado.

Para estimar o preço do terreno foi feito um levantamento dos menores preços para

terrenos na área dentro do limite da distribuidora de energia, afastados de Búzios por

ser a cidade mais valorizada da região. Foi escolhida a cidade de Itaboraí como base

para busca de preço do terreno. O custo adotado como premissa para a instalação

dos painéis foi um custo único inicial referente a 10% do valor dos painéis; para

suportes, disjuntores e cabeamento foi também considerado um custo único inicial

consolidado de 10 % do valor dos painéis enquanto que para manutenção foi

considerado um custo anual de 2% (HORWACZ, 2018). Os valores da análise

financeira foram calculados por metro quadrado.

A tabela 2 lista o custo unitário dos itens necessários para a constituição do

condomínio solar. O custo total inicial será avaliado no capítulo 5, sobre a análise dos

resultados.

Custo Valor

Terreno R$80.000,00

Painel R$675,00

Inversor R$59.000,00

Instalação R$67,50

Outros R$67,50

Manutenção R$13,50

Tabela 2: Lista de Custos Unitários do Projeto

Fonte: AUTOR (2018)

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4.3. Modalidade Tarifária e Preço da Energia

No Brasil as modalidades tarifárias são divididas em dois grandes grupos: grupo A,

dos consumidores em alta tensão e grupo B dos consumidores em baixa tensão

(ENEL, 2017). O grupo A é subdivido nos subgrupos A1, A2, A3, A3 a A4 e AS, e o

grupo B em subgrupos B1, B2, B3 e B4:

Grupo A Subgrupo A1 Tensão igual ou superior a 230 kV

Subgrupo A2 Tensão de 88 a 138 kV

Subgrupo A3 Tensão de 69 kV

Subgrupo A3a Tensão de 30 a 44 kV

Subgrupo A4 Tensão de 2,3 a 25 kV

Subgrupo AS Sistemas subterrâneos

Grupo B Subgrupo B1 Residencial e de baixa renda

Subgrupo B2 Rural e cooperativa de eletrificação rural

Subgrupo B3 Demais classes

Subgrupo B4 Iluminação pública

Tabela 3: Modalidades Tarifárias

Fonte: AUTOR (2018)

Existe a opção de ser tarifado no grupo B nos casos de unidades consumidoras

localizadas em área de veraneio ou turismo que prestem serviços de hotelaria (ENEL,

2017). Dessa forma as pousadas de grande porte usadas como exemplo da simulação

são classificadas no grupo B, subgrupo B3.

De acordo com o site da distribuidora de energia local (ENEL), o preço da energia em

R$/kWh na data da elaboração desse trabalho varia de 0,73, para tarifa verde, 0,75

para tarifa amarela e 0,81 para a tarifa vermelha. Para o estudo da viabilidade

financeira desse projeto foi utilizado o preço base de R$ 0,75 / kWh.

Devido à variação no preço da energia ao decorrer dos anos, é necessária uma

previsão do preço da energia para os próximos 25 anos. Os fatores principais para a

determinação do preço da energia envolvem aspectos políticos e econômicos como o

produto interno bruto, balanceamento da oferta e demanda de energia no país,

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inflação, novos leilões de energia, alterações na capacidade de produção e

distribuição derivados de investimentos em infraestrutura e tecnologia, influência de

políticas externas, alteração no risco país, dentre outros fatores.

Devido à dificuldade de relacionar todos os fatures de influência na evolução tarifária

no longo prazo com precisão, foi elaborado um modelo mais simplista para a previsão

da evolução da tarifa energética relacionando o crescimento do PIB ano a ano com a

variação da tarifária, pois o PIB mensura a atividade econômica do país, e o

desenvolvimento econômico se relaciona diretamente ao desenvolvimento

tecnológico, industrial e populacional, pode-se então estimar um modelo simplista da

evolução da demanda e da oferta energética atrelado ao PIB. A tabela 4 apresenta

uma correlação entre as variações de tarifa e do PIB. Observa-se uma correlação de

26,5% entre as variações, reforçando a correlação positiva entre a variação do PIB e a

variação tarifária.

Ano Variação Tarifária Variação PIB

2003 380,3% 1,1%

2004 -3,2% 5,8%

2005 -1,4% 3,2%

2006 -7,7% 4,0%

2007 1080,6% 6,1%

2008 -54,1% 5,1%

2009 -82,2% -0,1%

2010 237,8% 7,5%

2011 -41,5% 4,0%

2012 986,4% 1,9%

2013 -15,7% 3,0%

2014 123,4% 0,5%

2015 -68,8% -3,8%

2016 -44,5% -3,6%

2017 115,7% 1,0%

Correlação 26,5%

Tabela 4: Correlação entre a variação tarifária e do PIB

Fonte: BANCO CENTRAL e CCEE (2018)

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Como as incertezas ligadas a qualquer modelo de previsão de evolução tarifárias são

muito altas, em especial ao modelo simplista atrelado ao PIB, as simulações se

dividirão em dois cenários em relação às tarifas energéticas futuras adotadas, para se

ter uma sensibilidade do impacto da variação de energia no valor presente do

projeto. O primeiro cenário, mais conservador, se baseará numa relação de evolução

de preço na proporção de 1,5 vezes o crescimento do PIB nominal. O segundo cenário

será com a evolução nos preços na taxa de 2 vezes o crescimento do PIB nominal.

Para todos os casos os crescimentos do PIB anual são os estimados pelo Banco

Central através do Boletim Focus.

Ano Crescimento projetado

2018 1,6%

2019 2,6%

2020 2,50%

Tabela 5: Crescimento Projetado do PIB

Fonte: BANCO CENTRAL (2018)

A tabela 6 relaciona os preços de energia nos dois cenários. O crescimento projetado

do PIB para depois de 2020 foi adotado como o mesmo de 2020.

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1,5 x PIB 2 x PIB

Ano Preço (R$/kWh) Preço (R$/kWh)

2018 0,75 0,75

2019 0,77 0,81

2020 0,80 0,81

2021 0,83 0,85

2022 0,86 0,90

2023 0,89 0,94

2024 0,92 0,99

2025 0,96 1,04

2026 0,99 1,09

2027 1,03 1,14

2028 1,07 1,20

2029 1,11 1,26

2030 1,15 1,33

2031 1,20 1,39

2032 1,24 1,46

2033 1,29 1,53

2034 1,34 1,61

2035 1,39 1,69

2036 1,44 1,78

2037 1,49 1,86

2038 1,55 1,96

2039 1,60 2,06

2040 1,67 2,16

2041 1,73 2,27

2042 1,79 2,38

2043 1,86 2,50

Tabela 6: Previsão dos preços de energia (R$/kWh)

Fonte: AUTOR (2018)

4.4. Taxa de Desconto

Para compor a taxa de desconto foram adotadas as seguintes premissas (em base

anual):

• 𝑅𝑓 é a taxa pré NTN-B Principal 2045 disponibilizada pelo Tesouro Nacional

(5,4%) somada ao IPCA de longo prazo levantado pelo Banco Central (4,0%);

• 𝛽 foi estimado a partir de uma faixa de valores de empresas do setor de

geração e transmissão de energia listadas em bolsa (entre 0,5 e 0,7);

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• 𝑅𝑝 foi considerada em um caso 5,0% e em outro 6,5%, intervalo de prêmio de

risco usualmente adotado para o mercado brasileiro;

• 𝐾𝑑 varia de acordo com os termos negociados com a instituição credora,

podendo ser ainda menores com empréstimos tomados com subsídios de incentivo à

produção de energia renovável, por exemplo, junto ao BNDES, que também tem

taxas diversas de acordo com a linha de financiamento. Para o prazo de

financiamento de 10 anos existem linhas de crédito do BNDES que variam entre 9 e

13% ao ano (BNDES, 2018), enquanto linhas de crédito de bancos comerciais como a

Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o Santander podem oferecer taxas entre

14 e 17% ao ano (ASTRA SOLAR, 2018). Para obter uma sensibilidade do impacto da

taxa do financiamento na construção do projeto foi considerada uma taxa de 13% ao

ano para um caso e 16% ao ano para outro.;

• 𝑇 foi adotado como 37%.

𝑊𝐴𝐶𝐶 = %𝐸 . (𝑅𝑓 + 𝛽 . 𝑅𝑝) + %𝐷 . 𝐾𝑑 . (1 − 𝑇)

A tabela 7 considera o caso de investimento somente com capital próprio levando em

conta a combinação de dois betas e dois prêmios de risco de mercado nos intervalos

supracitados, resultando em taxas de desconto variando entre 11,90% e 13,95%,

configurando intervalo de sensibilidade a ser utilizado no projeto para o caso sem

financiamento.

WACC = Custo de Capital Próprio Beta Prêmio de risco do mercado

11,90% 0,5 5,0% 12,65% 0,5 6,5% 12,90% 0,7 5,0% 13,95% 0,7 6,5%

Tabela 7: Taxa de desconto para betas de 0,5 e 0,7 e prêmios de risco de 5,0% e 6,5% sem

financiamento

Fonte: AUTOR (2018)

A tabela 8 considera o caso de investimento com 30% e 50% do investimento

financiado a custos variando entre 13% e 16%, com o mesmo intervalo de beta e

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prêmio de risco de mercado do caso sem financiamento. A taxa de desconto para

esse caso varia de 10,79% a 12,02%.

WACC Custo de Capital Próprio Beta Prêmio de risco Custo de Dívida % dívida

10,79% 11,90% 0,5 5,0% 13% 30% 11,07% 13,95% 0,7 6,5% 13% 50% 11,35% 11,90% 0,5 5,0% 16% 30% 12,02% 13,95% 0,7 6,5% 16% 50%

Tabela 8: Taxa de desconto para betas de 0,5 e 0,7 e prêmios de risco de 5,0% e 6,5% com

financiamento de 30% e 50% com custos de 12% e 15%

Fonte: AUTOR (2018)

Com isso, para a análise da viabilidade financeira do projeto de condomínio solar será

feita uma matriz de sensibilidade com valores da taxa de desconto variando de

11,00% a 14,00%.

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5. Capítulo 5: Análise dos Resultados

5.1. System Advisor Model

A figura 25 ilustra a entrada da demanda de energia de 500 kWh necessária para o

projeto e da razão entre a entrada de corrente contínua e a saída em corrente

alternada do inversor (101.215 Wdc / 100.000 Wac).

Figura 25: Demanda energética do projeto

Fonte: AUTOR com base no SAM (2018)

A figura 26 detalha a configuração dos painéis a ser utilizada no projeto. Os 1.501

módulos são organizados em arranjos de 19 módulos com 79 arranjos em paralelo,

demandando uma área total de 2.892,4 m².

Figura 26: Configuração dos painéis solares

Fonte: AUTOR com base no SAM (2018)

A partir dos resultados da figura 26 foi possível listar o custo inicial total do projeto,

conforme tabela 9 abaixo.

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Custo Valor Quantidade Total Periodicidade

Terreno R$80.000,00 1 R$80.000,00 Única

Painel R$675,00 1501 R$1.013.175,00 Única

Inversor R$59.000,00 5 R$295.000,00 13 anos

Instalação R$101.317,50 1 R$101.317,50 Única

Outros R$101.317,50 1 R$101.317,50 Única

Manutenção R$26.163,50 1 R$26.163,50 Anual

Custo Total Inicial: R$1.590.810,00

Tabela 9: Custo inicial total do projeto

Fonte: AUTOR (2018)

A figura 27 ilustra a produção de energia ao longo dos 25 anos de projeto, enquanto a

figura 28 ilustra o padrão de produção de energia solar ao longo do ano. É

interessante notar a sazonalidade na geração de energia, onde a produção é

consideravelmente menor no período de inverno do que no período de verão.

Figura 27: Produção de energia anual

Fonte: AUTOR com base no SAM (2018)

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Figura 28: Sazonalidade na geração de energia

Fonte: AUTOR com base no SAM (2018)

5.2. Modelagem Financeira do Condomínio Solar

Para a avaliação da viabilidade econômica do projeto foram feitos quatro modelos

principais. Dentre os modelos sem financiamento, uma modelagem foi baseada na

evolução tarifária mais conservadora e outra numa maior evolução tarifária. Para os

modelos com financiamento foram também considerados os dois cenários diferentes

de evolução tarifária. As projeções de demonstrativo financeiro, fluxo de caixa, valor

presente líquido, taxa de retorno e payback para os diferentes cenários se encontram

no Anexo I.

Todos os modelos em anexo resultam no valor presente líquido por metro quadrado

investido, no payback e na taxa interna de retorno para o investidor do condomínio

solar. Dessa forma o custo no primeiro ano corresponde ao valor do metro quadrado,

dividido proporcionalmente entre os custos do projeto (terreno, painel, inversor,

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instalação, outros e manutenção). No décimo terceiro ano foi considerado o custo de

troca dos inversores, enquanto o custo de manutenção está presente anualmente,

ajustado pela projeção de inflação de 4,0% anual. No caso com financiamento a

dívida entra parcelada como custo nos 10 primeiros anos do fluxo de caixa.

De forma geral, a projeção de receita se baseou na economia proveniente da geração

solar estimada por metro quadrado do condomínio (total de 3000 m²). Os custos

iniciais do terreno, painéis, inversores, instalação e outros equipamentos foram

atribuídos ao construtor (R$1.590.810,00). Fazendo uma relação de custo por metro

quadrado é obtido o custo de R$530,27 por metro quadrado. A Taxa Interna de

Retorno do construtor do condomínio solar é baseada na venda da totalidade do

condomínio solar ao final da construção. Para ser viável o projeto deve ter uma TIR

acima da Taxa de Atratividade Mínima, definida como a taxa pré do tesouro mais

longo (NTN-B Principal de 5,4%) adicionado da projeção de IPCA longa (4,0%), ou seja,

maior que 9,4%.

Os custos de manutenção foram atribuídos às pousadas anualmente e as Taxas

Internas de Retorno contemplam esse gasto anual com manutenção e um gasto no

décimo terceiro ano com a compra de novos inversores, para uma produção de

energia contínua.

A tabela 10 lista a TIR para o construtor do condomínio solar, que venderá o mesmo

para as pousadas, em função de uma faixa de diferentes preços de venda por metro

quadrado.

Preço m² TIR

R$580,00 9,4%

R$600,00 13,1%

R$625,00 17,9%

R$650,00 22,6%

Tabela 10: Taxas Internas de Retorno para diferentes preços de venda por metro quadrado

Fonte: AUTOR (2018)

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Percebe-se que valores em torno de R$ 600/m² já trazem um retorno atrativo para o

projeto por parte do construtor. Dessa forma, foram feitas duas análises de

sensibilidade de preço, uma com metro quadrado a R$ 600 e outra a R$ 625. Para

cada análise foi feita uma relação de taxa de desconto entre 10,5% e 14,0%, para um

caso de menor evolução tarifária e para outro de maior evolução tarifária. Com isso

chega-se a uma faixa de taxa interna de retorno e payback esperados para as

pousadas com o projeto, conforme tabelas 11 e 12.

Taxa de desconto

Menor Evolução Tarifária Maior Evolução Tarifária

TIR VPL Payback TIR VPL Payback

10,5% 12,4% 817 6 anos e 1 mês 13,8% 1004 5 anos e 10 meses

11,0% 11,9% 758 6 anos e 3 meses 13,3% 933 5 anos e 11 meses

11,5% 11,4% 702 6 anos e 4 meses 12,8% 867 6 anos e 1 mês

12,0% 10,9% 651 6 anos e 6 meses 12,3% 805 6 anos e 2 meses

12,5% 10,4% 602 6 anos e 8 meses 11,8% 747 6 anos e 4 meses

13,0% 9,9% 557 6 anos e 9 meses 11,3% 693 6 anos e 5 meses

13,5% 9,5% 514 6 anos e 11 meses 10,8% 642 6 anos e 7 meses

14,0% 9,0% 474 7 anos e 1 mês 10,3% 595 6 anos e 8 meses

Tabela 11: Taxas Internas de Retorno, VPL e Payback para as pousadas a R$ 600/m²

Fonte: AUTOR (2018)

Taxa de desconto

Menor Evolução Tarifária Maior Evolução Tarifária

TIR VPL Payback TIR VPL Payback

10,5% 11,6% 792 6 anos e 5 meses 13,0% 979 6 anos e 2 meses

11,0% 11,1% 733 6 anos e 7 meses 12,5% 908 6 anos e 3 meses

11,5% 10,6% 677 6 anos e 8 meses 12,0% 842 6 anos e 4 meses

12,0% 10,1% 626 6 anos e 10 meses 11,5% 780 6 anos e 6 meses

12,5% 9,6% 577 7 anos 11,0% 722 6 anos e 8 meses

13,0% 9,1% 532 7 anos e 2 meses 10,5% 668 6 anos e 9 meses

13,5% 8,7% 489 7 anos e 4 meses 10,0% 618 6 anos e 11 meses

14,0% 8,2% 449 7 anos e 6 meses 9,5% 570 7 anos e 1 mês

Tabela 12: Taxas Internas de Retorno, VPL e Payback para as pousadas a R$ 625/m²

Fonte: AUTOR (2018)

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Taxas de desconto acima de 13% para o cenário de menor evolução tarifária

configuram o cenário mais pessimista. A figura 29 ilustra a relação entre a TIR e a

Taxa de Atratividade Mínima do projeto, ou o menor retorno esperado para se tomar

algum risco de investimento.

Figura 29: Relação das Taxas Internas de Retorno para as pousadas a R$ 600/m² e a R$ 625/m²

Fonte: AUTOR (2018)

Além da avaliação financeira do caso sem financiamento foi feita uma análise para

financiamento de 50% dos custos para a compra de área do condomínio solar por

parte das pousadas com um caso de custo de financiamento de 13% ao ano e outro

caso com custo de financiamento de 16% ao ano, com financiamento de 10 anos. As

parcelas anuais de pagamento da dívida foram consideradas no demonstrativo

financeiro das modelagens que se encontram no Anexo I.

As Tabelas 13 e 14 relacionam as TIR e Payback para os casos de menor evolução

tarifária e maior evolução tarifária com preço de R$ 600/m² com o custo de capital de

12% e de 13%, taxas de desconto utilizadas sem contemplar o custo da dívida, já

implícito nas parcelas do financiamento.

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Custo de Capital

Menor Evolução Tarifária Maior Evolução Tarifária

TIR VPL Payback TIR VPL Payback

12,0% 16,4% 638 5 anos e 2 meses 18,3% 793 4 anos e 11 meses

13,0% 15,4% 557 5 anos e 4 meses 17,3% 693 5 anos

Tabela 13: Taxas Internas de Retorno e Payback para as pousadas a R$ 600/m² com financiamento de

50% a 13% ao ano

Fonte: AUTOR (2018)

Custo de Capital

Menor Evolução Tarifária Maior Evolução Tarifária

TIR VPL Payback TIR VPL Payback

12,0% 14,9% 600 5 anos e 9 meses 16,9% 754 5 anos e 4 meses

13,0% 13,9% 520 5 anos e 11 meses 15,8% 656 5 anos e 6 meses

Tabela 14: Taxas Internas de Retorno e Payback para as pousadas a R$ 600/m² com financiamento de

50% de custo a 16% ao ano

Fonte: AUTOR (2018)

A figura 30 ilustra a relação entre as taxas de desconto e as TIR para as pousadas com

financiamento de 50% da compra do projeto.

Figura 30: Relação das Taxas Internas de Retorno para as pousadas a R$ 600/m² com financiamento

Fonte: AUTOR (2018)

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6. Capítulo 6: Conclusão e Considerações Finais

Considerando o atual momento da indústria de energia mundial e a importância da

engenharia para o desenvolvimento e construção de soluções tecnológicas para a

produção de energia renovável, os painéis solares tem importância fundamental

tanto para a sustentabilidade mundial, sem afetar as necessidades de energia do ser

humano, quanto para o aproveitamento de energia em qualquer local onde haja

incidência solar. Nesse contexto, os condomínios solares permitem a união de

diversas pessoas e empresas com o mesmo objetivo comum: contribuição para uma

vida mais sustentável e para economia de recursos no consumo energético.

Com os condomínios solares problemas de espaço geográfico são resolvidos com a

construção fora de centros urbanos. A necessidade de altos recursos para sustentar

custos iniciais fixos é dividida entre mais partes, facilitando os investimentos na

geração de energia solar. E indo além, a construção de usinas solares fica sob

responsabilidade de profissionais especializados em engenharia com capacidade

técnica e experiência, podendo conceder a propriedade de pequenas porções de área

a qualquer comprador interessado em projetos em diferentes áreas de cobertura de

distribuidores de energia, de acordo com a localização do consumidor. Em síntese, é

um grande facilitador para a produção de energia solar em maior escala.

Além da contribuição ambiental, as regulamentações as tornam mais viáveis em

termos econômicos com os benefícios fiscais resultantes do investimento em energia

renovável. Em termos de custos, novas tecnologias rumam à diminuição dos custos

de produção de painéis, o que pode reduzir o custo dos investimentos ainda mais do

que o exposto nessa avaliação técnico-econômica.

A avaliação técnica nos permitiu concluir a relação de tensão entre os painéis e

inversores, o número de painéis, a disposição dos mesmos e a área necessária para a

sua construção. A geração de energia projetada com base nos dados observados do

pátio de geração fotovoltaica do Instituto Federal Fluminense, campus Cabo Frio nos

permitiu concluir que a Região dos Lagos é uma área com alta incidência solar que

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permite o aproveitamento do recurso solar suficientemente para concluir que é um

projeto tecnicamente viável.

Em termos econômicos, as modelagens financeiras não determinam uma garantia de

retorno do investimento, mas avaliam o retorno e payback esperados do projeto.

Algumas variáveis de risco são oscilações nos preços de terreno na região, dos

painéis, dos inversores, dos custos de instalação, de manutenção, de demais

equipamentos e o risco climático, referente a mudanças no padrão solar. Ressalta-se

que a modelagem financeira se baseou nos cenários de maior probabilidade para o

cenário atual da presente análise.

A partir dos resultados da análise financeira, o projeto se apresentou viável

financeiramente para os seguintes cenários: taxas de desconto entre 10,5% e 12,5%

sem financiamento, taxas de desconto indo além de 13,0% no caso de tomar

financiamento. Concluiu-se que é mais atrativo tomar um financiamento, pois o

mesmo reduz a taxa de desconto do projeto, além de facilitar o investimento inicial.

As taxas de retorno esperadas pelas pousadas, se encontram entre 10,4% com

payback de 6 anos e 8 meses, para cenários mais pessimistas, e 18,3% com payback

de 4 anos e 11 meses, para o melhor cenário. Em todos os casos o Valor Presente

Líquido foi positivo, significando que a produção de energia anual supera todo o

investimento, representando uma economia na conta de energia das pousadas.

Em síntese, a geração de energia solar em forma de condomínio solar é benéfica para

o meio ambiente, para Búzios como cidade inteligente, para o país, para os

construtores do condomínio solar e para os consumidores finais (as quatro pousadas

de grande porte de Búzios da simulação). Ainda muito pouco explorados no Brasil, a

geração solar configurada por meio de condomínios solares constitui um grande

potencial para a expansão da matriz energética renovável e da infraestrutura

brasileira. O mesmo estudo pode ser feito para analisar a viabilidade de condomínios

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solares para abastecimento de universidades, hospitais, conjuntos habitacionais e

empresariais em prol do meio ambiente e, consequentemente, da sociedade.

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7. Anexo I

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Figura 31: Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de desconto de 11,9%, para menor evolução tarifária e sem financiamento

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Figura 32: Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de desconto de 11,9%, para maior evolução tarifária e sem financiamento

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Figura 33:Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de desconto de 11,9%, para menor evolução tarifária e com financiamento de 50% com custo de 13% ao ano

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Figura 34:Exemplo de modelagem financeira com custo de R$ 600/m², taxa de desconto de 11,9%, para maior evolução tarifária e com financiamento de 50% com custo de 13% ao ano

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