ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS DIVERSOS MÉTODOS DE...
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS DIVERSOS
MÉTODOS DE CONSIDERAÇÃO DE EFEITOS LOCAIS
DE SEGUNDA ORDEM
Diana de Almeida Pinto Regalla
2015
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS DIVERSOS
MÉTODOS DE CONSIDERAÇÃO DE EFEITOS LOCAIS
DE SEGUNDA ORDEM
Diana de Almeida Pinto Regalla
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Sérgio Hampshire de Carvalho
Santos
Rio de Janeiro
FEVEREIRO DE 2015
ii
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS DIVERSOS MÉTODOS DE
CONSIDERAÇÃO DE EFEITOS LOCAIS DE SEGUNDA ORDEM
Diana de Almeida Pinto Regalla
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
__________________________________________ Sérgio Hampshire de Carvalho Santos
Prof. Associado, D.Sc, POLI/UFRJ (Orientador)
__________________________________________
Flávia Moll de Souza Judice Prof. Adjunto, D.Sc., POLI/UFRJ
__________________________________________ Henrique Innecco Longo
Prof. Associado, D.Sc., POLI/UFRJ
__________________________________________
Bruno Martins Jacovazzo Prof. Adjunto, D.Sc., POLI/UFRJ
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2015
iii
Regalla, Diana de Almeida Pinto
Análise comparativa entre os diversos métodos de
consideração dos efeitos locais de segunda ordem/ Diana
de Almeida Pinto Regalla – Rio de Janeiro: UFRJ/ ESCOLA
POLITÉCNICA, 2015.
XIII, 98 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos
Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Engenharia
Civil, 2015.
Referencias Bibliográficas: p. 97.
1. Efeitos locais de segunda ordem. 2. NBR 6118:2014 –
Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento. 3.Pilares
de Concreto Armado I. Santos, Sérgio Hampshire de
Carvalho. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,
Curso de Engenharia Civil. III. Título.
iv
Dedicado aos meus pais e à minha irmã.
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, aos meus pais João e Teresa, pela dedicação, carinho e
paciência durante todos esses anos. Por darem base necessária para o meu
crescimento pessoal e me apoiarem em todas as escolhas feitas até hoje. O que eu
venho me tornando é fruto do amor de vocês.
À minha irmã Sabrina, que sempre serviu de inspiração. Por toda ajuda
oferecida, esforços movidos e conselhos que me ajudaram a continuar. Você é o
meu orgulho.
Ao meu namorado Caio, por sempre estar do meu lado e me fazer sentir
completa. Obrigada por todo amor, companheirismo e paciência nos últimos dez
anos.
À Vitória, pelo amor incondicional e por me ensinar o que é lealdade.
Às minhas amigas Manuela, Manoela, Deborah e Branda pelos momentos
alegres e conversas intermináveis. Obrigada também por se desdobrarem para estar
comigo e entenderem as fases difíceis durante o curso de Engenharia. Agradeço por
vocês serem sempre meu porto seguro e me fazerem sentir querida.
Aos meus amigos do Curso de Engenharia Civil, pelos longos dias de
estudos, churrascos, chopadas, viagens para Búzios e por compartilharem
momentos de alegrias e desespero. Em especial, agradeço à Priscilla e ao João que
me acompanharam durante esses cinco anos. Sem vocês tudo teria sido mais difícil.
Agradeço a todos os professores da UFRJ pela excelência no ensino. Ao
meu orientador Sérgio Hampshire, por estar à disposição, pela oportunidade e pelos
ensinamentos no âmbito acadêmico e profissional. Agradeço ao Professor Otto e ao
grupo de iniciação científica do PET por abrir meus horizontes na faculdade. Ao
pessoal dos Alunos Contadores de História e do Sangue da UFRJ por me tornar um
ser humano melhor.
À Andrade Gutierrez por iniciar minha carreira profissional, me mostrando
todas as dificuldades de se trabalhar em uma obra de grande porte.
Por fim, agradeço à Promon Engenharia por despertar meu interesse na área
de Estruturas e me dar todo incentivo para garantir uma formação de qualidade.
Obrigada especialmente aos Engenheiros Luciano Junger e Manoel Justino pela
oportunidade de trabalhar com pessoas como vocês, além de toda paciência e
contribuição para minha formação pessoal e profissional.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS DIVERSOS MÉTODOS DE
CONSIDERAÇÃO DE EFEITOS LOCAIS DE SEGUNDA ORDEM
Diana de Almeida Pinto Regalla
FEVEREIRO/2015
Orientador: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos
Curso: Engenharia Civil
Neste trabalho foram comparados os diversos métodos de consideração de efeitos
locais de segunda ordem definidos pela Norma NBR 6118:2014 – Projeto de
Estruturas de Concreto – Procedimento. O objetivo é definir se os métodos
aproximados desta Norma garantem a segurança dos pilares. O estudo foi feito a
partir de várias análises de um pilar com seção geométrica constante, variando-se
sua taxa de armadura e seu índice de esbeltez, por meio do uso de aplicativos e
planilhas elaboradas para este fim. Em todos os casos, o objetivo era encontrar o
maior esforço normal de compressão suportado pelo pilar, associado ao seu
momento mínimo correspondente, sendo este usualmente o caso crítico para
pilares. A comparação foi realizada entre os métodos aproximados permitidos pela
NBR 6118:2014 (Métodos do Pilar-Padrão com curvatura aproximada, rigidez
aproximada e acoplado a diagramas M, N, 1/r) e o Método Geral. O efeito da
fluência foi considerado nos dois últimos métodos, garantindo assim uma maior
exatidão nas análises. Por fim, todos os resultados são comparados com os do
Método Exato considerando o efeito da fluência, avaliando fatores de segurança
entre os mesmos, resultando em uma avaliação sobre a segurança assegurada em
cada um dos métodos.
Palavras-chave: Efeitos locais de segunda ordem, NBR 6118:2014 – Projeto de
Estruturas de Concreto – Procedimento, Pilares de Concreto Armado.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfilment of
the requirements for the degree of Civil Engineer.
COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN THE DIFFERENT METHODS OF
CONSIDERATION OF SECOND ORDER LOCAL EFFECTS
Diana de Almeida Pinto Regalla
FEBRUARY/2015
Advisor: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos
Course: Civil Engineering
In this study several methods for the consideration of second order local effects
defined by the Standard NBR 6118: 2014 - Design of Concrete Structures –
Procedure have been compared. The purpose has been to define whether the
approximate methods defined by this Standard are safe enough for the design of
columns. The study was developed from several analyses with a constant geometric
column section, varying its reinforcement rate and its slenderness ratio, through the
use of computer programs and spreadsheets developed for this purpose. In all
cases, the objective has been to find out the maximum compressive forces supported
by the columns, associated with their corresponding minimum bending moments,
which is usually the critical case for the columns design. The comparison was made
among the approximate methods suggested by NBR 6118:2014 (Standard Column
with approximate curvature, approximate stiffness coupled to diagrams of M, N, 1 / r),
and the Genaral Method. Creep effects were taken into account in the last two
methods, assuring them greater accuracy to the analyses. Finally, all the results are
compared with the Exact Method considering creep effects, evaluating safety factors
among them, resulting in an evaluation of the safety assured in each method.
Keywords: Second order local effects, NBR 6118: 2014 – Design of Concrete
Structures - Procedure, Reinforced Concrete Columns.
viii
SUMÁRIO
Lista de tabelas ....................................................................................................... x
Lista de figuras ....................................................................................................... xi
1 Introdução ........................................................................................................ 1
1.1 Objetivo e Metodologia ............................................................................. 1
1.2 Descrição dos Capítulos .......................................................................... 2
2 Conceitos Fundamentais ................................................................................. 4
2.1 Efeitos de Segunda Ordem e Instabilidade ............................................. 4
2.2 Não-Linearidade Física ............................................................................. 6
2.3 Não-Linearidade Geométrica .................................................................... 7
2.4 Características do Concreto ..................................................................... 8
2.5 Características do Aço ........................................................................... 10
3 Critérios de Projeto Segundo a NBR 6118:2014........................................... 11
3.1 Dimensões mínimas ............................................................................... 11
3.2 Índice de Esbeltez ................................................................................... 11
3.3 Imperfeições Geométricas ..................................................................... 13
3.3.1 Imperfeições Globais ......................................................................... 13
3.3.2 Imperfeições Locais ........................................................................... 14
3.4 Armaduras ............................................................................................... 15
3.5 Dispensa da Análise Local de Segunda Ordem .................................... 15
3.6 Determinação dos Efeitos Locais de Segunda Ordem ......................... 16
3.6.1 Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada .......................... 17
3.6.2 Método do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada ............................. 17
3.6.3 Método do Pilar Padrão Acoplado a Diagramas M, N, 1/r .................. 19
3.6.4 Método Geral ..................................................................................... 19
3.6.5 Consideração da Fluência .................................................................. 20
4 Sobre o Programa Computacional P-Calc .................................................... 22
4.1 Funcionamento ....................................................................................... 22
4.1.1 Janela principal .................................................................................. 22
4.1.2 Entrada de dados ............................................................................... 23
4.1.3 Saída de resultados ........................................................................... 31
4.2 Verificação ............................................................................................... 34
4.3 Comparações com outros programas computacionais ....................... 65
ix
5 Análises .......................................................................................................... 67
5.1 Dados do pilar ......................................................................................... 67
5.1.1 Seção geométrica .............................................................................. 67
5.1.2 Materiais ............................................................................................ 68
5.1.3 Critérios utilizados .............................................................................. 69
5.2 Métodos de cálculo ................................................................................. 74
5.3 Intervalos do índice de esbeltez e taxa de armadura ........................... 75
6 Resultados Obtidos ....................................................................................... 77
6.1.1 Taxa de armadura = 0,4% .................................................................. 78
6.1.2 Taxa de armadura = 1% ..................................................................... 80
6.1.3 Taxa de armadura = 2% ..................................................................... 83
6.1.4 Taxa de armadura = 3% ..................................................................... 85
6.1.5 Taxa de armadura = 4% ..................................................................... 88
7 Considerações finais ..................................................................................... 91
7.1 Conclusões .............................................................................................. 91
7.2 Sugestões para trabalhos futuros ......................................................... 95
8 Referências Bibliográficas ............................................................................ 97
x
Lista de tabelas
Tabela 1 - Coeficientes de majoração em função da menor dimensão do pilar
(NBR 6118:2014) ............................................................................................. 11
Tabela 2 - Esforços normais máximos de cálculo para cada método no pilar
avaliado ........................................................................................................... 65
Tabela 3 - Características do concreto C20 ......................................................... 68
Tabela 4 - Propriedades mecânicas do aço CA-50 ............................................. 68
Tabela 5 - Comprimentos de flambagem e índices de esbeltez correspondentes
utilizados nas análises .................................................................................. 76
Tabela 6 - Taxas de armadura utilizadas nas análises deste projeto ................ 76
Tabela 7 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa de
armadura de 0,4% .......................................................................................... 78
Tabela 8 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 0,4% .................................... 79
Tabela 9 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa de
armadura de 1% ............................................................................................. 81
Tabela 10 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 1% ....................................... 82
Tabela 11 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 2% ........................................................................................ 83
Tabela 12 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 2% ....................................... 84
Tabela 13 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 3% ........................................................................................ 86
Tabela 14 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 3% ....................................... 87
Tabela 15 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 4% ........................................................................................ 88
Tabela 16 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 4% ....................................... 89
xi
Lista de figuras
Figura 1 - Diagrama tensão-deformação idealizado (NBR 6118:2014) ................ 9
Figura 2 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas
(NBR 6118:2014) ............................................................................................. 10
Figura 3 - Modelo de pilar bi-rotulado .................................................................. 12
Figura 4 - Imperfeições geométricas globais ...................................................... 13
Figura 5 - Imperfeições geométricas locais. a) Elementos de travamento; b)
Falta de retilineidade no pilar; c) Desaprumo do pilar................................. 14
Figura 6 - Relação momento-curvatura ............................................................... 19
Figura 8 - Diagrama Tensão- Deformação corrigido para considerar o efeito da
fluência ........................................................................................................... 21
Figura 9 - Janela Principal do P-Calc ................................................................... 23
Figura 10 - Seções transversais disponíveis no P-Calc ..................................... 23
Figura 11 - Entrada de dados: tipo de seção transversal, vinculação e
comprimento do pilar ..................................................................................... 24
Figura 12 - Entrada de dados: características dos materiais utilizados............ 25
Figura 13 - Entrada de dados: Armação do pilar ................................................ 26
Figura 14 - Entrada de dados: Solicitações (força normal e momentos no topo
e na base nas duas direções) ........................................................................ 26
Figura 15 - Consideração do efeito de segunda ordem local e método de
cálculo............................................................................................................. 27
Figura 16 - Critérios de segurança ....................................................................... 28
Figura 17 - Verificação do momento mínimo ...................................................... 29
Figura 18 - Limitação das taxas de armadura segundo item 17.3.5.3 da NBR
6118:2014 ........................................................................................................ 30
Figura 19 - Consideração do efeito da fluência................................................... 31
Figura 20 - Diagrama de interação de momentos fletores X e Y ........................ 32
Figura 21 - Consideração da Não-linearidade Geométrica. a) Esforços com
método pilar padrão; b) Esforços com Método Geral ................................. 33
Figura 22 - Diagrama N, M, 1/r .............................................................................. 33
Figura 23 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão com
curvatura aproximada (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%) ..................... 35
Figura 24 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão com
rigidez aproximada (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%) .......................... 37
Figura 25- Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão acoplado
a diagramas N, M, 1/r (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%) ....................... 38
xii
Figura 26 - Rigidez secante calculada pelo P-Calc (caso sem fluência) ........... 39
Figura 27 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão acoplado
a diagramas N, M, 1/r com efeito da fluência (λx = 50 e taxa de armadura =
1,96%).............................................................................................................. 40
Figura 28 - Consideração do efeito da fluência no programa P-Calc ................ 41
Figura 29 - Rigidez secante calculada pelo P-Calc (caso com fluência) ........... 42
Figura 30 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método Geral (λx = 50 e taxa de
armadura = 1,96%) ......................................................................................... 43
Figura 31 – Aproximação da deformada por uma parábola do segundo grau .. 44
Figura 32 – Deformada do pilar dividida em trechos .......................................... 46
Figura 33 – Detalhe na deformada do pilar .......................................................... 46
Figura 34 - Gráfico momento-curvatura gerado pelo MK-UFRJ – sem fluência 50
Figura 35 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método Geral com efeito da
fluência (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%) ............................................. 57
Figura 36 - Gráfico momento-curvatura gerado pelo MK-UFRJ – com fluência 58
Figura 37 - Análise no programa OBLÍQUA 1.0 ................................................... 66
Figura 38 - Geometria da seção do pilar .............................................................. 67
Figura 39 - Materiais utilizados ............................................................................ 69
Figura 40 - Coeficientes de segurança utilizados ............................................... 70
Figura 41 - Pilares biapoaidos com momentos unitários aplicados no topo e na
base. a) Pilar 1 com momentos com mesmo sentido; b) Pilar 2 com
momentos com sentidos opostos. ............................................................... 71
Figura 42 - Diagramas de momentos fletores nos Pilares 1 e 2 ......................... 71
Figura 43 - Deformadas dos pilares 1 e 2 ............................................................ 72
Figura 44 - Consideração da envoltória de momentos mínimos nas análises . 73
Figura 45 - Critérios de precisão utilizados ......................................................... 74
Figura 46 - Opções de consideração do efeito de segunda ordem local pelo P-
Calc ................................................................................................................. 75
Figura 47 - Curvas de Força Normal versus Índice de Esbeltez para a taxa de
armadura de 0,4% .......................................................................................... 79
Figura 48 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 0,4% .................................... 80
Figura 49 - Curvas de Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa de
armadura de 1% ............................................................................................. 81
Figura 50 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 1% ....................................... 82
xiii
Figura 51 - Curvas Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa de
armadura de 2% ............................................................................................. 84
Figura 52 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 2% ....................................... 85
Figura 53 - Curvas Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa de
armadura de 3% ............................................................................................. 86
Figura 54 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 3% ....................................... 87
Figura 55 - Curvas Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa de
armadura de 4% ............................................................................................. 89
Figura 56 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 4% ....................................... 90
Figura 57 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do Pilar-
Padrão com curvatura aproximada ............................................................... 91
Figura 58 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do Pilar-
Padrão com rigidez aproximada ................................................................... 92
Figura 59 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do Pilar-
Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r ........................................................ 93
Figura 60 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do Pilar-
Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r com fluência ................................. 94
Figura 61 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método Geral sem
fluência ........................................................................................................... 95
1
1 Introdução
O estudo de pilares de concreto armado submetidos à flexão composta
oblíqua, considerando corretamente a não-linearidade física e geométrica, envolve
um grande número de cálculos numéricos e só é viável através de algoritmos
computacionais.
Uma forma clássica de dimensionamento são os ábacos de interação para
flexão composta oblíqua que existem na literatura para várias situações de
geometria de seção e distribuição de armaduras, como os conhecidos ábacos de
Montoya [1] em conjunto com métodos aproximados de avaliação de efeitos de
segunda ordem.
Métodos simplificados de cálculo para a flexão oblíqua são oferecidos pela
NBR 6118:2014 [2]. A consideração dos efeitos de não-linearidade física e
geométrica nos pilares segundo esta Norma pode ser efetuada por diversos
métodos aproximados, em função da esbeltez dos mesmos.
No entanto, existem limitações e questionamentos quanto ao uso destes
métodos aproximados. Seu uso foi analisado em diversas situações que neste
trabalho. A adequação e a segurança assegurada por cada um destes métodos foi
aqui avaliada, através de comparações com resultados obtidos com o Método Geral.
1.1 Objetivo e Metodologia
O objetivo deste trabalho é definir se os métodos aproximados de
consideração do efeito de segunda ordem em pilares da NBR 6118:2014 garantem a
segurança dos mesmos.
A metodologia utilizada foi o uso de aplicativos disponíveis e planilhas
desenvolvidas para este fim, cobrindo de forma extensiva as diversas situações de
taxa de armadura e de índices de esbeltez dos pilares.
Foram feitas 330 análises de um pilar de concreto armado com seção
transversal de 25 cm x 100 cm, usando o aplicativo P-Calc [5], variando-se a taxa de
armadura e o índice de esbeltez. Os métodos de cálculo analisados são os listados
a seguir.
2
Pilar-Padrão com curvatura aproximada;
Pilar-Padrão com rigidez aproximada;
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M e 1/r;
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M e 1/r considerando o efeito da
fluência;
Método Geral;
Método Geral considerando o efeito da fluência.
Em cada análise, o objetivo é encontrar a força normal máxima de
compressão que a seção do pilar suporta, simultaneamente ao momento mínimo,
gerado por uma excentricidade constante calculada em função da espessura do
pilar. O caso de momento mínimo usualmente é o mais crítico nas situações em que
os efeitos de segunda ordem são importantes.
Desta forma, foi possível obter um quadro completo sobre a precisão e a
segurança dos vários métodos da Norma.
1.2 Descrição dos Capítulos
O presente trabalho está divido em sete capítulos: Introdução, Conceitos
Fundamentais, Critérios de Projeto segundo a NBR 6118:2014, Programa
Computacional P-Calc, Análises, Resultados obtidos e Considerações Finais.
O primeiro capítulo pretende mostrar os objetivos do trabalho, a metodologia
adotada e a organização do conteúdo.
O segundo capítulo buscou abordar assuntos relevantes ao tema do
trabalho, essenciais para seu entendimento. Mostra-se como são definidos os
efeitos de segunda ordem e a instabilidade segundo a NBR 6118:2014 [2], assim
como os conceitos de não-linearidade física e geométrica. Além disso, é feita uma
breve descrição dos materiais utilizados no elemento estrutural em questão.
O terceiro capítulo tem como objetivo explicitar os critérios adotados em
projetos de pilares usuais segundo a Norma supracitada. São apresentadas neste
capítulo as limitações de dimensões dos pilares, assim como de suas taxas de
armadura. Também é mostrado como são definidos os índices de esbeltez,
imperfeições globais e locais e quando há possibilidade de dispensar a
consideração dos efeitos de segunda ordem. Além disso, na última parte do mesmo,
há uma revisão sobre como é feito o cálculo em cada método de consideração do
efeito de segunda ordem em pilares oferecido pela Norma.
3
O quarto capítulo mostra como funciona o aplicativo P-Calc [5], utilizado
como base do desenvolvimento dos resultados deste trabalho. Sua verificação foi
feita através de cálculos manuais, bem como por meio da utilização de aplicativos já
reconhecidos no mercado e no meio acadêmico. Por fim, é mostrada a comparação
com outro programa computacional.
O quinto capítulo apresenta, de forma detalhada, como as análises foram
realizadas. Apresenta dados do pilar avaliado, bem como todos os critérios que
foram considerados durantes as análises para obtenção dos resultados.
O sexto capítulo expõe os resultados obtidos nas análises através de
gráficos e tabelas que por sua vez são avaliados com comentários sobre as curvas
geradas.
O trabalho é finalizado com o sétimo capítulo que se reserva para as
considerações finais, onde serão formuladas as conclusões acerca do tema
abordado, além de sugestões para trabalhos futuros.
4
2 Conceitos Fundamentais
2.1 Efeitos de Segunda Ordem e Instabilidade
De acordo com o item 15.2 da NBR 6118:2014 [2], os efeitos de segunda
ordem (quando a análise do equilíbrio é considerada na configuração deformada)
devem ser superpostos aos efeitos obtidos em uma análise de primeira ordem
(quando o equilíbrio da estrutura é avaliado na sua condição geométrica inicial). Os
efeitos de segunda ordem, em cuja determinação deve-se considerar o
comportamento não-linear dos materiais, podem ser desprezados sempre que não
apresentem acréscimo superior a 10% às solicitações de primeira ordem relevantes
na estrutura.
Nas estruturas de concreto armado, o estado limite último de instabilidade é
atingido sempre que, ao crescer a intensidade do carregamento juntamente com as
deformações em elementos submetidos à flexo-compressão, o aumento da
capacidade resistente passa a ser inferior ao aumento da solicitação. Existem, nas
estruturas de concreto, três tipos de instabilidade:
a) nas estruturas sem imperfeições geométricas iniciais, pode haver (para
casos especiais de carregamento) perda de estabilidade por bifurcação do equilíbrio
(flambagem);
b) em situações particulares (estruturas abatidas), pode haver perda de
estabilidade sem bifurcação do equilíbrio por passagem brusca de uma configuração
para outra reversa da anterior (ponto limite com reversão);
c) em estruturas de material de comportamento não-linear, com imperfeições
geométricas iniciais, não há perda de estabilidade por bifurcação do equilíbrio,
podendo, no entanto, haver perda de estabilidade quando, ao crescer a intensidade
do carregamento, o aumento da capacidade resistente da estrutura passar a ser
menor do que o aumento da solicitação (ponto limite sem reversão).
Para efeito de cálculo, o item 15.4.2 da NBR 6118:2014 [2], classifica as
estruturas como de nós fixos ou móveis. As estruturas são consideradas como de
nós fixos quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por
decorrência, os efeitos globais de segunda ordem são desprezíveis (inferiores a
10% dos respectivos esforços de primeira ordem). Nessas estruturas, basta
considerar os efeitos locais e localizados de segunda ordem. Já as estruturas de nós
5
móveis são aquelas onde os deslocamentos horizontais não são pequenos e, em
decorrência, os efeitos globais de segunda ordem são importantes (superiores a
10% dos respectivos esforços de primeira ordem). Nessas estruturas devem ser
considerados tanto os esforços de segunda ordem globais como os locais e
localizados. No entanto, há também estruturas em que os deslocamentos
horizontais são grandes e que, não obstante, dispensam a consideração dos efeitos
de segunda ordem por serem pequenas as forças normais e, portanto, pequenos os
acréscimos dos deslocamentos produzidos por elas; isso pode acontecer, por
exemplo, em postes e em certos pilares de galpões industriais.
O item 15.5 da NBR 6118:2014 [2] apresenta dois processos aproximados
para avaliar a possibilidade de dispensa da consideração dos efeitos globais de
segunda ordem em uma estrutura (ou seja, classificando a estrutura como de nós
fixos sem necessidade de um cálculo rigoroso). São eles o critério do parâmetro de
instabilidade α e o do critério do coeficiente z.
Critério do Parâmetro de Instabilidade
Uma estrutura reticulada simétrica pode ser considerada como de nós fixos
(dispensada da análise dos efeitos globais de segunda ordem), se seu parâmetro de
instabilidade α for menor que o valor 1.
𝛼 = 𝐻𝑡𝑜𝑡 √𝑁𝑘
𝐸𝑐𝑠 .𝐼𝑐 (2.1.1)
onde:
1 = 0,2 + 0,1n se: n ≤ 3
1 = 0,6 se: n ≥ 4 (dependendo se é pórtico ou pilar-parede)
sendo:
n é o número de níveis de barras horizontais (andares);
Htot é a altura total da estrutura;
Nk é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura, com seu
valor característico;
(Ecs.Ic) é o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção
considerada.
Critério do coeficiente z
Este é um procedimento válido para estruturas reticuladas de, no mínimo,
quatro andares, podendo ser avaliado a partir dos resultados de uma análise de
primeira ordem.
6
O valor do parâmetro z é dado pela seguinte expressão:
𝛾𝑧 = 1
1− ∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑
(2.1.2)
onde:
M1,tot,d é o valor de cálculo do momento de tombamento, gerado pelas forças
horizontais em relação à base da estrutura;
ΔMtot,d é a soma dos momentos de cálculo gerados pelas forças verticais
combinadas com os deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de
aplicação, obtidos na análise de primeira ordem.
Considera-se que a estrutura é de nós fixos se for obedecida a condição
z ≤ 1,10.
2.2 Não-Linearidade Física
O concreto armado não é um material elástico perfeito, pois os efeitos de
fissuração, fluência, escoamento das armaduras, bem como de outros fatores de
menor importância, conferem ao mesmo um comportamento de não-linearidade
física.
Segundo o item 15.7.3 da NBR 6118:2014 [2], a não-linearidade física pode
ser considerada de maneira aproximada para a análise dos esforços globais de
segunda ordem em estruturas reticuladas (com o mínimo de quatro andares),
tomando-se para a rigidez dos elementos estruturais os seguintes valores:
- lajes (EI)sec = 0,3 ECi IC (2.2.1)
- vigas (EI)sec = 0,4 ECi IC para As’ ≠ As (2.2.2)
(EI)sec = 0,5 ECi IC para As’ = As (2.2.3)
- pilares (EI)sec = 0,8 ECi IC (2.2.4)
onde:
IC é o momento de inércia da seção bruta de concreto incluindo, quando for o caso,
as mesas colaborantes;
(EI)sec é a rigidez secante;
ECi é o módulo de elasticidade tangente inicial do concreto;
7
Esses valores de rigidez aproximados não podem ser usados para avaliar
efeitos locais de segunda ordem, mesmo com uma discretização maior da
modelagem.
De acordo com o item 8.2.8 da NBR 6118:2014 [2], o módulo de elasticidade
tangente inicial pode ser tomado como igual a:
𝐸𝐶𝑖 = 𝛼𝐸 . 5600 √𝑓𝑐𝑘 , para 20 MPa ≤ fck ≤ 50 MPa; (2.2.5)
𝐸𝐶𝑖 = 21,5 . 103. 𝛼𝐸 . (
𝑓𝑐𝑘
10+ 1,25)
1/3 para 55 MPa ≤ fck ≤ 90 MPa. (2.2.6)
sendo E definido em função da natureza da rocha matriz dos agregados
graúdos utilizados na preparação do concreto:
E = 1,2 para basalto e diabásio
E = 1,0 para granito e gnaisse
E = 0,9 para calcário
E = 0,7 para arenito
Eci e fck são dados em megapascal (MPa).
2.3 Não-Linearidade Geométrica
A não-linearidade geométrica corresponde aos efeitos adicionais provenientes
do deslocamento horizontal das estruturas, que ocasionam o aparecimento de
acréscimos de esforços capazes de conduzí-la ao colapso. Dessa forma, a
consideração da não-linearidade geométrica de uma estrutura levará em conta a
condição de equilíbrio da estrutura em sua condição deformada.
O método “P-Delta” é um método aproximado empregado na avaliação dos efeitos
globais de segunda ordem. Seu objetivo é determinar forças horizontais fictícias que
gerem momentos equivalentes aos momentos de segunda ordem. Estas forças
equivalentes são calculadas até que a posição final de equilíbrio seja obtida. Neste
método, a análise não-linear é substituída por uma série de análises lineares, sendo
que, em cada etapa, as características de rigidez são consideradas como
constantes. Em cada etapa, os resultados da etapa anterior são alterados e o
processo só termina quando houver convergência, ou seja, quando os resultados se
mantiverem praticamente os mesmos em duas etapas consecutivas (LONGO [6]).
8
Os efeitos locais da não-linearidade geométrica são considerados de maneira
aproximada em alguns métodos de cálculo do efeito de segunda ordem sugeridos
pela NBR 6118:2014 [2] e de maneira não aproximada no seu Método Geral.
2.4 Características do Concreto
Conforme é definido no item 8.2.1 da NBR 6118:2014 [2], o concreto pode ser
classificado de acordo com sua resistência em classes. Os concretos da classe C15
(fck = 15 MPa, sendo fck a resistência característica à compressão do concreto) só
podem ser aplicados em obras provisórias, em estruturas de fundações ou em
concretos sem fins estruturais. Já os concretos da classe C20 (fck = 20 MPa) ou
superior, podem ser aplicados em estrutura de concreto armado de forma geral com
armadura passiva, sem protensão.
Os conceitos e equações que a NBR 6118:2014 [2] estabelece, se aplicam
aos concretos de massa específica normal, concretos que depois de secos em
estufa, têm massa especifica ρc, entre 2000 kg/m³ e 2800 kg/m³. Caso a massa
específica real não seja conhecida, para efeito de cálculo pode-se considerar o valor
de 2400 kg/m³ para o concreto simples e 2500 kg/m³ para o concreto armado. Se for
conhecida a massa específica do concreto simples, pode-se utilizá-la acrescida de
100 kg/m³ a 150 kg/m³ para o concreto armado.
De acordo com o item 8.2.4 da NBR 6118:2014 [2], a resistência característica
do concreto à compressão fck é determinada a partir dos resultados de ensaios em
corpos de prova cilíndricos, moldados conforme a NBR 5738 [3] e realizados de
acordo com a NBR 5739 [4].
O diagrama tensão-deformação para o concreto à compressão, mostrado na
Figura 1, deve ser usado nas análises do estado limite último, de acordo com o item
8.2.10.1 de NBR 6118:2014 [2].
9
Figura 1 - Diagrama tensão-deformação idealizado (NBR 6118:2014)
onde:
σc é a tensão no concreto.
εc é a deformação específica de encurtamento do concreto.
𝜀𝑐2 é a deformação específica de encurtamento do concreto no início do
patamar de escoamento.
𝜀𝑐𝑢 é a deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura.
fck é a resistência característica à compressão do concreto.
fcd é a resistência de cálculo à compressão do concreto.
Para concretos até a classe C50 (fck = 50 MPa):
𝜀𝑐2 = 2,0 ‰
𝜀𝑐𝑢 = 3,5 ‰
Para concretos da classe C55 (fck = 55 MPa) até C90 (fck = 90 MPa):
𝜀𝑐2 = 2,0 ‰+ 0,085 ‰ ⋅ (𝑓𝑐𝑘– 50)0,53
𝜀𝑐𝑢 = 2,6 ‰+ 35 ‰ ⋅ (90 – 𝑓𝑐𝑘100
)4
O multiplicador 0,85 representa a redução da resistência do concreto,
submetido a cargas de longa duração (efeito Rüsch). Já a resistência de cálculo à
compressão do concreto fcd é obtida dividindo-se a resistência característica fck pelo
coeficiente de minoração de resistência do concreto, usualmente c =1,4.
10
2.5 Características do Aço
Os aços utilizados nos projetos de estruturas de concreto armado no Brasil
são os classificados na NBR 7480:1996, em função do valor característico de sua
resistência de escoamento, nas categorias CA-25, CA-50 e CA-60.
Para os aços de armadura passiva, a sua massa específica pode ser adotada
igual a 7850 kg/m³, de acordo com a NBR 6118:2014 [2]. A mesma Norma também
estabelece que, na ausência de ensaios ou valores fornecidos pelos fabricantes, o
valor do módulo de elasticidade pode ser admitido como igual a 210 GPa.
O item 8.3.6 da NBR 6118:2014 [2] apresenta, para o cálculo nos estados-
limites de serviço e último, o diagrama tensão-deformação idealizado reproduzido na
Figura 2. O patamar de escoamento é bem definido e sem acréscimo de tensões
após a deformação de escoamento.
Figura 2 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas (NBR 6118:2014)
11
3 Critérios de Projeto Segundo a NBR 6118:2014
3.1 Dimensões mínimas
O item 13.2.3 da NBR 6118:2014 [2] define uma espessura mínima para
pilares de 19 cm. Em casos especiais permite-se a consideração de espessuras de
14 cm a 19 cm, desde que se multipliquem as ações por um coeficiente adicional n
(ver Tabela 1).
Tabela 1 - Coeficientes de majoração em função da menor dimensão do pilar
(NBR 6118:2014)
b (cm) ≥ 19 18 17 16 15 14
γn
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
onde:
n = 1,95 – 0,05 b (3.1.1)
b é a menor dimensão da seção transversal do pilar, expressa em
centímetros (cm).
O coeficiente n deve majorar os esforços solicitantes finais de cálculo quando
de seu dimensionamento.
3.2 Índice de Esbeltez
Os trechos de pilares entre pisos devem ser considerados, isoladamente,
como birrotulados (Figura 3).
12
Figura 3 - Modelo de pilar bi-rotulado
De acordo com o item 15.6 da NBR 6118:2014, o comprimento equivalente le
do elemento comprimido (pilar) é o menor entre os dois valores:
e = 0 + hpilar (3.2.1)
e = (3.2.2)
onde:
0 é distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos
horizontais, que vinculam o pilar;
hpilar é a dimensão do pilar medida na direção de análise;
é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está
vinculado.
No caso de pilar engastado na base e livre no topo, o valor do comprimento
equivalente será o dobro de .
A expressão do cálculo do índice de esbeltez está definida no item 15.8.2 da
Norma:
= e /i (3.2.3)
onde i é o raio de giração da seção geométrica de acordo com a expressão abaixo:
𝑖 = √𝐼𝑐
𝐴𝑐 (3.2.4)
13
onde:
Ic é o momento de inércia da seção de concreto;
Ac é a área da seção transversal de concreto.
3.3 Imperfeições Geométricas
De acordo com o item 11.3.3.4 da NBR 6118:2014 [2], as imperfeições
geométricas nos eixos dos elementos verticais da estrutura descarregada devem ser
consideradas nas verificações do estado-limite último. Essas imperfeições podem
ser divididas em imperfeições globais e locais.
3.3.1 Imperfeições Globais
Na análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventadas ou
não, deve-se considerar um desaprumo angular igual a 𝜃1 nos elementos estruturais
verticais, conforme a Figura 4.
Figura 4 - Imperfeições geométricas globais
𝜃1 = 1
100 √𝐻
(3.3.1.1)
𝜃𝑎 = 𝜃1 √1+1/𝑛
2
(3.3.1.2) onde:
H é a altura total da edificação, em metros (m);
n é o número de prumadas de pilares no pórtico plano.
14
1min = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais;
1máx = 1/200.
3.3.2 Imperfeições Locais
Deve ser considerado no projeto, no caso do dimensionamento ou
verificação de um lance de pilar, o efeito de desaprumo ou falta de retilineidade do
pilar, conforme mostrado na Figura 5.
Figura 5 - Imperfeições geométricas locais. a) Elementos de travamento; b)
Falta de retilineidade no pilar; c) Desaprumo do pilar
Os efeitos das imperfeições locais nos pilares podem ser substituídos em
estruturas reticulares pela consideração de um momento mínimo de primeira ordem,
dado pela expressão:
M1d,min = Nd (0,015+0,03.h) (3.3.2.1)
onde,
h é a altura da seção transversal na direção considerada, expressa em
metros (m).
Pode-se dizer que a excentricidade acidental é então:
ea = (0,015+0,03.h) (3.3.2.2)
15
3.4 Armaduras
O item 17.3.5.3 da NBR 6118:2014 [2] apresenta valores-limites para as
armaduras longitudinais de pilares e define requisitos básicos para o detalhamento
dessas armaduras. Devem ser atendidas as condições seguintes.
Armadura Mínima
𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = (0,15 𝑁𝑑/𝑓𝑦𝑑) ≥ 0,004 𝐴𝑐 (3.4.1)
onde:
Nd é o valor da força normal de cálculo;
fyd é a tensão de escoamento do aço;
Ac é a área da seção transversal do pilar.
Armadura Máxima
𝐴𝑠,𝑚á𝑥 = 0,08 𝐴𝑐 (3.4.2)
A armadura máxima permitida deve ser de 8% da seção real, considerando
inclusive a sobreposição das armaduras existentes em regiões de emenda por
traspasse.
3.5 Dispensa da Análise Local de Segunda Ordem
De acordo com o item 15.8.2 da NBR 6118:2014 [2], os esforços locais de
segunda ordem em elementos isolados podem ser desprezados quando o índice de
esbeltez for menor que o valor limite 1. Este valor depende de diversos fatores:
− excentricidade relativa de primeira ordem e1 / h na extremidade do pilar onde
ocorre o momento de primeira ordem de maior valor absoluto;
− vinculação nos extremos da coluna isolada;
− forma do diagrama de momentos de primeira ordem.
O valor 1 pode ser calculado pela seguinte expressão:
𝜆1 = 25+12,5
𝑒1ℎ⁄
𝛼𝑏 (3.5.1)
onde:
35 ≤ 1 ≤ 90.
16
O valor de αb deve ser obtido conforme estabelecido a seguir:
a) Para pilares biapoiados sem cargas transversais:
𝛼𝑏 = 0,60 + 0,40 𝑀𝐵
𝑀𝐴 ≥ 0,40 (3.5.2)
sendo:
1,0 ≥ b ≥ 0,4
MA e MB - momentos de primeira ordem nos extremos do pilar. Deve ser
adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o sinal
positivo, se tracionar a mesma face que MA, e negativo em caso contrário.
b) Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo
da altura:
b = 1,0
c) Para pilares em balanço:
𝛼𝑏 = 0,80 + 0,20 𝑀𝐶
𝑀𝐴 ≥ 0,85 (3.5.3)
sendo:
1,0 ≥ b ≥ 0,85;
MA é o momento de primeira ordem no engaste e MC é o momento de
primeira ordem no meio do pilar em balanço.
d) Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o
momento mínimo:
b = 1,0
3.6 Determinação dos Efeitos Locais de Segunda Ordem
Segundo o item 15.8.3 da NBR 6118:2014, o cálculo de barras submetidas à
flexo-compressão normal pode ser feito pelo Método Geral ou por métodos
aproximados (Pilar-Padrão e Pilar-Padrão Melhorado). A Norma estabelece que a
consideração da fluência só é obrigatória para > 90.
Neste tópico, os métodos citados serão descritos brevemente, conforme
definido na Norma. A aplicação dos métodos será ilustrada com exemplos
numéricos no Capítulo 4.
17
3.6.1 Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada
Este método pode ser empregado para pilares com ≤ 90, com seção
constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo.
Neste método, a não-linearidade geométrica é considerada de forma
aproximada supondo-se que a deformação da barra seja senoidal, enquanto que a
não-linearidade física é considerada através de uma expressão aproximada da
curvatura na seção crítica. Dessa forma, a linha deformada é representada de forma
aproximada por uma senóide:
𝑦(𝑥) = 𝑦𝑚á𝑥 . 𝑠𝑒𝑛 (𝜋 .𝑥
𝑙𝑒) (3.6.2.1)
O momento total máximo no pilar pode ser avaliado pela expressão:
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝛼𝑏 . 𝑀1𝑑,𝐴 + 𝑁𝑑 .𝑙𝑒2
10 .1
𝑟 ≥ 𝑀1𝑑,𝐴 (3.6.2.2)
Nesta expressão, 1/r é a curvatura na seção crítica, que pode ser avaliada
pela expressão aproximada:
1
𝑟=
0,005
ℎ (𝜈+0,5) ≤
0,005
ℎ (3.6.2.3)
sendo:
𝜈 = |𝑁𝑑|
𝐴𝑐 . 𝑓𝑐𝑑 (3.6.2.4)
onde
h é a altura da seção na direção considerada;
𝜈 é a força normal adimensional.
A força normal Nd é inserida na equação com sinal positivo (força normal de
compressão).
3.6.2 Método do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada
Esse método busca uma avaliação mais precisa da curvatura. Só pode ser
empregado no cálculo de pilares com ≤ 90, com seção retangular constante e
armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo.
18
Neste método, a não-linearidade geométrica é considerada de forma
aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal, enquanto a não-
linearidade física é considerada através de uma expressão aproximada da rigidez.
De acordo com o item 15.3.1 da NBR 6118:2014 [2], a rigidez secante (EI)sec
é definida como a relação entre o momento resistente de cálculo e a correspondente
curvatura na seção considerada, para um certo nível de força normal de cálculo:
(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 𝑀𝑅𝑑
1,1⁄
1/𝑟 (3.6.3.1)
O momento total máximo no pilar, incluindo os efeitos de segunda ordem
pode ser calculado a partir da majoração dada abaixo, a ser aplicada ao momento
de primeira ordem.
𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝛼𝑏 . 𝑀1𝑑,𝐴
1− 𝜆2
120 . 𝜅 𝜈⁄
(3.6.3.2)
O valor da constante adimensional é dado pela expressão aproximada:
𝜅𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥 = 32 . (1 + 5 𝑀𝑅𝑑,𝑡𝑜𝑡
ℎ . 𝑁𝑑) . 𝜈 (3.6.3.3)
Sendo 𝜅 definido como:
𝜅 = (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐
𝐴𝑐 . ℎ² . 𝑓𝑐𝑑 (3.6.3.4)
Onde a grandeza 𝜈 está definida na expressão (3.6.2.4).
Para evitar o cálculo iterativo citado pela NBR 6118:2014 [2], pode-se obter o
momento total de cálculo como a maior raiz positiva da equação do segundo grau:
𝐴 .𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡2 + 𝐵.𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 + 𝐶 = 0 (3.6.3.5)
Onde:
A = 5 h
𝐵 = ℎ² |𝑁𝑑| − |𝑁𝑑| . 𝑙𝑒
2
320− 5 ℎ 𝛼𝑏 𝑀1𝑑
𝐶 = − |𝑁𝑑| ℎ2 𝛼𝑏 𝑀1𝑑
19
3.6.3 Método do Pilar Padrão Acoplado a Diagramas M, N, 1/r
A avaliação dos efeitos locais de segunda ordem em pilares com
≤ 140 pode ser feita pelo método do Pilar-Padrão Melhorado, utilizando-se para a
curvatura da seção crítica os valores obtidos de diagramas M, N, 1/r específicos
para o caso. Se > 90, é obrigatória a consideração dos efeitos de fluência.
Figura 6 - Relação momento-curvatura
A Figura 6 mostra a relação momento-curvatura considerada na NBR
6118:2014, na qual a curva tracejada, obtida com os valores de cálculo usuais das
resistências do concreto e do aço, é utilizada para definir o momento fletor resistente
MRd em função de NSd. A curva cheia é obtida substituindo-se a resistência do
concreto, 0,85 fcd, por 1,1 fcd, e obtida para a força normal de cálculo igual a NSd/1,1.
A rigidez secante é obtida na segunda curva para o momento de cálculo igual a
MRd/1,1. A curva cheia AB é, a favor da segurança, linearizada pela reta AB.
A rigidez secante adimensional e o momento total no pilar são definidos
conforme foi mostrado no item 3.6.3 deste trabalho.
3.6.4 Método Geral
Este método consiste em uma análise não-linear de segunda ordem efetuada
com discretização adequada da barra, com consideração das relações momento-
curvatura reais em cada seção e consideração da não-linearidade geométrica de
maneira não aproximada. O método geral é obrigatório para >140.
20
Considerando-se as mesmas hipóteses anteriormente enunciadas para os
outros métodos, na aplicação que será aqui apresentada a curva deformada do pilar
é aproximada por uma função do segundo grau em trechos consecutivos de
discretização (com a função passando nos três pontos que formam os dois trechos),
o que permite obter uma expressão aproximada para a curvatura:
1
𝑟= 2
𝑓
∆𝐿2 (3.6.6.1)
onde:
ΔL é o comprimento dos trechos em que o pilar está discretizado;
f é a distância, no ponto comum aos dois trechos, entre a curva de segundo
grau e a reta que liga os dois pontos extremos dos trechos em questão.
Através de um procedimento iterativo de compatibilização entre deformadas
e curvaturas, obtêm-se os momentos fletores de segunda ordem.
3.6.5 Consideração da Fluência
Segundo o item 15.8.4 da NBR 6118:2014 [2], a consideração da fluência
deve obrigatoriamente ser feita em pilares com índice de esbeltez > 90. Essa
consideração pode ser feita de forma aproximada, através de uma excentricidade
adicional ecc, dada pela expressão a seguir:
𝑒𝑐𝑐 = 𝑒1 . (2,718(𝜑 𝑁𝑠𝑔
𝑁𝑒− 𝑁𝑠𝑔)− 1) (3.6.5.1)
onde:
𝑒1 = (𝑀𝑠𝑔
𝑁𝑠𝑔+ 𝑒𝑎) (3.6.5.2)
𝑁𝑒 = 10 𝐸𝐶𝑖 𝐼𝐶
𝑙𝑒2 (3.6.5.3)
ea é excentricidade devida a imperfeições locais (representada na Figura 5
deste trabalho);
Msg e Nsg são esforços solicitantes obtidos na combinação quase permanente
de cargas;
φ é o coeficiente de fluência.
21
A consideração do efeito de segunda ordem deve ser feita como se fosse um
efeito imediato, que se soma à excentricidade de primeira ordem e1.
A consideração da fluência no concreto também pode ser feita de forma
aproximada, corrigindo o diagrama tensão-deformação conforme a Figura 8, onde o
coeficiente φ pode ser obtido da Tabela 8.1 da NBR 6118:2014 [2].
Figura 7 - Diagrama Tensão- Deformação corrigido para considerar o efeito da
fluência
22
4 Sobre o Programa Computacional P-Calc
O Programa Computacional P-Calc [5] é um aplicativo que resolve
numericamente o problema da flexão composta oblíqua e explora todos os métodos
que a norma ABNT NBR 6118 oferece para avaliação dos efeitos locais de segunda
ordem em pilares. O programa está apto a realizar análise de pilares com resistência
característica à compressão do concreto superior a 50 MPa, conforme a NBR
6118:2014 [2].
O aplicativo P-Calc [5], foi desenvolvido pelo Engenheiro Sander Cardoso,
em linguagem Java®, para a análise de pilares submetidos à flexão composta
oblíqua com a consideração da não-linearidade física e geométrica. O usuário pode
escolher entre os quatro métodos propostos pela ABNT NBR 6118 para a
consideração dos efeitos locais de segunda ordem. O programa está disponibilizado
na página da internet www.pcalc.com.br [5].
4.1 Funcionamento
4.1.1 Janela principal
A janela principal do aplicativo (Figura 8) é organizada de uma forma prática,
com acesso rápido a todas as entradas de dados e saída de resultados.
23
Figura 8 - Janela Principal do P-Calc
4.1.2 Entrada de dados
A entrada de dados do programa está dividida em:
a) Geometria
Nesta janela são informados: o tipo de seção transversal (Figura 9), a
vinculação do pilar bem como seu comprimento (Figura 10) e a resistência à
compressão do pilar fck (Figura 11).
Inicialmente, estão disponíveis as seguintes seções transversais:
Figura 9 - Seções transversais disponíveis no P-Calc
24
Os tipos de vinculações disponíveis são: pilar em balanço e pilar biapoiado.
Ainda é possível fazer uma análise somente da seção transversal, na opção “Única
Seção”.
Figura 10 - Entrada de dados: tipo de seção transversal, vinculação e
comprimento do pilar
As propriedades do concreto e do aço são preenchidas de acordo com o
caso analisado em questão, podendo-se escolher a resistência característica à
compressão do concreto, a tensão de escoamento característica do aço e o módulo
de elasticidade considerado para o aço (Figura 12).
25
Figura 11 - Entrada de dados: características dos materiais utilizados
b) Armação
A armação é inserida por meio de coordenadas, informando-se seu diâmetro.
Pode ser inserida individualmente ou por uma linha de barras, informando a
quantidade de barras e as coordenadas das barras inicial e final da linha (Figura 13).
26
Figura 12 - Entrada de dados: Armação do pilar
c) Solicitações
Como dados de entrada de solicitações são informados a força normal e os
momentos no topo e na base segundo as direções x e y. É possível ainda resolver
de forma simultânea mais de uma combinação de solicitações, com o programa
identificando a combinação mais desfavorável (Figura 14).
Figura 13 - Entrada de dados: Solicitações (força normal e momentos no topo
e na base nas duas direções)
27
d) Efeitos locais de segunda ordem
Os efeitos locais de segunda ordem podem ou não ser considerados na
análise do pilar. Desta forma, existem três opções para consideração desse efeito:
sempre considerar, considerar apenas se > 1 ou nunca considerar (Figura 15). É
possível ainda escolher qual método de cálculo será utilizado: Pilar-Padrão com
curvatura aproximada, Pilar-Padrão com rigidez aproximada, Pilar-Padrão acoplado
ao diagrama N, M, 1/r, Método Geral acoplado ao diagrama N, M, 1/r e Método
Geral acoplado a diagramas N, Mx, My, 1/r (considerando as direções acopladas).
Figura 14 - Consideração do efeito de segunda ordem local e método de
cálculo
e) Critérios
É possível definir os critérios de segurança (Figura 16) através dos
coeficientes de minoração das resistências dos materiais e majoração dos esforços
solicitantes.
28
Figura 15 - Critérios de segurança
Além disso, o programa dá a opção de fazer a verificação para o momento
mínimo de acordo com a envoltória mínima de segunda ordem (Figura 17), descrita
no item 15.3.2 da NBR 6118:2014 [2], que define que a consideração desta
envoltória mínima pode ser realizada através de duas análises à flexão composta
normal, calculadas de forma isolada e com momentos fletores mínimos de primeira
ordem atuantes nos extremos do pilar, nas duas direções principais.
29
Figura 16 - Verificação do momento mínimo
Em seguida, define-se a taxa de armadura máxima e mínima da seção
(Figura 18) e a consideração do efeito da fluência (Figura 19).
30
Figura 17 - Limitação das taxas de armadura segundo item 17.3.5.3 da NBR
6118:2014
31
Figura 18 - Consideração do efeito da fluência
4.1.3 Saída de resultados
Basicamente, os resultados e verificações do programa são apresentados na
seguinte forma:
a) Diagrama de interação
A verificação quanto ao Estado Limite Último é feita por meio dos diagramas
de interação, que são curvas envoltórias resistentes. Se um ponto, representado
pelos pares de momentos solicitantes de cálculo, cair dentro do diagrama, a
segurança estará garantida, pois os esforços solicitantes são inferiores aos esforços
32
resistentes. Analogamente, se o ponto cair fora do diagrama, a segurança não
estará garantida. Um esquema desta verificação é apresentado na Figura 20.
Figura 19 - Diagrama de interação de momentos fletores X e Y
b) Não-linearidade geométrica
Como mencionado anteriormente, o programa calcula os esforços de
segunda ordem de acordo com os quatros métodos definidos pela ABNT NBR 6118.
A consideração da não-linearidade geométrica pode ser feita através do Método
Pilar-Padrão (somente na seção central do pilar) ou Método Geral (ao longo de toda
a altura do pilar). A Figura 21 apresenta os esforços para cada um destes métodos.
33
Figura 20 - Consideração da Não-linearidade Geométrica. a) Esforços com
método pilar padrão; b) Esforços com Método Geral
c) Não-linearidade física
Além de considerar a não-linearidade por meio da curvatura ou rigidez
aproximadas, o programa traça os diagramas N, M, 1/r, exibindo a linearização da
rigidez EIsec nos gráficos. A Figura 22 apresenta um exemplo deste diagrama,
juntamente com o valor da rigidez EIsec.
Figura 21 - Diagrama N, M, 1/r
34
4.2 Verificação
Como o P-Calc ainda não é um programa comercial, um caso escolhido
aleatoriamente foi analisado de forma manual para fins de verificação do programa.
O caso escolhido para ser avaliado foi o de um pilar com seção transversal
constante (100 cm de base e 25 cm de altura) com comprimento equivalente igual a
3,608 metros, com concreto C20 e cujo índice de esbeltez na direção x é igual a 50
(x = 50). A área de armadura foi arbitrada para este caso com área igual a 49,09
cm² (utilizado 10 Φ 25 mm) resultando em uma taxa de armadura igual a 1,96 %.
Primeiramente, deve-se avaliar se a análise local de segunda ordem é
obrigatória para esse pilar ou se ela poderia ser dispensada. Para isso, calculamos o
valor-limite 𝜆1:
𝜆1 = 25+12,5
𝑒1ℎ⁄
𝛼𝑏=
25+12,5 0,0225 0,25⁄
1,0= 26,12 < 50 → Devemos considerar o
efeito local de segunda ordem.
Esse foi um caso escolhido de maneira aleatória apenas para demonstrar a
proximidade dos resultados atingidos pelo programa e pelo cálculo manual.
Dessa forma, o objetivo deste item é de comparar os valores dos momentos
intermediários calculados ao longo da altura do pilar analiticamente, com os
momentos intermediários calculados pelo programa P-Calc. Isto é feito para fins de
verificação do programa e para buscar possíveis erros no mesmo. Para avaliação de
cada método, variou-se o valor do esforço normal de compressão (e por decorrência
o valor do momento mínimo correspondente) até que se encontrasse qual era o
maior esforço normal de compressão que o pilar suporta. Esse objetivo é atingido no
programa quando o fator de segurança oferecido pelo mesmo se iguala a 1,0.
Assim, os valores de força normal de compressão (e consequentemente de
momento fletor) aplicados para cada caso não serão iguais, uma vez que cada
método oferece um processo de cálculo gerando resultados diferentes.
Analisaram-se resultados relativos a todos os métodos de cálculo para
consideração do efeito de segunda ordem previstos pela Norma, sendo dois deles
considerando o efeito da fluência, o que gerou seis análises comparativas. Em cada
item, será mostrada a análise feita pelo P-Calc e em seguida, o cálculo manual.
Pilar-Padrão com curvatura aproximada
A Figura 23 mostra o momento intermediário calculado pelo aplicativo
P-Calc, utilizando o método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada, quando
35
aplicamos o esforço normal máximo de compressão e seu momento mínimo
correspondente. O valor do esforço normal foi sendo alterado até que fosse obtido
um fator de segurança igual a 1,0. Para este caso específico, o fator de segurança
unitário foi atingido quando aplicou-se NRd = -3370 kN e seu momento mínimo
correspondente Mmín,d= NRd . (0,015+0,03.h) = 75,8 kN.m.
Figura 22 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão com
curvatura aproximada (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%)
Em seguida, a mesma análise é feita manualmente a seguir.
Para pilares biapoiados sem cargas transversais, calcula-se o coeficiente αb
de acordo com a equação (3.5.2):
𝛼𝑏 = 0,60 + 0,40 𝑀𝐵𝑀𝐴 ≥ 0,40
Como MA = MB, temos que:
𝛼𝑏 = 1,0
A força normal adimensional é dada pela expressão (3.6.2.4):
36
𝜈 = |𝑁𝑑|
𝐴𝑐 . 𝑓𝑐𝑑
Então,
𝜈 = 3370 (𝑘𝑁)
0,25 (𝑚2). 14285,7 (𝑘𝑁
𝑚2)= 0,9436
A partir disso, é possível determinar a curvatura na seção crítica pela
expressão (3.6.2.3):
1
𝑟=
0,005
ℎ (𝜈 + 0,5) ≤
0,005
ℎ
Substituindo o valor da espessura h = 0,25 m, encontra-se:
1
𝑟= 0,013854
Considerando o comprimento equivalente do pilar igual a 3,608 m, encontra-
se:
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝛼𝑏 . 𝑀1𝑑,𝐴 + 𝑁𝑑 .𝑙𝑒2
10 .1
𝑟 ≥ 𝑀1𝑑,𝐴
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 1,0 . 75,8 (𝑘𝑁.𝑚) + 3370 (𝑘𝑁).3,6082 (𝑚2)
10 . 0,013854 (𝑚−1)
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝟏𝟑𝟔, 𝟔 𝒌𝑵.𝒎 (𝑂𝐾)
Pilar-Padrão com rigidez aproximada
A Figura 24 mostra o momento intermediário calculado pelo aplicativo
P-Calc [5], utilizando o método do Pilar-Padrão com rigidez aproximada, quando
aplicamos o esforço normal máximo de compressão resistido pelo pilar e o momento
mínimo correspondente. O valor do esforço normal foi sendo alterado até que fosse
obtido um fator de segurança igual a 1,0. Para este caso específico, o fator de
segurança unitário foi atingido quando aplicou-se NRd = -3510 kN e seu momento
mínimo correspondente Mmín,d= NRd . (0,015+0,03.h) = 79,0 kN.m.
37
Figura 23 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão com
rigidez aproximada (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%)
Em seguida, a mesma análise é feita manualmente.
Conforme explicado no item 3.6.3 deste trabalho, para se evitar o cálculo
interativo citado pela NBR 6118:2014, pode-se obter o momento total de cálculo
como a maior raiz positiva da equação do segundo grau.
𝐴 .𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡2 + 𝐵.𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 + 𝐶 = 0
Sendo:
𝐴 = 5 ℎ = 1,25
𝐵 = ℎ² |𝑁𝑑| − |𝑁𝑑| . 𝑙𝑒
2
320− 5 ℎ 𝛼𝑏 𝑀1𝑑 = −22,16
𝐶 = − |𝑁𝑑| ℎ2 𝛼𝑏 𝑀1𝑑 = −17330,6
Resolvendo essa equação, encontramos: 𝑴𝒅,𝒕𝒐𝒕 = 𝟏𝟐𝟔, 𝟗 𝒌𝑵.𝒎 (OK)
38
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r
A Figura 25 mostra o momento intermediário calculado pelo aplicativo
P-Calc [5], utilizando o método do Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r, sem
considerar o efeito da fluência, quando aplicamos o esforço normal máximo de
compressão e o momento mínimo correspondente. O valor do esforço normal foi
sendo alterado até que fosse obtido um fator de segurança igual a 1,0. Para este
caso específico, o fator de segurança unitário foi atingido quando foi aplicado um
esforço normal de cálculo NRd = -3680 kN e seu momento mínimo correspondente
Mmín,d= NRd . (0,015+0,03.h) = 82,8 kN.m.
Figura 24- Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão acoplado
a diagramas N, M, 1/r (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%)
Em seguida, a mesma análise é feita manualmente.
A rigidez secante é dada pelo programa P-Calc, apresentada na Figura 26.
39
Figura 25 - Rigidez secante calculada pelo P-Calc (caso sem fluência)
Conforme o item 3.6.3 deste trabalho, a rigidez adimensional pode ser
calculada alternativamente pela expressão (3.6.3.4):
𝜅 = (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐
𝐴𝑐 . ℎ² . 𝑓𝑐𝑑
Substituindo os valores da geometria da seção, da resistência do concreto e
da rigidez secante, temos:
𝜅 = 16934 (𝑘𝑁.𝑚2)
0,25 (𝑚2). 0,25²(𝑚2). 14285,7 (𝑘𝑁𝑚2)= 75,86
A força normal admensional é dada por:
𝜈 = 3680 (𝑘𝑁)
0,25 (𝑚2). 14285,7 (𝑘𝑁𝑚2)= 1,0304
O momento total máximo é calculado através da equação (3.6.3.2):
𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝛼𝑏 . 𝑀1𝑑,𝐴
1 − 𝜆2
120 . 𝜅 𝜈⁄
= 1 . 82,8 (𝑘𝑁.𝑚)
1 −502
120. 75,86 1,0304⁄
= 115,5 𝑘𝑁.𝑚
Concluindo, temos:
𝑴𝑺𝒅,𝒕𝒐𝒕 = 𝟏𝟏𝟓, 𝟓 𝒌𝑵.𝒎 (OK)
40
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r com fluência
A Figura 27 mostra o momento intermediário calculado pelo aplicativo
P-Calc [5], utilizando o método do Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r,
considerando o efeito da fluência, quando aplicamos o esforço normal máximo de
compressão e o momento mínimo correspondente. O valor do esforço normal foi
sendo alterado até que fosse obtido um fator de segurança igual a 1,0. Para este
caso específico, o fator de segurança unitário foi atingido quando foi aplicado um
esforço normal de cálculo NRd = -3295 kN e seu momento mínimo correspondente
Mmín,d= NRd . (0,015+0,03.h) = 74,1 kN.m.
Figura 26 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método do Pilar-Padrão acoplado
a diagramas N, M, 1/r com efeito da fluência (λx = 50 e taxa de armadura =
1,96%)
Este caso é avaliado de maneira análoga ao anterior, porém, considera-se
na análise o coeficiente de fluência (adotado neste exemplo como φ = 2,00). Isso é
feito, acionando-se o botão para considerar a fluência no P-Calc (Figura 28).
41
Figura 27 - Consideração do efeito da fluência no programa P-Calc
O efeito da fluência altera o gráfico momento-curvatura, que por sua vez
fornece um novo valor de rigidez secante. Esse novo valor é calculado
automaticamente pelo programa e está apresentado na Figura 29.
42
Figura 28 - Rigidez secante calculada pelo P-Calc (caso com fluência)
De maneira análoga ao caso anterior, pode-se calcular a rigidez
adimensional como:
𝜅 = (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐
𝐴𝑐 . ℎ² . 𝑓𝑐𝑑
Substituindo-se os valores da geometria da seção, da resistência do concreto
e da rigidez secante, temos:
𝜅 = 9022 (𝑘𝑁.𝑚2)
0,25 (𝑚2). 0,25²(𝑚2). 14285,7 (𝑘𝑁𝑚2)= 40,42
A força normal adimensional é dada por:
𝜈 = 3295 (𝑘𝑁)
0,25 (𝑚2). 14285,7 (𝑘𝑁𝑚2)= 0,9226
O momento total máximo é calculado como:
𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝛼𝑏 . 𝑀1𝑑,𝐴
1 − 𝜆2
120 . 𝜅 𝜈⁄
= 1 . 74,1 (𝑘𝑁.𝑚)
1 −502
120. 40,42 0,9226⁄
= 141,3 𝑘𝑁.𝑚
Substituindo-se os valores numéricos, temos:
𝑴𝑺𝒅,𝒕𝒐𝒕 = 𝟏𝟒𝟏, 𝟑 𝒌𝑵.𝒎 (OK)
43
Método Geral
A Figura 30 mostra o momento intermediário calculado pelo P-Calc [5],
utilizando o Método Geral sem considerar o efeito da fluência, quando aplicamos o
esforço normal máximo de compressão e o momento mínimo correspondente. O
valor do esforço normal foi sendo alterado até que fosse obtido um fator de
segurança igual a 1,0. Para este caso específico, o fator de segurança unitário foi
atingido quando foi aplicado um esforço normal de cálculo NRd = -3650 kN e seu
momento mínimo correspondente Mmín,d= NRd . (0,015+0,03.h) = 82,1 kN.m.
Figura 29 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método Geral (λx = 50 e taxa de
armadura = 1,96%)
No Capítulo 3, o Método Geral foi abordado de maneira muito sucinta. Neste
tópico, este método terá seu procedimento de cálculo melhor detalhado.
De acordo com a NBR 6118:2014, o método geral consiste em uma análise
não-linear de segunda ordem efetuada com uma discretização adequada da barra,
considerando a relação momento-curvatura real e a não-linearidade geométrica de
44
forma numérica. Nos pilares muito esbeltos é obrigatória a verificação por este
método com a consideração da fluência.
Conforme já foi explicitado no Capítulo 3 deste trabalho, será aqui
considerada numericamente a não-linearidade geométrica, aproximando-se a curva
deformada da estrutura em trechos de parábolas do segundo grau, e em seguida
encontrando-se uma expressão para as curvaturas em função desta deformada.
Considere-se a parábola do segundo grau apresentada na Figura 31,
definida pela equação: 𝑦 = 𝐴𝑥2 + 𝐵𝑥 + 𝐶.
Figura 30 – Aproximação da deformada por uma parábola do segundo
grau
A partir da Figura 31, têm-se os seguintes pontos conhecidos:
{
𝑥 = 0 ; 𝑦1 = 𝐶
𝑥 = Δ𝐿 ; 𝑦2 = 𝐴Δ𝐿2 + 𝐵Δ𝐿 + 𝐶
𝑥 = −Δ𝐿 ; 𝑦0 = 𝐴Δ𝐿2 − 𝐵Δ𝐿 + 𝐶
Somando 𝑦0 + 𝑦2 obtêm-se:
𝑦0 + 𝑦2 = 2𝐴Δ𝐿2 + 2𝐶
Substituindo 𝑦1 = 𝐶:
𝑦0+𝑦2
2= 𝐴Δ𝐿2 + 𝑦1 (4.2.1)
Pela Figura 30 também é possível deduzir que:
𝑦1 = 𝑓 +𝑦0+𝑦2
2 (4.2.2)
ΔL ΔL
45
Substituindo (4.2.2) em (4.2.1):
𝑦0 + 𝑦22
= 𝐴Δ𝐿2 + 𝑓 +𝑦0 + 𝑦22
É possível se concluir que:
𝐴 = −𝑓
Δ𝐿2 (4.2.3)
Derivando-se a equação da parábola 𝑦 = 𝐴𝑥2 + 𝐵𝑥 + 𝐶 duas vezes, resulta:
𝑦′ = 2𝐴𝑥 + 𝐵
𝑦′′ = 2𝐴 (4.2.4)
A expressão da curvatura corresponde à segunda derivada da equação da
parábola, assim substituindo (4.2.3) em (4.2.4):
𝑦′′ = 2(−𝑓
Δ𝐿2) (4.2.5)
Como a curvatura é sempre considerada como positiva, tem-se:
1
𝑟= 2
𝑓
Δ𝐿2 (4.2.6)
Com a equação da curvatura definida para qualquer ponto da deformada,
aproximada por uma parábola do segundo grau, podemos considerar a deformada
do pilar como uma curva dividida em vários segmentos e assim, definir a incógnita 𝑓
correspondente (em função dos deslocamentos) para cada ponto do trecho
considerado (Figuras 32 e 33).
A dedução será feita para o caso da aplicação do momento mínimo, que é
geralmente o caso crítico para pilares [7]. Neste caso, em particular, pode-se
trabalhar com metade do comprimento efetivo do pilar, devido à simetria da sua
deformada.
46
Figura 31 – Deformada do pilar dividida em trechos
Figura 32 – Detalhe na deformada do pilar
Considera-se então a metade do pilar dividida em dez segmentos, sendo os
valores de 𝑓 definidos por:
𝑓0 = 0
𝑓1 = 𝑦1 −0 + 𝑦22
→2𝑓1∆𝐿2
=2𝑦1 − 𝑦2∆𝐿2
= (1
𝑟)1
𝑓2 = 𝑦2 −𝑦1 + 𝑦32
→2𝑓2∆𝐿2
=2𝑦2∆𝐿2
− (𝑦1 + 𝑦3∆𝐿2
) = (1
𝑟)2
𝑓3 = 𝑦3 −𝑦2 + 𝑦42
→2𝑓3∆𝐿2
=2𝑦3∆𝐿2
− (𝑦2 + 𝑦4∆𝐿2
) = (1
𝑟)3
𝑓4 = 𝑦4 −𝑦3 + 𝑦52
→2𝑓4∆𝐿2
=2𝑦4∆𝐿2
− (𝑦3 + 𝑦5∆𝐿2
) = (1
𝑟)4
𝑓5 = 𝑦5 −𝑦4 + 𝑦62
→2𝑓5∆𝐿2
=2𝑦5∆𝐿2
− (𝑦4 + 𝑦6∆𝐿2
) = (1
𝑟)5
47
𝑓6 = 𝑦6 −𝑦5 + 𝑦72
→2𝑓6∆𝐿2
=2𝑦6∆𝐿2
− (𝑦5 + 𝑦7∆𝐿2
) = (1
𝑟)6
𝑓7 = 𝑦7 −𝑦6 + 𝑦82
→2𝑓7∆𝐿2
=2𝑦7∆𝐿2
− (𝑦6 + 𝑦8∆𝐿2
) = (1
𝑟)7
𝑓8 = 𝑦8 −𝑦7 + 𝑦92
→2𝑓8∆𝐿2
=2𝑦8∆𝐿2
− (𝑦7 + 𝑦9∆𝐿2
) = (1
𝑟)8
𝑓9 = 𝑦9 −𝑦8 + 𝑦102
→2𝑓9∆𝐿2
=2𝑦9∆𝐿2
− (𝑦8 + 𝑦10∆𝐿2
) = (1
𝑟)9
𝑓10 = 𝑦10 − 𝑦9 →2𝑓10∆𝐿2
= 2(𝑦10 − 𝑦9∆𝐿2
) = (1
𝑟)10
Transformando as equações das curvaturas deduzidas em um produto
vetorial ∆ 𝑥 𝑦 =1
𝑟, formamos as seguintes matrizes:
∆=
(
2
∆𝐿2−1
∆𝐿20 0 0 0 0 0 0 0
−1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿20 0 0 0 0 0 0
0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿20 0 0 0 0 0
0 0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿20 0 0 0 0
0 0 0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿20 0 0 0
0 0 0 0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿20 0 0
0 0 0 0 0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿20 0
0 0 0 0 0 0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿20
0 0 0 0 0 0 0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2−1
∆𝐿2
0 0 0 0 0 0 0 0 −1
∆𝐿22
∆𝐿2 )
48
1
𝑟=
(
(1
𝑟)0
(1
𝑟)1
(1
𝑟)2
(1
𝑟)3
(1
𝑟)4
(1
𝑟)5
(1
𝑟)6
(1
𝑟)7
(1
𝑟)8
(1
𝑟)9
(1
𝑟)10)
,𝑉𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠
𝑦 =
(
𝑦0𝑦1𝑦2𝑦3𝑦4𝑦5𝑦6𝑦7𝑦8𝑦9𝑦10)
, 𝑉𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠
A equação matricial Δ−1 𝑥 1
𝑟= 𝑦 será usada em um processo interativo que
busca compatibilizar deformações, curvaturas e momentos totais. Esta
transformação da equação utilizando a matriz inversa conduz a bons resultados em
termos de convergência, tanto para os momentos quanto para as curvaturas.
Uma vez que as equações estão adequadamente definidas, a sequência de
cálculo utilizando o Método Geral é descrita a seguir.
Inicialmente define-se uma linha deformada senoidal para a primeira
iteração, a partir da força normal de compressão no pilar 𝑁𝑑 , das dimensões da
seção e da resistência à compressão do concreto; pode-se definir o valor de 𝑦𝑚𝑎𝑥
através do Método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada.
49
Conhecendo-se um ponto da linha deformada 𝑦𝑚á𝑥 e sabendo-se que nas
extremidades do pilar este ponto é igual a zero, aproximam-se os demais pontos
através de uma senóide, conforme a equação (4.2.7):
𝑦(𝑥) = 𝑦𝑚á𝑥 . 𝑠𝑒𝑛 (𝜋𝑥
𝑙𝑒) (4.2.7)
Conhecendo a linha deformada da primeira iteração, é possível definir os
momentos fletores em cada ponto através da equação (4.2.8), no caso da aplicação
de momento mínimo.
𝑀𝑑𝑖 = 𝑁𝑑 . 𝑒 + 𝑁𝑑 . 𝑦(𝑥) (4.2.8)
Em que:
𝑒 = 0,015 + 0,03ℎ (4.2.9)
Neste caso, a parcela 𝑁𝑑 . 𝑒 é constante em todas as iterações.
Calculados os momentos para a primeira iteração, a próxima etapa é obter
as respectivas curvaturas. Para este fim, será utilizado o programa M-K-UFRJ,
desenvolvido por CASTRO [8], em seu Projeto de Graduação.
O programa aplica os diagramas tensão-deformação do concreto e do aço
definidos na NBR 6118:2014 [2], utiliza as resistências de cálculo destes materiais e
as armaduras e as dimensões de uma seção transversal pré-definida, para
determinar a relação momento-curvatura para a seção submetida a um determinado
valor de força normal.
Então, com o programa MK-UFRJ traça-se a relação momento-curvatura
para a seção em estudo e, assim, é possível conseguir as curvaturas
correspondentes aos momentos da primeira iteração.
Determinadas as curvaturas, pode-se utilizar a equação matricial Δ−1 𝑥 1
𝑟= 𝑦
e assim definir novos deslocamentos e, com estes, podem-se obter os momentos
para a segunda iteração através da equação (4.2.8).
Com os momentos da segunda iteração definidos, entra-se novamente na
curva momento-curvatura calculada no programa MK-UFRJ e obtêm-se novas
curvaturas e, consequentemente novos deslocamentos. O procedimento continua
até que haja convergência tanto nos momentos quanto nas curvaturas.
Uma planilha de cálculo foi desenvolvida por ROCHA [9], utilizando o
programa MATHCAD [10], automatizando a sequência de cálculos para o Método
Geral, considerando o caso de momentos mínimos e o de momentos aplicados nas
extremidades do pilar.
50
Os dados de entrada para a planilha são os pontos da curva momento-
curvatura que foram obtidos através do programa MK-UFRJ, que por sua vez foram
salvos em um arquivo do tipo txt.
Através do comando import, o MATHCAD [10] faz a leitura do arquivo txt e
salva em dois vetores os valores de momento e de curvatura. Em seguida, interpola-
se em uma curva polinomial do terceiro grau, para obter-se os valores de momentos
e curvaturas em cada iteração.
A planilha foi inicialmente desenvolvida para fazer seis iterações, o que
geralmente é suficiente para garantir a convergência. Entretanto, pode-se aumentar
o número de iterações caso haja necessidade.
Abaixo (Figura 34) está apresentada a análise gerada pelo programa MK-
UFRJ para este caso, que serviu como dado de entrada na planilha Mathcad.
Figura 33 - Gráfico momento-curvatura gerado pelo MK-UFRJ – sem
fluência
Em seguida, é mostrado todo desenvolvimento dos cálculos para este caso.
51
52
53
54
55
56
Para obter os valores de momento final, devemos multiplicar os momentos
resultantes da última iteração pelo coeficiente 𝛾𝑓3 = 1,1.
57
Verificação final: 117 kN.m ≈ 116,6 kN.m (OK)
Método Geral com fluência
Este caso é avaliado de maneira análoga ao anterior, porém, considera-se o
coeficiente de fluência (φ = 2,0) na análise do programa gerando outro resultado
(Figura 35). O valor do esforço normal foi sendo alterado até que fosse obtido um
fator de segurança igual a 1,0. Para este caso específico, o fator de segurança
unitário foi atingido quando foi aplicado um esforço normal de cálculo NRd = -3310 kN
e seu momento mínimo correspondente Mmín,d= NRd . (0,015+0,03.h) = 74,5 kN.m.
Figura 34 - Análise gerada pelo P-Calc para o Método Geral com efeito
da fluência (λx = 50 e taxa de armadura = 1,96%)
58
No cálculo manual, o procedimento é feito de forma idêntica ao anterior,
sendo a única diferença a consideração do coeficiente de fluência (φ = 2,0) no
programa MK-UFRJ, conforme mostrado na Figura 36 a seguir.
Figura 35 - Gráfico momento-curvatura gerado pelo MK-UFRJ – com
fluência
Em seguida, foi utilizada a mesma planilha Mathcad citada anteriormente,
com o desenvolvimento mostrado a seguir.
59
60
61
62
63
64
Para obter os valores de momento final, devemos multiplicar os momentos
resultantes da última iteração pelo coeficiente 𝛾𝑓3 = 1,1.
65
Verificação: 140,4 kN.m ≈ 133,2 kN.m (OK)
(Observar que neste caso a convergência foi mais lenta e que talvez com um
maior número de interações, se chegasse a um resultado mais preciso).
4.3 Comparações com outros programas computacionais
A comparação foi feita utilizando o programa OBLÍQUA [11] para o mesmo
pilar avaliado anteriormente, aplicando-se o maior esforço normal de cálculo e seu
momento total correspondente, dentre os encontrados anteriormente (conforme
Tabela 2).
Tabela 2 - Esforços normais máximos de cálculo para cada método no pilar
avaliado
Como é possível observar, o maior esforço normal encontrado foi aquele
obtido pelo Método do Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r,
correspondendo a uma força de compressão igual a -3680 kN, cujo momento
máximo correspondente no meio do pilar é 115,5 kN.m. Esses esforços foram
inseridos no programa OBLÍQUA e a curva de interação gerada é praticamente
idêntica à do P-Calc, verificando os diagramas de interação utilizados neste
programa (ver Figura 37).
Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método Geral
com fluência
λx = 50 -3370 -3510 -3680 -3295 -3650 -3310
66
Figura 36 - Análise no programa OBLÍQUA 1.0
Nota: o resultado utilizando o programa OBLÍQUA foi obtido de forma visual.
67
5 Análises
Conforme explicado no Capítulo 1, este trabalho foi desenvolvido com o
objetivo de definir se os métodos aproximados de consideração do efeito de
segunda ordem em pilares da NBR 6118:2014 garantem a segurança dos mesmos.
Para isso, foram feitas 330 análises de um pilar de concreto armado, usando
o aplicativo P-Calc, variando-se a taxa de armadura e o índice de esbeltez. Os itens
abaixo visam descrever as considerações utilizadas nestas análises.
5.1 Dados do pilar
5.1.1 Seção geométrica
O pilar possui 100 centímetros de base e 25 centímetros de altura,
resultando em uma seção transversal com área igual a 2500 cm².
A Figura 38 mostra algumas das propriedades geométricas geradas pelo
programa P-Calc.
Figura 37 - Geometria da seção do pilar
68
5.1.2 Materiais
A classe do concreto utilizado para o pilar em questão foi concreto C20, que
corresponde à menor classe aplicada ao concreto com armadura passiva. Suas
características estão apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 - Características do concreto C20
A categoria do aço utilizado na armadura passiva deste pilar é a categoria
CA-50. Suas propriedades mecânicas estão explicitadas na Tabela 4.
Tabela 4 - Propriedades mecânicas do aço CA-50
Na Figura 39 estão apresentados os dados de entrada dos materiais no
programa P-Calc [5].
Classe Grupo
Massa
específica
(kg/m³)
Coef. de
dilatação
térmica
(/˚C)
Resistência
característica
(MPa)
Resistência
à tração, inf
(MPa)
Resistência à
tração, sup
(MPa)
Módulo de
elasticidade
(GPa)
Módulo de
elasticidade
secante
(GPa)
C20 I 2500 10-5 20 1,55 2,87 25 21
Categoria
Massa
específica
(kg/m³)
Coef. de
dilatação
térmica
(/˚C)
Tensão de
escoamento
(MPa)
Limite de
resistência
(MPa)
Módulo de
elasticidade
(GPa)
CA-50 7850 10-5 500 550 210
69
Figura 38 - Materiais utilizados
5.1.3 Critérios utilizados
Em relação aos coeficientes de segurança, foram adotados:
- Coeficiente de ponderação das ações f = 1,0, pois assim todos os
resultados serão analisados em termos de valores de cálculo (Nd e Md), já que a
entrada do programa é dada em valores característicos (Nk e Mk). Ou seja, não seria
preciso majorar os resultados finais por 1,4 (usual definido pela Norma) quando de
seu dimensionamento;
- Parcela do coeficiente de majoração f que considera os desvios gerados
nas construções e as aproximações de projeto do ponto de vista das solicitações γf3
= 1,1 , conforme prescrito na NBR 6118:2014 nos casos de análise com não-
linearidade geométrica;
70
- Coeficiente de minoração da resistência do concreto c = 1,4 e do aço
s = 1,15 conforme o item 12.4.1 da NBR 6118:2014.
Na Figura 40 estão apresentados os critérios para os coeficientes de
segurança inseridos no programa P-Calc.
Figura 39 - Coeficientes de segurança utilizados
Para fins de resultados conclusivos neste trabalho, foram analisadas
somente situações de momentos mínimos. Essa consideração foi feita, pois a
aplicação dos momentos mínimos com mesmo sentido (tracionando as fibras de
mesmo lado) no topo e na base do pilar é geralmente o caso crítico para os efeitos
de segunda ordem. Podemos observar este fato se analisarmos dois pilares
biapoiados na Figura 41.
71
Figura 40 - Pilares biapoaidos com momentos unitários aplicados no
topo e na base. a) Pilar 1 com momentos com mesmo sentido; b) Pilar 2 com
momentos com sentidos opostos.
Na Figura 42, é possível perceber que no primeiro caso (pilar com momentos
aplicados em suas extremidades com o mesmo sentido) o diagrama de momentos
fletores permanece constante, com valor não nulo no ponto intermediário da barra.
Já no segundo caso (pilar com momentos aplicados com sentidos opostos em suas
extremidades) o diagrama de momentos fletores é zerado em seu ponto médio.
Figura 41 - Diagramas de momentos fletores nos Pilares 1 e 2
72
A Figura 43 mostra as deformadas dos pilares 1 e 2, explicitando ainda mais
o caso crítico de aplicação dos momentos fletores tracionando as fibras de mesmo
lado. Observa-se que no Pilar 2, como a deformada horizontal provocada pelos
momentos é nula, não há teoricamente efeitos de segunda ordem no centro do pilar,
sendo então o momento nesse ponto igual a zero. Já no Pilar 1, o ponto mais crítico
é o ponto central.
Figura 42 - Deformadas dos pilares 1 e 2
Desta forma, o programa P-Calc [5] tem a opção de verificação de momento
mínimo para cada caso analisado, para que se assegure que as situações mais
críticas foram cobertas. A Figura 44 mostra a janela do programa com a opção de
verificação do momento mínimo.
73
Figura 43 - Consideração da envoltória de momentos mínimos nas
análises
Em termos de precisão, foram utilizados 100 pontos nos diagramas de
interação, 30 pontos nos gráficos momento-curvatura e 400 elementos para
discretizar a seção transversal. Para determinação da Linha Neutra, a tolerância foi
de 0,1% no somatório de esforço normal, bem como na variação da posição da
Linha Neutra. Esses critérios de precisão são mostrados na Figura 45.
74
Figura 44 - Critérios de precisão utilizados
5.2 Métodos de cálculo
Foram utilizados os quatro métodos de cálculo prescritos pela NBR
6118:2014 para a realização das análises. Em dois deles foi considerado o efeito da
fluência, pois os outros dois presumidamente já têm essa consideração embutida de
maneira aproximada. São eles:
Pilar-Padrão com curvatura aproximada
Pilar-Padrão com rigidez aproximada
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M e 1/r (com e sem fluência)
Método Geral (com e sem fluência)
75
As opções de cálculo oferecidas pelo programa P-Calc [5] encontram-se na
Figura 46.
Figura 45 - Opções de consideração do efeito de segunda ordem local
pelo P-Calc
5.3 Intervalos do índice de esbeltez e taxa de armadura
Os valores de comprimento do pilar foram escolhidos de modo a resultar em
uma variação conveniente dos índices de esbeltez (30 ≤ x ≤ 150). A Tabela 5
mostra esses valores.
76
Tabela 5 - Comprimentos de flambagem e índices de esbeltez correspondentes
utilizados nas análises
As taxas de armadura do pilar foram escolhidas de forma que seu intervalo
variasse entre as taxas mínima e máxima permitidas pela Norma. Assim, foram
utilizadas cinco valores de taxa de armadura entre um intervalo de 0,4% e 4%. A
Tabela 6 mostra os valores usados.
Tabela 6 - Taxas de armadura utilizadas nas análises deste projeto
Comprimentos de
flambagem (m)2,165 2,887 3,608 4,330 5,052 5,774 6,495 7,578 8,660 9,743 10,825
λx 30 40 50 60 70 80 90 105 120 135 150
Taxas de
armadura 0,40% 1% 2% 3% 4%
77
6 Resultados Obtidos
Como resultados deste trabalho, foram geradas duas tabelas e dois gráficos
para cada taxa de armadura considerada.
A primeira tabela apresenta os valores de esforço normal máximo suportado
pelo pilar de acordo com o índice de esbeltez e o método de cálculo analisado. A
segunda tabela mostra o coeficiente de segurança obtido em cada método, com
relação ao Método Geral com fluência (considerado como referência).
O primeiro gráfico mostra a curva Força Normal versus Índice de Esbeltez
para cada método. O segundo gráfico apresenta as curvas geradas com dados da
segunda tabela, explicitando os coeficientes de segurança obtidos com cada um dos
métodos de cálculo utilizados.
Para fins conclusivos, foram tomadas algumas hipóteses na avaliação dos
resultados gerados. São elas:
1) O Método Geral com a consideração do efeito da fluência foi tomado
como referência, uma vez que considera a não linearidade física e
geométrica de maneira exata dentro das aproximações de um processo
numérico;
2) O coeficiente de segurança calculado para comparar um determinado
método com o método de referência (Método Geral considerando fluência)
foi obtido através da relação entre o esforço normal máximo suportado
pelo pilar quando calculado pelo Método Geral com fluência e o esforço
normal máximo suportado pelo pilar quando calculado pelo outro método
que estamos querendo avaliar. Ou seja:
𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 (𝐶𝑆) = 𝑁𝑚á𝑥 𝑢𝑠𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑀é𝑡𝑜𝑑𝑜 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑐𝑜𝑚 𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎
𝑁𝑚á𝑥 𝑑𝑜 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜 𝑀é𝑡𝑜𝑑𝑜
3) caso o coeficiente de segurança (obtido pela relação anterior) for maior
que 1,10, então este método é considerado conservador para as
condições consideradas;
4) caso o coeficiente de segurança (obtido pela relação anterior) for menor
que 0,90, então este método é considerado não seguro para as
condições consideradas;
5) caso o coeficiente de segurança (obtido pela relação anterior) estiver no
intervalo entre 0,90 e 1,10, então este método é considerado aceitável
para as condições consideradas.
78
Em seguida, são mostrados os resultados para toda as análises realizadas.
6.1.1 Taxa de armadura = 0,4%
As Tabelas 7 e 8, juntamente com as Figuras 47 e 48, apresentam os
resultados gerados para um pilar com taxa de armadura igual a 0,4%.
Tabela 7 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 0,4%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 -2530 -2630 -2670 -2560 -2665 -2540
40 -2360 -2525 -2625 -2390 -2615 -2375
50 -2130 -2380 -2555 -2150 -2535 -2150
60 -1840 -2175 -2455 -1750 -2440 -1857
70 -1575 -1900 -2340 -1225 -2320 -1535
80 -1340 -1615 -2175 -895 -2175 -1235
90 -1080 -1325 -1925 -415 -1992 -1005
105 -715 -840 -850 -266 -1642 -760
120 -475 -500 -590 -235 -1345 -595
135 -335 -325 -415,5 -165 -1115 -475
150 -250 -230 -317,5 -123 -935 -390
79
Figura 46 - Curvas de Força Normal versus Índice de Esbeltez para a
taxa de armadura de 0,4%
Tabela 8 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 0,4%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 1,004 0,966 0,951 0,992 0,953 1,000
40 1,006 0,941 0,905 0,994 0,908 1,000
50 1,009 0,903 0,841 1,000 0,848 1,000
60 1,009 0,854 0,756 1,061 0,761 1,000
70 0,975 0,808 0,656 1,253 0,662 1,000
80 0,922 0,765 0,568 1,380 0,568 1,000
90 0,931 0,758 0,522 2,422 0,505 1,000
105 1,063 0,905 0,894 2,857 0,463 1,000
120 1,253 1,190 1,008 2,532 0,442 1,000
135 1,418 1,462 1,143 2,879 0,426 1,000
150 1,560 1,696 1,228 3,171 0,417 1,000
80
Figura 47 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao
Método Geral com fluência para taxa de armadura de 0,4%
Na Figura 48, pôde se observar um grande número de diferenças nos
resultados. O Método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada foi o que se
mostrou com resultados mais próximos aos Método Geral com fluência, ficando um
pouco conservador para >120, porém seu uso é recomendado pela Norma apenas
para pilares com ≤90. Os Métodos do Pilar-Padrão com rigidez aproximada e
acoplado a diagramas N, M, 1/r sem fluência apresentaram resultados contra a
segurança, admitindo valores de esforço normal até 50% maiores do que os
corretos. Por outro lado, quando consideramos a fluência no Método do Pilar-Padrão
acoplado a diagramas N, M, 1/r, os resultados são muito conservadores.
6.1.2 Taxa de armadura = 1%
As Tabelas 9 e 10, juntamente com as Figuras 49 e 50, apresentam os
resultados gerados para um pilar com taxa de armadura igual a 1%.
81
Tabela 9 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 1%
Figura 48 - Curvas de Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa
de armadura de 1%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 -2990 -3070 -3115 -3000 -3110 -2990
40 -2815 -2960 -3055 -2820 -3040 -2805
50 -2590 -2790 -2965 -2565 -2945 -2575
60 -2315 -2570 -2845 -2200 -2820 -2282
70 -1990 -2290 -2690 -1770 -2675 -1951,5
80 -1700 -1980 -2475 -1385 -2485 -1600
90 -1480 -1680 -2100 -1118 -2243 -1322
105 -1200 -1310 -1190 -831 -1830 -999
120 -880 -930 -897,5 -803 -1497 -779
135 -660 -650 -696,5 -614,5 -1237 -623
150 -500 -470 -557 -431,3 -1034 -509
82
Tabela 10 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 1%
Figura 49 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao
Método Geral com fluência para taxa de armadura de 1%
Pela Figura 50, podemos observar que muitos pontos ainda ficaram fora do
intervalo definido como aceitável, porém essas diferenças são menores que as
vistas para a taxa de armadura mínima (igual a 0,4%). O Método do Pilar-Padrão
com curvatura aproximada foi o que se mostrou com resultados mais próximos aos
do Método Geral com fluência apresentando resultados um pouco contra a
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 1,000 0,974 0,960 0,997 0,961 1,000
40 0,996 0,948 0,918 0,995 0,923 1,000
50 0,994 0,923 0,868 1,004 0,874 1,000
60 0,986 0,888 0,802 1,037 0,809 1,000
70 0,981 0,852 0,725 1,103 0,730 1,000
80 0,941 0,808 0,646 1,155 0,644 1,000
90 0,893 0,787 0,630 1,182 0,589 1,000
105 0,833 0,763 0,839 1,202 0,546 1,000
120 0,885 0,838 0,868 0,970 0,520 1,000
135 0,944 0,958 0,894 1,014 0,504 1,000
150 1,018 1,083 0,914 1,180 0,492 1,000
83
segurança na faixa 90>>120. No entanto, a Norma limita sua utilização a pilares
com ≤90. Os Métodos do Pilar-Padrão com rigidez aproximada e acoplado a
diagramas N, M, 1/r sem fluência, apresentaram resultados contra a segurança,
admitindo valores de esforço normal até 40% maiores que os corretos calculados
pelo Método Geral com fluência. Quando consideramos a fluência no Método do
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r, os resultados ficam um pouco
conservadores.
6.1.3 Taxa de armadura = 2%
As Tabelas 11 e 12, juntamente com as Figuras 51 e 52, apresentam os
resultados gerados para um pilar com taxa de armadura igual a 2%.
Tabela 11 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 2%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 -3775 -3840 -3890 -3775 -3880 -3760
40 -3600 -3710 -3800 -3575 -3780 -3575
50 -3370 -3510 -3680 -3295 -3650 -3310
60 -3080 -3240 -3510 -2915 -3480 -2990
70 -2760 -2910 -3290 -2475 -3275 -2625
80 -2400 -2550 -2970 -2050 -3015 -2270
90 -2060 -2210 -2490 -1695 -2686 -1905
105 -1650 -1770 -1740 -1292 -2172 -1350
120 -1380 -1420 -1272 -1250 -1760 -1130
135 -1150 -1130 -1013 -973,5 -1450 -900
150 -900 -850 -831 -771,5 -1210 -730
84
Figura 50 - Curvas Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa de
armadura de 2%
Tabela 12 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 2%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 0,996 0,979 0,967 0,996 0,969 1,000
40 0,993 0,964 0,941 1,000 0,946 1,000
50 0,982 0,943 0,899 1,005 0,907 1,000
60 0,971 0,923 0,852 1,026 0,859 1,000
70 0,951 0,902 0,798 1,061 0,802 1,000
80 0,946 0,890 0,764 1,107 0,753 1,000
90 0,925 0,862 0,765 1,124 0,709 1,000
105 0,818 0,763 0,776 1,045 0,622 1,000
120 0,819 0,796 0,888 0,904 0,642 1,000
135 0,783 0,796 0,888 0,924 0,621 1,000
150 0,811 0,859 0,878 0,946 0,603 1,000
85
Figura 51 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao
Método Geral com fluência para taxa de armadura de 2%
Na Figura 52, é possível observar que os Métodos do Pilar-Padrão com
rigidez aproximada apresentou resultados contra a segurança a partir dos índices de
esbeltez iguais a 80. Como este método é indicado para pilares com índice de
esbeltez com valores até 90, existem pontos que apresentaram resultados não
seguros. Da mesma forma, os resultados obtidos utilizando o Método do Pilar-
Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r sem fluência se mostraram contra a
segurança para a partir de 50, sendo que seu uso é recomendado para pilares
com ≤ Se considerarmos o efeito da fluência no último método (Método do
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r), os resultados se tornam satisfatórios
demonstrando a importância da consideração da fluência nesse método.
6.1.4 Taxa de armadura = 3%
As Tabelas 13 e 14, juntamente com as Figuras 53 e 54, apresentam os
resultados gerados para um pilar com taxa de armadura igual a 3%.
86
Tabela 13 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 3%
Figura 52 - Curvas Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa de
armadura de 3%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 -4715 -4760 -4800 -4700 -4790 -4685
40 -4525 -4590 -4690 -4480 -4660 -4470
50 -4280 -4350 -4520 -4160 -4490 -4185
60 -4000 -4030 -4290 -3750 -4260 -3835,5
70 -3640 -3630 -3990 -3260 -3980 -3433
80 -3270 -3220 -3570 -2770 -3640 -3000
90 -2850 -2800 -3040 -2340 -3230 -2570
105 -2280 -2260 -2264 -1830 -2607 -2014
120 -1780 -1830 -1725 -1432 -2110 -1330
135 -1520 -1500 -1355 -1159 -1730 -1255
150 -1300 -1250 -1101 -1094,5 -1445 -1030
87
Tabela 14 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 3%
Figura 53 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao
Método Geral com fluência para taxa de armadura de 3%
O pilar com taxa de armadura igual a 3% oferece conclusões semelhantes ao
caso anterior. A Figura 54 mostra que os pontos gerados pelo uso dos Métodos do
Pilar-Padrão com curvatura aproximada e com rigidez aproximada caíram abaixo do
intervalo adotado como aceitável (resultados contra a segurança) somente nos
casos de pilar com ≥105, enquanto a Norma define o uso dos mesmos apenas
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 0,994 0,984 0,976 0,997 0,978 1,000
40 0,988 0,974 0,953 0,998 0,959 1,000
50 0,978 0,962 0,926 1,006 0,932 1,000
60 0,959 0,952 0,894 1,023 0,900 1,000
70 0,943 0,946 0,860 1,053 0,863 1,000
80 0,917 0,932 0,840 1,083 0,824 1,000
90 0,902 0,918 0,845 1,098 0,796 1,000
105 0,883 0,891 0,890 1,101 0,773 1,000
120 0,747 0,727 0,771 0,929 0,630 1,000
135 0,826 0,837 0,926 1,083 0,725 1,000
150 0,792 0,824 0,936 0,941 0,713 1,000
88
para pilares com ≤90. Esse mesmo fato ocorre no Método Pilar-Padrão acoplado a
diagramas N, M, 1/r sem fluência a partir de =60, sendo que esse método é
recomendado para o cálculo de pilares esbeltos com ≥140. Quando o efeito da
fluência é considerado no Método do Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r,
os resultados se tornam satisfatórios.
6.1.5 Taxa de armadura = 4%
As tabelas 15 e 16, juntamente com as Figuras 55 e 56, apresentam os
resultados gerados para um pilar com taxa de armadura igual a 4%.
Tabela 15 - Valores de Esforço Normal máximo suportado pelo pilar para taxa
de armadura de 4%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 -5340 -5360 -5410 -5325 -5400 -5310
40 -5150 -5175 -5275 -5085 -5250 -5075
50 -4900 -4920 -5075 -4760 -5040 -4775
60 -4600 -4550 -4815 -4315 -4775 -4405
70 -4250 -4115 -4470 -3790 -4460 -3960
80 -3850 -3650 -3985 -3265 -4065 -3475
90 -3400 -3185 -3415 -2785 -3605 -2999
105 -2775 -2575 -2600 -2172 -2900 -2370
120 -2200 -2100 -2010 -1722 -2350 -1875
135 -1749 -1720 -2072 -1660 -1930 -1500
150 -1500 -1440 -1545 -1304 -1610 -1230
89
Figura 54 - Curvas Força Normal versus Índice de Esbeltez para taxa de
armadura de 4%
Tabela 16 - Coeficiente de Segurança de cada método em relação ao Método
Geral com fluência para taxa de armadura de 4%
\ Método
Pilar-Padrão
(curvatura
aprox.)
Pilar-Padrão
(rigidez
aprox.)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r)
Pilar-Padrão
(N,M,1/r) com
fluência
Método
Geral
Método
Geral com
fluência
30 0,994 0,991 0,982 0,997 0,983 1,000
40 0,985 0,981 0,962 0,998 0,967 1,000
50 0,974 0,971 0,941 1,003 0,947 1,000
60 0,958 0,968 0,915 1,021 0,923 1,000
70 0,932 0,962 0,886 1,045 0,888 1,000
80 0,903 0,952 0,872 1,064 0,855 1,000
90 0,882 0,942 0,878 1,077 0,832 1,000
105 0,854 0,920 0,912 1,091 0,817 1,000
120 0,852 0,893 0,933 1,089 0,798 1,000
135 0,858 0,872 0,724 0,904 0,777 1,000
150 0,820 0,854 0,796 0,943 0,764 1,000
90
Figura 55 - Variação dos Coeficientes de Segurança em relação ao
Método Geral com fluência para taxa de armadura de 4%
Por fim, podemos ver na Figura 56, que o pilar com taxa de armadura
máxima admitida pela Norma igual a 4%, mostra que os diversos métodos de
cálculo apresentam resultados mais aceitáveis. Para todos os métodos, os pontos
que caíram fora do intervalo estabelecido como aceitável, estão além dos critérios
de projeto prescritos na Norma, ou seja, os pontos que mostraram esses resultados,
não estão seguindo as recomendações dadas pela Norma. No entanto, o número de
casos que ultrapassou o limite de coeficiente de segurança assumido neste trabalho
foi baixo para todos os casos.
91
7 Considerações finais
7.1 Conclusões
A partir dos resultados apresentados no Capítulo 6, podemos fazer alguns
comentários em relação à segurança dos métodos de cálculo prescritos pela NBR
6118:2014 [2] para consideração do efeito de segunda ordem, estudados neste
trabalho. Todas as considerações aqui colocadas serão feitas em função desses
casos específicos que foram analisados.
A Figura 57 mostra o gráfico com os coeficientes de segurança que relaciona
o Método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada com o Método Geral com
fluência, onde cada curva representa os pontos gerados por uma taxa de armadura
definida dentro do intervalo mostrado no item 5.3 deste trabalho..
Figura 56 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do
Pilar-Padrão com curvatura aproximada
Observando as curvas geradas, percebemos que alguns pontos ficam fora
do intervalo considerado como aceitável (destacado pelo retângulo amarelo). No
entanto, se limitássemos as análises para o índice de esbeltez igual a 90 (conforme
é definido pela Norma para este método), observamos que todos os pontos mostram
resultados satisfatórios.
92
A Figura 58 mostra o gráfico com os coeficientes de segurança que relaciona
o Método do Pilar-Padrão com rigidez aproximada com o Método Geral com
fluência.
Figura 57 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do
Pilar-Padrão com rigidez aproximada
Percebemos que um maior número de pontos fica fora do intervalo
considerado como aceitável (destacado pelo retângulo amarelo). Segundo a Norma,
este método também é recomendado para o cálculo de pilares com ≤90. Limitando
esse valor no gráfico, observamos as curvas geradas por taxas de armadura mais
baixas, apresentam resultados não seguros antes de atingir esse valor do índice de
esbeltez.
Na Figura 59 está representado o gráfico que relaciona os coeficientes de
segurança obtidos entre o Método do Pilar-Padrão acoplado a diagramas N,M,1/r e
o Método Geral com fluência.
93
Figura 58 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r
É possível observar que muitos pontos se encontram abaixo do intervalo
considerado como aceitável (destacado pelo retângulo amarelo), se mostrando
como resultados não seguros uma vez que este é o único método oferecido pela
Norma para pilares realização do cálculo de esbeltos com ≤.
No entanto, se observarmos a Figura 59, vemos que a consideração da
fluência nesse método se mostra muito importante.
94
Figura 59 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método do
Pilar-Padrão acoplado a diagramas N, M, 1/r com fluência
Este o gráfico (Figura 60) mostra os coeficientes de segurança obtidos entre
o Método do Pilar-Padrão acoplado a diagramas N,M,1/r considerando o efeito da
fluência com o Método Geral com fluência. Podemos ver que quase todos os pontos
mostram resultados satisfatórios, próximos ao do cálculo utilizando o Método Geral
com fluência. Apenas para a taxa de armadura mínima que é possível observar
resultados muito conservadores, podendo nos oferecer soluções antieconômicas se
forem utilizadas no dimensionamento.
Na Figura 61, o gráfico mostrado relaciona as duas análises feitas usando o
Método Geral com e sem a consideração do efeito da fluência.
95
Figura 60 - Variação dos Coeficientes de Segurança para o Método
Geral sem fluência
Nesse gráfico (Figura 61) é possível observar a importância de se considerar
esse efeito nos cálculos de pilar. Segundo a Norma, a consideração desse efeito é
obrigatória para pilares com ≥90. Porém, se observarmos a Figura 60, para todos
os casos de armadura, os resultados apresentaram coeficientes inferiores ao
estabelecido como aceitável antes de atingir esse valor de índice de esbeltez (igual
a 90). Dessa forma, para esses casos analisados, levando em conta as
considerações feitas nesse trabalho, se o efeito da fluência não fosse considerado
nos cálculos desses pilares, os resultados que teríamos seriam não seguros.
7.2 Sugestões para trabalhos futuros
Devido ao avanço da tecnologia, a tendência é de que os mecanismos de
cálculo para projetos se tornem cada vez mais automatizados. Dessa forma, o uso
do Método Geral em todos os casos será inevitável, uma vez que nos proporciona
resultados mais próximos do exato. A desvantagem de seu uso se dá por ser um
processo de cálculo exaustivo para ser feito manualmente. Com o aparecimento de
novos programas computacionais que realizem os cálculos de pilares utilizando
96
esses métodos, é preciso rever suas limitações como por exemplo os casos em que
não há convergência do resultado e o uso da fluência para pilares menos esbeltos.
Foi possível observar pelos gráficos e tabelas que existem alguns pontos que
fugiram do esperado durante as análises. Além disso, houve casos em que ocorreu
instabilidade da coluna quando calculada pelo Método Geral, antes de atingirmos o
fator de segurança igual a 1,0 nas análises. Ou seja, o pilar não resistiu ao esforço
normal aplicado com seu momento mínimo correspondente, antes de chegar ao
limite das curvas envoltórias de resistência (FS=1,0 no programa). Esses pontos
podem ser estudados mais detalhadamente.
Ainda pode-se deixar como sugestão, a análise de pilares com taxas de
armaduras mais baixas que neste trabalho apresentaram resultados muito diferentes
para cada tipo de Método utilizado.
97
8 Referências Bibliográficas
[1] MONTOYA, P.J. , Hormigon Armado: abacos para el cálculo de secciones
em el estado último de agotamiento. Barcelona. 1979
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118:2014
– Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento, Rio de Janeiro, 2014.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5738:
Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos de concreto.
Rio de Janeiro, 1994.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5739:
Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos - Método de
ensaio. Rio de Janeiro, 1994.
[5] SANDER, D. C. J., KIMURA, A. E., Sistema computacional para análise não
linear de pilares de concreto armado. 55ͦ Congresso Brasileiro do Concreto –
CBC2013, ISSN 2175-818, Gramado – RS, Brasil, Outubro, 2013.
[6] LONGO, H. I. Efeitos de Segunda Ordem em Estruturas de Edificações,
Apostila, Escola Politécnica da UFRJ, 2008.
[7] SOUZA, C. E. L. S., Análise do efeito de segunda ordem em pilares segundo
a NBR 6118 e métodos exatos, Projeto de Graduação, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 2011.
[8] CASTRO, F. M. O., Análise Plástica de Pórticos de Concreto Armado
Submetidos a Ações Sísmicas, Segundo Critérios de Ductilidade, Projeto de
Graduação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, Março,
2008.
[9] ROCHA, F. G. O., Verificação de uma edificação considerando desvios
construtivos reais, Tese de Mestrado, Programa de Projeto de Estruturas (PPE/
UFRJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, 2015 (em elaboração).
98
[10] MATCHCAD, version 14.0.0.163 , Parametric Technology Corporation, 140
Kendrick Street, Needham, MA 02494 USA
[11] OBLÍQUA, versão 1.0, ZANDONÁ, C. A. W., DE OLIVEIRA, M. F. F., MARINO, ,
M. A., Universidade Federal do Paraná, Brasil, Março, 2001.