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1 Mecânica de Fluidos – FCUL – DEGGE – Prof. Carlos Pires 11 Análise Dimensional e Semelhança Dinâmica 11.1 Análise Dimensional A Análise Dimensional é um método de redução do número e da complexidade das variáveis físicas envolvidas num determinado fenómeno físico. O princípio da Análise Dimensional é o Princípio da Homogeneidade Dimensional (PHD) que tem o seguinte enunciado: Todos os termos aditivos de uma equação física devem ter as mesmas dimensões físicas. A dimensão física de uma grandeza física A representase por [A] ou seja ‘A’ entre parêntesis retos. As dimensões fundamentais usadas em termohidrodinâmica (conjunção da termodinâmica e da mecânica de fluidos) são: Massa (M), Comprimento (L), Tempo (T), e temperatura absoluta () ou seja: MLT, a que correspondem respectivamente as unidades m (metro), s (segundo), kg (kilograma) e K (kelvin) no Sistema Internacional de Unidades (SI). Por exemplo a dimensão física de pressão p é: [p] =[Força/área]=[massa][aceleração]/[área]=MLT 2 /L 2 =ML 1 T 2 . Em alternativa à massa pode usarse como grandeza fundamental a força (F=MLT 2 , M=FL 1 T 2 ), usada no sistema Anglosaxónico (English System) e que utiliza as dimensões fundamentais FLT. As unidades fundamentais do sistema Inglês são: libraforça ( 1 lbf= 4.44822162 N) para força, pé (foot, 1 ft=0.3048 m) para comprimento, segundo (s) para tempo e graus Rankine (R, 1R=2/9 K) para temperatura absoluta. O equivalente para massa é: 1slug=1lbf/(ft s 2 )= 14.5939 kg. A aceleração da gravidade no English System vale g=32.174 ft/s 2 enquanto que no SI vale g=9.81 ms 2 . Para uma grandeza A sem dimensões (adimensional), as dimensões representamse na forma [A]=1. Todas as grandezas devem ser expressas num sistema coerente de unidades ou seja devem corresponder a produtos de monómios (potências) das unidades fundamentais (ex ms 2 , J/(KgK) etc.) Temse então o seguinte quadro com as dimensões e unidades do Sistema Internacional (SI) Grandeza Dimensões (MLT) Dimensões (FLT) Unidades (SI) Comprimento L L m (metro) Tempo T T s (segundo) Massa M FL 1 T 2 kg (kilograma) Área L 2 L 2 m 2 Volume L 3 L 3 m 3 Velocidade LT 1 LT 1 ms 1 Aceleração LT 2 LT 2 ms 2 Taxa de deformação T 1 T 1 (ms 1 )m 1 =s 1 Ângulo 1 (adim) 1 (adim) rad (radianos) Velocidade angular T 1 T 1 s 1 =Hz (Hertz) Aceleração angular T 2 T 2 s 2 =Hz 2

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Mecânica de Fluidos – FCUL – DEGGE – Prof. Carlos Pires  

11 ‐ Análise Dimensional e Semelhança Dinâmica 

11.1 Análise Dimensional 

A Análise Dimensional é um método de redução do número e da complexidade das variáveis 

físicas envolvidas num determinado  fenómeno  físico. O princípio da Análise Dimensional é o 

Princípio da Homogeneidade Dimensional (PHD) que tem o seguinte enunciado: 

Todos os termos aditivos de uma equação física devem ter as mesmas dimensões físicas.  

A dimensão física de uma grandeza física A representa‐se por [A] ou seja ‘A’ entre parêntesis 

retos.  As  dimensões  fundamentais  usadas  em  termohidrodinâmica  (conjunção  da 

termodinâmica  e  da mecânica  de  fluidos)  são: Massa  (M),  Comprimento  (L),  Tempo  (T),  e 

temperatura absoluta () ou seja: MLT, a que correspondem respectivamente as unidades m 

(metro), s (segundo), kg (kilograma) e K (kelvin) no Sistema Internacional de Unidades (SI). Por 

exemplo a dimensão física de pressão p é: 

[p] =[Força/área]=[massa][aceleração]/[área]=MLT‐2/L2=ML‐1T‐2. 

Em alternativa à massa pode usar‐se como grandeza fundamental a força (F=MLT‐2 , M=FL‐1T2), 

usada no  sistema Anglo‐saxónico  (English  System)  e que utiliza  as dimensões  fundamentais 

FLT. As unidades fundamentais do sistema Inglês são: libra‐força ( 1 lbf= 4.44822162 N) para 

força, pé (foot, 1 ft=0.3048 m) para comprimento, segundo (s) para tempo e graus Rankine (R, 

1R=2/9 K) para temperatura absoluta. O equivalente para massa é: 

1slug=1lbf/(ft  s‐2)= 14.5939  kg.  A  aceleração  da  gravidade  no  English  System  vale 

g=32.174 ft/s2 enquanto que no SI vale g=9.81 ms‐2.  

Para uma grandeza A sem dimensões (adimensional), as dimensões representam‐se na forma 

[A]=1. 

Todas as grandezas devem  ser expressas num  sistema coerente de unidades ou  seja devem 

corresponder  a  produtos  de  monómios  (potências)  das  unidades  fundamentais  (ex  ms‐2, 

J/(KgK) etc.) 

Tem‐se então o seguinte quadro com as dimensões e unidades do Sistema Internacional (SI) 

Grandeza  Dimensões 

(MLT) Dimensões 

(FLT) Unidades (SI) 

Comprimento  L  L  m (metro) 

Tempo  T  T  s (segundo) 

Massa  M  FL‐1T2 kg  (kilograma)  

Área  L2  L2  m2

Volume  L3  L3  m3

Velocidade  LT‐1  LT‐1 ms‐1

Aceleração  LT‐2  LT‐2  ms‐2 

Taxa de deformação  T‐1  T‐1  (ms‐1)m‐1=s‐1 

Ângulo  1 (adim)  1 (adim)  rad (radianos) 

Velocidade angular  T‐1  T‐1 s‐1=Hz (Hertz) 

Aceleração angular  T‐2  T‐2  s‐2=Hz2

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Força  MLT‐2  F  N=kgms‐2 

Momento de Força  ML2 T‐2  FL  Nm 

Momento Linear  MLT‐1  FT  kgms‐1=Ns 

Momento angular  ML2T‐1  FLT  Kgm2 s‐1 =Nms 

Momento de inércia  ML2  FL T2 kgm2

Pressão, Tensão  ML‐1T‐2  FL‐2 Pa=Nm‐2=kg m‐1s‐2 

Viscosidade dinâmica  ML‐1T‐1  FL‐2T  Pas=Nm‐2s= kg m‐1s‐1 

Viscosidade cinemática  L2T‐1  L2T‐1  m2s‐1

Tensão superficial   MT‐2  FL‐1 Nm‐1=kgs‐2 

Energia,Trabalho, entalpia, energia livre 

ML2 T‐2  FL  Nm= kgm2 s‐2=J 

Potência, Fluxo de energia e de calor 

ML2T‐3  FLT‐1 Js‐1= kgm2 s‐3=Nms‐1=W 

Densidade  e  massa volúmica 

ML‐3  FL‐4T2 kgm‐3

Caudal de massa  MT‐1  FL‐1T  kgs‐1

Caudal de volume  L3T‐1  L3T‐1  m3s‐1

Temperatura    K  (Kelvin) 

Energia específica, entalpia específica, energia livre específica 

L2T‐2  L2T‐2  Jkg‐1

Energia, entalpia e energia livre por unidade de volume 

ML‐1T‐2  FL‐2 Jm‐3

Calor específico  L2T‐2‐1  L2T‐2‐1  m2 s‐2K‐1=Jkg‐1K‐1 

Entropia  ML2 T‐2‐1 FL‐1 JK‐1

Entropia específica  L2 T‐2‐1  L2T‐2‐1 Jkg‐1 K‐1 

Densidade  de  fluxo  de energia e calor 

MT‐3  FL‐1 T‐1  Wm‐2

Condutividade térmica  MLT‐3‐1 FT‐1‐1  WK‐1m‐1 

Difusibilidade térmica=Condutividade térmica/(entalpia  por unidade de volume)  

L2T‐1  L2T‐1  m2s‐1  

 

As grandezas intervenientes em física podem ser: 

Constantes  universais:  São  valores  que  são  constantes  em  qualquer  fenómeno  ou  sistema 

físico.  Exemplos:  Constante  da  Gravitação  Universal,  velocidade  da  luz  no  vácuo,  carga  do 

electrão. 

Parâmetros: valores que são tomados fixos num certo conjunto de experiências ou num certo 

âmbito.  

Variáveis: Grandezas que variam no  tempo, no espaço ou em  função de outras. As variáveis 

podem ser independentes ou dependentes. Se A depende de B então escreve‐se A=A(B) sendo 

‘B’ a variável  independente e  ‘A’ a variável dependente. Conforme o âmbito considerado, o 

que  pode  ser  considerado  como  parâmetro,  pode  num  âmbito mais  geral  ser  considerado 

como variável. 

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O Princípio da Homogeneidade Dimensional exige que numa equação física, os termos de uma 

equação  tenham dimensões bem definidas. Por exemplo a expressão do deslocamento  s de 

um  corpo em movimento uniformemente acelerado  com a=aceleração,  v=velocidade  inicial, 

t=tempo vem: 

s=so+vt+at2/2, 

as  dimensões  de  todos  os  termos  são:  [s]=[so]=[vot]=[at2/2]=L    (em m=metro).  A  expressão 

anterior é válida em física uma vez que todos os termos da soma têm as mesmas dimensões e 

a expressão final tem igualmente as dimensões de cada termo (L). 

Uma expressão que não satisfaz ao PHD é por exemplo:  

st+cos(vt2/a)+exp(t3)sin(at)+t2.5  

Na verdade há termos que não têm dimensões bem definidas como st, exp(t3), sin(at). Assim 

numa expressão, todos os termos têm de ter dimensões físicas bem definidas ou seja, têm de 

ser dadas por um produto de potências das dimensões  fundamentais: MaLbTcd onde a,b,c,d são números inteiros positivos ou negativos (ou zero: M0=L0=T0=0=[1] ).  

Vemos assim algumas regras tais como:  

Os  argumentos  de  funções  trigonométricas,  de  exponencial,  logaritmo  e  os  expoentes  de 

grandezas, além de outros, têm todos de ser adimensionais, ou seja não têm dimensões físicas.  

Se A é adimensional então representa‐se [A]=1.  

Se A,B  forem grandezas dimensionais, então  só podem  ser  somáveis  se  tiverem as mesmas 

dimensões   e [A+B]=[A]=[B]. Há no entanto grandezas com as mesmas dimensões físicas mas 

cuja soma não tem significado matemático útil (ex. soma das componentes de um vector). 

Existe apenas um conjunto limitado de funções e operações entre grandezas dimensionais A, B 

que  são  consistentes  com  o  PHD.  Assim  as  funções  e  operações  possíveis,  assim  como  as 

correspondentes dimensões físicas são: 

Potências inteiras: An  (n inteiro),   [An ]=[A]n 

Produtos: AB,  [AB]=[A][B] 

Quocientes: A/B,  [A/B]=[A]/[B] 

Integral:   AdB,  [AdB]=[A][B]  

Derivada:  dnA /dBn (derivada, n inteiro 1),  [dnA /dBn] =[A]/[B]n 

Mediante certas operações e  funções, pode‐se obter grandezas adimensionais. Por exemplo 

tem‐se a seguinte grandeza adimensional: 

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1 11

BdBA dB A B

B dA AB

 

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Uma função arbitrária de p variáveis adimensionais 1, 2,…,p é adimensional, é fisicamente 

válida e satisfaz ao PHD. Às variáveis adimensionais é costume chamar números pi, uma vez 

que a sua dimensão é a mesma das constantes matemáticas como o  (pi). 

As relações entre números adimensionais ou números pi podem ser de vários tipos tais como 

equações algébricas, equações diferenciais, equações integro‐diferenciais (juntando derivadas 

e integrais) etc. Para o ilustrar consideremos 3 números pi na forma: 

1 2 3

1; ;

lno o o

dv at s

v d t v s

,

 

em que s,so são deslocamentos, v,vo são velocidades, a=aceleração, t=tempo. 

Uma  função ou uma equação envolvendo esses p=3 números pi é perfeitamente admissível 

em física e satisfaz ao PHD.  

Uma  relação  algébrica  entre  números  pi  envolve  apenas  funções  algébricas  (potências, 

polinómios, funções trigonométricas etc.), como no seguinte exemplo: 

1 11 2 3 1 2 3 1 2 3sinh exp sin , , sinh exp sin 0ou f  

Uma equação diferencial envolve derivadas como no exemplo: 

1 11 12 3 1 2 3 2 3

3 3

exp sin , , exp sin 0d d

ou fd d

 

Uma equação integro‐diferencial envolve integrais e derivadas como no exemplo: 

1 1

2 21 13 3 1 2 3 3 3

3 31 1

( ) , , ( ) 0d d

u du tgh ou f u du tghd d

 

Qualquer relação f(q1,q2,…,qn)=0 entre n grandezas físicas q1,q2,…,qn (constantes, parâmetros, 

variáveis  dependentes  ou  independentes)  com  determinadas  dimensões  físicas  cada  uma, 

pode  exprimir‐se  como  uma  relação  g(1,2,…,p)=0  entre  p<n  números  adimensionais 

1,2,…,p. Estas grandezas adimensionais  são obtidas a partir das n grandezas dimensionais 

através  de  funções  e  operações  consistentes  com  o  PHD  (produtos,  potências,  quocientes, 

derivada  e  integrais).  Este  resultado  será  formalizado  e  enunciado  no  Teorema    de 

Buckingham da Análise Dimensional.  

Antes vamos ilustrar alguns problemas de análise dimensional. Os problemas consistem em: 1) 

Determinar quantos números pi  (valor de p);  2) Quais os números pi  e  como obtê‐los.  Por 

vezes não há uma forma única de obter os números pi e 3) Qual a relação g entre os números 

pi. Existem situações em que a função f entre as grandezas dimensionais é conhecida e outras 

em  que  é  desconhecida.  Se  f  é  conhecida,  então  o  processo  de  obtenção  de  g  chama‐se 

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adimensionalização. Não  conhecendo a  relação  f, então a análise dimensional permite pelo 

menos  simplificar o problema afirmando que existe uma  relação g  (desconhecida) entre um 

menor número p<n de variáveis e que caracteriza o fenómeno ou o problema. Essa relação g 

deverá  ser  obtida  recorrendo  aos  princípios  fundamentais  da  física  ou  então  de  forma 

experimental ou empírica. Uma relação entre números pi do tipo: g(1,2,…,p)=0, contêm em 

si uma grande generalidade e está na base da Semelhança Dinâmica ou de um modo mais 

geral a Semelhança Física.  

Dois  fenómenos  físicos  (problemas,  escoamentos  de  fluidos,  situações)  são  fisicamente 

semelhantes  se  possuírem  iguais  valores  dos  números  pi.  Esses  dois  fenómenos  são 

caracterizados  por  grandezas  dimensionais  tais  que  a  sua  combinação  fornece  os mesmos 

valores dos números pi. Assim, qualquer  conclusão  sobre um dos  fenómenos, expressa por 

uma relação do tipo g(1,2,…,p)=0, é  imediatamente generalizada ao fenómeno fisicamente 

semelhante. Este princípio é o Principio da Semelhança Física e está na base da construção de 

protótipos  em  laboratório  que  podem  fornecer  conclusões  sobre  um modelo.  Em  geral  os 

protótipos são muito mais pequenos, controláveis e económicos que o modelo (Ex. protótipo 

laboratorial do estuário de um  rio; protótipo de um petroleiro). A  construção de protótipos 

dinamicamente semelhantes aos modelos é muito útil em mecânica de fluidos. 

A simplificação do problema por via da Análise Dimensional permite poupar tempo e custos. 

Para  proceder  á  análise  dimensional  é  necesário  construir  a Matriz  Dimensional   D  que 

permite obter os números pi.  

Matriz dimensional D 

Consideremos  um  conjunto  de  n  variáveis  dimensionais  q1,q2,…,qn  (podem  também  ser 

adimensionais), envolvidas num fenómeno físico. Cada variável tem dimensões bem definidas 

por potências das unidades fundamentais ou seja: 

, , , , inteiros , i=1,...,ni i i ii i i i iq M L T

  11.1 

A matriz  dimensional  é  a matriz  rectangular  (n  linhas  x  4  colunas)  com  as  potências  das 

unidades fundamentais: 

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1 1 1 1 1

2 2 2 2 2

....

n n n n n

M L T

q

D q

q

  11.2

 

Na  primeira  linha  escreveram‐se  as  grandezas  fundamentais  (MLT)  servindo  apenas  de 

auxiliar  para  o  preenchimento.  A  primeira  coluna  é  apenas  auxiliar  onde  se  escreveu  a 

sequência das grandezas. Se alguma coluna (dos ,, ou ) for nula ou seja se existir alguma 

grandeza  fundamental não  interveniente no conjunto das grandezas, então pode eliminar‐se 

essa coluna da matriz dimensional. Por exemplo  se  todas as n grandezas  forem meramente 

cinemáticas, não  intervêm nem a massa (M) nem a temperatura () na análise dimensional e 

teremos apenas as grandezas funda,mentais L,T. 

Teorema  de Buckingham da Análise Dimensional 

Uma  relação  f(q1,q2,…,qn)=0  entre  n  grandezas  físicas  q1,q2,…,qn  (constantes,  parâmetros, 

variáveis dependentes ou independentes), pode exprimir‐se como uma relação g(1,2,…,p)=0 

de  p=n‐m  grandezas  adimensionais  onde  m  é  característica  da  matriz  dimensional  = 

rank(D)=mn. A característica é o número de  linhas ou colunas  linearmente  independentes e 

coincide  com  o  número  de  grandezas  fundamentais  intervenientes:  1,2,3  ou  4.    A  análise 

dimensional  só pode aplicar‐se quando p>0 ou  seja o número de variáveis n é extritamente 

superior ao número de grandezas fundamentais (ex. n=4>m=3, logo p=4‐3=1). 

Método do Produto de Potências da Análise Dimensional 

No caso em que as n grandezas q1,q2,…,qn são dimensionais (não são adimensionais), então os 

números  pi  são  da  forma  de  monómios  das  n  grandezas.  Há  então  que  determinar  os 

expoentes  racionais  a  que  são  elevadas  as  grandezas  fundamentais  de  forma  a  obter 

grandezas adimensionais. Assim constrói‐se um número adimensional na forma: 

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1 2

1 1 1 1

1 21

1 1 1

0 0 0 0

... ( )

1, 1,...,

j j nj ij

ijijij i i i i

n n n na a a ai ij i ij i ij i ij

i i i i

na a a a

j n ii

n n n aaa

j i ii i i

q q q q produtório ou pietório das grandezas q

q q M L T

M L T M L T j p

11.4 

As potências inteiras aij satisfazem a equações da forma: 

1 1

1 1

0 ; 0

0 ; 0

n n

i ij i iji i

n n

i ij i iji i

a Para M a Para L

a Para T a Para

  11.5

 

As  potências  aij  (incógnitas  a  determinar)  podem  ser  não  inteiras,  isto  é  serem  números 

fraccionários. Em geral podem formar‐se vários conjuntos independentes de números pi, uma 

vez que o número m de equações é inferior ao número (p x m) de incógnitas e o problema fica 

indeterminado.  Para  levantar  esta  indeterminação  recorre‐se  ao  método  do  produto  de 

potências e que consiste no seguinte:  

1 – Seleccionar m=rank(D) das n grandezas com dimensões diferentes e que contenham, no 

seu  conjunto  as m dimensões  internvenientes.  Estas  são  as  chamadas  variáveis  repetidas  e 

devem  ser  escolhidas  como  bem  relevantes  para  o  problema.  Sejam  essas  as  primeiras m 

variáveis: q1, q2,…,qm. Caso não sejam rearranja‐se a matriz dimensional de modo a colocar as 

dimensões dessas grandezas nas primeiras m linhas da matriz dimensional D. 

2 – As p=n‐m grandezas adimensionais obtêm‐se na forma de quocientes entre as grandezas 

não usadas (não repetidas) e monómios das grandezas repetidas ou seja: 

1 2

1 2

, 1,...,...j j mj

m jj a a a

m

qj p n m

q q q

  11.6 

3 – As potências a que  são elevadas as grandezas  repetidas  são dadas por um  sistema bem 

determinado de m x p equações nas potências aij: 

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1 1

1 1

;

;

m m

m j i ij m j i iji i

m m

m j i ij m j i iji i

a Para M a Para L

a Para T a Para

 

Ilustração da aplicação da Análise Dimensional e do Método do Produto de Potências  

Exemplo 1 : Período do Pêndulo  (Relação entre Parâmetros) 

Consideremos  um  pêndulo  sem  atrito  de  massa  m, 

comprimento  l,  sujeito  à  aceleração  gravítica  g  e  com 

oscilações máximas M. O período  do pêndulo é função de  l, m, g e M. Tem‐se n=5 grandezas:  l, m, g, M e  relacionadas entre  si.  As  dimensões  são:  [m]=M,    [l]=L,  [g]=LT‐2,  [M]=1, 

[]=T. Admite‐se  não  conhecida  à  priori  a  relação  entre  os  5 

parâmetros. 

Escolhamos  as  m=3  grandezas  repetidas:  m,  l,  g.  A  matriz 

dimensional, com característica m=3 é: 

1 0 0

0 1 0

0 1 2

0 0 1

0 0 0M

M L T

m

lD

g

 

Os números pi, em número p=n‐m=5‐3=2 são da forma: 

3 31 2 1 21 2, Ma ba a b bm l g m l g

,

 

Em termos de dimensões tem‐se:  

1 2 3 3 2 3 31 2 1

1 2 3 3 2 3 31 2 1

0 0 1

1 ( ) 22

0 0 0

2 ( ) 22

1 ,( )

1( )

a a a a a a aa a a

M Mb b b b b b bb b b

T M L T

M L LT M L Tm l g

M L T

M L LT M L Tm l g

 

donde se tem 2 sistemas lineares de equações a 3 equações, um sistema para cada número pi: 

9  

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1 1 1 1

2 3 2 3 2 2

3 33 3

0 0 0 0

0 ; 0 1/ 2 ; 0

1/ 2 01 2 0 2

a b a b

a a b b a b

a ba b

 

Os números pi são da forma: 

1 2; M

g

l

  

A relação entre os 2 números pi escreve‐se nas formas equivalentes: 

* *0 , M M M

g g lg g g

l l g

 

Onde  g  é uma  função  implícita  entre 1  e 2  e  g*  é uma  função de 2=M. Deste modo,  a 

Análise Dimensional mostra‐nos o facto não trivial de o período do pêndulo ser independente 

da massa e directamente proporcional à raiz quadrada do comprimento l do pêndulo.  

A física fundamental, neste caso a mecânica, fornece‐nos a forma da função g*. Em primeira 

aproximação tem‐se: 

2 2

*~ 2 1 ~ 2 116 16

M MM

lg

g

 

Para ângulos pequenos ou  seja M<<1,  tem‐se  ~ 2l

g  ou  seja a  independência do 

número 2=M. Neste caso a  relação entre números pi vem: g(1)=0 ou seja 1=k=constante 

matemática=2. 

1

g lk k

l g  

 A  relação  de  semelhança  corresponde  à  igualdade  dos  números  pi.  Neste  caso,  sejam 

consideradas duas situações (l1,m1,g1,M1,1) e (l2,m2,g2,M2,2) dinamicamente semelhantes ou 

seja com os dois números pi idênticos. Admitamos g1=g2=g. Assim: 

1 1 2 2 1 21 2

; M M M

g g

l l  

10  

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Ou seja os ângulos máximos são  iguais. A  inferência de 2 pode ser obtida a partir de 1 sem 

conhecer a função implícita g*. Tem‐se então:  2

2 11

l

l  

Tal  significa  que  se  poderá  obter  o  período  de  oscilação  de  um  pêndulo  (2)  conhecendo  o 

período de oscilação de um outro pêndulo (1) e os comprimentos de ambos os pêndulos.  

Exemplo  2  :  Velocidade  Angular  do  Pêndulo    (Relação  entre  Parâmetros  e  Variáveis 

dependentes e independentes) 

Admite‐se que a velocidade angular  de um pêndulo em oscilação é função do ângulo  que 

o pêndulo faz com a vertical, do comprimento l do pêndulo, da massa, da aceleração gravítica 

g  e  do  ângulo máximo  M.  A  velocidade  angular  =d/dt  é  uma  variável  dependente  da 

variável  independente  contínua    e  de  certos  parâmetros  (l,m,g,M).  Tem‐se  então  uma 

relação  implícita entre n=6 grandezas cujas dimensões físicas são: []=[M]=1 (adim), []=T‐1, 

[m]=M,  [l]=L,  [g]=LT‐2.  Vamos  utilizar  o  Método  do  Produto  de  Potências  para  obter  as 

grandezas  adimensionais.  Ter‐se‐á  então  p=n‐m=6‐3=3  grandezas  adimensionais.  A  matriz 

dimensional é: 

1 0 0

0 1 0

0 1 2

0 0 1

0 0 0

0 0 0M

M L T

m

l

D g

 

Escolhamos como grandezas repetidas: l, m, g. A massa m apenas intervêm numa das 

grandezas pelo que não combina com nenhuma outra e portanto o problema é independente 

da massa do pêndulo. Os números pi são: 

1 2 3; ; M

l

g , 

donde 1 se exprime como uma função dos outros dois números pi na formas equivalentes: 

, ,M M

l gf f

g l  

A mecânica fornece a função explicitamente: 

11  

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1/2, 2 cos cosM M

g gf

l l . 

Exemplo  3  :  Escoamento  de  um  fluido  (Relação  entre  Parâmetros  e  Variáveis 

dependentes e independentes) e adimensionalização de equações 

Sejam (u,v,w) as componentes da velocidade segundo (x,y,z) respectivamente. Consideremos a 

equação Euleriana do momento  linear vertical num  referencial  inercial de um  fluido viscoso 

incompressível de densidade uniforme 0. A  taxa  local de  variação da  velocidade  vertical w 

vem escrita como: 

2 2 2

2 2 20 Força gravítica

Advecção=Força inercial Força do gradiente cosde pressão

1

Força vis a

w w w w p w w wu v w g

t x y z z x y z

As  variáveis  dependentes  (u,  v,  w,  p)  dependem  das  variáveis  independentes  espaciais  e 

temporal (x, y, z, t). Têm‐se ainda os parâmetros: g, 0 (aceleração gravítica e densidade) e a 

viscosidade cinemática =/0.  

Ao contrário dos dois exemplos anteriores, aqui é conhecida uma relação entre as variáveis na 

forma  de  uma  equação  diferencial  parcial,  a  qual  é  válida  num  certo  domínio  espacial  e  é 

sujeita a certas condições fronteira e condições iniciais.  Pelo Teorema  de Buckingham, existe 

uma relação entre grandezas adimensionais.  

O  tamanho do domínio espacial no qual ocorre o escoamento é um parâmetro natural que 

condiciona a forma do escoamento. Seja L0 o valor (em termos de ordem de grandeza) das 3 

dimensões  espaciais  do  domínio  (e.g  comprimento  de  uma  turbina).  Admitimos  para 

simplificar que a tamanho do domínio é da mesma ordem de grandeza nas 3 dimensões (x,y,z). 

Chama‐se  a  L0  a  escala  espacial  do  escoamento.  Deste  modo  as  variáveis  espaciais 

adimensionalizadas são: 

0 0 0

' ; ' ; 'x y z

x y zL L L

 

Os valores x’, y’ e z’ são variáveis que são da ordem de 1, uma vez que L0 é uma escala espacial 

da mesma ordem de grandeza de x, y, e z. O valor da velocidade nas 3 componentes admite 

uma escala U ou seja, as componentes adimensionalizadas da velocidade vêm: 

12  

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' ; ' ; 'u v w

u v wU U U

 

As velocidades adimensionalizadas u’, v’, e w’ correspondentes a u, v e w são  igualmente da 

ordem  de  1.  Num  caso  concreto,  as  escalas  das  diferentes  componentes  da  velocidade 

poderão ser diferentes (ex. escoamento da atmosfera à escala planetária). Escolhendo a escala 

espacial L0 e a escala de velocidade U, a escala temporal é T0=L0/U ou seja o tempo que uma 

partícula  leva para percorrer a escala espacial L0 do domínio à velocidade típica U  (escala de 

velocidade).  O tempo adimensionalizado é: 

0

'/

tt

L U

 

Para  a  variação  de  pressão  escolhemos  uma  escala  p  e  portanto  a  pressão  será 

adimensionalizada na forma: 

'p

pp

 

A  adimensionalização  das  variáveis  levou  à  introdução  dos  parâmetros  adicionais U,  L, p. 

Têm‐se  então  uma  relação  entre  os  6  parâmetros:  U,  L,  p,  g,  0  e  ,  as  4  variáveis 

independentes x,y,z,t e as 4  variáveis dependentes u,v,w e p num total de n=14 variáveis: 

00 , , , , , , , , , , , , ,f x y z t u v w p U L p g  

Pelo Teorema  de Buckingham, a relação anterior escreve‐se em termos de n‐m=14‐3=p=11 

variáveis  adimensionais.  Dentre  essas  11  variáveis,  4  são  variáveis  independentes 

adimensionalizadas e 4 são variáveis dependentes adimensionalizadas no total de 8: 

', ', ', ', ', ', ', 'x y z t u v w p 

As outras 3 grandezas adimensionais surgem naturalmente da adimensionalização da equação 

ou  seja  á mudança  de  variáveis  dimensionais  para  variáveis  adimensionais.  Procede‐se  ás 

substituições: 

0 0 0 0' ; ' ; ' ; ' / ;

' ; ' ; ' ; '

x x L y y L z z L t t L U

u u U v v U w w U p p p

Assim tem‐se por exemplo: 

13  

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2

0 0

' '

/ '

w Uw U w

t t L U L t

 

e multiplicando por L0/U2,  obtem‐se a equação adimensionalizada:  

-2 1

2 2 2

2 2 2 2 20

Fr ReEu

' ' ' ' ' ' ' '' ' '

' ' ' ' ' ' ' '

w w w w p p gL w w wu v w

t x y z U z U UL x y z

onde aparecem os 3 números pi que faltam na análise: 

20

1/2

0

0 0

Força do gradiente de pressãoEu= Número de Euler

Força inercial

Força inercialFr Número de Froude

Força gravítica

Força inercialRe= Número de Reynolds

Força viscosa

p

U

U

gL

UL UL

 

A equação re‐escreve‐se na forma condensada e adimensional: 

2 1 '2

~1~1

~1 ~1 ~1

' ' '' ' ' Eu Fr Re '

' ' '

w Dw pv w w

t Dt z

onde se usou o operador Gradiente  (’) e Laplaciano (’2) adimensionalizados. Os termos em 

que  surgem  apenas  variáveis  adimensionalizadas  são  da  ordem  de  1  por  construção  (na 

equação usa‐se o  símbolo ~1). A  solução das equações depende  crucialmente dos números  

adimensionais Eu, Fr e Re e do valor  relativo entre eles. Em certos casos pode‐se desprezar 

termos na equação simplificando‐a. 

Assim por exemplo, se a força gravítica e a força viscosa forem ambas muito inferiores à força 

inercial então: 

1/2

-2

-1

Força inercialFr 1; Fr 1

Força gravítica

Força inercialRe= 1; Re 1

Força viscosa

 

E obtem‐se uma equação apenas dependendente do número de Euler: 

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~1 ~1

' 'Eu

' '

Dw p

Dt z

que  tem duas possibilidades: 1)     Eu~1         2) Dw’/dt’~0  (se Eu<<1)  .   Não é possível Eu>>1 

porque  não  haverá  força  para  equilibrar  o  gradiente  de  pressão.  Se  as  forças  dominantes 

forem a  força gravítica e do gradiente de pressão, então observa‐se o equilíbrio hidrostático 

2'Eu Fr 0

'

p

z

.

 

11.2 ‐ Semelhança Geométrica, Cinemática e Dinâmica 

O  Teorema  Pi  de  Buckingham  permite  simplificar  o  estudo  e  a  avaliação  quantitativa  e 

qualitativa  de  um  fenómeno  físico  através  de:  poupança  de  tempo  e  de  custos;  auxílio  no 

planeamento  de  uma  experiência  e  fornecimento  de  relações  que  permitem  converter 

informação obtida num protótipo laboratorial em informação sobre um modelo real.  

Força de arrasto sobre barco 

Consideremos por exemplo a medição da força de atrito F (drag) produzida sobre um barco de 

comprimento  L,  sujeito  à  gravidade  g,  deslocando‐se  à  velocidade  V  sobre  um  fluido  de 

densidade    e  viscosidade  dinâmica  .  Tem‐se  n‐m=6‐3=p=3  números  pi  relacionando  os 

parâmetros ,V,L,,F,g. 

A matriz dimensional é: 

1 3 0

0 1 1

0 1 0

1 1 1

1 1 2

0 1 2

M L T

V

D L

F

g

 

Executando a análise dimensional e escolhendo , V e L como variáveis repetidas, obtêm‐se os 

números pi: 

15  

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1 d 2 2

2

3

Força de arrasto ou de atritoC =Coeficiente de arrasto

(Pressão Dinâmica × Área de exposição)/ 2

Re Número de Reynolds

Fr Número de Froude

F

U L

UL

U

gL

Para cada escolha de 3 variáveis repetidas, assim haverá um conjunto de 6‐3=3 números pi e 

portanto  há  várias  possibilidades  de  números  pi  todas  igualmente  válidas.  Escolheram‐se 

noentanto  3  dos mais  usuais  (Fr,  Re,  Cd).    A  relação  implícita  entre  os  números  pi  pode 

escrever‐se nas formas equivalentes: 

2 2

2 2Re, Fr Re, Fr

2/ 2d

F U LC f F f

U L

 

A  função  f  pode  ser  obtida  experimentalmente  através  de  protótipos  em  que  se  avalie  o 

coeficiente  de  arrasto  Cd  em  função  de  vários  valores  do  número  de  Reynolds  (Re)  e  do 

número de Froude (Fr). 

11.2.1 Semelhança Física 

A  semelhança  física  entre  dois  fenómenos: modelo  real  (representado  por m)  e  protótipo 

laboratorial (representado por p) significa a  igualdade entre os parâmetros adimensionais do 

modelo  e  do  protótipo.  Por  exemplo  no  caso  discutido  em  que  dois  parâmetros  são 

independentes, ter‐se‐ia: 

d d d

Fr(modelo)=Fr(protótipo)=FrC (modelo) C (protótipo)=C

Re(modelo)=Re(protótipo)=Re

 

A semelhança física é composta de semelhança geométrica, cinemática e dinâmica. Por vezes é 

difícil construir protótipos que sejam  inteiramente semelhantes ao modelo real havendo por 

isso semelhança incompleta. 

Semelhança Geométrica 

Semelhança  geométrica  é  a  semelhança  física  para  parâmetros  adimensionais  envolvendo 

apenas  grandezas  espaciais,  por  exemplo  razões  entre  dimensões  físicas  (e.g.  razão  entre 

comprimento e altura). A razão entre a dimensão do protótipo e a dimensão do modelo real é 

o factor de escala. Pontos homólogos são pontos em posições semelhantes. 

16  

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Semelhança Cinemática 

A semelhança cinemática é a semelhança entre números pi envolvendo velocidades e tempos. 

Estes números pi podem ser:  

1) Quocientes entre diferentes componentes da velocidades (E.g. Vx/Vy) 

2) Quocientes entre tempos característicos (E.g. quociente entre período de rotação e 

período de translação). 

A  semelhança  cinemática  garante  que  no  modelo  e  no  protótipo,  pontos  homólogos  se 

desloquem  para  pontos  homólogos  em  tempos  homólogos.  Ex:  um  automóvel  real  à 

velocidade  vm percorre o  seu  comprimento  Lm no mesmo  tempo    em que um protótipo  à 

velocidade vp percorre o seu comprimento Lp. Deste modo o factor de escala =Lp/Lm=vp/vm.  

Semelhança dinâmica 

A semelhança cinemática é a semelhança entre números pi envolvendo forças. Os números pi 

são quocientes entre diferentes  tipos de  forças  (E.g.  força de pressão/força  inercial =Eu) ou 

quocientes  entre  diferentes  componentes  do mesmo  tipo  de  forças  (E.g  força  de  pressão 

segundo x /força de pressão segundo z). 

Discussão da Semelhança Física no problema da força de arrasto sobre barco 

Considere‐se um protótipo com factor de escala =Lp/Lm. 

A igualdade dos números de Froude conduz a: 

17  

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1/2Fr p p pm

m mm p

U U LU

U LgL gL

 

A igualdade dos números de Reynolds leva a: 

3/2Re p p p p pm m

m p m m m

U L U LU L

U L

 

A  escolha  de  um  determinado  fluido  viscoso  para  o  protótipo  impõe  a  sua  viscosidade 

cinemática p e portanto imporá o factor de escala. Se se escolher o factor de escala, então a 

semelhança completa (igualdade dois a dois de Fr e Re) imporá a escolha de uma viscosidade 

cinemática p ou  seja de um  fluido apropriado para protótipo, o qual pode não existir dado 

que não há  fluidos para qualquer viscosidade desejada. Outra possibilidade é optar por uma 

semelhança incompleta, isto é exigir a semelhança para apenas um sub‐conjunto de números 

pi, neste caso Re e/ou Fr.   

Por exemplo para igualdade do número de Reynolds: 

1

1Re p p p p p pm m

m p m m m m

U L U LU L

U L

 

Deste modo, se os fluidos do modelo e protótipo ferem idênticos (ex. água), então se o factor 

de escala for =1/100, a velocidade no protótipo terá de ser 100 vezes superior.  

A igualdade de números de Froude leva a: 

1/2

1/2Fr p p pm

m mm p

U U LU

U LgL gL

 

A  discussão  de  qual  o  número mais  relevante  (Fr  ou  Re)  depende  de  cada  situação.  Este 

problema  pretende  ilustrar  situações  de  semelhança  incompleta  que  exigem  algum 

planeamento e decisão.  

   

18  

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11.3 ‐Números Adimensionais mais relevantes em mecânica de 

Fluidos 

Fornece‐se uma lista dos números adimensionais relevantes em mecânica de fluidos 

 

 

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