Analgésicos Opióides 1º semestre 2009. Opióides Referem-se a todos os compostos relacionados ao...
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Analgésicos Opióides
1º semestre 2009
Opióides
Referem-se a todos os compostos relacionados ao ópio.
Substâncias naturais contidas no ópio, como a morfina, codeína, tebaína
Seus derivados semi-sintéticos como a heroína, oxicodona e hidrocodona.
Opióides endógenos: endorfinas e encefalinas
Opióides O ópio é obtido das sementes das papoulas, Papaver
somniferum, nativa da àsia.
Extrai-se o suco leitoso por incisão na casca da semente e seca ao ar livre formando uma goma de cor marrom, em seguida esta é pulverizada produzindo o ópio contendo grande quantidade de alcalóides.
Possui mais de 20 alcalóides ativos, alguns deles encontrados em medicamentos, como a morfina (concentração de 10%) e codeína (0,5%).
Usado para alívio da dor : Leve a moderada: codeína Moderada a severa: morfina, fentanil, diamorfina,
metadona, petidina
Tratamento da tosse patológica: codeína
Tratamento da diarréia: difenoxilato diminui a motilidade TGI, nunca em crianças (seletivo ao TGI)
Pré-medicação na anestesia, na manutenção da anestesia junto com bloqueadores neuromusculares, sedação em pacientes de UTI com ventilação mecânica
Edema pulmonar Agudo: reduz a pré-carga (reduz o tônus venoso) e a pós-carga ( reduz a RVP) cardíacas
Ópio
Usado na forma de goma para mascar, em solução e fumada em cachimbos (mais popular)
Obtenção dos efeitos euforizantes e analgésicos
Uso IV (heroína) aumenta o risco de adquirir HIV, hepatite B e C
Receptores OpióidesClassificados de acordo com o receptor em que atuam:
Receptor Droga Efeitos
µ
Morfina,
codeína,
heroína
analgesia, euforia, depressão respiratória,
miose, redução da motilidade TGI
К
pentazocina,
nalorfina,
analgesia, sedação, miose,
mas menos intenso
δ Naloxona
alteração do
comportamento afetivo e
analgesia
Ação Agonistas integrais ou de alta eficácia: Morfina
Agonistas leve a moderado: codeína, oxicodona e hidrocodona
Agonistas parciais ou Agonistas-antagonistas: podem induzir efeito agonista, mas também podem deslocar agonistas integrais dos seus sítios de ligação e diminuir seus efeitos biológicos: pentazocina, buprenorfina
Antagonistas: se liga ao receptor opióide mas não exerce efeito opióide: naloxona
Ações Celulares
Ao atuar nos receptores específicos:
Reduzem a excitabilidade neuronal: abertura dos canais de potássio hiperpolariza o neurônio pós-sináptico
Reduzem a liberação de neurotransmisores: através da inibição da abertura dos canais de Cálcio dependentes de voltagem nos pré-sinápticos
Opióides endógenos
Encefalina: maior atividade em δ que em µ
Endorfina: maior atividade em µ
Os precursores endógenos são encontrados em locais do cérebro implicados na modulação da dor, na medula supra-renal e plexos neurais do intestino
Cinética - Absorção:
TGI: absorção é rápida mas passa pelo EPP no fígado; codeína e oxicodona sofrem menor EPP pq são parcialmente protegidas da conjugação pelo grupo metila na hidroxila aromática em C3
Bem absorvidos pelas vias SC e IM, mucosas de nariz e oral
Administração espinhal diminui efeitos adversos
Cinética - Distribuição
Distribuem-se rapidamente com altas concentrações nos tecidos de alta perfusão: cérebro, pulmões, fígado, rins e baço
Músculo esquelético é o principal reservatório devido seu maior volume
Cinética - Metabolimo Convertidos a metabólitos polares para excreção
Morfina tem grupo –OH livre então é rapidamente conjugada a morfina-3-glicuronídio e morfina-6-glicuronídio que é ativo
Heroína (éster) sofre hidrólise rápida a monoacetilmorfina e depois a morfina que é conjugada
Codeína, oxicodona e hidrocodona são convertidos a metabólitos ativos pela CYP2D6 no fígado: em insuf. Renal se acumulam e provocam convulsão
Cinética - Excreção
Principalmente na urina
Pequena quantidade inalterada
Baixa excreção biliar
Toxicidade
Náusea, vômitos, depressão respiratória e constipação.
Surgimento da Tolerância e da Dependência
Em pacientes sem dor pode causar mal-estar, ansiedade e disforia
Em pacientes com dor produz sensação de bem-estar e tranqüilidade
Tolerância Surge após 2 a 3 semanas de exposição freqüente, difícil
precisar a dose
Queda na sensibilidade funcional do receptor
mais rápido com doses altas em curtos intervalos de tempo
Metadona é mais lenta do que com morfina
Desaparece poucos dias após suspender o uso.
Ocorre tolerância cruzada
Dependência Menor com agonistas parciais; abstinência é maior com os
agonistas fortes
Uso terapêutico por poucos dias é rara
Síndrome de Abstinência: agitação, calafrios, midríase, dor muscular e adbominal, vômito, ansiedade, hostilidade, insônia, rinorréia, lacrimejamento, elevação da PA, FC e temperatura, desidratação, anorexia
Morfina e heroína: surge 6 a 10h após a última dose, efeito máximo 36-48h e em 5 dias some
Metadona: surge após dias e dura até 2 semanas; menos intensa.
Efeitos Tóxicos
Vômito, náusea, constipação e depressão respiratória
Dor de cabeça, rubor facial, vertigem, boca seca, sudorese, alucinação, hipotensão ortostática, taquicardia, palpitação, tontura, diminuição da libido, miose
Ocorre menos em pacientes de cama
Reações anafiláticas são raras
Intoxicação
Caracteriza-se por humor alterado, retardo psicomotor, fala arrastada e comprometimento da memória e atenção.
A superdosagem leva ao coma, depressão respiratória, miose, hipotermia, hipotensão, edema pulmonar, falência circulatória, choque.
A tríade " coma + miose + depressão respiratória " é muito sugestiva de superdosagem por opióides.
Diagnóstico Clínico
Naloxona IV reverte radicalmente em poucos minutos o coma
Não reverte o coma por outros depressores do SNC
Se após a terceira dose com intervalos de 15 minutos não melhorar o diagnóstico é outro.
Diagnóstico Laboratorial
CCF no sistema de solventes benzeno:metanol; 8:2 v/v
em cromatoplaca de silica-gel
Borrifar: Iodoplatinado e em seguida sulfato cérico
Compostos Rf Spot
morfina 0,16 azul
diidromorfina 0,2 azul
codeína 0,28 azul
nalorfina 0,29 azul
heroína 0,44 azul
tebaína 0,49 azul
metadona 0,58 azul
Tratamento
Naloxona na dose de 0,4 a 0,8 mg IV Repete a administração quando necessário porque tem
pouca duração. Observação por 6 h após tratamento
Recém-nascido: inicialmente 5-10 µg/Kg e se necessário aumentar, no máximo 25 µg/Kg
Tratamento de suportesuporte com controle das vias aéreas e funções vitais
Neonatal
Abstinência: irritabilidade, disfunção do TGI, sono, febre, dor ao respirar
Pode durar até 2 semanas
Tratamento inicialmente só de suporte, se precisar usa-se tintura de ópio ou solução de morfina
Naloxona não deve ser usada
morfina
codeína
heroína
Morfina
A ação direta em µ induz a liberação de opióides endógenos que vão atuar em δ
e К.
Intoxicação: SNC: depressão respiratória e do centro vasomotor causando
hipotensão, liberação do ADH. Periferia: constrição brônquica por aumento da liberação de
histamina, dilatação dos vasos sanguíneos com aumento da temperatura e transpiração.
Tríade clássica é sugestiva da intoxicação.
Codeína
Somente 1/10 da potência da morfina
Usada como antitussigena e analgésica
Bem absorvida VO
Metadona
Farmacodinâmica semelhante à morfina, potência comparável, mas a ação é mais longa
Tolerância e dependência se desenvolvem mais lentamente e a síndrome de abstinência é mais branda
Usada na desintoxicação de dependentes, com doses baixas de 5-10 mg VO, 2 a 3x ao dia por alguns dias e depois retira
Terapia de manutenção com 50-100 mg/dia, desenvolve tolerância e evita os efeitos eufóricos da heroína
Heroína
Introduzida no mercado pela Bayer para substituir a morfina com menos efeitos colaterais
Diacetilmorfina: uso proibido Agonista forte muito potente e de ação rápida Alto potencial de abuso Muito lipossolúvel e absorvida por todas as vias
Inalação da fumaça apresenta pico no sangue entre 2 e 5 minutos, meia-vida curta de 3,3 minutos, metabolizada à morfina com meia-vida de 20 minutos
Buprenorfina
Derivado sintético da tebaína
Agonista parcial em µ, possui longa duração porque dissocia lentamente do receptor
Também usado na desintoxicação por VO, alternativa viável para a metadona
Menor depressão respiratória e por isso mais segura na superdose
Pentazocina
Agonista parcial, Agente misto: Agonista em К e antagonista fraco em µ
VO fracamente absorvida, IV muito usada na clínica para dores agudas e crônicas
Potência 3 a 4 vezes menor que a morfina
Pode causar tolerância e dependência com uso repetido
Tramadol Analgésico sintético com efeito agonista fraco em µ e alguma ação inibitória na recaptção de norepinefrina no
SNC – não usar junto com IMAO
Análogo sintético da codeína, mais efetivo na dor aguda
Apenas parcialmente antagonizado pela naloxona.
Dose: 50 a 100 mg VO até 4 vezes ao dia Efeito analgésico após 1h, com pico em 2 a 3 h,
permanecendo por 6h
Provoca dependência e abstinência
Antagonistas
Naloxona, Naltrexona e Nalmefeno
Derivados da morfina com substituintes volumosos em N17
Avaliação do Uso Há necessidade de analgesia?
O opióide pode mascarar sinais e sintomas?
Os efeitos farmacológicos podem agravar a condição? (devido a depressão respiratória e ↑ da pressão intracraniana)
Os efeitos adversos estão associados a um risco significativo?
Existe interação farmacológica com outras drogas em uso?
Interações
IMAO: contra-indicado por alto risco de coma e hipertensão
Sedativos-hipnóticos: maior depressão respiratória
Antipsicóticos: aumentam a sedação
Agonista e agonista parcial: diminui a analgesia e pode precipitar abstinência. Ex: morfina + pentazocina
Álcool: aumenta a liberação dos opióides em formulações de liberação lenta
Contra-indicações
Pacientes com lesão cranioencefálica
Pacientes com comprometimento pulmonar
Comprometimentos das funções hepáticas e renais
Pacientes com insuficiência supra-renal (D. Addison) e com hipotireoidismo podem ter respostas exageradas e prolongadas