Afetividade E Educação - crescabrasil.com.br e... · A relação afetiva professor-aluno reflete...
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Afetividade E Educação
1 - Introdução
Qual a importância de integrar a afetividade à prática pedagógica? Como ela
pode interferir na vida do aluno, e do professor, a ponto de mudar a realidade
educacional na qual vivemos hoje?
Ano após ano parece que a discussão dos profissionais do magistério continua
sempre a mesma: "por que os alunos não querem mais aprender? O sistema
de avaliação não está bom? A qualificação profissional dos professores ainda
permanece insuficiente? Que metodologias devemos usar? Que conteúdos
devemos ensinar? O nível dos alunos baixou? ...". São dúvidas,
questionamentos e tentativas de explicações para o alto número de alunos que
ficam para a recuperação no fim do ano, a queda no percentual de aprovação,
os altos índices de evasão, entre outros problemas como as dificuldades de
leitura, escrita e cálculo, mais preocupantes quando diagnosticadas em alunos
que cursam o Ensino Médio.
Ao que parece, esquecemos na escola de um momento para conhecer a
clientela que ela tem: quem são seus alunos? De onde vêm? Em que
trabalham? Quem são seus pais? Que infâncias têm ou tiveram? Por que e
para quê estudam? Quais seus nomes? Seus endereços? Seus passatempos?
Reconheço que, na verdade, o tempo que temos não é tão disponível para
responder a essas perguntas sobre cada um das centenas de alunos que
temos. Acreditamos, porém, que o professor não está pensando nesses
"detalhes" quando prepara o seu plano de curso, a sua aula. E isso precisa ser
revisto, debatido, refletido. A relação afetiva professor-aluno reflete bons
resultados na aprendizagem, pois aquele aluno que vê, em seu professor, um
amigo, um companheiro, um colaborador, evita causar-lhe desgostos, quer ser
como ele, o tem como alguém da família e, assim, adota, quase que
inconscientemente, uma conduta de respeito, cooperação e atenção nas suas
aulas, frutificando uma assimilação mais rápida e consistente do conteúdo por
ele ministrado.
Queremos com isso dizer que falta ao aluno um clima de camaradagem na
escola, uma elevação do grau de afetividade entre ele e os demais
personagens, também sujeitos, do processo ensino-aprendizagem para um
resultado positivo e animador do trabalho que o professor realiza e que a
escola oferece.
Não podemos, no entanto, desprezar os primeiros anos de vida da criança que
são a base para um desenvolvimento saudável de sua personalidade,
observando sobretudo a relação que a criança tem com sua mãe poderemos
entender a constituição de um adulto com afetividade bem ou mal construída.
Muito menos podemos depreciar os fatores sociais, culturais, religiosos,
genéticos e neurológicos que podem interferir significativamente na
aprendizagem.
Intrinsecamente ligada à cognição, a afetividade constitui-se fator essencial na
vida escolar, devendo pois o professor, sobretudo da Educação Infantil, estar
ciente dos problemas que pode enfrentar e estar preparado para resolvê-los.
Isso porque muitas crianças revelam rejeição à escola devido a uma primeira
infância tumultuada e carente de afetividade, principalmente da figura materna.
Somos humanos, e como tais, estamos sempre em busca de algo que
justifique nossa existência, que nos dê razão para viver. Essa motivação faz
dos educadores uma fonte inesgotável de questionamentos e dúvidas que
queremos e buscamos solucionar. Uma delas é o baixo rendimento dos alunos
justamente quando se fala de uma Educação de Qualidade para Todos. O que
falta?...
Com o intuito de ajudar professores, alunos e comunidade em geral no que diz
respeito a um melhoramento na qualidade do ensino foi que decidimos
pesquisar sobre algo que há muito me inquietava: por que alguns alunos
adotam comportamentos diferentes em diferentes aulas de diferentes
professores?
Logo que iniciei minha carreira no magistério, espelhei-me num grande número
de professores. Todos eles competentes no domínio do conteúdo e controle da
turma. O problema estava aí: controle da turma. Como eu, jovem, 17 anos,
poderia manter em ordem uma sala inteira, com alunos de minha idade ou até
mais velhos que eu? Foi assim que busquei ser como aqueles mestres que
tinham a sua autoridade como ponto máximo na sala e em sua profissão.
Conseguia às vezes, outras não. O que faltava? Pouco a pouco fui sendo quem
eu era e adotando uma postura mais de brincalhão e colega do que de
professor. Os resultados no rendimento mudaram. Gostei! Continuei, e hoje
vejo como ponto forte do meu trabalho a interação que mantenho com meus
alunos.
Mas, essa interação ocorre de maneira muito natural, não a planejo. Queremos
pesquisar e descobrir como posso desenvolver e organizar melhor a relação
que terei com meus alunos durante as aulas e, com isso superar alguns outros
problemas que ainda enfrento, ajudando outros professores e,
consequentemente,seus alunos a obterem resultados mais prazerosos na sua
rotina escolar.
A Educação no Brasil enfrenta crises. Técnicas, teorias, metodologias,
programas são frequentemente implantados sem muitos resultados aparentes.
A reprovação ainda é grande. A evasão ainda é realidade. O vestibular ainda é
o "bicho-papão". O desemprego ainda existe. As multinacionais ainda estão
aqui, e cada vez mais fortes. Os alunos concluem os níveis de ensino sem a
bagagem esperada. E, diante dessa problemática, que não é só escolar, mas
cultural, social e depende do tempo em que se vive, resolvi investigar sobre os
resultados que a integração de uma política da afetividade na sala de aula
poderia trazer. E assim, proponho-me a apresentar neste trabalho
fundamentação e ideias para comprovar a eficácia dessa didática do cuidado
com o outro.
Por fim, pretendemos com este trabalho, analisar e discutir a importância do
desenvolvimento de um bom relacionamento afetivo entre professor e aluno,
revendo o perfil profissional dos professores, averiguando o grau de
conhecimento desses profissionais sobre as teorias que valorizam a afetividade
aliada à Educação, buscando identificar as dificuldades encontradas pelos
professores no seu trabalho e, ao mesmo tempo, levando informações à
população quixereense sobre a importância de uma educação emocional
oferecida à criança tanto pela família quanto pela escola, valorizando o trabalho
docente desenvolvido pelos profissionais da Educação, evidenciando a
importância de uma equipe pedagógica mais interdisciplinar nas escolas que
valorize o psicopedagogo, chamando também a atenção dos pais,
principalmente mães, para a sua responsabilidade na construção de uma
personalidade emocional, racional, cultural e cognitiva saudável de seus filhos.
2. CONCEITO DE AFETIVIDADE
Conceituar afeto, amor sempre foi algo muito fácil e, ao mesmo tempo, muito
difícil, pois para os amantes o amor é melhor definido sentindo e não falando,
descrevendo. Poetas e apaixonados o conceituam das mais variadas formas
desde o início dos tempos. Porém, vejamos o que dizem aqueles que tentam,
racionalmente, explicar a afetividade.
GALVÃO (1999) diz que são quatro os temas fundamentais nos quais Wallon
se baseou para elaborar seu projeto teórico no qual pretendeu fazer a
psicogênese da pessoa completa: afetividade, movimento, inteligência e a
questão da pessoa, do eu.
Pensando, pois, em afetividade, podemos defini-la de acordo com FERREIRA
(2000) como sendo o "Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam
sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da
impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou
desagrado, de alegria ou tristeza."
Assim, podemos dizer que as emoções são uma forma de comunicação que,
sobretudo no recém-nascido constitui a maneira de se relacionar com o novo
meio ao qual está exposto, usando-as para expressar seus sentimentos de
solidão, fome, alegria, tristeza, incômodo entre outros. Além disso, a emoção é
contagiosa. Quem nunca se sentiu tocado ao ver alguém chorando ou se
alegrou ao ver alguém extremamente feliz? Isso dá ao bebê o poder de
mobilizar as outras pessoas a perceberem o que ele está sentindo ou deseja.
(GALVÂO, 1999).
Essa comunicação emocional, aos poucos, vai sendo substituída por outra
forma mais racional de comunicação. A criança, crescendo, aprende novas
maneiras de se relacionar com os outros e novas formas de saciar suas
vontades. O sistema nervoso fica cada vez mais capaz de controlar as
emoções deixando o raciocínio tomar posse das atitudes.
Apesar de exibir uma linguagem verbal bem desenvolvida, a criança menor de
6 anos (aproximadamente) ainda utiliza intensamente a linguagem emocional.
O choro, as expressões corporais e faciais permitem ao professor perceber seu
aluno. Isso é coisa a ser pensada na prática pedagógica. (GALVÃO, 1999).
Segundo GALVÃO (1999) "... se a criança está ao sabor de suas emoções, ela
não tem condições neurológicas de controlá-las...". Então, mais uma vez,
destacamos o valoroso papel do professor na compreensão do grau de
maturidade neurológico da criança para que não considere certas atitudes
tomadas por ela como indisciplina, manha, atrevimento ou hipocrisia. Devemos
ter consciência da importância da afetividade para o desenvolvimento
emocional da criança, mas também temos de considerar os fatores biológicos
necessários a esse desenvolvimento.
É necessário um meio sócioemocional, afetivo, motor e cognitivo para o
desenvolvimento da criança menor de três anos, pois é nesta fase que ocorre a
aquisição da linguagem. Neste momento as emoções têm um importante papel
no desenvolvimento do indivíduo, mas são nos primeiros meses de vida que
elas terão o papel de garantir a sobrevivência do bebê e progresso da noção
do EU.
O amor e o ódio compõem a vida afetiva do ser humano e estão sempre juntos,
interferindo em nossos pensamentos e ações. A compreensão das emoções e
os sentimentos são essenciais no entendimento da afetividade. Emoções
causam efeitos intensos e imediatos no organismo enquanto que os
sentimentos são mais amenos e duradouros. Quantas vezes nos preparamos
para tomar determinada atitude diante de um problema e a emoção nos fez
reagir de forma totalmente inesperada? As emoções são raiva, medo, nojo,
tristeza, alegria, vergonha, desprezo, empolgação etc. Sentimentos podem ser:
amizade, ternura, entre outros.
Na nossa cultura o homem é proibido de demonstrar suas emoções através do
choro enquanto a mulher é incentivada a isso. O importante, então, é
entendermos que a afetividade interfere no crescimento pessoal do ser, mas
não está indiferente a fatores biológicos, sociais e cognitivos, e que depende
da cultura na qual o indivíduo está inserido.
2.1 A CONSTRUÇÃO DOS AFETOS NA VIDA DA CRIANÇA
Na escola, a afetividade vem sendo debatida e defendida há alguns anos por
psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, profissionais da educação e saúde
em geral. Porém, percebemos ainda uma grande defasagem em prestar um
serviço profissional que alie suas técnicas próprias à uma interação eficaz de
desenvolvimento de um relacionamento baseado no emocional. Professores e
educadores que incluíram essa teoria no seu cotidiano apontam para os
evidentes resultados positivos que conseguiram alcançar. Mas, antes de
pensarmos na escola como ambiente para desenvolvimento da personalidade
da criança, devemos alertar para o fato de que esta criança, ao entrar na
escola, já tem uma vida cheia de experiências, estímulos e respostas que
aprendeu a dar diante de determinadas situações de sua vida diária. Assim
sendo, vou tratar um pouco do papel da mãe, nos primeiros anos de vida da
criança, na construção de uma personalidade saudável de seus filhos.
A problemática emocional está ligada aos conflitos interiores e dispersão do
indivíduo, o que dificulta sua interação com o meio, prejudica sua capacidade
de atenção, concentração e de relacionamento interpessoal. A figura materna
tem papel decisivo na "prevenção" desses problemas. O afeto que ela dedica à
criança, especialmente nos cinco primeiros anos de vida, é responsável por
grande parcela da sua personalidade na vida adulta, pois a ligação mãe e filho
nessa faixa etária é muito intensa e a criança se fixa na mãe, tendo-a como
exemplo e modelo para suas atitudes futuras.
NOVAES (1984) nos mostra que a carência afetiva determina uma série de
fatores que prejudicam o desenvolvimento global da criança, tanto no âmbito
físico como psíquico. Essa carência pode ser identificada pela incapacidade do
indivíduo em manter trocas afetivas normais com outros seres humanos.
Segundo ela, esses sintomas diagnosticados na escola é consequência de um
descontrole na relação mãe e filho, pois tanto a carência como o excessivo
cuidado pode acarretar problemas emocionais graves na criança pequena.
O desvinculamento do seio da mãe poderá desencadear sintomas de angústia
e mal-estar que variam conforme a sua idade, grau de dependência dos pais e,
principalmente, quanto à natureza dos cuidados maternos. Essa angústia
revela uma relação emocional e afetiva normal entre a mãe e a criança, pois
retrata uma quebra no processo de afetividade que vem sendo construído por
ambas (NOVAES, 1984).
Na escola, a criança terá dificuldades de adaptação ao meio de acordo com o
grau de relacionamento com a mãe. Ao nascer, a criança se fixa naquela
pessoa que ela considera de sua posse, no caso a mãe. Na escola ela terá de
se relacionar com um número bem maior de pessoas ao qual está acostumada
e isso é um fator importante na avaliação do desenvolvimento emocional da
criança, funciona como um teste. Através dele podemos definir novos rumos na
educação da criança e dos seus pais. A socialização com outras crianças de
sua idade e professores é uma nova etapa no processo de formação da
personalidade da criança e deve ocorrer de forma saudável. A escola deve
oferecer um ambiente que evite a criança desenvolver angústias e mal-estar,
característicos do afastamento da figura materna.
De acordo com NOVAES (1984) a carência afetiva materna não só produz
choque imediato, mas deterioração progressiva, tanto mais grave, quanto mais
longa e precoce for a carência. Essa deterioração é um processo evolutivo que
pode culminar numa desintegração da personalidade, como também provocar
distúrbios sérios na área somática. Enfim, a angústia provocada, em crianças
pequenas, pela perda ou separação da figura materna determina mecanismos
de defesa que podem comprometer e modificar a sua personalidade.
Há, dessa forma, uma grande importância do primeiro professor da criança,
pois ele será, para ela, a substituição da mãe. Cabe então a esse profissional o
devido cuidado de manter um bom relacionamento que dê continuidade à
relação saudável mãe e filho ou alterar seu comportamento para elevar a
afetividade de uma criança que demonstra problemas emocionais decorrentes
da relação que tem com sua mãe. Sendo assim, o professor não pode estar
alheio à vida do aluno. É necessário que ele conheça os pais, seus problemas
físicos, psíquicos e um pouco da vida que levava antes de ingressar na escola.
Só assim poderá entender as dificuldades na adaptação da criança ao novo
meio e no processo de aprendizagem.
Tanto o excesso como a falta de afeto pode prejudicar a aprendizagem. Por
isso, sua maturidade afetivo-emocional deve estar até certo ponto desenvolvida
quando esta é levada a ingressar na escola. Esse grau de maturidade é o que
vai definir os rumos do desenvolvimento cognitivo da criança e para que tudo
corra bem ela precisa ter um clima de segurança emocional tanto em casa
como na escola.
Problemas físicos e psíquicos são facilmente identificados como indicadores
dos problemas de adaptação e aprendizagem das crianças na escola. Não
podemos deixar de lado os problemas emocionais. A escola e professores,
especialmente os de maternal, devem prever e estar preparados para atender
prontamente essas crianças com problemas emocionais decorrentes de sua
relação familiar, propiciando-lhes um clima de estabilidade emocional e
contribuindo para que o ingresso e permanência da criança na escola ocorram
de maneira normal e tranquila, onde haja uma socialização efetiva dessa
criança com os professores e funcionários da instituição bem como com as
demais crianças. O nível de aprendizagem deve ser avaliado observando o
fator emocional que condiciona a criança a ter certas atitudes como
desatenção, falta de concentração, apatia, agressividade ou indiferença,
dificultando seu desenvolvimento cognitivo.
Problemas de natureza emocional e psíquica devem ser trabalhados em
conjunto com a escola, família e um profissional, psicólogo ou psicopedagogo,
que estará responsável pela avaliação e intervenção terapêutica auxiliada
pelos professores e familiares da criança.
2.2 AS EMOÇÕES SOB O PONTO DE VISTA DA NEUROLOGIA
Walter Cannon e Philip Bard, formularam teorias, mais tarde complementadas
por estudos de Antônio Damasio e Stanley Schachter, de que as estruturas
subcorticais Tálamo e Hipotálamo estariam relacionadas com a elaboração dos
comandos orgânicos das respostas emocionais e ainda forneciam ao córtex
informações para a consciência dessas informações. As estruturas subcorticais
envolvidas na emoção foram denominadas de Sistema Límbico. BALLONE
(2002).
Hoje sabemos que a responsabilidade das emoções não está centrada em um
único ponto do encéfalo. Regiões como o Hipotálamo, a área pré-frontal e o
Sistema Límbico relacionam-se intimamente com atividades como motivação,
principalmente para o processo de aprendizagem, sensações de prazer ou
punição.
De acordo com BALLONE (2002), "Emoções e sentimentos, como ira, pavor,
paixão, amor, ódio, alegria e tristeza, são criações mamíferas originadas do
Sistema Límbico. Este Sistema Límbico é também responsável por alguns
aspectos da identidade pessoal e por importantes funções ligadas à memória."
As emoções e a memória fluem da Amígdala e Hipocampo, uma região
formada da comunicação do Hipotálamo com o neocórtex. Estão também
envolvidos na formação dos sonhos e da experiência inconsciente.
"Com a chegada dos mamíferos superiores na escala evolutiva, desenvolveu-
se, finalmente, a terceira unidade cerebral: o neopálio ou cérebro racional...".
Foi este neopálio que nos permitiu desenvolver a capacidade da linguagem
simbólica, nos fez capaz de desempenhar atividades intelectuais como escrita,
leitura e cálculo.
O Hipocampo armazena fatos e eventos para regular as atividades de várias
outras atividades do cérebro. A Amígdala também seleciona dados e dispara
sinais de alerta quando reconhece um perigo. O Hipotálamo governa as
emoções. Assim, lesões nessas áreas corticais límbica podem gerar distúrbios
emocionais. Isso já havia sido hipotetizado por Papez e hoje sabemos ser
verdade. BALLONE (2002).
O córtex pré-frontal é a sede da personalidade e da vida intelectiva, tem a
capacidade de criar comportamentos adequados a determinadas situações
adaptativas e permite a tomada de consciência das emoções. Sua ausência
deixa as emoções fora de controle. Podemos continuar respondendo a um
estímulo mesmo depois que ele cesse. Porém, o Hipotálamo pode inibir o
neocórtex, tendo como consequência o desligamento momentâneo da
cognição e até do tônus muscular tônico. BALLONE (2002).
Em BALLONE (2002) podemos compreender que as interconexões cerebrais
são em número tão grande que as atividades de áreas lesadas podem ser
realizadas por outras áreas sadias. Os lobos frontal e pré-frontal está mais
satisfatoriamente desenvolvido a partir dos 12 anos de idade. O córtex pré-
frontal esquerdo está mais ligado à cognição e consciência do que o direito.
Dessa forma as terapias cognitivas procuram fazer a pessoa reaprender a lidar
com suas emoções através da cognição.
Percebemos que problemas neurológicos podem dificultar a aprendizagem da
criança, mas isso porque um mal funcionamento do Sistema Nervoso Central
altera também o controle das emoções. E estas surgiram como meio de defesa
para sobrevivência e perpetuação da espécie em mamíferos, indicando o que
agrada ou desagrada e o que oferece ou não perigo à sua vida.
2.3 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Nossos filhos e alunos sempre se irritam quando se sentem prejudicados de
alguma forma, ficam alegres quando os agradamos, entristecem quando se
chateiam, brincam quando têm vontade. As crianças são seres autênticos
quando o assunto é expressar aquilo que sentem. Falta-lhes a capacidade de
compreender, de conscientizar-se sobre o que estão sentindo e de que forma
devem reagir a estes sentimentos.
GOTTMAN (1997) é claro ao dizer que os pais, muitas vezes agem
negativamente na preparação emocional de seus filhos. Principalmente quando
os sentimentos demonstrados pela criança são do tipo "negativos" como raiva,
medo, tristeza... Na maioria das vezes nós, pais, ignoramos ou mesmo
recriminamos o sentimento da criança com atitudes desagradáveis à ela. Estas
atitudes são aconselhar a criança, reclamar com ela ou mandar fazer outra
atividade. No fundo o que estamos querendo é nos livrar do problema da
criança que, para nós, é nada diante dos que já temos. O que não percebemos,
no entanto, é que agindo dessa maneira estamos valorizando mais um tipo de
emoção do que outro, o que é extremamente prejudicial, pois a criança
desenvolve conceitos de inferioridade e baixa autoestima, sentindo-se ínfera às
outras pessoas da família, uma vez que, para ela, os pais e irmãos não sentem
aquelas coisas negativas.
No futuro, a criança poderá ter dificuldades de relacionamento com outras
pessoas. E, enquanto ela vive em casa, apenas com os pais, tudo parece
perfeito. Mas quando ela ingressa na escola, aproximadamente aos 4 anos de
idade, é necessária a socialização com outras crianças e pessoas às quais não
está acostumada. Isso traz confusões e faz com que ela se sinta estranha
naquele meio. A criança não quer que as outras pessoas saibam que ela não é
"perfeita", que ela tem, e muitos, defeitos. Só depois de certo tempo ela toma
uma superficial consciência de que outras crianças são como elas, inacabadas,
em processo de desenvolvimento.
Tornar-se-á difícil aos pais reconquistarem seus filhos depois de descobrirem
por meio de terceiros que ninguém é perfeito como ela imaginara que todos,
menos ela, seriam. Por esse motivo é importante, defende GOTTMAN (1997),
uma preparação emocional das crianças. Segundo ele a empatia é o primeiro
passo para uma preparação emocional eficaz dos filhos pelos pais: "... empatia
é a capacidade de sentir o que o outro sente. Como pais dotados de empatia,
ao ver nossos filhos chorarem, conseguimos nos ver no lugar deles e sentir sua
dor. Ao vê-los irritados, batendo o pé, podemos sentir a frustração e a raiva que
eles sentem."
Assim, torna-se também indispensável que os pais e professores permitam aos
seus filhos e alunos, a vivência, a experimentação, das emoções pela criança,
vendo nessas situações oportunidades de ajudá-las a aprender como conviver
com tais sensações que são próprias do ser humano. É importante que
busquemos entender o que a criança sente para podermos interferir de forma
cooperativa e não reprovando ou caçoando do seu estado de espírito.
Para GOTTMAN (1997) existem cinco passos para a preparação emocional:
1. Perceber a emoção da criança.
2. Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade ou
transmissão de experiência.
3. Escutar com empatia, legitimando os sentimentos da criança.
4. Ajudar a criança a nomear e verbalizar as emoções.
5. Impor limites e, ao mesmo tempo, ajudar a criança a resolver seus
problemas.
Não conseguimos visualizar, no futuro da criança, as consequências das
atitudes que tomamos para com elas no presente. Não nos sentimos
preparadores emocionais, já que não tivemos essa vivência. Mas, devemos
nos sentir responsáveis pelo futuro de nossos filhos e alunos, buscando
estudar teorias e métodos de educar, da melhor forma possível, pois a família –
célula-mãe da sociedade – infelizmente está falhando no papel de educar os
filhos e, a escola – atual responsável pela tarefa – também está se vendo
incapaz. Só uma ação conjunta de família, escola, religião... é que poderá
trazer à tona uma sociedade mais justa, humana e igualitária, onde respeitem
as individualidades, onde não haja exclusão e o direito à vida seja respeitado
em todos os sentidos.
3. RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
Nas últimas décadas muitas coisas influenciaram a Educação. Uma delas foi a
emancipação da mulher, antes maior responsável pela criação, cuidados e
educação dos filhos. Hoje, a mulher deixa a sua casa e disputa, de igual para
igual com o homem, o seu espaço no mercado de trabalho. As meninas já não
brincam só de bonecas e casinhas, as moças não sonham só com um príncipe
encantado, elas querem igualdade de deveres e direitos.
Com toda essa reviravolta, para quem fica a responsabilidade de educar? Para
a escola? Sim. A escola vem assumindo papéis antes destinados à mulher e ao
seio familiar. E, talvez por esse acréscimo nas suas obrigações, não esteja
acompanhando o avanço social e não esteja cumprindo com o que pais e
sociedade esperam dela: a completa formação do ser humano e cidadão.
Como profissional o professor tem o dever de apresentar seu produto (aluno-
cidadão) da forma que o cliente (pais e sociedade) desejam. Sempre foi assim:
a escola forma pessoas nos moldes esperados pela sociedade. Por isso
passamos por escolas tecnicistas, bancárias, renovadoras, tradicionais,
construtivistas etc., dependendo do momento vivido pelo país ou pelo mundo.
Precisamos reconstruir uma nova escola resultante da fusão entre a escola
antiga e a atual, capaz de formar mentes pensantes, com conteúdo e voltada
para formação profissional e desenvolvimento do homem enquanto ser afetivo,
emocional, religioso etc.
Baseado nessa realidade ocorre que há a necessidade de um novo profissional
da Educação. Um profissional que esteja preparado para propiciar a seus
pupilos as mais variadas situações que lhes permitam desenvolver suas
competências e habilidades da forma mais perfeita possível, garantindo sua
formação completa. Assim, a relação professor-aluno se torna tema
fundamental de discussão nas reuniões de planejamento, nas escolas, nas
universidades e em todos os lugares onde se debata melhoria da Educação.
Conforme CURY (2003) os professores precisam deixar de serem bons e se
tornarem fascinantes para que suas aulas e conteúdos façam sentido e
possam ser assimilados por seus alunos. Diz também que são sete os pecados
capitais dos professores:
1. Corrigir publicamente
Causa um clima desagradável para todos os presentes, além do trauma que a
pessoa terá que enfrentar dali em diante. O ideal continua sendo conversar e
levar a pessoa a refletir sobre seu ato em particular;
2. Expressar autoridade com agressividade
A autoridade dos pais e professores deve ser conquistada com inteligência e
amor. Expressar autoridade com agressividade nos faz ser respeitados por
temor e não pelo reconhecimento do nosso caráter;
3. Ser excessivamente crítico, obstruindo a infância da criança
Através dos erros e falhas também aprendemos. Devemos deixar nossos filhos
e alunos experimentarem, errarem, para poderem pensar a respeito e
descobrirem o mundo que os rodeia. Crianças se desenvolvem através de
brincadeiras, corridas, quedas e travessuras. Enclausurar um criança num
conjunto de regras adultas só contribui para que ela seja um adulto infeliz;
4. Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações
Punir num momento de ira significa que você está tentando se vingar do erro
do seu filho ou aluno. Busque sempre compreender a situação e leve a criança
a refletir sobre o que fez. As explicações são sempre necessárias. Mesmo que
você parta para punição física, esta deve ter um valor simbólico que a criança
tem de compreender;
5. Ser impaciente e desistir de educar
Quando o jovem ou a criança parece não ter jeito, falta-nos paciência. As dores
vividas por eles e seus pedidos de ajuda, carinho e conforto são das mais
variadas formas, até com agressividade. Nessas horas, temos que acreditar e
investir para que não se percam nos seus mundos de sofrimento;
6. Não cumprir com a palavra
Saber dar um não é uma forma de educar as emoções, desde que uma vez
dada a palavra, esta não volte atrás. As frustrações vividas por um não
recebido ensinam ao jovem que nem tudo que ele desejar, obrigatoriamente
alcançará. Devemos sempre cumprir com o que prometemos ou falamos, do
contrário, cairemos em descrédito e estaremos deixando nossos filhos e alunos
despreparados para esse tipo de situação em suas vidas;
7. Destruir a esperança e os sonhos
Com sonhos e esperanças temos razões para viver. O jovem sem motivação
torna-se opaco, sem alegria. Como educadores das emoções, jamais devemos
fazer críticas severas às pessoas.
Para FURLANI (1995), as características afetivas, culturais e de personalidade
do professor se problematizam, originando modelos através dos quais ele se
situa em relação ao aluno:
·Modelos autoritários
Ausência total de diálogo. O professor é aquele que sabe, que ensina, que fala,
que informa, que transmite os conhecimentos para o aluno, que é passivo, um
mero recebedor de conteúdos;
·Modelos permissivos
Total liberdade de expressão. Os alunos são ouvidos e observados, mas não
há imposição de limites, um direcionamento dado pelo professor, uma vez que
faltam objetivos educacionais mínimos estipulados em planejamento para
serem atingidos;
·Modelos democráticos
O meio-termo entre os modelos permissivos e os autoritários. Aqui há a
existência do diálogo, o conhecimento é desenvolvido, elaborado e reelaborado
a partir da interação entre o professor e o aluno, tendo por base suas
experiências.
Para FURLANI (1995) o modelo democrático ainda é uma utopia, ainda
encontra obstáculos para ser implantado nas escolas, pois a própria sociedade
brasileira é cheia de modelos permissivos e autoritários que influenciam a
vivência dos alunos.
A realidade é que o mundo e a educação do tempo de nossos pais e avós não
são mais possíveis de serem revividos. Porém, como diz CHALITA (2003), os
valores do amor, da amizade, do idealismo, da coragem, da esperança, do
trabalho, da humildade, da sabedoria, do respeito e da solidariedade precisam
ser resgatados, ensinados, apropriados por todos que gostariam de, um dia,
voltar aos tempos de infância.
Como relata BOFF (1999), há um descaso pela vida das crianças, pelo destino
dos pobres e marginalizados, pelos desempregados e aposentados, um
descuido e abandono dos sonhos de generosidade, da sociabilidade, um
descaso pela dimensão espiritual do ser humano, pela coisa pública, pela vida,
pela Terra ... enfim, há que haver uma nova aliança de paz entre o homem e
todas as demais espécies da Terra na expectativa de salvarmos a nós mesmos
e a nossa casa.
No entanto, neste mundo globalizado, onde cada um luta por si, para
sobreviver, os valores vão sendo, pouco a pouco, esquecidos e a vida virando
um caos. Precisamos, de acordo com CHALITA (2003), deixar que a fantasia e
a energia da criança interior de cada um de nós esteja sempre presente,
ajudando-nos – pais e professores – a formar, informar, transmitir saberes e
afeto para que não deixemos de ser humanos, capazes de sentir, de cuidar, de
amar.
3.1 MOTIVAÇÕES PARA APRENDER
O que faz então o aluno estar motivado para aprender? Como o professor pode
auxiliar seus alunos no despertar para as matérias e disciplinas? Que
motivações o aluno tem para aprender? Como o ser humano aprende?
TEZOLIN (2003) explica que nosso cérebro acumula informações em três
regiões: consciente, subconsciente e inconsciente e que a cada nova
experiência que vivemos temos a oportunidade de combinar informações já
incorporadas anteriormente com as obtidas nesta nova situação. O resultado
da combinação entre o que já sabemos e a nova experiência é um novo
conhecimento que será acumulado no consciente e, posteriormente, no
subconsciente. Quando expostos a uma terceira situação, podemos evocar
esse conhecimento acumulado, trazendo-o para o consciente. No entanto, para
que a informação passe de uma região para outra, ela precisa atravessar uma
zona de turbulência. Para que haja uma nova e significativa aprendizagem, o
conhecimento prévio deve fluir naturalmente de uma região para outra e, para
que haja essa passagem natural, devemos diminuir a turbulência nessa área.
Conforme TEZOLIN (2003) o novo conhecimento fica por pouco tempo no
consciente e a passagem do consciente para o subconsciente é mais fácil
porque acontece enquanto dormimos e nosso organismo se mantém relaxado.
Então o que podemos fazer para facilitar a passagem do conhecimento prévio
do subconsciente para o consciente e assim conseguir fazer uma conexão
mais resistente entre esse conhecimento e a nova situação vivida?
Para CURY (2003) dez técnicas compõem o "Projeto Escola da Vida" que
objetiva "... a educação da emoção, a educação da autoestima, o
desenvolvimento da solidariedade, da tolerância, da segurança, do raciocínio
esquemático, da capacidade de gerenciar os pensamentos nos focos de
tensão, da habilidade de trabalhar perdas e frustrações. Enfim, formar
pensadores.".
Uma delas é a Música ambiente em sala de aula que, para CURY (2003),
contribui para desacelerar o pensamento, aliviar a ansiedade, melhorar a
concentração, desenvolver o prazer de aprender e educa a emoção. Dessa
forma, o fluxo de informações do subconsciente para o consciente no momento
da aula ocorre com maior facilidade e rapidez, contribuindo assim para uma
aprendizagem mais expressiva e duradoura.
As outras nove técnicas apresentadas por CURY (2003) para desenvolver o
"Projeto Escola da Vida" e construirmos a "Escola dos Nossos Sonhos" são:?
·Sentar em círculo ou em U, para que seja trabalhada a habilidade de
participação e construída a ideia de coletividade entre os integrantes da turma
e professor;
·Exposição interrogada, através da qual o professor exercita a arte de
interrogar, instigando seus alunos a pensar por meio de desafios propostos;
·Exposição dialogada, quando o professor pergunta e estimula seus alunos à
participação, debelando a timidez e melhorando a concentração;
·Ser contador de histórias, criando clima de confiança e descontração,
educando a emoção e dando significado ao que é trabalhado;
·Humanizar o conhecimento, dando a oportunidade aos alunos de conhecerem
as ansiedades, os medos, os erros e a vida daqueles que construíram os
conceitos estudados em sala de aula, para que percebam que foram pessoas
normais como eles;
·Humanizar o professor, desmistificando a ideia de um profissional sem
sentimentos e emoções, cruzando as experiências e aprendizagens dele com a
dos alunos, contribuindo assim para socialização, afetividade e valorização do
"ser";
·Educar a autoestima, elogiando sempre antes de criticar e evidenciando a
importância que cada ser humano tem, ajudando a educar a emoção, a
autoestima e a resolver conflitos, além de promover a solidariedade;
·Gerenciar os pensamentos e as emoções, resgatando a liderança do eu
através do gerenciamento dos pensamentos negativos e das emoções
angustiantes;
·Participar de projetos sociais, a fim de desenvolver a responsabilidade social,
a solidariedade, o trabalho em equipe, educando-se para a saúde, paz e
direitos humanos.
Por fim, não há necessidade de mudanças físicas no meio escolar, mas uma
quebra, uma ruptura dos paradigmas vigentes na Educação atual. Técnicas
que viabilizam a interação interpessoal ajudam a formar cidadãos capazes de
compreenderem e enfrentarem as situações conflituosas que a vida impõe,
além de serem sensíveis ao problema do outro e do planeta.
3.2 A RECREAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
O professor também pode desenvolver uma didática voltada para efetuação do
processo de ensino e aprendizagem. Inúmeras são as ferramentas e as ideias
que podem ser postas em campo na hora de realizar tão importante tarefa.
A recreação contribui muito para elevação da autoestima do aluno bem como
do professor, pois segundo MARIOTTI (2004) a recreação consiste em dar-se
por inteiro a atividades impostas ou não, um meio para o desenvolvimento bio-
psico-espiritual e social do homem.
Assim, o aluno no âmbito da sala de aula pode estar se recreando enquanto
realiza alguma tarefa pedagógica. O professor pode estar se recreando
enquanto planeja, executa ou avalia suas atividades. Recrear significa,
portanto, buscar um sentido de prazer, no cultivo de atitudes de legítimo
interesse com relação aos objetos, pessoas e atividades gratificantes.
A recreação permite ao homem ser feliz uma vez que, mesmo no mais pesado
trabalho, encontra significado e prazer em realizá-lo. MARIOTTI (2004) fala que
parece que o mundo busca uma nova estrutura de funcionamento onde o ócio
seja um fator fundamental para a construção de uma nova moral.
O ócio é o momento de desocupação, para descanso do corpo e da mente. Por
isso, ele é necessário a todo ser vivo. Nesses momentos é que há a
revitalização, a reposição de energias, o exercício do corpo e do espírito que
deixam a alma mais evoluída. O esporte, a arte, a filosofia, a literatura, entre
outras, existem graças ao ócio. No mundo moderno há que se buscar tempo
para vislumbrar o que há de belo no mundo e no homem, há que se achar
tempo para valorizar as boas criações do ser humano, e isso se tornará
possível quando também descobrirmos o valor do ócio.
O homem trabalha para ser livre. Parece uma antítese, pois ao trabalhar se
escraviza e aspira, cada vez mais, libertar-se do trabalho e das obrigações
para dedicar-se a si mesmo.
Os professores, pais e psicopedagogos, realizando atividades recreativas com
as crianças permitem-lhe vivenciar o cultivo de uma reflexão sobre si mesmos
e do que lhes dá prazer para conquista de sua liberdade. Atividades recreativas
em sala de aula fazem o processo de aquisição e construção do conhecimento
serem, sobretudo, prazerosos para o aprendente e, portanto, indispensáveis
nas escola do século XXI.
4. CONCLUSÃO
Todo professor em sua experiência docente e também discente acumula
conhecimentos que serão utilizados tanto em sua prática como em sua vida
pessoal. Conhecimentos resultantes principalmente de relacionamentos e
vivências com os outros, ou seja, aprendemos, sobretudo, com o jogo da vida,
onde uma pessoa sempre tem algo a ensinar a outra e, ao mesmo tempo, a
aprender com ela.
Para FREIRE (1996) "... quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado", confirmando a necessidade de uma
educação global, visando o completo desenvolvimento do indivíduo e a
compreensão do docente de que o processo de ensino e aprendizagem não
está centrado no conhecimento do professor, mas que deve ser construído e
produzido a partir da interação deste com o educando. A criança deve ser
estimulada em todas as habilidades e, para isso, o professor deve estar ciente
de que ensinar é uma especificidade humana, não é transferir conhecimento, e
exige a participação de todos os segmentos envolvidos.
Há também o papel importante da família na construção de crianças,
adolescentes e adultos, enfim, uma sociedade mentalmente saudável. A
educação dos filhos abrangendo os aspectos cognitivos, sociais, afetivos e
motores deve ser a meta de todos os pais. A presença do pai e da mãe na
construção do seu filho-cidadão contribui para uma mudança de paradigmas
sociais que cultivam a discriminação, o desrespeito e as desigualdades.
Segundo TIBA (2002) as pessoas apresentam três estilos de agir: o
comportamento estilo vegetal, o comportamento estilo animal e o
comportamento estilo humano.
No vegetal, a pessoa espera que o mundo à sua volta traga-lhe tudo que lhe é
necessário à sobrevivência. Recém-nascido, em coma, sem memória ou na
fase senil adotamos o comportamento vegetal, pois se ninguém nos prover do
indispensável, morremos.
O comportamento animal é caracterizado pela movimentação e a busca
instintiva pelo que precisamos para sobreviver e perpetuar a espécie. TIBA
(2002) diz que os humanos adotam o estilo animal quando:
·Não usam a racionalidade;
·Repetem os mesmos erros;
·Fazem só o que foi aprendido e não criam novidades;
·Suas vontades estão acima da adequação;
·Agem impulsivamente mesmo que depois se arrependam;
·Agem egoisticamente, sem pensar nas demais pessoas;
·Desrespeitam a ética relacional e as normas sociais;
·Pirateiam e danificam o meio ambiente;
·Usam a lei do mais forte.
Ainda de acordo com TIBA (2002) o comportamento estilo humano, superior e
característico de cérebros mais evoluídos é aquele adotado pelas pessoas que
buscam a felicidade a partir da integração de disciplina, gratidão, religiosidade,
ética e cidadania visando a sua própria sobrevivência, perpetuação de sua
espécie, preservação do meio ambiente, formação de grupos solidários e
construção da civilização.
Cuidar de nossos filhos e alunos faz parte da necessidade de perpetuarmos a
nós e nossa espécie. Porém, na espécie humana esse cuidado não se resume
apenas a apresentar-lhes o necessário à sua sobrevivência, como no estilo
vegetal, ou fazê-los buscar o indispensável através de seus próprios recursos
sem se preocupar com o que o rodeia, como no estilo animal, mas educar
humanamente para o verdadeiro sentido de sermos humanos, a solidariedade.
E esse objetivo só será alcançado por meio da formação de pessoas
afetivamente bem educadas.
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Autor: José Robério de Sousa Almeida
Fonte:
http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_6951/artigo_sobre_afetividade_e_
educacao