Adaptações em deficiencia física

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CENTRO DE FORMAÇÃO E ACOMPANHAMENTO A INCLUSÃO SÃO MIGUEL RUA DANIEL BERNARDO, 95 TEL. 2033.0107/0130. EMAIL: [email protected] DEFICIÊNCIA FÍSICA Na deficiência física encontramos uma diversidade de tipos e graus de comprometimento que requerem um estudo sobre as necessidades específicas de cada pessoa. Para que o educando com deficiência física possa acessar ao conhecimento escolar e interagir com o ambiente ao qual ele frequenta, faz-se necessário criar as condições adequadas à sua locomoção, comunicação, conforto e segurança. Estes alunos podem não necessitar de grandes adequações no conteúdo, pois a maioria apresentam o cognitivo preservado, beneficiando-se das mesmas estratégias e recursos metodológicos utilizadas com os demais alunos. Um olhar aguçado do professor para as mudanças necessárias que beneficiem o aluno através de adequações que possibilitem funcionalidade e autonomia nas atividades cotidianas contribui muito para seu desenvolvimento. Tudo que o aluno puder fazer sozinho, não faça por ele e tudo que ele não puder, faça com ele. Porém é primordial que suas limitações motoras e físicas sejam consideradas sempre que se propõe uma tarefa ou atividade, o conteúdo deve ser retomado sempre que possível e necessário, levando em consideração que podem apresentar dificuldades para memorização e abstração de novas aprendizagens. É muito importante estabelecer contato com os especialistas que atendem o aluno com deficiência física, principalmente em se tratando de graves comprometimentos. O que possibilita significado as atividades propostas pelo professor ao aluno é a garantia de: Que as atividades propostas estejam dentro da temática das desenvolvidas pelos demais alunos do grupo; Que o professor também proporcione situações de intervenção para o aluno e com o aluno; Antecipar o que será desenvolvido e estipular o foco; Que sejam oportunizados momentos de partilha de informações e dúvidas com os colegas; Que a turma o receba como parte do grupo compreendendo que ele é capaz de produzir, porém o faz de uma forma diferente.

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CENTRO DE FORMAÇÃO E ACOMPANHAMENTO A INCLUSÃO – SÃO MIGUEL

RUA DANIEL BERNARDO, 95 TEL. 2033.0107/0130.

EMAIL: [email protected]

DEFICIÊNCIA FÍSICA

Na deficiência física encontramos uma diversidade de tipos e graus de comprometimento que requerem um estudo sobre as necessidades específicas de cada pessoa.

Para que o educando com deficiência física possa acessar ao conhecimento escolar e

interagir com o ambiente ao qual ele frequenta, faz-se necessário criar as condições adequadas à sua locomoção, comunicação, conforto e segurança.

Estes alunos podem não necessitar de grandes adequações no conteúdo, pois a

maioria apresentam o cognitivo preservado, beneficiando-se das mesmas estratégias e recursos metodológicos utilizadas com os demais alunos.

Um olhar aguçado do professor para as mudanças necessárias que beneficiem o aluno através de adequações que possibilitem funcionalidade e autonomia nas atividades cotidianas

contribui muito para seu desenvolvimento. Tudo que o aluno puder fazer sozinho, não faça por ele e tudo que ele não puder, faça com ele.

Porém é primordial que suas limitações motoras e físicas sejam consideradas sempre que se propõe uma tarefa ou atividade, o conteúdo deve ser retomado sempre que possível e necessário, levando em consideração que podem apresentar dificuldades para memorização e abstração de novas aprendizagens.

É muito importante estabelecer contato com os especialistas que atendem o aluno com deficiência física, principalmente em se tratando de graves comprometimentos.

O que possibilita significado as atividades propostas pelo professor ao aluno é a garantia de:

• Que as atividades propostas estejam dentro da temática das desenvolvidas pelos demais alunos do grupo;

• Que o professor também proporcione situações de intervenção para o aluno e com o aluno;

• Antecipar o que será desenvolvido e estipular o foco;

• Que sejam oportunizados momentos de partilha de informações e dúvidas com os colegas;

• Que a turma o receba como parte do grupo compreendendo que ele é capaz de produzir, porém o faz de uma forma diferente.

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1- SUGESTÕES DE ADEQUAÇÕES PEDAGÓGICAS

1.1 - SONDAGEM COM USO DE LETRAS MÓVEIS (quando aluno apresenta dificuldade para a escrita):

em madeira

em papel cartão

em letras imantadas na lousa magnética (CEFAI disponibiliza)

Como?

apontando

sinalizando

empurrando

1.2 - PRODUÇÃO TEXTUAL UTILIZANDO:

Textos recortados

Texto lacunado para completar

Palavras recortadas

Respostas recortadas embaralhadas para escolha

Exercícios para múltipla escolha

Fichas com figuras e fichas com textos para correspondência

Aceitar a forma como o aluno escreve (Ex: alguns conseguem fazer somente letra bastão)

Ter o professor ou colega como escriba, enquanto o aluno elabora e dita o texto.

1.3 - ESCRITA: ADAPTAR ÀS CONDIÇÕES DO ALUNO:

Trazer o texto pronto digitado para o aluno copiar na sua carteira, ampliado com contraste, letra e espaço entre linhas maior, enquanto os colegas copiam da lousa.

Oferecer as atividades digitadas para que o aluno as cole no caderno, oportunizando que ele tenha maior tempo para resolvê-las.

Utilizar caderno, pastas ou fichas de apoio com figuras e imagens pertinente ao tema desenvolvido em cada disciplina.

Uso de máquina de escrever ou computador, se possível ou necessário.

Colar folha avulsa na mesa com fita adesiva.

Menor quantidade de atividades que exijam escrita e maior exploração das que exigem entendimento.

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Ter momentos em que alguém escreva enquanto o aluno indica, ditas ou soletra.

Utilizar lápis jumbo triangular (mais ergonômico) ou engrossadores para lápis, canetas ou pincéis, quando o aluno tem condições para preensão.

Tipos de engrossadores que podem ser comprados ou confeccionados com E.V.A.

Observação: Solicitar orientação do fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional para verificar qual melhor tecnologia assistiva* o aluno necessita.

* Tecnologia assistiva é uma expressão utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e Serviços que contribuem para

proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, conseqüentemente, promover vida independente e inclusão.

1.4 - LEITURA:

Usar recursos como régua ou cartões de leitura.

Usar cartões com fenda para deixar visível uma linha de cada vez.

Utilizar plano de apoio inclinado para melhor posicionamento.

Usar marcadores de papel ou palito de sorvete para facilitar o manuseio de livros e folhas do caderno.

Disponibilizar com antecedência para o aluno ou familiar a atividade à ser desenvolvida, o mesmo em caso de alunos que faltam muito, devem ter disponibilizado a atividade para estudo em casa.

1.5 - ROTINA DIÁRIA AFIXADA NA SALA PODENDO UTILIZAR:

FOTOGRAFIAS

IMAGENS

ESCRITA

Trabalhar com calendário diariamente contribui para a organização espacial, temporal e memorização.

1.6 - LISTAS DE NOMES COM:

FOTOGRAFIA

IMAGENS

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ESCRITA

EM SUPORTE E MÓVEIS ( VELCRO,EVA, etc)

Solicitar a participação do aluno.

1.7 - ATIVIDADES EM DUPLA OU GRUPO:

FACILITADOR PROMOVENDO A PARTICIPAÇÃO COLETIVA E GRANDE BENEFÍCIO PARA O ALUNO.

1.8 - GARANTIR ACESSO E USO DE TODOS OS ESPAÇOS:

SALA DE LEITURA

INFORMÁTICA

ÁREA EXTERNA

AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PASSEIOS (VER COM ANTECEDÊNCIA SE O LOCAL OFERECE ACESSIBILIDADE)

O tempo estabelecido para que a turma termine uma atividade proposta, no caso de um aluno com deficiência física que necessite, deve ser ampliado para que ele também possa concluir.

Ao falar com ele deve-se evitar antecipar suas frases e demonstrar paciência enquanto ele responde ou participa oralmente das aulas, e ter estabelecido com a turma para que a sala também esteja preparada para ouvir um colega que apresenta dificuldade na fala.

Não exigir do aluno movimentações que ele não tem, oportunizar a sensação do movimento e dar condições de obtenção de sucesso para ele, com recursos que diminuam o esforço físico e o desestimule.

Usar material concreto o mais próximo possível do real, o próprio objeto ou imagens se possível filmadas.

Uso do computador com colméia para teclado ou máquina de escrever pode ser um diferencial marcante.

Teclado com colméia de acrílico para que o aluno consiga aperta somente a tecla desejada.

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2 – COMUNICAÇÃO

É importante ressaltar que a criança sem condições motoras de fala e que não tem como expressar verbalmente seu pensamento, pelo fato de estar envolvida no universo social e afetivo da linguagem e ser dele participante, compreende a sua função. Essa criança poderá não apresentar condições de fala, mas pensa. E, quando existe pensamento, existe discurso interior, portanto, poderá existir compreensão do significado das palavras. Deve-se então, considerar que, se essa criança é um indivíduo que pensa, sempre terá algo a dizer e a transmitir, fazendo-se necessário que seu interlocutor tenha predisposição e sensibilidade para compreender sua forma de linguagem, para então traduzir primeiramente em palavras, depois em ação, e também para o meio.

No caso da criança com paralisia cerebral sem fala, a comunicação gestual própria das pessoas sem comprometimento físico, é muito pouco usada, se não for limitada, devido à dificuldade de coordenação motora decorrente da lesão neurológica, porém existe uma forma diferenciada de comunicação gestual que precisa ser vista como tal. No momento em que, diante de qualquer situação, uma criança com paralisia cerebral sem condições de fala entra em distensão, enrijecendo os músculos do corpo, ela está tentando se comunicar e transmitir seu pensamento. Essa manifestação física precisa ser vista dentro dessa possibilidade e é preciso, então, dar-lhe a devida atenção na tentativa de compreender o que ela quer transmitir. Existe um elemento de extrema importância que negligenciamos numa linguagem gestual e

que transcende a fala e as mãos: o olhar.

Os olhos falam, transmitem sentimentos, se negam, recusam e aceitam enfim, demonstram que por trás de um olhar existe pensamento, existe compreensão, existe alguém que tem algo a dizer e que precisa ser ouvido. Para realmente ouvir o que quer dizer uma criança que não fala, é preciso fazer um tipo diferente de “escuta” na qual a sensibilidade, tentativas e erros deverão direcionar “o ouvinte” para estabelecer uma eficiente forma de comunicação.

2.1 COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA:

A Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA é uma das áreas da TA (tecnologia assistiva) que atende pessoas em fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Busca, então, através da valorização de todas as formas expressivas do sujeito e da construção de recursos próprios desta metodologia, construir e ampliar sua via de expressão e compreensão. Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica (desenhos representativos de idéias), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para expressar seus questionamentos, desejos, sentimentos entendimentos. A alta tecnologia nos permite também a utilização de vocalizadores (pranchas com produção de voz) ou do computador, com softwares específicos, garantindo grande eficiência na função comunicativa. Dessa forma, o aluno com deficiência, passa de uma situação de passividade para outra, a de ator ou de sujeito do seu processo de desenvolvimento. (BERSCH e SCHIRMER, 2005, p. 89)

Pranchas industrializadas podem ser utilizadas como materiais para comunicação

alternativa. No exemplo na foto abaixo, foram adaptados e colados dois velcros (autocolantes) paralelamente, como fossem pautas de um caderno. Sobre os velcros são fixados as figuras para comunicação alternativa. Atrás de cada figura também é colado outro velcro para possibilitar a fixação na prancha. O material que reveste a prancha permite a higienização. A cor de fundo preta permite melhorar o contraste visual com os estímulos na cor branca.

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3 - POSICIONAMENTO

É necessário que o aluno esteja posicionado de maneira adequada e confortável para que ele possa participar da aula sem estar preocupado se irá cair ou sentido dor.

Desse modo o professor deve se posicionar sentado à frente deste aluno e se colocar de modo que fique na linha média de seus olhos.

Sempre que se orienta um aluno cadeirante deve-se levar em consideração o desconforto para ele em ter que manter a cabeça elevada por muito tempo em posição de rotação de pescoço, bem como no caso de alunos que apresentam espasticidade essa rotação de pescoço pode levar à fadiga e à movimentação involuntária de extensão de membro superior e inferior desencadeado por tal movimentação.

incorreto correto incorreto correto

incorreto correto

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incorreto correto

No caso desta aluna, acontece uma hipertonia extensora do pescoço, sempre que ela eleva a cabeça para cima e para trás, para ver o (a) professor (a) ou o material. Estímulos devem ficar na altura dos olhos do aluno.

incorreto correto

Ao baixar a cabeça, ele perde o tônus extensor e aumenta a atividade flexora. A solução para ele foi colocar o teclado em um plano inclinado e, neste caso, sua cabeça não baixará, mantendo a qualidade de tônus postural.

Lembrá-lo sobre sua postura sempre que perceber que está negligenciando parte do corpo, principalmente a cabeça ou a boca aberta promovendo o controle da baba, e retirada do pano para limpá-la.

4 - MOBILIÁRIO E CADEIRA DE RODAS

O Mobiliário que faz uso deve estar de acordo com seu tamanho e necessidades, podemos ter como exemplo uma cadeira de rodas, que deve conter os itens necessários à limitação apresentada pelo aluno como cavalo abdutor, escavação no encosto, largura do acento, apoio para o pescoço, apoios laterais para o braço, apoio para os pés, trava para as rodas, entre outros itens.

Conforme a criança cresce esses itens necessitam de ajustes, remoção ou substituição. O olhar do professor é muito importante para verificação de se o aluno está confortavelmente posicionado, e se o mobiliário tem prescrição de profissional habilitado.

Em hipótese alguma se pode utilizar de mobiliário de outro aluno, sob pena de se responsabilizar por danos causados à saúde e deformidades que se possam instalar neste.

Deve-se solicitar ao especialista (fisio ou terapeuta ocupacional) indicação de mobiliário adaptado adequado ao aluno.

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BIBLIOGRAFIA

BERSCH, RITA. INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA ASSISTIVA (WWW.assistiva.com.br)

Brasil. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília. MEC/SEESP, 1988.

Brasil. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem: deficiência múltipla. Brasília. MEC/ SEESP, 2003.

Brasil. Atendimento Educacional Especializado. Brasília. MEC/ SEESP, 2007.

Para ter acesso aos livros do MEC entrar em www.mec.org.br, clicar em Secretarias, SEESP (Secretaria de Educação Especial) e publicações.

O texto foi elaborado a partir de recortes dos títulos acima pelas PAAIs Andréa e Keila CEFAI – São Miguel

e-mail:

Andréa – [email protected] ou [email protected]

Keila – [email protected]